Você está na página 1de 243

PROJETO

DE VIDA 1º
ANO

GUIA DO EDUCADOR

Esse botão do canto superior direto te levará de volta ao Sumário.

Clique também em link externo para acessar mais conteúdo.


ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DE ESTADO
DA EDUCAÇÃO

JOSÉ RENAN VASCONCELOS JACIELMA PEREIRA LEITE


CALHEIROS FILHO Gerente de Desenvolvimento
Governador do Estado de Alagoas Educacional

FÁBIO GUEDES GOMES DANIELLY VERÇOSA SILVA


Secretário de Estado da Educação de Gerente das Modalidades e
Alagoas Diversidades da Educação Básica

RICARDO LISBOA MARTINS FABIANA ALVES


Superintendente de Políticas DE MELO DIAS
Educacionais Gerente da Educação Básica

ROSEANE FERREIRA DANIEL MELO MACEDO


VASCONCELOS Supervisor do Ensino Médio
Superintendente da Rede Estadual de
Educação NILMA THESINHA
DOS SANTOS
WILANY FELIX BARBOSA Supervisora de Políticas de Educação
Superintendente do Sistema Estadual Profissional e Tecnológica
de Educação

ANDREIA LUIZA
ALVES DE OLIVEIRA
Gerente da Educação Profissional e
Ensino Superior

COLABORAÇÃO DE Cícera Meireles dos Santos


REDAÇÃO Clarissa Rodrigues Pereira
Daniel Melo Macedo Cláudia Luisa Brandão Sotto
Danielly Verçosa Silva Cristiane Gomes de Souza
Cristiane Maria das Chagas Souza
Cristina de Fátima da Silva
EQUIPE TÉCNICA Denilma Diniz Botelho
Adriana Alves Salles Edeilda Severino da Silva
Ana Cristina Marques dos Santos Edineide Soares Carvalho
Ana Lúcia Ferreira da Silva Edma Alves Afonso Sotero
Ana Maria do Nascimento Silva Edneide Anselmo Farias
Ana Maria Souza de Oliveira Edvaldo Albuquerque dos Santos
Andréa Alves Couto Vanderlei Égide Jane de Amorim
Andréa Alves do Nascimento Santos Eline da Silva
Angela Maria Vasco Eraldo Santos de Melo
Bernadete Fernandes de Araújo Eva Maria Silva Ferreira

PROJETO DE VIDA 2
Gildimar Guilherme da Silva Maria do Socorro Ferreira Coelho
Helena Lemos Souza Melo Maria José da Rocha Siqueira
Iranildo da Costa Santos Maria José Silva da Hora
Izaura Cristina G. da Silva Medeiros Maria Luciana Pereira da Silva
Jailma Pereira Bispo Rodrigues Maria Madalena Curaçá de Araújo
Jailson Barbosa Costa Maria Vanúzia da Silva
Jair do Nascimento Porto Maria Verônica Barbosa Pinto
Jeane Cristina Rodrigues do Marilda Basílio S. Silva
Nascimento Marília Santos de Gusmão Martins
Jefferson Vitoriano Cunha Marta Maria Teixeira
Jennifer Patrícia de Araujo Nádia Gomes de Araújo
João Maria Fernandes Pereira Noélia Paula de Souza Reis Fonseca
Josafá Ferreira Campos Patrícia Francisca Batista da Silva
José Claudino da Silva Filho Pollyanna Vieira Nemézio
José Clebson dos Santos Quitéria Rosa Pereira Oliveira
Josineide Melo Machado Nascimento Radijalma Ferreira de Lima
Juliane dos Santos Medeiros Ricardo Alves da Silva Santos
Jussimare Cipriana da Silva Rosa Patrícia da Silva Santos
Kátia Almeida Cadengue Rosilma Ventura da Silva
Laudenice Maria Lins Rossane Romy Pinheiro de Almeida
Leônia Oliveira da Silva Batista
Lúcia Pedro dos Santos Rozilene Belo dos Santos
Márcia Cristina Batista da Silva Rute de Cássia Bezerra da Silva
Maria Andra da Silva Sebastião Ferreira Palmeira Júnior
Maria Aparecida da Costa Soraia Maria da Silva Nunes
Maria Aparecida Silva dos Santos Suzy Clea Lisboa Melo
Maria Arlene do Nascimento Tamara Tatyana Araujo
Maria Betânia Apratto Cavalcante dos Tássia Dalianne Nery Silva
Santos Vanessa dos Anjos Tenório
Maria da Glória Alves da Silva Virgínia Moura Miller
Maria da Penha Torquato Viviane Marcos V. de Oliveira Ferreira
Maria de Fátima B. de Andrade

COLABORAÇÃO DE
DIAGRAMAÇÃO
Assessoria de Comunicação –
ASCOM/SEDUC

CONSULTORIA
Hanna Cebel Danza
Marco Antonio Morgado da Silva
Lumaira Marques

PROJETO DE VIDA 3
Educadores de Alagoas,
É com grande satisfação que os apresentamos
e convidamos a conhecer o Projeto de Vida,
aqui representado por um conjunto de materiais
didáticos que permite o desenvolvimento de
práticas pedagógicas cujo objetivo consiste no
desenvolvimento de competências e habilidades
dentro do escopo da multidimensionalidade (pessoal,
social e profissional) como premissa para a educação
integral e com foco no protagonismo das juventudes
do ensino médio. Tal proposta foi estruturada para
agregar à temática enquanto componente curricular
e com carga horária específica no decorrer dos anos
que integram o Ensino Médio.

A jornada de ensino e aprendizagem do Projeto de


Vida se divide nos três anos do ensino médio, podendo
ser adaptada para outros tempos de organização
da oferta e atende ao que está estabelecido na Lei
13.415/2017 e na Base Nacional Comum Curricular.
Este produto foi resultado de um longo trabalho de
estudo e escrita que envolveu técnicos da Secretaria
de Estado da Educação de Alagoas, do Instituto Sonho
Grande e pesquisadores do assunto no Brasil ao longo
do desafiador ano de 2020.

Este material apresenta um grande percurso


pedagógico, com orientações didáticas,
apontamentos teóricos e suporte socioemocional
que busca articular as dimensões pessoal, cidadã
e profissional dos estudantes, consolidando seu
protagonismo e colocando em outro patamar o papel
do Ensino Médio na educação alagoana. A cada ano
serão trabalhados temas essenciais à experiência das
juventudes e sua potencialidade para a concretização
da vida futura, com autonomia e responsabilidade.

PROJETO DE VIDA 4
Autoconhecimento e Identidade; Convivência e
Participação; Escolha e Planejamento; Engajamento
e Transformação são alguns dos temas que darão
sentido a cada aula de Projeto de Vida.

Nesse empreendimento desafiador, e na certeza


do compromisso que os educadores de Alagoas
sempre demonstraram ao longo da história, os
convidamos a investir em uma experiência escolar
para além dos conhecimentos científicos e que lance
um olhar efetivo para os afetos e para a convivência
familiar e comunitária de forma respeitosa, tolerante,
solidária e colaborativa na construção de um
futuro próspero com senso de pertencimento
e engajamento social. Assim, esperamos que
aproveitem esta vivência de forma intensa, auxiliando
os estudantes na compreensão e construção dos seus
Projetos de Vida, promovendo debates e conversas
profícuas e acolhedoras.

É com imensa satisfação que os recebemos nesta


jornada, na esperança de juntos construirmos uma
realidade cada vez mais feliz.

PROJETO DE VIDA 5
SUMÁRIO
BLOCO 1: Autoconhecimento e Identidade 8

TEMA: Autoconhecimento

Aula 1 – Atividade de sondagem 8

Aula 2 – Quem somos nós? 17

Aula 3 – Quem sou eu? 29

Aula 4 – Qual é a sua personalidade? 37

Aula 5 – Autorretrato e identidade 44

Aula 6 – Autorretrato e identidade – Parte 2 55

Avaliação em Projeto de Vida 1 67

BLOCO 2: Convivência e participação 68

TEMA: Relações interpessoais

Aula 1 – As relações de amizade 68

Aula 2 – Relações familiares 78

Aula 3 – Amores e paixões 87

Aula 4 – Responsabilidade afetiva e relacionamento saudável 97

Aula 5 – Todos têm o direito de amar 108

Aula 6 – Mapa mental das relações 118

Avaliação em Projeto de Vida 2 127

PROJETO DE VIDA 6
BLOCO 3: Escolha e Planejamento 128

TEMA: Sonhos, critérios de escolha e planejamento

Aula 1 – Critérios de escolha 128

Aula 2 – Sonhos são feitos de escolha 137

Aula 3 – Entre sonhos e fantasias 144

Aula 4 – Sonhos que ainda não sonhamos 153

Aula 5 – Objetivos, metas e estratégias de planejamento 163

Aula 6 – Os desvios de percurso 171

Avaliação em Projeto de Vida 3 182

BLOCO 4: Engajamento e transformação 183

TEMA: Autorregulação

Aula 1 – Mentalidade fixa e mentalidade de crescimento 183

Aula 2 – Tecnologias do eu 190

Aula 3 – Coerência em relação a valores 201

Aula 4 – Como lidar com as nossas emoções? 211

Aula 5 – Exercícios de autorregulação 218

Aula 6 – A mudança dos hábitos 226

Avaliação em Projeto de Vida 4 232

PROJETO INTERDISCIPLINAR 1º ANO: “Sarau de Identidades” 233

PROJETO DE VIDA 7
PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR
TEMA: AUTOCONHECIMENTO
TEMA 1
TÍTULO: ATIVIDADE DE SONDAGEM
AULA 1

O que faremos hoje?

Bloco 1 Autoconhecimento e Identidade

Tema Autoconhecimento

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar da sua saúde física e


Competências emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
gerais da BNCC reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Identificar e relacionar conteúdos e aprendizados associados


Habilidades de
ao projeto de vida e elaborar uma síntese que o auxilie na sua
Projeto de Vida
construção.

Objeto de
Conceito de projeto de vida
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 8


O que dizem os estudiosos?

O projeto de vida é uma intenção de longo


prazo, que contribui para conferir sentido à
existência, que envolve planejamento para
que as metas sejam realizadas e que é baseada
em princípios éticos, ou seja, que não visa à
autodestruição ou a destruição dos outros e do
mundo em termos mais amplos. Essa definição
ajuda a estabelecer quais são as expectativas de
aprendizagem para esse componente curricular, ou
seja, o que desejamos que nossos estudantes sejam
capazes de realizar.

Como é que se faz?

Organizando a aula
Essa é a primeira aula de Projeto de Vida.
Inicie-a pedindo para os estudantes organizarem.

Apresente-se, contando brevemente a sua


história pessoal e o seu envolvimento com o tema
dos projetos de vida. Nesse sentido, não importa se
você tem experiência com o tema ou não, mas sim,
o quanto você está motivado a contribuir para que
todos se desenvolvam e escolham seu caminho.

Depois, peça para que cada estudante se


apresente, falando qual é o seu nome e uma
característica que considera ser marcante em sua

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 9


personalidade. Para ajudá-los a refletir sobre essas
características, pergunte: Se alguém que o conhece
muito bem tivesse que descrevê-lo para outra
pessoa, qual seria a característica que, com certeza,
seria mencionada?

Você também pode dar alguns exemplos


de características pessoais, como: inteligente,
honesto, brincalhão, sensível, carinhoso, tímido,
alegre, organizado, cuidadoso, bondoso, justo,
humilde, dedicado, bom ouvinte, entre outras.
Nesse momento de apresentação, estimule que
os estudantes mencionem características positivas
sobre si mesmos, deixando para explorar outros tipos
de características em outros momentos.

Sobre isso, é importante reforçar que


reconhecer características positivas em si não é uma
atitude arrogante, ou pouco modesta, pelo contrário,
todos nós as temos e é fundamental que possamos
reconhecê-las e nos orgulhar delas. Dê dois minutos
para que eles pensem e escolham a característica
que desejam compartilhar. Depois, inicie a dinâmica,
falando uma característica pessoal positiva sua, e em
seguida, passe a palavra para um dos estudantes. A
sequência das apresentações deve seguir a ordem do
semicírculo.

Despertando o interesse
Nesse momento da aula, você deverá realizar
uma sondagem sobre o tema dos projetos de
vida. Essa sondagem é importante para que possa
compreender o que seus estudantes pensam a
respeito do tema e para que eles tenham um registro
do ponto de partida do trabalho, a fim de que, com o
decorrer do tempo, possam verificar sua evolução e
aprendizado.

Explique aos estudantes que ninguém além de


você irá ler essas informações. Isso é importante
porque muitos podem se sentir desconfortáveis

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 10


ao declarar suas intenções para os familiares, os
colegas, entre outras pessoas.

Reforce que não existem respostas certas


nem erradas, e que você não espera nenhum tipo
de resposta, apenas o que eles pensam e sentem
de verdade. Sobre isso, enfatize a importância de
serem honestos com eles mesmos, pois essa é a
única forma de se conhecerem e compreenderem
como podem se desenvolver. Assim, caso não
saibam como responder às perguntas, é importante
que escrevam sobre essa dificuldade, da mesma
forma que é relevante que escrevam caso ainda não
tenham essas respostas.

Entregue aos estudantes a ficha de atividade


correspondente a essa aula e faça a leitura conjunta,
esclarecendo possíveis dúvidas de interpretação.

Depois, peça para que respondam às perguntas


com calma e da forma mais completa possível.

Ao término da atividade, recolha a folha dos


estudantes.

Em um momento posterior à aula, leia com


cuidado suas respostas, a fim de detectar quais são
os principais desafios da turma. Para isso, analise as
respostas dadas para cada questão do seguinte modo:

a) A questão 1 ajuda a detectar se os estudantes


têm intenções para o futuro. Caso não as
tenham, será importante enfatizar a relevância
de se conhecerem e de conhecerem o mundo
que os cerca, a fim de formular o que desejam
para o futuro e a encontrar fontes para seus
projetos de vida.
b) A questão 2 ajuda a detectar se as intenções
dos estudantes são carregadas de sentido
pessoal. Caso não saibam explicar as razões
para seus desejos para o futuro, será importante
contribuir para que eles reflitam com mais
profundidade sobre isso, revendo o que, de
fato, faz sentido para suas vidas e se suas
intenções estão alinhadas a esses sentidos.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 11


c) A questão 3 ajuda a detectar se os estudantes
conseguem planejar, com metas e estratégias
de curto, médio e longo prazo, como poderão
realizar suas intenções.
d) A questão 4 ajuda a detectar se os estudantes
levam em consideração a possibilidade de
contribuir com a transformação social por
meio de seus projetos de vida, e se estes estão
orientados por princípios éticos, tais como a
justiça, a igualdade, o cuidado, a generosidade,
entre outros.

Construindo conhecimentos
• Divida a turma em grupos de até quatro
estudantes.
• Peça para que um deles seja o redator do
grupo, ou seja, aquele que irá anotar as
discussões em uma folha de caderno.
• Em seguida, peça para que o grupo faça um
exercício de “chuva de ideias”, compartilhando
todas as palavras que lhes vem à mente
quando pensam na expressão projeto de vida.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 12


Incentive-os a escrever o maior número de
palavras, até as ideias se esgotarem.
• Assim que os estudantes terminarem o trabalho
em grupo, inicie uma discussão coletiva,
solicitando que compartilhem as ideias que
levantaram enquanto você as escreve na lousa.
• Quando terminarem essa etapa, convide-os
a criar, ainda em seus grupos, uma definição
para o termo projeto de vida, a partir das ideias
levantadas. É importante destacar quais são as
ideias essenciais para o conceito e quais estão
associadas a ele, mas não são imprescindíveis.
• Peça para que cada grupo compartilhe sua
definição, anotando-as na lousa.
• Assim que todos compartilharem, peça para
que analisem criticamente as definições a
fim de que possam criar uma definição única,
para toda a turma. Ajude-os, por meio de
perguntas, a contemplar os pilares do projeto
de vida (intenção de longo prazo, sentido para
a existência, planejamento e ética).
• Em seguida, anote a definição final na
lousa. Questione os estudantes porque é
importante que, antes de iniciar a jornada
rumo à construção dos projetos de vida, todos
compreendam exatamente o que ele é.
• Por fim, destaque que a definição de projeto de
vida é a meta do trabalho dessa disciplina, ou
seja, é o que se deseja que todos sejam capazes
de construir.

Registrando o aprendizado
• Peça para que todos os estudantes copiem a
definição de projeto de vida em seus cadernos,
do seguinte modo:
Projeto de vida é…
• Depois, solicite que respondam nos cadernos
a seguinte questão: Com base nessa definição,
você acredita que tem um projeto de vida?
Como se sente em relação a isso?

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 13


Vamos falar sobre educação
socioemocional?

Como esta é uma aula de introdução, podemos


começar investigando uma emoção comum no
início das aulas: a expectativa. Reflitamos um pouco
sobre ela:

EXPECTATIVA

A expectativa é a esperança de que algo que


desejamos aconteça. É a antecipação de
uma situação viável. Está associada com as
projeções que criamos com base naquilo em que
acreditamos. Pode nos causar grande entusiasmo
e nos engajar.

Antes da aula, procure entrar em contato com


suas próprias expectativas em relação ao ano que
se inicia e ao trabalho que você desenvolverá com a
turma. Pergunte-se: Se as coisas saírem da melhor
forma possível, como você e seus estudantes
estarão no final do ano? É comum que alguns de nós
prefiramos não cultivar expectativas, porque, assim,

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 14


podemos nos prevenir da frustração, caso elas não
sejam alcançadas.

Você também pode abrir espaço para que os


estudantes falem sobre suas expectativas em uma
atividade de círculo ou mesmo em uma conversa
inicial com a turma. Acolha todas as respostas,
ainda que reflitam desânimo ou rejeição. Sem
julgamento, pergunte: “Quem mais compartilha
dessa expectativa?”.

Em seguida, promova a discussão perguntando


“Alguém pensa de maneira diferente?” e deixe que
os estudantes se expressem livremente. Essa pode
ser uma boa estratégia para que eles reconheçam
e lidem com suas próprias expectativas e para que
comecem a se sentir mais à vontade no ambiente da
sala de aula.

Tenha em mente que o trabalho pelo qual você


ficou responsável trará oportunidades valiosíssimas
para seus estudantes refletirem sobre si, suas próprias
vidas e suas futuras contribuições para o mundo.
E que isso, por si só, já vale muito. Então, arrisque
um pouco e compartilhe com seus estudantes suas
expectativas mais otimistas. Se der medo, lembre-
se da frase do Henfil: “Se não houver frutos, valeu a
beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra
das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da
semente”. Boa sorte e bom começo de ano!

Que tal aprender mais?

Projeto de vida

No webinar organizado pela Frente de Currículo


e Novo Ensino Médio do CONSED (Conselho

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 15


Nacional de Secretarias da Educação), especialistas
no tema “Projeto de vida” explicam mais sobre
esse conceito e oferecem orientações sobre como
implementá-lo nas escolas.
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referência Bibliográfica
DAMON, William. O que o jovem quer da vida? Como pais e
professores podem orientar e motivar os adolescentes? São Paulo:
Summus, 2009.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 1 16


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR
TEMA: AUTOCONHECIMENTO
TEMA 1
TÍTULO: QUEM SOMOS NÓS?
AULA 2

O que faremos hoje?

Bloco 1 Autoconhecimento e Identidade

Tema Autoconhecimento

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar da sua saúde física e emocional,


compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas
emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar
com elas.
Competências 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
gerais da BNCC cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

Exercitar e praticar a tomada de perspectiva e a empatia para


reconhecer e compreender as ideias, pensamentos, sentimentos e
Habilidades de comportamentos alheios.
Projeto de Vida Reconhecer e valorizar o autoconhecimento como um
procedimento que possibilita a autorregulação e a definição de um
projeto de vida.

Objeto de
Autoconhecimento, identidade e tomada de perspectiva.
conhecimento

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 17


Aparelhos para a reprodução de vídeo disponível na plataforma
Materiais YouTube.
Filme Human. Diretor: Yann Arthus-Betrand.

Tempo de aula 120 minutos

O que dizem os estudiosos?

Diversos estudiosos dos campos da filosofia


(TAYLOR, 1994; LÉVINAS, 2009; RICOUEUR, 2014),
sociologia (GUIDDENS, 2003) e psicologia (PIAGET,
1996; HARTER, 2012) concordam que

é a interação com os outros que


possibilita o reconhecimento de
nossa individualidade e subjetividade,
pois ela nos permite identificar os
pensamentos, sentimentos, valores e
condutas que nos são próprios, e os
que são dos demais.
Assim, é na comparação e no contraste com
o outro que podemos delimitar as fronteiras entre
quem somos e quem são os outros. Contudo, os
conhecimentos, modo de vida, crenças, valores
e condutas dos outros constituem fontes de
referência para a construção de nós mesmos.
Conhecer e interagir com a diversidade de indivíduos
que compartilham o mundo conosco é, nesse
sentido, uma oportunidade valiosa de aprendizado
e desenvolvimento de novas ideias, por meio da
empatia, da alteridade e do respeito à diversidade.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 18


Como é que se faz?

Organizando a aula
Inicie a aula retomando o conceito de Projeto
de Vida e perguntando aos estudantes como foi
responder ao questionário, quais questões foram mais
fáceis e quais mais difíceis, e por que acharam isso.

Reserve um tempo para que alguns estudantes se


manifestem. É esperado que relatem ter encontrado
dificuldades em algumas questões, pois podem não
estar acostumados a refletir sobre esse tema. Procure
suscitar neles a percepção de que a construção do
Projeto de Vida é uma tarefa complexa, que exige
investimento e que demanda a construção de um
conjunto de conhecimentos sobre si e sobre mundo,
bem como de habilidades e valores.

Anuncie o tema e as habilidades que


serão trabalhadas nessa aula e relacione-os ao
tema dos Projetos de Vida, comentando que o
autoconhecimento é uma competência fundamental
para reconhecer quem eles são e quem desejam se
tornar no futuro e que, por isso, serão convidados a
fazer um mergulho investigativo em si mesmos.

Despertando o interesse
• Entregue aos estudantes a ficha de atividade
correspondente a esta aula (Aula 2 - Quem
somos nós?).
• Faça a leitura do poema e das questões
disparadoras, e depois solicite que parem,
por alguns instantes, para refletir em silêncio
sobre elas.
• Em seguida, reserve alguns minutos para que

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 19


eles expressem suas concepções oralmente.
Você pode solicitar que alguns estudantes
se voluntariem para esse momento de
compartilhamento, ou perguntar diretamente
para alguns deles, incentivando a participação
daqueles que são mais tímidos.
• Faça a leitura coletiva do comando da Atividade 1.
• Após destinar alguns minutos para o
registro individual, peça que apresentem
suas suposições. Uma vez mais, incentive a
participação dos estudantes, demonstrando
interesse por suas respostas.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
• Após os estudantes compartilharem suas
suposições, realize a leitura coletiva do texto e
do comando da Atividade 1.
• Procure verificar a compreensão deles acerca
dos fatores que constituem a identidade e da
importância do autoconhecimento para sua
construção.
• Reproduza os trechos do documentário
“Human” disponíveis nos links abaixo. Lembre-
se de, antes de iniciar os vídeos, ler as
perguntas que eles deverão responder nesta
atividade, a fim de que estejam atentos ao que
devem observar.
• Os conteúdos das respostas esperadas para a
questão “b” encontram-se a seguir, junto aos
links de cada história de vida.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 20


História de vida 1

link externo

A brasileira Sidneia conta que um ponto de


virada em sua vida foi ter conhecido, aos 9 anos de
idade, Maninha Moraes, uma mulher que dirigia um
carro, em um contexto em que isso era um evento
raro. Tal encontro a fez desejar a liberdade e buscar
realizar seus desejos e sonhos, independentemente
dos preconceitos de seu pai e de uma comunidade
machista. Alguns valores destacados no relato
são a liberdade, a coragem, a autenticidade na
busca pelos sonhos e a igualdade de gênero.
Sidneia acredita que sendo ela mesma e afirmando
a igualdade entre homens e mulheres em uma
comunidade machista está fazendo a sua parte para
melhorar o mundo.

História de vida 2
link externo

O estadunidense ex-combatente da guerra


do Iraque relata um episódio em que perseguiu
obstinadamente um terrorista com a intenção
de matá-lo, quando, em meio a uma plantação,
deparou-se com um senhor arando a terra e uma
criança em meio a uma bela paisagem, o que o

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 21


fez tomar consciência de suas ações e questionar
o que estava fazendo com a sua vida, nutrindo os
sentimentos de ódio e vingança. Esse momento o
fez voltar seu olhar para si mesmo e reconhecer a
sua própria humanidade. A paz é o valor que marca
sua narrativa de vida e a tomada de consciência é
um aspecto a ser destacado.

História de vida 3

link externo

Observação: Exibir entre os minutos 22:15 e 23:56

Esse relato é de uma jovem que vivia em uma


pensão para mulheres sem-teto. Segundo ela, sua
vida sofreu uma grande mudança quando viu um
amigo morrer de overdose, o que a fez decidir
abandonar a vida que levava e se matricular na escola
do bairro. Ao pedir que a ajudassem, foi acolhida
pelo professor Paul, que não se importou se ela tinha
ou não conhecimentos prévios para acompanhar
suas aulas. Ele a buscava na pensão e a levava para
treinar boxe. Paul, que tinha câncer, faleceu dois
anos depois, mas dedicou os últimos anos de sua
vida estimulando a jovem e fazendo-a acreditar em si
mesma. Deste modo, ensinou a ela a autoconfiança
e o valor da solidariedade.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 22


História de vida 4

link externo

Observação: Exibir entre os minutos 6:03 e 7:47

A perda dos membros inferiores fez este homem


dar um novo sentido a sua vida, passando a procurar
o lado positivo de suas experiências e sentir que tudo
o que ocorre em sua existência são oportunidades
e motivo de felicidade. A gratidão e o otimismo são
valores centrais em sua vida.

História de vida 5
link externo

Isadora é uma modelo que iniciou sua carreira


aos 18 anos. A vida em uma comunidade a fez
reconhecer que a carreira deveria servir para ela
se desenvolver, construir algo e dar conforto aos
pais e a si mesma. Apesar de ter ganhado um
carro, como não podia dar carona a todos os seus
amigos, optou por seguir andando de ônibus com
eles, numa demonstração de empatia e de que a
amizade, a humildade e a igualdade são valores para
ela. A igualdade também se revela no depoimento
em que manifesta sua indignação e tristeza com a
desigualdade social e a pobreza.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 23


História de vida 6
link externo

Observação: Exibir entre os minutos 40:16 e 40:58

O homem define-se como alguém que ama


outra pessoa, que é pai, chato, mas também querido,
entre outras coisas. Para ele, que é homossexual, o
sexo/gênero da pessoa que ama não o define, mas
sim, a qualidade, o poder e a integridade de seu
amor. Os valores que sua autodefinição expressam
são o amor e o respeito à diversidade.

