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Brazilian Journal of Development

A iconicidade de uma geração: o anime saint seiya como fenômeno social

The influence of saint seiya as a social phenomenon

DOI:10.34117/bjdv6n7-225

Recebimento dos originais: 03/06/2020


Aceitação para publicação: 10/07/2020

Victor Antunes de Souza Serrão


Especialista em Gestão Pública pela Universidade do Estado do Amazonas
Estrada Parintins Macurany, n. 1.805, Jacareacanga, Parintins, AM, Brasil
E-mail: victorantunesserrao@hotmail.com

Jadson Justi
Mestre em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco
Professor da Universidade Federal do Amazonas
Estrada Parintins Macurany, n. 1.805, Jacareacanga, Parintins, AM, Brasil
E-mail: jadsonjusti@hotmail.com

RESUMO
O objetivo deste estudo é apontar possíveis influências da série clássica do anime Saint Seiya na
geração de jovens da década de 1990. Justifica-se a realização desta pesquisa pela presente temática
ser um marco na história do entretenimento de uma geração de cidadãos brasileiros. Leva-se em
consideração o fator retrospectivo e cronológico de Saint Seiya como suporte para a lógica de
acontecimentos e possibilidade de correlação existente entre o anime e seu público.
Metodologicamente, esta pesquisa enquadra-se como um ensaio teórico realizada por meio da coleta
de informações com base na literatura, depoimentos de fãs, fóruns de discussões e plataformas
midiáticas. Conclui-se que Saint Seiya, mais que um fenômeno social, pode ser considerado um marco
ainda atual após décadas de sua vinda para o Brasil. A grande influência positiva na geração de jovens
da década de 1990 foi no comportamento e no emocional dos telespectadores de Saint Seiya de forma
a contribuir na formação da personalidade infantojuvenil da época, principalmente no que tange aos
aspectos de liderança, superação, honestidade e sabedoria.

Palavras-chave: Cavaleiros do zodíaco, Anime, Influência social.

ABSTRACT
The aim of this study is to point out possible influences of Saint Seiya on young people in the 1990s.
This research is justified because it is a landmark in the history of entertainment for Brazilian citizens.
The retrospective and chronological factor of Saint Seiya is taken into account with regard to events
and the possibility of correlation between anime and its audience. Methodologically, this research fits
as a theoretical essay accomplished through the collection of information based on the literature,
testimonials from fans, discussion forums and media platforms. It is concluded that Saint Seiya, more
than a social phenomenon, can be considered a landmark still present after decades of his coming to
Brazil. The great positive influence on the generation of young people in the 1990s was in the
behavior of viewers in order to contribute to the formation of the personality of both children and
youth at the time, especially with regard to aspects of leadership, overcoming, honesty and wisdom.

Keywords: Knights of the zodiac, Anime, Social influence.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p.45221-45239 jul. 2020. ISSN 2525-8761


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1 INTRODUÇÃO
Saint Seiya (Santo Seiya), também conhecido no Ocidente como Os Cavaleiros do Zodíaco,
é uma série de mangá japonesa escrita e ilustrada por Masami Kurumada, entre 1986 a 1990, e
adaptada para uma série animada de televisão de 1986 a 1990. Tanto o mangá quanto a animação
fizeram muito sucesso no Japão e em países europeus e latino-americanos, como França, Itália,
Espanha, México, Argentina e Brasil (SSFÓRUM, 2012).
O universo mitológico do anime tem origem no “Hipermito”. O termo Hipermito é uma alusão
ao nascimento de uma nova era eclodida a partir da explosão do Big Bang, que originou também
intensões diversas nos deuses; essas intensões foram motivos para a criação planetária – Gaia (Terra),
Urano (Céu) e Pontos (Oceanos) – que surgiram antes de qualquer outra forma de vida. Com o tempo,
evoluíram até se formarem a imagem dos deuses. Os humanos iriam nascer posteriormente,
decorrente da vontade divina (SSFÓRUM, 2012).
Saint Seiya conta a história do protagonismo de cinco jovens cavaleiros de bronze, protetores
da Deusa Athena. Athena, segundo a mitologia grega, era uma deusa que nasceu com uma lança e
um escudo, além de um elmo e uma armadura (SSFÓRUM, 2012). Os deuses da série em questão
são entidades espirituais que, quando reencarnam em uma nova era, escolhem o corpo de um ser
humano para ganharem uma representação física, de modo a manifestarem seus poderes divinos.
Os cinco garotos – Seiya de Pégaso, Shiryu de Dragão, Hyoga de Cisne, Shun de Andrômeda
e Ikki de Fênix – eram órfãos e, ainda crianças, foram adotados pela Fundação Graad, uma
organização japonesa com poderes suficientes para influenciar no mundo todo (KURUMADA,
2004). Mitsumasa Kido era o dono da Fundação e queria construir um exército de cavaleiros, pois a
Deusa Athena estava prestes a reencarnar em forma humana e necessitava reunir novos cavaleiros
para defendê-la. Para tal, Mitsumasa Kido enviou os pequenos órfãos individualmente a diversas
partes do mundo a rigorosos treinamentos, para adquirirem forças sobre-humanas a fim de se
tornarem cavaleiros protetores de Athena e assim conquistarem suas armaduras sagradas (proteção
para os corpos dos cavaleiros do zodíaco).
Nesse período de treinamento, os órfãos passaram por inúmeras dificuldades. É o caso de
Shun e Ikki, que, mesmo sendo irmãos, foram enviados para treinar em lugares diferentes. Outra
dificuldade que precisaram enfrentar foi a de treinar em ambientes extremos com climas particulares
a cada condição topográfica local, ou seja, treinavam em lugares frios ou extremamente quentes, e
em relevos perigosos, arriscando suas próprias vidas. Durante a série televisiva, conta-se que os cinco
personagens somente se tornaram amigos e se juntaram à Deusa Athena após o evento da Guerra
Galáctica, um torneio inicial que foi o estopim para uma nova era de batalhas.

