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Resumo: A equação constitutiva de Criminale-Ericksen-Filbey (CEF) foi utilizada para calcular oponto de operação
para a extrusão de polietileno de alta densidade (PEAD) de diferentes pesos moleculares ede suas blendas com
polietileno linear de ultra alto peso molecular (PELUAPM). A viscosidade dependente da taxa de cisalhamento e o
coeficiente da primeira diferença de tensões normais foram obtidos apartir de dados experimentais de um reômetro
capilar. A equação característica da rosca foi calculada utilizando o método de diferenças finitas centrais. Para
comparar, essa equação foi também calculada utilizando a equação da lei das potências. A equação característica da
matriz foi obtida apartir da lei das potências. À temperaturas menores, aequação de CEFproporcionou melhores resultados.
Rosario E. S. Bretas Departamento de Engenharia de Materiais-Universidade Federal de São Carlos 13560 São Carlos, SP Carlos
J. F. Granado * Departamento de Engenharia de Materiais-Universidade Estadual de Ponta Grossa 84010 Ponta Grossa, PR. (man-
dar correspondência para *)
Polímeros: Ciência e Tecnologia - Jul/Set-92 •
37
A Tabela I apresenta o peso molecular médio ponderai A vazão experimental Q e a queda de pressão LlP fo-
a\;\/y,) e num~ico lM !. eadistribuição de pesos molecula- ram medidas numa extrusora de rosca única (Pugliese)
n
res {oPM = Mw/MnJ dos PEAo e PELUAPM (Polialden Pe- como mostrado na Figura 1, com as seguintes espe-
troquímica SAl. cificações:
f3 =0,1 + (1 + 1/2 SR2) 1/6 (2) As seguintes suposições foram feitas para a análise:
1. Oescoamento é independente do tempo;
onde: 2. Oescoamento é laminar;
3. Oescoamento é completamente desenvolvido;
SR =('T" - 'T22 )/ 2'TI 2 (cisalhamento recuperável!. 4. Não há escorregamento na parede;
5. Escoamento incompressível;
sendo que:
6. Forças da gravidade são desprezadas;
7. !/J2 éconsiderado desprezível.
!/JI =('TIl - 'T22)/ Y~I
Extrusão Apl icando a equação constitutiva de CEF à equação
de conservação de quantidade de movimento, e as-
sumindo regime permanente com as condições de con-
torno:
O=~ +~ ~,
Fig.1 - Geometria da rosca da extrusora ax aV YJ aV (3)
0= _dJ
az ax +L [17 ~(+
ax ~ax ill]
[0/1 au x
ay ay
-
• PEAD 2
o PEAD 3
_lJL
2 ay
0/1 Ux[d...
ax
iWz]
ay
(4) Cl
o'"
u
'"
:>
Para resolver esta equação foi empregado ométodo de
diferenças finitas central [lO], no qual as derivadas pa~
ciais podem ser aproximadas por:
§ 2,2
Uz(-W/2,y)=0 U,(W/2,y) = O a:
~ 2;1
Uz(x,O)= O Uz (x,B) =U w
g 2,0
o
ocanal da extrusora foi dividido numa rede de pontos ~
w
1,9
não equidistantes nos eixos x e z. ~ 1,8
A vazão é calculada através dos valores obtidos de ::I:
~ 1,7
velocidade para uma dada queda de pressão, fazendo a w
Cl 1,6
somatória da multiplicação das velocidades no ponto i o
.<[
pela área ao redor desse ponto. Quando a diferença en- N 1,5
<[
a:
tre a vazão anterior e a atual é maior que a diferença es- 1,4
tipulada, novas velocidades são calculadas. Quando a 1,3
10 10 2 10 3 6x10 3
diferença é menor, a vazão é calculada para uma nova TAXA DE C/SALHAMENTO (ç')
pressão [11]. '------------- -~~ -- --
Fig.4 - Razão de inchamento do Extrudado x Taxa de Cisalha-
Os dados de viscosidade em cisalhamento e primeira
menta para os PEAD (T=190ºC) e para BLENDA (T=240ºC)
diferença de tensões normais foram obtidos através de
ajuste polinomial de segunda ordem dos dados reológicos
RESULTADOS EDISCUSSÃO
experimentais.
