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PLANEJAMENTO FAMILIAR

CONTRACEPÇÃO

Saúde da Família VI
Pedro Ivo Bittencourt Santana
LEI Nº 9.263, DE 12 DE JANEIRO DE 1996
DO PLANEJAMENTO FAMILIAR

• Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão;


• Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como
o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta
direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela
mulher, pelo homem ou pelo casal.
• Parágrafo único - É proibida a utilização das ações a que se refere
o caput para qualquer tipo de controle demográfico.
• Art. 3º O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de
ações de atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma
visão de atendimento global e integral à saúde.
REGRAS GERAIS
• Exames laboratoriais e de imagem não são necessários para
iniciar contracepção;
• Ao médico, cabe a orientação adequada sobre os benefícios e os
riscos dos métodos contraceptivos, incluindo taxas de falha, ouvir
os anseios e orientar a pessoa sobre cuidados e acompanhamento,
deixando a pessoa livre para escolher;
• Sempre abordar a importância do uso de preservativos,
independentemente do uso de outros métodos, para prevenção de
ISTs;
REGRAS GERAIS

• A partir dos 12 anos, todo adolescente tem direito à


contracepção, independentemente da presença ou
autorização dos responsáveis, de acordo com o
estatuto da criança e do adolescente;
ANAMNESE
• 1º: não simplificar ou minimizar o ato;
• 2º: orientá-la sobre o leque de possibilidades e explorar
melhor as escolhas prévias apresentadas: fundamental não
colocar as nossas escolhas e preferências na vida do
indivíduo, mas auxiliá-lo a fazer escolhas adequadas;
• Reconhecer que todo método, mesmo usado de forma
ideal, tem um índice de falha e que no uso geral esse índice
tende a ser maior;
• Debater a tabela de eficiência com a paciente;
EXAME FÍSICO

• Exame ginecológico, incluindo o citopatológico, não é mandatório


para iniciar a contracepção;
• Recusa não contraindica o início de qualquer método;

• Quando a escolha de um método implicar manipulação genital,


orienta-se a exclusão de doenças do trato genital, em particular
ISTs;
• Aferição da pressão arterial antes de se iniciar o método
contraceptivo hormonal combinado;
EXAMES COMPLEMENTARES

• Não há necessidade de exames laboratoriais e


de imagem previamente;

• Salvo se alguma patologia intercorrente ou


algum fator de risco identificado;
TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DE INDICAÇÃO DE
CONTRACEPTIVOS (CRITÉRIOS DE
ELEGIBILIDADE)
• Seguros para o caso em tela (C1);
• o método pode ser usado sem restrições;
• Provavelmente seguros (C2);
• Deve ser usado com precaução. As vantagens superam os riscos, mas o
acompanhamento médico deve ser mais frequente;
• Provavelmente inseguros para o caso em tela (C3);
• Deve ser a última escolha e, se usado, o acompanhamento médico deve ser
rigoroso. Método geralmente não recomendado a menos que outros métodos
mais apropriados não estejam disponíveis ou não sejam aceitáveis;
• Contraindicados para esta situação (C4);
• Risco inaceitável.
MÉTODOS DE CONTRACEPÇÃO

• Métodos naturais;
• De barreira;
• Químicos;
• Hormonais;
• Contracepção de emergência;
• Definitivos;
MÉTODOS NATURAIS (COMPORTAMENTAIS)

• Método Ogino-Knaus;
(Ritmo, Tabela, Calendário);
• Controle do muco cervical (BILLINGS);
• Temperatura corporal basal;
• Coito interrompido;
MÉTODO OGINO-KNAUS
(RITMO, TABELA, CALENDÁRIO)

• Conhecimento do período fértil da paciente;


• Método do ritmo – tabelinha;
• Duração da segunda fase do ciclo menstrual, em torno de 14
dias;
• Diminuir 17 do menor ciclo menstrual e 11 do maior ciclo
menstrual (18 e 11 dias);
• Janela em que o coito deve ser evitado;
• Mais seguro quanto mais regular a duração do ciclo menstrual
(não usar se diferenças > 10 dias);
MÉTODO OGINO-KNAUS
(RITMO, TABELA, CALENDÁRIO)
• Uma paciente registrou seus ciclos menstruais nos últimos oito meses;
• O ciclo mais curto durou 25 dias e o mais longo 31 dias.
• Ciclo mais longo - mais curto: 31 – 21 = 6 ⇒ O método pode ser usado;

• Cálculo do período fértil:


