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Cristiane Bonfanti | Janeiro de 2023

Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

STF: julgamentos
tributários esperados
para 2023 podem custar
R$ 622,6 bi à União
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2023 JOTA Jornalismo (JOTA). Todos os direitos reservados. Este material foi produzido pelo JOTA para uso exclusivo do destinatário, não devendo ser disponibilizado a qualquer outra pessoa sem o
prévio e expresso consentimento do JOTA. Este material constitui pesquisa genérica sobre o mercado, não se destinando a servir de opinião, aconselhamento ou orientação para a tomada de
qualquer decisão baseada exclusivamente nas informações nele contidas, concordando o destinatário que o JOTA, seus sócios, diretores, funcionários e colaboradores não poderão ser
responsabilizados por eventuais perdas e danos que possam resultar do seu conteúdo ou informação.
STF: julgamentos tributários esperados para 2023 podem custar R$ 643,9 bi à União | Dezembro de 2022 2

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O JOTA elencou 30 processos que podem ser apreciados
tanto no plenário virtual quanto no físico no próximo ano.
Limites da coisa julgada e difal de ICMS estão na lista

O Supremo Tribunal Federal (STF) pode julgar uma pauta tributária bilionária em 2023.
O JOTA elencou 30 processos casos cujo julgamento tanto no plenário virtual quanto
no físico da Corte é esperado pelos contribuintes no próximo ano. Em apenas 13 deles,
a União estima impacto de até R$ 622,6 bilhões em cinco anos, segundo dados da Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023.

A conclusão dos processos que discutem os limites da coisa julgada em matéria


tributária e o momento do início da cobrança do diferencial de alíquota (difal) de ICMS
estão entre as grandes expectativas dos contribuintes para a pauta do STF em 2023.

Os ministros também podem finalizar os julgamentos envolvendo a cobrança do ICMS


na transferência de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo dono localizados
em estados distintos e a cobrança de PIS e Cofins sobre receitas de instituições
financeiras.

Entre os temas considerados mais relevantes para os contribuintes, o julgamento


envolvendo os limites da coisa julgada em matéria tributária começou em maio de
2022 e foi suspenso duas vezes por pedidos de vista e uma terceira vez por um pedido
de destaque (veja detalhamento abaixo). Antes da suspensão, os ministros formaram
maioria em um dos recursos para definir que um novo entendimento do STF tem o
condão de cessar automaticamente os efeitos de uma decisão transitada em julgado,
ou seja, contra a qual não cabem mais recursos.

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outra pessoa sem o prévio e expresso consentimento do JOTA. Este material constitui pesquisa genérica sobre o mercado, não se destinando a servir de opinião, aconselhamento ou
orientação para a tomada de qualquer decisão baseada exclusivamente nas informações nele contidas, concordando o destinatário que o JOTA, seus sócios, diretores, funcionários e
colaboradores não poderão ser responsabilizados por eventuais perdas e danos que possam resultar do seu conteúdo ou informação.
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Na prática, isso significa que uma empresa que teve decisão favorável no passado
para não recolher a CSLL será obrigada a pagar o tributo novamente. Com o pedido de
destaque, o placar será zerado, e a discussão será reiniciada no plenário físico.

Para a tributarista Anete Mair Maciel Medeiros, sócia do Gaia, Silva, Gaede Advogados,
a tendência é que o posicionamento dos ministros pela cessação automática dos
efeitos da coisa julgada se mantenha. A expectativa, no entanto, é que os magistrados
modulem os efeitos da decisão, para evitar que a cobrança dos tributos seja retroativa.
Quando o julgamento foi iniciado, em maio de 2022, os relatores dos dois casos
votaram para modular os efeitos das decisões, para que elas tenham eficácia a partir
da ata de julgamento dos dois recursos. Posteriormente, quando a apreciação foi
retomada após pedido de vista, esse debate foi retirado dos votos.

