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Índice

Resumo ............................................................................................................................. 2

1. Introdução.................................................................................................................. 5

1.1. Metodologia ....................................................................................................... 5

2. Pergunta de partida .................................................................................................... 6

3. Morfologia Diplomática ............................................................................................ 6

3.1. Desdobramentos Conceituais ............................................................................. 6

3.2. Diplomacia Antiga e Moderna ........................................................................... 6

3.3. Diplomacia Moderna ......................................................................................... 8

3.4. Diplomacia Secreta Vs. Diplomacia Aberta ...................................................... 8

3.4.1. Diplomacia Aberta .............................................................................................. 9

3.5. Diplomacia Bilateral e Multilateral ................................................................. 10

3.5.1. Exemplos: ..................................................................................................... 11

3.6. Diplomacia e Advocacia .................................................................................. 12

3.7. Diplomacia e Negócios .................................................................................... 12

3.8. Diplomacia Preventiva ..................................................................................... 13

4. Patologia Diplomática ............................................................................................. 14

4.1. A Diplomacia Paralela ..................................................................................... 14

4.2. A Diplomacia de Combate ............................................................................... 15

4.3. Espionagem e Contra-Espionagem Diplomática ............................................. 16

5. Conclusão ................................................................................................................ 17

5.1. Questões de reflexão: ....................................................................................... 17

6. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 18


Universidade Lúrio

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Curso: Desenvolvimento Local e Relações Internacionais

Morfologia Diplomática

Ilha de Moçambique,

Janeiro de 2022

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Universidade Lúrio

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Licenciatura em: Desenvolvimento Local e Relações Internacionais

Morfologia Diplomática

Turma: 1, 2º Grupo

Elementos do grupo:

Aurélio Muzuri Mussa

Alima Elísio Fiscal

Cipriano Alberto Caísse Candulu

Mahazuma Liuale Sempre

Trabalho científico de carácter avaliativo, do


Curso de: Desenvolvimento Local e Relações
Internacionais, 3º Ano, 2º Semestre. Cadeira de:
Negociação e Gestão de Conflitos, leccionada
pelos Docentes: Vitorino Chadreque e Lúcia
Muchanga

Ilha de Moçambique,

Janeiro de 2022
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Resumo

No referente trabalho investigativo em alusão, visa abordar sobre as temáticas da Morfologia diplomática e
Patologia Diplomática. Pretendendo assim trazer aspectos relacionados com alguns pressupostos notáveis na
evolução Diplomática, analisar o nível de funcionamento das diversas actividades Diplomáticas e descrever as
implicações patológicas da Diplomacia. afim de, poder compreender a Diplomacia assim como algumas das suas
áreas de aplicação. Com a evolução das sociedades, criaram-se os Estados, que começaram a estabelecer
relações mútuas, surgindo então a necessidade do reconhecimento da actividade diplomática, e os primeiros
registos dessa actividade ocorreram na Grécia antiga. Na Idade média, a partir sobretudo dos séculos X e XI
verifica-se uma intensificação maior da actividade diplomática, ou seja, do emprego de intermediários nos
contactos e negociações entre monarcas e senhores feudais. No início da Idade Moderna, a instituição
diplomática sofreu uma transformação profunda, ganhou uma maior importância e extensão, uma vez que, todas
as grandes potências europeias criaram embaixadas permanentes. Para a realização deste trabalho integrou-se
uma análise intensiva, ou seja, uma análise qualitativa de obras bibliográficas e outros acervos disponíveis. Este
trabalho investigativo é de extrema importância e relevância na medida em que proporcionara conhecimentos
referentes a diplomacia na temática de morfologia diplomática e a sua patologia assim como a aplicação e uso
correcto da diplomacia entre Estados como uma das ferramentas da política externa. Também, coloca-nos em
contacto directo com as fontes didácticas e constitui um valor acrescentado porque encoraja no carácter
investigativo consolidando um espírito crítico sobre a investigação científica.

Palavras-chave: Diplomacia, Características, Formas de Diplomacia.

