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PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE

HISTÓRIA DA TEORIA DA PSICOLOGIA DA


PERSONALIDADE
Querlenilda Ferreira dos Santos

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Olá!
Você está na unidade História da teoria da psicologia da personalidade. Conheça aqui como se deu o

processo de evolução histórica da psicologia da personalidade, definição e conceito de personalidade, seus

estudos científicos, diversos métodos e técnicas e estratégias de investigação da personalidade.

Entenda os funcionamentos psíquicos que direcionam os trabalhos dos profissionais da psicologia, bem como a

importância de conhecer o processo evolutivo da história da personalidade, suas estruturas e sua importância no

desenvolvimento humano para a excelência no exercício da profissão.

Bons estudos!

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1 Evolução histórica da teoria da personalidade
Na psicologia da personalidade o elemento principal de estudo é o indivíduo. Por tanto, compreender a

personalidade humana é considerar o ser em sua totalidade, peculiaridade e singularidade. Personalidade é um

termo que apresenta muitas alterações de significado. Em geral, dá um entendimento amplo de elemento que

compõe o ser humano. Já no senso comum, é utilizado para mencionar uma característica marcante de algum

indivíduo (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015).

Como exemplo desse pensamento comum, tem-se a timidez, extroversão ou, ainda, para se referir a alguém

importante ou marcante: "uma personalidade". Popularmente, a personalidade dada a uma pessoa pode

significar, para o senso comum, se essa pessoa é boa ou má, mas na psicologia evitamos esse conceito de valor.

Figura 1 - Máscara de teatro


Fonte: Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: A imagem mostra duas máscaras de teatro de cor branca em fundo azul, a do lado esquerda está

feliz e a do lado direito está triste.

Durante o século XIX, a psicologia nasce como ciência livre e, principalmente, experimental a partir de algumas

combinações de ideias da filosofia e da fisiologia, no final do século XIX, na Alemanha. Com uma grande parcela

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de contribuição de Wilhelm Wundt, foi criado o primeiro laboratório de psicologia, em 1879, na Universidade de

Leipzig (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2004).

Esse primeiro momento de estudo da consciência foi concentrado em análise de experiência consciente,

trazendo suas partes fundamentais, alguns métodos tinham modelos que foram utilizados para testagens. Wundt

e outros psicólogos da época focaram seu estudo na natureza humana e na ciência natural e continuaram a

pesquisar o estudo da mente.

O foco até então foi estudar somente os processos mentais que poderiam ser afetados por alguns impulsos

externos expostos e que conseguissem ser manipulados e controlados experimentalmente. Na perspectiva da

psicologia experimental, não tinha espaço para um estudo tão afundo, de difícil compreensão e grandioso como a

personalidade humana.

Ainda nessa época, o psicólogo norte-americano John B. Watson era um teórico muito dedicado ao estudo do

comportamento humano, o que proporcionou uma revolução contra o trabalho de Wilhelm Wundt. Esse

movimento ficou conhecido na época como Behaviorista. Os argumentos de Watson para Wundt era que se a

psicologia desejasse ser uma ciência, tinha que se concentrar unicamente nos aspectos concretos da natureza

humana, ou seja, no que podia ser visto, observado, ouvido, registrado e em comportamento evidente e não em

algo da consciência.

Segundo Schultz e Schultz (2016), a escola Behaviorista fundada por John B. Watson, centralizava seus estudos

em comportamento manifesto em vez de processos mentais, pois, para ele, a consciência não pode ser vista ou

experimentada. Alguns psicólogos comportamentais da época descartaram todas essas noções de sentimentos e

complexidade que vêm à mente quando usamos a palavra personalidade.

Nessa corrente filosófica, a personalidade é uma combinação de respostas aprendidas ou simplesmente um

hábito, que mais à frente foi estudada e justificada pelo teórico Skinner e a nomeou de behaviorismo radical. A

teoria Behaviorista reduzia a personalidade ao que podia ser visto e observado objetivamente e não teria lugar

na teoria para as forças do consciente e do inconsciente.