No que diz respeito ao difal de ICMS, o julgamento busca definir se a Lei


Complementar 190/22, que regulamentou a cobrança, precisa observar as
anterioridades nonagesimal e anual para começar a produzir efeitos. Com isso, será
decidido se os estados podem cobrar o tributo em 2022 ou apenas em 2023. Em 12 de
dezembro, o julgamento foi suspenso por um pedido de destaque da ministra Rosa
Weber. O placar já estava em 5X2 para validar a cobrança apenas em 2023. A
contagem de votos será reiniciada.

A tributarista Ariane Costa Guimarães, sócia do Mattos Filho Advogados, acredita que
os ministros devem manter seus posicionamentos. Ela lembra que, em casos recentes
em que o julgamento foi levado do plenário virtual para o físico, como os embargos de
declaração envolvendo a cobrança do ICMS sobre assinatura básica mensal de
telefonia, os magistrados reafirmaram seus votos. A seu ver, porém, o reflexo negativo
da demora no julgamento é a insegurança jurídica para os contribuintes que aguardam
o desfecho desse caso.

“As empresas vão continuar aguardando a decisão do STF. Com o andamento do


julgamento no Supremo, temos visto decisões nos tribunais, por exemplo no TJSP, para
definir a cobrança apenas em 2023, mas ainda não são definitivas”, diz Ariane.

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orientação para a tomada de qualquer decisão baseada exclusivamente nas informações nele contidas, concordando o destinatário que o JOTA, seus sócios, diretores, funcionários e
colaboradores não poderão ser responsabilizados por eventuais perdas e danos que possam resultar do seu conteúdo ou informação.
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Confira os casos tributários no STF aguardados para 2023:

Limites da coisa julgada em matéria tributária

Processos: RE 949297 e RE 955227 (Temas 881 e 885)


Impacto: não estimado
Tema: Os recursos discutem se um contribuinte que obteve uma decisão judicial
favorável com trânsito em julgado permitindo o não pagamento de um tributo perde
automaticamente o seu direito diante de uma nova decisão do STF que considere a
cobrança constitucional.
O caso concreto diz respeito à CSLL e envolve, sobretudo, grandes empresas, de
diversos setores, que obtiveram na Justiça o direito de não recolher esse tributo. Entre
elas, estão companhias como a mineradora Samarco e o Grupo Pão de Açúcar. Nos
anos 1990, essas empresas conseguiram na Justiça o reconhecimento da
inconstitucionalidade da CSLL, instituída pela Lei 7689/89. Em 2007, no entanto, o
STF declarou o tributo constitucional no julgamento da ADI 15.
A análise dos REs está suspensa desde 22 de novembro de 2022 por um pedido de
destaque do ministro Edson Fachin. Antes da suspensão, os ministros formaram
maioria em um dos recursos pela quebra automática dos efeitos da decisão
transitada em julgado. A contagem de votos será reiniciada. Não há data para o
julgamento ser retomado.

Diferencial de alíquota (difal) de ICMS

Processos: ADIs 7066, 7070 e 7078


Impacto: R$ 11,9 bilhões para os estados em 2022, segundo o Comsefaz
Tema: Os ministros discutem se a Lei Complementar 190/22, que regulamentou a
cobrança do diferencial de alíquota (difal) de ICMS, deve observar as anterioridades

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nonagesimal e anual para começar a produzir efeitos. Na prática, isso vai definir se os
estados podem realizar a cobrança em 2022 ou em 2023.
O julgamento está suspenso desde 12 de dezembro de 2022 por um pedido de
destaque da ministra Rosa Weber. Antes do pedido, o placar estava em 5X2 para
validar a cobrança apenas em 2023. Com a transferência do julgamento para o
plenário físico, o placar será zerado.
Em relatório enviado aos assinantes em novembro, o JOTA mostrou que a demora no
julgamento pode dificultar a restituição. Provavelmente, haverá uma nova disputa
envolvendo a necessidade de as empresas provarem que não repassaram o custo do
difal de ICMS ao consumidor ou de obterem destes autorização expressa para
receber os valores de volta.