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1. Introdução

Ao longo dos tempos, o pensamento político e o pensamento jurídico sempre foram o reflexo
das relações entre os homens, os povos, os Estados e as Nações. Foram‐se operando
constantemente transformações estruturais entre os modos de pensar e, consequentemente, na
gestão e formulação dos princípios das relações internacionais.
Perante a evolução das relações internacionais podem mencionar‐se as formas de explicar os
problemas que têm que se enfrentar. É então relevante mencionar a natureza egoísta do
Homem em oposição à sua natureza social; a guerra como estado natural do Homem em
oposição a uma relação de paz e concórdia baseada na amizade e no respeito mútuo, o
equilíbrio entre Estados contra a Sociedade das Nações e, por fim, a subordinação e equilíbrio
natural dos Estados em oposição à igualdade dos Estados como entidades morais. O presente
trabalho enquadra-se no processo avaliativo, referente à cadeira de Negociação e Gestão de
Conflitos e possui como temas em análise: Morfologia Diplomática e Patologia Diplomática.

Portanto, no que se refere a estrutura deste trabalho, ele compreende os elementos pré-
textuais onde encontramos: (Capa, folha de rosto e índice); Textuais onde encontramos:
(Introdução, contextualização, objectivos geral assim como específicos, metodologia e
pergunta de partida e o desenvolvimento do trabalho) e por ultimo a parte pós-textuais onde
encontramos: (Conclusão, perguntas de reflexão e referencias bibliográficas). O objectivo
geral do trabalho é: Compreender de forma sumaria a Diplomacia assim como algumas
das suas áreas de aplicação. E, para a concretização do objectivo geral traçaram-se os
seguintes objectivos específicos:

 Demonstrar alguns aspectos notáveis na evolução Diplomática;


 Analisar o nível de funcionamento das diversas actividades Diplomáticas;
 Descrever as implicações patológicas da Diplomacia.
1.1.Metodologia
Tal como qualquer pesquisa de carácter científico, para a execução do trabalho, a metodologia
escolhida pelo grupo teve como base principal: um objecto de estudo que se integra numa
análise intensiva, ou seja, uma análise qualitativa de obras bibliográficas e outros acervos
disponíveis.

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2. Pergunta de partida: Quais factores impulsionaram no surgimento assim como nas
transformações evolutivas do uso do termo diplomacia em diversas áreas?
3. Morfologia Diplomática
3.1.Desdobramentos Conceituais

A Diplomacia é um instrumento da política externa, usada para o estabelecimento e


desenvolvimento dos contactos pacíficos entre os governos de diferentes Estados, pelo
emprego de intermediários, mutuamente reconhecidos pelas respectivas partes. Outrora,

Morgenthau (2003, p.967) descreve a diplomacia da seguinte forma:

“É necessário criar as condições sob as quais deixará de ser impossível estabelecer um


Estado mundial. A esse método de criar pré-condições para uma paz permanente
chamamos de paz por meio de acomodações. E o seu instrumento é a diplomacia”.

Diferente do autor elencado acima, para Wight (2002, p.107):

“A diplomacia é o sistema e a arte da comunicação entre os estados. O sistema


diplomático é a instituição mestra das relações internacionais. Ele pode ser
convenientemente dividido em duas categorias: as embaixadas residentes e as
conferências”.

A diplomacia é a condução das relações internacionais através de negociações. O método


através do qual estas relações são reguladas e mantidas por embaixadores e encarregados; o
ofício ou a arte do diplomata, ele esclarece que o objecto da diplomacia é, portanto, o método
através do qual são conduzidas as negociações e não o conteúdo das negociações. Vê-se então
que, de um modo geral, diplomacia é a condução oficial das relações internacionais entre
Estados por meio de pessoas credenciadas, os diplomatas (Ostelino, 2004, p.348).

Reflexivamente, vê-se então que, de um modo geral, diplomacia é a condução oficial das
relações internacionais entre Estados por meio de pessoas credenciadas, os diplomatas. Esse
conceito também está associado ao órgão responsável pela execução da política externa.