• Ciclo mais curto -18 : 25 – 18 = 7 ⇒ Início do período fértil;
• Ciclo mais longo - 11: 31 – 11 = 20 ⇒ Término do período fértil;
• Abster-se de relações sexuais desprotegidas entre o 7º dia e o 20º dia do ciclo
menstrual;
CONTROLE DO MUCO CERVICAL
(BILLINGS)
• Característica da filância (ou ductilidade): quanto maior a
filância do muco, mais fértil a paciente se encontra;
• Regra geral: filância menor do que 2 cm significa período
não fértil, e filância maior do que 2 cm sugere proximidade
com o período fértil;
• Melhor maneira: controle do muco por três ciclos →
orientação mais personalizada, por haver uma variabilidade
individual;
COITO INTERROMPIDO (EJACULAÇÃO
EXTRAVAGINAL)
• Depende de um bom controle do parceiro masculino;

• Orientar a buscar a satisfação da mulher previamente


(para evitar disfunção sexual);

• O homem não deve chegar muito próximo do momento


da ejaculação antes de retirar o pênis da vagina;
CONTROLE TÉRMICO

• Temperatura corporal reduzida em torno de 0,5°C 24 horas antes


da ovulação e fica elevada em torno de 0,5°C da média após a
ovulação;
• Método mais apropriado para se descobrir o período fértil e
auxilia na concepção;
• Combinação: tabelinha + controle do muco + controle térmico:
método sintotérmico;
• Aumenta a eficiência, mas exige casais altamente motivados;
CONTRACEPÇÃO QUÍMICA

• O método químico mais efetivo é o DIU de cobre;


• Inibe a movimentação dos espermatozoides;
• Depende de tolerância das pacientes à presença do metal;
• 20% → intolerância de maior ou menor grau (reação ao cobre);
• Existem também no mercado espermaticidas, como o nonoxinol,
em apresentação de geleia, supositórios ou esponjas. Devido à
baixa efetividade como contraceptivo, geralmente é usado como
complemento de métodos de barreira;
ESPERMATICIDAS

• Nonoxinol;

• Geleia, supositórios ou esponjas;

• Baixa efetividade como contraceptivo;


• Geralmente é usado como complemento de métodos de
barreira;
DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS

• DIUs de cobre – SUS;

• DIU medicado – hormônios (LNG);


DIU – CONTRA-INDICAÇÕES

• Presença de cervicite ou de doença inflamatória pélvica


(DIP) – na inserção;

• Obs: o desenvolvimento das ISTs após o DIU inserido


não implica necessidade de remoção do dispositivo, a
infecção podendo ser tratada com o DIU in loco;
CONTRACEPÇÃO DE BARREIRA
• Interferem com a prática sexual → fundamental em sua
prescrição o conhecimento sobre a motivação e orientação
sobre como é usado;
• Preservativo masculino e feminino;
• Diafragma;
• Capuz cervical;
• Esponja;
PRESERVATIVOS (CONDOM)

• Masculino e feminino;
• Vantagem adicional de prevenirem ISTs;
DIAFRAGMA
• Quando usado com espermicida, oferece um nível de proteção muito
próximo do contraceptivo hormonal oral;
• Manipulação genital e um razoável conhecimento da anatomia feminina;
• Paciência para explicar à paciente, de forma adequada, o modo de usá-lo:
colocação pré-coital, devendo permanecer pelo menos 12 horas após a relação, o
diafragma também pode ser usado banho a banho, oferecendo à paciente a
possibilidade de colocá-lo em maior privacidade e não interferir com a prática
sexual – neste modo de usar, aplicar a dose de espermaticida antes da relação;
• Uma vez colocado de forma adequada, ele não se desloca com as
atividades cotidianas;
CAPUZ CERVICAL;

• Em desuso devido à baixa efetividade e ao risco de DIP e


de sepse;
• Indisponível no Brasil;
CONTRACEPÇÃO HORMONAL

• Combinação de estrogênios e progestagênios;

• Progestagênios isolados;
OS “ESTROGÊNIOS”

• Hormônio sexual feminino;


• Estrogênios naturais: estradiol e o estriol;
• Induz o desenvolvimento de caracteres sexuais femininos e o crescimento
endometrial;
• Trofismo de órgãos genitais femininos, bem como ao aumento e turgor de
mamas;
• SNC: estimula comportamento mais expansivo e exuberante;

• Nos contraceptivos: produtos sintéticos muito mais potentes


do que os naturais;
• Etinilestradiol – 1.000 vezes mais potente do que o estradiol,;
• Enantato de estradiol e o valerato de estradiol;
OS “ESTROGÊNIOS”
• No Brasil: maioria usa etinilestradiol;
• ACOs combinados, adesivo transdérmico, anel vaginal;

• Injetáveis combinados: enantato de estradiol ou valerato de


estradiol;
• Aumento da meia-vida;

• Efeitos colaterais:
• Aumento do risco de tromboembolia venosa, enxaqueca e alterações
lipídicas;
• Mudanças no humor, náuseas e alterações da libido;
OS “PROGESTAGÊNIOS”