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O poder dos cavaleiros emana da compreensão da natureza do “cosmo”, uma essência
espiritual interior que se manifesta por meio de uma aura. O cosmo é de natureza singular, e defende
que cada átomo dentro de uma pessoa é semelhante a um pequeno sistema solar (SSFÓRUM, 2012).
Ser cavaleiro, portanto, significa ser capaz de usar a força do cosmo interior por meio dos átomos
existentes dentro de cada pessoa, gerando uma força interna similar a um pequeno universo espiritual.
Menciona-se, ainda, que todos os atos dos cavaleiros são supervisionados e comandados pelo
Santuário, na Grécia, uma organização independente que não se submete a nenhuma nação, povo ou
organização (KURUMADA, 2004). O Santuário é tratado no anime como sendo, desde épocas
mitológicas, uma organização responsável pelo treinamento a aspirantes a cavaleiros. Também, é um
domínio liderado pelo Mestre do Santuário, cuja missão é comandar os cavaleiros que recebem a
proteção das 88 constelações da abóboda celeste. No centro do Santuário, existem 12 casas
protegidas, cada uma por cavaleiros de ouro (os mais poderosos cavaleiros de Athena desde épocas
mitológicas). Há também a sala do Mestre e o Templo de Athena, onde reside a reencarnação da
deusa em forma humana.
Os cavaleiros são constituídos por um sistema hierárquico que divide as armaduras sagradas
em ouro, prata e bronze, herdadas por gerações de cavaleiros desde épocas dominadas totalmente por
deuses (KURUMADA, 2004). A personalidade de cada cavaleiro deriva dos desenhos das várias
constelações, as quais os personagens adotam como seus destinos e símbolos protetores (SSFÓRUM,
2012). Para um ser humano conseguir obter o título de cavaleiro protetor de Athena, necessita passar
por um treinamento individual e secreto sob a tutela de um mestre. Esse treinamento pode acontecer
no Santuário, na Grécia, nos Cinco Picos de Rozan, na China, na Sibéria Oriental ou em diversos
locais pelo mundo desde que devidamente habilitados como centros de treinamento. O treinamento
busca desenvolver as habilidades físicas de todos os aspirantes a cavaleiros, dando-lhes forças
capazes de rasgar os céus e abrir fendas na terra (KURUMADA, 2004). De todos os cavaleiros, os de
bronze são os mais numerosos, quando comparados aos de prata e aos de ouro, e suas habilidades de
combate superam a velocidade da barreira do som.
Dentre o grupo dos cavaleiros de bronze da série, destacam-se cinco rapazes que se tornaram
também os protagonistas da série. Mediante isso, os cinco cavaleiros de bronze, destinados a
defenderem conjuntamente o planeta Terra e sua deusa contra deuses perversos e qualquer força
contrária ao bem, possuem personalidades distintas um do outro. Seiya de Pégaso é o destaque dos
cavaleiros de bronze e se caracteriza pela perseverança em nunca desistir de uma luta, mesmo que
tudo pareça perdido. Shiryu de Dragão é o mais calmo e reservado em relação aos demais cavaleiros.
Hyoga de Cisne é o mais racional e emocionalmente distante do referido grupo. Shun de Andrômeda
possui o coração mais gentil e puro do anime, odeia lutas e sempre se comporta de forma pacífica.

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Por fim, Ikki de Fênix (irmão de Shun de Andrômeda) é considerado o mais forte do grupo e, assim
como a fênix mitológica, ganha status de imortal a cada combate.
A estreia do anime Saint Seiya, no Brasil, foi em 1994, na Rede Manchete de televisão. Nessa
época, os brasileiros não eram muito acostumados a assistir animes. A maior emissora de televisão
do país preferia animações americanas e até tinha em sua grade de programação alguns animes, mas
não eram exibidos por muito tempo em virtude da baixa audiência (a média de pontos do ibope dos
desenhos infantis era de 2,5 pontos). Até que, finalmente, no dia 1º de setembro de 1994, foi exibido
pela primeira vez Os Cavaleiros do Zodíaco na Rede Manchete (METEORO BRASIL, 2017).
O sucesso da animação foi imediato. Os índices de audiência da Rede Manchete aumentavam
gradativamente a cada episódio e um novo fenômeno dos animes crescia no Brasil. O faturamento
comercial da série também foi um marco significativo. Para se ter uma ideia da dimensão das vendas,
o primeiro lote de bonecos dos personagens, denominado linha Saint Seiya Cloth, tinha previsão em
vender 90 mil unidades, e o licenciador acabou vendendo 400 mil. No ano seguinte, o sucesso
continuou: o Dia das Crianças e o Natal de 1995 venderam, juntos, mais de um milhão de bonecos
dos cavaleiros do zodíaco, gerando um faturamento de mais de 50 milhões de reais (SILVA, 2018).
No total, Os Cavaleiros do Zodíaco ficou em exibição três anos e oito dias na Rede Manchete,
o que corresponde a 1.104 dias (MUNIZ, 2011). Apesar do sucesso, ainda se desconhecem os motivos
que o fizeram ser um fenômeno de audiência e vendas. Em paralelo ao sucesso do anime, a exibição
encontrava problemas por causa da aquém qualidade na cobertura de sinal transmitida pela emissora,
que não era uma das melhores da época (METEORO BRASIL, 2017).
A vida nos anos de 1990 também era menos digital e até revista em papel chegou a fazer
sucesso entre os adolescentes da época. Como exemplo de itens bastante conhecidos para o
entretenimento e diversão dos jovens, tinha-se: papel de balas, chocolate surpresa, álbuns de
figurinhas, recortes de revistas, dentre outros, tudo fazendo menção aos cavaleiros do zodíaco
(OLIVEIRA, 2018).
O padrão de vida da geração de jovens da década 1990, sobretudo nos aspectos
socioeconômicos, lazer e entretenimento, pode ser uns dos diversos motivos que possibilitaram a
geração da época se identificar com o anime Os Cavaleiros do Zodíaco. Afinal, a infância dos
personagens protagonistas da série também foi marcada por problemas como a vulnerabilidade social
e a discriminação, pois os cavaleiros de bronze, além de órfãos, precisaram muitas vezes se submeter
a vontade daquelas pessoas que, hierárquica e socialmente, estavam acima deles. O anime apresentou-
se como mais uma opção de entretenimento aos telespectadores em horário nobre em uma década
marcada pela busca desenfreada de liderança do Ibope das principais emissoras de televisão brasileira.