A equação característica da matriz foi calculada utili- As Figuras 3, 4 e 5 mostram a viscosidade do fundido,
zando a equação da lei das potências, inchamento do extrudado e coeficiente da primeira dife-
rença de tensões normais a 190°C (homopolímeros) e a
Q=
n'IT {-º-}
2
3 d
"2 L\P
]l/
n
240°C (blenda).
[ 2mL (7) Como esperado, aviscosidade aumentou com oaumen-
1+3n
to do peso molecular ataxas de cisalhamento baixas emé-
dias. Entretanto, a altas taxas de cisalhamento, o PEAD 3,
onde: devido a sua maior distribuição de peso molecular, tem
uma viscosidade menor que oPEAD 2. Ouso de 10% em pe-
so de PELUAPM aumenta levemente aviscosidade.
n= índice da lei das potências; OPEAD 3apresentou um comportamento de inchamen-
m= consistência do fundido. to do extrudado diferente. À baixas taxas de cisalhamento
eassumindo que Vr = Ve = OeVz =Vz(r). sendo V=velo- seu inchamento foi menor que os PEAD 1e 2, contrário ao
cidade do polímero na matriz. aumento do inchamento esperado com oaumento do peso
A Tabela II apresenta os dados experimentais usados molecular [12]. Oinchamento da blenda foi menor que oin-
na simulação e as taxas de cisalhamento na rosca e ma- chamento dos PEAD, devido provavelmente que a tempe-
triz, i'r e i'm, respectivamente. ratura utilizada foi maior.
10 10 2
Oll!,--O-....Q:=F::::::...-.....L-----L..-_~
O 1000 2000 3000 4000
TAXA DE CISALHAMENTO QUEDA DE PRESSÃO (N /cm z )
Fig.S - Coeficiente da Primeira Diferença de Tensões Fig. 7 - Vazão x Queda de Pressão para PEAD 2, onde EXP
Normais (C.P.DTN.) para os PEAD (T=190°C) e para = Experimental e LP = Lei das Potências.
BLENDA (T=240°C).
12~----------=---r-----'
TABELA 11
Polímero T N i'r Yrn 1/0(*) m(**)
(Oe) (rpm) (s-l) (s-l) (Ns"/cm)
15,0 10r--------=--------,-~
llCEF - '190oCOCEF _ 2100C llCEF - 240°C
, EXP - 190°C o EXP - 2100C 'EXP - 240°C
c MATRIZ-190°C YMATRIZ -210°C c MATRIZ-240°C
a LP - 190°C v LP - 2100C 8 aLP-240oC
'10,
, 6
......"' "'e
1 7,5
o
u
o '<t
'<t
N ~ 4
§ ::>
5,0
2
2.5
Fig. 6 - Vazão x Queda de Pressão para o PEAD 1, onde Fig. 9 - Vazão x Queda de Pressão para a Blenda 9/1 , onde
EXP = Experimental e LP = Lei das Potências. EXP = Experimental e LP = Lei das Potências.
~
40 Polímeros: Ciência e Tecnologia - Jul/Set-92
100 AGRADECIMENTOS
li PEAD 1-CEF
80 • PEAD 1 - LP
o PEAD 2-CEF
À Polialden Petroquímica S.A., à FAPESP (Contrato Nº
60 ·PEAD2-LP 87/2699-5) e ao CNPq (401470/88-1MM/FV/PQ) pelo su-
O PEAD 3-CEF porte financeiro.
_ 40 • PEAD 3 - LP
*
~ 20
• BLENDA-CEF
v BLENDA-LP
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
o::
lU
ol---~~------"'~-------j 1. BRETAS. R. E. S.; POWELL R. L. - "Dynamic and Transient
Rheological Properties of Glass Filled Polymer Melts,
-20 Rheologica Acta, 24, 69-74, (1985)".
