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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA

COMARCA DE JOINVILLE – SANTA CATARINA

Ação de Reparação de Danos Materiais e Morais

Processo nº 038.07.033827-0

RODRIGO GERENT e MARINA FARIAS DE ESPÍNDOLA, já qualificados nos autos em


epígrafe, que movem contra GOL TRANSPORTES AÉREOS S/A, atualmente designada VRG
LINHAS AÉREAS S/A, conforme informado pela Ré em sua peça contestatória, vêm perante
Vossa Excelência, por seus procuradores signatários, apresentar sua IMPUGNAÇÃO à
contestação apresentada pela Ré, pelos fatos e fundamentos jurídicos que seguem.

I – PRELIMINARMENTE

A – Da revelia

1. Conforme se extrai da audiência conciliatória ocorrida as 13:30h do dia 26


de outubro de 2010no Juizado Especial Cível – Univille, a empresa Ré compareceu àquela
audiência sem estar acompanhada de seu advogado.

2. A redação do artigo 9º. da Lei nº 9.099/95 é expressa ao afirmar:

“Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão
pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é
obrigatória”.

3. Além disso, há de se observar o Enunciado 24, aprovado no 1º Encontro


das Turmas Recursais, realizado nesta cidade de Joinville, que assevera:

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“24. Nas causas de valor superior a 20 (vinte) salários mínimos, as partes somentedeverão
comparecer em juízo acompanhadas por advogado, ressalvada a hipótesede acordo firmado
em audiência. Caso contrário, se a ausência for do advogado doautor, importará em extinção
do processo, sem julgamento do mérito, e, se for doréu, incidirá nas penas de revelia”.

4. Pelo exposto, requer-se seja declarada preliminarmente a revelia da


empresa Ré, por não estar acompanhada de seu advogado, não sendo conhecida a peça
contestatória apresentada em audiência, com o seu desentranhamento dos presentes autos.

II. DO MÉRITO

5. Caso seja o entendimento deste Juízo pelo conhecimento daquela peça


contestatória, pugna-se pela total improcedência dos argumentos trazidos à baila pela Ré.

6. A mesma alega não ter culpa pelo atraso ocorrido, além de não haver nexo
causal entre o fato ensejador e o dano ocorrido.

7. Contudo, conforme exposto na inicial, o artigo 14 do CDC é expresso ao


responsabilizar o fornecedor do serviço, independente de culpa, pelos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação do serviço, situação que se enquadra ao caso
em análise.

8. Além disso, a Ré busca se livrar de sua responsabilidade baseando-se no


artigo 22 da portaria 676/GC-5 da antiga DAC, atual ANAC, e nos artigos 230 e 231 do Código
Brasileiro de Aeronáutica.

9. Contudo, aqueles artigos apenas afirmam que, no caso de atraso superior


a quatro horas, as empresas aéreas devem providenciar outro voo para o mesmo destino ou
restituir o valor da passagem, sem eximir as mesmas de ressarcir os passageiros de possíveis
danos causados pelo atraso.

10. Ainda assim, se considerarmos o horário em que o voo dos Autores deveria
ter aterrissado em São Paulo (11:00h) e o horário que efetivamente ocorreu o pouso da
aeronave em São Paulo com os Requerentes (15:00h), teremos um atraso de quatro horas.

11. Com relação aos danos morais, que segundo a Ré deve ser comprovado,
colacionamos os seguintes julgados em sentido oposto:

"Dano moral. Prova da efetiva ocorrência do dano. Desnecessidade. Presunção juris tantum.
Precedentes jurisprudenciais”.(TJSP, Ap. Cível 52.076-4-SP, 7ª Câmara de Direito Privado, rel.
Rebouças de Carvalho, j. 29.07.99).

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12. E ainda:

"A prova do fato que gerou lesão à reputação da pessoa jurídica é suficiente para a
indenização do dano moral”. (STJ, REsp. 169030/RJ, j. 22/10/2001, 3ª Turma, r. Ari
Pargendler, DJ 04/02/2002, p. 344).

13. Por fim, alega a empresa Ré que os Autores não comprovaram os danos
materiais suportados. Contudo os mesmos restam amplamente comprovados através de recibos
de pagamentos e bilhetes de viagem que os mesmos tiveram que fazer a cidade de São Paulo
em data posterior para requerer visto de turista para os Estados Unidos.

III. DOS PEDIDOS

14. Por todo o exposto, os Requerentes pleiteiam, preliminarmente, o


reconhecimento da revelia, por estar a Ré desacompanhada de seu advogado na audiência
conciliatória, e no mérito, a improcedência das alegações da empresa Ré pelos fundamentos da
petição inicial e outros expostos nesta impugnação.

15. Pugna pelo julgamento antecipado da lide, tendo em vista não haver a
necessidade de produção de novas provas.

16. Ao final, reiteram-se os pedidos expostos na peça inicial, sendo julgados


TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos dos Autores.

17. Pede deferimento.

Joinville, 04 de novembro de 2010.

ROBERTO LUIS SELINKE FILHO RODRIGO GERENT


OAB/SC 22.038 OAB/SC 22.139

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