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Camila Távora e Érica Batalha

AULA 02: ELETROCARDIOGRAMA ANORMAL - ALTERAÇÕES DA FREQUÊNCIA


E DO RITMO CARDÍACO
NORMATIZAÇÃO PARA ANÁLISE E EMISSÃO DE LAUDO ELETROCARDIOGRÁFICO

Sempre devemos seguir essa mesma sequência ao laudar e avaliar um ECG:


1. Análise do ritmo (onda P positiva em 2 das seguintes derivações: DI, DII e AVF) e quantificação da FC
2. Análise da duração, amplitude e morfologia da onda P (comprimento: 3 quadradinhos/ amplitude: 2,5
quadradinhos) e duração do intervalo PR (3-5 quadradinhos)
3. Determinação do eixo elétrico de P, QRS e T
4. Análise da duração, amplitude e morfologia do QRS
5. Análise da repolarização ventricular e descrição das alterações do ST-T, QT e U quando presentes

ANORMALIDADES DA FREQUÊNCIA CARDÍACA

TAQUICARDIA >100 bpm X BRADICARDIA <50 bpm

CÁLCULO DA FC .
1500 / nº de quadradinhos entre duas ondas R OU
300 / nº de quadrados grandes entre duas ondas R.

*Preferencialmente olhamos R-R em DII.

Hey! Quando o ritmo é irregular a gente calcula a menor e a maior FC. Então
calcule no menor intervalo R-R e depois no maior intervalo R-R.

TAQUICARDIA SINUSAL .
● FC > 100 bpm + Onda P sinusal (positiva em DI, DII e AVF)
● Enlace atrioventricular: cada onda P é seguida de um QRS
● QRS estreito ou largo
● Hiperatividade simpática: medo, estresse, ansiedade, consumo de cafeína, hipertireoidismo.

EXEMPLOS:

FC: 1500/12= 125 bpm → taquicardia


Onda P positiva em DI, DII e AVF →
sinusal
Intervalos R-R iguais → ritmo regular

Taquicardia sinusal regular

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Homem 63a, sofreu um assalto e
foi conduzido a uma emergência
para realização de ECG.
FC: 1500/11= 136 bpm
Taquicardia sinusal e regular

BRADICARDIA SINUSAL .
● FC < 50 bpm + Onda P sinusal (positiva em DI, DII e AVF)
● iPR normal ou aumentado
● Causas: Fisiológica (sono, atletas) ou patológica (hipotireoidismo, hipovitaminoses)

EXEMPLOS:

Mulher de 82 anos com confusão


mental, inapetência e sonolência.
FC = 1500/32= 47 bpm

Bradicardia sinusal regular

Mulher de 82 anos com alteração do


sensório e instabilidade hemodinâmica
Ritmo regular (intervalo R-R regular)
Cadê a onda P?
FC = 300/12 = 25 bpm
Bradicardia (não sinusal) regular

ANORMALIDADES DO RITMO CARDÍACO

PRINCIPAIS TIPOS DE ALTERAÇÕES DO RITMO CARDÍACO .


1. Ritmo sinusal: onda P positiva em, pelo menos 2 das seguintes derivações → D1, D2 e aVF
2. Ritmo atrial baixo: onda P negativa em DII, DIII, AVF
3. Fibrilação atrial

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4. Ritmo juncional: ausência de onda P, QRS estreito, FC em torno de 50 bpm
5. Extrassístoles atriais: ondas P de morfologias diferentes, RR irregular
6. Extrassístoles ventriculares
7. Bloqueio atrio-ventricular
8. Taquicardias supraventriculares
9. Taquicardias ventriculares
*As condições destacadas são as que estudaremos nesta aula ;)

EXEMPLOS:

Jovem de 15 anos, assintomático,


encaminhado ao cardiologista por
apresentar ritmo cardíaco irregular.
Ritmo IRREGULAR: FC varia de 50 a 70
bpm
Ritmo sinusal
Arritmia fásica da respiração → NÃO é
uma alteração patológica do ritmo, é
fisiológica em crianças e adolescentes

Jovem, 22 anos com histórico de síncope.

