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Teoria da Aprendizagem Social – Albert Bandura

Psicologia da Aprendizagem (Universidade de Évora)

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Universidade de Évora
Escola de Ciências Sociais
Departamento de Psicologia

Psicologia da Aprendizagem
Regime Recurso
2016/2017

Teorias Comportamentais da Aprendizagem:


Aprendizagem Social ou Modelação

Discente
*************

Docente
Professora Doutora Maria Luísa Grácio

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Índice
Introdução..........................................................................................................................3
Aprendizagem Social ou Modelação.................................................................................4
Contexto do Desenvolvimento da Teoria da Aprendizagem Social...............................4
O Conceito da Modelação na Aprendizagem Social.....................................................5
Experiência do João-bobo (Bandura).........................................................................5
Interações Recíprocas....................................................................................................8
Aprendizagem Inativa ou Vicariante.............................................................................8
Tipos de Reforço..........................................................................................................10
Reforço direto...........................................................................................................10
Reforço vicariante....................................................................................................10
Autorreforço.............................................................................................................10
Processos Cognitivos da Aprendizagem Social...........................................................11
Atenção.....................................................................................................................11
Retenção...................................................................................................................11
Produção...................................................................................................................11
Motivação.................................................................................................................12
Tipos de Resultados da Aprendizagem por Observação..............................................12
Ensinar novos comportamentos e atitudes...............................................................12
Promover comportamentos anteriormente aprendidos.............................................13
Reforçar ou debilitar inibições.................................................................................13
Dirigir a atenção.......................................................................................................13
Provocar a emoção...................................................................................................13
Aprendizagem e Desempenho.....................................................................................14
Influências na aprendizagem e no desempenho.......................................................14
Conclusão........................................................................................................................16
Referências Bibliográficas...............................................................................................18
Anexo..............................................................................................................................19

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Introdução

A aprendizagem é um processo imprescindível à condição humana. É


indispensável a todo o percurso de vida, uma vez que, está em constante mudança
Requer ao indivíduo a capacidade de adaptação às mudanças, ou seja, o indivíduo tem
de adaptar as suas respostas aos estímulos que ocorrem devido a interação com o meio
(Pinto, J., 2003).

Existem várias correntes que explicam a aprendizagem, nomeadamente,


comportamentalistas, humanistas, e cognitivas. A teoria da aprendizagem abordada no
trabalho pertence à corrente comportamentalista (behaviorista), sendo por isso uma
aprendizagem que resulta de uma resposta que o indivíduo realiza consoante o estímulo
(Pinto, J., 2003).

A teoria da Aprendizagem Social de Bandura discorda das teorias


condicionantes, nomeadamente clássica e operante. Nesta teoria os comportamento são
adquiridos através da observação dos comportamentos dos outros, ou seja, ao observar
os outros, os indivíduos adquirem conhecimento, comportamentos, atitudes,
competências, estratégias e crenças. (Pinto, J., 2003).

Quando o indivíduo observa um comportamento de outro indivíduo e, mais tarde


realiza o comportamento observado, pode dizer-se que o primeiro indivíduo é
observador e o segundo indivíduo é o modelo, isto porque explica como se realiza o
comportamento, este processo pode designar-se por modelação (Pinto, J., 2003).
Utiliza-se o termo modelação porque não consiste na replicação precisa do
comportamento, enquanto a imitação sim (Pinto, J., 2003).

O objetivo do presente trabalho é responder a algumas perguntas, que permitam


uma melhor e mais aprofundada compreensão da teoria da aprendizagem social de
Bandura. Perguntas essas que serão: qual a interação que existe entre o indivíduo, o seu
comportamento e o ambiente social em que se insere?; Qual a influência dos modelos
no observador?; Quais os tipos de reforço utilizados?; Que processos cognitivos são
utilizados na aprendizagem social?; O que é a aprendizagem vicariante?; Que tipo de
resultados pode obter-se através desta aprendizagem?.

