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1. Bem de Família

*Para todos verem: esquema

Vários bens

Até 1/3 patrimônio


líquido

Escritura pública ou
testamento

Voluntário Registro no CRImóveis

Enquanto o casal existir ou os


filhos forem menores de 18 anos

Impenhorabilidade quanto a dívidas


posteriores a instituição

Salvo: derivadas do próprio bem –


Impostos e condomínio
BEM DE FAMÍLIA
Lei 8009/90

Único bem

Regra:
impenhorabilidade

Legal Exceção: art. 3º, Lei

Protege imóveis de pessoas solteiras,


casadas ou viúvas – súmula 364, STJ

Box de garagem – se tiver matrícula própria pode


ser penhorado – súmula 449, STJ

Se imóvel estiver locado a terceiro –súmula 486,


STJ – mantém a impenhorabilidade

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2. Prescrição e Decadência

*Para todos verem: esquema

Existe um direito

Este direito é violado

Nasce para o titular uma pretensão


- Cobrança
- Reparação Civil
PRESCRIÇÃO

- Indenização

Deve ser exercida nos prazos dos arts.205 e


206, CC

Causas que impedem ou suspendem


- Arts. 1779 a 199, CC
- Prazo não começa a contar

Causas interruptivas
- Art. 202, CC
- Iniciou a contagem – ocorreu a causa – recomeça a
contagem do zero
-Apenas uma vez

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*Para todos verem: esquema


Há prática de um ato/negócio
Pela parte
Por terceiro

Em razão deste ato/negócio,


nasce um direito
DECADÊNCIA

Deve ser exercido no prazo estabelecido

Geralmente o dispositivo que prevê o direito, já traz


o prazo. Se não trouxer, art. 179, CC = 2 anos.

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se


aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição.

3. Regime de Bens

Mutabilidade do regime de bens: Pedido motivado ao juiz, feito por ambos os


cônjugese com a garantia do direito de terceiros – art.1.639, § 2.º, CC.
Pacto antenupcial: Escritura pública; antes da habilitação (encaminha junto com a
habilitação); dispor de regras patrimoniais (art. 1.653, CC).
Não havendo convenção, ou sendo esta nula ou ineficaz (pelo estabelecimento
decláusulas que não sejam possíveis). Regime da CPB (art. 1.640, CC).
Sem o pacto antenupcial o regime que deve constar no casamento é o regime
legal (comunhão parcial de bens).

Outorga conjugal: Regra = necessidade de autorização conjugal. Arts. 1.647 a 1.650 do


CC.

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Exceção:
• No regime da separação convencional de bens;
• Na separação obrigatória a súmula 377, STF é aplicada;
• No regime da participação final nos aquestos, quando o casal convencionar
alivre disposição dos bens.

3.1 Comunhão Parcial de Bens


Bens incomunicáveis: constituem o patrimônio pessoal dos consortes (arts. 1.659 e
1.661).

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:


I - Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na
constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu
lugar;
II - Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos
cônjuges emsub-rogação dos bens particulares;
III - As obrigações anteriores ao casamento;
IV - As obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito
do casal;
V - Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa
anteriorao casamento.

Bens comunicáveis: integram o patrimônio comum (art. 1.660).Art. 1.660. Entram na


comunhão:

I - Os bens adquiridos na constância do casamento por títutlo oneroso, ainda


que só emnome de um dos cônjuges;
II - Os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou
despesaanterior;
III - Os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os
cônjuges;IV - As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
IV - Os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos
naconstância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.

3.2 Comunhão universal de bens Bens incomunicáveis


Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - Os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-
rogadosem seu lugar;
II - Os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes derealizada a condição suspensiva;
III - As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas
com seusaprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a

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cláusula deincomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

• Os casados sob esse regime, não podem constituir sociedade entre si (art. 977, CC).

3.3 Participação Final nos Aquestos


Existem cinco universalidades de patrimônios:
1. Os bens particulares que cada um possuía antes de casar;
2. Os bens que o outro já possuía;
3. O patrimônio adquirido por um dos cônjuges, em nome próprio, após omatrimônio;
4. Os adquiridos pelo outro, em seu nome, após o casamento;

Os bens comuns, adquiridos pelo casal A participação ocorrerá sobre o patrimônio


adquirido, de forma onerosa, pelo outro, mas através de um crédito e não pela constituição de
condomínio sobre o patrimônio. Significa dizer que o direito não é sobre o patrimônio, mas sim
sobre eventual saldo após as compensações dos acréscimos de cada um.
Há uma expectativa de crédito (que só se configura ao final). Não se trata de meação,
mas de crédito a receber.

3.4 Separação de Bens


Cada um possui o seu patrimônio (bens e dívidas anteriores e posteriores ao
matrimônio). Existem dois patrimônios bem separados: o do marido e o da mulher. Não há
qualquer comunicação de bens.
Qualquer dos cônjuges pode alienar ou gravar seus bens sem anuência do outro
cônjuge.
• Separação obrigatória – incidência da súmula 377, STF.

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4. Morte

*Para todos verem: esquema

- Real
MORTE
- Presumida

Presumida com Presumida sem


decretação de Transmissão da
decretação de
ausência (art. 6º, 2 herança aos
ausência (art. 7º,
parte + art. 22 e ss., herdeiros
CC)
CC + art. 774, CPC)

- Ausente: art. 22 Quando o corpo do de - Princípio da saisine


- Aquele que desaparece cujus não é encontrado.
- Todo unitário e
de seu domicílio sem dar Hipóteses: indivisível
notícias, sem deixar - Extremamente provável
representante ou - Aplicação das regras
a morte de quem estava do condomínio
procurador para em perigo de vida;
administrar-lhe o - Possibilidade de
patrimônio. Pessoa envolvida em utilização das ações
campanha militar ou feito possessórias
- A lei prevê 3 fases: prisioneiro, não sendo
curadoria dos bens do encontrado até dois anos
ausente, sucessão após o término da guerra.
provisória e sucessão
definitiva. Art. 744 e ss do
CPC.