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Partindo dessa perspectiva, a hipótese desse estudo respalda-se na possibilidade de o anime
Saint Seiya, principalmente a personalidade e as condutas de seus cinco cavaleiros de bronze
(personagens com maior visibilidade), ter influenciado características comportamentais e emocionais
da geração de 1990. Pois, até hoje, é comum ouvir relatos, principalmente de fãs mais antigos, da
influência positiva, como perseverança, altivez e senso de coletividade que os personagens da série
lhes proporcionaram durante a vida. Supõe-se que tal perfil individual dos cavaleiros pode ter sido
um atrativo para seu público no Brasil da época, haja vista que a nação brasileira apresenta uma
miscigenação de etnias, culturas e características do mundo todo que se instalaram na América do
Sul.
Esta pesquisa justifica-se pela temática ser um marco na história do entretenimento de uma
geração de cidadãos brasileiros, sendo, portanto, pertinente discorrer sobre tal acontecimento, já que,
conforme a modernidade avança, é comum haver pouco ou nenhum dado sobre a discussão que se
apresenta neste estudo. Leva-se também em consideração o fator retrospectivo e cronológico de Saint
Seiya como suporte para a lógica de acontecimentos e possibilidade de correlação existente entre o
anime e seu público.
Assim, o objetivo deste trabalho é apontar possíveis influências da série clássica do anime
Saint Seiya na geração de jovens da década de 1990. Este estudo também leva em consideração o
grande apreço que os fãs têm em relação à Saint Seiya até os dias atuais. Esta pesquisa enquadra-se
como um ensaio teórico realizada por meio da coleta de informações com base na literatura,
depoimentos de fãs, fóruns de discussões e plataformas midiáticas gerais. Justifica-se o presente
percurso metodológico como o mais pertinente pela condição afirmativa que os idealizadores deste
manuscrito têm em relação às possiblidades (por meio de manejo alternativo) de discussões críveis
sobre essa temática. Menciona-se, ainda, que uma discussão efetiva que verse sobre aspectos
retrospectivos de forma a desvendar possibilidades de influência humana é importante e condutora
para se entender o percurso de mudanças sociais quando o que está em questão é o cerne de Saint
Seiya como fenômeno em evidência.

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSO DOS ANIMES


Os animes são desenhos animados nipônicos com características próprias. O foco das
animações são as movimentações dos personagens, com várias cenas de combates, personagens
movendo-se rapidamente, e vários efeitos cenográficos em virtude da demonstração de poderes e
força dos personagens (SANTONI, 2017). O primeiro anime que se tem registros foi criado em 1907
no Japão e narrava a história de um marinheiro (SALES, 2017). O termo “anime” se refere a
produções japonesas ou não, e faz alusão à animação ou desenho existentes.

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Geralmente, o ponto inicial para a produção de animes é a publicação de mangás. Mangás são
revistas ilustrativas com expressões faciais dos personagens, elementos metalinguísticos (linhas de
velocidade, grandes onomatopeias, entre outros) e enquadramentos cinematográficos próprios com
vistas a aumentar o impacto emocional no leitor (GOTO, 2020). Culturalmente, na indústria dos
animes, caso o mangá obtenha a popularidade necessária em termos de venda, é muito comum que
seja adaptado para uma animação. No Japão, a leitura de mangás é bastante corriqueira e é comum,
por exemplo, encontrar exemplares nas mãos tanto de executivos como nas de crianças. Surge, nesse
sentindo, o conceito de “anime”, que se trata de uma animação dos mangás.
Uma das formas para segmentar a produção de animes no Japão é baseá-la no sexo ou interesse
sexual do público-alvo a que se destina. Essa segmentação é complementada por subgêneros
indicadores do estilo de cada obra, como acontece em Hollywood: ação, drama, comédia, entre outros.
Assim, cada anime é dividido de acordo com sua tipologia (ao público ao qual se destina), a qual se
destacam, entre outros, shounen, shoujo, ecchi, seinen, josei, kodomo e hentai (BRUNHOLO, 2016).
O foco dos animes shounen são personagens juvenis que, muitas vezes, procuram ser
protagonistas da própria história, adquirindo resiliência para superar passados difíceis e proteger as
pessoas que possuem mais afetividade. Shoujos são animes com histórias que abordam e enfatizam
os relacionamentos amorosos. No entanto, o interesse que conecta as pessoas nesse tipo de anime vai
além do amor romântico. As séries shoujos podem envolver triângulos amorosos, casais em destaque
e fandoms, tendo também relacionamentos platônicos, especialmente amizades entre garotas
(LOOPER; KAHN, 2020).
Seinen, por sua vez, engloba títulos que exibem violência pesada e situações sexuais, não
sendo um estilo indicado ao público infantojuvenil, mesmo quando os personagens retratados estão
na escola ou têm idade inferior à do leitor em questão (BRUNHOLO, 2016). O anime ecchi pode ser
considerado sexy pelas diversas histórias com enredos sensuais, mas o conteúdo não é considerado
pornográfico. Apesar de abordar temáticas sexuais, o anime funciona como uma ferramenta de
sedução, e não representa atos sexuais reais e sem censura (LOOPER; KAHN, 2020). Josei é versão
feminina dos animes seinens. Inclui dramas fortes, problemas corriqueiros dos adultos e romances
mais próximos à realidade, quando comparado a outros animes, como os shoujos, que tendem a
mostrar os romances de forma idealizada (BRUNHOLO, 2016). Kodomo são animes não tão
conhecidos no Ocidente. Em linhas gerais, trata-se de desenhos educativos para crianças. Algumas
séries kodomo são conhecidas no Ocidente como Pokemon, Hamtaro e Yo-Kai Watch (LOOPER;
KAHN, 2020). Por fim, hentais, destinado ao público adulto, são animes com o intuito de mostrar
cenas explícitas de nudez.

