Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISSN: 2525-8761
RESUMO
As radiografias convencionais apresentam uma base de poliéster à emulsão, composta por
brometo de prata e iodeto de prata, caracterizando-se como uma fonte secundária de prata,
que, quando envolvida no processo de recuperação, contribui para a preservação
ambiental e das fontes naturais desse metal. Dessa forma, o trabalho apresenta a análise
da extração da prata de radiografias do tipo virgem e usada, via rota hidrometalúrgica, em
concomitância à logística reversa, com o auxílio de reagentes de fácil aquisição e de baixo
custo, a fim de se avaliar a viabilidade técnica e econômica do procedimento adotado. A
metodologia deste trabalho envolveu: cominuição das radiografias; imersão das amostras
em solução de hipoclorito de sódio e água deionizada nas proporções, 1:1, 2:1 e 3:2;
aquecimento com adição de hidróxido de sódio e sacarose na proporção de 1:2; filtragem;
e calcinação. Posteriormente, realizou-se a determinação de metais por absorção atômica
no líquido subsequente à ação do lixiviante. Os resultados revelaram que a proporção 3:2
de agente lixiviante é a recomendada para ambos os casos, tendo em vista o percentual
de extração da prata e a margem de lucro passível de ser alcançada. Além disso, como
esperado, observou-se uma maior extração de prata metálica nas radiografias virgens.
Nesse sentido, tais resultados fundamentaram a viabilidade do processo hidrometalúrgico
empregado para a recuperação da prata das radiografias usadas, comprovando, portanto,
a logística reversa.
ABSTRACT
Conventional radiographs have an emulsion polyester base, composed of silver bromide
and silver iodide, characterized as a secondary source of silver, which, when involved in
the recovery process, contributes to the environmental preservation and the natural
sources of this metal. Thus, the work presents the analysis of silver extraction from virgin
and used radiographs, via the hydrometallurgical route, in conjunction with reverse
logistics, with the aid of easy-to-acquire and low-cost reagents, in order to assess the
technical viability and economic analysis of the procedure adopted. The methodology of
this work involved: comminution of the radiographs; immersion of the samples in sodium
hypochlorite solution and deionized water in the proportions, 1:1, 2:1 and 3:2; heating
with addition of sodium hydroxide and sucrose in the proportion of 1:2; filtration; and
calcination. Subsequently, the determination of metals by atomic absorption in the liquid,
subsequent to the leacher action was carried out. The results revealed that the 3:2 ratio of
leaching agent is the recommended for both cases, considering the percentage of silver
extraction and the profit margin that can be achieved. In addition, as expected, a greater
extraction of metallic silver was observed on virgin radiographs. Therefore, such results
substantiated the viability of the hydrometallurgical process used to the silver recovery
from used radiographs, thus proving the reverse logistics.
1 INTRODUÇÃO
A prata, metal de alto valor agregado, além de simbolizar poder e riqueza, possui
uma utilização bem ampla. Atualmente, pela sua aparência atrativa, é demandada para a
confecção de joias em geral e para fins ornamentais. Da mesma forma, é utilizada em
aplicações industriais, como componentes tecnológicos, aparelhos elétricos e painéis
fotovoltaicos para a produção de energia solar. Isso implica num aumento da extração
desse metal na natureza, o que, consequentemente, contribui para a degradação ambiental.
A prata é considerada um metal nobre devido à dificuldade em reagir
quimicamente com outros elementos. Trata-se de um metal cinza, brilhante, dúctil e
maleável, com massa atômica de 107,88 g/mol e ponto de fusão de, aproximadamente,
960ºC. Entretanto, raramente ocorre na forma pura, sendo encontrada associada a sulfetos
de chumbo, zinco, cobre, níquel e estanho. Segundo Ribeiro (2014), em 2013, a produção
brasileira de prata primária chegou a 38,2 toneladas, proveniente do metal encontrado em
concentrados e em produtos fundidos de usinas metalúrgicas. Concomitantemente, a prata
secundária, obtida por reciclagem de sucatas eletrônicas e outros meios, foi estimada em
34,3 toneladas no mesmo ano. Por efeito das suas propriedades fotossensíveis, a prata
também é empregada na fabricação de películas radiográficas combinadas a uma base de
acetato – derivado de petróleo –, e distribuída mundialmente para hospitais e para clínicas
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os filmes radiográficos são constituídos de uma chapa de plástico recoberta por
uma fina camada de grãos de prata sensíveis à radiação. Dessa forma, as radiografias são
fontes secundárias de prata que, quando envolvidas no processo de recuperação desse
metal, via rota hidrometalúrgica, contribui diretamente para a preservação ambiental,
tendo em vista que materiais que seriam descartados, por vezes, indevidamente, tornam-
se fonte de uma matéria-prima amplamente requisitada no mercado industrial e de
ornamentos (Carvalho; Melo; Melo, 2012). Ademais, cabe salientar que tal método de
extração é extremamente viável, pois é caracterizado pela sua quase inexistente poluição
ao ambiente, bem como o baixo gasto demandado para a realização do processo.