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*Para todos verem: esquema

- Real
MORTE
- Presumida

Lugar da abertura da
Abertura da sucessão Capacidade hereditária Espécies de Sucessão
sucessão

Regra - Legítima
- Legítima
último domicílio do - Art. 1.798, CC
Transmissão da - Herdeiros necessários:
falecido (art. 1.785, CC) - Testamentária descendentes, ascendentes e
herança aos herdeiros
Exceções: cônjuge;
- Art. 1.798 + 1.799,
Falecido sem domicílio CC - Garantia da legítima (1/2 da
certo = situação dos bens herança);
(art. 48, § único, I, - Herdeiros
CPC/2015) facultativos:colaterais;
Falecido sem domicílio - Podem ser excluídos da
certo e com bens em sucessão - liberdade plena de
lugares diferentes = local testar;
de qualquer dos bens (art.
48, § único, II, CPC/2015) - Testamentária
Falecido com pluralidade - Herdeiro instituído - recebe
de domicílios = qualquer % da herança
deles (art. 71, CC) - Herdeiro legatário - recebe
bem certo, descrito e
caracterizado

5. Liberdade de Testar

Princípio da liberdade limitada de testar – existe um percentual que não está sujeito à
vontade do testador, quando existirem herdeiros necessários.
Havendo herdeiros necessários – art. 1.789 – dispõe da metade da herança. Herdeiros
necessários: art. 1.845 – descendentes, ascendentes e cônjuge.
Deve ser respeitada a metade disponível aos herdeiros necessários: art. 1846, CC

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(herança ≠ legítima).

Art. 1.850. Será plena a liberdade de testar se não houverem herdeiros necessários.

6. Herança

*Para todos verem: esquema

Confirma a Por
Expressa
transmissão documento
ocorrida no
momento da Atos próprios
morte Tácita
de herdeiro

Espécies
Art. 1807, CC -
interessado em
Aceitação que o herdeito
Nesse caso, o
aceite requer
silêncio é
ao juiz, para
interpretado
Presumida que lhe intime a
como
dizer, em prazo
manifestação
não superior a
da vontade
30 diasm se
Direta aceita ou não a
Formas herança.
HERANÇA
Indireta
Repúdio a
herança

Tem-se por não


verificada a
transmissão
Escritura
pública
Sempre de forma
Renúncia expressa
Termo judicial

Parte do herdeiro
renunciante acresce
aos herdeiros de
Efeitos mesma classe

Ninguém representa
herdeiro renunciante

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*Para todos verem: esquema

INDIGNIDADE

• Decorre de lei
• Hipótestes: art. 1.814, CC
• Independe de manifestação
• Alcança o herdeiro legítimo e o testamentário (instituído ou legatário)
• A exclusão depende da Ação de Indignidade
• Prazo – 4 anos – abertura da sucessão
• Admite reabilitação, mediante perdão do ofendido
• Nem sempre os fatos são anteriores à morte do autor da herança

DESERDAÇÃO

• Decorre da vontade do autor da herança


• Hipóteses: art. 1.814 + art. 1.962 + art. 1.963, CC
• Necessita de manifestação da vontade do autor da herança, em testament
• Deve indicar a causa da deserdação
• Só atinge aos herdeiros necessários – descendentes, ascendentes e cônjuge
• A exclusão depende da Ação de Deserdação – confirma a causa alegada no
•testament
• Prazo – 4 anos – abertura do testamento
• Não comporta perdão, pois o ato correspondente é praticado em testamento (ato de
última vontade). Pode, contudo, novo testamento revogar o anterior.
• Os suportes fáticos são anteriores à morte do autor da herança

IND
6.1 Herança Jacente e Vacante

1. Com a morte, abre-se, de imediato, a sucessão, com a transmissão da


herança.
2. Se o autor da herança não tiver deixado herdeiros, o patrimônio não pode
ficar “solto”.
3. Cabe, então, ao juiz da Comarca em que tiver domicílio o finado tomar
providências para proteger e arrecadar o patrimônio (art. 738 e ss.,
CPC/2015).
4. A guarda e administração dos bens ficará a cargo de um curador, que age
como um verdadeiro administrador: arrecadando e conservando os bens que
compõem a herança, bem como reivindicando o domínio (art. 739,
CPC/2015).
5. Finalizada a arrecadação, serão expedidos editais, nos termos do art. 741,

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CPC/2015 – na internet, site do tribunal e na plataforma do CNJ, devendo


permanecer por 3 meses. Em não havendo o site, a publicação deverá
ocorrer na imprensa da Comarca, por 3 vezes, com intervalos de 1 mês entre
cada uma.
6. Não havendo herdeiro habilitado, após um ano da publicação do edital, a
herança será declarada vacante (art. 743, CPC/2015).
7. Uma vez sendo declarada, por sentença, a vacância, o cônjuge, companheiro
ou herdeiros só poderão reclamar seu direito através de ação de petição de
herança (art. 743, § 2.º, CPC/2015).
8. Após a declaração de vacância, podem os credores pedir o pagamento das
dívidas reconhecidas, nos limites da força da herança (art. 1.821, CC + art.
741,
§ 4.º, CPC/2015).
9. Mas essa declaração de vacância não faz com que os bens da herança se
incorporem, desde logo, ao patrimônio do Município ou Distrito Federal (se
localizados nos seus territórios) ou à União (se localizados em território
federal). Para tanto, o art. 1.822, CC prevê o prazo de 5 anos da abertura da
sucessão.