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Aprendizagem Social ou Modelação

Contexto do Desenvolvimento da Teoria da Aprendizagem Social

No final dos anos 50 e início dos anos 60 começaram a surgir outras teorias de
aprendizagem que discordavam das existentes até então como a aprendizagem por
condicionamento. Pode afirmar-se que com esta evolução das teorias da aprendizagem,
atualmente, as principais perspetivas teóricas são ao nível cognitivo (Schunk, D.H.,
2008).

A aprendizagem social também conhecida como aprendizagem por observação


ou modelação, foi desenvolvida no âmbito do behaviorismo, por Albert Bandura e
outros investigadores (Schunk, D.H., 2008).

Bandura teve duas preocupações na sua produção teórica que consistiam no


esclarecimento da imitação no processo da aprendizagem e em relacionar a investigação
da orientação comportamental com as formulações psicanalíticas. Este processo tem
como objetivo a procura de evidências empíricas em que se obtivesse reconsiderações
de ambos os tópicos (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

A principal conceção nesta teoria da aprendizagem social é que muita


aprendizagem humana ocorre num ambiente social, por outras palavras, o indivíduo
possui o papel de observador, e a partir daqui aprende novos comportamentos através,
somente, da observação de modelos que realizem estes comportamentos. Tendo em
conta que no momento da aprendizagem o indivíduo não precisa de estar a desempenhar
o comportamento, apenas o aprende pela observação e retém a informação. Na teoria da
aprendizagem social não é necessário um reforço para que a aprendizagem ocorra, ou
seja, discorda das teorias condicionantes (Schunk, D.H., 2008).

Geralmente associa-se imitação às teorias comportamentais e a identificação às


teorias da personalidade, porém Bandura (1962) reconhece imitação e identificação
como sinónimos, definindo estes conceitos como “tendência de uma pessoa para emitir
comportamentos ou atitudes idênticas àqueles exibidos por modelos reais ou
simbólicos” (Bandura, 1962 Cit. In Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs,
2008).

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O Conceito da Modelação na Aprendizagem Social

A modelação é um processo de aquisição de comportamentos a partir de


modelos, querendo este conceito expressar imitação. Também se nomeia como
modelação a técnica de modificação de comportamentos com o uso de modelos.
(Bandura, 1965, 1972 Cit. In Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Um exemplo que ocorre muitas vezes é a observação de uma criança que age de
forma idêntica a um adulto da sua família, como gestos e comportamentos. Isto deve-se
ao facto da criança observar os comportamentos do outro indivíduo e, por sua vez, vai
imitar e adquirir estes comportamentos, ações e/ou gestos. Na vida quotidiana, o
indivíduo depara-se com a imitação de comportamentos, ações, gestos e maneiras de ser
(Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Ao longo do tempo, já se obtiveram várias explicações para esclarecer o motivo


do indivíduo imitar comportamentos tais como por instinto natural, por identificação
com o modelo da imitação ou por ser se recompensado pela imitação. Apesar dos
motivos mencionados apenas pode concluir-se que ao imitar-se o indivíduo está a
aprender novos comportamentos, novas maneiras de ser, entre outros (Bandura, A.,
Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Segundo Bandura e Huston, a maior parte do reportório da socialização do


indivíduo é adquirida por meio da “identificação com adultos significativos na vida da
criança”, pode afirmar-se que ocorre um processo da aprendizagem social, segundo a
afirmação anteriormente estes investigadores delinearam uma experiência (Bandura e
Huston, 1961 Cit. In Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Experiência do João-bobo (Bandura).

Bandura, Ross e Ross (1961) realizaram um estudo com o objetivo de


compreender a generalização da imitação das respostas agressivas perante novas
situações nas quais o modelo não está presente (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. &
Colabs, 2008).