Repasse do difal de ICMS ao estado do consumidor final

Processo: ADI 7158


Impacto: não estimado
Tema: A ação questiona a constitucionalidade do dispositivo que define que o
diferencial de alÍquota (difal) de ICMS em operações e prestações de serviços
interestaduais destinadas a consumidor final não contribuinte do imposto deve ser
repassado ao estado em que ocorrer a entrada física da mercadoria ou o fim da
prestação do serviço. Essas operações são comuns, por exemplo, no comércio
eletrônico.
É o caso em que a empresa que vende a mercadoria ou o serviço se localiza em um
estado, mas o consumidor final está em outro. Assim, a norma impugnada define que
o difal deve ser cobrado onde o bem ou o serviço é vendido, mas repassado ao
estado do consumidor final. Este caso está em julgamento no plenário virtual até 6 de
fevereiro. Até agora, há dois votos para declarar constitucional o dispositivo que
destina o produto da arrecadação ao estado do consumidor final.

Transferência de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo dono

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Processo: ADC 49
Impacto: R$ 5,6 bilhões em crédito tributário ao ano, segundo as empresas
Tema: O STF definirá a modulação de efeitos da decisão que estabeleceu que não
incide ICMS na transferência de mercadorias do mesmo dono. Com a modulação, a
principal questão é definir se o contribuinte poderá manter o crédito de ICMS obtido
na compra de mercadorias e usá-lo em outro estado. A decisão poderá impactar
grandes redes varejistas que possuem filiais em diferentes estados. Calcula-se que,
com a decisão do STF, as dez maiores empresas do varejo brasileiro podem perder R$
5,6 bilhões de créditos tributários de ICMS por ano.
O julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Nunes Marques e, 2 de
maio de 2022. Agora, ele está pautado no plenário virtual do STF para o período entre
10 e 17 de fevereiro. Antes da suspensão, os ministros formaram um placar que
inviabilizava o quórum qualificado de oito votos para aprovar uma proposta específica
de modulação. Havia cinco votos para definir que a decisão produzirá efeitos a partir
de 2023 e quatro votos para que a decisão tenha eficácia após o prazo de 18 meses,
contados da data de publicação da ata de julgamento dos embargos. Com esse
cenário, com a retomada do julgamento, é garantido que a decisão será modulada,
mas ainda não é possível cravar quais serão os termos dessa modulação. A
expectativa é que os ministros entrem em consenso em torno de uma proposta.

PIS/Cofins sobre receitas de instituições financeiras

Processos: RE 659412 (Tema 684)


Impacto: R$ 115,2 bilhões em cinco anos, segundo a LDO de 2023
Tema: Os recursos discutem a incidência de PIS e Cofins sobre receitas de
instituições financeiras antes da Emenda Constitucional 20/1998. Essa emenda
constitucional deu nova redação ao artigo 195, inciso I, alínea b, da Constituição, que
passou a prever a cobrança das contribuições sobre “a receita ou faturamento”, sem
qualquer discriminação.
O julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli em 13 de
dezembro de 2022. Antes da suspensão, havia um voto do relator, ministro Ricardo

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Lewandowski, para negar provimento aos dois recursos da União, que buscava cobrar
as contribuições também sobre as receitas financeiras dos bancos mesmo antes da
EC 20/1998.
Para o relator, apenas receitas brutas oriundas da venda de produtos e prestação de
serviços das instituições financeiras podem ser incluídas na base de cálculo do PIS e
da Cofins até a EC 20/1998. Para advogados ouvidos pelo JOTA, na prática, o voto
afasta, até essa emenda, a cobrança das contribuições sobre outras receitas,
incluindo as financeiras. Não há data para o julgamento ser retomado.