6.2 Petição de Herança


Pode ocorrer, por qualquer razão, que algum herdeiro não seja relacionado no inventário
e na partilha. Nesse caso, sua condição jurídica de herdeiro não é reconhecida (filho a ser
reconhecido de uma relação extraconjugal do de cujus).
Nesse caso, para que esse herdeiro possa ter seu direito reconhecido e, então, receber
parcela que lhe cabia na universalidade, deverá ingressar com uma ação judicial. Esse é o caso
da petição de herança.
A ação visa, portanto, o reconhecimento da qualidade de herdeiro e a satisfação quanto
ao acervo hereditário, ou seja, contemplar o herdeiro – autor da ação – com sua quota parte na
herança.

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Exemplos:

1. Alguém que se aposse ilegalmente da herança ou de parte dela;


2. Herança que é recolhida por parentes mais afastados do falecido e o
interessado é de grau mais próximo, de classe preferencial;
3. A herança é distribuída entre os herdeiros legítimos, e aparece testamento do
de cujus, em que outra pessoa é nomeada herdeira;
4. O filho não reconhecido ingressa com ação de investigação de paternidad e,
de forma cumulada, com a petição de herança.

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7. Posse

*Para todos verem: esquema

É o domínio físico que alguém tem sobre


a coisa, que vem a ser protegido pelo
Direito, sendo, portanto, concedido
efeitos jurídicos a este domínio.

É o exercício de fato de um
dos poderes inerentes a
propriedade.

Teoria subjetivista ou subjetiva - Savigny


- Poder físico sobre a coisa (corpus) + vontade de ser dono
desta coisa (animus domni).
Teorias
justificadoras Teoria objetivista - Jhering
- Exige apenas o poder físico/fático sobre a coisa, dispensando o
"animus domni", mas agindo, o agente, com o intuito de explorar a
coisa de forma econômica. Esta é a teoria adotada pelo Brasil (art.
POSSE 1.996, CC).

Posse: o sujeito que possui o domínio


físico da coisa age como se dono fosse.
Posse x O detentor tem a
Detenção coisa em razão de
Detenção: o sujeito possu o domínio físico da
uma situação de
coisa, mas sabe que a coisa não é sua e
dependência
pretende devolvê-la após o uso.
econômica ou de
subordinação
Direta e posse
indireta – art.
1.197, CC

Justa e injusta –
art. 1.200, CC

Classificação Boa e má-fé - art.


1.201, CC

Com título e sem


título

Nova e posse
velha

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7.1 Efeitos da Posse


O Código Civil estabelece, dos arts. 1.210 ao 1.222 os efeitos da posse. Tais efeitos
podem ser de ordem material ou processual.
Os efeitos materiais dizem respeito a percepção dos frutos e suas consequências, ao
direito a indenização e retenção das benfeitorias, as responsabilidades e ao direito de usucapião.
Já os efeitos processuais dizem respeito a possibilidade de utilização dos interditos
possessórios, as ações possessórias e a legítima defesa da posse e do desforço imediato.

7.2 Percepção dos Frutos


Quanto a percepção dos frutos, deve-se, por primeiro, considerar se a posse é de
boa ou má-fé. Assim, o Código Civil prevê os seguintes dispositivos quanto ao
recebimento (ou não) dosfrutos.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são
separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos (colhidos). Já os frutos pendentes
(ainda não colhidos) devem ser restituídos, assim como aqueles que tenham sido colhidos por
antecipação.
O possuidor de má-fé deve devolver todos os frutos colhidos ou pendentes, bem como
aqueles que deixou de colher por culpa sua (art. 1.216, CC), devendo, neste último caso, ser
responsabilizado no caso de perecimento do frutos não colhidos por sua culpa (reparação de
danos – responsabilidade civil). Mas tem direito, o possuidor de má-fé a ser indenizado pelas
despesas de produção e custeio.
Os frutos naturais são aqueles provenientes da coisa principal (frutas, por exemplo).
Estes, tão logo sejam separados da coisa principal consideram-se colhidos.
Os frutos industriais são aqueles que derivam de uma atividade humana (tudo o que venha
a ser produzido em uma fábrica, por exemplo). Estes, assim, como os naturais, logo após
separados consideram-se colhidos.
Os frutos civis derivam de uma relação jurídica ou econômica (rendimentos de aplicações

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financeiras, aluguel de imóveis, por exemplo). Estes são percebidos na data prevista para
vencimento do aluguel ou do “aniversário” da aplicação financeira.

7.3 Retenção e Indenização das Benfeitorias – 1.219 a 1.222


Conforme estudado na parte geral, as benfeitorias são acessórios que se agregam a coisa
principal, ou seja, obras artificiais, realizadas pelo homem, na estrutura da coisa principal – já
existente – com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Estas benfeitorias podem
ser classificadas em necessárias, úteis e voluptuárias.
São necessárias as benfeitorias realizadas para evitar um estrago iminente ou
deterioração da coisa principal (reparos realizados na viga; troca do telhado).
São úteis aquelas realizadas com o objetivo de facilitar a utilização da coisa (abertura de
uma nova entrada para servir de garagem para a casa).
São voluptuárias aquelas feitas para o mero prazer, sem aumento da utilidade da coisa
(decoração do jardim). Art. 96, CC.
Benfeitorias necessárias: O possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a
estas benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas. O possuidor
de má-fé tem direito de ser ressarcido apenas quanto a estas benfeitorias (aquele que tiver o
dever de indenizar tem direito de optar entre o valor atual da coisa e o custo dela), não possuindo
direito de retenção.
Benfeitorias úteis: O possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a estas
benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas.
Benfeitorias voluptuárias: O possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a
estas benfeitorias ou de retirá-las, desde que não haja detrimento da coisa (que não haja a
desvalorização do imóvel, por exemplo), caso não lhes sejam pagas. O possuidor de má-fé não
tem direito a levantar as benfeitorias voluptuárias.

