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INTRODUÇÃO
EPIDEMIOLOGIA .
● Queixa comum
● Representa ~8% das consultas na emergência nos EUA
● Diagnóstico desafiador
● Sintomas variáveis
● Intensidade NÃO está correlacionada com a gravidade
● >40% dos pacientes apresentam diagnóstico de “dor não específica”
Atenção! Valorizar a queixa e atenção especial a idosos, imunocomprometidos e mulheres em idade fértil
CLASSIFICAÇÃO .
1. QUANTO À FISIOPATOLOGIA
VISCERAL
● Conduzida por fibras C autonômicas aferentes não mielinizadas bilaterais
● Etiologia: Distensão de cápsulas ou vísceras ocas (dor em “cólica”)
● Características:
Dor difusa, instalação lenta e difícil caracterização
Intermitente, cólicas, contrações, abdômen “dolorido”
● Sintomas sistêmicos: Náuseas, vômitos, diaforese e taquicardia
● Localização de acordo com a origem embrionária
PARIETAL OU SOMÁTICA
● Conduzida por fibras C e A delta mielinizadas unilaterais (inervação da parede abdominal)
● Etiologia: Irritação peritoneal
● Características:
Início agudo, bem localizada
Constante, intensa, caráter em pontada
● Localização de acordo com os dermátomos da parede acometida
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REFERIDA
● Paciente refere dor longe da origem causadora
● Causada por inervação comum de diferentes órgãos/regiões que leva à interpretação cerebral “errada”
● “De fora para dentro” → foco de dor é fora do abd, mas é sentida NO abd (Ex: IAM gerando dor
epigástrica)
● “De dentro pra fora” → origem da dor é no abd, paciente sente em outro local (Ex: sinal de Kehr → dor na
ponta do ombro na presença de sangue irritando cavidade peritoneal)
2. QUANTO À ANATOMIA
INTRA-ABDOMINAL x EXTRA-ABDOMINAL
ETIOLOGIA
DOR DIFUSA .
● Peritonite ● Gastroenterite
● Pancreatite aguda ● Dissecção ou ruptura de aneurisma de aorta
● Anemia falciforme ● Obstrução intestinal
● Fase inicial da apendicite aguda ● Cetoacidose diabética
● Trombose mesentérica ● Porfiria intermitente aguda
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ABORDAGEM DA DOR ABDOMINAL
Anamnese
Exame físico
Estabilização (estável x instável)
Definição de necessidade de cirurgia
Diagnóstico
Tratamento
ANAMNESE .
CARACTERIZAÇÃO DA DOR → FAZER “QILTE F2 ADC”
● Qualidade da dor
● Intensidade (escala 0-10)
● Localização
● Tempo de instalação e duração
● Extensão
● F2: fatores de piora e fatores de melhora
● Associação com outros sintomas (vômitos, febre, parestesia…)
● Dimensão: impacto da dor nas atividades de vida
● Contexto: Idade do paciente, sexo, etnia, de que forma surgiu (contexto em que o paciente está inserido)
Hey! Quando mais rápida a instalação e menor a duração (quadro agudo) → mais chances de ser cirúrgica.
QUESTIONAR
● Uso de medicamentos
● Cirurgias prévias
● Patologias prévias
● Traumas recentes
● Viagens
● Uso de drogas ilícitas
Hey! Se dor recorrente, normalmente é não cirúrgica. Pensar nos 3P’s: pancreatite, porfiria, psiquiátrica.
EXAME FÍSICO .
SINAIS VITAIS
● Febre ou hipotermia
● Taquicardia
● Hipotensão
● SatO2
EXAME FÍSICO
EXAME FÍSICO GERAL
● Ectoscopia
● Exame cardiopulmonar
● Exame dorsal (sinal de Giordano)
● Extremidades
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● Toque retal → Realizar quando: hemorragias, obstrução, necessidade de avaliar próstata e exame
perirenal
● Sinal de Blumberg (dor à descompressão brusca no ponto de McBurney → pronto que liga o terço lateral
ao terço médio de uma linha imaginária entre cicatriz umbilical e crista ilíaca dividida em 3)
● Sinal de Rovsing: palpação do quadrante inferior esquerdo do abd levando à dor no abdômen direito (na
prática, utiliza-se a mão com punho fechado para deslocar o ar do cólon descendente pro ascendente
retogradamente)
● Sinal do Obturador: dor provocada por rotação interna passiva da coxa flexionada (“joelho pra dentro, pé
pra fora”) → sinal de irritação do m. obturador interno, pode sugerir apendicite aguda
● Sinal do Psoas: dor provocada à extensão passiva do quadril, com o paciente em decúbito lateral
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● Teste de Carnett: avalia a resposta da dor quando o paciente tensiona os músculos da parede abdominal
tentando levantar a cabeça da maca (útil para diferenciar origem da dor):
Se piora da dor → teste positivo → origem na parede abdominal
Se melhora da dor → teste negativo → provável origem visceral (causa da dor é intraabdominal)
ABDOME AGUDO .
DEFINIÇÃO
“Dor abdominal intensa de etiologia pouco clara, com duração de várias horas, podendo indicar uma
condição intra-abdominal progressiva que ameaça a vida ou é capaz de causar morbidade grave. A admissão
hospitalar é geralmente necessária e a cirurgia operatória é o resultado mais provável.”