A experiência do João-bobo consistia na participação de 72 crianças, metade do


sexo feminino e a outra metade do sexo masculino, que tinham idades compreendidas

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entre os 37-69 meses, estes eram expostos a modelos adultos de ambos os sexos
(Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Os sujeitos experimentais foram divididos em oito grupos de seis indivíduos, e


ainda, havia um grupo de controlo de 24 indivíduos. Metade dos indivíduos foi exposta
a modelos agressivos e, a outra metade, a modelos não-agressivos e submissos. De
seguida, dividiu-se estes grupos em indivíduos masculinos e femininos (Bandura, A.,
Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Na continuação da experiência, metade dos indivíduos na condição de modelo


agressivo e na condição de modelo não-agressivo observaram modelos do mesmo sexo,
a outra metade observou comportamentos de modelos do sexo oposto. Por fim, o grupo
de controlo não foi exposto a nenhum modelo, apenas foi testado na situação de
generalização (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

A experiência consistia em cada indivíduo ser levado por uma experimentadora


para uma sala experimental, onde o modelo adulto já estava presente a um canto da sala.
A criança sentava-se a uma mesa, onde a experimentadora lhe explicava como desenhar
e pintar, fornecendo o material a criança, de mencionar que vários materiais estavam
presentes na sala incluindo um João-bobo. De seguida, a experimentadora explicava ao
modelo adulto a sua tarefa e, por fim, a experimentadora saia da sala (Bandura, A., Azzi,
R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Na experiência da condição não-agressiva, o modelo adulto seguia as instruções


que lhe tinham sido dadas. Enquanto, na experiência da condição agressiva, o modelo
adulto após estar um tempo a pintar, dirigia-se ao João-bobo agredindo-o fisicamente e
verbalmente, repetidamente (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).
Com esta experiência os indivíduos experimentais observavam comportamentos
agressivos, principalmente agredir fisicamente o João-bobo, como estas crianças apenas
estavam a realizar a tarefa de pintar/desenhar que não requeria muita atenção deixava o
foco destas mais direcionado para o comportamento do modelo adulto.

A próxima fase consistia na separação do modelo adulto e do indivíduo


experimental, ou seja, a criança nesta fase ia para outra divisão onde lhe eram
fornecidos em cima de uma mesa diversos brinquedos, porém o objetivo era a criança
escolher unicamente um brinquedo. Os brinquedos eram sempre arrumados pela mesma

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ordem para cada teste experimental e, consistiam tanto em brinquedos agressivos (João-
bobo, revólveres com balas de borracha, entre outros), como não-agressivos (bolas,
bonecas, lápis e plasticina, entre outros) (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. &
Colabs, 2008).

Nesta experiência, o modelo adulto registou todos os 72 testes experimentais,


porém houve um segundo observador independente que apenas registou metade. O
objetivo da observação de dois observadores distintos era para ver a concordância de
resultados entre os dois (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Para a realização desta experiência foram realizadas três medidas de imitação: 1)


imitação da agressividade física, 2) imitação da agressividade verbal e 3) imitação de
respostas verbais não-agressivas (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs,
2008). Na imitação da agressividade física mediasse quantas crianças imitavam o
comportamento de agredir o João-bobo ou da utilização de outro brinquedo agressivo,
na imitação da agressividade verbal, as crianças imitavam o comportamento do modelo
adulto em que este ofendia e agredia verbalmente o boneco João-bobo, no entanto na
imitação das respostas verbais não-agressivas, as crianças imitavam o comportamento
de apenas responder (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

O resultado desta experiência corroborou a hipótese dos investigadores, ou seja,


que a exposição dos indivíduos aos comportamentos do modelo agressivo aumentam a
probabilidade de este ter um comportamento agressivo e, por consequente, imitar o
modelo tendo respostas verbais agressivas e comportamentos idênticos. Observou-se
nesta experiência que os resultados foram significativamente diferentes entre os grupos,
por outras palavras, os indivíduos experimentais expostos ao modelo agressivo imitaram
o comportamento agressivo tanto verbal como físico, enquanto os indivíduos do modelo
não-agressivo e do grupo de controlo não imitaram (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro
S. & Colabs, 2008).