2.1 PRATA
A palavra prata tem origem no latim plattus, o que significa lâmina metálica e o
seu símbolo químico, Ag, provém da palavra Argentum, brilhante em latim (Silva, 2006).
Trata-se de um metal precioso, de cor cinza brilhante, dúctil e maleável, o qual se
cristaliza em sistema cúbico, com massa atômica de 107,88 g/mol e ponto de fusão de,
aproximadamente, 960ºC. Sua densidade, 10,5 g/cm3, é considerada alta, porém, inferior
ao ouro, além de ser um bom condutor de calor e eletricidade. Existem 129 minerais
formados pela prata junto a outros elementos, como pirargirita, argentita, acantita,
tetraedrita, prata nativa (Branco, 2008). Assim como o ouro, a prata era considerada um
metal de uso restrito, significando riquezas e posses, utilizada, dessa forma, para
pagamentos de dívidas. Até 1580 a.C., seu valor comercial era equivalente ao dobro do
preço do ouro. Entretanto, esse valor foi decrescendo, de acordo com sua maior
abundância em relação ao ouro (Silva, 2006).
Atualmente, as técnicas comumente empregadas para a obtenção da prata são a
amalgamação, a cianetação e o subproduto da extração de outros metais (Silva, 2006). Na
mesma linha de considerações, Souza (1989) discorre que amalgamação consiste em um
processo baseado na aderência do metal precioso – ouro, prata, platina –, ao mercúrio,
enquanto que a cianetação se constitui da solubilização da prata em soluções alcalinas de
cianeto. O maior produtor mundial de prata é o México (Grupo Fresnillo Plc.), seguido
pela China e pelo Peru. O Brasil, por sua vez, possui uma reserva de minérios contendo
prata, em que sua somatória equivale a 3890 toneladas, mas sua produção é de apenas 22
toneladas por ano. Dessa maneira, os maiores exploradores de prata do país são os estados
do Pará (60,3%), Minas Gerais (23,6%) e Bahia (14,7%) (Ribeiro, 2014).
Por sua aparência atrativa, a utilização da prata é bem ampla, sendo usada na
confecção de joias, produtos decorativos e medalhas (Kuya, 1992). Coaduna-se com a
facilidade em conduzir corrente elétrica, o que permite o seu emprego em variados
componentes eletrônicos, como em placas de circuitos impressos, as quais são compostas
por polímeros, cerâmicos e demais metais (Veit, 2005). Além disso, possui ação
bactericida, sendo aplicada em pequenas doses para o tratamento de doenças desde o
século XVIII. Contudo, a superdosagem de prata, nesse caso, pode acarretar Argyria,
doença que leva ao azulamento da pele (Caldas, 2017). Devido a suas propriedades
fotossensíveis, a prata também é utilizada na fabricação de chapas radiográficas, sendo
combinada a uma base de acetato, e distribuída para hospitais e para clínicas de diversos
segmentos do setor de saúde. Diante disso, no Brasil, a maior parte da prata é consumida
pela indústria de material fotográfico e radiográfico, responsável por, aproximadamente,
metade da demanda brasileira (Silva, 2006).
Nesse sentido, o descarte de prata em forma de resíduo, além das questões
ambientais, gera prejuízo financeiro pelo seu valor agregado, por se tratar,
principalmente, de um metal com risco de escassez (Bendassolli, 2003). Como
mencionado por Masebinu e Muzenda (2014), a demanda mundial da prata está numa
crescente de 2% a 2,5% ao ano, o que qualifica a produção como insuficiente. Em
decorrência da diminuição da quantidade de recursos naturais de prata, o custo da sua
produção industrial aumentou rapidamente, viabilizando a utilização de outros métodos,
como o hidrometalúrgico, para a sua extração.
2.2 RADIOGRAFIAS
As radiografias permitem a observação de ossos de maneira precisa e sem
necessidade de corte, o que proporcionou avanços na medicina. De fato, o método de
raios X foi descoberto pelo físico alemão Wilhelm Conrad Rontgen, em 1895, durante
testes sobre raios catódicos (Bampi et al., 2013). No Brasil, o primeiro aparelho de raios
X é datado de 1897, instalado na cidade de Formiga-MG, movido por motor a gasolina.
