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MARKETING DE
RELACIONAMENTO
AULA 02
CONTEXTUALIZANDO
O texto abaixo é atribuído a Sam Walton, fundador do Wal-Mart, e traz
uma reflexão sobre a importância do consumidor:
“Eu sou o homem que vai a um restaurante, senta-se à mesa e espera pacientemente,
enquanto o garçom faz tudo, menos anotar o meu pedido. Eu sou o homem que vai a
uma loja e espera calado, enquanto os vendedores terminam suas conversas
particulares. Eu sou o homem que entra num posto de gasolina e nunca usa a buzina,
mas espera pacientemente que o empregado termine a leitura do seu jornal. Eu sou o
homem que explica sua desesperada urgência por uma peça, mas não reclama quando
a recebe somente após três semanas de espera. Eu sou o homem que, quando entra
num estabelecimento comercial, parece estar pedindo um favor, implorando por um
sorriso ou esperando apenas ser notado. Você deve estar pensando que sou uma
pessoa quieta, paciente, do tipo que nunca cria problemas…
Engana-se. Eu sou o cliente que nunca mais volta!”
Fonte:<http://www.infomoney.com.br/carreira/gestao-e-
lideranca/noticia/3811960/grande-licao-fundador-walmart-para-qualquer-negocio>
No texto acima fica óbvio a importância dos clientes, o seu poder. Mas
será que realmente o cliente sempre tem razão? O que você acha?
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TEMA 1 - O PODER DO CLIENTE
Michael Porter, um dos maiores nomes da administração, em 1979, criou
um modelo chamado “as cinco forças competitivas que moldam a estratégia"
(Figura 1).
Clientes
(poder de
barganha cada
vez maior)
Potencias entrantes
Potenciais substitutos
(facilidade ou dificuldade da
(existência de produtos
entrada de novos Concorrentes
substitutos )
concorrentes)
Fornecedores
(poder de
barganha cada
vez maior)
Para Porter, os clientes são uma dessas forças, pois eles têm o poder de
forçar os preços para baixo, exigir maior qualidade ou mais serviços ou jogar os
concorrentes uns contra os outros, diminuindo o lucro das empresas. Portanto já
naquela época, as empresas começam a ter noção do poder dos clientes.
Alguns anos mais tarde, Kotler (1998), para demonstrar ainda mais o
poderio dos consumidores, afirma que quando um cliente está insatisfeito, ele
pode usar o boca a boca negativo e espalhar sua má experiência para, em
média, outras 11 pessoas.
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Porém, o que já era “ruim” para empresas ficou “pior” com a disseminação
das redes sociais. Hoje em dia estas 11 pessoas que Kotler se referia podem
virar milhões em questão de horas! Ou seja, segundo Claudio et al. (2014 p. 6)
citando Hennig-Thurau et al. (2004) “as reclamações on-line alcançam fácil e
rapidamente um grande número de potenciais consumidores” o que pode colocar
em risco a reputação das empresas se estas reclamações não forem geridas
adequadamente (CLAUDIO et al., 2014).
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passou a ser um desconhecido para o produtor, ficando em situação de
vulnerabilidade em relação às grandes empresas que passaram a ditar os
moldes de negociação (NORAT, 2011). Foi então que as políticas públicas
tiveram que intervir para equilibrar novamente esta relação criando leis e órgãos
para proteger estes consumidores e que nos últimos anos vêm ganhando cada
vez mais espaço. Porém, agora que vimos e entendemos o “poder dos clientes”,
eu retomo minha pergunta inicial: será que realmente o cliente tem razão?
Sempre?
Leitura obrigatória
https://empreendedor.com.br/noticia/o-cliente-nem-sempre-tem-razao/
Bem aluno, agora você já sabe que nem sempre o cliente tem razão, como
visto no artigo anterior. Para complementar, Lovelock e Wright (2005) criaram
uma lista de consumidores que as empresas devem evitar:
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Enfim, os consumidores estão mais poderosos do que nunca, mas as
empresas devem ter em mente que nem todos eles devem ser tratados como
“reis”, como se apregoava antigamente. A empresa, por meio de um banco de
dados bem construído, deve ser capaz de identificar seus melhores clientes, e
estes sim, devem ser mimados e bajulados.