3.2. Diplomacia Antiga e Moderna

Diplomacia Antiga é aquela que era realizada no passado, nos tempos clássicos. Esta
diplomacia era marcada pelo secretismo. Desenrolava‐se em ambiente palacianos, longe dos
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olhares indiscretos dos súbditos, divorciada das opiniões públicas e mesmo ausente dos
debates parlamentares. Os próprios tratados internacionais escondiam, com frequência,
cláusulas secretas, como se incluíssem acordos inconfessáveis (Moita, 2006).

Neste cenário, segundo o autor citado no parágrafo anterior, o embaixador era visto então
como o representante de um poder soberano junto de outro poder soberano. Além dele, só o
soldado gozava de idêntica prerrogativa. Do ponto de vista antigo, as relações externas de um
Estado circunscreviam‐se à diplomacia e à guerra. Na situação inevitavelmente conflitual
onde se afrontam interesses nacionais incompatíveis, o antagonismo entre Estados era
susceptível de resolução por via negocial ou através o uso da força armada, e a guerra surgia
com naturalidade. O diplomata e o militar personificam a representação exterior, ora pacífica,
ora violenta.

Adicionalmente, importa suscitar que o embaixador clássico integrava assim um grupo social
bastante homogéneo e elitista, por vezes fechado sobre si próprio e com propensão para
etiquetas e protocolos.

O embaixador clássico/antigo possuía normalmente formação jurídica e até aos nossos dias os
diplomados em Direito têm sido a grande fonte de recrutamento do pessoal diplomático. O
relacionamento de Estado a Estado era visto como interacção de sujeitos de direito
internacional, daí a vantagem da preparação na área jurídica, tanto mais que os tratados eram
a forma corrente de contratualizar as relações intra-estatais, quase sempre bilaterais, mais
raramente multilaterais. Numa visão restritiva do conjunto das relações internacionais,
privilegiava‐se o conhecimento das normas jurídicas e dos procedimentos contratuais entre
Estados soberanos (Moita, 2006).

Neste modelo de diplomacia, as funções do representante do Estado no exterior consistia


essencialmente na observação dos acontecimentos políticos do país onde estava acreditado,
em especial os que afectavam as relações bilaterais, na informação acerca dos mesmos e na
troca de mensagens entre os governos respectivos. Na sua agenda podiam estar assuntos
comerciais ou económicos, mas os temas dominantes eram os políticos e os estratégicos. Em
suma, o diplomata dos tempos antigos tinha um grau máximo e quase exclusivo de
representação entre poderes soberanos, no âmbito de uma relação bilateral e num estilo de
secretismo próprio de ambientes palacianos, observando, informando, e transmitindo
mensagens de conteúdo eminentemente político, (Moita, 2006).

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3.3.Diplomacia Moderna

A Diplomacia moderna é resultado de um grande processo de transformações no cenário


internacional. Com o andar do tempo, as interacções entre as sociedades multiplicam‐se
exponencialmente, os processos transnacionais tornam‐se mais densos, as fronteiras físicas
são abatidas por movimentos humanos, por fluxos culturais, por permutas de informação, por
permeabilidades económicas enfim, estamos longe dos Estados soberanos, fechados nos seus
territórios. Todos estes factos suscitados no parágrafo acima, repercutiram-se na natureza e no
estilo da prática diplomática, surgindo a Diplomacia dita moderna, onde o embaixador,
delegado do soberano, perdeu o exclusivo status da representação do país para o exterior.