A psicanálise foi a primeira corrente teórica a estudar formalmente a personalidade. Criada pelo teórico

Sigmund Freud, essa abordagem ressalta as forças do inconsciente, de que maneira ela pode caracterizar a

personalidade humana. Além disso, Freud estudou também os impulsos sexuais que poderiam ser encontrados

biologicamente e que poderiam estar relacionados à história de vida do indivíduo e como processo desde a

infância.

Sigmund Freud não era psicólogo, mas era um médico que trabalhava com indivíduos que sofriam de problemas

mentais, portanto não usou métodos experimentais em sua técnica, organizou a sua própria teoria da

personalidade com base em suas observações clínicas dos pacientes que atendia. Dessa forma, começa aparece

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aqui a terceira força de estudo sobre a personalidade humana, pois fica claro que a teoria psicanalítica ocupou

um papel importantíssimo no desenvolvimento da psicologia (FADIMAN; FRAGER, 2002).

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1.1 Níveis da personalidade

De acordo com a teoria Freudiana, nada ocorre por acaso e muito menos os processos psíquicos, para cada

pensamento, memória e ação tem suas justificativas. Qualquer evento psíquico é motivado pelo consciente ou

inconsciente de cada indivíduo e é definido pelos fatos que causaram cada um deles.

As opiniões de Freud impactaram tanto a psicologia quanto a cultura de modo geral, proporcionaram outra

direção aos estudos da personalidade humana e revolucionaram a forma de compreensão em estudar a natureza

humana e suas complexidades. A personalidade na história da psicologia sempre esteve entrelaçada ao estudo e

à compreensão do desenvolvimento psíquico, desde o nascimento até a velhice.

Figura 2 - Sigmund Freud


Fonte: catwalker, Shutterstock, 2020.

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#PraCegoVer: A imagem mostra um selo postal utilizado na Áustria no ano de 1981 com a foto de Sigmund

Freud. Ele está de perfil, a figura está na cor lilás, na lateral do quadro tem o nome dele e a data de nascimento e

de sua morte: 1856-1939.

As teorias da personalidade para Freud se dividiam em três níveis que ele chamou de:

Consciente

São todas as nossas sensações e experiências das quais estamos cientes, ou seja, nossas ações intencionais.

Inconsciente

É a morada dos instintos, aqueles desejos que regem o nosso comportamento e que estão menos expostos,

aquele que está afundo.

Pré-consciente

É o deposito de recordações, percepções e ideias das quais não estamos cientes no presente, mas que podemos

facilmente levar para o consciente.

Conforme Schutz e Schutz (2016), Freud acreditava que o inconsciente era a principal força incentivadora da

vida e foi uma das quais chamou sua atenção e se dedicou a estudar, pois para ele os conflitos da infância eram

reprimidos para fora do inconsciente e o objetivo do estudo de Freud era trazer essas lembranças, essas dores e

esses pensamentos contidos para o nível de consciência.

De acordo com os autores, o consciente para Freud era algo limitado da personalidade, pois somente uma parte

dos nossos pensamentos, nossas sensações e nossas lembranças existe em nossa consciência. Ele chegou a

comparar a mente à ponta do icerberg:

O consciente é a parte menor do iceberg que está sobre a superfície da água.

O inconsciente é a parte maior e invisível, abaixo da superfície da água.

Esse era o foco na teoria psicanalítica, estudar mais afundo o inconsciente, aquilo que para ele ainda era um

mistério saber, o que está além do que é visto.

Outro exemplo interessante do inconsciente é que se a sua mente se desviar nesse momento da leitura desta

página e você pensar em seu namorado ou namorada ou sobre o que aconteceu na noite anterior, estaria

carregando o conteúdo para o pré-consciente e para o consciente. Muitas vezes notamos a nossa atenção indo e

voltando em memórias de algum momento ou eventos vividos que estão armazenados no pré-consciente.