Além das seis histórias de vida selecionadas


para a análise dos estudantes, sugerimos transmitir
o trecho do depoimento deste brasileiro sobre o
sentido de vida, pois carrega uma mensagem positiva
e otimista.

link externo

Observação: Exibir entre os minutos 1:21:09 e


1:22:28

Atividade 2
Após a exibição dos vídeos, peça para que
os estudantes respondam às questões da ficha
e estabeleça um momento para a exposição e

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 24


discussão coletiva das respostas, que pode ser
organizado de acordo com cada uma das pessoas
apresentadas no documentário.

Procure garantir que o relato de todas essas


histórias de vida seja discutido em relação às
perguntas e também em relação a outros aspectos
que podem ter chamado a atenção dos estudantes.

Essa é uma atividade que possibilita reconhecer


como as experiências de vida influenciam a
constituição da pessoa que somos e como o
autoconhecimento é importante para aprendermos a
lidar com as situações que enfrentamos de um modo
positivo, buscando dirigir os rumos de nossa vida,
visando à realização pessoal e à contribuição para a
construção de um mundo mais solidário e justo.

Além disso, conhecer a vida de outras pessoas


possibilita o exercício da tomada de perspectiva,
da empatia e da compreensão do outro. Nesse
sentido, a pergunta da letra “a” é uma boa
oportunidade para discutir como não podemos
julgar alguém pela sua imagem.

Procure explorar esses aspectos com os


estudantes por meio de perguntas que os auxiliem
a fazer essas reflexões, como: “Quais informações
vocês usaram para imaginar a vida dessas pessoas?
Vocês acreditam que podem ter partido de algum
preconceito para imaginar a vida dessas pessoas?
Qual?” etc.

Registrando o aprendizado
Reserve cerca de 10 minutos finais da aula para
a realização da Atividade 3, que é um exercício de
sistematização do aprendizado desta aula.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 25


Vamos falar sobre educação
socioemocional?

Tratar das emoções em sala de aula de modo


intencional não é exatamente uma tradição escolar.
A maioria de nós passou pela escola sem ter tido
uma aula sequer que discutisse o motivo pelo qual
sentimos o que sentimos, de que modo nossas
emoções nos afetam, que estratégias podemos usar
para manejá-las etc.

O resultado disso é que muitos de nós,


docentes, não temos qualquer referência sobre
como esse trabalho socioemocional deve ser feito,
tampouco como lidar com as emoções que possam
emergir de nossas aulas ao propormos atividades
nessa área. Isso é especialmente mais desafiador
com adolescentes, que podem ser mais fechados (ou
mesmo resistentes) a um trabalho com emoções.

Um primeiro passo para construir o clima seguro


que os estudantes precisam para que possam se
expressar é exercitarmos um olhar sem julgamentos
em relação a eles.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 26


COMPAIXÃO

De acordo com o Dalai Lama, compaixão é um


senso de preocupação, que parte da noção clara
de que todos os seres têm exatamente o mesmo
direito à felicidade. Podemos entender a compaixão
também como o exercício de se deixar afetar pelo
outro, de acolher o que ele está sentindo sem
julgamentos, na tentativa de ajudá-lo.

Para praticar a compaixão com nossos


estudantes, portanto, precisamos nos despir de
nossos julgamentos sobre eles, o que se manifesta
em frases como “esse é um bom estudante”,
“eles não querem nada com nada”, “tá fazendo
isso porque quer aparecer”, “essa turma é muito
preguiçosa”. Da próxima vez em que se perceber
pensando ou dizendo essas frases sobre seus
estudantes, tente suspender esses julgamentos e
procure genuinamente entender os motivos e as
histórias que os fizeram ser como são.

Acolhendo os estudantes: A compaixão também


é essencial para podermos lidar com as emoções
que possam surgir na sala de aula. Se algum
estudante chorar ou tiver uma reação emocional
evidente, retire-o do centro das atenções, dê-lhe um
tempo para processar o que está sentindo (chorar,
falar etc) e ofereça sua presença. Procure não dar
conselhos ou punições - ele não precisa disso nesse
momento -, mas apenas sentir com ele, ajudando-o
a se entender, fazendo perguntas ou simplesmente
ficando em silêncio.

Que tal aprender mais?

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 27


Lévinas: Ego e distanciamento

Neste vídeo, o Professor de Filosofia da


Universidade de São Paulo (USP), Franklin Leopoldo
e Silva discute os conceitos de ego, individualismo e
alteridade, sob a perspectiva do filósofo Emmanuel
Levinas, que aborda a alteridade (o reconhecimento
do outro) como componente constitutivo da
identidade e da moral.
link externo

Acesso: 06/11/2020

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2003.
HARTER, Susan. The construction of the self: developmental and
sociocultural foundations. Guilford Publications, 2012.
LÉVINAS, Emmanuel. O humanismo do outro homem. 3ª ed.
Petrópolis-RJ: Vozes, 2009.
PIAGET, Jean. A construção do real na criança. São Paulo: Ática, 1996.
RICOEUR, Paul. O si-mesmo como outro. São Paulo: Martins Fontes,
2014.
SILVA, Marco Antonio Morgado. A Construção do Self e da Identidade.
In:_____. Integração de valores morais às representações de si
de adolescentes. (Tese de Doutorado). Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.
TAYLOR, Charles. As Fontes do Self: a construção da identidade
moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1994.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 2 28


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 1
TEMA: AUTOCONHECIMENTO
AULA 3
TÍTULO: QUEM SOU EU?

O que faremos hoje?

Bloco 1 Autoconhecimento e Identidade

Tema Autoconhecimento

Conhecer-se, apreciar-se e cuidar da sua saúde física e emocional,


Competências compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas
gerais da BNCC emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar
com elas.

Reconhecer e valorizar o autoconhecimento como um


procedimento que possibilita a autorregulação e a definição de um
projeto de vida.
Habilidades de Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos e
Projeto de Vida regular as próprias condutas.
Elaborar a narrativa autobiográfica, atribuindo significados às
experiências de vida a partir de uma análise consciente de seu papel
na construção da identidade e do projeto de vida.

Objeto de
Autoconhecimento
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 3 29


O que dizem os estudiosos?

O autoconhecimento é tema de grande


interesse no campo da psicologia. Muitos
pesquisadores (DAMON; HART, 1988; HARTER,
2012; SILVA, 2020) têm se debruçado sobre como
os sujeitos conhecem, interpretam e lidam com
seus pensamentos, emoções e condutas. Ao longo
dos últimos anos, diversas pesquisas (DAMON;
HART, 1988; HARTER, 2012) têm concluído que,
da infância à adolescência, há uma progressão no
desenvolvimento da compreensão e definição de
si mesmo. Se a criança tende a se definir baseada
em suas características físicas (ex: “sou alto”), nas
ações (ex: “gosto de jogar vôlei”) e em como se
insere nas relações com o outro (ex: “sou o filho
mais velho”), o adolescente passa, gradativamente, a
dar mais ênfase nas suas características psicológicas
(ex: “sou tímido”), em suas crenças (ex: “para mim
é importante conservar e proteger a natureza”)
e princípios (ex: “sou uma pessoa honesta”). Tais
estudos indicam que a definição de um conjunto
de características, valores e compromissos como
centrais para o indivíduo e o reconhecimento de que
ele é autor de sua própria construção, caracterizam
uma identidade madura. Entretanto, tal identidade
madura não é algo que se produz espontaneamente,
pois depende de experiências que propiciem sua
construção e do papel ativo do indivíduo mediante o
desenvolvimento do autoconhecimento.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 3 30


Como é que se faz?

Organizando a aula
• Inicie a aula pedindo aos estudantes para
resumir oralmente o que foi abordado na aula
anterior, expondo seus aprendizados.
• Para ter um resumo completo, permita que
alguns estudantes exponham seus relatos,
orientando-os a acrescentar algo diferente do
que já foi dito pelos outros colegas.
• Caso sintam dificuldade, oriente-os a consultar
a seção “registrando o aprendizado” da aula
anterior. Em seguida, apresente o que será feito
nesta aula.

Despertando o interesse
• Solicite que um estudante se voluntarie para ler o
trecho do poema “Começo a Conhecer-me. Não
existo”, escrito por Álvaro de Campos, heterônimo
do poeta português Fernando Pessoa.
• Pergunte se já conheciam o autor, se gostam
de seus poemas e se conhecem outras
produções.
• Apresente o poeta com base no texto
disponibilizado no material do estudante e
incentive-o a pesquisar outras de suas obras,
em outro momento.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Solicite aos estudantes que respondam às três
perguntas da Atividade 1, individualmente, e depois

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 3 31


peça que compartilhem suas respostas e reflexões
com a turma, em uma roda de conversa. Para auxiliá-
los na condução dessa discussão, veja o gabarito das
perguntas:
a) A ideia contida no trecho do poema é que
a constituição do autor como indivíduo é
resultado da combinação entre seus próprios
desejos e a influência que outras pessoas
exerceram em sua formação pessoal.
b) É importante que os estudantes reconheçam
que a construção de cada um (concepções
sobre si mesmo, sobre o mundo, seus
sentimentos e condutas) é influenciada por
suas experiências sociais e pelo convívio
com outras pessoas, ainda que eles tenham
autonomia para fazer suas próprias escolhas.
c) Resposta pessoal.

Atividade 2
Agora peça para que realizem a Atividade 2.
Nela, eles deverão completar as frases inacabadas,
com o objetivo de clarificar diferentes componentes
constitutivos de sua identidade.

Ao final, solicite a eles que procurem identificar


se há conteúdos que se repetem ao longo das
respostas e também que explorem se alguns desses
conteúdos estão relacionados de alguma forma (por
exemplo, por tratarem de um mesmo tema, como a
moral ou as relações interpessoais).

A frequência de um conteúdo e a coesão


entre diferentes conteúdos são indicadores de que
são centrais para a identidade, ou seja, são muito
relevantes para a constituição daquela pessoa.

Atividade 3
O objetivo dessa atividade é que o estudante
relacione suas experiências de vida e as pessoas
que são significativas para eles aos conteúdos da

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 3 32


atividade anterior, de modo a detectar possíveis
influências. Este é um importante procedimento de
elaboração da autobiografia, que auxilia o jovem no
reconhecimento do que é importante para si e para a
constituição da sua identidade.

Atividade 4
• Oriente os estudantes a realizar a primeira
parte da Atividade 4, que consiste em formar
uma dupla com um colega e elaborar uma
lista de perguntas que ajudem uma pessoa a se
conhecer melhor.
• A entrevista deverá ser feita como tarefa para a
aula seguinte.
• Caso os estudantes sintam dificuldade em
elaborar as perguntas, você pode apresentar
a eles algumas sugestões: “Como você
me descreveria?”; “Quais são as minhas
principais qualidades?”; “Em quais aspectos
eu preciso melhorar?”; “Quais são os meus
comportamentos mais comuns?”; “Quais são as
coisas mais importantes para mim?”.
• Recomenda-se que, sempre que possível,
a formação de duplas e grupos seja feita
pelo docente, de modo a evitar que algum
estudante sinta-se excluído e a diversificar as
possibilidades de troca entre eles.

Registrando o aprendizado

Atividade 5
Oriente que a Atividade 5, de sistematização
geral do aprendizado, possa ser realizada em casa,
após as entrevistas.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 3 33


Vamos falar sobre educação
socioemocional?

Diz-se que quando Sócrates, um dos filósofos


gregos mais importantes da Antiguidade, vai ao
Oráculo de Delfos consultar uma sacerdotisa, seu
amigo Querofonte faz a tradução da inscrição que se
apresentava na entrada do templo: “Nosce te ipsum”,
“Conheça-te a ti mesmo.” Essas palavras ressaltam
a importância do autoconhecimento, que é objeto
de trabalho tanto do bloco temático quanto dos
exercícios desta aula em específico.

Convidamos você, docente, a fazer


previamente as mesmas atividades propostas
para os estudantes. Isso não só lhe oferecerá um
espaço para a autodescoberta, como o deixará
mais consciente das dificuldades que eles poderão
enfrentar. Conhecer a nós mesmos pode ser
desafiador, já que nem sempre temos clareza das
nossas crenças, princípios e valores.

Muitas vezes, o que impede os estudantes de


aproveitarem exercícios de autoconhecimento
é o medo, mesmo que inconsciente, de não se
sentirem bons o suficiente diante dos outros ou de
se exporem e serem ridicularizados, por exemplo.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 3 34


É claro que você não precisa dizer isso para eles,
mas entender essa dinâmica, além de tornar seu
olhar mais compassivo, pode ajudá-los a conduzir
as atividades de maneira mais eficaz, garantindo o
espaço de segurança de que precisam.

MEDO

É possível entender essa emoção como um


mecanismo que prepara nosso corpo para
fugir, de modo a evitar aquilo que pode nos
causar danos, tanto em termos físicos, como a
possibilidade de contaminação de vírus que pode
comprometer seriamente nossa saúde, quanto em
termos psicológicos, como situações de rejeição
amorosa, por exemplo, que podem afetar o nosso
senso de valor próprio.

Durante a aula, preste atenção a seu tom de


voz. Fale com calma e de modo ameno, procurando
fazer ressalvas que permitam aos estudantes
reconhecer processos internos que podem dificultar
seu engajamento. Exemplos: “Se você se sentir
inseguro, respire: é normal que não saibamos
responder prontamente”; “Não há respostas certas
ou erradas, o exercício é uma oportunidade para
você refletir, como e o quanto conseguir nesse
momento”; “Conhecer quem nós somos é uma
tarefa que não acaba aqui. Esse exercício pode
ser o começo de uma reflexão que você terá a
oportunidade de fazer - e refazer - ao longo de toda
a sua vida”.

Para uma melhor condução, você também pode


ensaiar sua fala.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 3 35


Que tal aprender mais?

A construção do Self e da Identidade

O primeiro capítulo desta tese de doutorado


aborda os processos de construção da
representação de si e da identidade, da infância à
adolescência. O conceito de narrativa de vida como
estruturante e como expressão da identidade é
igualmente abordado.

SILVA, Marco Antonio Morgado. A Construção do


Self e da Identidade. In:______. Integração de valores
morais às representações de si de adolescentes. (Tese
de Doutorado). Faculdade de Educação, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2020.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
DAMON, Willian. HART, Daniel. Self-understanding in childhood and
adolescence. Cambridge University Press, 1988.
HARTER, Susan. The construction of the self: developmental and
sociocultural foundations. Guilford Publications, 2012.
SILVA, Marco Antonio Morgado. A Construção do Self e da Identidade.
In:______. Integração de valores morais às representações de si
de adolescentes. (Tese de Doutorado). Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 3 36


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 1
TEMA: AUTOCONHECIMENTO
AULA 4
TÍTULO: QUAL É A SUA PERSONALIDADE?

O que faremos hoje?

Bloco 1 Autoconhecimento e Identidade

Tema Autoconhecimento

Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,


Competências compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas
gerais da BNCC emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar
com elas.

Reconhecer e valorizar o autoconhecimento como um


procedimento que possibilita a autorregulação e a definição de um
projeto de vida.
Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos e
Habilidades de
regular as próprias condutas.
Projeto de Vida
Reconhecer e avaliar as características que constituem a própria
identidade, identificar como repercutem nas relações sociais,
relacioná-las ao projeto de vida e comprometer-se com sua
construção.
Objeto de
Características da personalidade
conhecimento
Dispositivos com acesso à internet (computadores, tablets ou
aparelhos celulares).
Materiais
Questionário das 16 personalidades, elaborado por Cattell, Tatsuoka
e Eber.
Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 4 37


O que dizem os estudiosos?

A palavra personalidade deriva do latim,


persona, nome atribuído às máscaras utilizadas na
representação de papéis teatrais na Roma Antiga. Em
posse das máscaras, os artistas representavam outra
pessoa, com outras características, ou seja, uma
personalidade diferente da sua.

No âmbito da psicologia, a
personalidade pode ser definida
como o conjunto de características
psicológicas de uma pessoa que
tendem a se conservar ao longo do
tempo e a se expressar em diferentes
situações no modo pelo qual ela se
relaciona com o mundo exterior e
consigo mesma
(FADIMAN; FRAGER, 1986; McADAMS, 2012).

Em outras palavras, a personalidade de uma


pessoa se reflete em padrões recorrentes de
comportamentos, pensamentos e sentimentos,
o que faz com que sejam reconhecidas como
pertencentes à pessoa. Por exemplo, uma pessoa
é considerada extrovertida se, com alguma
frequência, costuma manifestar seus sentimentos e
pensamentos e demonstra facilidade e prazer em se
comunicar com os outros.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 4 38


Como é que se faz?

Organizando a aula
• Inicie a aula apresentando aos estudantes o que
será feito nesta aula, explicando cada uma das
atividades que serão realizadas.
• Em seguida, dirija-se junto com a sua turma
à sala de informática da escola ou a um local
onde os estudantes possam ter acesso à
internet para realizar as atividades dessa aula.

Despertando o interesse
• Solicite que os estudantes leiam as
perguntas disparadoras disponíveis na ficha
de atividades dessa aula (Aula 4 - Qual é a
sua personalidade?) e compartilhem suas
impressões sobre esse tema em uma roda de
conversa.
• Ao final dessa apresentação, informe que nessa
aula eles irão aprender mais sobre o conceito
de personalidade e que farão um teste sobre
esse tema.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Faça a leitura coletiva do texto, verificando se
o conceito de personalidade ficou claro para os
estudantes.

Caso surjam dúvidas sobre a diferença entre


identidade e personalidade, uma possível explicação
é que a personalidade são os traços psicológicos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 4 39


que determinam padrões recorrentes de
comportamentos, pensamentos e sentimentos, ao
passo que a identidade é definida pelos conteúdos
que o sujeito reconhece como centrais em sua
autodefinição, o que pode incluir seus traços
da personalidade, mas não se limita a eles. Um
exemplo é que uma pessoa pode ser extrovertida
(traço da personalidade) mas não considerar essa
característica central em sua autodefinição, de modo
que ela passa a não fazer parte de sua identidade.

Depois da leitura, peça para que os estudantes


realizem o questionário de personalidade disponível
no link que consta no material dos estudantes. Como
o teste é online, será importante reservar a sala de
informática ou disponibilizar dispositivos com acesso
à internet da escola para que todos possam realizá-
lo. Caso a escola não ofereça acesso à internet, uma
alternativa é imprimir antecipadamente o questionário
e disponibilizá-lo para responderem à mão.

Por vezes, o vocabulário do questionário pode


ser difícil para os estudantes. Solicite que, caso eles
não conheçam alguma palavra, busquem-na em
dicionários online. Você também pode colocar-se à
disposição para ajudá-los a compreendê-las.

Assim que todos terminarem de fazer os


questionários online, solicite que respondam às
questões. As respostas são pessoais, de modo que
não há respostas certas, nem erradas.

No momento de compartilhar o resultado do


teste com outro colega, é de extrema importância
criar um clima de confiança entre os estudantes,
chamando a atenção para a importância da
empatia. Comente que todos possuem zonas de
segurança e insegurança e que esse é um momento
de estabelecer uma troca construtiva pautada no
respeito mútuo.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 4 40


Registrando o aprendizado

Atividade 2
Peça para que os estudantes façam a
Atividade 2, que consiste na análise e no registro
do que aprenderam sobre si mesmos por meio
das entrevistas realizadas em casa e do teste de
personalidade. Apesar dessas respostas serem
pessoais, é importante destacar que:
a) Quando duas ou mais pessoas concordam
sobre uma característica de nossa
personalidade, significa que, provavelmente, ela
está presente em nossas condutas.
b) Os conteúdos que se repetem nas entrevistas e no
teste demonstram ser uma importante expressão
da personalidade e da identidade do jovem, pois
foram identificados por ele e por terceiros.
c) Vale pontuar que, apesar de o outro poder servir
como uma referência para reconhecermos
aspectos sobre nós mesmos, nem sempre
sua opinião reflete características da nossa
personalidade e identidade, pois pode estar
embasada em interpretações equivocadas ou,
no caso de opiniões negativas, ser emitida com
o intuito de causar prejuízos. É por isso que, na
busca pelo autoconhecimento através do outro,
é necessário recorrermos a diferentes pessoas e
identificarmos opiniões que são comuns.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Quando nós fazemos atividades voltadas à auto-


investigação, é comum que sintamos tanto emoções
e sentimentos agradáveis quanto desagradáveis.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 4 41


Isso porque, por um lado, reconhecer
determinados traços de nossa personalidade
desperta a nossa curiosidade e nosso entusiasmo,
já que significa saber mais sobre um dos assuntos
de que mais gostamos de falar (nós mesmos).
Pode nos acompanhar também uma percepção de
que dividimos algumas características com outras
pessoas, não apenas produzindo uma sensação de
pertencimento, como fornecendo-nos pistas sobre
como podemos nos desenvolver.

Por outro lado, revelar certos detalhes sobre


nossa personalidade ou sobre as experiências que
as construíram não raro provoca certo desconforto.
Por motivos pessoais, que dizem respeito a nossa
própria história, ou sociais, ligados, por exemplo, a
preconceitos e estigmas sociais, nós podemos sentir
que aquilo que somos não é bom suficiente, que
aquilo que fizemos ou vivemos, de algum modo, nos
desqualifica como “pessoas que não merecem amor”.

VERGONHA

Brené Brown, docente da Universidade de


Houston (EUA), define vergonha como um
sentimento extremamente doloroso advindo da
crença de que há algo errado conosco e que,
por isso, nós não somos dignos de amor e de
pertencimento, isto é, algo que vivemos, fizemos
ou falhamos em realizar faz de nós indignos da
conexão com outras pessoas.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 4 42


Tendo isso em vista, pode ser uma oportunidade
valiosa de aprendizagem falar para os estudantes
que sentir vergonha é absolutamente normal -
todos nós a sentimos, por um motivo ou por outro,
afinal - e que uma das maneiras de lidar com ela
é compartilhá-la com alguém. Talvez você possa,
caso se sinta à vontade para isso, contar a eles algo
pelo que sente vergonha - uma história de infância,
um aspecto da sua personalidade que já o colocou
em uma situação embaraçosa, uma característica
sua que demorou para aceitar. Assim, você poderá
assegurar-lhes um espaço seguro para que
respondam ao teste e conversem sobre si de maneira
honesta e possam ouvir o que as outras pessoas têm
a dizer a seu respeito com mais autoconfiança.

Que tal aprender mais?

Qual é a sua personalidade?


O vídeo disponível no canal Minutos Psíquicos
do YouTube, conceitua a personalidade e apresenta
os tipos de personalidade baseado na teoria
denominada Big Five, em referência aos 5 grandes
traços da personalidade das pessoas.
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São
Paulo: Harbra, 1986.
McADAMS, Dan. The Moral Personality. In: NARVAEZ, D; LAPSLEY, D. K.
(Ed.). Personality, Identity and Character: explorations in moral psychology.
New York: Cambridge University Press, 2009. cap. 1, p. 11-29.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 4 43


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 1
TEMA: AUTOCONHECIMENTO
AULA 5
TÍTULO: AUTORRETRATO E IDENTIDADE

O que faremos hoje?

Bloco 1 Autoconhecimento e Identidade


Tema Autoconhecimento
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das
locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural.
Competências
gerais da BNCC 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.
Reconhecer e valorizar o autoconhecimento como um
procedimento que possibilita a autorregulação e a definição de um
projeto de vida.
Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos e
Habilidades de
regular as próprias condutas.
Projeto de Vida
Reconhecer e avaliar as características que constituem a própria
identidade, verificar como repercutem nas relações sociais,
relacioná-la ao projeto de vida e comprometer-se com sua
construção.
Objeto de
Autoimagem, identidade e personalidade
conhecimento
Dispositivos com acesso à internet (computadores, tablets ou
Materiais aparelhos celulares).
Google Arts & Culture: acervo digital da artista Frida Kahlo.
Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 44


O que dizem os estudiosos?

Bob Dylan - Vinyl Collection

O autorretrato é um dos gêneros das artes


visuais através do qual o artista representa a si
mesmo. Ao produzir um autorretrato, o artista faz
de si um objeto de reflexão, não apenas sobre suas
características físicas, mas também sociais (como
Diego Velásquez na clássica obra “As Meninas”)
e psicológicas, incluindo suas emoções, valores,
desejos, entre outros aspectos (tal é o caso de
artistas como a mexicana Frida Kahlo, em diversas
de suas obras, e o brasileiro Ismael Nery em seus
autorretratos).

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 45


Por esta razão,

o autorretrato é um instrumento
tanto de autoconhecimento e
elaboração de si como de construção
da própria identidade,
na medida em que, ao produzi-lo, o artista
seleciona e revela para si próprio o que é mais
significativo em sua autodefinição, ao mesmo
tempo em que pode atribuir novos significados aos
elementos de sua identidade (ABREU, 2011).

Como é que se faz?

Organizando a aula
Apresente aos estudantes a estrutura da aula:
tema, habilidades que serão trabalhadas e a meta de
iniciar a produção de um autorretrato com base nos
aprendizados adquiridos sobre si nas aulas anteriores.

Despertando o interesse
Leia com os estudantes as perguntas
disparadoras disponíveis na ficha de atividades
desta aula (Aula 5 - Autorretrato). Por meio dessas
questões, faça um levantamento do repertório dos
estudantes sobre o tema do autorretrato.

Verifique se eles são capazes de identificar que


os autorretratos, muitas vezes, vão além de uma
representação da própria imagem, podendo expressar
estados emocionais, crenças, a vida social do artista,
ou seja, a personalidade e a identidade do autor.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 46


Caso julgue apropriado, é possível selecionar
um autorretrato de artistas como Frida Kahlo, René
Magritte ou Ismael Nery para realizar um breve
exercício de interpretação.

Construindo conhecimentos
Atividade 1
• Peça para os estudantes lerem a biografia da
artista plástica mexicana Frida Kahlo.
• Questione se eles já conheciam aspectos
de sua história de vida e o que mais os
impressionou.
• Estimule-os a compartilhar oralmente suas
impressões.
• Depois, apresente a eles os dois autorretratos
da artista disponíveis nos links abaixo (você
pode projetar ou imprimir as imagens). Atente-
se para não apresentar a descrição dessas obras
nesse primeiro momento. Cada estudante
da dupla deverá escolher uma das obras e
interpretar os elementos simbólicos presentes
nela, com o propósito de desvendar aspectos
da vida pessoal da artista.
• Em seguida, eles deverão apresentar sua
interpretação ao colega da dupla, que
deverá revelar se concorda ou não com as
interpretações feitas.
• Depois, os estudantes compararão suas
interpretações à descrição das obras,
disponíveis no mesmo link - momento que
demandará dispositivos com acesso à internet.
As instruções para essa atividade estão no
material dos estudantes.