💀👀SINAIS DE ALARME
● Início súbito de intensidade máxima desde o início ou rápida progressão
● Sinais de má perfusão periférica ou instabilidade hemodinâmica
● Dor que precede vômitos
● Febre
● >65 anos → sintomas vagos, apresentações atípicas e tardias e manutenção de sinais vitais inalterados
inicialmente
● Imunossupressão → sintomas vagos, apresentações atípicas e tardias
● Etilismo → aumenta o risco de pancreatite, hepatite e cirrose
● DCV → pode indicar comprometimento arterial em artérias mesentéricas ou aneurisma de aorta
● Cirurgia abdominal recente → risco de perfuração ou obstrução
● Início de gravidez → risco de gravidez ectópica
● Sinais de irritação peritoneal
DIAGNÓSTICO .
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EXAMES LABORATORIAIS
● BhCG → para TODA mulher em idade fértil (identifica gravidez tópica e ectópica, mola hidatiforme)
● Sumário de urina: hematúria, piúria*
● Hemograma:
Hemoglobina: alterada na hemorragia digestiva e sangramento intracavitário (normal na fase inicial)
Leucograma: pode elevar em patologias inflamatórias e infecciosas. Valor normal não as exclui.
Plaquetas: podem estar diminuídas no sangramento agudo
● Eletrólitos e função renal
● Gasometria e Lactato → avalia má perfusão e isquemia mesentérica
● Coagulograma → Coagulopatia, hepatopatia, hemorragia digestiva
● Glicemia → Cetoacidose diabética, estado hiperosmolar hiperglicêmico, pancreatite
● Enzimas hepáticas
● Lipase e amilase → pancreatite (lipase preferível a amilase)
● ECG e marcadores de lesão miocárdica → SCA, TEP, alterações hidroeletrolíticas
Atenção! Para todo paciente com dor acima da cicatriz umbilical → solicitar ECG
EXAMES DE IMAGEM
● RX de abdome em ortostase → Obstrução intestinal, corpo estranho, calcificações anômalas
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
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ESTABILIZAÇÃO
2. MANEJO
● Estabilização clínica
● Diagnóstico
● Tratamento sintomático e da causa base
● Referenciar se necessário
3. TRATAMENTO
CONTROLE DOS SINTOMAS
● Analgésicos + AINES → de acordo com a intensidade de dor que relatada PELO paciente
Evitar AINES em casos de sangramento
● Antiemético
● Antiácidos, antiespasmódicos → em casos de úlceras
ANTIBIÓTICO
● Polimicrobiano
● Opções:
Cefalosporina de 3ª geração (ceftriaxona) ou Quinolona + Metronidazol
B-lactâmico com inibidor de b-lactamase
SE antibioticoterapia recente → cefepime (cefalosporina de 4ª) ou carbapenêmico
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ALGORITMO 2 → ABORDAGEM DA DOR ABDOMINAL AGUDA .
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CASOS CLÍNICOS
CASO 01
ID: Mulher, 45 anos, cozinheira.
HDA: Paciente refere episódios frequentes de dor abdominal em cólicas, de forte intensidade, em hipocôndrio
direito, que piora com alimentação copiosa e melhoram com buscopan. Há 1 dia, após crise semelhante, a dor
passou a ser de forte intensidade, constante, em andar superior do abdome, irradiando para a região do dorso,
associada a vômitos.
Ao exame:
EGR, aaa, fácies de dor, taquipneica, FR: 28irpm, PA: 130x70mmHg, FC: 110bpm. SatO2=98% em ar ambiente,
cooperativa
AC: RCR, 2T, BNF, S/S. AP: MVU +, s/RA
Abd: globoso por adiposidade, flácido, doloroso à palpação em andar superior, s/ VM
Ext PPP, sem edema
CASO 02
Homem, 70 anos, mecânico, procedente de Fortaleza.
HDA: paciente apresentou quadro súbito de dor abdominal em região mesogástrica, contínua, de moderada
intensidade, associado a sensação importante de mal-estar, sendo trazido por familiares.
Ao exame:
EGC, aaa, fáceis agonizantes, FR: 24irpm, PA: 80x50mmHg, FC: 140bpm. SatO2=90% em ar ambiente,
gemente.
AC: RCI, 2T, BNF, S/S. AP: MVU+, s/RA
Abd: distendido, flácido, timpânico, doloroso à palpação difusamente, s/VM
Ext PPP, sem edema
● Hipótese diagnóstica?
Dissecção de aorta
Ruptura de aneurisma
Isquemia mesentérica
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● Que exame complementar é mais importante no caso?
a) Exames laboratoriais
b) USG abdominal
c) TC de abdome sem contraste
d) TC de abdome com contraste
CASO 03
Mulher, 30 anos, vendedora, procedente de Fortaleza.
HDA: Paciente refere que há 2 dias vem apresentando dor em fossa ilíaca direita, contínua, de forte
intensidade, associado a hiporexia. Nega febre, vômitos ou diarreia. Refere uso irregular de ACO. Última
menstruação há 32 dias.
Ao exame: EGR, aaa, fáceis de dor, taquipneica, FR: 24 irpm, PA: 100x60mmHg, FC: 110bpm. SatO2=98% em ar
ambiente, cooperativa
AC: RCR, 2T, BNF, S/S. AP: MVU+, s/RA
Abd: plano, doloroso à palpação em andar inferior, com defesa espontânea à palpação de FID. s/VM
Ext PPP, sem edema
● Hipótese diagnóstica?
ITU
DIP
Endometriose
Gravidez tópica e ectópica
Torção de cisto ovariano
Cólica menstrual
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