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1.2 Estrutura da personalidade humana

Todas as teorias que estudam a personalidade acreditam que assim como os animais, os seres humanos também

nascem com instintos, e esses instintos servem como motivações para os nossos impulsos, algo que não

conseguimos ter o controle. Um exemplo disso é o bebê recém-nascido, ele vai chorar para obter o alimento,

nesse caso o leite materno, quando suas necessidades não forem atendidas, a criança começa a chorar de fome,

pois ela não consegue localizar o alimento sozinha, sem dúvida vai chorar em resposta a estímulos que lhe foram

causados.

id
Freud se referiu a essa essência da personalidade como id, reservatórios dos instintos que funcionam de acordo

com as exigências do prazer, sem ter consciência da realidade que é aquilo que queremos no momento, sem levar

em consideração o que os outros desejam, é um sistema egoísta que procura o prazer de maneira impulsiva

(FRIEDMAN; SCHUSTACK, 2004).


Ego
Outra estrutura da personalidade é o ego, que opera como processo secundário. Segundo Freud, ele é o mestre da

racionalização da personalidade, tem como objetivo controlar os impulsos do id, ajuda a reduzir a tensão do que

se quer alcançar. O ego decide quando e como os instintos do id podem ser satisfatórios da melhor forma

possível. De acordo com os argumentos de Freud, precisamos nos proteger de sermos todo o tempo controlados

pelo id.
Superego
Conforme apontado por Friedman e Schustack (2004), o superego é o aspecto moral da personalidade dos

valores, modelo dos pais e da sociedade, reflete sobre a nossa consciência, o nosso conjunto interno de princípios

éticos que estão nos ensinando a fazer, isto é, não estamos sempre conscientes das forças morais internas que

pressionam e proíbem nossos atos individuais.

Ainda de acordo com os autores, o ego fica no meio, sendo esmagado por essas duas estruturas insistentes e

opostas. Assim, conseguimos até imaginar os resultados desses confrontos quando o ego é intensivamente

pressionado pode aparecer a ansiedade.

Assista aí

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2 Definição e conceito da personalidade
A definição de personalidade tem origem no latim, que significa persona, já no senso comum, significa dizer que

é algo aparente e externo do indivíduo ou suas qualidades superficiais. Nascemos com determinadas

predisposições e capacidades inerentes ao desenvolvimento físico e emocional, que pode ser influenciado.

O conceito de personalidade está em um o conjunto de traços psíquicos do indivíduo, que consiste nas

características individuais de cada pessoa em relação ao meio. Alguns fatores podemos levar em consideração a

personalidade em seu aspecto físico, biológico, psíquico e sociocultural de sua formação, reunindo tendências

inatas e experiências adquiridas ao longo da vida.

Fique de olho
Os psicólogos da personalidade utilizam-se de métodos de intervenção científica para testar as
teorias. As técnicas diferenciam-se desde avaliações matemáticas formais a traços de
capacidades até um teste validado cuidadoso e aprimorado dos pensamentos, sentimentos e
comportamentos de um único indivíduo.

O conceito de personalidade é amplo, ou seja, pode significar para muitos o que chamamos de temperamento

do ser humano. Muitos autores, durante séculos, procuraram reconhecer um possível entendimento entre a

constituição corporal, o temperamento e o caráter do indivíduo. A constituição corporal é a própria morfologia,

metabólica e hormonal, transmitida pelo fator genético (PASQUALI, 2000).

O temperamento é algo inato, determinado por fatores genéticos, essa identificação não é uma tarefa tão simples

de se realizar, pois as pessoas trazem consigo fatores adquiridos e aprendidos na relação familiar e social. O

caráter representa o temperamento modificado e, em alguns casos, vai na contramão do temperamento

(DALGALARRONDO, 2003).

Por exemplo, uma pessoa que tem características exibicionistas, na maioria das vezes esconde talvez ser uma

pessoa tímida e fóbica ou demostra ter um caráter agressivo, também pode estar escondendo um temperamento

medroso e angustiado. O temperamento não deve ser confundido com o caráter, pois o primeiro é algo básico e

constitutivo do indivíduo, o segundo é a reação predominante da pessoa diante de diversas situações e estímulos

expostos.