7.4 Responsabilidade Pela Perda ou Deterioração da Coisa


Os arts. 1.217 e 1.218, CC tratam da responsabilidade do possuidor com relação a perda
ou deterioração da coisa:

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da


coisa, a que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa,
ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando
ela na posse do reivindicante.

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Pela redação dos dispositivos, percebe-se que essa responsabilidade é somente do


possuidor de má-fé, que deverá indenizar o proprietário em razão da perda ou da deterioração
da coisa, mesmo que acidentais. Essa responsabilidade somente será afastada havendo prova
de que a perda ou deterioração ocorreria mesmo que a coisa estivesse na posse do reivindicante
(art. 1.218, 2ª parte).
Exemplo: João se apossa do cavalo de Pedro. Neste caso, se o cavalo morrer na posse
de João por ter ingerido veneno, ele deverá indenizar a Pedro. Contudo, se a morte do animal
ocorrer por uma doença cardíaca grave, ou seja, mesmo que estivesse na posse de Pedro ele
morreria, não terá João o dever de indenizar. CUIDADO, pois, neste caso, depende de
PROVA!

7.5 Proteção Possessória


Dentro dos efeitos da posse encontra-se a possibilidade que o possuidor tem de se utilizar
das ações possessórias (ou interditos possessórios) para proteção e defesa de sua posse.
Importante observar que as ações possessórias tanto podem ser exercidas pelo proprietário
detentor da posse, como também por aquele que, embora não tenha a propriedade, se encontra
na posse da coisa.
Quanto a proteção possessória, o CC prevê os seguintes dispositivos:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituídono de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de
ser molestado.
§ 1° O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2° Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de
alguma das outraspor modo vicioso.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização,
contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não
aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio
serviente, ou daqueles de quem este o houve.

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7.6 Ações Possessórias


Interdito proibitório – caso de ameaça ou risco ao exercício da posse do titular.
Proteção de perigo iminente.
Ação de manutenção de posse – caso de turbação ou perturbação à posse, ou seja,
houve um atentado à posse, mas sem retirá-la do possuidor. Preservação da posse.
Ação de reintegração de posse – caso de esbulho ou retirada da posse, quando o
atentado se concretiza e o possuidor é destituído da sua posse. Devolução da posse. Cabível
sempre que houver invasão, mesmo que parcial, do imóvel.

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8. Direito das Obrigações: Adimplemento e Extinção das


Obrigações

8.1 Do Pagamento

Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da obrigação é


necessário que se cumpra o pagamento com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se
paga, o que se paga, onde se paga e quando se paga. Uma vez cumpridas tais exigências,
teremos a extinção da obrigação através do pagamento. Se uma delas não for cumprida,
poderá ser aplicado o ditado de que: “quem paga mal, paga duas vezes.”

*Para todos verem: esquema

Quem paga;

Para quem se paga;

Qual o objeto do pagamento;

Lugar do pagamento;

Tempo do pagamento.

8.1.1 Requisitos

8.1.1.1 De quem deve pagar: Artigos 304-307.


Outras pessoas, além do devedor, podem pagar e outras pessoas além do credor
podem receber.

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8.1.1.2 Quem paga:


• Devedor
• Terceiro interessado. (por exemplo: fiador): Ao pagar, se sub-roga nos direitos do credor
primitivo.
• Terceiro não interessado: (amigo, por exemplo). Ao pagar, não se sub-roga, mas tem
direito de regresso contra o devedor. Isso se fizer o pagamento em seu nome. Se fizer
em nome do devedor, será como uma doação e então não terá direito à reembolso.
• Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor se
opuser poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento.
• Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba ou em
oposição ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para o devedor, se
este último tinha meios para ilidir a ação.

8.1.1.3 Para quem se paga:


O pagamento será feito ao credor ou a quem de direito represente este credor.
• Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda provado que
depois não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309).
• Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade, mas se
provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será válido (artigo
310).

8.1.1.4 Objeto de pagamento e sua prova: Artigos 313 – 326

• Objeto do pagamento: Art. 313 a 318 do Código Civil


• Prova: Art. 319 a 326 do Código Civil

8.1.1.5 Objeto
• Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a pagar ou
receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais valiosos. Da mesma
forma, sendo a obrigação divisível, não podem credor/devedor partilhar a prestação se
assim não se estipulou
• É permitida a cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento, de acordo com o
artigo 316: É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.

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• Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato
superveniente: “Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção
manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o
juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da
prestação.”

8.1.1.6 Prova
O devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se não
lhe for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se
encontram no artigo 320:

Artigo 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este
pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu
representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se
de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

Desta forma, preferencialmente se espera que a quitação preencha os requisitos do


“caput” do artigo 320. Contudo, caso não possua todos requisitos, poderá ainda assim o
pagamento ser comprado por outros meios.

8.1.1.7 Do lugar de pagamento: Artigos 327 – 330.


Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do
devedor. Assim, se nada for estipulado, o credor deverá ir até o devedor para buscar o
pagamento.
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será
efetuado o pagamento.
Muito importante:

Artigo 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato.

Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a
aplicação da “SUPRESSIO” e da “SURRECTIO”.
“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar

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do tempo.
Já a “SURRECTIO” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo,
perde o direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo
domicílio para efetuar o pagamento.