Através desta experiência podemos concluir que as crianças do sexo masculino


tendem a imitar mais o comportamento da agressão física observado no modelo adulto,
contudo observou-se que o comportamento da agressão verbal era imitado de igual
modo tanto por crianças do sexo masculino como feminino. Para concluir o resultado da
experiência, observou-se que as crianças tinham uma maior tendência a imitar o
comportamento do modelo do mesmo sexo, ou seja, os rapazes imitavam mais o

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comportamento do modelo adulto do sexo masculino (Bandura, A., Azzi, R. G.,


Polydoro S. & Colabs, 2008).

Interações Recíprocas

Na aprendizagem social é importante destacar a estrutura da reciprocidade


triádica no comportamento dos indivíduos, ou seja, o comportamento humano é
explicado através dos três elementos, ou seja, de pessoa, comportamento e meio em que
as pessoas influenciam o meio onde se inserem através dos seus comportamentos e,
simultaneamente, são influenciadas pelos comportamentos observados nesse mesmo
meio (Figura 1). Estas interações recíprocas baseiam-se em fatores inseparáveis como
comportamentos, fatores ambientais e fatores pessoais, nomeadamente, os
conhecimentos de cada indivíduo (Schunk, D.H., 2008; Zimmerman, B. J., 2013).

Pode relacionar-se esta tríade com a autoeficácia, uma vez que a perceção que o
indivíduo tem de ser capaz de realizar determinados comportamentos influencia
diretamente a efetiva realização desses comportamentos e também as escolhas inerentes,
como tarefas, persistência, esforço e aquisição de capacidades. Sucintamente, a
autoeficácia enquanto fator pessoal influencia o indivíduo a adotar comportamentos do
seu meio (Schunk, D.H., 2008; Zimmerman, B. J., 2013).

Figura 1 – Modelo da reciprocidade triádica (Schunk, D.H., 2008; Zimmerman, B. J., 2013).

Aprendizagem Inativa ou Vicariante

A aprendizagem pode ocorrer de duas formas: 1) de forma inativa ou 2) de


forma vicariante (Schunk, D.H., 2008). A aprendizagem inativa consiste em cada
indivíduo aprender com as consequências das ações que realiza. Verifica-se que os
comportamentos que resultam em consequências bem-sucedidas são mantidos, enquanto

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os comportamentos que geram insucesso são aperfeiçoados ou excluídos (Schunk, D.H.,


2008).

As consequências, na teoria da aprendizagem social, servem como informação e


motivação para cada indivíduo. As consequências informam os indivíduos sobre a
precisão ou adequação do comportamento, ou seja, quando o indivíduo obtém sucesso
ou é recompensado numa ação compreende que está a realizar corretamente o
comportamento, porém, quando o indivíduo é punido ou se sente insatisfeito
compreende que não está a realizar a ação da forma mais correta e vai retificar a ação
que realizou. As consequências também motivam os indivíduos, isto é, quanto mais o
indivíduo se esforçar para aprender os comportamentos melhor alcançará as
consequências que ambiciona, dado isto, o indivíduo evita os comportamentos puníveis
ou que não o realizem a nível pessoal (Schunk, D.H., 2008).

A aprendizagem vicariante consiste na observação e/ ou audição de modelos que


podem ser modelos humanos, neste caso observação ao vivo dos comportamentos dos
indivíduos; modelos simbólicos, principalmente, animais que falam e outras
personagens em desenhos animados; modelos eletrónicos como, por exemplo,
comportamentos observados através da televisão e do computador; e modelos de
publicação como comportamentos compreendidos em livros e revistas (Schunk, D.H.,
2008).