-40
2. BRETAS, R. E. S.; BRETAS, N. G. - "Software para o Cálculo
das Propriedades Viscoelásticas e Estruturais de Polí-
-60180 190 200 210 220 230 240 250 260 270
meros Fundidos, "Anais do 7º CBECIMAT. UFSC, Floria-
TEMPERATURA rOC)
nópolis, p. 479-482, (1986).
Fig. 10 - Erro x Temperatura
3. SHROFF, R. N.; SHIDA. M. - "Application of a Constitutive
Para fazer uma comparação, as curvas de Qversus ilP Equation to Polymer Melts", Journal of Applied Polymer
foram também calculadas utilizando a equação da lei Science, vol 26, 1847-1863, (1981 ).
das potências. As Figuras 6, 7, 8 e 9 mostram essas si-
mulações a 1900 C e 210 0 C (homopolímeros) e 240°C 4. MITSOULlS, E.; VLACHOPOULOS, J. - "A Numerical Study of
(blenda). the Effect of Normal Stress and Elongational Viscosity
A figura 10 mostra uma curva de erro (E) versus tem- on Entry Vortex Growth and Extrudate Swell", Polymer
peratura, onde E = [ (vazão calculada - vazão experi- Engneering and Science, vol. 25, 677-689, (1985).
mental) / vazão experimental] xl 00. Oerro cai com o au-
mento da temperatura, independente do polímero e da 5. RAUWENDAAL C. - "Throughput-Pressure Relationships for
equação constituitiva utilizada na simulação. A equação Power Law Fluids in Single Screw Extruders", Polymer
de CEF deu melhores resultados para os PEAD 1 e 3, às Engineering and Science, vol. 26, 1240-1244, (1986).
temperaturas menores. Considerando o peso molecular,
pode ser observado que quanto maior o seu valor, maior 6. AGUR, E. F.; VLACHOPOULOS, J. - "A Computer Model of a
será o erro introduzido utilizando a equação de CEF. Em Single-Screw Plasticating Extruder", Polymer Engine-
relação à distribuição de peso molecular, um aumento ering and Science, vol. 22, 1084-1094, (1982).
nesse parâmetro produz um aumento no erro, indepen-
dente da equação empregada. 7. BIRD, R. B.; ARMSTRONG, R. C.; HASSAGER, O. -
"Dynamics of Polymeric Liquids", vol. 1, 2º ed., John Wi-
ley & Sons, New York (1987).
CONCLUSÕES
8. MIDDLEMAN, S. - "Fundamentais of Polymer Processing"
Medidas de elasticidade do fundido conjuntamente McGraw Hill Book Co, NewYork, (1977).
com uma equação constitutiva adequada, que incorpora
esses parâmetros, podem proporcionar uma melhor simu- 9. TANNER, RI. - "A Theory of Die-Swell", Journal of Polymer
lação do processamento do polímero. Science, Part A-2, 8, 2067-2078, (1970).
Quando a simulação é isotérmica, portanto longe do
processo real, a equação da lei das potências continua 10. CROCHET. M. J.; DAVIES, A. R.; WALTERS, K. - "Numerical
sendo uma aproximação válida. Contudo, o processo de Simulation of Non-Newtonian Flow", Elsevier Pub. Co.,
extrusão é sabidamente não isotérmico; nesse caso a New York (1984).
elasticidade do fundido influirá marcantemente o cálculo
do ponto de operação, já que ela é um parâmetro depen- 11. GRAMADO, C. J. F. - "Simulação de um Processo de Trans-
dente da temperatura. Nesse caso, a equação de CEF po- formação de PEAD ede suas Blendas com Peluapm", DE-
derá apresentar melhores resultados. Ma-UFSCar, 1990, 123p, (Mestrado).
À temperatura de 190°C, os valores obtidos util izando
a equação de CEF foram mais próximos aos experimen- 12. LA MANTIA. F. P.; VALENZA. A.; ACIERNO, D. - "A Compre-
tais. Isso pode ser explicado pelo fato de que à tempera- hensive Experimental Study of the Rheological Beha-
turas mais baixas, os efeitos elásticos serão mais viour of HDPE. I. Entrance Effect and Shear Viscosity Re-
pronunciados. sults," Rheologica Acta, 22, 308-312, (1983). •