8.1.1.8 Do Tempo de Pagamento: Artigos 331-333


Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não
houver data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá ser exigido à vista (cuidar o
contrato de mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC).
Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso
ocorre:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;


II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro
credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias,
ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

8.2 Da Consignação em Pagamento: 334 - 345


Depósito feito pelo devedor ou terceiro de uma coisa devida, para que consiga se liberar
da obrigação. É um instituto misto, já que também é tratado no Código de Processo Civil,
artigos 539 e seguintes do CPC.
O depósito pode ser feito de forma judicial ou em estabelecimento bancário da coisa
devida (neste caso, é chamado de consignação extrajudicial).
Uma vez julgada procedente a ação de consignação, teremos a liberação do devedor,
que não será inadimplente e, assim, não terá contra ele as consequencias do inadimplemento.
As hipóteses do pagamento em consignação são trazidas no artigo 335:
A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir
em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Como a consequência da consignação é a liberação do devedor, como se tivesse


realizado o pagamento, para que a consignação tenha então FORÇA DE PAGAMENTO, é

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necessário que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os


requisitos sem os quais não é válido o pagamento.

8.3 Do pagamento com sub-rogação: Art. 346 - 351


A sub-rogação pode ser entendida como a substituição de uma pessoa por outra,
realizada através do pagamento.
O exemplo que pode ser trazido é o caso do fiador que paga a dívida do devedor, para
que não seja responsabilizado pelo pagamento. Ao fazer isso, o credor sai da relação
obrigacional, já que recebeu o pagamento e o então fiador passa a ser o novo credor do
devedor (que não pagou e então continuará devendo, mas agora para o novo credor, que era
seu antigo fiador).
Importante destacar que na sub-rogação não há a EXTINÇÃO da dívida e sim a
substituição de uma pessoa por outra através do pagamento. Não há o surgimento de nova
dívida. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias
do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

Há dois grandes tipos de sub-rogação: legal e convencional:


*Para todos verem: esquema

Sub-rogação legal ou automática (deriva Sub-rogação convencional (deriva do


da lei). Está no artigo 346: contrato). Está no artigo 347:

I - quando o credor recebe o pagamento de


I - do credor que paga a dívida do devedor
terceiro e expressamente lhe transfere todos os
comum;
seus direitos;

II - do adquirente do imóvel hipotecado, que II - quando terceira pessoa empresta ao


paga a credor hipotecário, bem como do devedor a quantia precisa para solver a dívida,
terceiro que efetiva o pagamento para não ser sob a condição expressa de ficar o mutuante
privado de direito sobre imóvel; (alguém pode sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
pagar a dívida para se afastar de eventual
evicção).

III - do terceiro interessado, que paga a dívida


pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou
em parte.

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8.4 Da imputação em Pagamento: Artigos 352-355


Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias dívidas com
um mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor poderá escolher qual
delas ele quer pagar.
Requisitos para a imputação:
• Mesmo credor e devedor
• Plural de dívidas
• Líquidas e vencidas
• Débitos da mesma natureza.

Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). Se o
devedor nada fizer, então se transfere o direito de escolha ao credor (Artigo 353). Caso nem o
devedor, nem credor se manifestem, então teremos a imputação legal, ou seja, a lei, no seu
artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas: Se o devedor não fizer a indicação
do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e
vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a
imputação far-se-á na mais onerosa. Assim:
1. Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros/
2. A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar;
3. Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na
mais onerosa.

8.5 Dação em pagamento: Artigo 356-359


A dação ocorre quando o credor consente em receber objeto diferente do contratado.
Assim, se exige uma obrigação previamente criada e um acordo posterior em que o credor
aceita receber objeto diverso do contratado.
Para que haja dação, podemos ter então a substituição de dinheiro por bens móvel ou
imóvel, de uma coisa por outra, de dinheiro por fato etc.
Muito importante: Artigo 359:

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a


obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de
terceiros.

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8.6 Novação : Artigo 360 – 367


Através da novação temos a extinção da obrigação anterior, com a criação de uma nova.
O principal efeito é a extinção da dívida antiga, com todos os seus acessórios e garantias.
Como a novação extingue a obrigação primitiva, liberando as garantias, se o for feita
novação sem o consentimento do fiador, ele estará exonerado.
Além disso, é necessária a chamada “intenção de novar”. O animo de novar está
expresso no artigo 361.
Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo 367). Assim, a
obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação.

8.7 Compensação: Artigos 368 – 380


Quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedora umas das
outras, extinguindo-se a obrigação até onde se compensarem.

8.8 Confusão: Artigos 381 – 384


A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confunde as figuras de credor e
devedor. Pode ocorrer por um ato “inter vivos” ou “causa mortis”. Ela pode ser total ou parcial,
ou seja, ocorrer com relação a toda a dívida ou somente de parte dela. Como exemplo,
podemos pensar que alguém deve uma quantia ao seu pai. Esse pai então falece e esse filho
irá receber herança. Teremos a extinção da dívida, já que o filho irá receber a herança.

8.9 Remissão de dívidas: Artigos 385 – 388


A remissão é o perdão da dívida que é concedida pelo credor ao devedor. No entanto,
para que se tenha a liberação do devedor, é necessário que ele ACEITE o perdão. Assim, é um
negócio jurídico bilateral. A remissão pode recair sobre a dívida inteira ou sobre parte dela. Há
formas de perdão expresso (escrito) e também tácito. Um exemplo de remissão tácita ocorre no
artigo 386, em que o credor devolve o título da obrigação (cheque, por exemplo) ao devedor.
No entanto, se devolver, restituir o objeto empenhado (garantia do penhor) não significa que
perdoou a dívida, mas sim que não quer mais a garantia – artigo 387.