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2.1 Transtorno da personalidade

Os transtornos da personalidade são um grupo de doenças psiquiátricas em que os indivíduos possuem como

padrão de pensamentos e comportamentos bastante rígidos e mal organizados. Sem tratamento e sem

reconhecer que envolve psicoterapia e tratamento medicamentoso, o problema pode se agravar e ter longa

duração, causando sofrimento e dificuldade para a vida da pessoa acometida, trazendo prejuízos nos

relacionamentos pessoais e em outras áreas da vida. São classificados em grupos que têm características

comuns, apesar de alguns traços diferentes.

Como apontado por Dalgalarrondo (2003), o conceito de transtorno de personalidade foi ao longo dos últimos

séculos denominados em diferentes formas: insanidade moral, transtorno, neurose de caráter e afins. Embora

nomeado de maneira errada por muitos pesquisadores, os profissionais de saúde chamaram de psicopatia, pois

para eles o objetivo central desses transtornos é a personalidade do indivíduo e suas complexidades de

entendimento diante do sofrimento psíquico.

Ainda de acordo com Dalgalarrondo (2003), esses transtornos geralmente aparecem na infância ou na

adolescência e podem permanecer relativamente estáveis ao longo da vida, ou seja, a pessoa quase sempre não

os percebem, manifestam por meio de conjunto de comportamentos e reações emocionais visivelmente

desarmoniosas, envolvendo vários aspectos da vida do indivíduo, como afetividade, controle de impulsos e modo

e estilo de se relacionar.

O padrão anormal de comportamento e de respostas afetivas e volitivas é permanente, de longa

duração e não limitada ao episódio de doença mental associada (como uma fase maníaca ou

depressiva, um surto de esquizofrênico, etc.) o padrão anormal de comportamento inclui muitos do

psiquismo e da vida social do indivíduo, não sendo restrito a apenas um tipo de reação ou uma área

do psiquismo. O padrão comportamental é mal adaptativo, produz uma série de dificuldades para o

indivíduo e para as pessoas que com ele convive. (DALGALARRONDO, 2003, p. 270)

O transtorno de personalidade leva ao grau de sofrimento muito difícil de ser controlado pela pessoa. Exemplos

dessa desordem são: angústia, solidão, medo, sensação de fracasso pessoal, dificuldade em estabelecer

relacionamentos amorosos e lidar com eles. Em geral, o transtorno de personalidade colabora para o mau

desenvolvimento no trabalho, nos estudos há dificuldades de concentração devido às confusões psíquicas que

geram na vida social da pessoa e de seus familiares e amigos.

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A seguir, conheça as características dos transtornos da personalidade do grupo A, dentre vários outros que

fazem parte da personalidade.

• Transtorno da personalidade paranoide

Sensibilidade excessiva a rejeições e a contratempos, desconfiança excessiva, exagera e distorce as

experiências por interpretar errado, acha sempre que vai ser enganado, por essa razão podem ser hostis

e emocionalmente são desapegados.

• Transtorno de personalidade esquizoide

Distanciamento afetivo, capacidade limitada para expressar sentimentos amorosos, pouco interesse em

ter experiências sexuais.

• Transtorno de personalidade esquizotípica

Pode apresentar um comportamento excêntrico, pensamento e crenças incomuns ou bizarras,

sentimentos de desconforto em ambientes sociais, dificuldades para ter relacionamentos íntimos.

• Transtorno de personalidade borderline

Pode indicar mudança emocional rápida, sentimentos crônicos de vazio, dificuldades sérias de

instabilidade com relação à autoimagem, relacionamentos pessoais intensos, mas muito instáveis,

oscilando em curtos espaços de tempo de uma grande paixão ou amizade para ódio e rancor intensos.

• Transtorno de personalidade tipo impulsivo

Impulsividade sem considerar suas consequências ou prejuízo de vida, instabilidades afetivas intensas,

excesso de raiva exagerado.