Obra 1: Árvore da esperança, mantem-te firme

A obra representa duas Fridas, uma delas


deitada de costas em uma maca de hospital, sob
um sol escaldante em um deserto, com cortes nas

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 47


costas, que resultam de uma operação na coluna.
A outra, com uma vestimenta típica de populações
tradicionais do México, segura um colete e uma
bandeira onde se lê os versos de uma das canções
preferidas de Frida (e título da obra), que lhe inspirava
força e fé na recuperação. O uso da frase é inspirado
na crença de indígenas mexicanos de que as palavras
podem mudar o curso dos acontecimentos. A
noite, pintada em uma metade, faz referência ao
sofrimento, ao passo que o dia, pintado na outra
metade, refere-se a sua expectativa por recuperação.

A obra, bem como uma análise mais detalhada,


pode ser encontrada no seguinte link externo

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 48


Obra 2: Autorretrato na fronteira do México
com os Estados Unidos

Nesta obra, Frida retrata a si mesma entre


dois “mundos” aos quais pertencia. À direita, os
Estados Unidos da América, com fábricas, prédios
modernos e máquinas conectadas ao solo com
cabos. À esquerda, o México, que tem sua natureza
exuberante representada por plantas, e sua cultura,
pela arte indígena e por um monumento da etnia
asteca. Frida, apesar de se situar entre esses dois
mundos, carrega a bandeira mexicana, enquanto
a bandeira estadunidense se encontra em meio à
fumaça da fábrica, numa demonstração de seu maior
vínculo e identidade com o México.

A obra, bem como uma análise mais detalhada,


pode ser encontrada no seguinte link externo
• Ao final da atividade, abra um espaço de
socialização oral coletiva das respostas.
Incentive os estudantes a compartilharem
suas impressões iniciais sobre as obras e o que
descobriram depois, ao ler sua descrição.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 49


• Reforce a ideia de que não existem respostas
certas ou erradas ao interpretar uma obra
de arte, pois elas podem gerar diferentes
pensamentos e sentimentos nas pessoas.
Contudo, quando um autor produz uma obra,
há uma intencionalidade, que é interessante
que possa ser conhecida.
• Ao término dessa atividade, solicite que os
estudantes explorem o acervo digital da artista
plástica no site Google Arts & Culture
link externo
• Essa etapa da atividade possibilita a ampliação
do repertório cultural dos estudantes, pois
lhes apresenta uma ferramenta útil e gratuita
que lhes permite conhecer obras de diversos
artistas. Caso não seja possível realizá-la na
escola, incentive-os a realizá-la em casa.

Registrando o aprendizado

Atividade 2
A etapa final da aula deverá ser reservada para o
início da construção do autorretrato dos estudantes.
É importante que eles concluam, nesse momento,
um esboço de como será seu autorretrato, pois,
caso, optem por usar recursos como a fotografia
(uma selfie, por exemplo), precisarão providenciar os
materiais para a aula seguinte.

Uma alternativa que pode ser oferecida aos


estudantes é a produção do autorretrato utilizando
aplicativos de edição de fotografia.

Porém, é preciso ressaltar que não se trata de


apenas tirar uma foto de si mesmo, pois a proposta
é que o autorretrato contenha elementos simbólicos
que representam conteúdos da identidade.

Caso os estudantes sintam-se inseguros em


relação às suas habilidades artísticas, destaque

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 50


que eles não serão julgados ou avaliados pelos
seus talentos artísticos. Pelo contrário, o intuito da
atividade é que possam se expressar livremente, sem
se preocupar com o juízo dos demais.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Na escola, os estudantes são constantemente


convidados a fazer trabalhos e compartilhá-los
com outras pessoas, sejam elas colegas de classe,
docentes ou membros da comunidade escolar de
forma mais ampla.

Esses trabalhos, ora realizados individualmente


ora feitos em grupos, simbolizam um conjunto de
habilidades e conhecimentos adquiridos por eles,
antes ou durante o processo. Em atividades voltadas
à expressão de aspectos pessoais, como na criação
de um autorretrato, soma-se um componente
ainda maior de vulnerabilidade, uma vez que o
próprio trabalho, nesse caso, já carrega aspectos da
subjetividade do estudante.

Nesse contexto, o compartilhamento desse


tipo de trabalho pode despertar sentimentos como
orgulho ou insegurança.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 51


ORGULHO

Orgulho tradicionalmente está associado a um


sentido negativo, descrevendo um senso de valor
pessoal tolo e irracional, experimentado por
alguém que atribui valor demasiado a seu próprio
status ou a suas próprias realizações pessoais.
Porém, o orgulho também pode ser entendido
como um sentimento positivo que podemos
vivenciar quando ficamos satisfeitos por termos
conseguido, devido ao nosso esforço, alcançar
nossos objetivos.

INSEGURANÇA

Nós nos sentimos inseguros quando não temos


certeza se somos bons o suficiente para alguma
coisa. A insegurança ocorre quando temos a
impressão de que nos faltam as habilidades que
são valorizadas e validadas por outras pessoas.
Trata-se, assim, de um medo de não ser aceito(a),
respeitado(a) ou popular.
A tendência a experimentar a insegurança está
relacionada à nossa autoimagem ou autoestima,
que, por sua vez, depende também da nossa
história pessoal e da formação do nosso caráter.

Se alguém experimenta o orgulho ou a


insegurança de modo forte e frequente ao longo
de sua vida, isso pode se tornar um traço de
personalidade. Nesse caso, a pessoa passa a se
identificar ou ser rotulada como “insegura” ou
“orgulhosa”. Consciente disso, você pode ter um
papel importante na vida de seus estudantes,
orientando-os a reconhecer que nenhum traço de
personalidade é estático e ajudando-lhes a sonhar
em ser “outros de si mesmos” - e, assim, terem
condições de tornar isso realidade.

Ao conduzir trabalhos de autoexpressão,


procure, por um lado, valorizar a produção dos
estudantes em relação àquilo que aprenderam e

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 52


a quanto tempo investiram na sua realização. Por
outro, busque também sustentar esse espaço seguro,
validando suas habilidades atuais, para que não
deixem que suas inseguranças os impeçam de se
desenvolver.

Que tal aprender mais?

Autorretrato: inventando a si mesmo.


O artigo aborda o papel do autorretrato na
expressão e, simultaneamente, na construção
da identidade. Realiza uma exploração mais
aprofundada sobre a obra de Frida Kahlo e Ismael
Nery como artistas representantes deste gênero
pictórico da arte moderna.

ABREU, S. R. A. Autorretrato: inventando a


si mesmo. Anais do 20º Encontro da Associação
Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas. Sheila
Cabo Geraldo, Luiz Cláudio da Costa (organizadores)
– Rio de Janeiro: ANPAP, 2011. Disponível em:
link externo

Acesso: 23/05/2020

Google Arts & Culture


No site Google Arts & Culture, é possível
explorar diversas obras de artistas, suas biografias,
significados e interpretações. O site, produzido
pelo Google em parceria com diversos museus,
proporciona visitas virtuais gratuitas a algumas das
maiores galerias de arte do mundo.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 53


Através do seguinte link, você poderá acessar o
acervo de obras da artista mexicana Frida Kahlo, com
diversas exposições virtuais e interpretações de suas
obras feitas por especialistas.
link externo

Acesso: 24/05/2020.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
ABREU, S. R. A. Autorretrato: inventando a si mesmo. Anais do
20º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes
Plásticas. Sheila Cabo Geraldo, Luiz Cláudio da Costa (organizadores)
– Rio de Janeiro: ANPAP, 2011.
HERRERA, Hayden. Frida: a biografia. Rio de Janeiro: Biblioteca azul,
2011.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 5 54


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 1
TEMA: AUTOCONHECIMENTO
AULA 6
TÍTULO: AUTORRETRATO E IDENTIDADE – 2

O que faremos hoje?

Bloco 1 Autoconhecimento e Identidade

Tema Autoconhecimento

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das


locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,
como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemática e
Competências
científica, para se expressar e partilhar informações, experiências,
gerais da BNCC
ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos
que levem ao entendimento mútuo.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar da saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas
emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar
com elas.

Reconhecer e avaliar as características que constituem a própria


identidade, identificar como repercutem nas relações sociais,
relacioná-la ao projeto de vida e comprometer-se com sua
construção.
Habilidades de
Reconhecer e valorizar o autoconhecimento como um
Projeto de Vida
procedimento que possibilita a autorregulação e a definição de um
projeto de vida.
Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos e
regular as próprias condutas.

Objetos de
Identidade, personalidade e autoimagem
conhecimento

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 55


Recursos para desenho e/ou pintura: lápis de cor, caneta colorida,
Material
giz de cera, etc.

Tempo de aula 120 minutos

O que dizem os estudiosos?

O expressionismo foi um movimento artístico e


cultural que teve início na passagem do século XIX
para o século XX, e foi caracterizado pela expressão
da subjetividade do artista. Diferentemente das
pinturas que buscavam retratar a realidade,

as obras expressionistas eram


marcadas por cores, pinceladas e
formas que refletiam as emoções e
sentimentos do artista em relação à
realidade.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 56


Desse modo, pessoas e paisagens distorcidas,
com cores distintas daquelas existentes na realidade
objetiva, são um traço característico da pintura
expressionista.

Alguns artistas emblemáticos do expressionismo


são os alemães Vincent Van Gogh e Edvard Munch e
a brasileira Anitta Malfati, além do neoexpressionista
estadunidense Jean-Michel Basquiat, artista negro,
que ganhou popularidade como grafiteiro em Nova
York e conquistou o mundo pintando telas, algumas
com forte crítica social, sobretudo ao racismo.

Como é que se faz?

Organizando a aula
• Inicie a aula pedindo para os estudantes se
sentarem confortavelmente em suas cadeiras
e respirarem lenta e profundamente, visando
se acalmar.
• Explique que os exercícios de
autoconhecimento exigem a reflexão e a
introspecção, de modo que eles possam deixar
as distrações de lado e concentrar-se em si
mesmos.
• Depois, peça para que eles repousem suas
cabeças em cima de suas mesas e, quem se
sentir confortável, pode fechar os olhos para
ativar ainda mais a introspecção.
• Oriente-os a continuar respirando calma e
profundamente. Peça para que percebam como
estão se sentindo e quais os pensamentos estão
presentes em sua mente.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 57


• Depois, solicite que se despeçam mentalmente
desses pensamentos como se sua mente
estivesse passando por uma limpeza. Peça para
que imaginem o cheiro dessa limpeza e o bem-
estar que ela promove.
• Por fim, solicite que retornem com calma a
atenção para a sala de aula e para o momento
presente.
• Após esse exercício, informe que nesta aula
irão terminar a atividade do autorretrato e
solicite que, para isso, eles se mantenham
introspectivos e conectados com eles mesmos.

Despertando o interesse
• Apresente as obras de Vincent Van Gogh,
Edvard Munch, Anitta Malfati, e Jean-Michel
Basquiat e solicite que explorem o que elas
comunicam por meio das imagens, cores e
formas.
• Peça que exponham suas opiniões acerca do
que os artistas estavam sentindo ao produzi-las.
• Após os estudantes compartilharem suas
impressões, explique que se tratam de obras
expressionistas (Van Gogh, Munch e Anita
Malfatti) e neoexpressionistas (Basquiat), e
apresente a definição do conceito, conforme o
texto da seção “o que dizem os especialistas”.
• Distribua aos estudantes a ficha de atividades
desta aula (Aula 6 - Autorretrato e Identidade).

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 58


A noite estrelada (Vincent Van Gogh). Obra e
interpretação disponíveis no seguinte link externo

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 59


O grito (Edward Munch). Obra e interpretação
disponíveis no seguinte link externo

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 60


O Farol (Anitta Malfati). Obra e interpretação
disponíveis no seguinte link externo

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 61


Boxeador (Jean-Michel Basquiat). Obra e
interpretação disponíveis no seguinte link externo.

Construindo conhecimentos
Atividade 1
• Oriente os estudantes a ler a ficha e a
recuperarem o planejamento do autorretrato
realizado na aula anterior.
• Faça a leitura coletiva do comando da atividade,
destacando a necessidade de consultarem os
registros realizados nas outras atividades do
capítulo.
• Observe que eles poderão se referenciar na arte
expressionista para elaborar a produção.
• Sugere-se a realização de uma exposição dos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 62


autorretratos para a turma. Neste momento,
é fundamental reforçar a importância do
respeito pelas produções, destacando que
cada estudante está expondo aspectos de sua
intimidade e, assim como deseja ser respeitado,
precisa respeitar os colegas.
• Alguns estudantes podem afirmar que não
se sentem à vontade para compartilhar suas
produções. Procure incentivá-los a fazê-lo, mas
não impor a obrigatoriedade, pois é preciso que
eles se sintam confiantes na manifestação de
seus sentimentos e demais conteúdos de suas
identidades, algo que será solicitado ao longo
de todo o percurso pedagógico no que se
refere ao tema dos projetos de vida.

Registrando o aprendizado
Caso considere oportuno, pode-se destinar
o momento final da aula para que os estudantes
elaborem um texto reflexivo, expondo o que
significam os elementos simbólicos e expressionistas
utilizados.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Julgar é um processo cognitivo complexo


que nos permite operar no mundo. Para viver, nós
escolhemos o tempo todo: que horas acordar, o
que vestir, o que dizer para alguém que nos insulta,
como dar uma aula, aonde ir para se divertir, que
coisas precisamos comprar para nossa casa etc. Os
nossos julgamentos, nesse sentido, são a base para
nossas escolhas e pressupõem uma hierarquização

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 63


de valores. O que é mais importante? Trabalho
ou família? Dinheiro ou segurança? Diversão ou
cuidado?

No entanto, quando tratamos de nossas


relações, os julgamentos nem sempre são
as melhores estratégias. Isso porque eles
frequentemente nos impedem de lidar com o que
os outros sentem. Por exemplo, se você julga que
“os estudantes são preguiçosos”, você perde a
chance de entender, de fato, o que motiva o estado
de desânimo em que eles se encontram - que
certamente é diferente para cada um deles - ou
ainda de ajudá-los a investigar o que estão sentindo
e o que lhes tem feito se sentir dessa forma.

É comum também que, ao final da elaboração


de seus autorretratos ou de outros trabalhos, os
estudantes façam julgamentos negativos a respeito
de suas próprias produções, considerando-as
ruins, feias ou malfeitas ou comparando-as com
a de seus colegas. Nesses casos, procure ajudar
os estudantes a evitar julgamentos negativos e
promover o acolhimento dos próprios sentimentos
e necessidades em relação a suas produções
e a situações que enfrentam de modo geral,
estimulando, assim, sua autocompaixão.

AUTOCOMPAIXÃO

A autocompaixão é estender a compaixão a si


próprio em casos de inadequação percebida, falha
ou sofrimento geral.
Kristin Neff, pesquisadora norte-americana e
fundadora do Programa “Mindful Self-Compassion”,
define a autocompaixão como sendo composta
por três componentes principais – autobondade,
humanidade comum e atenção plena.

Kristin Neff, pesquisadora norte-americana e


fundadora do Programa “Mindful Self-Compassion”,
define a autocompaixão como sendo composta

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 64


por três componentes principais – autobondade,
humanidade comum e atenção plena.

Em termos práticos, isso pode ser feito por


meio de frases como: “Respirem fundo e tentem
reconhecer os pensamentos que surgem ao
contemplar sua obra. Procurem diminuir as críticas
sobre como vocês poderiam ou não ter feito
melhor”. Em seguida, você também pode incentivá-
los a serem bondosos consigo mesmos: “Busquem
identificar sua autenticidade, os elementos únicos
que vocês trazem simplesmente por serem vocês”.
“Acolham as habilidades que vocês têm hoje para
realizar a atividade e evitem comparar seu trabalho
com qualquer outra obra”. Enfatize ainda o senso
de humanidade comum: “Cada um tem a própria
história. Somos resultados dessa história e precisamos
honrá-la, sabendo que foi ela que nos trouxe até aqui.
Saibam também que todos nós podemos trilhar novos
caminhos a partir das nossas histórias”.

Dessa forma, eles terão mais condições de


compreender que cada exercício que realizamos
- dentro ou fora da escola - é um passo que ajuda
a construir quem nós somos, o que, para que nos
tornemos mais conscientes a respeito de nossos
próprios sentimentos, necessidades, fraquezas
e pontos fortes, ainda nos permite estabelecer
relações mais saudáveis com nós mesmos.

Que tal aprender mais?

Enciclopédia Itaú Cultural

A página do Itaú Cultural é uma enciclopédia


virtual que abarca uma série de textos e produções
relativos às diversas linguagens artísticas: artes

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 65


visuais, cinema, teatro, dança, literatura e música.

Para saber mais sobre o expressionismo, acesse


o seguinte link externo.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
ABREU, S. R. A. Autorretrato: inventando a si mesmo. Anais do 20º
Encontro da
Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas. Sheila Cabo
Geraldo, Luiz Cláudio da Costa (organizadores) – Rio de Janeiro:
ANPAP, 2011.
FOLHA DE SÃO PAULO. Expressionismo. Coleção Folha O Mundo da
Arte. São Paulo: Folha de São Paulo, 2017.
EXPRESSIONISMO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura
Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: http://
enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3784/expressionismo. Acesso:
26 de Mai. 2020.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 66


RUBRICAS 1º ANO
AVALIAÇÃO EM TEMA 1
PROJETO DE VIDA

1º ANO BLOCO: Autoconhecimento e identidade TEMA: Autoconhecimento

Este tema compreende objetos de


conhecimento e habilidades que visam oportunizar
aos jovens o autoconhecimento. Pretende-se,
com isso, que os jovens construam um projeto
de vida que expresse seus valores, pensamentos,
sentimentos, objetivos e características da sua
personalidade.

II
I III IV
Atendeu
Não atendeu às Atendeu a maioria Atendeu todas as
parcialmente às
expectativas de das expectativas expectativas de
expectativas de
aprendizagem. de aprendizagem aprendizagem.
aprendizagem.

Tem dificuldade
Reconhece
Não reconhece de reconhecer Reconhece
os conteúdos
os conteúdos os conteúdos os conteúdos
que definem
que definem sua que definem que definem
sua identidade,
identidade, como sua identidade, sua identidade,
como valores,
seus valores, como valores, como os valores,
pensamentos,
pensamentos, pensamentos, pensamentos,
sentimentos,
sentimentos, sentimentos, sentimentos,
hábitos, objetivos,
AUTOCONHECI- hábitos, objetivos, hábitos, objetivos, hábitos, objetivos,
características
MENTO características características da características da
da personalidade
da personalidade personalidade, personalidade,
e eventos
e eventos eventos eventos
significativos, mas
significativos, e significativos, significativos,
tem dificuldade
não elabora uma bem como de e elabora uma
de elaborar uma
representação de elaborar uma representação de
representação de
si que relacione representação de si que relaciona
si que relacione
esses conteúdos si que relacione esses conteúdos.
esses conteúdos.
esses conteúdos.

COMENTÁRIOS
DO ESTUDANTE

COMENTÁRIOS
DO EDUCADOR

Clique aqui para baixar a ficha de avaliação

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 1 | AULA 6 67


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 2
TEMA: RELAÇÕES INTERPESSOAIS
AULA 1
TÍTULO: AS RELAÇÕES DE AMIZADE

O que faremos hoje?

Bloco 2 Convivência e Participação

Tema Relações interpessoais

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e


apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
Competências entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer
gerais da BNCC escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

Habilidades de Reconhecer como se insere no âmbito das relações interpessoais e


Projeto de Vida como elas contribuem para a construção do projeto de vida.

Objeto de
Relações de amizade
conhecimento

Aparelho para a reprodução de música


Materiais
Música “Quem tem um amigo (tem tudo)”, de Emicida.

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 68


O que dizem os estudiosos?

Estudo realizado por Bundick (2012),


pesquisador estadunidense, buscou verificar o nível
de influência que os amigos e os colegas exercem
sobre a construção dos projetos de vida dos jovens.
Os resultados desse estudo revelaram que os jovens
que sentem que são apoiados por seus amigos em
relação aos seus objetivos para o futuro estão 50%
mais propensos a construir um projeto de vida com
uma intenção clara. Contudo, o estudo revelou
que a maioria dos jovens não busca apoio em seus
amigos para se engajar em atividades que permitam
a realização desses objetivos. Neste sentido,
entendemos que o potencial da experiência de
troca entre os estudantes está sendo desperdiçado,
de modo que a escola deve se responsabilizar pela
criação de contextos em que os estudantes possam
compartilhar suas experiências, visando à busca de
apoio para construir intenções para o futuro, mas
também se engajar nelas. O principal propósito
dessas trocas deve ser a ampliação do repertório, de
modo que

os jovens percebam a multiplicidade


de caminhos possíveis, o
reconhecimento das semelhanças
e das diferenças que eles têm
em relação às suas intenções
e o aprendizado por meio do
compartilhamento de estratégias de
autoconhecimento, autorregulação,
planejamento, entre outras.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 69


Como é que se faz?

Organizando a aula
• Essa é a primeira aula dedicada ao tema
Relações Interpessoais, do Bloco 1. Convivência
e Participação.
• Apresente aos estudantes o tema, expondo que
ele será o eixo condutor das próximas seis aulas.
• Explique que o foco será abordar as relações
interpessoais, tais como as relações de
amizade, as familiares e as amorosas.
• Mencione que são tipos de relação que
influem tanto na construção da identidade
pessoal, quanto do projeto de vida, o que torna
necessário considerá-las objeto de reflexão,
compreender seus diversos arranjos possíveis
e as implicações pessoais e sociais que delas
derivam, assim como agir sobre elas de modo
responsável.
• Por fim, apresente o que será feito nesta aula.

Despertando o interesse
• Entregue aos estudantes a ficha de atividades
desta aula (Ficha 7 - As relações de amizade).
• Pergunte aos estudantes se conhecem o rapper
brasileiro Emicida: sua origem, história e o que
costuma abordar em suas letras.
• Permita que compartilhem seus
conhecimentos.
• Caso eles não conheçam o artista, explique
que o rapper nasceu na periferia da Zona Norte
de São Paulo. Seu nome artístico é oriundo
da fusão entre as palavras MC e homicida, e
foi dado por seus colegas, que diziam que

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 70


ele costuma “assassinar” seus combatentes
nas batalhas de rap, no sentido de que ele
sempre vence seus opositores. Suas letras
costumam tratar da vida da população pobre
e marginalizada, com conteúdo politizado e
contestatório. Algumas delas mesclam o rap
com outros gêneros musicais, como o samba
- tal é o caso da música que será trabalhada
nessa e na próxima atividade.
• Para mais informações sobre a biografia do
rapper, acesse a página dedicada ao artista na
Enciclopédia Itaú Cultural (disponível em link
externo).

Construindo conhecimentos
Atividade 1
• Após abordar brevemente a biografia do artista,
reproduza a música “Quem tem um amigo (tem
tudo)”, de sua autoria, com a participação de
Zeca Pagodinho, Tokyo Ska Paradise Orchestra
e Prettos. A música pode ser acessada em seu
canal no YouTube pelo link externo.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 71


• Solicite aos estudantes que desfrutem da
melodia e escutem a letra com atenção,
procurando identificar a concepção do artista
sobre a amizade.
• Peça para que eles respondam às questões
de interpretação sobre a letra da música e
reserve alguns minutos para que compartilhem
oralmente suas impressões.
• A seguir, apresentamos um gabarito sobre as
possibilidades de interpretação.
a) Para Emicida, a amizade proporciona
acolhimento e laço afetivo, conforme expresso
no trecho “É mega afago, abrigo em laço”, além
de proteção, apoio e compreensão a qualquer
momento, sobretudo em situações difíceis,
conforme destacado nos trechos “Pronto pro
que vier, mesmo, a qualquer segundo” e “É um
ombro pra chorar depois do fim do mundo”.
b) Na primeira metáfora, Emicida quis dizer que
quando a pessoa estiver em uma situação de
extrema dificuldade (“se o poço devorar”) o
amigo o ajuda a sair dessa situação (“ele busca
no fundo”), em alusão à expressão popular “no
fundo do poço”. Na segunda metáfora, o uso da
palavra Oásis, região fértil e com fonte de água
em meio a um deserto, refere-se a uma ajuda
que proporciona alívio “nas piores fases”.
c) Resposta pessoal.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 72


Atividade 2
• Solicite que os estudantes respondam
individualmente às questões da Atividade 2.
• Depois, abra uma roda de conversa e solicite
que compartilhem as respostas com seus
colegas de turma, buscando verificar o que há
de comum e de diferente entre as concepções
e experiências pessoais relativas ao tema da
amizade.
• Embora as questões sejam de natureza
pessoal, é importante destacar que a amizade
deve ser uma experiência que permite o
crescimento pessoal das partes envolvidas, não
exponha nenhuma delas a riscos ou situações
de humilhação, que, embora os conflitos
possam surgir, eles devem ser resolvidos por
meio do diálogo e que o limite entre o que se
pode fazer por um amigo deve sempre ser o
limite do próprio bem-estar e segurança.
• Repare que os estudantes mencionam que
esperam que seus amigos os ajudem a construir
seus projetos de vida e estimule-os a refletir
sobre essa questão por meio de perguntas
como: “Como seus amigos poderiam ajudá-lo
a construir um projeto para o futuro?”, “Alguma
vez você conversou com um amigo sobre o
que deseja para o seu futuro?”, “Você sabe o
que os seus amigos desejam para o futuro?”.

Atividade 3
• Após a roda de conversa sobre esse tema,
solicite que os estudantes formem trios e
realizem a Atividade 3.
• O objetivo dessa atividade é que eles possam
conhecer as intenções que seus colegas têm
para o futuro e identificar se compartilham
ou não essas intenções. Isso os ajudará não
somente a estreitar os vínculos entre os
colegas, mas também a ampliar seu repertório
sobre possibilidades para o futuro. A troca
entre pares é muito importante para que os

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 73


estudantes descubram, por meio do contato
com o outro, informações sobre si mesmo.

Registrando o aprendizado
Atividade 4
• Solicite que os estudantes elaborem um
parágrafo com reflexões sobre o que
aprenderam hoje sobre o tema da amizade.
• Estimule-os a fazer um relato completo, que
os ajude a compreender o que eles desejam e
esperam de suas amizades e o que eles estão
dispostos a ofertar, de modo a fortalecer esse
importante vínculo social.

Tarefa para casa


• Reserve os 10 minutos finais da aula para
orientar os estudantes em relação à atividade
1 da aula seguinte, que consiste na realização
de uma entrevista com adultos de referência,
sobre seus projetos de vida.
• A entrevista deve ser feita preferencialmente
com um familiar do estudante.
• Contudo, pode-se oferecer a possibilidade de
que seja realizada com uma pessoa que não é
da família, mas que exerce papel significativo
no seu cuidado e sua criação, no caso
daqueles que têm dificuldade de encontrar
seus familiares ou que são supervisionados por
vizinhos e amigos da família.
• Faça a leitura do enunciado da atividade e das
perguntas da Ficha de atividades da Aula 2 -
Relações familiares, e verifique se o comando
está claro.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 74


Vamos falar sobre educação
socioemocional?