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Figura 2: Qualidade percebida
Qualidade Qualidade
esperada experimentada
Qualidade
percebida
Agora vou dar para você um exemplo prático. Digamos que você está
procurando um hotel para passar umas férias românticas com seu par e em sua
busca pela internet se depara com um lindo hotel. Você até já se imagina com
seu amor, curtindo uma piscina, tomando um drink tranquilamente. Você cria
uma expectativa, você espera por certo padrão
de qualidade.
Mas, ao chegar ao hotel, você se depara com outra realidade: uma piscina
lotada de pessoas nada bonitas e aparentemente alcoolizadas. A qualidade
experimentada ficou muito abaixo da qualidade esperada gerando uma
qualidade percebida baixa.
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TEMA 3 - MARKETING DE RELACIONAMENTO E O SETOR DE SERVIÇOS –
SERVQUAL
No tema anterior, vimos a importância de entender a qualidade percebida
pelo consumidor. Contudo, quando pensamos no setor de serviços, parece que
“medir” essa qualidade é ainda mais difícil. De acordo com Souto (2006, p. 7), a
percepção da qualidade “é fundamental no processo de avaliação do serviço,
principalmente pela sua intangibilidade, ou seja, ela é bem menos objetiva do
que o seria com um produto, pois está mais baseada em fatores subjetivos, ou
seja, de sentimentos e ideias”. Isso quer dizer que, é mais difícil, porque os
serviços possuem uma série de características diferentes dos produtos físicos.
Por exemplo, não se pode “tocar” um serviço como fazemos com um produto
para examinar sua qualidade.
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e) Confiabilidade: refere-se à consistência no desempenho, confiança e
segurança.
Tang – Tangibilidade
Conf – Confiança
Prest – Presteza (= Prontidão)
Seg – Segurança (= Garantia)
Emp – Empatia
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Agora, vamos tentar entender como usar a escala SERVQUAL na
prática. Para isso utilizaremos apenas os dois primeiros itens da escala:
“equipamentos modernos” e “instalações físicas atraentes” (que fazem parte
da tangibilidade) de uma pesquisa que foi aplicada com 39 pacientes de um
grande Hospital.
Primeiro, mede-se a importância desses quesitos, pedindo para as
pessoas marcarem, em uma escala de 1 a 5, se elas concordam ou
discordam com a afirmação, em que 5 significa que “concordam
totalmente” e 1 que “discordam totalmente”.
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Figura 6: parte de uma escala SERVQUAL
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TEMA 4 - BENEFÍCIOS DO RELACIONAMENTO PARA O CLIENTE
Os clientes cada vez mais “empoderados”, como já vimos, esperam ter
benefícios nos seus relacionamentos com as empresas. Porém tais benefícios
podem variar. Segundo Gwiner et al. (1998), há 4 tipos de benefícios que levam
um cliente a querer se relacionar com uma empresa:
http://veja.abril.com.br/economia/para-consumidor-brasileiro-o-que-vale-
mesmo-e-o-boca-a-boca/
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Saiba mais: veja a reportagem:
http://estadodeminas.vrum.com.br/app/noticia/noticias/2012/10/30/intern
a_noticias,46821/v60-mostra-como-a-volvo-se-tornou-referencia-em-
seguranca.shtml
Segundo Dornelas (2013), “se ao comprar uma joia cara em uma loja um
cliente ganha uma garrafa de vinho, é provável que ele avalie o vinho recebido
como um produto que não é barato. Porém, se o vinho for oferecido, por exemplo
a $ 1, é provável que o cliente avalie o mesmo vinho como um produto mais
barato”. Ou seja, ofertar um produto quase gratuito, a preços muito baixos
deprecia o produto na visão do cliente.