PIS e da Cofins em suas próprias bases de cálculo

Processo: RE 1233096 (Tema 1067)


Impacto: R$ 65,7 bilhões em cinco anos, segundo a LDO de 2023
Tema: O recurso discute a inclusão do PIS e da Cofins em suas próprias bases de
cálculo, o chamado “cálculo por dentro”. Trata-se de uma “tese filhote” do julgamento
que excluiu o ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins — a chamada “tese do
século”, no RE 574706 (Tema 69). A exemplo do caso do ICMS, os contribuintes
alegam que o PIS e a Cofins não se enquadram no conceito de receita e faturamento
e, portanto, não podem compor as próprias bases de cálculo. Não há data prevista
para o julgamento.

ISS na base de cálculo do PIS/Cofins

Processo: RE 592616 (Tema 118)


Impacto: R$ 35,4 bilhões em cinco anos, segundo a LDO de 2023
Tema: O recurso discute a inclusão do ISS na base de cálculo do PIS e da Cofins.
Trata-se de mais uma “tese filhote” da decisão que excluiu o ICMS da base de cálculo
das contribuições.
A expectativa dos contribuintes é que o STF aplique o mesmo entendimento da “tese
do século”, ou seja, entenda que o ISS deve ser excluído da base de cálculo das
contribuições por não constituir receita própria para as empresas, mas um valor

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repassado ao estado. Para eles, a diferença é que o ICMS é estadual, ao passo que o
ISS é municipal.
O julgamento sobre o ISS está parado no STF e sem previsão de ser retomado. Ele foi
iniciado em 14 de agosto de 2020, mas a possibilidade de um empate levou o
ministro Luiz Fux a pedir destaque do caso em agosto de 2021. Agora, a votação será
levada ao plenário, e a contagem de votos será reiniciada.
O JOTA mostrou que, devido a alterações na composição do tribunal, o resultado no
caso do ISS pode ser diferente em relação ao ICMS, um dos fatores de insegurança
para os contribuintes.

PIS/Cofins na base de cálculo da CPRB

Processo: RE 1341464 (Tema 1186)


Impacto: R$ 1,3 bilhão em cinco anos, segundo a LDO de 2023
Tema: O julgamento busca definir se valores relativos ao PIS e à Cofins devem ser
incluídos na base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta
(CPRB).
Neste caso, o contribuinte recorre também à discussão da “tese do século”. O
argumento é que o conceito de receita bruta “não inclui valores de propriedade de
terceiros”. Em outras palavras, como o PIS e a Cofins são recolhidos e repassados à
União, eles não representam receita bruta ou faturamento, e não deveriam compor a
base de cálculo da CPRB. Este recurso teve repercussão geral reconhecida em
dezembro de 2021 e ainda não começou a ser julgado. Não há data para ele entrar na
pauta.

Cide sobre remessas ao exterior

Processo: RE 928943 (Tema 914)


Impacto: R$ 19,6 bilhões em cinco anos, segundo a LDO de 2023
Tema: A discussão envolve a constitucionalidade da cobrança da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre remessas ao exterior. A

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Cide-remessas foi instituída pela Lei 10.168/00, posteriormente alterada pela Lei
10.332/01, para incidir apenas sobre remessas ao exterior destinadas ao pagamento
de contratos relacionados à transferência de tecnologia, com o objetivo de estimular
a inovação e desenvolvimento no mercado nacional. Com o tempo, no entanto, a
contribuição passou a incidir sobre quase todos os pagamentos enviados ao exterior.
Os contribuintes argumentam que essa ampliação da base de cálculo é
inconstitucional, uma vez que a contribuição só poderia incidir sobre operações que
representem transferência de tecnologia. O caso chegou a ser pautado para maio de
2022, mas posteriormente foi excluído do calendário. Não há data prevista para ele
voltar para a pauta.