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A Rede Manchete foi a responsável pela introdução das produções de animes japoneses no
Brasil que, anos depois, outras emissoras de televisão também exibiriam. Os Cavaleiros do Zodíaco
(shounen), Samurai Warriors (shounen), Shurato (shounen), Yu-Yu-Hakushô (shounen), Sailor Moon
(shoujo) e Us Mangá (seinen) foram os animes exibidos no canal. Alguns tokasatsus (filmes de efeitos
especiais), exibidos pela emissora, como Jaspion, Changeman e Jiraiya, também fizeram sucesso no
país e contribuíram para a exibição de animes em massa (MUNIZ, 2011).
No Brasil, os animes são exibidos há muitos anos e as séries shounens são as que mais fizeram
sucesso no país (BRUNHOLO, 2016). Essas séries são recheadas de personagens poderosos,
protagonistas com forte senso de dever e justiça, e, em sua maioria, apresentam um largo repertório
de episódios de combates (BERNARDES, 2019). Dentre os shounens mais populares de todos os
tempos, exibidos em canais de televisão aberta no Brasil, têm-se Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon
Ball, Naruto Shippuden, One Piece, dentre outros (MUNIZ, 2011).
O ponto inicial para o sucesso dos shounens na televisão aberta foi a exibição dos Os
Cavaleiros do Zodíaco, que, sozinho, gerou, em 1994, o boom dos desenhos japoneses que ecoam até
na atualidade (GOTO, 2020). Sabendo-se da relevância do anime para a geração da década de 1990,
é necessário compreender a trajetória de Saint Seiya.

3 ANIME SAINT SEIYA


Entre 1986 e 1990, foi escrito e ilustrado o mangá de Saint Seiya pelo japonês Masami
Kurumada, criador da série. O autor nasceu em Tóquio em 1953 e, dentre suas variadas obras, como
Ring ni Kakero e B’t X, a mais conhecida é Os Cavaleiros do Zodíaco. As obras do autor seguem
estilo de lutas por ser o próprio Masami Kurumada fã de artes marciais (DANTAS, 2013). A maioria
dos personagens criados pelo autor, mesmo que em obras diferentes, é semelhante em termos de
afeição e personalidade. Isso porque Masami utiliza a técnica Star System (sistema de elenco estável
de personagens) que padroniza as semelhanças dos personagens de universos de mangás ou animes
distintos (SSFÓRUM, 2012).
Em Saint Seiya, Kurumada inspirou-se na mitologia grega para desenvolver o anime, mas há,
na narrativa, características da astronomia, história humana, astrologia, filosofia, cristianismo e
antropologia. Por exemplo, cita-se sobre o fenômeno astronômico da eclíptica que se tornou o trajeto
a qual as dozes armaduras de ouro percorrem na abóboda celeste desde épocas mitológicas. Faz-se,
também, alusão ao budismo e seus ensinamentos no comportamento do cavaleiro de ouro do signo
de virgem e a fé de Hyoga, que carrega em sua armadura a cruz do norte em referência a sua crença
cristã, dentre outros relevantes elementos das aludidas doutrinas. Complementa-se, ainda, que as

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múltiplas inspirações (ecléticas) para a criação de suas obras foram essenciais para o sucesso em
várias nações.
A série Saint Seiya “clássica”, que se refere à cronologia oficial da série, contém mangás com
28 volumes, com média de 400 páginas cada, divididos em três partes principais (sagas): Santuário
(volumes 1 a 13), Poseidon (volumes 14 a 18) e Hades (volumes 19 a 28) (SSFÓRUM, 2012). Já o
arco do anime clássico apresenta 145 episódios, com média de 20 minutos cada, e engloba a
cronologia oficial: a) Santuário, b) Asgard (Mitologia Nórdica), c) Poseidon e d) Hades. Tem-se,
também, de forma animada, spin-offs do anime com as tramas Alma de Ouro, Lost Canvas, Ômega e
Santia Shô, além de um reboot feito por uma plataforma de streaming.
A estreia do anime no Japão foi em 11 de outubro de 1986, na rede de televisão Asahi. E
alguns fatores foram relevantes para o sucesso imediato do anime como o fato de, na época, não ser
comum um mangá se tornar anime tão repentinamente. A produção da animação utilizou recursos
como tecnologia de processamento óptico que ainda não havia sido utilizada no Japão até então, fora
as inúmeras ações promocionais realizadas (CAVZODÍACO, 2019a).
O anime Saint Seiya conta a história do protagonismo de Seiya de Pégaso, Shun de
Andrômeda, Shiryu de Dragão, Hyoga de Cisne e Ikki de Fênix, todos jovens cavaleiros de bronze,
que juraram lealdade à Deusa Athena. Cada um desses jovens foi enviado individualmente como
candidatos a cavaleiros a diversos centros de treinamento no mundo todo para adquirirem o poder
emanado de seus cosmos e as armaduras de bronze que servem de protetores para seus corpos, como
mencionado anteriormente.
Seiya treinou no Santuário da Grécia, berço dos cavaleiros, sob a supervisão de Marin de
Águia e obteve a armadura de Pégaso. Shiryu treinou nos Cinco Picos de Rozan, uma região da China
envolta por uma grande cachoeira e diversas montanhas. Sob a tutela de Dohko de Libra, um cavaleiro
de ouro zodiacal, Shiryu se tornou o cavaleiro de bronze de dragão que possui o punho e o escudo
mais poderoso dentre as amaduras (KURUMADA, 2005). Já Hyoga obteve a armadura de Cisne após
treinar nas terras de geleiras a Leste da Sibéria, tendo como mestre o cavaleiro de ouro, Camus de
Aquário que controla o frio (KURUMADA, 2004). No anime é retratado também uma parte do
treinamento de Hyoga sob a supervisão do Cavaleiro de Cristal, um cavaleiro de prata.
Shun foi treinado por Albion de Cefeu, um cavaleiro de Prata, na ilha de Andrômeda, uma
ilha arenosa e rochosa localizada no oceano Índico, próximo à Somália. Como consequência, Shun
obteve a armadura de Andrômeda que possui o melhor equilíbrio de ataque e defesa dentre as
armaduras (KURUMADA, 2005). Ikki de Fênix treinou sob a tutela de Guilty, guardião da Ilha da
Rainha da Morte, uma ilha vulcânica fictícia do universo de Saint Seiya localizada no Pacífico Sul,

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abaixo do Equador. Ikki obteve a armadura de fênix e a maior força dos cavaleiros, triunfando em
inúmeras batalhas com o bater de suas asas imortais (KURUMADA, 2004).
Na série, existem 88 armaduras, o mesmo número de constelações modernas, e cada armadura
representa uma determinada constelação. Ao todo, são 12 armaduras de ouro (constelações zodiacais),
24 armaduras de prata (constelações austrais) e 48 armaduras de bronze (constelações boreais)
(SAINT SEIYA WIKI, 2013). Descreve-se, ainda, que as constelações zodiacais se encontram sobre
a linha orbital por onde passa o Sol e são vistas desde a antiguidade (KURUMADA, 2004).
Além das 88 constelações, cujos cavaleiros representantes têm a comum missão de proteger
Athena, há uma hierarquia entre as categorias de cavaleiros que fazem parte do universo de Saint
Seiya. Nessa hierarquia, o Mestre do Santuário está acima de todos os cavaleiros. Ressalta-se que ele
só fica hierarquicamente abaixo da Deusa Athena.
A missão dos cavaleiros de bronze, prata ou ouro e dos demais soldados é comum a todos e
em todas as eras mitológicas, desde a explosão do Big Bang, e visa a proteger a Deusa Athena, no
Santuário, contra deuses perversos da mitologia grega que objetivam dominar o planeta Terra e
destrui-lo (Figura 1).