Dessa forma, a primeira radiografia foi gerada em 1898, para a detecção de um corpo
estranho na mão do ministro Lauro Muller (Francisco et al., 2006).
Na atualidade, as radiografias convencionais apresentam uma base de poliéster à
emulsão, composta por brometo de prata e iodeto de prata. Essa emulsão, quando exposta
à radiação, produz a imagem. Assim, no que tange o processo de revelação de um filme
radiográfico, a prata metálica é derivada da redução dos cristais de prata em presença de
2.3 HIDROMETALURGIA
A metalurgia extrativa possui três ramos: a pirometalurgia, a eletrometalurgia e a
hidrometalurgia. No que se refere à hidrometalurgia, ela pode ser definida como a
3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Para a realização dos ensaios laboratoriais, as radiografias foram previamente
limpas, no intuito de se retirar quaisquer impurezas de sua superfície, seguida da
cominuição desses materiais. Assim, a cominuição das amostras foi realizada de forma a
se obter dimensões semelhantes, de acordo com o tamanho das placas iniciais, isto é, entre
8,75 a 12,0 cm de largura e 14,9 a 17,8 cm de comprimento. Isso permitiu uma superfície
adequada à interação da amostra com o agente lixiviante, e, por conseguinte, a melhoria
no rendimento da recuperação hidrometalúrgica da prata.
A escolha do agente lixiviante foi baseada em algumas características importantes,
tais como custo, especificidade, solubilidade em água e capacidade de ser reciclável. De
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DAS RADIOGRAFIAS VIRGENS
4.1.1 Perda Mássica
No que se refere às radiografias virgens, foram executados seis ensaios,
diferenciados de acordo com a proporção NaClO/água empregada. Como demonstrado
na Tab. (1), realizaram-se duas análises para cada concentração, sendo todos os ensaios
em solução de 500 mL.
Tabela 1. Relação mássica das radiografias virgens antes/depois da imersão em solução aquosa de
NaClO.
Proporção Radiografia Radiografia Massa Porcentagem de
Ensaio
(NaClO/água) Inicial (g) Final (g) Extraída (g) Extração (%)
E1 1:1 123,8939 119,2876 4,6063 3,72
E2 2:1 140,7099 135,3864 5,3235 3,78
E3 3:2 138,8404 133,4007 5,4397 3,92
E4 1:1 112,5691 108,1399 4,4292 3,93
E5 2:1 151,3278 145,3124 6,0154 3,97
E6 3:2 149,8725 143,9892 5,8833 3,92
De acordo com Tab. (1), percebe-se que a perda mássica percentual das chapas
radiográficas virgens variou entre 3,72%, como visto no ensaio 1, e 3,97%, presente no
ensaio 5. Desse modo, diante os dados exploratórios obtidos, o uso do agente lixiviante
em proporção 3:2 é o ideal, haja vista que apresentou uma constância na extração mássica
da gelatina presente nas placas de raios X, sendo de 3,92%, em detrimento das demais
concentrações, 1:1 e 2:1, as quais as médias equivalem a 3,82% e 3,87%, respectivamente.
4.1.2 Reagentes
O cálculo responsável por determinar a quantidade de reagente a ser empregada,
baseou-se na massa de radiografias usadas em cada análise antes da imersão, como pode
ser observado na Tab. (2), a qual apresenta valores utilizados nos testes.
Tabela 3. Recuperação da prata em gramas e a sua relação percentual de rendimento de acordo com área
total de radiografias virgens empregada.
Prata
Proporção Radiografia Área Recuperação Recuperação
Ensaio 2 Extraída
(NaClO/água) Inicial (g) Total (m ) Esperada (g) (%)
(g)
E1 1:1 123,8939 0,494382 2,47191 0,5110 20,67
E2 2:1 140,7099 0,565008 2,82504 0,6811 24,11
E3 3:2 138,8404 0,565008 2,82504 0,7080 25,06
E4 1:1 112,5691 0,457950 2,28975 0,7932 34,64
E5 2:1 151,3278 0,610600 3,05300 1,0227 33,50
E6 3:2 149,8725 0,610600 3,05300 0,9885 32,38
Diante os dados exploratórios da Tab. (3), percebe-se que o ensaio 5 (E5) obteve
a maior quantidade de prata extraída: 1,0227 gramas. Contudo, não se trata do teste que
atingiu o melhor percentual de recuperação metálica, tendo como parâmetro a área total
de radiografias utilizadas no procedimento. Isso quer dizer que, apesar de E4 deter a
segunda melhor massa de prata, é o ensaio mais indicado a ser empregado no processo de
extração desse metal das chapas de raios X, uma vez que apresenta a melhor taxa de
rendimento: 34,64%.