Multa isolada sobre compensação não homologada

Processos: RE 796939 (Tema 736) e da ADI 4905


Impacto: R$ 3,7 bilhões em cinco anos, segundo a LDO de 2023
Tema: Os processos discutem a constitucionalidade da aplicação da multa isolada de
50% sobre o valor de crédito tributário objeto de compensação não homologada pela
Receita Federal. Pelas regras atuais, se o fisco negar o pedido de compensação
tributária – isto é, de utilização de um crédito junto à fazenda pública para a quitação
de um débito – por entender que o contribuinte não tem direito a esse crédito, a
Receita aplica multa de 50% sobre o valor do débito declarado e não compensado.
Além dessa multa, incide uma outra, de mora, de 20%, sobre os mesmos valores.
Em sua defesa, os contribuintes alegam que a multa isolada é inconstitucional por,
entre outros motivos, violar o direito fundamental de petição aos poderes públicos,
previsto no artigo 5º, inciso XXXIV, alínea “a” da Constituição Federal. Segundo esse
dispositivo, é assegurado a todos, independentemente do pagamento de taxas, o
direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder.
O julgamento dos dois processos foi iniciado em abril de 2020 e foi suspenso por um
pedido de destaque do ministro Luiz Fux. Antes disso, os relatores, ministros Edson
Fachin e Gilmar Mendes, votaram pela inconstitucionalidade da multa. O caso chegou

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a entrar na pauta do plenário físico do STF em junho de 2022, mas não foi julgado.
Não há data marcada para ele retornar à pauta.

PIS/Cofins sobre receita de locação de bens móveis e imóveis

Processos: RE 659412 (Tema 684) e RE 599658 (Tema 630)


Impacto: R$ 20,2 bilhões (bens móveis) e R$ 16,0 bilhões (bens imóveis) em cinco
anos, segundo a LDO de 2023
Tema: Os recursos discutem a incidência do PIS e da Cofins sobre receitas
decorrentes da locação de bens móveis e imóveis. No primeiro recurso, a controvérsia
diz respeito à incidência das contribuições sobre as receitas oriundas da locação de
bens imóveis, tanto para as empresas que tenham por atividade econômica
preponderante esse tipo de operação, como para as empresas em que a locação é
eventual e subsidiária ao objeto social principal. No segundo recurso, o tema é a
tributação, pelo PIS e pela Cofins, da locação dos bens móveis.
A argumentação dos contribuintes é similar nos dois recursos. Para eles, não é
possível a incidência das contribuições porque a receita em questão não é
considerada faturamento, não advindo da venda de mercadorias ou da prestação de
serviços.
Os casos estavam pautados para 18 de agosto de 2022 no plenário físico, mas não
chegaram a ser julgados. Não há data prevista para eles voltarem à pauta.

Constitucionalidade do desempate pró-contribuinte no Carf

Processos: ADIs 6399, 6403 e 6415


Impacto: não estimado
Tema: Os ministros discutem a constitucionalidade do desempate pró-contribuinte no
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Antes do desempate
pró-contribuinte, os empates no Carf eram decididos exclusivamente pelo voto de
qualidade. Por esta regra, em caso de empate, o presidente da turma tinha direito a

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proferir o voto duplo. No entanto, em 2020 a Lei do Contribuinte Legal (Lei 13.988/20)
acrescentou o artigo 19-E à Lei 10.522/02, prevendo que os empates seriam
decididos a favor do contribuinte.
O caso está suspenso desde 24 de março de 2022 por um pedido de vista do ministro
Nunes Marques e não há data para ser retomado. Até agora, o placar está em 5X1
para declarar a constitucionalidade do desempate pró-contribuinte.

