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E chegamos no último arco de Monogatari Second Season, Koimonogatari.

Sem dúvidas meu


favorito de toda a Season, tudo que eu presenciei aqui foi incrível, das partes divertidas até à própria
narração. Então falarei mais sobre essa história cheia de mentiras e enganação, vamos lá.

Levando o nome Koimonogatari à risca temos uma “História de amor”, um conto sobre romance? É
um nome estranho, pois não existe um romance, mas o tema “amor” é algo bem importante e está
ligado às complicações do arco, talvez seja algo interessante analisar o amor em si, não é?

No caso, dá para imaginar que esse título fala sobre Nadeko e seu amor incorrespondido ou sobre o
alto risco presente no romance de Koyomi e Hitagi ou até sobre um certo antigo crush secreto dessa
última pelo nosso protagonista do arco. E quem poderia ser ele?

Simplesmente A Best Girl, o pilantra mais CHAD que já pisou na Terra, aquele que causou discórdias
imperdoáveis, mas também o tiozão mais gente boa do mundo, o caloteiro que sujou meu nome no
Serasa. ELE, Kai como um monte de conchas e Ki como árvore morta, Kaiki Deishuu!

Nosso vigarista favorito Suzuki aparece para salvar o dia. Koimonogatari segue os acontecimentos de
Otori, ou seja, acontece algum tempo depois da deificação de Nadeko e sua ameaça mortal para
todo o elenco. Nessa situação, Senjougahara tenta salvar todo mundo chamando Kaiki.

O objetivo é simples: Engane a Deusa Nadeko Sengoku para impedir que ela mate geral depois da
formatura. Para Kaiki deveria ser uma tarefa fácil, mas ele claramente não se importa, não é
problema dele, afinal, por que ele deveria ajudar seus inimigos e aqueles que ele prejudicou?

Ele poderia dormir tranquilo sem esses problemas, mas (em um maravilhoso monólogo moral) se
lembra de Kanbaru, que certamente tem alguma relação com Araragi e Gahara. Assim, aceitar o
trabalho de graça fica fácil por causa de sua promessa com alguém muito importante.

Então é isso, Kaiki começa a nos contar como enganar uma colegial com problemas amorosos de
várias maneiras, dissecando o personagem complicado da Sengoku parte por parte usando de sua
astúcia e mentalidade característica de uma pessoa cinza para atingir seu objetivo.

Ele busca quaisquer pistas que possam ajudá-lo, fazendo um mapa infantil da cidade com lugares
relacionados a Nadeko, invadindo a casa dela como pai de uma amiga, vendo fotos dela e
imediatamente entendendo vários dos segredos que o Araragi simplesmente não conseguia
enxergar.

Com base em suas investigações, Kaiki assume que enganar Sengoku Nadeko será fácil demais, que
Senjougahara podia ficar tranquila, todos ficariam vivos no final. Simplesmente baseado no fato que
Nadeko jamais confiou nas pessoas e por isso, não teria motivos para desconfiar dele.

E isso, acabou sendo uma das inúmeras contradições de Kaiki Deishuu, um personagem construído
em cima de mentiras e contradições. Mesmo depois de terminar suas investigações e conversar com
Hanekawa sobre as impressões dela sobre Nadeko, ele falha em enganar a Deusa cobra.

Ele mesmo diz para Hitagi que nos 14 anos de vida de Nadeko, ela nunca acreditou em alguém, mas
mesmo assim ele resolve ganhar sua confiança ao visitá-la todos os dias no templo Shirahebi, pois
“se ela não pode confiar em ninguém, ela não tem motivos para duvidar de alguém.”

Algo interessante em Kaiki Deishuu é essa característica. Ser um homem metódico e calculista,
porém cometer erros ridículos algumas vezes. Numerando todas as vezes que ele cometeu erros que
podiam ser facilmente evitados por uma pessoa normal, teríamos:
1. Provocar o divórcio dos pais de Senjougahara, para ela se afastar da mãe,pois se ficasse ao lado
dela, Hitagi não teria um futuro, ignorando o problema da falta de peso e fazendo isso pelo próprio
bem da garota. O que obviamente deu errado, ele não pensou nos sentimentos dela.

2. Se questionar se uma carta dizendo “Fique fora disso” apareceu no chão do seu apartamento
porque alguém habilidoso abriu a porta e jogou a carta no chão, quando na verdade qualquer um
conseguiria deslizar uma carta por baixo da porta.

3. Mentir para a Nadeko que Araragi, Hitagi e Shinobu morreram em um acidente de carro quando
ambos sabem que Araragi é quase imortal e um acidente assim nunca conseguiria matá-lo, talvez ele
estivesse confiante demais que Sengoku acreditaria em qualquer coisa...

4. Até Hanekawa entende que Sengoku não se interessa nem ama a ninguém, Kaiki concorda com
essas palavras, mas decide seguir com o mesmo plano, sem mudar nada, o final é o caos.

Nadeko facilmente vê através da mentira de Kaiki e inunda o templo inteiro com cobras, Kaiki
percebe que ela tinha fechado seu coração até um ponto que ele nem imaginava. “Não tinha uma
sombra em seu coração, tinha um coração feito de sombras.” Essa era Nadeko Medusa.