• Maior parte é derivada da 19-nortestosterona,


alguns da progesterona e mais recentemente
surgiu o análogo da espironolactona;
• Mais modernos apresentam efeitos
antiandrogênicos, o que diminui os efeitos
colaterais de pele;
REAÇÕES ADVERSAS
• Estrogênios;
• Aumento de neoplasias de mama;
• Irritabilidade, diminuição da libido;
• Se familiares de primeira geração acometido → risco aumenta quase cinco vezes;

• Ação progestogênica;
• Aumento de sensibilidade e a ganho de peso (progestógenos isolados podem
desencadear quadros de melancolia e excepcionalmente depressão);
• Contraceptivos com ação antiandrogênica podem interferir mais intensamente
na libido;
• Contracepção hormonal → diminui a prevalência de neoplasias de ovário e de
endométrio;
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA
• Após uma relação desprotegida (até 5 dias);
• Uma dose alta de progesterona;
• Etinilestradiol + LNG;
• Inserção de um DIU;
• Método pós-coital → risco maior de falhas;
• Efeitos colaterais previsíveis da dose alta de hormônios;
MÉTODO YUZPE

• 100 μg (0,1mg) de etinilestradiol e 500 μg (0,5mg) de LNG tomados


em duas vezes (12/12h);
• Antes de decorridas 72 horas do coito desprotegido (até 5 dias) – o
mais cedo possível;
• Os principais paraefeitos desse regime são a náusea e o vômito;
• Não há contraindicação para o uso do regime de Yuzpe, exceto
gravidez conhecida;
• Redução de 55 a 89% do risco de ocorrer uma gravidez;
PROGESTÁGENOS – MÉTODO DE
LEVONORGESTREL (LNG)

• LNG em duas doses de 750μg (0,75mg), com intervalo de 12 horas,


ou 1.500 μg, em dose única, em 72 horas do coito desprotegido (até
5 dias);

• Vantagem de não produzir náusea e vômito com a mesma


frequência e intensidade;

• Não há contraindicações;
ERROS MAIS FREQUENTEMENTE
COMETIDOS
• Não considerar as restrições de uso;
• Não respeitar as preferências do indivíduo e não
considerar opinião do parceiro;
• Não apresentar as taxas de falha;
• Exigir exames complementares independentemente da
condição clínica da pessoa;
ATIVIDADES PREVENTIVAS E DE
EDUCAÇÃO
• Orientações:
• Vantagens, desvantagens e riscos;
• Contemplar a satisfação da paciente, efetividade e segurança do
método e a aderência em longo prazo;
• A realização de grupos sobre planejamento familiar é uma boa
forma de trabalhar o assunto, fortalecendo também o vínculo;
• Incluir sempre na consulta uma orientação sobre prevenção de
ISTs;
CONTRACEPÇÃO DEFINITIVA

• Casais que não desejam filhos podem pleitear a esterilização de


um dos cônjuges. Mais de 25 anos ou dois filhos vivos;

• Não estar em período gestacional nem nos 2 meses (42 dias)


seguintes ao parto;

• Esterilização masculina;
• Mais simples, podendo ser feita ambulatorialmente;
• Deve ser a preferida, se houver consentimento do homem;
ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA

Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes


situações:
I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de

vinte e cinco anos de idade ou , pelo menos, com dois filhos


vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a
manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será
propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da
fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar,
visando desencorajar a esterilização precoce;
ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA

II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro


concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado
por dois médicos.
§ 1º É condição para que se realize a esterilização o
registro de expressa manifestação da vontade em
documento escrito e firmado, após a informação a respeito
dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais,
dificuldades de sua reversão e opções de contracepção
reversíveis existentes;
ESTERELIZAÇÃO CIRÚRGICA
§ 2º É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de
parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por
cesarianas sucessivas anteriores;

§ 3º Não será considerada a manifestação de vontade, na forma do § 1º,


expressa durante ocorrência de alterações na capacidade de
discernimento por influência de álcool, drogas, estados emocionais
alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente;

§ 4º A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será


executada através da laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método
cientificamente aceito, sendo vedada através da histerectomia e
ooforectomia;
ESTERELIZAÇÃO CIRÚRGICA

§ 5º Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização


depende do consentimento expresso de ambos os
cônjuges;

§ 6º A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente


incapazes somente poderá ocorrer mediante
autorização judicial, regulamentada na forma da Lei;
ESTERELIZAÇÃO CIRÚRGICA

Art. 11. Toda esterilização cirúrgica será objeto de notificação


compulsória à direção do Sistema Único de Saúde;

Art. 12. É vedada a indução ou instigamento individual ou coletivo à


prática da esterilização cirúrgica;

Art. 13. É vedada a exigência de atestado de esterilização ou de


teste de gravidez para quaisquer fins;
OBRIGADO!

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