Entretanto, em termos de emprego de reagentes e de massa total de radiografias
utilizadas para cada procedimento, pode-se afirmar que a proporção de hipoclorito de
sódio diluído em água ideal para o processo de recuperação hidrometalúrgica da prata é
a de 3:2. Tal conclusão é resultado da média percentual de massa extraída nessa
concentração (3,92%), a maior dentre os valores obtidos. Coaduna-se com a média de
recuperação da prata, em que, apesar da proporção 3:2 ser inferior à proporção 2:1, sendo
Tabela 4. Relação mássica das radiografias usadas antes e depois da imersão em solução de NaClO e água.
Proporção Radiografia Radiografia Massa Porcentagem de
Ensaio
(NaClO/água) Inicial (g) Final (g) Extraída (g) Extração (%)
T1 1:1 172,0325 168,2738 3,7587 2,18
T2 2:1 204,4797 200,1090 4,3707 2,14
T3 3:2 171,6474 167,2389 4,4085 2,57
T4 1:1 155,0882 150,8498 4,2384 2,73
T5 2:1 187,0486 181,7883 5,2603 2,81
T6 3:2 185,7077 180,4621 5,2456 2,82
Por meio dos dados exploratórios contidos na Tab. (4), é possível constatar que o
teste T6 detém o maior percentual de massa extraída (2,82%). Nesse ensaio, utilizou-se a
solução reagente/água na proporção de 3:2. Em contrapartida, o ensaio T2, com
concentração 2:1, obteve o menor percentual de massa retirada, sendo equivalente a
4.2.2 Reagentes
Após a sedimentação, realizou-se a sifonação, a filtragem, e adicionou-se
hidróxido de sódio e sacarose à solução, em concentrações de 1% e 2%, respectivamente,
como demonstrado na Tab. (5).
Tabela 6. Recuperação da prata em gramas e a sua relação percentual de rendimento de acordo com área
total de radiografias usadas empregada.
Prata
Proporção Radiografia Área Recuperação Recuperação
Ensaio 2 Extraída
(NaClO/água) Inicial (g) Total (m ) Esperada (g) (%)
(g)
T1 1:1 172,0325 0,715200 3,57600 0,0039 00,11
T2 2:1 204,4797 0,853472 4,26736 0,3150 07,38
T3 3:2 171,6474 0,720000 3,60000 0,5468 15,19
T4 1:1 155,0882 0,612500 3,06250 - -
T5 2:1 187,0486 0,735000 3,67500 - -
T6 3:2 185,7077 0,735000 3,67500 - -
Mediante os dados exploratórios mencionados na Tab. (6), nota-se que o teste T3,
além de deter a melhor massa de prata extraída, é o ensaio mais indicado a ser empregado
no processo de recuperação desse metal das chapas de raios X, haja vista a sua superior
taxa de recuperação: 15,19%. Coaduna-se com a diferença entre o volume de reagente
utilizado em cada análise, uma vez que T3, quando comparado a T2 e a T5, usou menor
quantidade de solução diluída de NaClO para reaver a prata. Tais conclusões convergem
para a literatura, já que Kuya (1992) afirma que a proporção 3:2 de lixiviante apresenta
resultados consideráveis.
No entanto, é necessário evidenciar que nos testes T4, T5 e T6 não foi possível
quantificar a prata recuperada, uma vez que, após a calcinação, constatou-se a presença
de impurezas não identificadas, apesar de possivelmente haver prata metálica no interior
do cadinho. Essa situação pode ser decorrente da própria composição das radiografias, as
quais, num primeiro momento, aparentaram estar respondendo ao agente lixiviante, mas
não reagiram como o esperado. Isso quer dizer que, os filmes radiográficos, com aspecto
de brilho em seu revestimento, possuem maior dificuldade em se adequar ao processo
estudado. Assim, para habilitar o procedimento, é recomendável a utilização de raios X
de aparência fosca, sem digitalizações.
Além disso, vale destacar que foi utilizado o filtro qualitativo nos testes T1, T2 e
T3. Em contrapartida, os ensaios T4, T5 e T6 contaram com o filtro quantitativo. Sabe-
se que o filtro quantitativo retém maior quantidade de material particulado, quando
comparado ao qualitativo, portanto, esperou-se que os três últimos testes apresentassem
melhores resultados. Todavia, isso não foi verificado, o que reforça a ideia de que a
dificuldade em reaver a prata nessas análises tenha a sua origem na composição
diferenciada das amostras utilizadas, as quais possuíam um brilho característico.