As fontes da aprendizagem vicariante beneficiam os indivíduos em dois aspetos:


1) fornece o conhecimento generalizado dos comportamentos e 2) evita que os
indivíduos realizem comportamentos com consequências negativas (Schunk, D.H.,
2008).

Normalmente, o indivíduo primeiro observa os modelos e ouve a explicação de


como realizar as ações observadas e seguidamente pratica essas capacidades e ações, ou
seja, a agregação da aprendizagem por observação e do desempenho do indivíduo
incentiva o mesmo a adquirir aptidões complexas necessárias à realização de
determinados comportamentos (Schunk, D.H., 2008).

Na aprendizagem vicariante também é observável que as consequências dos


comportamentos informam e motivam os indivíduos, porém os indivíduos tendem a
aprender e/ou modelar comportamentos de sucesso, isto é, o indivíduo tem

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conhecimento que um comportamento modelado ser-lhe-á útil e irá observar com muita
atenção o modelo para depois poder praticar o que aprendeu a partir da observação
(Schunk, D.H., 2008).

Tipos de Reforço

A aprendizagem social é influenciada pelo reforço a que o indivíduo está sujeito,


na medida em que afeta o nível de atenção e codificação do comportamento observado
(Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008). Existindo três tipos de reforço,
como: 1) reforço direto, 2) reforço vicariante e 3) autorreforço (Grácio, M. L., 2016,
vinte e seis de outubro, Comunicação Pessoal).

Reforço direto.

O indivíduo executa o comportamento observado no modelo, após o qual é


reforçado diretamente, ou seja, recompensado. Por exemplo, uma criança quando diz
uma palavra corretamente pela primeira vez e depois é elogiada, ou seja, é diretamente
reforçada (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Reforço vicariante.

O reforço vicariante acontece quando o indivíduo observa determinado


comportamento de um modelo e observa também o reforço a que essa pessoa é sujeita,
ou seja, a sua recompensa. Nesse caso, o indivíduo tende a imitar esse comportamento
(Bandura, A., & Walters, R. H., 1977). Por exemplo, uma criança observa a irmã a
levantar o seu prato da mesa, de seguida a mãe elogia e diz que se sente orgulhosa. Esta
observação vai estimular a criança a imitar o comportamento da irmã.

Autorreforço.

Autorreforço consiste na gestão dos próprios reforços e das consequências dos


comportamentos adotados pelo indivíduo, sejam recompensas ou punições que o
próprio indivíduo impõe a si mesmo conforme satisfaça, supere ou não alcance as suas
próprias expetativas e padrões pré-determinados, ou seja, o próprio indivíduo estabelece
as consequências inerentes à realização correta ou não do comportamento adotado
mediante o resultado obtido (Schultz, D. P & Schultz, S. E, 2011).

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Processos Cognitivos da Aprendizagem Social

Segundo a Teoria da Aprendizagem Social, os indivíduos observadores podem


efetivamente aprender e adquirir os comportamentos de modelos, nomeadamente,
representações simbólicas de atitudes observadas e associações específicas estímulo-
resposta. Contudo, o processo de aprendizagem por modelos depende de quatro
processos cognitivos que se inter-relacionam, em que a aprendizagem pode ser bem-
sucedida ou não: atenção, retenção, produção e motivação (Bandura, A., Azzi, R. G.,
Polydoro S. & Colabs, 2008).

Atenção.

É importante para o indivíduo prestar atenção ao modelo observado, sendo que


quaisquer elementos distrativos podem prejudicar a concentração e atenção prestada ao
comportamento ou atividades do modelo. A atenção prestada ao modelo depende de
fatores como interesse ou atração ao modelo e/ou associações feitas. Ou seja, quanto
maior for a atenção do indivíduo observador maior é a probabilidade da imitação/
aprendizagem do modelo (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Retenção.

