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1598124265Ps Colheita Gros PDF
1598124265Ps Colheita Gros PDF
Kelly Pazolini em
https://blog.agromove.com.br/danos-pragas-pos-colheita-graos/
O Brasil se destaca como um dos maiores produtores mundiais de grãos. Segundo a CONAB, a
produção brasileira aumentou em 6,4% na safra atual, passando de 227,7 em 2017/18, para
242,1 milhões de toneladas na safra 2018/19.
A soja, o milho e o arroz foram as principais culturas produzidas no país. Apesar de sua relevância
mundial na produção de grão, o Brasil convive com perdas elevadas de pós-colheita,
principalmente durante o transporte e armazenamento. A estimativa mais recente aponta uma
perda de 20% de toda a produção, do momento da colheita, passando pelo transporte,
armazenagem e escoamento final. Entre as principais causas de perda de pós-colheita de grãos
estão ataques por insetos, ácaros, pássaros, roedores, fungos e bactérias.
Os grãos são organismos que continuam vivos depois de sua colheita e, devido a suas atividades
biológicas e ao alto teor de água em sua composição, eles são altamente perecíveis. O período
de pós-colheita, ou seja, o período entre a colheita até o consumo dos grãos, é caracterizado por
grandes perdas da sua qualidade devido a deteriorações.
Esse problema se agrava quando somado a carência de armazéns adequados, falta de manejo
apropriado durante o cultivo, colheita de grãos com teor de água superior ao recomendado, alto
índice de impurezas dos grãos e principalmente, ao desconhecimento dos princípios de
conservação dos grãos.
A ocorrência de ataques por insetos, ácaros, pássaros, roedores, fungos e bactérias em pós-
colheita de grãos são as maiores causadoras de perdas qualitativas, tanto dos grãos como de seus
subprodutos (farinha, farelos, óleo, entre outros).
Principais pragas responsáveis por perdas em pós-colheita de
grãos
Insetos e fungos se destacam como as mais importantes pragas responsáveis pelas perdas no
período de pós-colheita. Esses organismos facilmente se adaptam a condições de ambientes
secos, escuros e com baixa concentração de oxigênio, como ocorre durante o armazenamento
de grãos.
Em relação aos insetos, existem dois importantes grupos relacionados a danos de pós-colheita
de grãos: os besouros e as traças.
Os insetos são classificados, de acordo com seu hábito alimentar, em pragas primárias e pragas
secundárias. As pragas primárias danificam grãos íntegros e são, por sua vez, subclassificadas em
pragas primárias internas (completam o ciclo de vida no interior do grão) e pragas primárias
externas (danificam a parte externa do grão e se alimentam do conteúdo interno, entretanto não
completam o seu ciclo de vida nesse local). Já as pragas secundárias se alimentam de grãos já
danificados.
• Besourinho dos cereais (Rhyzopertha dominica): ataca trigo, arroz, milho, cevada, aveia, centeio
e triticale. É uma praga primária interna com capacidade de destruir 5 a 6 vezes seu próprio peso
em uma semana. Ao se alimentar, perfura as sementes e deixa resíduos na forma de farinha sobre
os grãos. É a principal praga na armazenagem no Brasil pela sua ampla disseminação e dificuldade
de controle.
Figura 1 - Inseto praga de pós-colheita de grãos: Besourinho dos cereais.
Fonte: Purdue University.
• Gorgulhos dos cereais (Sitophilus oryzae e S. zeamais): ataca soja, milho, arroz, aveia, cevada,
trigo, entre outras. São pragas primárias internas. A relevância dessas pragas se dá por
apresentarem infestação cruzada, ou seja, infestar sementes no campo e também no
armazenamento, causando severa redução do peso e na qualidade do grão.
Os fungos, também chamados de mofos ou bolores, podem estar associados à ocorrência dos
insetos que, ao danificarem os grãos, acabam criando uma porta de entrada para esses
microrganismos. Ao se alimentarem e movimentarem entre os grãos, os insetos acabam por
serem importantes agentes de disseminação dos fungos.
Assim, devido ao “auxílio” dado pelos insetos e por seu alto potencial de dano em pós-colheita
de grãos, os fungos estão, juntamente com os insetos, no topo da lista das principais pragas de
grãos armazenados.
O processo de infecção de grãos por fungos começa ainda no campo, principalmente na fase de
maturação fisiológica. Grãos infectados, no campo ou durante o armazenamento, apresentam
descolorações, redução na germinação, perda da matéria seca e alteração do valor nutricional.
Os grãos infectados por fungos são chamados de grãos ardidos.