Redução de percentuais do Reintegra pelo Executivo

Processos: ADIs 6040 e 6055


Impacto: não estimado
Tema: Os magistrados vão analisar se o Poder Executivo pode reduzir os percentuais
de restituição do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as
Empresas Exportadoras (Reintegra). Por meio desse programa, as empresas
exportadoras têm direito a um crédito tributário correspondente a uma alíquota que
varia de 0,1% a 3% sobre a receita auferida com a venda de bens ao exterior. O Poder
Executivo pode estabelecer, dentro desses limites, o percentual de restituição, que
vale para todos os setores. Essa alíquota estava em 2% em maio de 2018, quando o
governo federal a reduziu para 0,1% para compensar a perda de arrecadação com a
redução da tributação sobre o diesel.
Para os contribuintes, o Estado não pode alterar os percentuais do Reintegra
indiscriminadamente e, sobretudo, para compensar a perda de arrecadação, sob pena
de afronta aos princípios da não exportação de tributos, da livre concorrência, da livre
iniciativa e liberdade de comércio, do não retrocesso socioeconômico e da
proporcionalidade.
O julgamento está suspenso desde 20 de abril de 2022 por um pedido de destaque do
ministro Luiz Fux. Antes do requerimento o placar estava em três a um para julgar
improcedentes os pedidos dos contribuintes e, com isso, permitir que o Poder
Executivo possa reduzir os percentuais do Reintegra dentro dos limites estabelecidos
em lei. A contagem de votos será reiniciada. Não há data marcada para o julgamento.

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outra pessoa sem o prévio e expresso consentimento do JOTA. Este material constitui pesquisa genérica sobre o mercado, não se destinando a servir de opinião, aconselhamento ou
orientação para a tomada de qualquer decisão baseada exclusivamente nas informações nele contidas, concordando o destinatário que o JOTA, seus sócios, diretores, funcionários e
colaboradores não poderão ser responsabilizados por eventuais perdas e danos que possam resultar do seu conteúdo ou informação.
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Aplicação da anterioridade para a redução dos percentuais do Reintegra

Processo: ARE 1285177 (Tema 1108)


Impacto: R$ 4,0 bilhões em cinco anos, segundo a LDO de 2023
Tema: Este caso também envolve o Regime Especial de Reintegração de Valores
Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra). A controvérsia, porém, é
distinta. O STF vai decidir se o Poder Executivo precisa observar as anterioridades
nonagesimal e geral (anual) para reduzir os percentuais do Reintegra. Para os
contribuintes, a alteração deveria observar as anterioridades, uma vez que a redução
nos percentuais implica indiretamente o aumento da carga tributária. As empresas
esperam que este julgamento seja pautado em conjunto com as ADIs 6040 e 6055,
que também tratam do tema.

Crédito presumido de ICMS


Processo: RE 835818 (Tema 843)
Impacto: R$ 16,5 bilhões em cinco anos, segundo a LDO de 2023
Tema: Os ministros decidirão se o crédito presumido de ICMS deve compor a base de
cálculo do PIS e da Cofins. De um lado, o contribuinte alega que os créditos
presumidos de ICMS recebidos não configuram receita ou faturamento, mas sim
renúncia fiscal, de modo que não cabe a tributação. Do outro, a União, autora do
recurso, sustenta que a base de cálculo do PIS e da Cofins é composta pela totalidade
das receitas auferidas, o que inclui o crédito presumido de ICMS, uma vez que esse
valor ingressa de forma definitiva no patrimônio líquido da empresa.
A análise desse tema já foi interrompida duas vezes em plenário virtual. Primeiro, em
março de 2021, por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli. Depois, em abril de
2021, por um pedido de destaque do ministro Gilmar Mendes. Antes disso, o placar
estava em 6X5 para excluir os créditos presumidos de ICMS da base de cálculo do
PIS e da Cofins. A contagem de votos será reiniciada no plenário físico, ainda sem
data marcada. Será mantido o voto do relator, o ministro aposentado Marco Aurélio,

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favorável ao contribuinte, ou seja, para afastar a tributação do crédito presumido de


ICMS.

Contribuição previdenciária sobre o terço de férias

Processo: RE 1072485 (Tema 985)