A retenção efetiva do modelo por parte do indivíduo observador é crucial para


que este se lembre claramente do comportamento ou atividades do modelo e possa ser
influenciado por estes. A lembrança do comportamento do modelo é a presença do
padrão de resposta do modelo na memória do indivíduo de forma simbólica, ou seja, o
processo de lembrança começa pela observação, segue para a codificação da observação
e finaliza com a representação simbólica que pode existir de duas formas: visuais,
observação e retenção de imagens sobre o comportamento do modelo; e verbais, em que
são retidas instruções sobre o comportamento do modelo (Bandura, A., Azzi, R. G.,
Polydoro S. & Colabs, 2008).

Produção.

A reprodução ou imitação do comportamento é o processo através do qual as


representações simbólicas do indivíduo o conduzem à imitação do modelo e apenas é
possível se o indivíduo tiver observado e retido com êxito o modelo. Ainda assim e,
principalmente para atividades mais complexas, pode ser necessária a produção

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sucessiva do comportamento até obter sucesso na reprodução do mesmo (Bandura, A.,


Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Para este processo poder ser bem-sucedido é indispensável que o indivíduo


possua ou adquira as competências necessárias à realização da ação observada
(Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Motivação.

A pré-disposição ou motivação do indivíduo para a aprendizagem social depende


da forma como as expectativas sobre as consequências afetam o indivíduo, ou seja, as
consequências positivas do comportamento que podem suscitar o desejo do indivíduo de
ser reconhecido as consequências negativas que podem levar o mesmo a ser punido. A
motivação do indivíduo relaciona-se com o tipo de reforço a que o mesmo é sujeito
(Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

Tipos de Resultados da Aprendizagem por Observação

Verifica-se que existem cinco tipos de resultados possíveis da aprendizagem por


observação, nomeadamente: 1) ensinar novos comportamentos e atitudes; 2) promover
comportamentos previamente aprendidos; 3) reforçar ou debilitar inibições; 4) dirigir a
atenção; e 5) provocar a emoção (Woolfolk, A. E., 1996).

Ensinar novos comportamentos e atitudes.

A aprendizagem social pode ter como resultado o ensino de novos


comportamentos quando este é aplicado voluntariamente, ou seja, os indivíduos tendem
a imitar comportamentos dos modelos ao observarem o reforço e a prática aplicada no
comportamento. Particularmente, os indivíduos têm maior tendência a aprender novos
comportamentos de modelos da mesma idade e género (Woolfolk, A. E., 1996).

Por exemplo, para um indivíduo com baixa autoestima quanto as suas


capacidades, um bom modelo é aquele que apresenta um mau desempenho ou
consequências negativas na medida em que gera no indivíduo uma vontade de
persistência no esforço, na aquisição de capacidades e, por fim, na aprendizagem do
comportamento (Woolfolk, A. E., 1996).

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Promover comportamentos anteriormente aprendidos.

No fenómeno da modelação um possível resultado é o da promoção e reforço de


comportamentos já aprendidos, ou seja, ao observar os comportamentos dos modelos no
meio, o indivíduo tem a perceção dos comportamentos mais adequados a utilizar em
cada situação da vida quotidiana (Woolfolk, A. E., 1996).

Reforçar ou debilitar inibições.

Face a observação de um comportamento com consequências negativas,


nomeadamente punição, o indivíduo tem tendência a reforçar a inibição à prática de
comportamentos quando observa que o modelo ao praticar esse mesmo comportamento
é punido. Deste modo, se um indivíduo observa que determinado comportamento tem
consequências indesejadas provavelmente não imitará esse comportamento (Woolfolk,
A. E., 1996).

O contraste também acontece, em que o indivíduo observa um comportamento


negativo de um modelo sem que este seja punido terá tendência a debilitar a inibição à
prática desse comportamento. Desta forma, o indivíduo ao ter a perceção de que um
mau comportamento não tem consequências negativas provavelmente terá mais
propensão à realização do comportamento. Gerando um comportamento em cadeia,
conhecido como “efeito onda” (Woolfolk, A. E., 1996).