• Transtorno de personalidade histriônica

Caracterizado por uma dramatização, teatralidade, expressão exagerada das emoções, busca contínua

para chamar a atenção, quer ser o centro das atenções, demostra reações infantis, tem pouca tolerância à

frustação.

• Transtorno de personalidade narcisista

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O indivíduo que apresenta senso de irrealidade, ou seja, se acha grandioso, julga ter talentos especiais,

espera ser reconhecido como superior sem que tenha feito nada real para isso acontecer, requer sempre

admiração excessiva, frequentemente é uma pessoa invejosa ou simplesmente acha que as pessoas têm

inveja dela, quase sempre é uma pessoa arrogante.

Esses são os mais recorrentes em comportamentos específicos de personalidade, como uma perturbação grave

da constituição comportamental do indivíduo. Os transtornos de personalidades não são propriamente doenças,

mas danos no desenvolvimento psíquico, sendo classificados também como uma perturbação da saúde mental

do indivíduo.

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3 Estudo científico da personalidade
Observamos que os estudos da personalidade começaram com duas práticas e objetivos diferentes, é necessário

considerar que a psicologia experimental, em anos de sua formação não desconsiderava totalmente a

personalidade humana, mas compreendia-se alguns de seus aspectos. Contudo, não havia uma área específica de

estudo como tinha na psicologia social e infantil.

Apenas no ano de 1930, de acordo com Hall; Lindzey e Campbell (2004?), o estudo da personalidade foi

formalizado na psicologia norte-americana, especialmente com o estudo de Gordon Allport, na universidade de

Harvard. A obra mais importante de Allport foi A Psysonality, que mais tarde ficou conhecida como os estudos

da personalidade. Os estudiosos da época começaram a desenvolver e oferecer cursos e pesquisas para facilitar o

estudo e a compreensão.

Com isso, os psicólogos acadêmicos da época começaram a acreditar que era capaz de se desenvolver um estudo

científico da personalidade. Essas atividades dão início a um reconhecimento cada vez maior da importância de

entender e compreender a personalidade em diversas linhas de pensamentos e estudos que podia ser inserida a

psicologia.

De 1930 até hoje, surgiram diversas abordagens teóricas que estuda a personalidade. Vimos ao longo dos nossos

estudos os enfoques das abordagens psicanalíticas e Behavioristas, mas há ainda outras abordagens, como a

abordagem humanista, que enfatiza as forças humanas, virtudes, aspirações e a realização de nosso potencial; e

a abordagem cognitiva, que enfatiza as atividades mentais conscientes (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2004?).

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3.1 Dinâmica da personalidade

A primeira teoria para estudo formal da personalidade foi a psicanálise e tem sua origem com o teórico Sigmund

Freud, que deu início ao seu trabalho no século XIX. Suas criações foram tão importantes para o estudo da

personalidade humana que foi considerado o pai da psicanálise e serve como referência no surgimento de

muitos outros teóricos da época.

Conforme Hall, Lindzey e Campbell (2004?), Freud foi ensinado perante a influência vigorosamente determinista

e positivista da época, ele enxergava o organismo humano como um conjunto complexo de energia psíquica

que era extraída do alimento consumido e que gastava uma quantidade limitada de energia em finalidades

diferentes, como a circulação, a respiração, os exercícios físicos, o pensar e o lembrar.

Ainda segundo os autores, não existia nenhuma razão para considerar que a energia que fornecesse o poder para

respirar ou dirigir ocorresse de modo diferente, salvo a energia para pensar e recordar. Como repetia

firmemente os físicos da época e o próprio Freud, a energia tinha que ser definida conforme o trabalho que

realizava.

Se o trabalho consiste em um exercício psicológica como pensar, é correto e legítimo acreditar que essa forma de

energia é a energia psíquica, acompanhando esse raciocínio, esse princípio de conservação de energia que pode

ser transformada de um estado para outro, mas nunca em tempo algum, se perde no sistema cósmico. Isso

acontece com a nossa energia fisiológica e vice e versa. O ponto de informação entre a energia do corpo e a

personalidade é o id e seus instintos.