Resumidamente, Moita (2006), apresenta as características da Diplomacia Moderna:

 Existe uma enorme variedade de agentes, de novos actores, de novas formas de


representação, o que não aconteceu na diplomacia antiga;
 O relacionamento internacional se circunscreve na relação de sociedade a sociedade, e
não ao nível de Estado a Estado, ou seja alargou-se;
 A agenda do trabalho diplomático é extremamente alargada. Para além das
tradicionais funções dominadas pelos assuntos políticos bilaterais, as relações
exteriores na Diplomacia Moderna são abertas aos mais diversos domínios e integram
mesmo as chamadas questões globais, por imposição das próprias dinâmicas
objectivas.
 Uma diplomacia que se confronta com as opiniões públicas e as instituições
democráticas, uma diplomacia que não se limita ao bilateral e se desenvolve no
multilateral, uma diplomacia, enfim, que já não trata apenas da política intra-estatal
mas se interessa por múltiplas frentes, com relevo para a problemática económica e
incluindo a “gestão da globalidade” (Moita, 2006).

3.4.Diplomacia Secreta Vs. Diplomacia Aberta

Actualmente, a Diplomacia secreta é vista como sendo um paradigma de entendimento


diplomático entre dois ou mais países praticado intencionalmente, sendo este desenvolvido de
modo sigiloso, com o objectivo principal de acobertar determinadas políticas que seus autores
desejam ver postas em prática (Moita, 2006).

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Nesse contexto, elenca o autor citado no parágrafo anterior de que tais práticas geralmente
tem se referido a actividades flagrantemente improdutivas ou mesmo danosas ao interesse
comum de todos os povos.

Historicamente, foi utilizada durante a maior parte da história das relações intra-estatais,
atingindo seu epicentro no século XIX como também foi amplamente utilizada em vários
conflitos, com destaque para aquele que garantiu a unificação alemã em 1870, onde um
sistema de alianças secreto combinada com uma rede de boatos foi a arma utilizada pelo
chanceler alemão Otto von Bismarck para obter a tão sonhada reorganização de seu país
(Moita, 2006).

Apesar da boa causa simbolizada na composição de um novo Estado, a diplomacia secreta


utilizada naquele episódio, bem como em outros causou um tremendo mal-estar nas relações
entre as nações envolvidas, mantendo posteriormente todos os membros em um cenário
permanente de conflito, que só chegaria a um fim concreto somente após a Segunda Guerra
Mundial.

Analiticamente, embora em alguns casos, este modelo de diplomacia tenha vantagem como
no caso suscitado no terceiro parágrafo deste capítulo, ela tem sido combatida de modo
sistemático desde o final da Primeira Guerra Mundial, a qual acreditam a maioria dos
historiadores que os acordos mantidos secretos, bem como as alianças realizadas contribuem
muito para que haja conflitos entre os Estados.

3.4.1. Diplomacia Aberta


A Diplomacia aberta é aquela que envolve o compartilhamento de interesses mútuos entre os
governos de diferentes Estados, no qual as relações e assuntos acordados entre os Estados são
transparentes e não sigilosas, há cooperação e não imposição (Moita, 2006).

Sob análise do autor acima, nos tempos anteriores, o conceito de diplomacia aberta esteve
associado à promoção da imagem de um país no exterior. Actualmente, a diplomacia aberta é
entendida não só nessa acepção tradicional, mas também no sentido de maior abertura do
Ministério das Relações Exteriores e da política externa do País à sociedade civil assim como
com aqueles que mantém relações amistosas em um esforço de democratização e
transparência das políticas públicas nacionais e internacionais.

Por isso, no contexto das relações intra-estatais, a Diplomacia aberta refere-se a aquele
desenvolvimento de contactos pacíficos entre os Estados de maneira aberta, no qual os
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objectivos e finalidades das relações são deixadas claras tanto para os representantes assim
como para os próprios povos.

Diferente da secreta, este modelo é vantajoso, pois a maior das vezes os contactos que são
estabelecidos têm sido para assuntos que visam o desenvolvimento de ambas partes em
diversos cenários: político, económico, social até cultural, (Moita, 2006).