Onda p negativa em DI, DIII e AVF → Ritmo


NÃO sinusal, mas tem onda P então é um
Ritmo Atrial baixo (o ritmo surgiu em outro
ponto do átrio que não é o Nó sinusal)

FC: 1500/17 = 88 bpm

1. FIBRILAÇÃO ATRIAL .
● Taquicardia SUPRAventricular
● Ritmo irregularmente irregular
● Ausência de onda p
● 10 x mais frequente em > 80 anos

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EXEMPLOS:

Leandro, 41 anos, hipertenso e obeso.


Vem ao ambulatório de cardiologia.
PA: 150x110 bpm
AC: ritmo irregular → FC varia de 70-166
bpm

Ritmo irregular (intervalos R-R diferentes)


+ Ausência de onda P → Fibrilação atrial

Miguel, 83 anos, paciente portador de IC


por miocardiopatia alcoólica.
Ritmo irregular (intervalos R-R diferentes)
+ Ausência de onda P → Fibrilação atrial
FC varia de 88 -115 bpm

2. EXTRASSÍSTOLES VENTRICULARES .
● "Despolarização extra”
● Hiperatividade simpática: ansiedade, uso de estimulantes (redbull, cafeína), hipertireoidismo, IC
descompensada.
● Batimentos precoces → intervalo RR irregular
● QRS largo → origem ventricular
● Podem ser:
Isoladas: sístoles anormais separadas
Pareadas: sístoles anormais vizinhas
● Classificação:
Monomórficas → as sístoles anormais são iguais na MESMA derivação
Polimórficas → as sístoles anormais são diferentes na MESMA derivação
● Nem sempre indica cardiopatia estrutural

Hey! Na maioria das vezes, a “sístole anormal” tem a polaridade invertida em relação aos outros QRS’s da
derivação.

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EXEMPLOS:

Extra sístole em AVF, AVR, AVL, DII e DIII


Observe que em AVL e AVR a polaridade foi invertida, enquanto
em DII, DIII e AVF é a mesma polaridade.

Extrassístoles ventriculares monomórficas


isoladas.

3. TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR .
● Taquicardia FC > 150 bpm com ritmo REGULAR (intervalo R-R iguais)
● QRS estreito
● Ausência de onda P visível
● Geralmente acomete indivíduos jovens (~20a)
● SEM cardiopatia estrutural (ECO inocente)
● Pode cursar com perda de consciência → arritmia de frequência acelerada

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EXEMPLO:

Jovem, 26 anos, histórico de palpitação em repouso e episódio de


síncope.

FC = 1500/8 = 187 bpm → taquicardia


Com ritmo Regular + Onda P não visível + QRS estreito

Taquicardia supraventricular

Paciente, 25 anos, refere palpitações


constantes.
Tratado como condição psiquiátrica
(fazia uso de alprazolam)
FC = 1500/8 = 187 bpm →
taquicardia
Com ritmo Regular + Onda P não
visível + QRS estreito
Taquicardia supraventricular

4. TAQUICARDIA VENTRICULAR (TV) .


● FC 140 a 200 bpm
● QRS largo
● RR regular
● Ausência de onda P visível
● PRESENÇA de cardiopatia estrutural
● Comum em pacientes Idosos com histórico de DAC
● Classificação:
Monomórficas → R-R iguais na MESMA derivação
Polimórficas → R-R diferentes na MESMA derivação
EXEMPLOS:

Paciente 56 anos, tabagista e HAS. Histórico de


DAC.
FC = 1500/7 = 214 bpm → taquicardia
Com ritmo Regular + Onda P não visível + QRS
largo
Taquicardia ventricular monomórfica

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Taquicardia com ritmo Regular + Onda P não
visível + QRS largo

Taquicardia ventricular monomórfica

Taquicardia com ritmo irregular + Onda P não


visível + QRS largo
Taquicardia ventricular polimórfica

Hey! Aprendemos que em uma taquicardia SUPRAventricular, o QRS é ESTREITO (normal) e que uma
taquicardia ventricular ALARGA o QRS. Porém, podemos ter uma Taquicardia SUPRAventricular com
condução aberrante que alarga o QRS e aí como diferenciar de uma Taquicardia Ventricular? Para isso
existem diversos critérios (Wellen, Brugada, Wereckei), mas NA VIDA considere TODA TAQUICARDIA DE QRS
LARGO COMO UMA TAQUICARDIA VENTRICULAR.

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