Ademais, a Fig. (2) expõe a prata recuperada no teste T3.
Figura 2. Amostra de prata recuperada, referente ao Teste 3, ampliada em 5x (A) e em 10x (B),
respectivamente, com o auxílio do microscópio óptico.
placas usadas conservam apenas as partículas de prata reveladas, enquanto que as virgens
mantêm a totalidade da prata presente na emulsão.
5 CONCLUSÕES
Nesse sentido, esta pesquisa pretendeu recuperar a prata de radiografias, via rota
hidrometalúrgica, com o auxílio de insumos e de reagentes de fácil aquisição e de baixo
custo, examinando a viabilidade técnica e econômica para o procedimento. Para tanto,
aplicou-se abordagens analíticas, em concomitância à logística reversa, durante os ensaios
laboratoriais, os quais se deram por meio da imersão das chapas de raios X em solução
de hipoclorito de sódio (NaClO), com princípio ativo de 12% p/p, e água deionizada em
distintas proporções de reagente/água, 1:1, 2:1 e 3:2, respectivamente.
Diante a realização dos procedimentos experimentais, pode-se afirmar que o a
recuperação da prata de radiografias, por meio do percurso hidrometalúrgico,
empregando tanto placas virgens quanto usadas, é extremamente viável. Cabe salientar
que, conforme os dados exploratórios obtidos, a proporção 3:2 de agente lixiviante é a
recomendada, tendo em vista o seu significativo percentual de extração do metal em
questão e a margem de lucro passível de ser alcançada, principalmente em escala
industrial. Assim, tais resultados fundamentaram a viabilidade do processo
hidrometalúrgico adotado para a recuperação da prata das radiografias usadas,
comprovando, portanto, a logística reversa. Além disso, é importante ressaltar que, como
esperado, foi observado que as radiografias virgens dispuseram de maior quantidade de
prata metálica, quando comparada aos filmes usados.
Entretanto, é preciso considerar que, por meio dos testes até então realizados, não
foi possível recuperar totalmente a prata contida nas amostras de radiografias, pois se
constatou que resquícios do material de interesse se perdiam durante as etapas, como no
processo de filtração, em que haletos de prata foram descartados juntamente ao restante
das soluções e após o processo de calcinação, uma vez que determinada parcela de prata
metálica se manteve retida na parede do cadinho. Diante disso, obteve-se apenas a prata
passível de ser retirada de tal recipiente, ou seja, as aglomerações de maior diâmetro.
Para pesquisas futuras, sugere-se a criação de estratégias capazes de minimizar as
perdas de prata ocorridas durante o processo, como a reutilização da solução subsequente
à segunda filtração. Ademais, recomenda-se que se estude uma forma da prata, assim que
retirada da mufla, aglomerar-se de maneira uniforme, diminuindo a geração de grãos
extremamente pequenos, os quais dificilmente são retirados da superfície refratária.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa Institucional de Apoio à Pesquisa – PAPq/UEMG –, pelo auxílio financeiro
prestado.
REFERÊNCIAS
Bampi, J., Sechi, M., Gonçalves, C. V., 2013. “Resíduos de filmes radiológicos: vamos
pensar sobre isso?”, Química, Centro Universitário UNIVATES.
Carvalho, G., Melo, C. R., Melo, A. R., 2012. “Extração de prata de radiografias através
do processo de fundição”, Revista Tecnológica Fortaleza, Vol. 33, N°. 1, Fortaleza.
Francisco, F. C. et al., 2006. “História da radiologia no Brasil”, Revista Imagem, Vol. 28,
N°. 1.
Kuya, M., 1992. “Recuperação de prata de radiografias: uma experiência usando recursos
caseiros”, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Lacerda, L., 2002. “Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas
operacionais”, COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, p. 6.
Masebinu, S., Muzenda, E., 2014. “Review of Silver Recovery Techniques from
Radiographic Effluent and X-ray Film Waste”, World Congress (Engineering and
Computer Science), San Francisco, USA.
Silva, A. P., 2006. “Recuperação da prata a partir de fixadores exauridos por eletrólise”,
Monografia (Licenciatura em Química), Universidade Estadual Do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.
Souza, V. P., Lins, F. A. F., 1989. “Recuperação do ouro por amalgamação e cianetação:
problemas ambientais e possíveis alternativas”.
Sperandio, I., Potratz, R. A., Poublem, W. M., 2016. “Recuperação de Prata Metálica de
Chapas de Raio-X”, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.