Dirigir a atenção.

Ao observar comportamentos do meio, o indivíduo tende a compreender não só


esses comportamentos como também os objetos e as capacidades neles inerentes,
dirigindo assim a sua atenção para comportamentos observados (Woolfolk, A. E., 1996).

Provocar a emoção.

Através da observação os indivíduos podem ter reações emocionais a situações


que nunca experimentaram podendo essas emoções suscitar no indivíduo receio ou
desejo de praticar o comportamento observado e nunca experienciado (Woolfolk, A. E.,
1996).

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Aprendizagem e Desempenho

Nas primeiras teorias sobre a aprendizagem, nomeadamente teorias de


condicionamento, crê-se que a aprendizagem tem intrínseca o desenvolvimento, ou seja,
ao aprender o indivíduo faz a ligação entre estímulos e respostas ou segue respostas com
consequências (Schunk, D.H., 2008).

Na teoria da aprendizagem social assume-se que a aprendizagem e o


desempenho são processos diferentes, sendo a aprendizagem a obtenção de
conhecimento e o desempenho a execução prática do conhecimento aprendido. Não
obstante, é possível que ocorra aprendizagem durante o processo de desempenho, isto é,
o indivíduo após a observação do comportamento e da codificação, imita repetidamente
esse comportamento (desempenha-o) com o objetivo de imitá-lo como na realidade
observada, sendo que neste processo de imitação (desempenho) aprende a executá-lo e
aperfeiçoá-lo (Schunk, D.H., 2008).

O desempenho de comportamentos aprendidos por observação está dependente


de diversos fatores como: a motivação, o interesse, os incentivos à realização do
comportamento, a necessidade que o indivíduo perceciona, as pressões sociais, o estado
físico e o tipo de atividades semelhantes. Também o reforço a que o indivíduo é sujeito
ou a sua expetativa quanto ao mesmo afeta mais o desempenho do que a aprendizagem
(Schunk, D.H., 2008).

Influências na aprendizagem e no desempenho.

Como vimos, existem características que afetam a modelação, nomeadamente: o


estado de desenvolvimento, o prestígio e competência do modelo, as consequências
vicariantes, a expetativa do resultado, os objetivos, os valores e a autoeficácia (Schunk,
D.H., 2008).

O estado de desenvolvimento afeta o tempo de atenção prestada ao modelo, o


aumento da capacidade de processar a informação, a utilização de estratégias, a
comparação dos desempenhos com representações do modelo na memória e a adoção de
motivadores intrínsecos. O prestígio e competência do modelo na medida em que
quanto mais prestigiado e mais competente for o modelo maior é a atenção do
observador, e a sua tendência para aprender os comportamentos observados. As
consequências vicariantes quando positivas motivam o observador a adotar o

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comportamento devido aos benefícios que podem advir deste. A expetativa do resultado
positivo ou recompensa aumenta a probabilidade do indivíduo realizar os
comportamentos observados. Os objetivos, o observador ter uma maior tendência a
imitar um modelo que demonstre comportamentos que lhe serão mais valiosos para
alcançar os seus objetivos pessoais. Os valores, o indivíduo está mais atento à exibição
de comportamentos que este crê serem fundamentais para a sua autorrealização. E ainda
a autoeficácia, o indivíduo presta uma maior atenção e tem maior tendência a imitar os
comportamentos do modelo, quando acredita ser capaz de aprender e realizar esse
comportamento (Schunk, D.H., 2008).

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Conclusão

É importante referir primeiro, que todas as perguntas formuladas no objetivo do


trabalho foram convenientemente respondidas. Desta forma, penso ser possível afirmar,
que a teoria social da aprendizagem foi bem abordada, apesar de ser verdade também,
que seria necessária uma abordagem mais profunda de forma a conhecer toda a teoria
social de Bandura e as suas implicações teorias e práticas.