O termo “conflito” carrega, muitas vezes, uma


conotação negativa. Uma ideia comum é a de
que, para que relações sejam consideradas bem-
sucedidas, elas devem ser sempre harmoniosas - e,
nesse sentido, sem conflitos. Porém, o entendimento
de que o conflito deve ser evitado pode levar à
repressão de necessidades individuais, contribuindo,
na verdade, para o desgaste de uma relação.

Nas aulas, é comum evitarmos os conflitos


como forma de manter a ordem. Contudo, se os
deixarmos emergir, ganhamos uma oportunidade de
aprendizado, já que o conflito está assinalando que
algo precisa ser visto para que seja transformado.

CONFLITO

Conflitos nascem de divergências que não


necessariamente envolvem violência. Devemos
enxergá-los não como eventos pontuais, mas,
sim, como ruídos causados pela desordem natural
de redes complexas de relacionamento: uma
onda contínua. Eles oferecem oportunidades para
promover harmonia de forma autêntica, gerando
mudanças através do seu reconhecimento e da
investigação das suas causas.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 75


É do conflito também que nascem a criatividade
e a renovação dos sistemas. Afinal, como inovar
sem questionar? E como questionar sem desafiar a
situação atual? Nos abrirmos ao conflito permite que
possamos ver a vida por um novo ângulo.

Acolher o conflito é fundamental para manter


relacionamentos honestos e responsivos. Evitá-los
ou silenciá-los antes que as partes possam entender
as necessidades de mudança em questão aumenta
o período de disfuncionalidade e pode ampliar o
sofrimento, correndo o risco de levar à violência.

O convite então é o de se abrir para a situação


conflitiva sem suprimi-la. Crie um espaço seguro
para que todos possam expressar seus desconfortos
- começando por você. Um primeiro passo é
entender que, na grande maioria dos casos, uma
manifestação conflituosa nos envia uma mensagem
sobre como a outra pessoa se sente, e não sobre nós
mesmos. Essa não é uma prática simples: o trabalho
com o conflito requer labor, criatividade e intuição.

Assim, o conflito é um risco e um presente.


Um risco de que tenhamos que expor as nossas
vulnerabilidades, de que não sejamos capazes de
atender às demandas do outro, de que o sistema,
caso não devidamente assistido, possa colapsar
frente aos desafios apresentados por essas fricções.
Mas também é um presente único, na forma de uma
oportunidade para nos abrir ao novo e à aceitação
genuína do outro e de quem somos.

Que tal aprender mais?

Só pessoas éticas têm amigos!

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 76


O trecho da palestra conferida pelo filósofo
Leandro Karnal, intitulada “Do ponto de vista
racional: Por que é melhor ser ético?”, explora a
ideia de que apenas as pessoas éticas têm amigos e
que uma vida sem amigos é uma vida desperdiçada.
Nesse trecho ele também convida a todos a fazer
um teste para verificar quem são nossos verdadeiros
amigos. O trecho está disponível nesse link externo
e a palestra completa neste outro link externo.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
EMICIDA. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.
São Paulo: Itaú Cultural, 2020.
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa551243/
emicida. Acesso: 29 de Mai. 2020.
BUNDICK, Matthew et al. How supportive of their specific purposes do
youth believe their family and friends are? In: Journal of Adolescent
Research 28(3), 2012, p. 348 - 377.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 1 77


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 2
TEMA: RELAÇÕES INTERPESSOAIS
AULA 2
TÍTULO: RELAÇÕES FAMILIARES

O que faremos hoje?

Bloco 2 Convivência e Participação

Tema Relações interpessoais

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das


locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural.
Competências 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
gerais da BNCC cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

Reconhecer e valorizar o papel da família no desenvolvimento dos


aspectos físicos, cognitivos, afetivos e sociais das pessoas.
Exercitar e praticar a tomada de perspectiva e a empatia para
Habilidades de reconhecer e compreender as ideias, pensamentos, sentimentos e
Projeto de Vida comportamentos alheios.
Reconhecer e ser aberto à diversidade de culturas, crenças,
interesses e valores, respeitá-las e mediar e resolver conflitos
decorrentes da convivência coletiva de forma ética e dialógica.

Objeto de
Família
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 78


O que dizem os estudiosos?

A família é a primeira instituição de socialização


dos indivíduos, que proporciona o desenvolvimento
físico, cognitivo, afetivo e moral das crianças e
jovens. Diversos estudos (BUNDICK, 2012; MALLIN;
BALLARD; DAMON, 2015) revelam que

jovens cujos familiares participam


ativamente de sua escolarização,
que oferecem um ambiente de apoio
afetivo e cuidado, e que procuram
dialogar sobre seus interesses e
vida social, tendem a ter maior
clareza sobre seus planos futuros
e a construir projetos de vida mais
elaborados.
Muitos projetos de vida são inspirados nos
valores e ensinamentos dos familiares. Porém, um
projeto de vida deve ser uma construção autônoma,
fruto dos valores e interesses do próprio jovem, o
que significa que nem todos irão atender exatamente
às expectativas dos familiares. É importante que a
família compreenda que pode apoiar os membros
mais jovens sem restringir sua liberdade e autonomia.

Como é que se faz?

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 79


Organizando a aula
• Apresente aos estudantes o tema da aula e o
que será feito.
• Depois, peça para que eles formem um
semicírculo com suas mesas e cadeiras,
enquanto você distribui a ficha de atividades
desta aula (Aula 2 - Relações familiares)

Despertando o interesse
Exponha para os estudantes a obra “A gangorra”
do artista plástico italiano Giovanni Battista Torrigli
e promova uma discussão coletiva em torno das
perguntas disparadoras.
1) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
mencionem palavras como felicidade,
acolhimento, solidariedade, cuidado, união,
entre outras.
2) Incentive os estudantes a explorarem os
detalhes da obra: a criança como centro das
atenções, recebendo cuidado e estímulo
por parte do irmão; a habitação simples de
pescadores, que se nota pela rede de pesca aos
pés da moça de costas e pelo barco à beira-
mar do lado de fora; a alegria gerada pela
criança em três gerações da família; etc.

Construindo conhecimentos
Atividade 1
Peça para que os estudantes respondam às
perguntas e promova uma discussão coletiva que
contemple os seguintes aspectos:
a) Espera-se que o estudante seja capaz de
reconhecer que a família provê não apenas
alimento, moradia, entre outras necessidades
materiais, mas também contribui com o
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo
e moral, sendo a primeira instituição de

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 80


socialização das crianças. O estímulo ao
desenvolvimento de habilidades motoras e da
fala, a identificação e expressão de sentimentos,
assim como o aprendizado sobre normas morais,
também são algumas das contribuições da
família ao desenvolvimento das crianças e jovens.
b) É importante que os estudantes percebam que,
embora a família retratada possa apresentar
aspectos comuns a outras famílias, não
existe um padrão único de família. Nesse
sentido, diversas configurações e formas de
relacionamento são possíveis. Além disso,
a cena retrata um momento de felicidade.
Ainda que as famílias possam ter momentos
como esse, também passam por aqueles de
desentendimento e dificuldades.
c) Resposta pessoal.
d) Resposta pessoal.

Atividade 2
• Solicite que os estudantes peguem o registro
da entrevista feita com um familiar ou
responsável.
• Leia cada uma das questões, convidando os
estudantes a socializarem suas respostas.
• Depois, questione como foi para eles saber
quais expectativas essa pessoa tem para o
futuro deles. Estimule que expressem seus
sentimentos e reflexões.
• Não deixe de destacar que essas pessoas
podem ser importantes fontes de apoio
para seus projetos de vida, e que o diálogo é
fundamental para que as expectativas delas e as
dos estudantes estejam alinhadas.
• Isso não significa que os estudantes deverão
fazer o que elas desejam, mas, sim, que eles
devem ajudá-las a compreender o que podem
ou não esperar deles. Sobre isso, é fundamental
que você incentive o diálogo, a compreensão, a
tolerância e a escuta ativa.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 81


Atividade 3
• Peça que os estudantes formem duplas e leiam
o conflito de Carlos e sua família.
• Em seguida, solicite que respondam às
questões e discutam entre si.
• Abaixo destacamos alguns aspectos que podem
ser discutidos.
1) O plano de Carlos em cursar graduação em
direito para seguir carreira de defensor público
não é aceito por seus pais, que desejam que
ele trabalhe na empresa criada por eles.
2) Resposta pessoal. É esperado que os
estudantes mencionem pensamentos e
sentimentos como dúvida, angústia, falta de
compreensão, frustração, desamparo, etc.
3) Resposta pessoal. É esperado que os
estudantes mencionem que os pais de Carlos
se sentem preocupados com o futuro dele e
decepcionados pela sua escolha, entre outras
possibilidades.
4) Resposta pessoal. Os estudantes podem
variar entre a escolha por seguir o desejo
dos pais, orientar-se na direção do próprio
sonho ou buscar uma conciliação entre
essas perspectivas. Ajude-os a reconhecer
as consequências dessas escolhas e sua
viabilidade.
5) Resposta pessoal.

Registrando o aprendizado
Atividade 4
• Solicite que elaborem o texto reflexivo como
forma de sistematização de seus aprendizados
sobre os conteúdos e procedimentos
abordados na aula.
• Neste texto, é importante que eles
mencionem como gostariam que seus
familiares e/ou responsáveis os apoiassem em
seus projetos de vida.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 82


• Sugira que apresentem essa tarefa em formato
de carta para essas pessoas.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Questões familiares são um campo difícil e


nós, como educadores, precisamos compreender
os limites da nossa prática. Situações sensíveis,
envolvendo traumas ou desentendimentos
profundos, não poderão ser resolvidos em sala
de aula. Nosso dever, nesse contexto, está em
encaminhar o caso para os profissionais adequados.

Ainda assim, podemos ajudar o estudante


a se tornar consciente do seu papel no sistema
familiar. Na adolescência, é comum que os filhos
comecem a questionar seus pais, em busca de uma
definição da própria identidade. No entanto, sentir-se
acolhido e seguro dentro da família continua sendo
muito importante - para toda a vida, na verdade. O
adolescente ainda não é um adulto e, assim, precisa
de ajuda para gerenciar as emoções envolvidas
nestes relacionamentos.

Qual é, então, o papel do educador? Nesta


aula, podemos dar o suporte necessário para que o
estudante possa examinar como enxerga o núcleo
familiar na sua vida. Investigar a própria família e
compreender o seu papel dentro dela será um
exercício de aceitação do outro e de si mesmo. O
jovem quer se sentir compreendido, mas também
precisa enxergar a experiência que os outros
carregam. Honrar a família, afinal, significa honrar a
própria história.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 83


ACEITAÇÃO

Aceitar significa ser tolerante com as situações


que não nos agradam e com as limitações que
percebemos nos outros e em nós mesmos,
compreendendo que elas não diminuem o valor
como ser humano das pessoas envolvidas. A
aceitação é o primeiro passo para tirar um bom
proveito das oportunidades de aprendizado que as
relações nos oferecem.

A aceitação proporciona um caminho mais


consistente para a construção das nossas relações.

Algumas situações podem ocorrer ao tratarmos


assuntos pessoais em sala de aula: o estudante pode
se recusar a trabalhar esse tema ou pode trazer
questões extremamente sensíveis. Em ambos os
casos, o importante é respeitar os limites de cada um
e do que podemos fazer como docentes.

Caso o estudante prefira não elaborar as


atividades, esclareça que ele não precisa fazer
nada que o deixe desconfortável. Para criar um
clima mais seguro, que o incentive a desenvolver
a tarefa, é recomendável evitar qualquer juízo de
valor ao comentar o caso de estudo, por exemplo,

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 84


ou algo que possa gerar a interpretação de que há
comportamentos familiares bons e ruins, ou mesmo,
que algumas culturas familiares são melhores do que
as outras. O princípio da aceitação é justamente o de
proporcionar inclusão e acolhimento.

Na outra ponta do espectro, um estudante pode


trazer questões sensíveis ou ficar muito emotivo
ao realizar o exercício. Também, aqui, é importante
mostrar que “está tudo bem”. Porém, questões
envolvendo traumas, depressão ou violência
requerem acompanhamento profissional adequado.
Ao perceber que a questão possa ter atingido o limite
do que você, como docente, pode fazer para ajudar,
estude a possibilidade de encaminhar o estudante
para psicoterapia.

Em todos os casos, estreitar a relação com


os pais e envolvê-los no acompanhamento das
atividades do filho é sempre uma boa ideia também.

Que tal aprender mais?

O papel da família e dos pares na escolha


profissional

O artigo explora o papel da família no processo


de escolha profissional dos adolescentes, destacando
que há duas formas básicas de influência: a
reprodução, quando os familiares desejam que os
adolescentes sigam os mesmos caminhos trilhados
por eles, e a diferenciação, quando esperam que
os jovens realizem sonhos que eles mesmos não
puderam realizar.

As reflexões promovidas pelo artigo nos fazem

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 85


compreender de que modo a família pode influenciar
positivamente os processos de escolha que marcam
a adolescência.
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
BUNDICK, Matthew et al. How supportive of their specific purposes do
youth believe their family and friends are? In: Journal of Adolescent
Research 28(3), 2012, p. 348-377.
MALLIN, H.; BALLARD, P. J.; DAMON, W. Civic Purpose: An Integrated
Construct for Understanding Civic Development in Adolescence.
Human Development. v. 58, p. 103-130, 2015.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 2 86


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 2
TEMA: RELAÇÕES INTERPESSOAIS
AULA 3
TÍTULO: AMORES E PAIXÕES

O que faremos hoje?

Bloco 2 Convivência e Participação

Tema Relações interpessoais

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis,


para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e
decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos,
a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
Competências cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
gerais da BNCC 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

Exercitar e praticar a tomada de perspectiva e a empatia para


reconhecer e compreender as ideias, pensamentos, sentimentos e
Habilidades de comportamentos alheios.
Projeto de Vida Reconhecer e ser aberto à diversidade de culturas, crenças,
interesses e valores, respeitá-las e mediar e resolver conflitos
decorrentes da convivência coletiva de forma ética e dialógica.

Objeto de
Relações amorosas
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 87


O que dizem os estudiosos?

O amor é uma experiência afetiva comum a


todos os seres humanos, que está relacionada ao
desejo de conviver com o outro, sobre o qual são
projetados sentimentos e intenções positivas.

Porém, há uma pluralidade de formas


de amar, de conceituar o amor e
de sentir e lidar com as emoções
associadas à experiência amorosa
- como o carinho e o ciúme (SASTRE et al, 2016).
Alguns estudiosos, como o neurocientista Pedro
Calabrez, distinguem o amor e a paixão a partir dos
sintomas que essa última provoca. Nesta perspectiva, a
paixão é uma experiência com alto grau de intensidade,
de conexão e desejo pelo outro, que desencadeia
reações hormonais que provocam o pensamento
recorrente sobre o objeto da paixão, a tendência
a enfatizar suas qualidades, estados elevados de
felicidade e completude, bem como reações físicas
como o frio na barriga e a aceleração dos batimentos
cardíacos. Enquanto a paixão tem duração (de alguns
meses a dois anos), o amor é uma experiência de
maior permanência, que sobrevive ao fim da paixão,
caracterizada pelo desejo pela companhia da pessoa
amada e pela opção de construir uma relação de
companheirismo, mesmo diante do reconhecimento
de dificuldades e desagrados.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 88


Como é que se faz?

Organizando a aula
Apresente o tema, as habilidades e o que será
feito nesta aula. Depois, peça para que os estudantes
se organizem em grupos de seis estudantes,
enquanto você entrega a Ficha de Atividades desta
aula (Aula 3 - Amores e paixões).

Despertando o interesse
• Oriente os estudantes a dividir uma folha
avulsa em três partes e a copiar e completar,
individualmente, cada uma das frases
disponíveis na ficha de atividades, em uma
dessas partes.
• Depois, peça para que eles classifiquem as
respostas, buscando suas semelhanças e
diferenças. Essa classificação poderá ser feita
para cada uma das questões ou buscando
encontrar padrões gerais nas respostas das três
questões.
• De uma ou outra forma, os estudantes devem
ser capazes de classificar as respostas mediante
suas diferenças e semelhanças e nomear cada
categoria criada de forma que represente, em
linhas gerais, as concepções de amor presentes
nas respostas.
• A seguir, apresentamos um exemplo possível de
classificação.

Construindo conhecimentos
Atividade 1

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 89


• Esta atividade é uma continuação da anterior.
• Leia o enunciado com os estudantes chamando
a atenção para a provável necessidade de se
criar uma nova categoria para abarcar uma ou
mais frases.
• Uma possibilidade de classificação das frases
é apresentada a seguir, mas é importante
destacar que existem diversas possibilidades.
• Por isso, é fundamental estimular a competência
da argumentação, para que os estudantes sejam
capazes de expor suas perspectivas, de modo a
justificar as categorias criadas.

Categoria 1: expressa a ideia de renúncia pelo


outro

A paixão faz com que se renuncie a si mesmo,


aos próprios interesses e necessidades. O outro se
torna tudo para você.

Quando me apaixonei, nos tornamos uma pessoa


só. Eu só queria estar com ela e mais ninguém.

Uma pessoa que está verdadeiramente


apaixonada é capaz de fazer tudo pela outra.

Categoria 2: expressa a ideia de equilíbrio entre


seus interesses e os do outro

Em um relacionamento, a pessoa precisa


pensar em si. Deve identificar o que está disposta
a renunciar pela outra pessoa e quais são as
consequências disso para si mesma.

Categoria 3: expressa a ideia de que amar é


também reconhecer os defeitos dos outros

O amor faz com que nos demos pelo outro


sem esperar nada em troca, além, é claro, do amor
correspondido. A pessoa amada se torna única,
parece que não poderia haver alguém mais especial

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 90


e você só deseja fazê-la feliz, porque estar ao lado
dela é a pura felicidade. Mas, com o tempo, percebe-
se que a pessoa amada tem defeitos e os conflitos
começam a surgir.

A pessoa que se apaixona fica hipnotizada. Só


vê as qualidades do outro e vive uma fantasia, mas
depois isso passa.

A paixão é intensa, mas passa. Quando é amor,


o relacionamento sobrevive ao fim da paixão, pois o
amor existe apesar daquilo que nos incomoda ou de
que não gostamos no outro.

Após esta primeira etapa da atividade, abra


uma roda de conversa sobre o tema, incentivando
a participação dos estudantes e problematizando
seus pontos de vista e o conteúdo das frases. Nesta
discussão, pode ser pertinente mencionar a diferença
entre paixão e amor, descrita no texto da seção “o que
dizem os especialistas”. Para mais informações sobre
essa discussão, assista ao vídeo “o cérebro apaixonado”,
disponível na seção “Que tal aprender mais?”.

As concepções mais prováveis de levar à


construção de um relacionamento saudável seriam
aquelas que reconhecem que a paixão não pode
fazer com que a pessoa renuncie a si mesma
em favor do outro, pois, apesar da abertura e
investimento que uma relação amorosa pressupõe,
é necessário considerar as próprias necessidades e
o bem-estar pessoal. As concepções que poderiam
culminar em um relacionamento abusivo seriam o
oposto dessas, pois a ideia de renunciar a si poderia
autorizar práticas de opressão, desqualificação e
restrição da liberdade.

Atividade 2
Peça para que os estudantes respondam às
questões da Atividade 2 e abra, uma vez mais,
uma roda de conversa sobre o tema. Nesse
momento, é importante destacar que ter ou não um

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 91


relacionamento amoroso é uma escolha que, como
qualquer outra, precisa ser refletida para que seja
feita com responsabilidade pelos seus sentimentos
e pelos sentimentos alheios.

Além disso, é importante destacar que ao decidir


dividir a vida com outra pessoa, é importante que
um possa ajudar, apoiar e estimular o crescimento
do outro, de modo que ambos possam realizar seus
projetos pessoais e profissionais.

Nesse sentido, é importante estar atento para


comportamentos abusivos, que podem inclusive
causar impactos negativos na construção e realização
de um projeto de vida, pois a pessoa que se coloca
em estado de submissão e passa a fazer escolhas
visando prioritariamente satisfazer os desejos do
outro, pode deixar de considerar seus interesses e
sonhos ou colocá-los em segundo plano.

Registrando o aprendizado
Atividade 3
Para sistematizar o aprendizado dessa aula,
peça para que os estudantes criem uma nuvem de
palavras com as principais ideias e sentimentos que
um relacionamento amoroso precisa oferecer para
apoiar o projeto de vida das pessoas envolvidas.

Uma nuvem de palavras é composta por palavras-


chave escritas em tamanhos de letra diferentes, de
acordo com a maior ou menor importância que cada
uma tem para o assunto em questão.

A seguir apresentamos um exemplo de nuvem de


palavras com qualidades desejáveis em uma pessoa.
Atente-se para o fato de que não existe certo nem
errado na priorização das palavras. Desde que elas
contemplem princípios éticos e de responsabilidade
consigo mesmo e com o outro, os estudantes podem
expressar livremente o que é mais importante para
eles em relação ao tema da atividade.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 92


Fonte da imagem: https://www.researchgate.net/
publication/283499432_Os_trabalhadores_das_unidades_de_meio_
aberto_do_sistema_socioeducativo_do_Distrito_Federal/figures?lo=1

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

O psicólogo norte-americano Marshall


Rosenberg nos diz: “Toda violência é uma expressão
trágica de uma necessidade não satisfeita”. Esse é
um dos princípios da Comunicação Não-Violenta, o
método para resolução de conflitos desenvolvido por
ele. Quando se fala de violência na comunicação,
Marshall se refere a qualquer expressão não-
compassiva, que induze à mágoa e à dor. Pode,
assim, manifestar-se tanto em acusações, do tipo
“Você só pensa em você mesmo!”, como em atitudes
grosseiras ou agressões verbais.

Nós trazemos para as relações necessidades


que gostaríamos que fossem preenchidas. Quando
nossas necessidades são atendidas, experimentamos
sentimentos positivos como calma, contentamento,
satisfação, entre outros. Quando elas não são,
experimentamos sentimentos negativos como
ansiedade, vergonha, exaustão etc. São esses
sentimentos negativos que funcionam como

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 93


combustível para nos engajarmos em formas
violentas de comunicação.

As necessidades humanas são universais, porém


as pessoas adotam diferentes estratégias para
preenchê-las. Por isso, não é uma tarefa simples
comunicar o que necessitamos ou descobrir do que
o outro necessita. Isso é o que torna a comunicação
tão desafiadora nos relacionamentos.

Quando ponderamos sobre o papel de um


relacionamento amoroso nas nossas vidas, estamos
pensando em quais necessidades acreditamos que
ele poderia suprir. Nesta aula, ajude os estudantes a
encontrarem suas necessidades a partir das respostas
às questões propostas. Estabeleça a comunicação
com eles a partir disso.

NECESSIDADES

Os significados da palavra Necessidade incluem


os conceitos de precisar de algo, de sentir
carência de alguma coisa e de restrições que
geram compulsões inevitáveis. Manter-se vivo,
por si só, é uma necessidade: a nossa biologia
exige que uma série de condições sejam
satisfeitas para que sigamos vivendo. Outras
necessidades decorrem da condição humana, da
nossa organização social e familiar.

A Comunicação Não-Violenta é uma boa


ferramenta para trabalhar qualquer tipo de
relacionamento, inclusive o de docente-estudante.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 94


Embora seja um método com várias complexidades,
que requer um estudo aprofundado, um exercício
que pode ser aplicado por você é o seguinte:
• Observar: apenas observe o que está
acontecendo ou sendo dito, sem julgamentos;
• Sentimento: identifique os sentimentos
envolvidos, que podem ser seus ou os
expressados pelos estudantes quando lidam
com as atividades propostas;
• Necessidades: reconheça as necessidades
envolvidas, que podem ou não estar sendo
atingidas, e as comunique;
• Pedido: a última etapa envolve um pedido
específico, a fim de conseguir que as
necessidades envolvidas sejam atendidas.

Exemplo de comunicação violenta:


“Você não sai do celular. Eu quero que
você guarde esse celular agora, você não tá me
escutando? Vou precisar tirar você da sala?”.

Exemplo de comunicação não-violenta:


“Vi que é a terceira vez que você olha seu
celular desde que começamos a aula. Isso faz
com que eu me sinta irritada e preocupada, pois
tenho uma necessidade de consideração e de
reconhecimento do meu trabalho, que não pode
ser alcançado sem sua atenção na aula. Você estaria
disposto a guardar o celular e se concentrar na
explicação?”.

É claro que outro passo seria também ajudar os


estudantes a expressarem suas próprias necessidades
a respeito da aula. Eles precisam de mais atenção,
consideração, autonomia, acolhimento?

Você também pode incentivar os estudantes a


usarem esse método em suas questões amorosas,
seja como forma de entender e expressar suas
próprias necessidades, seja para conseguir entender
as necessidades do parceiro ou parceira.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 95


Que tal aprender mais?

O cérebro apaixonado

Neste vídeo, o neurocientista Pedro Calabrez


aborda os componentes neuroendócrinos e
psicológicos presentes na paixão e no amor,
distinguindo essas duas experiências afetivas.
Disponível em:
link externo

Acesso: 29/05/2020.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
SASTRE, Genoveva; MARIMON, Montserrat Moreno; LEAL,
Aurora; ARANTES, Valeria. Amor, educación y cambio – Modelos
organizadores y aprendizaje. Barcelona: Icaria Editorial, 2016
CALABREZ, Pedro. O cérebro apaixonado. Disponível em https://www.
youtube.com/watch?v=q5pfKoSYquE. Acesso: 29/05/2020.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 3 96


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: RELAÇÕES INTERPESSOAIS TEMA 2
TÍTULO: RESPONSABILIDADE AFETIVA E AULA 4
RELACIONAMENTO SAUDÁVEL

O que faremos hoje?

Bloco 1 Convivência e Participação

Tema Relações interpessoais

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a


cooperação,
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos
Competências
direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de
gerais da BNCC
indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e
potencialidades,
sem preconceitos de qualquer natureza.

Exercitar e praticar a tomada de perspectiva e a empatia para


reconhecer e compreender as ideias, pensamentos, sentimentos e
Habilidades de comportamentos alheios.
Projeto de Vida Reconhecer e ser aberto à diversidade de culturas, crenças,
interesses e valores, respeitá-las e mediar e resolver conflitos
decorrentes da convivência coletiva de forma ética e dialógica.

Objeto de
Responsabilidade afetiva e relacionamento abusivo.
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 97


O que dizem os estudiosos?