3.5.Diplomacia Bilateral e Multilateral

Entre os instrumentes plurilaterais encontra-se a diplomacia propriamente dita e esta pode ser
bilateral ou multilateral, conforme se processe entre representantes de dois Estados ou,
colectivamente, entre representantes de vários Estados através de conferências ou
organizações internacionais. (Magalhães, 1996 p. 105)

Importa referir que a ideia de pluralidade pode significar apenas a existência de duas partes e
por conseguinte incluir a bilateralidade, a ideia de multilateralidade traduz a existência de
muitas partes e, por conseguinte, é mais apropriada para contrapor à ideia de bilateralidade.

Deixando de parte estas diferenças de terminologia das distinções que já antes esmiuçámos,
existe uma distinção real em muitos variados aspectos como veremos já á seguir.

(Magalhães, 1996), destaca os seguintes:

1. A diplomacia multilateral assenta no reconhecimento da existência de uma


comunidade de interesses de vários países de grupo de países e que exige um
tratamento conjunto.
2. Os elementos constitutivos da actividade diplomática, possuem uma importância e
relevância diferente consoante se trata da diplomacia bilateral ou multilateral.
3. A diplomacia multilateral exige uma técnica diferente daquela empregada pela
diplomacia bilateral pois as condições operativas são diferentes. Os problemas são
discutidos à volta de uma mesa com diversos representantes e exigem, por
conseguinte, formas particulares de actuação. (p. 105-106).

Entretanto, Flávia (2005), destaca a A Diplomacia Bilateral diz respeito as relações


económicas, socioculturais, ambientais e políticas entre dois Estados. Por sua vez, a
Diplomacia Multilateral seria aquela que envolve relações entre três ou mais Estados ao
mesmo tempo, trabalhando em conjunto sobre uma série de assuntos: sociais, políticos,
económico até culturais (Flávia, 2005).
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Relativamente aos objectivos, podemos suscitar que todos estes modelos visam assegurar o
desenvolvimento harmonioso e intercâmbio entre os Estados (Flávia, 2005).

Para o nosso contexto Moçambicano, podemos dar dois exemplos de uma diplomacia
Bilateral e Multilateral.

3.5.1. Exemplos:

Exemplo de uma Diplomacia Bilateral: Relações diplomáticas entre Moçambique e


Brasil

Moçambique e Brasil mantêm relações diplomáticas desde 15 de Novembro de 1975, ano da


independência moçambicana. Em 1º de Março de 1976, foi aberta a Embaixada em Maputo.
Em Janeiro de 1998, foi aberta a Embaixada de Moçambique no Brasil. A estabilidade
política, a consolidação da democracia e os avanços económicos do país criaram condições
favoráveis para o aprofundamento das relações bilaterais. Portanto, este dois Estados mantém
relações diplomáticas, relações essas que centram-se em uma ajuda mútua em diversos
contextos, de modo a que cada um consiga atingir seus objectivos.

Dado isso, nos dias 16 e 17 de Junho de 2010, realizou-se, no Brasília, a V Comissão Mista de
Cooperação Brasil-Moçambique. Na ocasião, foram assinados os seguintes acordos:

 Acordo sobre Serviços Aéreos;


 Acordo para Reconhecimento Mútuo de Carteiras de Habilitação; e
 Ajuste Complementar para a Implementação do Projecto
"Apoio ao Desenvolvimento de um Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Fonte: http://maputo.itamaraty.gov.br/pt-br/relacoes_brasil-mocambique.xml.

Exemplo de uma Diplomacia Multilateral:

Moçambique ratificou a 22 de Novembro de 2020 o Acordo de Parceria Económica entre os


Estados membros da União Aduaneira da África Austral -SACU e Moçambique, por um lado
e o Reino Unido da Grã -Bretanha e Irlanda do Norte, por outro.

O Acordo tem como objectivo contribuir para redução e erradicação da pobreza, promover a
cooperação económica e a integração regional dos Estados Membros da SACU e
11
Moçambique na economia mundial, melhorar a capacidade dos Estados Membros sobre
matérias relativas a política comercial, comércio, investimento, competitividade, crescimento
económico dos Estados Membros da SACU e Moçambique, bem como, consolidar a
implementação do protocolo relativo ao comércio na Região da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral.