Figura 1 - Saint Seiya: (a) os cinco cavaleiros de bronze; (b) os cavaleiros reunidos com Athena, no Santuário

(a) (b)
Fonte: Arboés (2019) e Cavzodíaco (2011).

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A mitologia grega abordada em Saint Seiya é inspirada em duas nuances. A primeira nuance
baseia-se no mito dos deuses da Grécia antiga, tal qual se conhece na literatura. Essas divindades
representam os elementos do universo, como os deuses do Sol (Hélio), Gaia (Terra) e Artémis (Lua).
A segunda nuance é baseada no Hipermito, uma teoria criada dentro do próprio universo da série, a
qual os deuses influenciam no destino dos seres humanos enquanto aumentam seus próprios poderes
(KURUMADA, 2004).
Nessa premissa, Athena é a Deusa da guerra e governanta do planeta Terra. O regente do
mundo dos mortos é Hades. Já o céu é dominado por Zeus e Poseidon governa os mares
(KURUMADA, 2005). Essas divindades lutam entre si desde épocas longínquas pelo domínio da
Terra nas chamadas “Guerras Santas”.
Nesse sentido, todas as disputas advindas da manifestação da vontade dos deuses em querer
o domínio da Terra passaram a ser chamadas de Guerras Santas, que acontecem em média a cada 250
anos (SSFÓRUM, 2012). A série clássica de Saint Seiya não aborda profundamente as gerações
passadas dos cavaleiros que lutaram contra os deuses desde épocas mitológicas até os dias atuais.
Apenas cita que sempre existiram essas batalhas ao longo dos séculos. O que se tem é um spin off da
série denominado The Lost Canvas que conta a batalha do exército de Athena contra Hades no século
XVIII. Todavia, o foco principal da série clássica do anime é nas batalhas da nova era dos deuses do
século XX.
Na nova era, os cavaleiros de bronze Seiya, Shiryu, Hyoga e Shun, inicialmente, enfrentaram
outros cavaleiros de bronze (Jabu de Unicórnio, Ichi de Hidra, Geki de Urso, Nachi de Lobo e Ban
de Leão Menor) na Guerra Galáctica, um torneio organizado por Saori Kido. O torneio era a vontade
de Mitsumasa Kido que tinha falecido pouco tempo antes do início da Guerra Galáctica. O objetivo
do respectivo torneio visava ao embate dos jovens que retornaram ao Japão como cavaleiros de
bronze, cujo campeão seria contemplado com a armadura de ouro de Sagitário, uma das 12 armaduras
de ouro zodiacais considerada a mais poderosa do anime. Contudo, o torneio foi interrompido, nas
fases finais, por forças do Santuário que estavam à procura da armadura de ouro.
Ikki, um dos cinco protagonistas da série, apareceu, inicialmente, como inimigo dos cavaleiros
e era uma dessas forças do Santuário. Posteriormente, se juntou ao grupo dos cavaleiros de bronze
assim que percebeu o verdadeiro perigo que se aproximava por causas das demais referidas forças
que buscavam a armadura de ouro. Essas forças eram os cavaleiros negros e fantasmas, forças
malignas externas ao santuário. Os cinco jovens derrotam em sucessivas batalhas essas forças e
passam a enfrentar, em seguida, o exército oficial do Santuário, os cavaleiros de prata.
Esse foi o momento em que o combate que envolvia os cinco cavaleiros de bronze e os
cavaleiros de prata tornou-se mais acirrado, pois os cavaleiros de prata possuíam um cosmo mais

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poderoso que os de bronze (KURUMADA, 2005). Os cavaleiros de prata, sob as ordens de Saga,
cavaleiro de ouro da constelação zodiacal de Gêmeos, precisavam levar a armadura de ouro que
estava em posse de Saori Kido e dos demais cavaleiros de bronze ao santuário. Saga era o Mestre do
Santuário e conseguiu tal feito após assassinar Ares, o verdadeiro Grande Mestre. Após o ocorrido,
Saga passou a agir disfarçadamente como se fosse Ares, o mestre assassinado.
O Mestre, a princípio, deveria liderar os cavaleiros para proteger Athena e a paz na Terra,
porém, Saga acabou tomando o controle do Santuário e ordenou aos demais cavaleiros de bronze,
prata e ouro, que estavam no Santuário, para assassinar Saori Kido e os cinco cavaleiros de bronze
no Ocidente. Ironicamente, todos os cavaleiros deveriam lutar pela justiça e não por motivos pessoais.
Após as batalhas que culminaram na derrota dos cavaleiros fantasmas, negros e prata, Saori
Kido descobre que é a reencarnação de Athena e convoca os cavaleiros de bronze para acompanhá-
la ao santuário rumo à batalha final contra o Mestre Ares. Já no Santuário, para chegarem até a sala
onde se encontrava o Mestre, os cavaleiros precisam passar pelas 12 casas guardadas individualmente
por cavaleiros de ouro que representam os 12 signos do zodíaco (aries, touro, gêmeos, câncer, leão,
virgem, libra, escorpião, sagitário, capricórnio, aquário e peixes) (Figura 2). Era o início da batalha
entre os cavaleiros de bronze e os cavaleiros de ouro.

Figura 2 - As 12 casas que formam o Santuário de Athena

Fonte: Cavzodíaco (2019b).

