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Quem paga mais

Lucros corporativos recordes favorecem a aplicação em


ações que distribuem dividendos

POR FERNANDA GALVÃO

Petrobras, Vale e Ambev: são empresas que pagaram dividendos recordes em 2005 em relação aos valores distribuídos nos últimos
20 anos

Analistas e investidores do mercado financeiro no Brasil sempre tiveram preconceito diante das ações
que pagam dividendos elevados, aquela parcela do lucro distribuída aos acionistas. Apelidados de “ações
de viúva” (porque seriam ideais para serem deixadas de herança), tais papéis costumam ser encarados
como sinal de ausência de projetos atuais nas companhias. Nos últimos anos, porém, um número cada
vez maior de aplicadores decidiu apostar em carteiras nessa categoria, incentivados por uma temporada
de lucros recordes em setores da economia como o de utilities (prestação de serviços de energia, gás,
telefonia), siderurgia e bancos. Dezenas de empresas, como Petrobras, Vale do Rio Doce e Ambev,
pagaram dividendos recordes em 2005 em relação aos valores pagos nos últimos 20 anos. E, na
avaliação dos especialistas, o período de lucros altos deve se manter este ano. Segundo levantamento
da consultoria Economática, as 122 empresas que divulgaram balanços em 2005 reservaram R$ 34
bilhões para seus acionistas a serem distribuídos em 2006, valor 28,3% acima do total de 2004. “O
investimento em dividendos pode ser uma boa opção para quem quer diversificar o portfólio com papéis
de menor volatilidade e que funcionem como uma poupança”, diz o professor Ari Ferreira de Abreu,
professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, da USP.

Para guiar os investidores na hora de aplicar nesse tipo de papel, o professor criou, em junho passado,
dois indicadores: o Índice Pleno (que contempla a valorização das ações e os rendimentos com
dividendos), e o curioso Índice de Acompanhamento das Ações de Viúva (IAAV), que exclui o imposto de
renda sobre o ganho de capital. Os dois indicadores incluem 105 ações de 68 empresas e podem ser
acessados no site www.fipecafi.com.br/viuvas. Desde o lançamento até fevereiro passado, o Índice Pleno
acumula alta de 37,17%. O IAAV valorizou 32,11%. Os valores ficaram abaixo do Ibovespa no período,
que teve alta de 56,4%, mas, no longo prazo, acredita o professor Abreu, ambos deverão superar o
índice da Bolsa brasileira. “As ações que pagam dividendos tendem a proporcionar, no longo prazo,
rendimentos superiores aos das demais”, afirma.

O principal indicador para quem quer apostar nessa categoria de renda variável é o chamado dividend
yeld, que mostra o retorno em dividendos frente ao preço da ação. Quanto mais alto o yeld, maior o
valor do dividendo pago. No Brasil, o índice foi de 4,75% em 2005, mas há papéis que pagam muito
acima desse percentual. Isso ocorre entre as empresas que repassam seus lucros integralmente, embora
a Lei das Sociedades Anônimas determine a distribuição mínima de 25%. “Aplicar em ações que pagam
dividendos é recomendado para quer uma opção de segurança e menor volatilidade”, diz Lúcio Graccho,
diretor de renda variável do HSBC Investiments. O banco tem um fundo que investe exclusivamente
nesses papéis. Nos últimos três anos, a rentabilidade foi de 301,6% frente à alta de 242% do Ibovespa.
A previsão é de que o yeld da carteira seja de 10% em 2006, impulsionado por empresas de energia,
petroquímica, siderurgia e bancos.

OS BONS PAGADORES
Saiba quais as empresas que ofereceram as melhores taxas de
retorno (o chamado dividend yeld) ao acionista entre aquelas que
distribuíram valores recordes de dividendos em 2005 em relação
aos últimos 20 anos:

EMPRESA/AÇÃO RETORNO

Unibanco UnN1 9,39%


Telemar Norte Leste ON 6,09%

Ambev ON 4,79%

Itausa PN 4,44%

Ambev PN 4,41%

Gerdau PN 4,13%

Petrobras PN 3,86%

Petrobras ON 3,47%

Vale do Rio Doce PNA 3,20%

Vale do Rio Doce ON 2,81%

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