Fonte: http://portalcomercioexterno.gov.mz/pt/trade-agreements.

3.6. Diplomacia e Advocacia

Apesar de algumas semelhanças superficiais existentes entre a actividade de um agente


diplomático e a de um advogado, têm levado a pensar-se que as duas actividades são, se não
idênticas, pelo menos muito próximas.

A situação de um diplomata e a de um advogado são diferentes na sua essência como


podemos ver, segundo (Magalhães, 1996):

Num esquema jurisdicional, em que os advogados geralmente se acham


envolvidos, A procura demonstrar a C que B não tem razão e B procura
demonstrar a C que A não tem razão, competindo a C, cujos interesses não estão
em causa, tomar uma decisão final. Num esquema diplomático, A procura
convencer B da sua razão (ou seja, da razão do seu governo) e vice-versa. Acresce
ainda que tanto A como B representam entidades soberanas. (pp. 108-109).

Por outro lado, como afirma o embaixador Thayer:

O treino de um advogado acostuma-o a pressupor a existência de um tribunal


onde o que é justo é distinto do que é injusto, o que é legal é distinto do que é
ilegal, e onde existe uma polícia e prisões para a execução de sentenças. A
diplomacia não procura, porém, estabelecer o que é justo ou injusto mas sim
acomodar interesses em conflito. (cit in Magalhães, 1996, p. 109)

Com base nos textos supracitados, podemos notar que, o diplomata actua num terreno
essencialmente político onde as considerações de ordem política primam sobre todas as
outras. O estudo da política e da técnica diplomática que ensinam que os elementos em que se
deve basear uma acção diplomática são mais complexos e mais fluidos que aqueles em que se
deve apoiar uma acção puramente jurídica.

3.7. Diplomacia e Negócios


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Uma vez que a diplomacia ocupa-se frequentemente de negócios pode parecer á primeira vista
a alguns que a actividade diplomática possa ter grandes afinidades com a actividade dos
homens de negócios. É uma convicção difundida sobretudo em certos meios americanos.

Ainda no que tange a este respeito, para o diplomata Charles Thayer:

“É convicção generalizada, particularmente na América, que as negociações


diplomáticas são essencialmente arranjos de interesses e que o melhor negociador
é, portanto, um sagaz yankee vendedor de cavalos agindo sob o disfarce de um par
de calcas às riscas. Como resultado, um certo numero de prósperos homens de
negócio sem experiência diplomática acabaram sem calças nem camisas no termo
de uma negociação com experimentados diplomatas”. (cit. in Magalhães, 1996, p.
111).
Thayer explica que de facto as negociações diplomáticas diferem fundamentalmente das
negociações comerciais. “ Em primeiro lugar, os negócios comerciais são regulados em
grande parte pela lei dos contratos (ou lei comercial). Até nos negócios internacionais se
estipula geralmente a arbitragem nos tribunais de uma ou outra parte contratante.

Em contra partida, a diplomacia já foi definida como o “ comércio em benefícios mútuos” ou


a harmonização de interesses. Só quando resultam benefícios mútuos ou a harmonia prevalece
é que existe a certeza que os acordos serão cumpridos”.

(Magalhães, 1996) acrescenta que o treino dos negociantes no sentido de defender interesses
privados muito limitados não constitui certamente uma preparação útil ou conveniente para a
defesa de interesses públicos especialmente quando os seus opositores são pessoas
experimentadas neste domínio. (p.112)

Importa-nos dizer, apoiando-se nas ideais acima expostas, denota-se claramente que apesar
que a actividade diplomática visa a questão do uso da negociação como instrumento, é
imperioso distingui-la com as negociações que vinculam somente o carácter comercial.