• Responsabilidade afetiva é quando tratamos


os sentimentos das pessoas com quem
nos relacionamos com empatia, respeito,
seriedade e honestidade. É preciso deixar
as nossas intenções claras para o outro,
atrelando a sinceridade ao cuidado, de modo
a estabelecer um diálogo verdadeiro, gentil e
atencioso. Desse modo, podemos construir um
relacionamento saudável.
• Relacionamento saudável é aquele no qual
não há cobranças desmedidas, cuja presença
do outro é agradável e produz bem-estar
para todos. Essas relações geralmente são
permeadas por respeito, carinho, confiança,
liberdade, diálogo e admiração.
• Quando essas características estão em falta, é
criada a possibilidade de um relacionamento
abusivo. É Importante ressaltar que

um relacionamento abusivo nem


sempre começa com violência física
- e em alguns casos ela pode nunca
ocorrer, mas isso não diminui a dor e
a gravidade desse tipo de conduta.
As relações de abuso são construídas
vagarosamente, de maneira quase imperceptível.
Alguns alertas para os sinais de abuso são:
controle sobre o corpo, relacionamentos
e comportamentos do outro; presença de
agressões verbais e violência psicológica. É
importante ressaltar que a pessoa vítima de um
relacionamento abusivo nem sempre enxerga
essa situação ou pode encontrar-se em negação.
Por isso, é fundamental reconhecer quais são os

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 98


comportamentos abusivos para não se relacionar
dessa forma e ajudar outras pessoas que se
encontram envolvidas neste tipo de situação.

Como é que se faz?

Organizando a aula
Inicie a aula apresentando aos estudantes o
tema e as habilidades que serão trabalhadas. Conte
que terão três momentos de aprendizagem: no
primeiro, construirão coletivamente os conceitos
de responsabilidade afetiva e relacionamento
saudável; no segundo, farão uma dramatização sobre
relacionamento abusivo e uma discussão sobre o
tema e, por último, sistematizarão seus aprendizados
por meio da escrita de uma carta endereçada a
uma pessoa, conhecida ou fictícia, que está em um
relacionamento abusivo.

Despertando o interesse
Para o primeiro momento, leia as questões
introdutórias e solicite aos estudantes que
compartilhem com a turma suas concepções.
Peça que leiam os memes/poesias e reflitam
individualmente sobre as questões subsequentes.
Em seguida, realize uma “chuva de ideias” sobre cada
um dos apontamentos, anotando os conceitos e/
ou palavras que os alunos mencionarem na lousa.
Provoque a participação deles até que note a
saturação do conteúdo.

Mantenha o registro na lousa para que ele possa


ser complementado ao final da atividade 1, momento

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 99


em que deve-se construir uma definição coletiva
para os conceitos de responsabilidade afetiva,
relacionamento saudável e relacionamento abusivo.

Para auxiliá-lo na condução dessa discussão,


veja o gabarito das perguntas:
a) Espera-se que os estudantes relacionem
o conceito de responsabilidade afetiva
com valores como respeito, sinceridade,
honestidade, empatia, diálogo, seriedade e
gentileza. Outros valores podem aparecer
durante a discussão.
b) Sobre o conceito de relacionamento saudável,
espera-se que os estudantes enumerem
características como amor, confiança, respeito,
liberdade, diálogo, autonomia, admiração.
Outros valores podem aparecer durante a
discussão.
c) Espera-se que os alunos mencionem que
as facilidades são o fato de poder ser você
mesmo, ter tranquilidade no relacionamento,
desenvolver a autoconfiança, sentir-se amado,
entre outras possibilidades. As dificuldades
podem ser relativas a comportamentos tais
como a impaciência, o egoísmo, o estresse do
dia a dia, o ciúme, etc.

Construindo conhecimentos
Atividade 1
Leia o comando da atividade e solicite que
três alunos sejam voluntários para serem os atores
da dramatização. Incentive-os a se candidatarem,
tranquilizando-os de que haverá respeito por
aqueles que os assistirem e que será um ambiente
descontraído para a aprendizagem. A dramatização
é breve e aceita improviso e criatividade. Caso
nenhum aluno se candidate, poderá ser realizado um
sorteio. Se você encontrar muita resistência, como
resultado do receio da exposição, pode realizar o
exercício contando a história de cada personagem

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 100


ou escrevendo-a na lousa. Esclareça que a situação
retrata um casal heteroafetivo, mas que poderia ser
com outras disposições.

Deixe que os estudantes decidam quais papéis


cada um gostaria de interpretar: “namorado”,
“namorada” e “amiga(o) da namorada”. Após essa
decisão, em um canto reservado da sala ou até
mesmo fora dela, entregue para cada ator uma folha
contendo as informações que eles devem considerar
para representar o(a) personagem. Mencione
que eles devem incorporar as características dos
personagens e que as informações devem ser
expostas na dramatização, para que os demais
conheçam o perfil dos protagonistas e o histórico
do relacionamento. Para isso, é importante que cada
estudante que fará a representação tenha acesso aos
dados dos outros personagens, de modo a facilitar a
interação entre eles no momento da dramatização.

NAMORADO

Seu nome é Jonny e namora com Beatriz há 1


ano. Morre de ciúme dela e justifica dizendo que
está cuidando do seu grande amor. É extrovertido
e sedutor – sempre manda flores e chocolates
para Beatriz. Não tolera o papo de terminarem
o relacionamento e, quando isso acontece,
você sempre “perde a cabeça” e parte para
agressões verbais. Dessa vez, a briga é porque ela
adicionou o irmão da sua melhor amiga (Julia)
nas redes sociais e você não aceita. Está pedindo
insistentemente a senha do Instagram dela, pois
quer conferir se tem mais meninos adicionando
e de “conversinha” com ela. Fez até chantagem
dizendo que vai espalhar as fotos íntimas dela.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 101


NAMORADA

Seu nome é Beatriz e namora com Jonny há 1


ano. Já tiveram inúmeras brigas por ciúme, por
isso, você não usa mais saias e decotes e quase
não conversa mais com nenhum amigo, a fim de
evitar outras brigas com ele. Dessa vez, a discussão
é porque você adicionou o irmão da sua melhor
amiga (Julia) nas redes sociais. Você está muito
chateada, pois sabe que não tem nada demais
adicionar amigos e está cansada de ser controlada.
Ele quer sua senha do Instagram, você não quer
dar, mas ele está insistindo muito, chegou até a
chantageá-la com umas fotos intimas que você
enviou para ele há um tempo. Já tentou terminar
outras vezes, mas não consegue, pois tem medo de
ficar sozinha. Você está muito triste com tudo isso.

AMIGA(O) DA NAMORADA

Seu nome é Julia(o) e já andou dando uns


conselhos para a Beatriz sobre o excesso de
ciúmes do Jonny, pois reparou que a amiga anda
sempre triste e apreensiva. Sabe que ela deixou
de usar saias e decotes e não conversa mais com
meninos. Dessa vez, você se depara com os dois
brigando no intervalo da aula, porque Beatriz
adicionou seu irmão nas redes sociais. Jonny está
exigindo a senha do Instagram dela. Você intervém
para defender sua amiga e reforçar que o rapaz
está errado. Para isso, você enumera algumas
situações em que ele agiu de maneira abusiva
com sua amiga (pode inventar situações além das
que você já sabe) e dá alguns conselhos para ela
conseguir se livrar dele.

Enquanto os estudantes que farão a dramatização


se preparam, o restante da turma deverá ler as questões
a serem observadas durante a apresentação.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 102


Antes de iniciar a dramatização, dê mais alguns
minutos para os “atores” se planejarem. Enquanto
isso, retome o contexto do conflito e reforce a
importância do silêncio e do respeito para com
os atores em cena e informe que risadas não são
permitidas, pois desconcentram os colegas. Não se
pode interromper a dramatização, ela só termina
quando Julia(a), a(o) “amiga(o) da namorada”,
sinalizar que já acabou de dar seus conselhos e
Beatriz, “a namorada”, tomar uma decisão relativa à
situação em que se encontra.

O fechamento da atividade, com a discussão


da situação apresentada, é fundamental, pois é
nesse momento que ocorrerão as reflexões, trocas e
formulações conceituais a respeito do conteúdo.

Peça, primeiramente, que a “namorada”


(1) descreva brevemente a situação, (2) quais
sentimentos afloraram durante a dramatização, (3) se
o desfecho da briga foi aquele que ela gostaria e (4)
se ela se sentiu acolhida com os conselhos da amiga.
Depois, peça para que o “namorado” (1) realize uma
autoavaliação sobre suas atitudes, (2) destaque
os pontos fortes e (3) o que ele precisa melhorar
na relação com a Beatriz. Em seguida, estimule a
“amiga da namorada” a (1) expor seus sentimentos
durante a intervenção, (2) a avaliar suas facilidades e
dificuldades ao enfrentar esse caso e (3) que reveja
se faria ou diria algo diferente para sua amiga.

Por fim, abra a discussão para o restante


da turma, respondendo às questões propostas,
de maneira coletiva. Lembre-se de ressaltar que
quando alguém avalia os atores, está avaliando o
personagem e não a pessoa que atuou.

Concluída essa etapa, pode-se fazer uma


nova dramatização, com novos estudantes,
visando melhorar e alterar alguns aspectos
da dramatização anterior, com base nos
apontamentos e discussão da turma.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 103


Para auxiliá-lo na condução dessa discussão,
veja o gabarito das perguntas:
a) As características de um relacionamento
abusivo podem variar de acordo com a
improvisação dos personagens. Pode ser que
apareça: o ciúme excessivo e comportamento
controlador do namorado, como impedir
a namorada de falar com seus amigos, não
deixar que ela use roupas curtas e decotadas
e querer a senha da rede social dela; o uso de
chantagem e agressões verbais.
b) Resposta pessoal.
c) A ajuda pode ser oferecida: encorajando a
pessoa a agir diante dessa situação ao contrário
de se acuar; mostrando-se presente para o que
ela precisar; oferecendo uma escuta empática,
livre de julgamentos; ajudando a aumentar a
autoestima da vítima; orientando a procurar
auxílio em outras pessoas, sejam elas familiares,
responsáveis, docentes ou psicólogos;
aconselhando a filmar ou gravar as brigas, caso
precise de provas; encorajando para que ela
resista às chantagens emocionais e a não ceder
aos dramas do abusador.
d) Sim, a relação abusiva pode ocorrer em
casais hetero e homossexuais, bem como
fora da esfera amorosa, ou seja, pode haver
relacionamento abusivo dentro da família, entre
amigos, no trabalho etc.

Registrando o aprendizado
Atividade 2
Os alunos deverão escrever uma carta
para alguém, real ou fictício, que está em uma
relação abusiva. Essa atividade tem a finalidade de
proporcionar o exercício e o desenvolvimento da
empatia, da solidariedade, da capacidade de oferecer
ajuda, bem como a mobilização e sistematização dos
aprendizados desta aula. Ressalte que a carta deve
contemplar os conteúdos trabalhados neste encontro.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 104


Vamos falar sobre educação
socioemocional?

Como vimos na aula anterior, relacionamentos


são uma forma de atender às nossas necessidades.
Porém, quando uma das partes passa a exigir muito
mais do que o outro consegue ou está disposto a
oferecer, pode-se abrir o caminho para o início de
uma relação abusiva.

O abuso decorre da atitude de uma das partes


de tentar controlar o outro. Normalmente, o
abusador se utiliza de manipulações emocionais para
debilitar a confiança da outra pessoa. Dessa forma,
consegue mantê-la dependente.

Você pode identificar relacionamentos


abusivos na sala? Muitas vezes, a diferença é sutil.
A pessoa que está sendo abusada normalmente
não tem consciência de estar nessa situação. Por
causa das manipulações emocionais de que é
vítima, pode acreditar, inclusive, que os problemas
no relacionamento são causados por ela. O
abusador também não acredita que esteja fazendo
algo de errado: sua postura normalmente nasce de
uma profunda carência emocional. É importante
notar que isso não é uma justificativa para que
ele(a) machuque outras pessoas. Os únicos que
podem oferecer soluções para a cura de suas
deficiências emocionais são profissionais de saúde
mental e ele(a) mesmo(a).

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 105


MANIPULAÇÃO EMOCIONAL

Os manipuladores emocionais usam o sentimento


de culpa a serviço de seus interesses. Eles fazem
o outro sentir que tudo o que faz está errado e
que todos os problemas são culpa dele. Também
faz parte da manipulação emocional dar menor
importância aos problemas da vítima.

Ao tratar um relacionamento abusivo, apontar a


situação para as pessoas que o estão sofrendo não
é tão simples. Elas podem se sentir julgadas e com a
autoestima ainda mais abalada. Antes de mais nada,
é necessário lembrar que quem escolheu entrar em
um relacionamento abusivo está tentando preencher
alguma necessidade. O tempo na relação e a
manipulação emocional de que é alvo contribuem
para que ela desenvolva uma dependência do(a)
parceiro(a). Em sociedades com muita desigualdade
de gênero, por exemplo, as mulheres têm que aceitar
relacionamentos abusivos porque não conseguem
ter independência financeira.

O primeiro passo, então, é identificar as


necessidades que a vítima procura preencher. Para
que ela consiga sair, precisará se sentir acolhida e
aceita. A partir da identificação dessas necessidades,
é possível pensar em formas de ajudá-la a preenchê-
las sem o relacionamento. Deixe claro que você
acredita no valor dessa pessoa.

O adolescente que abusa também precisa de

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 106


ajuda, de preferência profissional. Entrar em contato
com os pais e encaminhá-lo para o acompanhamento
mais adequado é o melhor caminho para que ele
rompa com o comportamento abusivo.

Que tal aprender mais?

Não tira o batom vermelho

Neste vídeo, a blogueira Jout Jout aborda


as características de um relacionamento abusivo.
Sugere-se que o vídeo seja compartilhado com os
estudantes como material complementar.
link externo

Acesso: 30/05/2020.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
ORTEGA, J. El vínculo de pareja: Una posibilidad afectiva para crecer.
Revista Electrónica Educare, Heredia, v.16, n.esp., p.23-30, 2012.
PUIG, J. M. Prácticas de deliberación. In: ______. Prácticas morales.
Barcelona: Paidós, 2003. cap.7, p.185-207.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 4 107


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 2
TEMA: RELAÇÕES INTERPESSOAIS
AULA 5
TÍTULO: TODOS TÊM O DIREITO DE AMAR

O que faremos hoje?

Bloco 2 Convivência e Participação

Tema Relações interpessoais

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a


cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
Competências outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
gerais da BNCC da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

Exercitar e praticar a tomada de perspectiva e a empatia para


reconhecer e compreender as ideias, pensamentos, sentimentos e
Habilidades de comportamentos alheios.
Projeto de Vida
Desenvolver a escuta ativa e recursos para expressar os próprios
pensamentos e sentimentos.

Objetos de
Respeito à diversidade das relações e reflexão sobre preconceito.
conhecimento

Aparelhos para a reprodução de vídeo disponível na plataforma


Materiais YouTube.
necessários
Vídeo O amor não tem rótulos. Produção: Ad Council.

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 108


O que dizem os estudiosos?

As múltiplas formas de amar sempre estiveram


presentes na nossa sociedade, porém, antigamente
não se falava muito disso, pois algumas maneiras de
amar eram tidas como proibidas ou pecaminosas.
Hoje, graças ao amplo debate acerca do tema, a
sociedade tem mais consciência da diversidade
do amor e, paulatinamente, vamos diminuindo a
intolerância e aumentando o respeito às diferenças.
Dessa maneira, entende-se que

o amor não tem padrão e é um direito


de todos que desejam amar
(LIMA, 2011).

É cada vez mais comum ver casais


homossexuais, casais com diferentes etnias, crenças,
religiões, com diferença de cor, idade e com pessoas
com deficiência. Assim, para que possamos viver
todos harmonicamente em sociedade, é necessário
fomentar a tolerância e o respeito com ética para
que a convivência seja possível.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 109


Como é que se faz?

Organizando a aula
Inicie a aula pedindo aos estudantes que
resgatem o que foi abordado na aula anterior,
recordando seus aprendizados relacionados ao
amor e sinalize que continuarão a discussão de hoje
em torno desse tema. Em seguida, apresente aos
estudantes as competências e habilidades esperadas
para esse encontro.

Despertando o interesse
Prepare os recursos tecnológicos necessários
para reproduzir um vídeo disponível na Internet.
Não se esqueça de verificar se a caixa de som está
funcionando. O vídeo aborda o tema da diversidade
das relações amorosas e do amor sem preconceitos.

link externo

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 110


Após assistirem ao vídeo, reserve uns minutos
para que os estudantes possam responder às
questões disparadoras individualmente. Depois,
estimule que eles exponham suas respostas para
a turma, numa grande roda de conversa. Segue o
gabarito para auxiliá-lo na discussão:
a) Diversidade é um conceito que diz respeito
à compreensão de que os seres humanos,
apesar de serem parecidos em muitos aspectos,
também possuem muitas particularidades.
Compreender e respeitar essas diferenças é
uma tarefa básica para viver e compartilhar o
mundo. Quando aplicamos o termo diversidade
ao amor, queremos dizer que reconhecemos
que há inúmeros tipos de amor, por exemplo,
entre familiares, entre amigos, entre casais.
E que, dentro dessas formas de amor, há
ainda mais diversidade, pois pessoas com
atributos muito diferentes podem se amar e
até mesmo formar casais, por exemplo, pouco
convencionais de acordo com as tradições
conhecidas. Nesse sentido, reconhecer a
diversidade do afeto exige respeitar as escolhas
do outro e garantir que todos tenham o direito
de amar, independentemente da cor, classe
social, idade, gênero, religião, entre outros.
b) No vídeo estão representados diversos tipos
de amor. Há casais homossexuais, com
diferença de cor e idade. Há também cenas
demonstrando amor de irmãos (representando
o amor à pessoa com deficiência), de vizinhos
e de amigos (ambos representando a diferença
religiosa).
c) Resposta pessoal. É importante verificar se
o vídeo suscitou sentimentos positivos, que
permitam aos estudantes compreenderem a
importância do respeito à diversidade. Caso
você perceba algum caso de desrespeito ou de
fobia contra algum dos exemplos apresentados
no vídeo, sugerimos que reforce que essas
atitudes não serão toleradas. As próximas
atividades oferecerão uma boa oportunidade
para os estudantes repensarem seus

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 111


preconceitos.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Solicite que os alunos se organizem em grupos
de até 4 pessoas. Eles terão que pesquisar na
internet narrativas de vida de casais que vivem (ou
viveram) alguma diversidade amorosa. Enquanto
fazem as buscas, certifique-se de que nenhum
grupo está com histórias repetidas. Incentive que
eles encontrem informações sobre como o casal
se conheceu, há quanto tempo estão juntos, com
que trabalham, qual a idade dos dois, quais são suas
semelhanças e diferenças e se já sofreram algum
tipo de preconceito. Caso eles sintam dificuldades
em realizar essa pesquisa, você pode sugerir que
pesquisem histórias de casais famosos. Dê alguns
exemplos como Gilberto Gil (homem negro que é
casado com Flora Gil, uma mulher branca), Ludmila
(mulher casada com outra mulher, chamada Brunna
Gonçalves), Fátima Bernardes (mulher que namora
um homem mais novo, Túlio Gadelha), entre outros.

Depois de realizada a pesquisa, peça para que


cada grupo apresente a história de vida, com ênfase
na vida amorosa, daquela pessoa. O intuito da
atividade é romper com estigmas e estereótipos sobre
a diversidade no amor, incentivando os estudantes
a romper preconceitos. É importante que eles
percebam que qualquer indivíduo pode amar quem
desejar e que cabe aos demais apenas respeitar.

Atividade 2
Explique que agora, usando os conhecimentos
que eles têm sobre a diversidade do amor e o que
aprenderam com as histórias da atividade anterior,
deverão criar uma história de amor moderna. Peça
para que todos os estudantes da turma formem

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 112


um único círculo e entregue para 12 alunos um dos
papéis preparados por você para essa aula. Diga que
deverão usar a informação presente no seu papel
para construir a história. É fundamental que os papéis
sejam distribuídos na seguinte sequência:

EXPERIÊNCIA EXPERIÊNCIA EXPERIÊNCIA solução


POSITIVA POSITIVA negativa

Essa sequência deve ser repetida até que os 12


estudantes recebam um papel e, portanto, a função
de criar uma parte da história. Desse modo, alguns
deles estarão responsáveis por criar experiências
positivas para a relação amorosa, ao passo que
outros estarão responsáveis por criar experiências
negativas. Há ainda aqueles que irão criar soluções
para os problemas enfrentados pelo casal, visando
construir um final feliz para a história. Solicite
que outros dois estudantes sejam os redatores
responsáveis por registrar cada trecho do que for
elaborado. É importante que haja mais de um redator
para o caso de um deles perder alguma informação.
Se possível, grave a dinâmica para garantir o registro
de toda a história, sem perdas. Não deixe de enfatizar
a relevância de criarem uma história respeitosa que,
embora possa apresentar os preconceitos vividos
pelos personagens, não os desvalorize. Inicie a
narrativa apresentando o casal. Em seguida, convide
um estudante cujo papel apresente “experiência
positiva” para dar continuidade para a história e dar
início ao processo de criação. Destaque que, assim
como a vida, o percurso da história é imprevisível,
de modo que é natural que eles se surpreendam e
até mesmo se frustrem com os rumos apresentados.
Incentive que eles se permitam experimentar
a imprevisibilidade e aceitar, sem críticas, as
contribuições dos demais colegas, afinal, é uma
construção coletiva. Caso algum estudante tenha
dificuldade nesse processo criativo, dê tempo para
que ele pense, mediando a pressão dos colegas.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 113


Personagem 1: Seu nome é Marcela. Ela é uma
jovem branca, de 16 anos, que vive no Leblon, um
bairro nobre da cidade do Rio de Janeiro. Estuda
no segundo ano de uma escola particular e seu
projeto de vida sempre foi ser médica pediatra, para
cuidar da saúde das crianças. Depois que conheceu
Paulo, seu projeto de vida mudou, e hoje ela deseja
trabalhar na área da educação, fazendo projetos
que promovam um ensino de qualidade e possam
melhorar a vida de todos.

Personagem 2: Seu nome é Paulo. Ele é um


jovem da etnia indígena Assurini, de 19 anos, que
nasceu em uma aldeia no estado do Pará, mas que
hoje vive no Rio de Janeiro. Paulo sempre foi um
jovem engajado em causas sociais. Desde cedo,
participou de projetos sociais em sua cidade, com o
objetivo de contribuir para que a educação seja um
direito de todos. Ingressou em uma universidade no
Rio de Janeiro e hoje, além da faculdade, se dedica a
um projeto de alfabetização de adultos. Lá conheceu
Marcela, que, com frequência, doava roupas e
alimentos para outros projetos da mesma instituição.

Registrando o aprendizado
Ao terminarem, pergunte aos estudantes se eles
gostaram do resultado da criação e quais sentimentos
e reflexões a história gerou em cada um. Depois,
indague: “O que a nossa história pode ensinar para
outras pessoas?”. Faça uma chuva de ideias sobre
esse tema e escreva as respostas dos estudantes na
lousa. Ajude-os a reconhecer que ela ensina a se
colocar no lugar dos outros e sentir empatia pelas
suas vidas, o que é um poderoso antídoto para o
preconceito. Por fim, peça para que um voluntário
redija a história no computador para compartilhar
com toda a turma e verifique se eles têm interesse
em divulgá-la para o restante da comunidade escolar,
seja em formato de panfletos, seja em um sarau ou
ainda na página da internet da escola.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 114


Vamos falar sobre educação
socioemocional?

A geração atual de estudantes do Ensino Médio


já encontrou um contexto cultural muito mais aberto
à diversidade do que as anteriores. Em diferentes
estratos sociais, no entanto, algumas diferenças
ainda não são bem recebidas ou compreendidas.
Em alguns casos, é a cultura familiar ou religiosa
a origem de algumas posturas intolerantes. Nesse
contexto, como podemos promover o acolhimento
dos mais vulneráveis sem compelir os alunos que
ainda não estão preparados para abrir mão de seus
preconceitos?

Antes de mais nada, precisamos passar por


um processo de identificação das nossas próprias
limitações quando falamos de diversidade. Todos
podemos adquirir ideias preconceituosas durante a
nossa criação, mesmo que de forma involuntária. É
importante que possamos reconhecê-las, para que
possamos trabalhá-las de forma a não permitir que
elas atinjam nossos alunos.

INTOLERÂNCIA

Intolerância pode ser entendida como um


traço de personalidade que consiste em
apresentar pouca abertura ao novo. De forma
geral, a intolerância vem acompanhada de uma
alta necessidade de seguir regras e padrões
preestabelecidos . Ela pode se manifestar na
forma de rejeição a minorias, a diferentes classes
sociais ou a papéis de gênero não tradicionais.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 115


Quanto a manifestações de intolerância por
parte dos alunos, podemos dividir a abordagem
em duas partes. Primeiro, como responder às falas
preconceituosas? O adolescente que apresenta uma
postura intolerante, por vezes, sofre ele mesmo
muita pressão para se adequar a determinado
padrão. É importante que ele tenha a oportunidade
de ser reeducado de forma a contribuir melhor para
uma sociedade mais inclusiva.

Uma estratégia para entender a origem dos


preconceitos nos jovens é usar a técnica dos 5
porquês: a proposta é conseguir chegar à origem
do seu desconforto, perguntando sempre por que
ele pensa daquele jeito ou se sente dessa forma. O
número 5 é apenas simbólico, o importante é ser
repetido o suficiente para que o aluno seja capaz de
identificar a sua vulnerabilidade naquele contexto,
sempre de forma segura e sem julgamentos. Uma
vez que ele(a) se sinta compreendido, é mais simples
começar a falar sobre como ele(a) está fazendo o
outro se sentir ao assumir uma postura intolerante.
Pode ser que o aluno em questão se apresente
inflexível quanto a mudar seu posicionamento; este é
o caso, então, de definir limites para não desrespeitar
o outro, independentemente da opinião pessoal.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 116


E qual o tratamento para o aluno que é alvo da
intolerância? Precisamos entender a dicotomia vítima
versus sobrevivente. É importante que o aluno possa
reconhecer a violência que está sofrendo sem sentir
que está sendo considerado digno de pena, mas, sim,
merecedor de respeito como seus colegas. Deixe-o
confortável para se expressar se achar necessário,
comunicando como se sente naquela situação.

Que tal aprender mais?

Pessoas que lutam pelo amor e pela diversidade

Neste link você terá acesso a algumas narrativas


de vida sobre a diversidade do amor e entrevistas
com pessoas que vivem na pele, as alegrias e as
dores da diversidade. Disponível em:
link externo

Acesso: 28/05/2020.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
LIMA, E. B. O respeito às minorias no regime da maioria (democracia)
no Estado Democrático de Direito. In: GRUPO CONVIVER (org.).
Diversidade e convivência. Salvador: EDUFBA, 2011. Cap.4, p.101-146.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 5 117


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 2
TEMA: RELAÇÕES INTERPESSOAIS
AULA 6
TÍTULO: MAPA MENTAL DAS RELAÇÕES

O que faremos hoje?