Impacto: Prejuízo de R$ 80 bilhões a R$ 100 bilhões para as empresas, caso os
efeitos da decisão não sejam modulados, segundo a Associação Brasileira de
Advocacia Tributária (Abat)
Tema: Os embargos de declaração discutem a modulação dos efeitos da decisão que
definiu a incidência de contribuição previdenciária sobre valores pagos pelo
empregador a título de terço constitucional de férias. Em agosto de 2020, o STF
julgou constitucional a cobrança. O que está pendente de julgamento é a modulação
de efeitos dessa decisão, ou seja, a partir de quando, de fato, ela passa a valer.
O julgamento da modulação foi iniciado em plenário virtual em abril de 2021, mas foi
interrompido por um pedido de destaque do ministro Luiz Fux. Antes da suspensão, o
placar estava em 5X4 a favor da modulação, o que faria com que os efeitos da
decisão só valessem a partir da publicação do acórdão. Com o pedido de destaque, a
contagem de votos será reiniciada. Será mantido o voto do relator, ministro
aposentado Marco Aurélio, que foi contrário à modulação. Não há data para o caso
ser retomado.

Casos envolvendo a tributação dos combustíveis

Processos: ADIs 7164, 7191, 7195 e ADPF 984


Impacto: não estimado
Tema: O STF pode julgar em 2023 quatro processos que discutem a tributação sobre
combustíveis. Na ADI 7164, a União questiona a constitucionalidade do Convênio
16/22, por meio do qual os estados buscaram se adaptar às regras da Lei
Complementar 192/22. Essa lei definiu, por exemplo, o regime de incidência

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STF: julgamentos tributários esperados para 2023 podem custar R$ 643,9 bi à União | Dezembro de 2022 14

monofásica para o ICMS sobre combustíveis e determinou que as alíquotas devem


ser uniformes e ad rem (alíquota fixa por unidade de medida, no caso o litro).
Na ADI 7191, os estados questionam dispositivos da LC 192/22. Um dos argumentos
é que a norma federal fere o pacto federativo e a autonomia dos entes subnacionais
ao alterar a sistemática de cobrança do ICMS. Na ADI 7195, os estados impugnam
dispositivos da LC 194/22, que limitou a cobrança do ICMS sobre combustíveis,
energia, comunicações e transporte à alíquota praticada sobre as operações em
geral. Por fim, por meio da ADPF 984, a União busca limitar a alíquota do ICMS sobre
combustíveis, nos 26 estados e no Distrito Federal, à prevista para as operações em
geral. Ou seja, a 17% ou a 18%, a depender do estado.
É importante destacar que União e estados discutem, em uma comissão especial no
STF, um acordo em torno da tributação dos combustíveis. Em uma parte desse
acordo, homologada em 14 de dezembro, os entes concordaram, por exemplo, com a
manutenção da essencialidade para o diesel, o gás natural e o gás de cozinha. Assim,
a alíquota para esses produtos não pode ser maior à praticada pelos estados sobre
as operações em geral.
No que diz respeito à gasolina, o debate sobre a essencialidade ainda está em aberto.
Além disso, o prazo foi estendido em 120 dias para a discussão de pontos como a
compensação por perdas de arrecadação e a inclusão ou não das taxas de uso do
sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica (Tust e Tusd) na base de
cálculo do ICMS. Com a conclusão do acordo, é possível que as partes aleguem perda
de objeto para alguns pontos dos processos e, com isso, eles fiquem pelo menos em
parte prejudicados.

Exigência de lei complementar para a disciplina do PIS-Importação e da


Cofins-Importação

Processo: RE 565886 (Tema 79)


Impacto: R$ 325,0 bilhões em cinco anos, segundo a LDO 2023
Tema: O recurso extraordinário analisa a exigência de lei complementar para a
instituição do PIS-Importação e da Cofins-Importação. Além disso, está em discussão

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se a Lei 10.865/2004 pode ser aplicada retroativamente. Essa lei definiu a base de
cálculo das duas contribuições e criou um conceito de valor aduaneiro específico
para essas contribuições.
Entre outros pontos, os ministros vão analisar se o artigo 195, inciso IV, da
Constituição, dispensa a exigência de lei complementar para a instituição das
contribuições destinadas à seguridade social. Segundo esse dispositivo, a seguridade
social pode ser financiada por meio de contribuições sociais “do importador de bens
ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar”. A controvérsia é o fato de o
dispositivo falar em lei, e não lei complementar. Ainda não há data marcada para o
julgamento.

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