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Os cavaleiros de ouro são os mais fortes do exército de Athena e dominam o sétimo sentido,
o poder latente máximo que um cavaleiro pode alcançar (KURUMADA, 2005). Esse poder faz a
força dos cavaleiros de ouro aplicar golpes na velocidade da luz. Eles se colocaram no caminho dos
cinco jovens e de Athena, pois desconheciam integralmente a intenção do Mestre do Santuário e
achavam que os cinco cavaleiros e Athena eram, na verdade, rebeldes. A derradeira batalha termina
com a vitória dos jovens cavaleiros de bronze e de Athena e, logo, a morte dos cavaleiros de ouro de
câncer, capricórnio, aquário e peixes durante a saga do Santuário. O último confronto na batalha das
doze casas zodiacais foi contra o Mestre (cavaleiro zodiacal da constelação de gêmeos) que acabou
sendo derrotado pelo poder de Athena.
O próximo embate é contra o Deus dos Mares Poseidon e seu exército de marinas (sete
soldados com armaduras em formato de escamas que protegem o Deus, em Atlântida, um templo
submarino localizado abaixo do nível do mar). Nessa batalha, existe um combate inicial nas terras
boreais de Asgard, na mitologia nórdica, contra os inimigos protegidos pelas constelações da Ursa
Maior, os guerreiros deuses. Esse combate serve de prólogo para a batalha posterior contra Poseidon
e seus marinas que acontece em seus domínios. Atlântida, o Santuário do mar de Poseidon, é
composta de sete pilares guardados, individualmente, por generais marinas. Cada pilar representa os
sete oceanos. A batalha termina com a vitória dos cavaleiros de bronze e Athena e a derrota de
Poseidon e seus marinas.
Por fim, a batalha contra Hades, senhor do mundo dos mortos, denominada “A Última Guerra
Santa”, inicia. Os cavaleiros de bronze, agora com a ajuda dos cavaleiros de ouro de áries, touro, leão,
virgem, libra e escorpião, que sobreviveram à batalha do Santuário, enfrentam os espectros de Hades,
um exército de 108 guerreiros das trevas que utilizam sapuris (armaduras originadas de um mineral
encontrado nos frutos da Mokurenji, único ser vivo do mundo dos mortos). Os confrontos acontecem
primeiramente no Santuário, na Terra. Posteriormente, as lutas seguem para o mundo dos mortos e
só finalizam nos campos elísios, um paraíso florido dentro do inferno, com a derrota dos espectros de
Hades, e a vitória de Athena e seus cavaleiros.
O anime Saint Seiya possui atributos e peculiaridades próprias que podem ter influenciado
positivamente para seu sucesso como fenômeno social no Brasil. Essas particularidades –
concomitantes em um só anime – podem ser características da personalidade de seus personagens,
acontecimentos durante a trama histórica, cronologia dentro de uma lógica ainda não conhecida
mundialmente, múltiplos fatos ocorridos na vasta geografia mundial, diversas qualidades próprias de
culturas diferentes, eventos não previsíveis, valores positivos empregados explicitamente no fluxo da
animação e episódios com inúmeros escopos dramáticos, felizes, amorosos, cômicos, apaixonados,
combativos, tristes, reflexivos, históricos dentre outros. Tais particularidades fizeram com que Saint

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Seiya se tornasse um ícone para uma geração principalmente de jovens da década de 1990 no país.
Hoje, já adultos, mas com a mesma admiração que outrora tiveram.

4 POSSÍVEIS INFLUÊNCIAS DOS PERSONAGENS E ACONTECIMENTOS DE SAINT


SEIYA EM UMA GERAÇÃO
Uma das características exigidas de um cavaleiro de Athena é a agilidade que seus golpes
secretos devem possuir para acabar rapidamente com seus oponentes (KURUMADA, 2004). Essas
agilidades acabam influenciando na personalidade de cada cavaleiro. Barros, S. (2019), em seu canal
em uma plataforma de compartilhamento de vídeos, defende que Seiya de Pégaso possui a velocidade
e a agilidade como principal arma de combate, muito mais do que os outros protagonistas. Essa
velocidade e agilidade acabam tornando o Pégaso impulsivo, querendo resolver os combates de
maneira que possa prevalecer seus ideais e senso de justiça. Barros, J. (2017) menciona que tais
características de Seiya de Pégaso o torna impulsivo, generoso, de coração ardente e sincero,
possuindo enorme senso de justiça e amor aos amigos, reflexo de seu caráter e lealdade.
É comum nos combates de Seiya, ele ressaltar frases como “[...] mesmo que meu corpo seja
feito em pedaços, meu cosmo é indestrutível [...]” (KURUMADA, 2004, p. 147). A motivação para
tal característica do personagem Seiya reside no fato de, durante sua infância, antes de ir para o
treinamento no Santuário, ter sido separado de sua irmã mais velha Seika e ele acabou prometendo a
si que iria revê-la uma vez mais assim que conseguisse a armadura de Pégaso. Tal acontecimento dá
forças ao cavaleiro que, mesmo em combates difíceis, consegue superar a si mesmo.
De acordo com um depoimento de um fã (G. B., 36 anos) do anime,

[...] apesar de muita gente criticar o Seiya, aprendi com ele uma lição importante, de que mesmo
que a vida te derrube várias vezes você nunca deve desistir. Eu sei que é uma frase bem clichê, mas,
graças a sua persistência sempre me motivou a seguir em frente. Por isso, Seiya é meu personagem
favorito [...] (BARROS, S., 2019).

Assim, pode-se inferir, por meio de raciocínio indutivo, que Seiya influenciou uma legião de
pessoas em decorrência de sua personalidade indestrutível, tanto pessoas que fizeram parte da geração
de 1990, como também a geração contemporânea, principalmente por ser um cavaleiro perseverante
que zela pela amizade.
Os valores vinculados à personalidade do cavaleiro de Pégaso, como a perseverança e a
valoração da amizade, tornaram-no muito querido e admirado pelos fãs, de forma a influenciar o
comportamento destes, já que Seiya costuma “soar a camisa”, chorar e crescer pelo seu próprio
esforço, como acontece no dia a dia de muitos brasileiros.