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9. Direito das Obrigações: Inadimplemento

Temos dois tipos de inadimplemento:

*Para todos verem: esquema

Inadimplemento relativo, Inadimplemento total ou


parcial ou mora absoluto

Descumprimento
Descumprimento parcial
total

Obrigação ainda pode ser Obrigação não pode mais ser


adimplida cumprida

9.1 Cláusula penal (arts. 408 – 416, CC)


Cláusula penal é uma punição, penalidade de natureza civil e tem a ver com o
inadimplemento obrigacional
Ela é contratada pelas partes e ocorre em caso de inadimplemento do contrato. É uma
obrigação acessória.
A cláusula penal pode ser classificada em: cláusula penal moratória e cláusula penal
compensatória.

9.1.1 Cláusula penal moratória


Caso de inadimplemento parcial, em que ainda é possível o cumprimento. Serve para a
punição de quem está em mora.

Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em


segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de
exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da
obrigação principal.

Assim, quando houver clausula penal moratória, poderá o credor exigir o cumprimento

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da obrigação e o cumprimento da clausula penal moratória.

9.1.2 Cláusula penal compensatória


Caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função de antecipar as perdas e danos.

Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o
da obrigação principal.
Neste caso não poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação e também a
multa compensatória.
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total
inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do
credor.
Se a cláusula penal tiver um valor muito alto, deverá o juiz reduzir.
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a
obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade
for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do
negócio.

Não é necessária a comprovação de culpa do devedor, para que se possa solicitar a


incidência da cláusula penal.

Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo.

Ainda que o prejuízo exceda o previsto na clausula penal, não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi convencionado. e o tiver sido, a pena vale como
mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
Assim, não se pode cumular multa compensatória com indenização por perdas e danos
decorrentes do inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato estiver previsto tal
possibilidade, a multa compensatória será já o mínimo de indenização. Cabe ao credor então
comprovar o prejuízo excedente.

10. Direito Contratual: Evicção (arts. 447 – 457, CC)

Evicção é a perda total ou parcial de um bem, em regra, por meio de uma sentença
judicial ou ato administrativo.
A sentença judicial atribui a outra pessoa o bem. Funda‑se no mesmo princípio da
garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios.

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10.1 Requisitos da Evicção


*Para todos verem: esquema

Perda total ou
parcial da
propriedade

Anterioridade do
Aquisição
direito daquele
realizada de forma
que ganhou a ação
onerosa
judicial

10.2 Direitos do evicto


Lembrando que evicto é aquele que perdeu a coisa em virtude de sentença judicial.
Responsabilidade total (artigo 450 do CC): Salvo estipulação em contrário, o evicto tem
direito:

*Para todos verem: esquema

Indenização Pelos
Indenização Custas
Restituição dos frutos prejuízos que
pelas judiciais e
integral do que tiver sido diretamente
despesas dos honorários do
preço obrigado a resultarem da
contratos advogado
restituir evicção

10.2.1 Responsabilidade parcial (artigo 449 do CC)


Podem as partes excluir a responsabilidade pela evicção? Sim, expressamente.
Contudo, mesmo com a existência de tal cláusula, se a evicção se der, tem direito o evicto
(aquele que perdeu a coisa) a recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, com algumas
condições:

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*Para todos verem: esquema

Se informado, não
Se não soube do risco
assumiu o risco da
da evicção
evicção

10.2.2 Isenção de responsabilidade pelo vendedor (artigo 457 do CC)


Quando o comprador sabe que está adquirindo bem alheio ou litigioso, caso venha a
perder, não poderá demandar contra quem lhe vendeu.
Observar: Evicção parcial (artigo 455).

O que ocorre se houver evicção parcial e não total da coisa?


1 – Perda considerável: Poderá o evicto (quem perdeu parcialmente o bem)
optar entre arescisão do contrato e a restituição da parte do preço do desfalque.
2 – Perda não for considerável: Pode apenas pleitear a indenização e não a
rescisão do contrato.

11. Direito Contratual: Contrato de Compra e Venda

São dois os elementos da compra e venda: coisa e preço:

11.1 Preço
O preço deve sempre ser pago em dinheiro ou redutível a dinheiro (cheque, cartão etc.).
Há vários modos que o preço pode ser estabelecido.
1) A fixação do preço pode ser dada a taxa de mercado ou bolsa, em certo e determinado
dia e lugar.
2) Pode ser estabelecido que terceiro fixe o preço.
3) Pode ser fixado em função dos índices ou parâmetros.
Observação: Preço que sua fixação fica ao livre arbítrio da outra parte: Nulo, segundo artigo 489 do
CC.

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11.2 Coisa
Pode ser a venda de algo que já existe ou de bens que virão a existir (coisa futura)
conforme artigo 483 do CC.

*Para todos verem: esquema

Bilateral
• Os dois lados possuem obrigações.

Oneroso
• Há perda patrimonial para os dois lados.

Consensual

Não solene
• É a regra.

*Para todos verem: esquema

Atual

Coisa

Futura

Terceiro
Elementos

Mercado/bolsa

Preço Índices/parâmetros

Costumes

Outra parte

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O contrato de compra e venda será nulo se for deixado para depois a fixação do preço
por uma das partes (Art. 489).

11.3 Limitações ao contrato de compra e venda

11.3.1 Venda de ascendente a descendente

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros


descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge
se o regime de bens for o da separação obrigatória.

Caso não tenha o consentimento, será passível de anulação. Os legitimados para a


propositura da ação anulatória são os outros descendentes e o cônjuge do alienante. Entende
o STJ que é necessária a prova do prejuízo dos demais herdeiros, para que se tenha a
procedência da ação de anulação.
O prazo para ajuizamento da ação anulatória é de 2 anos, segundo o artigo 179 do
Código Civil.