3.8. Diplomacia Preventiva

Após a queda do muro de Berlim, a imagem mais expressiva sem dúvidas o fim da
bipolaridade e a emergência de relações políticas, económicas, sociais e culturais
globalizadas. A segurança afectou e foi afectada pela globalização. Ao produzir alterações
económicas que se traduzem em mudanças de equilíbrio de poder e ao alterar o ambiente no
qual os Estados-nação se relacionam, a segurança global modificou os padrões de cooperação
e competição entre os Estados.
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A combinação destes diferentes aspectos amplia seriamente os perigos de uma pluralidade de
ameaças transnacionais, desde a proliferação de armas, ataques cibernéticos, violência étnica,
crime global, tráfico de drogas, degradação ambiental, à propagação de doenças infecciosas.
(Penedos, 2014, p. 13)

Segundo, (Annan, 2002):


A prevenção de conflitos é uma das principais obrigações dos Estados Membros
enunciadas na Carta das Nações Unidas e os esforços da Organização nessa esfera
devem estar conformes com os objectivos e princípios da Carta. O Capítulo VI da
Carta é aquele que proporciona o quadro mais apropriado para as actividades de
prevenção de conflitos. (p.8)

Na óptica destes autores, uma estratégia de prevenção eficaz exige uma abordagem global que
inclua a adopção pela comunidade internacional, em cooperação com os actores nacionais e
regionais, de medidas, nomeadamente nos domínios político, diplomático, humanitário, de
direitos humanos, de desenvolvimento e institucional, a curto e a longo prazo.

Ainda ,(Annan, 2002), enfatiza que:


Os governos que assumem a sua responsabilidade soberana por resolver por meios
pacíficos uma situação que se poderia deteriorar a ponto de ameaçar a paz e a
segurança internacionais e pedem a ajuda das Nações Unidas e de outros actores
internacionais, assim que dela necessitam, asseguram aos seus cidadãos a melhor
protecção possível contra interferências exteriores não desejadas. (p.10).

Com base nas citações antecedentes, percebemos que a prevenção de conflitos e o


desenvolvimento sustentável e equitativo são actividades que se reforçam mutuamente. A
tarefa do agente diplomático na diplomacia preventiva, está centrada nos valores da prevenção
de possíveis conflitos que têm de ser abordados no presente, enquanto os seus benefícios
somente poder-se-ão colher num futuro incerto.

4. Patologia Diplomática
4.1.A Diplomacia Paralela

A actividade diplomática, tal como outras actividades, não está isenta á existência de desvios.

Os desvios da normalidade da acção diplomática que frequentemente ocorrem e que podemos


designar por patologia diplomática. O emprego pelo poder político de uma via alternativa da
via diplomática oficial a que é uso chamar-se diplomacia paralela. (Magalhães, 1996, p. 113).

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Para o autor supracitado, na grande maioria dos casos o desprestigio do representante
diplomático oficial que facilmente resulta do emprego de uma agente paralelo, não serve os
interesses do pais em causa. Nenhum Estado desenvolvido e bem organizado aceitará resolver
seja o que for através de diligências praticadas por agentes paralelos sem que receba
confirmação dessas Diligências pelas vias oficiais normais.

Convém-nos ainda fazer uma distinção importante nesta matéria delicada da diplomacia
paralela.

Segundo, (Magalhães, 1996)

Os agentes paralelos podem ser designados pelo órgão político que tem
legitimidade constitucional para a execução da política externa de um
determinado Estado. Mas pode dar-se o caso, não muito frequente, de tais agentes
paralelos serem utilizados por órgãos políticos que não têm essa legitimidade e
neste caso estaremos perante um caso de patologia diplomática agravada e este
tipo de diplomacia se deverá chamar não apenas de diplomacia paralela, como é o
costume fazer-se, mas sim diplomacia paralela ilegítima. (p. 115-116.)

Repisa ainda o autor que, nunca se encontra justificação para o recurso a agentes paralelos
que só interesses de ordem pessoal, quase sempre inconfessáveis, podem explicar. No campo
interno criam-se, naturalmente, conflitos entre órgãos políticos com as consequentes
perturbações no funcionamento normal da máquina estatal.