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Já o cavaleiro Shun de Andrômeda tem uma personalidade pacífica e detesta disputas, tanto
que não hesita em oferecer a própria vida se o seu sacrifício poupar a vida de outras pessoas. Por ter
medo de ferir os outros, acaba escondendo o seu verdadeiro poder (KURUMADA, 2004).
Andrômeda, durante a guerra galáctica e os demais combates contra os cavaleiros fantasmas e de
prata, nunca usou seu poder em grau máximo, mesmo estando muitas vezes em desvantagens. Apenas
no final da luta das doze casas zodiacais (Saga do Santuário), contra o cavaleiro de ouro de peixes,
que elevou seu cosmo ao máximo, revelando sua verdadeira força. A bondade e a vontade em
acreditar nas pessoas, por mais corrompidas que pareçam ser, fez Shun ter a alma mais pura da época
entre os cavaleiros defensores de Athena.
Shun, por apresentar características pacifistas, meiguice e se preocupar demasiadamente com
os outros, acabou por influenciar muitos admiradores que viam, no cavaleiro, verossimilhanças.

[...] o Shun de Andrômeda (armadura rosa), era meu preferido. Uma escolha pouco óbvia, já
que o personagem talvez seja o que mais desagrada os fãs da série por ele conter características
mais ‘femininas’. Nunca me importei com isso, lembro até de ganhar uma camiseta estampada
com ele [quando criança] [...].
Mesmo sendo zombado, desacreditado e ser considerado o mais fraco de todos os cavaleiros,
Shun continua o mesmo. Passam todas as batalhas e ele não muda; segue acreditando no melhor
do ser humano e sendo fiel a si mesmo e a seus amigos, mesmo que isso custe sua vida.
(FRANCISCHI, 2014).

Com base no depoimento anterior, percebe-se que Shun é o humano mais bondoso a nascer
no século atual de Saint Seiya. Logo, ele não consegue lutar contra os oponentes com objetividade e
frieza. Shun é um cavaleiro muito misericordioso e seus delicados traços faciais e sua personalidade
pacífica o fazem parecer muitas vezes covarde pelos adversários, mas, na realidade, é uma forma que
encontrou para esconder sua natureza forte (KURUMADA, 2004). Por esses motivos, a personalidade
de Shun inspira bondade em um mundo no qual as pessoas podem viver em harmonia sem ferir umas
às outras.
Tem-se também, Shiryu de Dragão, que possui uma personalidade de seriedade e não teme
oferecer a sua vida aos adversários por uma causa justa (KURUMADA, 2004). Tanto é que, nos
combates, não é raro vê-lo com ferimentos graves e sérias hemorragias. Por duas vezes, perdeu a
visão em acontecimentos contra Algol de Perseu (cavaleiro de prata), na Batalha do Santuário e
Krishna de Crysaor (cavaleiro marina), na batalha de Poseidon. Todavia, nem a cegueira foi capaz de
apagar seu espírito de luta. Na realidade, ele se tornou ainda mais poderoso após esses
acontecimentos. Nesse sentido, muitos admiradores acabaram tendo um apreço por Shiryu por causa
de sua honestidade, honra e sacrifício.

[...] Quando eu tinha 7 anos, meu irmão me perguntou por que eu estava deixando o cabelo
crescer, eu disse que queria ter um cabelo grande como o Shiryu.

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O Dragão era o guerreiro mais sábio dentre os cinco protagonistas. Ele sempre procurava saber
mais e tentar entender os seus oponentes [...].
[...]
A honra do Dragão sempre esteve intacta [...].
[...] Perdi a conta de quantas vezes eu fiquei tocado pelo fato de Shiryu cegar os próprios olhos
em alguma batalha ou de quando ele levou Capricórnio aos céus [...] (ARBOÉS, 2019).

Pode-se observar na escrita anterior uma grande admiração pelo personagem Shiryu. O
cavaleiro de bronze, durante muitas batalhas no anime, acabou retirando sua própria armadura,
ficando com o corpo desprotegido, só para desenvolver um cosmo mais poderoso a ponto de superar
adversários poderosos, mesmo sofrendo ataques corporais diretamente. Quando Shiryu está em
combate, a simples vontade de testar os ensinamentos do seu mestre vai se transformando em um
objetivo maior de proteção à justiça em nome da amizade (KURUMADA, 2004). Portanto, acaba se
tornando uma personalidade dotada de força e sabedoria, inspirando muitas pessoas a encontrarem
suas verdadeiras forças na coragem e na astúcia.
Outro cavaleiro de bronze de grande protagonismo é chamado de Hyoga de Cisne, o mais
racional do grupo, no entanto, possui um lado emotivo que não consegue abandonar (KURUMADA,
2004). Hyoga é muito apegado às memórias afetivas da sua falecida mãe, a Russa Natássia, que
morreu durante um naufrágio no mar congelado da Sibéria Oriental. Por isso, Hyoga carrega em sua
armadura um terço que representa a cruz do Norte, em um gesto de fé pela memória da sua mãe.
Diante disso, infere-se que a frieza de Hyoga encoberta sua maior tristeza.

Todos os cavaleiros eram órfãos, mas só Hyoga tinha a mãe sendo sempre mostrada [...].
Hyoga tinha perdido alguém, como eu. Eu me imaginava sendo um cavaleiro que sempre
batalharia pensando em alguém que eu havia perdido muito cedo, como ele.
Depois de um tempo, notei que havia outro traço que me marcava bastante. O fato de Hyoga
ter superado os seus mestres. Sempre admirei isso de alguma forma e guardei para o meu
futuro. Tudo que aprendo, tento desenvolver o suficiente para alcançar aquele que me ensinou.
(ARBOÉS, 2019).

Segundo o depoimento anterior, Hyoga de Cisne simboliza todas as pessoas que perderam
alguém importante e precisaram superar a dor de perdê-las. Por isso, Hyoga é outro cavaleiro de
bronze que pode ter contribuído para mudar a atitude de muitas pessoas, encorajando-as a superar
suas maiores fraquezas emocionais e perdas precoces de familiares.
Com o coração gélido, Hyoga leva o frio do zero absoluto (-273,15 °C) sob as asas do cisne
(KURUMADA, 2004). Ao longo do anime, ele vai superando suas principais emoções e se torna
emocionalmente mais forte. Principalmente quando enfrenta seu próprio mestre, Camus de Aquário,
na batalha do Santuário. Camus ensina Hyoga a seguir com seus ideais sem se abalar com as emoções,
porque, segundo ele, os sentimentos tornam as pessoas fracas. Hyoga, portanto, torna-se o cavaleiro
mais prodigioso no controle da temperatura e emoções.