Bloco 2 Convivência e Participação

Tema Relações interpessoais

4. Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-motora,


como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital -, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemática e
científica, para se expressar e partilhar informações, experiências,
Competências ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos
gerais da BNCC que levem ao entendimento mútuo.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Reconhecer e valorizar o papel da família no desenvolvimento dos


aspectos físicos, cognitivos, afetivos e sociais das pessoas.
Reconhecer e valorizar as relações interpessoais que configuram
Habilidades de sua rede de apoio e como acioná-la para pedir ajuda em diversos
Projeto de Vida momentos da vida.
Identificar e relacionar conteúdos e aprendizados associados
ao projeto de vida e elaborar uma síntese que auxilie na sua
construção.

Objetos de
Relações interpessoais e rede de apoio
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 118


O que dizem os estudiosos?

O mapa mental é um tipo de


organizador gráfico utilizado
para sintetizar, definir e explicar
determinado tema de modo
esquemático e visual, mediante o
uso de textos curtos ou palavras-
chave, imagens e ramificações, que
explicitam as relações entre conceitos
(BUZAN, 2009).
Trata-se de uma ferramenta que auxilia o autor a
mobilizar, reconhecer e relacionar os conhecimentos
que possui sobre determinado tema, sendo, por isso,
uma ferramenta de meta-aprendizagem. A meta-
aprendizagem é um conceito que se refere à tomada
de consciência e à reflexão do sujeito sobre os próprios
conhecimentos e processos de aprendizagem (NEVES,
2007). Nesta aula, os alunos serão convidados a
criar um mapa mental que represente sua rede de
relações interpessoais. Esta é uma tarefa importante,
pois permite identificar quais são as figuras de apoio
e confiança que estão presentes em suas vidas e que
podem apoiá-los, de diversas maneiras, na construção
de seus projetos de vida.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 119


Como é que se faz?

Organizando a aula
Apresente o tema, as habilidades e o que será
feito nessa aula.

Despertando o interesse
Distribua para os estudantes a Ficha de
Atividades dessa aula (Aula 6 - Mapa mental das
relações) e leia com eles a pergunta disparadora
da atividade: “Você sabe o que é um mapa mental
e qual é a sua função?”. Mostre alguns exemplos,
como os apresentados abaixo e explore-os com os
estudantes. Instigue-os a identificar os elementos
e o modo de organização de um mapa mental: o
tema central, as conexões entre tópicos mediante
ramificações, o uso de textos curtos e objetivos, de
imagens, entre outros. Destaque que eles podem
usar essa estratégia para estudar os conteúdos dos
demais componentes curriculares.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 120


Fonte: https://br.pinterest.com/pin/855332154206568810/

Fonte: https://manualdasecretaria.com.br/mapa-mental/

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Faça a leitura das orientações da atividade,
explicitando seu objetivo. Oriente os estudantes a
revisarem as atividades anteriores sobre as relações
interpessoais e a elaborarem um esboço do mapa
mental antes de iniciar a sua produção. Reforce que
eles podem incluir neste mapa pessoas com as quais
gostariam de estreitar as relações.

Os estudantes também podem produzir os


mapas mentais utilizando softwares disponíveis
gratuitamente na internet. Veja exemplos clicando
nos links abaixo:

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 121


link externo 1
link externo 2
link externo 3

Acesso: 30 maio 2020.

Após concluírem a tarefa, os estudantes devem


colá-la no caderno. O mapa poderá ser consultado,
revisado e atualizado em outros momentos,
conforme as relações dos estudantes mudem e
se aperfeiçoem. Destaque a importância deles
conhecerem bem as pessoas que estão próximas
a eles e para as quais podem pedir ajuda e apoio
nas mais diversas situações da vida, inclusive para
a construção do projeto de vida. Incentive-os a se
voluntariarem para apresentar seu mapa para a turma.

Registrando o aprendizado
Caso considere oportuno, pode-se destinar
o momento final da aula para que os estudantes
elaborem um texto reflexivo sobre o processo de
confecção do mapa conceitual: se suscitou novas
reflexões, se lhes ajudou a organizar suas ideias,
se sentiram dificuldades, o que pensam dessa
ferramenta etc. Contudo, a criação do mapa mental
já é, em si, uma forma de registrar o aprendizado
dessa sequência temática.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Relações são o nosso primeiro elo com o


mundo. Uma criança não poderia sobreviver sem
ter alguém para protegê-la por perto. Desde essa

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 122


primeira conexão, precisamos estabelecer boas
relações ao longo das nossas vidas, como forma de
nos sentirmos seguros e amados.

O pesquisador John Bowlby foi um dos


pioneiros no estudo da Teoria do Apego, que explica
que crianças precisam de relacionamentos seguros
com pelo menos um cuidador para que possam se
desenvolver social e emocionalmente. Baseando-se
nessa teoria, o psicólogo Gordon Neufeld estudou,
entre outras coisas, os efeitos do desenvolvimento
do apego pelas crianças no seu desempenho escolar.
Ele descreveu seis estágios para explicar como elas
desenvolvem o apego:
1. Proximidade física;
2. Semelhança, quando a criança apresenta
vontade de se parecer com quem tem apego;
3. Pertencimento ou lealdade, quando a criança
começa a sentir quais são as pessoas “dela” (seu
pai, sua mãe etc);
4. Significado, quando a criança sente que tem
importância para o outro;
5. Sentimento, quando a ligação emocional se
estabelece;
6. O desejo de ser conhecido pelo outro, o
estágio mais profundo do apego.

As raízes de cada um desses estágios se


estabelecem em fases diferentes da vida. Se a criança
tem a oportunidade de desenvolvê-las no ambiente
familiar, ela é capaz de amadurecer de forma
saudável. Segundo o estudioso, uma criança nessa
situação está totalmente preparada para aprender
o que lhe for ensinado, independentemente da
pedagogia utilizada. Se isso não ocorre, ela terá
dificuldades na sua vida escolar, por melhor que
sejam a escola e seus docentes.

Embora Gordon Neufeld destaque que o apego


construído dentro das relações familiares seja o mais

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 123


importante e insubstituível para o desenvolvimento
das crianças, ele também demonstra que a relação
aluno-docente precisa apresentar um certo nível
de afeição para ser bem-sucedida. Isso decorre do
nosso instinto primitivo de confiar apenas naqueles
que fazem parte da nossa própria tribo, e de ser
mais reservados com os de fora dela. Esse impulso
ancestral nos torna mais propensos a nos comportar
melhor com aqueles por quem temos afeição, que
são as pessoas com quem desenvolvemos algum
tipo de apego. Essas são as que ganham nossa
confiança, que nos fazem sentir que é seguro
estabelecer uma conexão.

APEGO

O apego é uma ligação emocional profunda


e duradoura entre duas pessoas. Essa ligação
não necessariamente é recíproca. Quando uma
criança ou jovem estabelece apego com alguém,
essa pessoa é quem ela procura quando se sente
ameaçada ou triste.

Para nós docentes, então, é importante tentar


estabelecer vínculos positivos com os alunos de
forma a sermos aceitos como parte da sua “tribo”
de proteção. Dessa forma, eles se sentirão seguros
para aprender e motivados a fazer seu melhor
trabalho. Para alcançarmos isso, algumas estratégias
podem ser seguidas com base nos 6 estágios
propostos por Gordon:
➢ Deixar claro que a nossa realidade é parecida,
que temos pontos em comum.
➢ Expressar o nosso desejo de que eles sejam
bem-sucedidos. Ou seja, que não somos o
inimigo, mas, sim, seus aliados.
➢ Mostrar que nos importamos com a sua
realidade, permitindo que compartilhem
suas experiências de forma segura e sem
julgamentos.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 124


Que tal aprender mais?

O que são mapas conceituais

Nesta vídeo-aula, produzida para o curso de


licenciatura em Ciências da Universidade Virtual do
Estado de São Paulo (UNIVESP), o docente Paulo
Correia ensina a estruturar um mapa conceitual e
aborda a importância desse organizador gráfico no
desenvolvimento da metacognição e do aprendizado.
O conhecimento dessa ferramenta poderá ser
utilizado como recurso complementar na orientação
dos estudantes para a elaboração do mapa mental,
sobretudo por sua capacidade de definir conceitos e
relacioná-los pelo uso de proposições. Vale observar
que, na atividade proposta neste capítulo, optou-
se pelo uso do mapa mental porque seu objetivo é
possibilitar aos estudantes definir e relacionar múltiplos
elementos, alguns dos quais estão fora de escopo de
conceituação acadêmica (pessoas e afetos), do que
propriamente conceituá-los, e também por tratar-se de
uma ferramenta mais flexível e aberta à criatividade.
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 125


Referências Bibliográficas
BUZAN, Tony. Mapas Mentais: métodos criativos para estimular o
raciocínio e usar ao máximo o potencial do seu cérebro. São Paulo:
Sextante, 2009.
NEVES, Dulce Amélia de Brito. Meta-aprendizagem e Ciência da
Informação: uma reflexão sobre o ato de aprender a aprender.
Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte, v. 12, n. 3, p. 116-128, Dec. 2007.
https://www.mapamental.org/. Acesso: 26/05/2020.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 126


RUBRICAS 1º ANO
AVALIAÇÃO EM TEMA 2
PROJETO DE VIDA

1º ANO BLOCO: Convivência e participação TEMA: Relações interpessoais

Tendo em vista que as escolhas e ações dos jovens


ocorrem no âmbito de um mundo compartilhado
com outras pessoas, a construção do projeto de
vida pressupõe o aprendizado de conhecimentos
e habilidades relacionados à convivência, como a
empatia, o diálogo, a responsabilidade afetiva e a
busca por apoios no âmbito das relações interpessoais,
compostas, sobretudo, pelos familiares, amigos e
parceiros amorosos.

II
I III IV
Atendeu
Não atendeu às Atendeu a maioria Atendeu todas as
parcialmente às
expectativas de das expectativas expectativas de
expectativas de
aprendizagem. de aprendizagem aprendizagem.
aprendizagem.

Identifica, no Identifica, no
círculo social, círculo social,
Não identifica Identifica no
quem são as quem são as
no círculo social círculo social
pessoas que lhe pessoas que lhe
quem são as quem são as
oferecem apoio, oferecem apoio,
pessoas que pessoas que
avalia diferentes avalia diferentes
lhe oferecem lhe oferecem
arranjos de arranjos de
apoio e/ou não apoio mas não
relacionamento relacionamento
avalia diferentes avalia diferentes
interpessoal interpessoal
RELAÇÕES arranjos de arranjos de
sob princípios sob princípios
INTERPESSOAIS relacionamento relacionamento
de igualdade, de igualdade.,
interpessoal interpessoal
liberdade, liberdade,
sob princípios sob princípios
empatia e empatia e
de igualdade, de igualdade,
responsabilidade responsabilidade
liberdade, liberdade,
afetiva, mas não afetiva, e propõe
empatia e empatia e
propõe formas de formas de
responsabilidade responsabilidade
resolver conflitos resolver conflitos
afetiva. afetiva.
com base nesses com base nesses
princípios. princípios.

COMENTÁRIOS
DO ESTUDANTE

COMENTÁRIOS
DO EDUCADOR

Clique aqui para baixar a ficha de avaliação

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 2 | AULA 6 127


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: SONHOS, CRITÉRIOS TEMA 3
DE ESCOLHA E PLANEJAMENTO AULA 1
TÍTULO: CRITÉRIOS DE ESCOLHA

O que faremos hoje?

Bloco 3 Escolha e Planejamento

Tema Sonhos, critérios de escolha e planejamento

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e


apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
entender as relações próprias do mundo do trabalho, fazendo
escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
Competências responsabilidade.
gerais da BNCC 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis,
para formular, negociar e defender ideias, pontos de vida e decisões
comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

Habilidades de Analisar criticamente diversos contextos a fim de formular critérios


Projeto de Vida de escolha com autonomia e responsabilidade.

Objeto de
Critérios de escolha
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 128


O que dizem os estudiosos?

À medida em que vamos amadurecendo,


somos cada vez mais interpelados a fazer escolhas
autônomas, ou seja, que não são determinadas
por outra pessoa, mas, sim, pautadas em critérios
definidos por nós mesmos. Critério é aquilo que
usamos como base para fazer uma escolha entre
duas ou mais opções. Por exemplo, uma escolha
relacionada à carreira profissional que se deseja
seguir pode ser baseada em critérios como os
desejos da família, a remuneração média da
profissão, a contribuição social que ela possibilita, a
satisfação pessoal, entre outros.

Para a construção e realização de um


projeto de vida, é fundamental que
os jovens aprendam a fazer escolhas
baseadas em critérios definidos com
autonomia.
Uma das estratégias que pode auxiliá-los a
desenvolver essa habilidade são situações que
apresentam conflitos ou dilemas que suscitam a
definição e a mobilização de critérios (PUIG, 1998).

Como é que se faz?

Organizando a aula

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 129


Essa é a primeira aula dedicada ao tema Sonhos,
critérios de escolha e planejamento do Bloco 3.
Escolha e Planejamento. Apresente aos estudantes
o tema, expondo que ele será o eixo condutor das
próximas seis aulas. Explique que serão abordados
conteúdos como critérios de escolha, os sonhos e as
estratégias para alcançá-los. Por fim, distribua a Ficha
de Atividades (Aula 1 - Critérios de escolha).

Despertando o interesse
Leia com os estudantes as questões
disparadoras e peça que compartilhem suas
respostas com a turma. Incentive os estudantes
a responderem às questões com profundidade.
Aproveite a discussão para apresentar o conceito de
critério: aquilo que é usado para fazer diferenciações,
classificações e avaliações. Utilize as respostas dos
estudantes como exemplos de critérios.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Faça a leitura coletiva do texto introdutório e
do comando da atividade. Organize os estudantes
em grupos de até cinco integrantes. As situações
deverão ser entregues para todos os grupos, uma
por vez, sempre esperando a conclusão da situação
anterior para entregar a seguinte. Além do texto base,
cada situação conta com duas variáveis, que deverão
ser entregues apenas depois de os estudantes
concluírem a discussão sobre o texto base. Entregue
primeiro uma folha contendo a variável 1 e, somente
quando concluírem a discussão, entregue a folha
contendo a variável 2. Caso deseje imprimir maior
dinamismo nessa atividade, é possível organizar a
sala de aula em estações, de modo que cada uma
delas contenha uma das situações. Cada grupo

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 130


iniciaria em uma estação e, concluído o tempo
estimado para a discussão, mudaria para a seguinte,
e assim sucessivamente, até todos os grupos
circularem por todas as estações. Dependendo do
número de alunos, seria necessário montar mais de
uma estação para cada situação. Peça aos estudantes
que, inicialmente, respondam às questões relativas
ao caso analisado, e, em seguida, compartilhem as
respostas com o grupo. Este deve procurar chegar
a uma resposta única. Para isso, os estudantes
deverão acionar argumentos, expondo seus critérios.
Essa é uma forma de exercitarem a mobilização,
identificação e hierarquização dos diferentes critérios
que podem ser utilizados para uma mesma escolha.
Estime o tempo necessário para formularem as
respostas e debaterem cada situação. Sugere-se uma
média de 10 minutos para cada situação.

Situação 1

Você ganhou um vale viagem, que lhe oferece


uma semana em qualquer lugar do mundo, com
passagem, hospedagem e alimentação incluídas.

Para onde você irá? Quais foram seus critérios


de escolha?

Variável 1. Você tem a oportunidade de levar


alguém da sua família. Quem você escolheria?
Quais foram seus critérios de escolha?

Variável 2. A viagem ocorrerá na semana do


casamento do seu primo, que o convidou para
ser um dos padrinhos. O que você faria? Quais
foram seus critérios de escolha?

Situação 2

Depois de meses economizando dinheiro, você


finalmente juntou a quantidade necessária para
comprar aquele item que tanto desejava (roupa,
instrumento musical, telefone celular, vídeo-game,

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 131


etc). Na noite anterior, seu irmão, que acaba de
completar 18 anos, saiu com o carro de seus pais
para encontrar a namorada e raspou a lateral em
um poste, marcando-o com um risco. Ele lhe pede
encarecidamente que empreste uma parte de suas
economias para consertar o carro, pois está sem
dinheiro no momento.

O que você faria?

Quais foram seus critérios de escolha?

Variável 1. Seus pais não haviam autorizado seu


irmão a pegar o carro. Se souberem do que
aconteceu, irão proibir o seu irmão de pegar
o carro novamente. Eles o ajudaram a juntar o
dinheiro de que necessitava.

Variável 2. Ano passado, seu irmão passou


muitas noites em claro dando-lhe conselhos
sobre como lidar com seus problemas pessoais.

Situação 3

Já faz um tempo que você está a fim de


um(a) amigo(a) do seu irmão mais velho. Vocês já
trocaram olhares algumas vezes, mas nunca tiveram
a oportunidade de conversar. Hoje à noite, seu
irmão irá a uma festa em que estará o(a) garoto(a) de
que você gosta. Porém, amanhã terá prova de uma
disciplina em que você tem dificuldade e para a qual
ainda não estudou. Ou você fica em casa estudando
para a prova, ou vai à festa com seu irmão.

O que você faria?

Quais foram seus critérios de escolha?

Variável 1. Daqui a dois dias, seu irmão se muda


de cidade e você não terá mais oportunidade de
sair com os amigos dele.

Variável 2. Se você tiver um desempenho ruim


na prova, poderá reprovar de ano.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 132


Situação 4

Você acaba de ser aprovado em dois


vestibulares. Um deles permite o ingresso em uma
universidade particular, que fica em sua cidade. O
outro, para uma universidade pública, que fica a
300km da sua cidade. A universidade pública está
entre as melhores do país, mas exigirá que você deixe
a sua cidade, seus amigos e familiares. Seus pais
preferem que você curse a universidade particular,
sobretudo porque, permanecendo em casa, você
poderá ajudar a cuidar de seu irmão mais novo.

O que você faria?

Quais foram seus critérios de escolha?

Variável 1. Seus pais não têm dinheiro para


pagar o valor completo da mensalidade da
universidade particular. Você poderá solicitar
uma bolsa e não pagar a mensalidade dessa
universidade, mas, caso não consiga, terá de
trabalhar alguns dias da semana. Um amigo do
seu pai lhe disse que se, for necessário, você
poderá trabalhar em seu restaurante.

Variável 2. Sua mãe conseguiu um trabalho que


ela desejava muito e que lhe pagará um ótimo
salário. Mas, para que ela possa abraçar essa
oportunidade, você terá de ficar em casa dois
dias da semana no período da tarde, cuidando
do seu irmão.

Espera-se que os estudantes tenham mobilizado


critérios como: os interesses e valores pessoais,
os desejos de familiares, a preocupação com as
pessoas envolvidas, o bom desempenho acadêmico,
o sucesso profissional, entre outros. Espera-
se, também, que identifiquem que a inclusão de
variáveis pode aumentar a complexidade da decisão
e até mesmo mudá-la, visto que a inclusão de novos
elementos, por vezes, pode suscitar a definição
de novos critérios. A maior ou menor facilidade

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 133


de se chegar a um acordo está relacionada ao
alinhamento dos estudantes em relação aos critérios
determinantes para cada situação. No momento
da discussão, é possível que um estudantes tenha
mudado de opinião ao conhecer novos pontos de
vista sobre um critério, ou tomar conhecimento de
novos critérios, em função da troca com seus pares.

Atividade 2
Organize uma roda de conversa para que os
estudantes compartilhem suas reflexões acerca das
perguntas da atividade.

Registrando o aprendizado

Atividade 3
Os estudantes deverão elaborar um texto
reflexivo sobre o que pensam a respeito do papel dos
critérios de escolha na elaboração e realização de
um projeto de vida. É importante que você recolha
esses textos e leia-os com atenção, a fim de verificar
o aprendizado dos estudantes sobre esse tema.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

A satisfação que sentimos com as nossas


escolhas está intrinsecamente ligada aos nossos
valores. O sucesso delas depende, então, de
sabermos identificar quais são eles. Esse não é um
processo tão simples. Muitas vezes, sabemos apenas
apontar os critérios de sucesso definidos pelo senso

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 134


comum, ou pelas narrativas que escutamos, mas
não paramos para pensar sobre o que realmente é
importante para nós.

O psiquiatra Viktor Frankl, fundador da


Logoterapia e Análise existencial, classifica os
valores de acordo com o tipo de experiência
responsável por forjá-los. Ele identificou
três grupos: valores de criação, valores de
experimentação e valores de atitude.

Os valores de criação são aqueles relacionados


ao que queremos entregar para o mundo, como
queremos contribuir. Eles estão muito ligados ao
nosso propósito. Os de experimentação estão
relacionados às coisas que recebemos, que
procuramos experimentar. Neles estão incluídos
a beleza, a cultura e todas as modalidades de
afeto, como o amor. Por fim, os valores de atitude
estão relacionados à postura que adotamos diante
de situações inevitáveis, especialmente as que
envolvem dor e sofrimento.

VALORES

Na definição de Viktor Frankl, os valores


determinam caminhos para encontrar significado
em nossas vidas. Eles podem ser divididos em
três categorias: valores de criação, valores de
experimentação e valores de atitude. Frankl afirma
que todas as pessoas experimentam esses três
tipos de valores, embora cada indivíduo o faça de
uma forma diferente.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 135


As pessoas terão, então, formas diferentes
de vivenciarem cada um dos três tipos de valores
que trarão significado em suas vidas. Ao falarmos
de escolhas, é importante compreender que, para
muitas delas, não haverá uma opção certa e uma
errada (a não ser que envolva uma questão ética). É
necessário, então, ter consciência dos nossos valores
para definir o que é inegociável na nossa vida.

Que tal aprender mais?

Como facilitar o processo de escolha

Nesta palestra do TED Talks, Sheena Iyengar


explora quatro técnicas que ajudam a fazer escolhas
melhores e mais criteriosas. Para ela, o segredo para
fazer boas escolhas é ser exigente e criterioso. Que
tal assistir à palestra junto com os seus alunos?
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
PUIG, J. Ética e valores: métodos para um ensino transversal. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 1 136


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: SONHOS, CRITÉRIOS TEMA 3
DE ESCOLHA E PLANEJAMENTO AULA 2
TÍTULO: SONHOS SÃO FEITOS DE ESCOLHA

O que faremos hoje?

Bloco 3 Escolha e Planejamento

Tema Sonhos, critérios de escolha e planejamento

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e


apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
Competências entender as relações próprias do mundo do trabalho, fazendo
gerais da BNCC escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

Reconhecer que os projetos de vida são constituídos de escolhas.


Habilidades de
Projeto de Vida Analisar criticamente diversos contextos a fim de formular critérios
de escolha com autonomia e responsabilidade.

Objeto de
Critérios de escolha e sonhos.
conhecimento

Materiais Aparelhos para a reprodução de vídeo.


necessários Filme La la land - Cantando estações. Diretor: Damien Chazelle.

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 2 137


O que dizem os estudiosos?

Um dos pilares da definição de projeto de vida


é a intenção, que também pode ser caracterizada
como um objetivo ou um sonho.

Os sonhos são objetivos


profundamente desejados, ou seja,
carregados de afetos e sentido
pessoal.
Por essa razão, é fundamental estimular que os
estudantes tenham sonhos que possam conduzir a
construção de seus projetos de vida. Contudo, nem
só de sonhos é possível fazer um projeto de vida, já
que, para sua realização, é preciso articulá-lo a metas
concretas e a estratégias de planejamento. Nesse
sentido, a fim de evitar que os estudantes entrem em
um processo de idealização do futuro, que apresente
poucas conexões com a realidade, é fundamental
incentivar que percebam que a realização dos
sonhos implica escolhas, ações e renúncias das
pessoas, para que eles possam se tornar realidade
(DANZA, 2019). A atividade dessa aula tem como
objetivo contribuir para que eles percebam que até
mesmo os sonhos grandiosos podem ser realizados
se estiverem ancorados na realidade.

Como é que se faz?

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 2 138


Organizando a aula
Nesta aula, você deverá reproduzir o filme La
la land - Cantando estações, do diretor Damien
Chazelle. Para isso, será necessário organizar um
espaço para projetar o filme e os equipamentos
audiovisuais necessários. O filme pode ser alugado
no youtube no seguinte link externo.

Converse com a coordenação da escola sobre


a possibilidade de alugá-lo, ou comprá-lo, para que
possa ser reproduzido para as turmas. O filme tem
duração de 128 minutos. Você pode optar por não
exibir seu trecho inicial, um número musical, utilizar
mais uma aula, ou, ainda, pedir emprestado alguns
minutos da próxima aula para outro professor.

Despertando o interesse
Pergunte aos estudantes o que eles entendem
por “sonhos”. Permita que respondam livremente.
Depois, questione: qual é a relação entre os sonhos
e os projetos de vida? O objetivo dessa pergunta
é fazer com que os estudantes percebam que os
sonhos fazem parte dos projetos de vida, embora não

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 2 139


possam ser reduzidos a eles, pois também englobam
o planejamento, o sentido pessoal e a ética. Mencione
que todos nós temos sonhos, ou seja, desejos para o
futuro, independentemente de eles serem simples ou
ousados. Por fim, diga que, nessa aula, eles assistirão a
um filme sobre os sonhos - ousados - de dois jovens
dos Estados Unidos: Mia e Sebastian. Entregue-lhes a
Ficha de Atividades dessa aula e peça para que leiam
o texto introdutório e as perguntas na Atividade 1, pois
elas deverão ser respondidas após o filme. Ressalte
que é importante que eles estejam atentos a essas
questões enquanto assistem ao filme, para que não
se esqueçam de detalhes que podem ser importantes
para suas respostas.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Reproduza o filme La la land - Cantando
estações, do diretor Damien Chazelle. Esse filme
retrata as escolhas que dois jovens - Mia e Sebastian
- fizeram para que pudessem realizar seus sonhos
profissionais. Ele evidencia que os projetos de vida
são compostos de sonhos, e que estes exigem
escolhas e renúncias.

Solicite que, após assistir ao filme, os


estudantes respondam às perguntas da atividade 1,
da Ficha de Atividades dessa aula (Aula 2 - Sonhos
são feitos de escolhas).

Abaixo apresentamos o gabarito dessas


perguntas, que deverão ser retomadas na aula
seguinte.
1. Mia sonhava em ser uma atriz de Hollywood e
Sebastian, em abrir um bar de jazz.
2. Mia escolhe participar de diversas audições,
mesmo que ela não seja aprovada.
Mia escolhe escrever a própria peça e encená-la.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 2 140


Mia escolhe desistir de ser atriz, mas depois
participa de mais uma audição.
Mia escolhe se mudar para outro continente
para realizar seu sonho de ser atriz.
Sebastian escolhe tocar jazz no local onde
trabalha, mesmo que seu chefe não queira esse
tipo de música e isso o faça ser demitido.
Sebastian escolhe tocar em um clube de jazz.
Sebastian escolhe tocar música pop em uma
banda.
Sebastian escolhe abrir um clube de jazz.