No final, Kaiki consegue “enganá-la” ao fazer ela buscar um sonho de se tornar uma artista de
mangá ao invés de buscar por um amor insubstituível e inalcançável, uma Deusa derrotada por
mangás. Para convencê-la ele fala sobre seu único amor, dinheiro.

Kaiki odeia coisas insubstituíveis, pessoas que vivem apenas por outras ou por alguma coisa que não
acreditam poder substituir, Nadeko por não conseguir seguir em frente graças ao “inútil do Araragi”,
você também pode aplicar isso à Hitagi atual que encontra seu valor em Araragi.

Kaiki mesmo diz que odeia a Senjougahara atual na novel de Nise, dizendo que a mulher fria e
independente de antes era melhor. Isso tudo serve para explicar seu amor por dinheiro, seu
verdadeira e único amor (vivo pelo menos).

Dinheiro é substituível e pode substituir qualquer coisa. Coisas, pessoas, vidas, felicidade, amor (por
298 ienes), sonhos. É tão importante, mas é substituível. Essa é a filosofia Kaiki de vida, se você não
consegue comprar algo com dinheiro, então só te falta mais dinheiro.

Após Sengoku aceitar ser enganada por Kaiki, ele a faz ficar inconsciente com uma maldição de
lesma tofu, nesse momento Araragi acaba aparecendo só para assistir a conclusão de uma história
em que ele não conseguiu nem conseguiria ajudar em nada.

No fim, Araragi é o oposto de Kaiki. Sua personalidade vê o mundo como se fosse preto ou branco,
bom e mau, certo e errado, por moralidade e justiça. Esse é o motivo de não conseguir resolver o
problema das pessoas ao seu redor efetivamente.

Araragi apenas vê as esquisitices como um mau a ser combatido, não como os problemas pessoais
daqueles ao seu redor, por isso ele falha em realmente salvar Hanekawa de seu estresse ou Nadeko
de seu amor obsessivo, várias vezes.

Enquanto isso Kaiki não vê o mundo em preto e branco. O certo é falar que ele vê um mundo cinza,
pintado por dinheiro, interesses, mentiras e equilíbrio. Ele também não se importa com os
sentimentos das pessoas, mas ele pode entendê-los se necessário, afinal ele é um vigarista.
Esse é o motivo do herói dessa história que vem de Nadeko Medusa a Hitagi End ser Kaiki Deishuu,
ninguém além dele seria capaz de salvar a todos. Ele manda Araragi nunca mais se meter na vida de
Nadeko, pois sabe que o garoto apenas a tornaria fraca e que isso era pelo melhor.

Só uma recomendação aqui, quem consegue entender inglês assistam a esse vídeo, ele é um dos
grandes motivos do porquê eu amo tanto o Kaiki como personagem. O video explica muito bem a
diferença dele com o Araragi, é incrível, assistam se puderem. https://youtu.be/EiN1aYdMMRM

Mesmo que tudo acabe como uma memória triste, “coisas boas ainda podem acontecer desde que
ela continue vivendo” (pqp eu amo esse homem), depois ele apenas vai embora, diz adeus pela
última vez a Senjougahara (Hitagi End) e quebra o chip do celular, dando um fim aos seus laços.

A relação desses dois é complicada. Kaiki acredita que Senjougahara gostava dele no passado e ela
mesma diz em Nise “eu me apaixonaria por qualquer um que me salvasse”, claramente
referenciando Kaiki, mas aqui nega, dizendo que foi ela quem enganou o vigarista, é ambíguo
mesmo.

Em paralelo também temos a maravilhosa Ononoki em sua fase “Yay Peace Peace”, trazendo as
palavras de Gaen Izuko a Kaiki, que queria que ele não prosseguisse com seu trabalho, mas ao
mesmo tempo incentivando-o com essas mesmas palavras e de quebra ainda ajudando
financeiramente.

Ononoki aparece algumas vezes também para questionar as ações de Kaiki. Por que ele está
ajudando a Senjougahara? Por que ele se importa se todos morrerem? Ele não é um cara mal? No
fim ela serve muito bem como representação daquela audiência que ainda não entendeu esse
homem.

No fim, enquanto Kaiki descia as escadarias do templo é atacado na cabeça por um garoto do
fundamental, que tinha sofrido pela cobra que voltou de Nadeko, aqui ele descreve sua própria
morte, notando que Ougi seria a pessoa que armou para ele, morrendo no 2° ataque à sua cabeça.

Ele não morreu, isso é óbvio para quem assistiu na ordem do autor, mas isso é apenas um motivo
para fazer o telespectador acordar, pois se ele pode narrar sua própria morte, existem inúmeras
mentiras que ele pode ter contado nesse arco, por isso “suspeite, não acredite em tudo”.

O fim de Koimonogatari apenas deixa claro que Ougi é um personagem misterioso e altamente
perigoso. Cada arco aumenta o mistério e em Owari isso tudo é revelado de maneira magnífica, mas
isso eu vou deixar para as threads da Season final de Monogatari.

Então é isso. Essa foi a análise do meu arco favorito de Monogatari, Ougi Dark é incrível e me fez
chorar, mas Koimonogatari traz um sentimento vibrante e tornou minha experiência mais do que
uma história, mas sim um quebra-cabeça e eu amo completamente tudo sobre isso. 10/10.

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