11.3 Venda de parte indivisa em condomínio


O condômino não pode alienar sua parte indivisa a terceira pessoa, se o outro condômino
a quiser, tanto por tanto. O condômino que quiser pode exercer seu direito de preferência ou
preempção, ajuizando ação no prazo decadencial de 180 dias contados da data em que teve
ciência da alienação. No momento do ajuizamento, deve o condômino, efetuar a consignação do
valor que deseja pagar. A ação pode ser ação adjudicatória, a fim de obter o bem para si.

11.4 Contrato Estimatório


É um contrato que também é chamado de consignação. O consignante entrega bens
móveis à outra pessoa, chamado de consignatário, para que este os venda pelo preço
ajustado. Ao ser vendido, o consignatário deve pagar o preço ao consignante. Caso não venda,
deverá devolver o bem ao consignante.
Ex: carro em uma revenda de carros.

11.5 Contrato de doação


É o contrato em que o doador transfere bens ou vantagens para o donatário.

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*Para todos verem: esquema

Unilateral
•Somente um dos lados se obriga a alguma coisa

Gratuito
•Há perda patrimonial para somente um dos lados.

Consensual
•É perfeito com a aceitação

Solene
•É a regra. Em caso de bens móveis de pequeno valor e que a tradição ocorra de forma
imediata, será não solene (art 541 do CC).

11.5.1 Natureza jurídica


1 - Unilateral: só gera obrigações para uma das partes.
2 - Consensual: se aperfeiçoa com a aceitação.
3 - Solene: a doação deve ser feita por escritura pública ou instrumento particular.
Contudo, em bens móveis de pequeno valor admite‑se a doação verbal, desde que a doação
ocorra imediatamente.
4 - Gratuito: somente uma das partes perde patrimônio.

11.5.2 Restrições à doação


1 - Doação da parte inoficiosa: é nula a parte que exceder ao que poderia dispor em
testamento, segundo o artigo 549 do CC.
A título de exemplo, se o doador tem o patrimônio de R$ 100.000,00 e faz uma doação
de R$ 70.000,00, o ato será válido até R$ 50.000,00 (parte disponível) e nulo nos R$
20.000,00.

2 - Doação de todos os bens do doador: é a chamada doação global, em que não


pode todos os bens do doador serem doados, sem que fique algo para a sua subsistência.
Caso isso aconteça, teremos nulidade.

3 - Doação do cônjuge adultero a seu cúmplice – artigo 550 do CC: pode ser
anulada a doação pelo cônjuge ou pelos herdeiros necessários. Prazo de 2 anos depois de

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dissolvida a sociedade conjugal.

11.5.3 Revogação da doação


Há duas razões pelas quais é possível a revogação da doação: ingratidão do donatário e
por descumprimento de encargo, conforme artigo 555 do CC.
Por ingratidão do donatário: As hipóteses se encontram nos arts 557 e 558 do CC.
A - Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio
doloso contra ele;
B - Ofensas físicas cometidas pelo donatário contra o doador;
C - Se o injuriou gravemente ou o caluniou;
D - Podendo o donatário auxiliar com alimentos ao doador, e não o faz.

Muito importante: Quando o ofendido não for o doador, mas cônjuge, ascendente,
descendente, ou irmão deste, ou descendente adotivo, também pode o doador pleitear a
revogação da doação, de acordo com o artigo 558 do CC.
Qual é o prazo para que se peça a revogação por ingratidão? Dentro de um ano, a
contar de quando chegue ao conhecimento do doador sobre o fato e que o donatário foi o
autor.
Quem pode ajuizar a ação de revogação da doação? É personalíssima, ou seja,
somente o doador pode ajuizá‑la. Contudo, se a ação foi iniciada, e o doador morreu, os
herdeiros e sucessores podem prosseguir com a ação.
Mas e no caso de homicídio doloso? Se o doador morreu, como vai ajuizar? É uma
exceção, nesse caso, os herdeiros podem ajuizar a ação de revogação da doação.
De qualquer forma, só se admite a revogação da doação, por ingratidão, nas doações puras.
Não se admite, portanto: nas doações puramente remuneratórias, nas oneradas com encargo
já cumprido, nas que se fizerem em cumprimento de obrigação natural, e nas feitas para
determinado casamento.

11.6 Contrato de Empréstimo


Duas são as espécies de empréstimos: mútuo e comodato.

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11.6.1 Contrato de Comodato


Comodato é o empréstimo para uso, gratuito de coisas infungíveis. Pode ser bens
móveis ou imóveis, mas precisa ser infungível. O contrato se perfectibiliza com a tradição da
coisa.

11.6.1.1 Características do Comodato


A) Gratuidade do contrato. Se fosse oneroso, seria o contrato de locação.
B) Infungibilidade do bem: restituição do mesmo objeto recebido como empréstimo.
C) Contrato real, já que o aperfeiçoamento do contrato se dá com a tradição (e não com
a aceitação).
D) Contrato unilateral, já que após a tradição, só há obrigações para uma das partes,
que é o comodatário (restituir a coisa) e não há obrigações para o comodante.
E) Contrato não solene, já que não necessita forma especial para a sua celebração.

11.6.1.2 Obrigações do comodatário


A) Conservar a coisa – art. 582:
O comodatário deve conservar a coisa como se fosse sua. Deve responder pelas
despesas de conservação.
O comodatário não pode nunca tentar cobrar do comodante as despesas comuns, feitas
com o uso e gozo da coisa emprestada.

B) Uso da coisa de forma adequada:


Responde por perdas e danos se usar o bem fora do que foi contratualmente previsto,
além de, também poder ser causa de resolução do contrato.