4.2. A Diplomacia de Combate

Certos Estados utilizam a diplomacia como um instrumento de penetração ideológica noutros


países ou como um meio de manter um estado de tensão internacional que convém aos seus
interesses políticos internos. O mais patente e aquele que se acha mais largamente
documentado pelos especialistas da política externa é o caso da União Soviética que, através
da acção diplomática procurou exercer uma actividade de penetração ideológica e de
manutenção de tensões internacionais que eram exigidos por imperativos de ordem interna

George Kennam, um especialista da política soviética, observou, num seu famoso ensaio, que
o processo de consolidação política do regime soviético “nunca foi completado e os homens
do Kremlin continuaram predominantemente absorvidos com a luta para assegurar e tornar
absoluto o poder que assumiram em Novembro de 1917”. (cit. in Magalhães, 1996, p. 118).

15
Lord Vansittart que, durante anos foi Secretário-Geral do Foreign Office, no período anterior
à última grande guerra mundial, e que a propósito escreveu, em 1950, estas palavras:

“Hoje a diplomacia de uma crescente parte do mundo é cuidadosamente calculada para criar e
manter más relações. Isto, no entanto, é feito não como mero schadenfreude ou espírito de
rancor. (cit in Magalhães, 1996, p. 119).

Apoiando-se nos autores supramencionados, nota-se que a diplomacia da ex União Soviética


tinha sido, por conseguinte, concebida como uma verdadeira diplomacia de combate o que
constitui, naturalmente, um desvio da normalidade em termos do conceito de diplomacia
definido anteriormente pelos autores. Não surpreende também que essa diplomacia de
combate seja igualmente uma diplomacia agressiva e por vezes bastante rude.

4.3. Espionagem e Contra-Espionagem Diplomática

A actividade diplomática tem como um dos elementos constitutivos a informação, todavia,


refere-se a aquela informação que é obtida por meios legítimos.

Segundo, (Magalhães, 1996):

"Quando essa informação é obtida por meios ilegítimos estamos em presença de


espionagem o que não constitui actividade normal da diplomacia. Acontece,
porém, que certos diplomatas profissionais exercem funções de espionagem nos
países em que são acreditados o que constitui, naturalmente, um desvio grave das
suas funções". (pp. 120-121).

O autor ressalta que, frequentemente existem nas missões diplomáticas agentes especializados
de espionagem e contra-espionagem a coberto de um estatuto diplomático. Estes desvios da
normalidade diplomática ocorrem sobretudo em relação às representações diplomáticas das
superpotências e países mais importantes.

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5. Conclusão

Findo trabalho, percebemos que diversas são as concepções que dizem respeito á actividade
diplomática. Os estilos e as tarefas da diplomacia têm variado bastante, mas esta, como um
instrumento da política externa, manteve sempre aquilo que essencialmente é a utilização de
intermediários nas relações entre os detentores do poder político dos diversos Estados. É
evidente que o diplomata da antiguidade, da idade média ou do século XVIII, não actuava da
mesma forma nem as suas funções eram tão complexas como as do diplomata dos nossos
tempos.

A obediência estrita às regras da etiqueta era um elemento importante do maior ou menor


sucesso de um agente diplomático. As exigências protocolares foram-se alterando com a
progressiva democratização da vida política, mas isto não significa que o protocolo não
continue a exercer uma função importante na vida pública.

Os documentos produzidos pelos diplomatas de hoje, por exemplo, são dactilografados,


fotocopiados ou microfilmados e não puramente manuscritos como eram os documentos
produzidos pelos diplomatas do século XVIII e de boa parte do século XIX. Para os textos
cifrados utiliza-se hoje, em vez de morosas cifras manuais, máquinas electrónicas altamente
eficientes.

5.1. Questões de reflexão:

Quais são os aspectos notáveis na evolução Diplomática?

Como é que funcionam as diversas actividades Diplomáticas?

Quais as implicações patológicas da Diplomacia?

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6. Referências Bibliográficas

Ostellino, P. (2004). A Diplomacia Brasileira. Imprensa Oficial: São Paulo: Brasil.

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