3. Eles renunciaram ao relacionamento amoroso


que tinham.
4. Nessa questão é importante ajudar os
estudantes a compreender quais critérios eles
estão usando para analisar as escolhas dos
protagonistas do filme: a realização do sonho,
o amor, etc. Permita que eles debatam sobre
seus diferentes pontos de vista.
5. Resposta pessoal.

Registrando o aprendizado
Atividade 2
Caso seja oportuno, reserve os minutos finais da
aula para que os estudantes elaborem um resumo
contendo os principais aprendizados que consideram
ter adquirido nessa aula.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 2 141


A realização dos nossos sonhos normalmente
requer sacrifícios. Alguns pequenos, outros nem
tanto. Algumas vezes, nos é requerido abrir mão de
atividades prazerosas para trabalhar duro em algo
que queremos. Além disso, é complicado acreditar
em sonhos que só dependem de causas externas
para se concretizarem - como ganhar na loteria, por
exemplo. Traçar metas e estratégias é uma forma de
sermos ativos na realização do que desejamos.

A responsabilização nasce do princípio do livre-


arbítrio, o de que somos responsáveis pelas nossas
ações. Ele se contrapõe ao determinismo, que, na
sua versão mais radical, acredita que somos apenas
produtos de fatores fora do nosso controle, como o
nosso meio ou genética. Atualmente, é amplamente
compreendido que tanto fatores externos quanto
a nossa atitude diante deles contribuem para os
resultados que alcançamos.

RESPONSABILIDADE

Ser responsabilizado significa ter de responder ou


prestar contas sobre as suas ações. Normalmente,
envolve algum tipo de punição caso os resultados
da sua ação sejam ruins, desde uma pena legal até
o ter de lidar com as consequências de um plano
que falhou. Também envolve a premiação pelos
bons frutos das suas ações.

Ter responsabilidade implica, então, ser capaz


de se comprometer com a parte que nos cabe na
realização dos nossos sonhos. Porém, isso também
inclui arcar com as consequências do fracasso das
nossas empreitadas. Embora seja importante ser
realista e mensurar os riscos envolvidos no que
decidimos fazer, o medo de ter de lidar com eles
pode gerar uma paralisia e, em casos extremos, uma
postura apática perante a vida.

Arcar com a responsabilidade pelas nossas


realizações inclui ser capaz de aceitar o fracasso,

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 2 142


encarando-o como uma consequência natural do
assumir riscos. Além disso, é preciso entender que
errar sempre traz uma oportunidade de aprendizado.
Também é importante ser realista para poder
mensurar os riscos que corremos em cada decisão
e o que vale a pena, ou não, sacrificar em nome de
um sonho maior. É possível, por exemplo, determinar
o número de tentativas que estaríamos dispostos
a fazer, a quantidade de tempo e dinheiro que
estaríamos dispostos a investir em um projeto ou
objetivo. Além, é claro, ter sempre um plano B ou C,
caso os resultados não saiam como o esperado. Essas
atitudes ajudam a aumentar a nossa confiança para
colocar mais da nossa energia nos nossos sonhos.

Que tal aprender mais?

Projeções idealizadas

Para saber mais sobre as projeções


idealizadas para o futuro, que são aquelas pouco
conectadas à realidade dos jovens, leia o capítulo 5
da tese de doutoramento da especialista em Projetos
de Vida, Profa. Dra. Hanna Cebel Danza, disponível
no link externo.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
DANZA, Hanna Cebel. Conservação e mudança nos projetos de
vida de jovens: um estudo longitudinal sobre Educação em Valores.
Tese de Doutorado. Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo, 2019.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 2 143


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: SONHOS, CRITÉRIOS TEMA 3
DE ESCOLHA E PLANEJAMENTO AULA 3
TÍTULO: ENTRE SONHOS E FANTASIAS

O que faremos hoje?

Bloco 3 Escolha e Planejamento

Tema Sonhos, critérios de escolha e planejamento

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e


apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
Competências entender as relações próprias do mundo do trabalho, fazendo
gerais da BNCC escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

Identificar, valorizar e fortalecer sonhos, aspirações, conhecimentos,


habilidades e competências, desenvolvidos ao longo da trajetória
escolar, familiar e comunitária.
Habilidades de
Projeto de Vida Refletir e dialogar sobre os interesses dos estudantes em relação
à inserção no mundo do trabalho, bem como quanto à ampliação
dos conhecimentos sobre os contextos, as características, as
possibilidades e os desafios do trabalho no século 21.

Objetos de Figuras de antecipação do futuro: a distinção entre sonhos e


conhecimento fantasias.

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 144


O que dizem os estudiosos?

Há muito tempo a humanidade vem se


preocupando com a incerteza do futuro, afinal, todos
nós gostaríamos de saber se a nossa vida será boa,
se teremos dificuldades, se conseguiremos realizar
nossos sonhos. Por essa razão, ela desenvolveu,
ao longo do tempo, diversas formas para se tentar
controlar o futuro, o que podemos chamar de
condutas de antecipação. O projeto de vida é uma
delas, pois visa construir um futuro o mais parecido
possível com aquilo que seu autor deseja. Contudo,
há outras condutas de antecipação, como os sonhos
e as fantasias, que são chamadas imaginativas, pois
ocorrem apenas na dimensão da imaginação. Os
sonhos, como já abordado na aula anterior, são
objetivos muito desejados e, portanto, carregados
de afetos. Já as fantasias são uma forma de explorar
as possibilidades que a incerteza do futuro permite.
Nesse sentido, ao contrário dos sonhos, as fantasias
não têm a intenção de se tornarem reais, mas, sim,
de ajudarem as pessoas a imaginar possibilidades e
avaliar o quanto elas poderiam trazer de felicidade
e realização, ou, ao contrário, serem descartadas
por não estarem alinhadas aos desejos, interesses e
valores daquele que imagina seu futuro.

Durante o percurso de construção


dos projetos de vida, é muito comum
que as pessoas criem fantasias
que as ajudem a verificar se elas
seriam desejos válidos a ponto de
se tornarem sonhos e inspirarem
projetos de vida.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 145


Como é que se faz?

Organizando a aula
Peça para a turma organizar as mesas e as
cadeiras, formando um semicírculo, de modo que
todos possam se ver. Depois, peça para que tenham
à mão a Ficha de atividades usada na aula passada,
em que responderam as perguntas sobre o filme
La la land - Cantando estações, pois ela será usada
nessa aula.

Despertando o interesse
Inicie a aula escrevendo na lousa: o que você
faria se ganhasse na Mega Sena? Dê alguns minutos
para os estudantes refletirem e anotarem, em forma
de tópicos, as respostas para essa pergunta. Em
seguida, abra uma roda de conversa sobre o tema,
estimulando que os estudantes compartilhem
suas respostas. Repare que a resposta para essa
pergunta é da ordem da fantasia, esse recurso de
exploração de que o pensamento utiliza na tentativa
de encontrar respostas sobre o que gostaria para seu
futuro. Crie um ambiente de confiança, enfatizando
que todas as respostas devem ser respeitadas e que
todos devem ouvir os colegas com atenção.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Assim que os estudantes terminarem de socializar
suas respostas, distribua a Ficha de Atividades dessa

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 146


aula (Aula 3 - Entre sonhos e fantasias) e peça para
que eles leiam a definição de fantasia e de sonho. Em
seguida, solicite que eles escrevam na ficha o que,
dentre as coisas que fariam se ganhassem na Mega
Sena, quais são fantasias e quais são sonhos. Depois,
reúna-os em grupos de quatro estudantes e peça que
compartilhem suas respostas. Abra a possibilidade
de eles completarem seus registros ao ouvirem seus
colegas e terem outras ideias, ou se lembrarem de
outros sonhos que haviam esquecido.

Solicite que peguem a Ficha de Atividades


da aula anterior (Aula 2 - Sonhos - e projetos de
vida - são feitos de escolhas) e compartilhem
suas respostas sobre o filme La la land - Cantando
estações. É importante que você use as informações
disponíveis no gabarito para orientar essa discussão,
de modo que eles reconheçam os sonhos dos
personagens e as escolhas que fizeram para realizá-
lo. Depois, pergunte: os desejos de Mia e Sebastian
eram um sonho ou uma fantasia? Peça para que
justifiquem a resposta a partir do que leram sobre
esses conceitos. É esperado que digam que os
desejos dos personagens eram sonhos, pois eles
queriam muito realizá-los e fizeram escolhas que
permitissem isso.

Atividade 2
Peça para que os estudantes realizem a atividade
2 da ficha dessa aula. Dentro do espaço destinado
para a atividade, eles deverão escrever seus sonhos,
dividindo-os nas seguintes categorias: sonhos
pessoais, sonhos de consumo, sonhos profissionais,
sonhos familiares e sonhos comunitários. Explique
que os sonhos pessoais são aqueles que visam ao
autodesenvolvimento e ao crescimento pessoal,
como, por exemplo: aprender um idioma, terminar
o Ensino Médio, ser uma pessoa melhor, ter um
relacionamento saudável, viajar para um destino
internacional, fazer uma atividade física, entre outros.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 147


Os sonhos de consumo são aqueles que dizem
respeito ao desejo de ter algum objeto ou bem de
consumo, como uma casa própria, um carro, uma
biblioteca pessoal, um instrumento musical, etc.
Os sonhos profissionais se referem ao desejo de
exercer uma determinada profissão, o que pode
envolver fazer um curso técnico, estudar em uma
universidade, trabalhar em determinado lugar, ajudar
pessoas por meio de sua profissão, descobrir algo
no campo da ciência ou da tecnologia, inovar em
alguma área do conhecimento, etc. Os sonhos
familiares dizem respeito a tudo o que concerne
à vida familiar, como casar, ter filhos, conhecer
parentes distantes, melhorar o relacionamento com
algum membro da família, cuidar dos pais, educar os
filhos, etc. Por fim, os sonhos comunitários dizem
respeito às transformações que os jovens gostariam
de promover em sua comunidade ou no mundo em
termos mais amplos, como, por exemplo, contribuir
para a conservação do meio ambiente, ajudar a
combater a fome, criar um programa de educação
para jovens vulneráveis, combater a violência, entre
inúmeras outras possibilidades.

É possível que um sonho correspondente à


categoria de sonhos pessoais também se encaixe em
outras categorias. Reforce a ideia de que os sonhos
podem ser extremamente simples e familiares, ou
grandes e audaciosos. Mas que o mais importante
é o desejo que eles têm de realizá-los, o sentido
que atribuem e o quanto estão dispostos a agir para
torná-los reais.

Peça para que eles avaliem o que escreveram


em cada um dos tipos de sonhos e se há alguns
que estão mais ou menos completos. Solicite que
reflitam sobre os tipos de sonhos que estão menos
completos e registrem por que acham que isso
acontece. Depois, peça para que utilizem o recurso
da fantasia para explorar outras possibilidades em
relação a essas dimensões que ficaram menos
completas.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 148


Registrando o aprendizado

Atividade 3
O objetivo dessa atividade é possibilitar que eles
criem outras realidades possíveis a fim de explorá-
las. Oriente-os para que, ao longo das próximas
semanas, eles reflitam sobre essas fantasias,
avaliando se elas poderiam se tornar sonhos que
inspiram seus projetos de vida. Assim que chegarem
a uma conclusão sobre isso, eles deverão construir
anotações nessa folha, sinalizando se a fantasia se
tornou um sonho ou se ele confirmou que ela não é
um desejo de fato.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

“Alice riu: ‘Não se pode acreditar em coisas


impossíveis’. ‘Com certeza você não tem muita
prática’, disse a Rainha Branca. ‘Quando eu tinha a
sua idade, sempre praticava meia hora por dia. Ora,
algumas vezes cheguei a acreditar em até seis coisas
impossíveis antes do café da manhã’.” (Lewis Carroll,
Alice no País das Maravilhas)

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 149


Quando somos crianças, é fácil mergulharmos
em mundos incríveis com a nossa imaginação. Com o
tempo, vamos perdendo essa capacidade, seja porque
começamos a cultivar uma autocrítica excessiva, ou
porque ela é desvalorizada no nosso meio.

Embora transformar os nossos sonhos em


passos e metas realistas seja essencial para que
possamos concretizá-los, sem uma dose de
imaginação não conseguimos enxergar a quão longe
é possível chegar. Todo processo de mudança da
nossa realidade começa com a idealização de uma
realidade alternativa. Para muitas crianças e jovens
que vivem em condições opressivas, a ideia de uma
vida diferente pode estar tão fora do que consideram
possível que é difícil identificar possibilidades de
mudança. Por isso, ganhar a permissão para imaginar
abre as portas para o início de sonhos, projetos e
planos, além de ajudar a identificar oportunidades.

Além disso, uma imaginação ativa é o


ingrediente principal para uma atitude criativa e
inovadora. Se podarmos as ideias sempre que elas
parecerem muito irreais, estaremos limitando a nossa
capacidade de encontrar soluções para concretizar
sonhos incríveis.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 150


IMAGINAÇÃO

O verbo imaginar vem o do latim imaginari, que


significa “formar uma imagem mental”. Ele faz
a uma ponte entre o mundo externo e o nosso
mundo interno. Por isso, a Imaginação é a chave
para a inovação. Ela nos permite extrapolar a
nossa realidade para criar mundos novos, sendo o
primeiro passo para a construção da realidade que
queremos alcançar.

Quais são as práticas de sala de aula que


podemos utilizar para promover, entre os nossos
estudantes, um exercício saudável da imaginação?

Primeiro, podemos estabelecer uma cultura


de acolhimento de ideias. Algumas vezes, nossa
primeira reação é a de apontar motivos que podem
impedir o funcionamento das ideias. Não se trata
de adotar uma postura excessivamente ingênua,
mas apenas a de encarar os impedimentos como
problemas a serem resolvidos.

Segundo, cultivar abertura ao novo e ao


diferente. Eles são o alimento de uma imaginação
ativa. Para isso, podemos valorizar a curiosidade, as
novas experiências, as culturas diferentes, etc.

Por fim, praticar! Como bem indicou a Rainha


Branca, a imaginação é um músculo que precisa
ser desenvolvido. Podemos aproveitar todas
as oportunidades para gerar ideias ou imaginar
possibilidades, pedindo aos estudantes que inventem
as coisas mais mirabolantes. Também no nosso
dia-a-dia, a cada momento, podemos nos desafiar
a imaginar alguma coisa nova como resposta a
qualquer deixa que nos seja apresentada. Não custa
nada e não faz mal a ninguém!

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 151


Que tal aprender mais?

O sonho que ainda não ousamos sonhar

Nesta palestra do TED Talk, Dan Pallotta defende


que a humanidade já realizou muitos de seus sonhos
tecnológicos, como ir à Lua, por exemplo. Mas agora
falta-lhe sonhar com o desenvolvimento de suas
capacidades mais essenciais: a de ser feliz, a de se
relacionar bem uns com os outros e amar.
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
BOUTINET, Jean Paul. Antropologia do projeto. Porto Alegre: Artmed,
2002.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 3 152


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: SONHOS, CRITÉRIOS TEMA 3
DE ESCOLHA E PLANEJAMENTO AULA 4
TÍTULO: SONHOS QUE AINDA NÃO SONHAMOS

O que faremos hoje?

Bloco 3 Escolha e Planejamento

Tema Sonhos, critérios de escolha e e planejamento

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e


apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
entender as relações próprias do mundo do trabalho, fazendo
escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
Competências de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
gerais da BNCC responsabilidade.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade de lidar com elas.

Reconhecer-se como estudante no final da Educação Básica,


identificando os caminhos de desenvolvimento até o momento,
necessidades de melhoria e possíveis continuidades de estudos
para o futuro.
Habilidades de
Conhecer-se como estudante, identificando por que, com quem e
Projeto de Vida
como estudar e aprender.
Conhecer o sistema educacional brasileiro e sua relação com o
mundo do trabalho, sendo capaz de tomar decisões criteriosas com
autonomia.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 153


Objeto de
Desempenho acadêmico e possibilidades para o futuro
conhecimento

Aparelhos para a reprodução de vídeo disponível na plataforma


Materiais YouTube.
necessários
Filme Medo de sobrar, medo de sonhar

Tempo de aula 120 minutos

O que dizem os estudiosos?

Uma pesquisa com jovens do Ensino Médio


de escolas públicas da grande São Paulo analisou
as expectativas dos participantes em continuar os
estudos e de inserir-se no mercado de trabalho.
Identificou que 94,3% dos jovens entrevistados
declararam que pretendem seguir estudando.
Também demonstrou que quase 80% deles acreditam
que o estudo é a principal forma de obter melhores
possibilidades de emprego e salário. Ademais, 98%
informaram que a família apoia a continuidade de seus
estudos. Porém, a estratégia de prosseguir com os
estudos não exclui a necessidade de ter de conciliar
isso com a entrada no mercado de trabalho, já que
93,4% pretendem começar a trabalhar, ou seguir
trabalhando após o Ensino Médio.

Em suma, ao mesmo tempo que


continuar os estudos aumenta as
possibilidades de ascensão social, isso
também é um ponto desfavorável,
uma vez que conciliar os estudos com
o trabalho foi citado como o maior
obstáculo enfrentado por esses jovens
(SOUZA; VAZQUEZ, 2015).

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 154


Uma outra pesquisa revelou dados menos
otimistas: 4 em cada 10 estudantes da rede pública
almejam conquistar o diploma universitário, enquanto
esse número sobe para 7 a cada 10 estudantes da
rede particular. A justificativa para tal diferença está
nas oportunidades vivenciadas ao longo da infância
e adolescência, que colaboram para idealização de
níveis distintos de aspirações. Outro fator importante
na construção do sonho universitário relaciona-se
com o nível de escolaridade dos pais, ou seja, quanto
maior o nível de escolaridade, maior é o incentivo
para que os seus filhos continuem os estudos (FOLHA
DE SÃO PAULO, 2018). Frente a esses dados, faz-se
necessário tornar explícito o sonho de continuar (ou
não) a estudar, para que os jovens possam identificar
as possibilidades e os desafios que os esperam após
o término do Ensino Médio. É papel do professor
instigar os alunos a exercerem sua autonomia,
ajudando-os a fazer escolhas conscientes e coerentes
com seus sonhos.

Como é que se faz?

Organizando a aula
Inicie a aula resgatando os conceitos da aula
anterior: sonhos e fantasias. Faça-os recordar se
estudar estava entre os sonhos listados. Depois,
apresente o tema e as habilidades esperadas para
esta aula.

Despertando o interesse
Para despertar o interesse dos estudantes,

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 155


inicie a aula lendo as questões disparadoras da
Ficha de Atividades (Aula 4 - Sonhos que ainda
não sonhamos). Estimule que alguns estudantes
exponham suas respostas.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Peça para que os estudantes realizem a atividade
1 da ficha de atividades. Dê um tempo para que
eles possam refletir sobre sua trajetória escolar e
sistematizá-la.. Reforce a importância da sinceridade
que devem ter para com eles mesmos, tendo em
vista a construção de seus sonhos. Depois, abra
uma roda de conversa com a turma e incentive que
alguns compartilhem suas autoavaliações. Ao final,
pergunte se a autoavaliação da trajetória acadêmica
corresponde ao nível de exigência da vida após a
escola, com a qual eles sonham. Incentive que os
estudantes façam uma análise crítica dessa pergunta.
Caso não saibam respondê-la, sugira que pesquisem
qual é a vida que desejam ter no futuro e o que é
preciso para conquistá-la. Assim, terão mais insumos
para analisar se a dedicação atual aos estudos é
condizente com suas aspirações.

Atividade 2
Inicie a atividade 2 formando pequenos grupos
(de até cinco alunos). Peça para que analisem o
gráfico e respondam somente a primeira questão
(a alternativa “a”). Depois, solicite que os pequenos
grupos apresentem suas respostas. Construa, a partir
delas, uma lista coletiva. Complete-a caso falte
alguma causa de evasão importante, seguindo o
gabarito apresentado a seguir.

Solicite que eles anotem em seu caderno essa


lista construída coletivamente e dê alguns minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 156


para que respondam a alternativa “b”. Encerre
a discussão, estimulando-os a olhar para suas
condições de vida não como impedimentos, mas
como desafios a serem superados. Segue o gabarito
para auxiliá-lo na discussão.
a) As causas de evasão escolar são múltiplas e
podem estar relacionadas a fatores extra e
intraescolares. Entre as causas externas, estão
dificuldades de acesso à escola, que podem
estar relacionadas à falta de transporte, às
necessidades especiais, como gravidez e
maternidade, à violência, à pobreza, à falta
de apoio familiar e ao fato de ter de trabalhar.
Entre as causas internas relacionadas à escola,
encontram-se a dificuldade de aprendizagem,
falta de significado e de flexibilidade no
currículo, baixa qualidade da educação, falta
de percepção/estímulo sobre a importância
da educação e um clima escolar ruim. Além
dessas, podem aparecer outras causas.
b) Resposta pessoal.

Atividade 3
Para esta atividade, prepare os recursos
tecnológicos para apresentar o documentário
disponível no YouTube, chamado “Medo de sobrar,
medo de sonhar”. Não se esqueça de conferir se a
caixa de som está funcionando. O vídeo apresenta
o relato de jovens e adultos da periferia de São
Paulo, que compartilham sua trajetória até o mundo
do trabalho e sinalizam como o estudo, a escola e
os professores são fundamentais para viabilizar o
alcance desse sonho.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 157


Antes de iniciar o vídeo, leia as questões
da atividade 2, para que eles possam se atentar
àqueles pontos destacados durante a apresentação.
Após assistirem ao vídeo, reserve uns minutos
para que os estudantes possam responder às
questões individualmente. Depois, estimule que
eles exponham suas respostas para a turma, numa
grande roda de conversa. Segue o gabarito para
auxiliá-lo na discussão:
a) Resposta pessoal. Verifique os sentimentos
e emoções que os estudantes mobilizaram
após assistirem ao vídeo. Espera-se que,
apesar de o documentário mostrar os desafios
para se continuar com o estudos, eles
sintam esperança, otimismo, orgulho por se
verem representados pelos participantes do
documentário, acreditando que são capazes,
mantendo a confiança em si mesmos, entre
outras sentimentos que possam surgir.
b) É uma resposta pessoal. No entanto, espera-
se que eles construam a relação entre estudos
e os sonhos como forma de ampliar suas
possibilidades de escolha.
c) Espera-se que eles desconstruam o estigma de
que determinados cursos são para a elite, mas
que sejam capazes de analisar criticamente que
as alguns cursos impõem mais dificuldades de
acesso do que outros, por serem carreiras mais
concorridas.
d) Estimule que eles reflitam sobre o que
poderiam iniciar hoje como primeiro passo
em busca do sonho de continuar estudando.
Encoraje-os a pensar em como ou em quem
poderia ajudá-los nessa caminhada. Procure
ajudá-los a identificar saídas simples, concretas
e de curto prazo, como as relacionadas ao
desempenho acadêmico.

Registrando o aprendizado
Para finalizar a aula, proponha a atividade 4. Dê

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 158


uns minutos para que eles criem seu poema e peça,
para aqueles que desejarem, que o exponham em
um varal ou mural na sala. Encoraje-os a apresentar
seus poemas para a turma, assegurando que haverá
respeito com a arte do colega. Caso os estudantes
se sintam motivados, podem organizar um momento
de poesia slam (apresentação de poesia falada), que
faz parte da cultura juvenil.

Para saber mais sobre a poesia slam, leia a notícia:


link externo

Acesso: 13/06/2020.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Um dos tópicos que vamos abordar com os


alunos em aulas futuras é o da mentalidade de
crescimento. Porém, esse conceito pode ser muito
útil também nesta etapa, em que eles vão avaliar seus
pontos fracos e acessar possíveis crenças sobre o
que é possível ou não.

Mentalidade de crescimento é um termo


criado pela pesquisadora Carol Dweck. Em seus
estudos, ela identificou duas atitudes diferentes
com relação a aprendizado: uma mentalidade fixa
e uma mentalidade de crescimento. As pessoas que

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 159


apresentam mentalidade fixa possuem crenças como
“a inteligência ou talento é um dom que algumas
pessoas têm e outras não”. Isso as leva a desistir
muito cedo de progredir, acreditando que suas falhas
são sinais de que ela não nasceu com as habilidades
necessárias. Já as pessoas com mentalidade de
crescimento acreditam que o esforço empregado
em aprender algo é o principal determinante do seu
sucesso, e não sua inteligência nata.

Carol descobriu que as pessoas com


mentalidade de crescimento se saem muito melhor
a longo prazo. Até mesmo crianças que foram
classificadas como muito acima da média nos
seus primeiros anos acabavam não apresentando
resultados tão bons no futuro, por aprenderem a
associar a sua inteligência com um dom natural e
independente de esforço. Isso as levava a desistir
rapidamente de aprender qualquer coisa em que
encontrassem alguma dificuldade. Além disso,
o que sabemos hoje na área de neurociência
também indica que o cérebro é plástico e pode ser
desenvolvido com o estímulo adequado e constante.

MENTALIDADE DE CRESCIMENTO

Quando os estudantes acreditam que podem


desenvolver sua inteligência por meio de esforço,
eles se empenham mais e conseguem melhores
resultados. As pesquisas na área de neurociência
mostram que as conexões neurais são criadas
e fortalecidas com o exercício intelectual. Boas
práticas para desenvolver nossa inteligência são
fazer perguntas, treinar, tentar estratégias diferentes
e manter uma boa saúde de forma geral.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 160


Como podemos ajudar a criar uma mentalidade
de crescimento no nosso dia a dia? Começamos
identificando expressões de mentalidade fixa nos
nossos alunos, indicando uma forma de encarar a
situação que esteja mais alinhada com a mentalidade
de crescimento. Além disso, como professores,
podemos oferecer ajuda para que eles enxerguem
estratégias mais promissoras no seu caminho de
desenvolvimento.

No lugar de... Tente dizer... Como o professor pode ajudar?

É normal errar quando se está aprendendo.


Eu não sou bom O que eu ainda
Vou fazer algumas perguntas para descobrir
nisso não sei?
o que você ainda não aprendeu.

Eu vou usar
Eu desisto uma estratégia Eu posso ensinar estratégias diferentes.
diferente

Pode ser o seu melhor trabalho por


Esse é o melhor enquanto, mas, conforme você evoluir,
Já está bom o
trabalho que eu ele vai ser seu segundo melhor trabalho
suficiente
posso fazer? (estabelece que ainda há espaço para
aprimoramento).

Eu não consigo Eu sempre posso Eu vou dar algumas indicações de como


melhorar melhorar! você pode melhorar.