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3.2 Instinto

Um instinto é caracterizado como uma intepretação psíquica instintiva que pode ser a fonte somática interna

de excitação. A interpretação psicológica é chamada de desejo, e a excitação corporal da qual se origina é

chamada de necessidade. Assim, a situação de estar com fome pode ser descrita como medidas fisiológicas como

uma condição de deficiência nutritiva dos tecidos do corpo, ao passo que psicologicamente ela é representada

como um desejo de alimento.

A vontade age como uma causa para o comportamento, a pessoa com fome procura alimento para saciar seu

desejo, os instintos são vistos como fatores impulsores da personalidade, eles exaltam o comportamento, mas

também têm o controle da direção que o comportamento avançara. A pessoa faminta é mais sensitiva aos

impulsos alimentares e a pessoa sexualmente excitada tem mais probabilidade a responder a estímulos sexuais.

Os instintos de vida auxiliam a pessoa para a sobrevivência individual e da criação da raça, a fome, a sede e o

sexo se integram nessa categoria. A maneira de energia pela qual o instinto de vida atua sua tarefa é chamada de

libido. O instinto de vida ao qual Freud deu mais atenção foi o sexual, e nos primeiros anos de teoria

psicanalítica, para ele, praticamente tudo o que a pessoa exercia era dado a essa pulsão.

Assista aí

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O reconhecimento dessas necessidades orgânicas é uma tarefa para os estudiosos da fisiologia e não cabe aos

profissionais da psicologia buscar saber de quantos instintos somos constituídos, e sim entender como os

principais instintos que já foram descobertos pode influenciar no desenvolvimento da personalidade humana e

como eles são importantes para essa compreensão do comportamento, que ficou conhecido como instinto de

vida e instinto de morte.

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Figura 3 - Fatores que colaboram para a construção da personalidade
Fonte: Hall; Lindzey; Campbell, 2004 (Adaptado).

#PraCegoVer: A tabela de quatro colunas e três linhas apresenta os fatores que podem colaborar na construção

da personalidade humana.

Essa tabela expressa a função de conhecimento como se manifesta o nível físico e psíquico do comportamento

do ser humano. Em diferentes estímulos que esse é exposto, no fenômeno de percepção sensorial e psíquico. Ao

passar por qualquer estímulo físico, a manifestação da emoção corporal e do sentimento é imediata. No nível

psíquico, passa a agir de forma intuitiva, é o reflexo do nível físico na ação livre da ação psíquica e na tomada de

decisão de determinado comportamento.

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4 Métodos e estratégias de investigação da personalidade
Na psicologia existem vários métodos e estratégias para investigação da personalidade do indivíduo, são

utilizados para fins de investigação os princípios de confiabilidade e validade dos testes, que estão sendo

utilizados para avaliar e medir a capacidade mental do indivíduo de maneira adequada, buscando sempre a

melhor técnica para cada paciente de acordo com sua demanda. Os princípios de confiabilidade e validade dos

métodos de investigação da personalidade são:

Tudo que envolve a capacidade de respostas a um recurso de avaliação psicológica

utilizada. Por exemplo, o psicólogo aplicou o mesmo teste com você em dois dias

diferentes e obteve pontuações bastantes diferentes uma da outra, então dizemos que

esse teste que foi utilizado não é confiável, pois seus resultados não teriam a

Confiabilidade confiabilidade em seu resultado. É normal encontrarmos uma variação de pontuação

quando o teste é refeito, mas se a diferença for alta, provavelmente há algo de errado com

o teste ou com o método de corrigi-lo. Por essa razão, é importante que o profissional,

quando for aplicar um recurso de avaliação psicológica da personalidade, esteja habilitado

e treinado para aplicação.