C) Restituir a coisa:
Deve ser restituída a coisa no prazo convencionado e não havendo este prazo, finda a
razão pela qual ocorreu, o empréstimo deve ser restituído (empresta livros para o trabalho de
conclusão de curso, e quando passado o evento, deverão ser devolvidos, por exemplo).

11.6.2 Contrato de mútuo


O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O bem é emprestado para consumo. O
mutuário se obriga a restituir ao mutante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero,

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qualidade e quantidade. É empréstimo para consumo, pois o mutuário não está obrigado a
devolver o mesmo bem, do qual se torna dono.
Ex.: dinheiro.
Neste tipo de empréstimo, o mutuante transfere o domínio, a propriedade, do bem ao
mutuário. Isso não acontece no comodato. Além disso, o mutuário se torna PROPRIETÁRIO da
coisa, correndo por conta desse, todos os riscos da tradição.

11.6.2.1 Características do mútuo


O mútuo é temporário, se entende que em algum momento o que foi emprestado será
devolvido. Mas e se não houver prazo para a restituição do bem? O CC determina que:
A) Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas
B) De 30 dias, pelo menos, se o mútuo for de dinheiro
C) Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.

11.6.2.2 Mútuo com fins econômicos


Destinando‑se o mútuo a fins econômicos, presumem‑se devidos juros, os quais, sob pena de
redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406 do CC, permitindo‑se a capitalização.
Obs.: Mútuo para um menor:
O Código Civil protege o menor, dizendo que quem empresta para um menor, não
poderá reaver o que emprestou. Contudo, há várias exceções, de quando o mutuante pode,
portanto, reaver o que foi emprestado. São elas:
a – O representante do menor ratificar o empréstimo;
b – Se o menor, em caso de ausência do representante, se viu obrigado a contraí‑lo para
os seus alimentos habituais;
c – Se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho, caso em que a execução do
credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
d – Se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
e – Se este obteve o empréstimo maliciosamente.

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*Para todos verem: esquema

Comodato Mútuo

Unilateral Unilateral

Gratuito Gratuito

Uso Consumo

Bens infungíveis Bens fungíveis

Não transfere a Transfere


propriedade propriedade

Real Real

12. Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil subjetiva é a regra dentro do Direito Civil. Ela é baseada na


“teoria da culpa”, já que é necessária a verificação de culpa, para que se possa configurar tal
requisito. Assim, para a verificação da responsabilidade civil subjetiva (regra) é necessário:
conduta humana, culpa, nexo causal e dano. Já a responsabilidade objetiva está consagrada
no parágrafo único do artigo 927.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigadoa repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

Neste caso, para a configuração da responsabilidade objetiva são necessários: conduta


humana, nexo causal e dano.
Iremos nos deter na responsabilidade objetiva e nos casos previstos no CC.

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12.1 Casos de Responsabilidade Objetiva

12.1.1 Responsabilidade civil por atos de terceiros ou responsabilidade


civil indireta:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


- Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;
- O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
- O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
- Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue
por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;
- Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.

O artigo 933 do CC prevê expressamente que a responsabilidade é objetiva, já que


informa que os terceiros serão responsabilizados, ainda que não haja culpa por parte deles.
De acordo com o artigo 934 se o empregador, por exemplo, pagar a indenização, terá
direito de regresso contra o empregado que causou o dano.
Há uma exceção: Relações entre ascendentes e descendentes incapazes não haverá
direito de regresso. Assim, o ascendente não tem regresso contra o descendente, se este for
incapaz.
Um ponto muito importante diz respeito à solidariedade entre todos os sujeitos do artigo
942, já que o parágrafo único informa que são solidariamente responsáveis com os autores os
co-autores e as pessoas designadas no artigo 932.

Observação: Responsabilidade do incapaz (art. 928 do CC).

De acordo com o referido artigo, a responsabilidade do incapaz é subsidiária. Assim,


primeiro respondem os responsáveis pelo incapaz. Se estas pessoas não tiverem condições
financeiras ou não forem obrigadas a tanto, então se irá responsabilizar o incapaz. Mesmo
assim, de acordo com o parágrafo único, a indenização deverá ser equitativa e, se privar o
incapaz ou as pessoas que dele dependam do seu sustento, então tal indenização não terá
lugar.
Devido ao parágrafo único do 942, ainda há discussões que tratam sobre a
responsabilidade do incapaz ser ou não subsidiária. No entanto, a jurisprudência e a doutrina

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Revisão Turbo | 37° Exame da Ordem
Direito Civil

dizem que sim, em decorrência do artigo 928, ela será subsidiária, não tendo aplicação o
parágrafo único do art. 942.

12.2 Responsabilidade civil por fato de animal

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se
não provar culpa da vítima ou força maior.

Assim, há somente duas excludentes nas quais o dono/detentor não será


responsabilizado: culpa da vítima e força maior.

12.3 Responsabilidade civil do dono de edifício ou construção pela sua


ruína
O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta, consoante artigo 937 do
CC. Para que haja a configuração, é necessário se estabelecer que o imóvel necessitava de
reparos de forma manifesta. A responsabilidade é do dono do edifício ou da construção
(construtora, por exemplo).

12.4 Responsabilidade por objetos caídos ou lançados do


prédio (defenestramento)

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano
proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

Ponto muito importante a ser verificado que a responsabilidade é de quem habita o


prédio. Assim, seriam responsáveis o locatário, comodatário, proprietário, enfim, quem estiver
habitando o prédio.
Caso não se saiba de onde partiu o objeto caído ou lançado, os tribunais têm entendido
pela responsabilização do condomínio que, após (e caso) identificado o responsável, poderá
ajuizar regresso contra o ofensor.

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