Primeiramente pode concluir-se que a experiência do João-bobo, realizada por


Bandura e outros investigadores, foi fundamental para a explicação e compreensão da
Teoria da Aprendizagem Social, dado que elucida acerca dos indivíduos modelarem o
comportamento do modelo. Verificou-se que o papel dos modelos tem uma grande
importância, pois são estes que influenciam o observador, tendo em conta que são
caraterísticas como o género que leva o observador a identificar-se e adotar um
comportamento idêntico (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

É importante não esquecer a importância da tríade existente entre pessoa,


comportamento e meio ambiente. Estes três elementos influenciam-se entre si e, isto vai
conduzir o comportamento do indivíduo com a perceção do meio à sua volta e dos seus
fatores pessoais (Schunk, D.H., 2008; Zimmerman, B. J., 2013).

Verificou-se que o conceito de aprendizagem vicariante é essencial nesta teoria


pois consiste na aprendizagem por observação dos comportamentos e consequências do
modelo, posteriormente, o observador poderá realizar um comportamento que tem
conhecimento que será recompensado/ as consequências são bem-sucedidas ou evitará
um comportamento que lhe poderá gerar punições (Schunk, D.H., 2008).

Aperfeiçoa-se a teoria da aprendizagem social identificado três reforços,


nomeadamente, direto, vicariante e autorreforço, tendo em conta que cada um dos
reforços funciona distintamente e de forma diferente dos restantes (Grácio, M. L., 2016,
vinte e seis de outubro, Comunicação Pessoal).

Complementou-se o trabalho, também, identificando os processos cognitivos


que interagem entre si, nomeadamente, a atenção, a retenção, a produção e a motivação.
Estes quatros processos funcionam em conjunto para que a aprendizagem social seja
bem-sucedida (Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs, 2008).

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Inclusive, foram apresentados os resultados que o indivíduo pode adquirir


através da aprendizagem social, nomeadamente: ensinar novos comportamentos,
promover comportamentos previamente aprendidos, reforçar ou debilitar inibições,
dirigir a atenção e provocar emoção. Estes tipos de resultados podem advir em conjunto,
não quer dizer que o indivíduo só obtenha um tipo de resultado pode obter vários em
simultâneo (Woolfolk, A. E., 1996).

Concluindo, a teoria da aprendizagem social enquanto processo de aquisição de


conhecimentos, comportamentos e capacidades torna-se imprescindível para a vida
quotidiana de qualquer indivíduo e, encontra-se presente em qualquer etapa do
desenvolvimento. É importante ainda referir, que foi uma teoria de extrema importância,
para compreender como os comportamentos agressivos podem ser reprimidos.

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Referências Bibliográficas

Bandura, A., & Walters, R. H. (1977). Social learning theory.

Bandura, A., Azzi, R. G., Polydoro S. & Colabs. (2008). Teoria Social Cognitiva – Conceitos
Básicos. Porto Alegre: Artmed (pp. 123- 148)

Pinto, J. (2003). Psicologia da aprendizagem: concepções, teorias e processos. Instituto do


Emprego e Formação Profissional.

Schultz, D. P & Schultz, S. E (2011). História da Psicologia Moderna. 9.ª edição. Cengage
Learning

Schultz, D. P & Schultz, S. E (2011). Teorias da Personalidade. 9.ª edição. Cengage Learning

Schunk, D.H. (2008). Learning Theories - An Educational Perspective. New Jersey: Prentice
Hall (pp. 117- 162)

Woolfolk, A. E. (1996). Psicología Educativa. Mexico: Prentice-Hall Hispano Americana (pp.


225- 231)

Zimmerman, B. J. (2013). From cognitive modeling to self-regulation: A social cognitive career


path. Educational psychologist, 48(3), 135-147.

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Anexo

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