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Ikki de Fênix é tido como o solitário pássaro imortal que abandonou sua bondade e lágrimas
no inferno. Esse inferno é uma alusão à rigidez descomunal do treinamento que Ikki teve para se
tornar cavaleiro. Ikki foi ensinado pelo seu mestre a odiar tudo e a todos, sendo um inimigo inicial
dos cavaleiros de bronze, entretanto, acabou fazendo parte do grupo de Seiya e demais cavaleiros
lutando ao lado da Deusa Athena. Misericórdia e compaixão pelos outros no campo de batalha, como
fazem Seiya, Shiryu e Shun, não é uma das características da personalidade de Ikki. Na verdade,
Fênix é muito objetivo e não hesita em atacar um adversário em suas batalhas. Ele possui uma força
além de um cavaleiro de bronze, usando também técnicas psíquicas contra seus adversários
(KURUMADA, 2004).
Desde a infância, de todos os cavaleiros órfãos, Ikki sempre foi o mais consciente da própria
situação de vulnerabilidade. Em consequência de todas as dificuldades do cavaleiro de Fênix, ele
aprendeu a ser forte o bastante para não demonstrar tristeza em suas lágrimas. Por isso, todas as raras
vezes que foi visto lagrimando, era sinal de que estava verdadeiramente arrependido de seus atos. Por
isso, precisou ser forte física e emocionalmente em muitas situações, fatos que devem ter influenciado
muitos fãs da época a se identificarem com sua personalidade.

Quando eu era criança, não tive a oportunidade de comprar um boneco dos cavaleiros, pois
eram caros, para os padrões econômicos da época. No lugar onde eu morava, o melhor ‘rolê’
depois do desenho era brincar com a palha de aço que colocávamos na antena da televisão para
o sinal melhorar. Eu colocava fogo na palha de aço, segurava nas mãos, dava golpes no ar e
saia gritando “Ave Fênix”. (METEORO BRASIL, 2017).

Um fator de atração para fãs terem se identificado com Ikki reside no fato de ele, desde
criança, precisar desenvolver um cosmo poderoso para proteger seu irmão recém-nascido (Shun),
com uma força que demonstrava ser maior que a de um homem adulto comum. Ikki representa os
brasileiros que precisaram cuidar de irmãos recém-nascidos sem o acompanhamento dos pais. E, por
ser considerado o cavaleiro de bronze mais forte, acabou se tornando o preferido de muitas crianças
da década de 1990, pois é comum crianças se espelharem em personagens poderosos e com
protagonismo de heróis.
Diante das menções anteriores que versam sobre os cinco cavaleiros de bronze e a
apresentação de depoimentos que sugerem forte influência em uma geração, têm-se alguns
acontecimentos ao longo do anime que possivelmente tiveram notável alcance ao público brasileiro,
por exemplo, o treinamento intenso dos cavaleiros que os fez se afastarem de pessoas que amam para
adquirirem força o suficiente para sobreviverem às adversidades. Isso lembra todos os brasileiros que
precisam, muitas vezes, mudar de cidade e abandonar suas próprias famílias com o intuito de trabalhar
e estudar, na esperança de um dia poderem retornar as suas origens e propiciarem melhores condições

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de vida aos familiares. Saori Kido, a reencarnação da Deusa Athena no século XX, também
influenciou principalmente o público do sexo feminino. Saori possui uma doçura e calma bastante
controlável ao liderar seus cavaleiros, e, mesmo sendo de família rica, tinha bastante compaixão e
ternura pelos mais vulneráveis socialmente. Seu maior legado na série é proteger os humanos por
acreditar que o amor é a força motriz que torna os humanos mais fortes. Outros acontecimentos
importantes na série destacam a importância de valores como a honestidade, lealdade, bondade e
amizade. Os cavaleiros só conseguiram superar grandes obstáculos quando fizeram uso da
coletividade em batalhas, respeitando os adversários e não utilizando trapaças para alcançar a vitória.
A essência da força de cada cavaleiro de bronze é deixar de lado o egoísmo e a preocupação
demasiada em querer ser o mais forte.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A condição histórica e mitológica dos cavaleiros do zodíaco, que se reúnem em média a cada
250 anos, resiste às barreiras do tempo e eterniza a iconicidade de um anime que está presente de
forma ímpar na memória de uma geração de telespectadores brasileiros. O anime Saint Seiya, mais
que um fenômeno social, pode ser considerado um marco ainda atual após décadas de sua vinda para
o Brasil. O protagonismo dos cinco cavaleiros de bronze trouxe, de fato, contribuições ao universo
de milhares de pessoas não somente em território latino-americano, mas de outras grandes regiões ao
longo do mundo. A grande influência positiva na geração de jovens da década de 1990 foi no
comportamento e no emocional por meio da personalidade única de Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e
Ikki de forma concomitante apresentada em um único anime. Menciona-se que, também, por meio
de acontecimentos e tramas na história de Saint Seiya, pode-se aferir certa contribuição na formação
da personalidade infantojuvenil da época, principalmente no que tange aos aspectos de liderança,
superação, honestidade e sabedoria dos personagens.
Nesse sentindo, o objetivo deste trabalho foi atingido de forma satisfatória, pois a série
clássica do anime em questão influenciou consideravelmente uma geração de pessoas por meio de
um fenômeno social que foi capaz de transformar comportamentos e emoções. Tal consideração é
confirmada nos vários depoimentos apresentados ao longo deste manuscrito e também pela vivência
empírica com fãs do respectivo anime. Menciona-se, ainda, que os novos telespectadores estão
lidando com o respectivo anime como algo extremamente válido no que diz respeito aos valores
humanos e imensa diversão proporcionada pela obra de Masami Kurumada. Confirma-se, também, a
assertividade da hipótese deste estudo ao se descreverem as características de cada personagem e
acontecimentos da série que influenciaram uma geração.

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O anime Saint Seiya apresenta uma admiração caracterizante de um público que até nos dias
atuais continua assistindo incansavelmente e repetidamente a episódios do anime clássico para rever
acontecimentos, tirar dúvidas de tramas e escutar a abertura, dublagens e trilhas sonoras. Há também
o crescimento de plataformas de compartilhamento de vídeos que debatem os novos acontecimentos
do anime e acabam atraindo uma nova legião de fãs.

REFERÊNCIAS

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