Além da deterioração de grãos, alguns fungos apresentam o agravante de, durante a infestação,
produzirem substâncias tóxicas chamadas de micotoxinas. Essas toxinas, se ingeridas ou
absorvidas pela pele, podem causar graves danos à saúde dos homens e de animais.
Alguns dos principais fungos de armazenamento de grãos são:
• Podridão por Aspergillus spp.: geralmente associada a amendoim, arroz e milho que podem ser
infestados tanto durante o cultivo como no período pós-colheita. Produz micotoxinas chamadas
de aflatoxinas que, se ingerida em excesso, pode levar a danos ao sistema nervoso e graves
problemas no fígado, como cirrose e câncer.
• Mofo azul/mofo verde (Penicillium spp.): o gênero Penicillium ataca diversas culturas de
importância econômica, como arroz, café, cevada, ervilha, feijão, milho, soja, sorgo e trigo. Esse
fungo também está comumente relacionado a podridões de pós-colheita de frutos,
principalmente laranjas e é o famoso bolor verde do pão. Penicillium também produz micotoxinas.
Figura 8 - Podridão de pós-colheita causada por Penicillium em espiga de milho.
Fonte: James Stack.
Além disso, unidades armazenadoras de sementes, se atacadas por pragas, pode inviabilizar a
safra seguinte. Estudos verificaram o efeito da infestação do Gorgulho dos cereais e da Traça-
dos-cereais na qualidade das sementes do milho. Comparada às sementes não infestadas, a
presença das pragas levou a uma redução na germinação de 85 a 93%.
A ocorrência de pragas está diretamente associada a perdas quantitativas e qualitativas nos grãos
durante o seu armazenamento. Perdas quantitativas estão relacionadas com a redução de peso
e/ou redução do volume do lote de grãos.
As perdas qualitativas causadas por pragas são a redução na germinação, a descoloração de
sementes, as alterações nutricionais, a perda de matéria seca, a produção de odores
desagradáveis, a perda de qualidade de panificação e a presença de micotoxinas.
A presença de micotoxinas está relacionada principalmente com grãos de milho, cereais, soja,
sorgo, girassol e amendoim. Por serem termo resistentes, as micotoxinas podem estar
presentes mesmo em alimentos processados que foram produzidos com grãos infectados ou
mesmo no leite de animais que se alimentam de grãos contaminados.
As aflatoxinas são consideradas 68 vezes mais letais que o arsênico. Os sintomas relacionados
com o seu consumo são febre, dor abdominal, vômito e hepatite. A toxicidade crônica pode
desencadear câncer e, assim, é classificada pela Organização Mundial de Saúde como um
Carcinógeno do Grupo 1.
Entre os anos de 2004 e 2007, milho contaminado com aflatoxina deixou quase 200 mortos no
Quênia. Além disso, milhares de pessoas foram hospitalizadas e milhões de sacas de grãos
contaminados foram descartadas. Chuva durante o período da colheita e condições
inadequadas de armazenamento foram apontadas como as principais causas dos altos níveis
de aflatoxina no milho.
Em 2005, mais de 75 cachorros morreram nos EUA após consumirem ração contaminada com
aflatoxinas, e centenas apresentaram sérios problemas no fígado associados com a
intoxicação.
Mesmo na Europa, onde existem restritas regras sobre segurança alimentar, em 2013 alguns
países relataram ampla contaminação de pessoas por aflatoxina em leite.
Não há dados sobre surtos ou casos de intoxicação por aflatoxinas e outras micotoxinas no
Brasil. Entretanto, acredita-se que isso se deve à falta de vigilância e conhecimento sobre o
assunto, e assim, muitos casos não são diagnosticados ou notificados. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta os limites máximos tolerados para a presença de
micotoxinas em alimentos no Brasil.
Patógenos e pragas de pós-colheita de grãos podem causar danos desde uma pequena perda
financeira até o descarte total de lotes, de irritações cutâneas até catástrofes alimentares. Assim,
o conhecimento e a adoção de boas práticas agrícolas e de controle de patógeno e pragas de
pós-colheita se faz essencial.
Além disso, de pouco adiantam todos os cuidados e elevadas despesas para o manejo da cultura
na lavoura, se o produto for atacado e destruído após a colheita.
Entretanto, embora sejam em sua maioria simples de serem empregados, os princípios básicos
para a conservação dos grãos são desconhecidos ou negligenciados. Assim, no próximo texto
sobre pós-colheita de grãos iremos abordar as principais medidas a serem adotadas para
preservar a qualidade de grãos armazenados, desde o campo até o armazenamento.
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>> Leia mais sobre pós-colheita em nosso artigo "O impacto da pós-colheita".
>> Quer saber os "5 fatores que podem ser os responsáveis pela perda de produtividade da
lavoura"? A logística é um deles!
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