É todo recurso utilizado para medir o que se pretende. Por exemplo, você foi submetido

a um teste de inteligência e o profissional que aplicou não verificou se o teste era válido,

se servia para aquela finalidade. Por mais alta que seja sua pontuação, não será útil para

dizer como você irá se sair na faculdade ou em qualquer outra situação. Um psicólogo da

área organizacional avalia os candidatos de acordo com sua personalidade para ocupar

Validade determinado cargo. Já o psicólogo que trabalha na escola, avalia a personalidade dos

estudantes para descobrir as dificuldades de aprendizagem ou o problema de adaptação

escolar quando esse aparece e envia posteriormente para o psicólogo clínico, que vai

investigar e compreender os sintomas de seus pacientes. Todos esses psicólogos,

independente da área de atuação, avaliam a personalidade do sujeito com o objetivo de

melhor compreender seu comportamento.

A busca de métodos e estratégias de investigação da personalidade de quem não tem qualidade da validade,

pode facilitar para um resultado errado dos pontos emocionais da pessoa. Por essa razão, deve-se analisar,

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estudar e considerar todos os recursos históricos e sociais que a pessoa esteja inserida e suas consequências no

psiquismo. A maioria dessas avaliações tem baseamentos teóricos em suas pesquisas técnicas e cientificas, cabe

ao profissional saber utilizar corretamente o recurso.

Os psicólogos clínicos procuram entender os sintomas dos seus pacientes/clientes e seus comportamentos,

buscando avaliar a personalidade e o que há de diferente entre comportamentos e sentimentos normais e não

normais, dentro do que o paciente/cliente fala no momento do atendimento, para que possa traçar estratégias de

tratamento.

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2013), definiu-se por meio da Resolução nº 003/2007, que

organiza diretrizes para a execução de avaliação psicológica na atividade profissional da psicologia, que a

avaliação psicológica consiste em um procedimento organizado de busca de fenômenos psicológicos, através de

métodos, técnicas e instrumentos, e tem como objetivo prover informações para a tomada de decisão na esfera

individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas

Entende-se que o processo de investigação da personalidade está em uma boa avaliação psicológica, pois

também é um recurso complementar que possibilita conhecimento a mais para o processo de análise contextual

e não reducionista. Testes psicológicos são métodos também utilizados como estratégias de investigação das

personalidades, assim como entrevistas psicológicas, psicodiagnósticos, avaliação psicológica e registros de

observação de comportamentos (CUNHA, 2007).

O profissional da psicologia tem autonomia para selecionar seus instrumentos de trabalho, que tenha como

apoio e qualidade técnico-científica. Caso queira utilizar testes psicológicos em sua avaliação, você deve

consultá-los previamente para ver se estão aprovados para uso no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos

(SATEPSI). Os principais métodos de investigação da personalidade estão, o método clinico, método

experimental e método correlacional, embora cada um com suas diferentes questões específicas, mas com um só

objetivo, pesquisam a personalidade humana (CFP, 2013).

Assista aí

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4.1 Método clínico

Esse método é a história detalhada do paciente, no qual o psicólogo busca investigar a história de vida desse

paciente, a fim de que se possa apontar possíveis surgimentos de seus problemas emocionais. Foi por meio de

relatos de casos clínicos que Freud elaborou suas pesquisas sobre a personalidade humana, para investigar a

personalidade, os psicólogos, uma serie de métodos, como já foi mencionado, além dos estudos de casos.

O método clinico tende a ser mais objetivo, relacionado a eventos mentais, grande parte inconsciente, inclusive

a experiência da infância, essas informações têm diversas interpretações que também podem refletir na

habilidade do terapeuta. No entanto, os conteúdos da infância do paciente podem ser distorcidos pelo tempo e

pode dificultar sua precisão no resultado (SCHULTZ; SCHULTZ, 2015).

Portanto, o método clínico é cientifico e pode fornecer dados desde os primeiros anos de vida até o momento

atual daquela pessoa, abrangendo sentimentos, medos e experiências.