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TEMA 5 - AS EMOÇÕES DOS CONSUMIDORES
Por muito tempo o marketing de relacionamento tinha como foco apenas
a retenção de clientes, programas de fidelidade, gestão de banco de dados e às
vezes até erguimento de barreiras à saída de clientes (por exemplo, multas se o
cliente quiser mudar de empresa). As empresas não se preocupavam com o
longo prazo, em construir vínculos emocionais, em conhecer melhor estes
consumidores para criar confiança e comprometimento com eles
(ANGELO et al., 2006).
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Por exemplo, a racionalidade não explicaria porque um engenheiro dormiu
no chão esperando a inauguração da loja da Apple em São Paulo para levar um
iPhone que custou, no mínimo, R$ 3.500,00. Quando questionado porque ele
agiu desta forma ele respondeu justamente: “comprar ali, era mais emocionante!
“ (SORANO, 2015).
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/evolucionismo.htm
http://loucoporcocacola.blogspot.com.br/2009/07/cortesia.html#links
TROCANDO IDEIAS
Caro aluno, agora você vai participar de um fórum em que deve discutir
como as empresas precisam lidar com os clientes indesejados.
NA PRÁTICA
Sr. Henrique, alto executivo, pessoa exigente, procurou um hotel para se
hospedar em Salvador. Analisou as ofertas na internet e escolheu um, que a
julgar pelas fotos e depoimentos, era adequado. Porém, ao chegar ao hotel,
detestou as instalações e achou o serviço péssimo. Reclamou com o gerente,
trocou de hotel e comentou com seus colegas para nunca se hospedaram lá. Já
Seu Antônio, técnico instalador, pessoa simplória, foi fazer uma viajem a trabalho
onde a secretaria da empresa reservou o mesmo hotel, que era o único
disponível na data desejada. Ele por sua vez chegou ao Hotel e ficou encantando
com as instalações e serviços que encontrou. Quando voltou, recomendou o
hotel para todos seus amigos. Analise a situação e diga, em poucas palavras
(até 5 linhas), qual dos conceitos aprendidos justificaria a razão pela qual os dois
clientes, apesar de utilizarem o mesmo Hotel, tiveram reações tão distintas.
Justifique a resposta.
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SÍNTESE
Nesta aula você aprendeu que o cliente deve sim ser o foco das
empresas, mas que nem todos eles têm razão e também nem todos são
interessantes para empresa. Também entendeu que a qualidade percebida de
um produto/serviço é formada a partir de uma expectativa que o consumidor cria
e, portanto, as empresas precisam se preocupar nas promessas que fazem para
seus clientes. Além disso, conheceu um importante método para avaliar a
qualidade percebida dos clientes – a escala SERQUAL, que pode ser facilmente
aplicada em vários contextos e tipos de empresas. Por fim, aprendeu sobre que
tipos de benefícios os clientes esperam e também que as emoções dos clientes
têm um grande impacto não só no processo de compra, mas nos
relacionamentos que eles mantêm com as empresas.
REFERÊNCIAS
A GRANDE lição do fundador do Walmart para qualquer negócio –
InfoMoney. Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/carreira/gestao-e-
lideranca/noticia/3811960/grande-licao-fundador-walmart-para-qualquer-
negocio>. Acesso em: jul.2016.
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CLÁUDIO, A. R. DE S.; PEDRON,C.D; GONÇALVES, P. A. O Novo
Desafio da Gestão de Reclamações: As Redes Sociais. Encontro Da ANPAD -
EnANPAD, v. 38, p.1–16, 2014.
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PARASURAMAN, A.; ZEITHAML, V. A.; BERRY. SERVQUAL: A Multiple-
Item Scale for Measuring Consumer Perceptions of Service Quality. Journal of
Retailing, v. 64, n. 1, p. 12-40, 1988.
SHANG, S. S. C.; LI, E. Y.; WU, Y.; HOU, O. C. L. Understanding Web 2.0
Service Models: A Knowledge-creating Perspective. Information & Management.
v. 48, n. 4-5, p. 178-184, 2011.
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