Freud utilizou vastamente estudo de caso na elaboração da sua teoria da psicanalise, investigando os

anos de infância dos seus pacientes e buscando os acontecimentos e conflitos que pudessem ter

caudado as suas neuroses atuais. Um desses pacientes era Katharina, de 18 anos, que sofria de

ataques de ansiedade e falta de ar. Reconstruindo o que considerava experiências relevantes na sua

infância, ele relacionou os sintomas e várias experiências sexuais relatadas por ela, incluindo

tentativa de sedução pelo seu pai quando tinha 14 anos. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2015, p. 23)

No que se refere ao método clínico em sua investigação da personalidade, ele não preenche satisfatoriamente as

questões de observações científicas devido a alguns requisitos das pesquisas científicas, por não completar

totalmente os critérios. Por essa razão, outros métodos foram estudados para dar suporte metodológico e

teórico para o fortalecimento da pesquisa da personalidade.

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4.2 Método experimental

Esse método tem como técnica experimental definir o efeito de uma ou mais condições ou eventos sobre o

comportamento, pois constantemente somos expostos a estímulos cotidiano, como sons, luz, vento, paisagens,

conversas etc. A pesquisa experimental também tem suas insuficiências, mas quando bem aplicada e

sistematizada oferece bons resultados.

Sobre os limites do método experimental, está na sua aplicação em plataformas virtuais que podem não ocorrer

uma precisão maior quanto se é aplicado em laboratório, pois tem de ser preciso em pesquisa psicológica de

personalidade, mas também tem suas limitações no que se refere ao uso, pois alguns aspectos do

comportamento e da personalidade não podem ser pesquisados perante condições de laboratórios

rigorosamente controladas, por questões éticas e de segurança.

Segundo Schultz e Schultz (2015), outra dificuldade encontrada diante do método experimental está no

comportamento do indivíduo que está sendo avaliado, pois muda sua forma de se comportar diante da aplicação

do teste, querendo manipular o resultado. Essa atitude, segundo os autores, pode ser diferente quando o

indivíduo achar que ninguém está observando suas respostas.

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4.3 Método correlacional

Técnica que mede o grau de relacionamento entre dois fatores determinantes pelo nível de correlação. Os

pesquisadores investigam as relações que existem entre duas variáveis em vez de manipular uma delas, eles

trabalham com os atributos nelas existentes. Exemplo de método correlacional: os pesquisadores pegam dois

profissionais que sofrem situações estressantes de maneiras diferentes para saber os seus níveis de estresse

(SCHULTZ; SCHULTZ, 2015).

Na aplicação do método correlacional, os pesquisadores estão interessados na relação entre variantes,

conforme o comportamento de uma variável a outra ou como a sua alteração pode ou diferenciar uma da outra.

Nesse método, existe o coeficiente de correlação que proporciona informações precisas e quanto mais próximo

estiver do seu coeficiente correlacional, mais fidedigno e seu resultado.

Fique de olho
Não se pode acreditar que toda pessoa é boa ou que ela só pensa em si, essa suposição é a
teoria que a pessoa cria para justificar tal comportamento diante da nossa observação e do que
a nossa percepção vê mediante uma atitude daqueles que nos cercam, algo que não tem a ver
com a personalidade humana.

Existe ainda o fator causa-efeito, que pode ser uma possibilidade de limitação ao método correlacional, como o

próprio nome diz refere-se à causa e ao efeito. Não garante que uma variante apresenta uma alta correlação, não

podemos concluir absolutamente que uma causou a outra, na realidade é possível que exista essa relação, mas

para os pesquisadores, não pode automaticamente dizer que ela exista.

é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer a evolução histórica da teoria da personalidade e todo o contexto social da época;
• compreender a definição e o conceito da personalidade e seus diferentes níveis de compreensão;
• aprender sobre os estudos científicos da personalidade, bem como os aspectos experimentais e as
características da época;
• estudar sobre os métodos e as estratégias de investigação da personalidade e a importância de conferir a
confiabilidade dos métodos utilizados;
• conhecer as estruturas da personalidade na importância no desenvolvimento humano.

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Referências
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Avaliação psicológica. 1. ed. Brasília, 2013. 56 p.

CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 673 p.

DALGALARRONDO, P. A Personalidade e suas Alterações: definições básicas. Definições Básicas. In:

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos Transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,

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