Eu vou precisar
Isso é muito É para ser desafiador, só assim você irá
dedicar mais
difícil! progredir.
tempo a isso

Ser inteligente é algo que desenvolvemos.


Eu nunca serei Eu vou aprender
Posso ensinar algumas formas para que
tão inteligente como fazer isso
você aprenda a fazer isso!

Eu vou descobrir Os seus objetivos podem ser alcançados


Isso não é para o que preciso com esforço, tempo e dedicação suficientes.
mim aprender para Posso ajudá-lo a encontrar estratégias para
chegar lá aprender o que precisa.

Que tal aprender mais?

Assista e recomende a seus estudantes o


filme “Nunca me sonharam”, disponível para alugar
no YouTube. Caso não seja possível, há recortes

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 161


interessantes disponíveis gratuitamente.
Segue o link do filme:
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
FOLHA DE SÃO PAULO. Só 4 em 10 estudantes da rede pública miram
diploma universitário. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/
amp/educacao/2018/08/so-4-em-10-estudantes-da-rede-publica-
miram-diploma-universitario.shtml. Acesso: 5 jun. 2020.
INSTITUTO UNIBANCO. Evasão ainda é um dos maiores desafios do
ensino médio. Aprendizagem em foco, n.37, 2017. Disponível em:
https://www.institutounibanco.org.br/aprendizagem-em-foco/37/.
Acesso: 5 jun. 2020.
SOUZA, D. C. C. Expectativas de jovens do ensino médio público em
relação ao estudo e ao trabalho. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.
41, n. 02, p. 409-426, 2015.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 4 162


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: SONHOS, CRITÉRIOS TEMA 3
DE ESCOLHA E PLANEJAMENTO
TÍTULO: OBJETIVOS, METAS E
AULA 5
ESTRATÉGIAS DE PLANEJAMENTO

O que faremos hoje?

Bloco 3 Escolha e Planejamento

Tema Sonhos, critérios de escolha e planejamento

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e


apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
Competências entender as relações próprias do mundo do trabalho, fazendo
gerais da BNCC escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

Definir objetivos e metas e se engajar em ações para alcançá-los.


Habilidades de Conhecer e desenvolver procedimentos de planejamento e
Projeto de Vida estratégias de execução e acompanhamento de ações para o
cumprimento de objetivos e metas de curto, médio e longo prazo,
nos âmbitos pessoal e coletivo.

Objeto de
Estratégias de planejamento
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 5 163


O que dizem os estudiosos?

O tempo futuro é um campo aberto de


possibilidades no qual podemos atuar por meio de
nossas escolhas. Apesar da incerteza que o futuro
pressupõe - e dos sentimentos de ansiedade e
angústia que ele pode despertar -, é possível encará-
lo de maneira positiva por meio da definição de
objetivos e metas, da antecipação do resultado
de ações e da elaboração de estratégias de
planejamento que possibilitem sua concretização.

Assim, aprender a definir objetivos,


metas e estratégias de ação que
permitam alcançá-los é uma
habilidade fundamental para a
elaboração e realização de um
projeto de vida, bem como para
encarar e gerir o futuro com mais
segurança e estabilidade
(DANZA, 2019).

Como é que se faz?

Organizando a aula
Apresente o conteúdo e as habilidades desta
aula. Neste momento, não exponha os conceitos de
objetivo, meta e estratégia, pois a próxima seção será

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 5 164


destinada à problematização dos mesmos por parte
dos estudantes.

Despertando o interesse
Leia as questões disparadoras e reserve alguns
minutos para que os estudantes compartilhem suas
respostas. Ao abordar a terceira pergunta, peça aos
estudantes que tentem identificar esses conceitos
em suas respostas relativas às questões anteriores.
Em seguida, conduza a leitura coletiva da história
de Alice, chamando a atenção dos estudantes para
que procurem identificar quais trechos revelam
objetivo, metas e estratégias. Esse é um momento
de exploração do texto e dos conceitos a partir
das concepções prévias dos estudantes. Portanto,
apenas escute suas suposições e contribuições, sem
fazer correções e direcionamentos.

Construindo conhecimentos

Atividade 1
Na atividade 1, os estudantes irão analisar
novamente a história de Alice, mas, dessa vez,
repertoriados pelo texto que apresenta os conceitos
de objetivo, meta e estratégia. A aplicação dos
conceitos na análise da história é uma forma de os
estudantes se apropriarem dessas ideias e vincularem
exemplos a elas. As respostas esperadas para as
questões são apresentadas a seguir.
1. O objetivo de Alice é se tornar uma famosa
artista de rock.
2. As metas de Alice foram/são: comprar um
instrumento musical e aprender a tocá-lo,
formar uma banda e começar a tocar em bares
e casas de show.
3. Podem ser consideradas, como parte de sua
estratégias, as seguintes ações: economia

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 5 165


de dinheiro para comprar a guitarra e o
amplificador, o empréstimo do violão para
estudar e as estratégias de aprendizado que
adotou como alternativas, já que seus pais não
podiam custear aulas de guitarra. Também são
consideradas estratégias as horas semanais de
estudo e o ingresso em grupos nas redes sociais
à procura de pessoas para formar uma banda.
4. Alice teve à sua disposição um amigo que lhe
emprestou o violão e amigos que lhe ensinaram
a tocar. Os tutoriais gratuitos também foram
um recurso de que ela se beneficiou. Além
disso, seus pais representam um apoio que
pode auxiliá-la a atingir seu objetivo, uma vez
que estão se organizando financeiramente para
pagar aulas particulares de guitarra.
Diante da impossibilidade de comprar uma
guitarra e de arcar com os custos de aulas,
Alice pensou e colocou em prática soluções,
como economizar dinheiro e aprender a tocar
com amigos mediante tutoriais gratuitos.
Professor, vale também chamar a atenção para
o foco, a disciplina, a clareza das estratégias e a
presença de critérios bem definidos.

Atividade 2
Leia com os estudantes as orientações
referentes ao preenchimento da tabela e verifique
se os comandos estão claros. É possível que alguns
estudantes não consigam reconhecer um sonho
e que se sintam aflitos com isso. Tranquilize-os,
afirmando que é muito comum não ter clareza sobre
isso nessa etapa da vida, mas que é importante que
comecem a se engajar com esse tema. Apresente
a esses estudantes a possibilidade de preencherem
a tabela, substituindo o sonho por um objetivo.
Entretanto, chame a atenção para o fato de que é
preciso que seja um objetivo importante para eles,
que realmente desejem realizar.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 5 166


Registrando o aprendizado
Atividade 3
Forme grupos de dois a quatro estudantes.
Discuta com eles possibilidades de engajamento
nas ações mencionadas. No momento de elaborar a
estratégia, é esperado que muitos sintam dificuldade
para identificar quais ações já podem ser iniciadas e de
que modo podem fazer isso. Nesse caso, a troca com
os colegas poderá esclarecer possíveis caminhos a
serem seguidos e ações que eles podem desenvolver
para concretizar seus sonhos e objetivos.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Na realização dos nossos sonhos, as metas


formam a ponte entre termos um “desejo” e termos
um “plano”. Elas são essenciais para que possamos
assumir a direção da nossa realização. Com metas
bem definidas, também é mais fácil encontrar
motivação e foco, além de fazer as melhores escolhas
dentre as oportunidades que nos são oferecidas.
Como disse Lewis Carrol, “se você não sabe para onde
ir, qualquer caminho serve” - mas também seremos
obrigados a aceitar qualquer destino.

Porém, estabelecer boas metas não é tão


simples. É comum confundirmos vontades ou
intenções com metas. Uma boa meta nos mostra
uma rota para a sua conquista, permitindo-nos
ser ativos nesse processo. Uma meta fraca ou mal
definida pode nos deixar mais passivos, sem controle
sobre o que podemos fazer para que ela se realize.
Uma boa forma de estabelecer metas é usar o
modelo SMART.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 5 167


SMART

SMART é um acrônimo em inglês que significa


Específico, Mensurável, Atingível, Relevante
e Temporal (Specific, Measurable, Attainable,
Relevant and Time Based). Uma meta com essas
características é realista e ajuda a definir a melhor
estratégia para o sucesso.

Como podemos estabelecer metas SMART e


ajudar os alunos a fazerem o mesmo? Vamos analisar
cada uma dessas características:
• Specific (Específica): uma meta específica
define bem qual é a ação que precisa ser
tomada. Uma forma de saber se uma meta
é específica é avaliar se ela responde a essas
cinco perguntas:
○ Quem está envolvido no alcance dessa meta?
○ O que eu quero alcançar?
○ Aonde queremos chegar com essa meta?
○ Quando eu quero alcançar esta meta?
○ Por que eu quero alcançar essa meta?
• Measurable (mensurável): para a meta ser
mensurável, podemos procurar indicadores de
progresso quantitativos ou qualitativos para defini-
la. Para isso, podemos nos perguntar: o que vai
sinalizar que a minha meta está sendo atingida?
• Achievable (alcançável): uma boa meta tem
de estar dentro das suas possibilidades de

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 5 168


realização e ser, antes de mais nada, realista.
Para avaliar se esse ponto está sendo atendido,
podemos nos perguntar quais são os recursos
necessários e como podemos ter acesso a eles.
Também podemos nos inspirar nas histórias de
outras pessoas que alcançaram algo parecido.
• Relevant (relevante): uma meta relevante terá
um impacto positivo quando for alcançada. Essa
é a característica que define se ela “vale a pena”.
Para avaliar isso, você pode se perguntar se este
é um bom momento para essa meta, se o seu
resultado vai fazer uma diferença importante, se
os riscos associados a ela valem a pena.
• Time Based (temporal): uma boa meta tem
prazos bem estabelecidos.

Que tal aprender mais?

Planner

Você já ouviu falar em planner? Um planner


é uma agenda estilizada na qual você planeja
sua rotina diária, os hábitos que deseja adquirir,
como usar seu dinheiro e muito mais. Essa é uma
ferramenta de planejamento que pode ser usada
por você e por seus alunos para planejar a conquista
de seus objetivos. Há diversos sites e modelos de
planners na internet. Neste link, você encontra ideias
práticas para personalizar o seu, de acordo com as
suas necessidades:
link externo

Acesso: 13/06/2020

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 5 169


Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
DANZA, Hanna Cebel. Conservação e mudança nos projetos de vida
de jovens: um estudo longitudinal sobre Educação em Valores. Tese de
Doutorado. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2019.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 5 170


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: SONHOS, CRITÉRIOS TEMA 3
DE ESCOLHA E PLANEJAMENTO AULA 6
TÍTULO: OS DESVIOS DE PERCURSO

O que faremos hoje?

Bloco 3 Escolha e Planejamento

Tema Sonhos, critérios de escolha e planejamento

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos


sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e
explicar a realidade, continuando a aprender e a colaborar para a
construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais,
Competências
das locais às mundiais, participando também de práticas
gerais da BNCC
diversificadas da produção artístico-cultural.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, com- preendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Reconhecer suas forças e aquela dos coletivos.


Identificar caminhos e estratégias para superar as dificuldades e
Habilidades de
alicerçar a busca da realização de seus sonhos.
Projeto de Vida
Conhecer-se, compreendendo suas emoções e o modo como lidar
com elas.

Objeto de
Quando os sonhos não se realizam: desvios de percurso.
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 171


O que dizem os estudiosos?

Nem sempre nossos passos vão na direção


dos nossos sonhos. A vida é repleta de imprevistos,
dificuldades e desvios, que interferem diretamente
no nosso percurso. Cabe a nós desenvolver a
capacidade de nos reorganizarmos e, se preciso,
reinventarmos nossos objetivos, metas e estratégias.
Dessa maneira, é importante aprendermos a acolher
nossas frustrações e transformá-las em disposição
para agir. Sabemos que a frustração causa incômodo
e desânimo, podendo até paralisar o indivíduo
frente aos obstáculos. Ao mesmo tempo, é a partir
de experiências frustradas que a mente cria novas
formas de viver para lidar com as adversidades do
mundo. É importante destacar que nem todas as
causas de nossas frustrações refletem nosso esforço
individual. Por exemplo, frequentemente escutamos
explicações relacionando o êxito ou o fracasso no
ingresso ao mercado de trabalho com o esforço
individual – a chamada meritocracia. No entanto,
há outros fatores que interferem nesse percurso
muito além do esforço individual, por exemplo, entre
eles, a classe social, a cor da pele, o gênero e as
oportunidades que são dadas a esses grupos sociais
(SANDEL, 2015; BUSSO; PÉREZ, 2019).

Reconhecer tanto os fatores internos


como os externos, relacionados
aos limites e possibilidades para a
realização dos nossos sonhos, contribui
para a construção de um planejamento
que possibilite sua conquista.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 172


Como é que se faz?

Organizando a aula
Inicie a aula apresentando a temática e as
habilidades esperadas.

Despertando o interesse
Vamos meditar por alguns minutos. Peça para
que os alunos fechem os olhos e se sentem em uma
posição confortável. Solicite que respirem fundo
por três vezes e exalem o ar pela boca. Oriente-
os, com um tom de voz suave, para que relaxem
a mente. Todo pensamento que surgir deve ser
deixado livre para ir embora. Peça para que eles se
concentrem apenas na sua respiração. Deixe passar
alguns minutos em silêncio. De vez em quando, volte
a atenção deles apenas para a respiração. Depois
de cinco minutos, sinalize para que abram os olhos.
Incentive alguém para compartilhar como se sentiu.

Em seguida, distribua a Ficha de Atividades


desta aula (Aula 6 - Desvios de Percurso) e peça
para que um estudante leia as orientações da
atividade disparadora. Dê alguns minutos para que
eles, individualmente, contemplem a obra do artista
plástico John Bramblitt. É importante reforçar
que permaneçam em silêncio, pois isso os ajuda a
conectar-se com a obra. Para responder às questões,
forme grupos de cinco alunos. Abaixo, segue o
gabarito para auxiliá-lo na discussão:
a) Resposta pessoal. Estimule os pequenos grupos
a listarem esses sentimentos e emoções.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 173


b) Resposta pessoal. Oriente que a história seja
breve e objetiva. Para facilitar, sugira que seja
descrita em tópicos.
Solicite que cada grupo apresente suas
respostas e, por fim, compartilhe a história real desse
autor, projetando o vídeo “John Bramblitt: o artista
cego que transforma música em pintura”, disponível
no YouTube.

Construindo conhecimentos
Atividade 1
Peça para algum estudante ler o depoimento da
Atividade 1. Mantenha os alunos nos pequenos grupos
e solicite que respondam às questões propostas.
Segue o gabarito para auxiliá-lo na discussão.
a) A meritocracia é um modelo de distribuição de
recursos, prêmios ou vantagens, cujo critério
único a ser considerado é o desempenho e as
aptidões individuais de cada pessoa. A partir dessa
ideia é que se justifica e se legitima a forma como
os recursos estão distribuídos na sociedade.
Segundo essa tese, a mobilidade social deve ser
um resultado exclusivo dos esforços individuais
por meio da qualificação e do trabalho.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 174


b) A meritocracia reforça as desigualdades
sociais em países como o Brasil, uma vez
que nem todos os indivíduos têm as mesmas
oportunidades. Além disso, é uma maneira de
responsabilizar somente o indivíduo pela sua
condição socioeconômica, eximindo o Estado
da sua omissão e da falta de políticas públicas.
A meritocracia naturaliza a pobreza e faz com
que as pessoas encarem com normalidade a
desigualdade social.
c) São as chamadas políticas afirmativas, que
consistem em ações específicas para pessoas
pertencentes a grupos discriminados, visando
corrigir injustiças sociais. Entre essas medidas,
podemos citar: a contratação e promoção de
membros de grupos discriminados no emprego
e na educação por meio de cotas; bolsas de
estudo; empréstimos e preferência em contratos
públicos; determinação de metas ou cotas
mínimas de participação na mídia, na política
e outros âmbitos; reparações financeiras;
distribuição de terras e habitação; medidas de
proteção a estilos de vida ameaçados; e políticas
de valorização identitária.
Estimule que cada grupo exponha suas respostas
e promova um debate sobre o tema. Pode ser que, em
algumas questões, eles apresentem mais dificuldades
e isso exigirá uma participação maior do professor.
Procure instigá-los sobre o assunto, lançando
perguntas sobre o tema e, quando for necessário,
complete a discussão com os conceitos que faltam.

Para ajudá-los a refletir sobre o tema, você pode


exibir o vídeo “Corrida por $100 feita de privilégio
e desigualdade”, que representa, de forma prática,
como a meritocracia não funciona em contextos de
desigualdade social.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 175


O vídeo está disponível no link externo.

Acesso: 13/06/2020.

Atividade 2
Retome o quadro dos sonhos da aula passada.
Dê um tempo para cada um ler o seu em silêncio.
E, individualmente, peça que eles respondam
as questões. Segue o gabarito para auxiliá-lo na
discussão.
a) Resposta pessoal. Podem aparecer sentimentos
como raiva, medo, frustração, baixa autoestima,
desânimo, estresse, ansiedade, tristeza, entre
outros. Como estratégias para recuperar a
confiança, espera-se que eles citem: saber
reconhecer suas emoções; conversar com
amigos ou familiares, seja para desabafar ou
pedir conselhos; buscar ajuda profissional
(professor, psicólogo, entre outros); ter um
momento para fazer coisas para relaxar (como
meditar, ouvir música, rezar ou qualquer outra
coisa de que eles gostem); parar para analisar
os aspectos negativos e positivos da situação,
entre outros. Incentive-os a reconhecer quais
as estratégias que eles mobilizam e/ou podem
mobilizar em situações de frustração.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 176


b) Resposta pessoal, depende do sonho de cada
estudante. Faça-os pensar nos caminhos
possíveis para elaborar alternativas a fim de se
conquistar seus objetivos.
Por fim, abra para a discussão em turma.
Construa uma lista coletiva na lousa com as
respostas da alternativa “a”. Para a alternativa “b”,
peça que um ou dois estudantes se voluntariem
para apresentar o quadro dos sonhos e sua lista
de imprevistos e soluções. Os demais estudantes
devem ajudá-los a ampliar as possibilidades, tanto
dos obstáculos quanto das soluções. A ideia é que as
respostas desses alunos sirvam de exemplo para os
demais casos.

Registrando o aprendizado
Para finalizar a aula, proponha uma dinâmica
sobre a importância de dar e receber apoio como
uma importante estratégia para ajudá-los a lidar com
as frustrações.

Organize a sala, afastando as carteiras e liberando


um espaço para a turma fazer uma roda. Uma outra
opção é realizar essa dinâmica no pátio. Se quiser,
também pode colocar uma música ambiente.

Separe a turma em dois grupos, a critério deles.


Nomeie um grupo de “sonhadores” e o outro de
“apoiadores”. Os estudantes que representam os
apoiadores fazem um círculo de mãos dadas e
os estudantes que representam os sonhadores se
posicionam no centro da roda.

Peça para que os “sonhadores” lembrem-se dos


seus sonhos construídos em sala de aula e imaginem
a sensação de estar próximos de realizá-los. Porém,
aconteceu um grande imprevisto e eles vão ter de se
adaptar, por meio de novos planos. Lembrem-se de
que era algo que eles queriam muito. Peça para eles
mentalizem o que estão sentindo nessa situação.
Depois, peça para que expressem com mímicas e

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 177


gestos esse sentimento, parando em uma posição
imóvel, simbolizando como estão se sentindo diante
daquele imprevisto.

Agora é a hora de os “apoiadores” observarem os


“sonhadores”. Solicite que os apoiadores caminhem
ao redor dos sonhadores, em silêncio, observando
atentamente cada um. Peça para eles notarem as
expressões faciais, os gestos corporais, se há sinal
de algum desconforto. Reforce para os sonhadores
permanecerem imóveis, mesmo se estiver difícil
sustentar alguma posição corporal. Deixe passar
aproximadamente 2 minutos, com os sonhadores
imóveis e os apoiadores caminhando ao redor.

O próximo passo é dar o comando para que


cada apoiador sustente um ou mais sonhadores,
oferecendo apoio e conforto. Por exemplo, se algum
sonhador está com sinais de cansaço nos braços,
então o apoiador vai segurá-los, para que eles possam
repousar e descansar. Ou se algum sonhador está
com expressão de tristeza, o apoiador pode oferecer
um abraço, entre outras possibilidades. A intenção é
que os apoiadores identifiquem as necessidades dos
sonhadores e ofereçam apoio. Nenhum sonhador
pode ficar sem apoio. Depois de oferecer o suporte,
sonhador e apoiador devem permanecer imóveis
naquela posição por alguns segundos.

Agora é a vez de os sonhadores saírem das


suas posições, sem que os apoiadores se mexam.
Assim, os apoiadores devem continuar na sua
posição que é a de oferecer o suporte. Solicite que
os sonhadores caminhem ao redor dos apoiadores
e observem atentamente todo o esforço que eles
fizeram para ajudá-los a receber conforto. Deixe
passar mais dois minutos e, então, dê o comando
para os sonhadores oferecerem o suporte para
aqueles apoiadores cansados.

Para encerrar a dinâmica, peça para os


estudantes relatarem como se sentiram dando e
recebendo apoio. Relacione essas atitudes com a

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 178


discussão da aula, como uma potente estratégia
para lidar com a frustração e, também, para ajudar o
colega nesse processo.

Por último, peça para que cada estudante


resuma em uma só palavra qual o aprendizado do
dia, aquilo que mais sobressaiu para cada um.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Algumas vezes, trabalhar duro e fazer o nosso


melhor não é o suficiente. Fatores que fogem ao
nosso controle também desempenham um papel
importante nos nossos planos. Situações que vão
desde não conseguir melhorar nossas notas na
escola até um atraso no nosso voo têm níveis
diferentes de influência externa, mas também
o potencial de nos desmotivar quando não
conseguimos enxergar uma forma de resolvê-las.

Há um equilíbrio sutil entre aceitar a situação


que causa a frustração e adotar uma postura apática.
Desafios podem ser, na verdade, um fator motivacional,
a exemplo do que acontece nos jogos e games.
A atitude que adotamos frente à frustração pode
determinar se vamos desistir ou seguir em frente.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 179


FRUSTRAÇÃO

A frustração é o sentimento desagradável que


experimentamos quando as coisas não saem
da forma que gostaríamos. Normalmente, ela
está associada a fatores que fogem ao nosso
controle. A frustração não precisa ser um fator
determinante para o fracasso dos nossos planos.
Ela pode, inclusive, servir como um motivador
extra ao oferecer um desafio a ser superado.

Uma primeira reação à frustração pode ser


tentar encontrar um culpado, ou nos eximir de
qualquer responsabilidade sobre o que saiu errado.
Enquanto realmente não podemos responder por
algumas coisas, agir dessa forma nos impede de
aprender com os desafios.

Pesquisas mostram que, quando as pessoas


pensam sobre o stress como algo positivo, elas
conseguem canalizar essa energia para encontrar
melhores soluções para o que está provocando
esse sentimento. A proposta é imaginar que se trata
de um desafio para encontrar meios alternativos
de contornar a situação. A frustração e o stress
podem estar relacionados, já que ambos derivam da
sensação de não poder alterar o resultado de algo.

Uma forma de responder construtivamente à


frustração é:
• reconhecer o que está causando a frustração;
• aceitar a situação e identificá-la como um desafio;
• identificar o que podemos fazer, sendo criativos
se for preciso;
• comunicar, se for o caso, um pedido específico
sobre o que gostaríamos de que fosse alterado.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 180


Que tal aprender mais?

O talentoso pintor cego que nunca enxergou


nenhuma de suas obras

Conheça um pouco mais da história de John


Bramblitt no link a seguir.
link externo

Acesso: 13/06/2020

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
BUSSO, M.; PÉREZ, P. E. El velo meritocrático. Revista de Ciencias
Sociales y Humanas, San Juan, v.13, n.13, 2019, p.133-145.
Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas. O que são
ações afirmativas? Disponível em:http://gemaa.iesp.uerj.br/o-que-
sao-acoes-afirmativas/.
Acesso: 7 jun. 2020.
SANDEL, M. J. Justiça – o que é fazer a coisa certa. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2015.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 181


RUBRICAS 1º ANO
AVALIAÇÃO EM TEMA 3
PROJETO DE VIDA

1º TEMA: Sonhos, critérios de escolha


BLOCO: Escolha e Planejamento
ANO e planejamento

Para que o projeto de vida seja elaborado e


para que o jovem seja capaz de empreender ações
que visem realizá-lo, é de fundamental importância
que clarifique os objetivos pessoais, faça escolhas
com autonomia coloque em prática estratégias de
planejamento para lidar com possíveis desvios que
surjam ao longo de sua trajetória.

II
I III IV
Atendeu
Não atendeu às Atendeu a maioria Atendeu todas as
parcialmente às
expectativas de das expectativas expectativas de
expectativas de
aprendizagem. de aprendizagem aprendizagem.
aprendizagem.

Reconhece
Reconhece
os conteúdos
os conteúdos
que definem
que definem
sua identidade,
sua identidade,
Faz escolhas com como valores,
como os valores,
Não faz escolhas autonomia e pensamentos,
pensamentos,
com autonomia e responsabilidade sentimentos,
SONHOS, sentimentos,
responsabilidade mas não se hábitos, objetivos,
CRITÉRIOS DE hábitos, objetivos,
e tampouco prepara para o características
ESCOLHA E características da
planeja objetivos, futuro por meio da personalidade
PLANEJAMENTO personalidade,
metas e da construção de e eventos
eventos
estratégias. objetivos, metas e significativos, mas
significativos,
estratégias. tem dificuldade
e elabora uma
de elaborar uma
representação de
representação de
si que relaciona
si que relacione
esses conteúdos.
esses conteúdos.

COMENTÁRIOS
DO ESTUDANTE

COMENTÁRIOS
DO EDUCADOR

Clique aqui para baixar a ficha de avaliação

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 3 | AULA 6 182


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: AUTORREGULAÇÃO TEMA 4
TÍTULO: MENTALIDADE FIXA E AULA 1
MENTALIDADE DE CRESCIMENTO

O que faremos hoje?

Bloco 4 Engajamento e Transformação

Tema Autorregulação

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e


Competências emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
gerais da BNCC reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos,


regulando as próprias condutas.
Habilidades de
Projeto de Vida Reconhecer e valorizar o autoconhecimento como um
procedimento que possibilita a autorregulação e a definição de um
projeto de vida.

Objetos de
Mentalidade fixa e mentalidade de crescimento.
conhecimento

Dispositivos com acesso à internet (computadores, tablets e/ou


Materiais aparelhos celulares).
Teste de mindset.

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 1 183


O que dizem os estudiosos?

Embora não escolhamos a família, a classe


social e a cultura em que nascemos, tampouco
as condições biológicas herdadas de nossos
antepassados, há determinados aspectos de nossa
vida que podemos, ativa e conscientemente,
transformar. Padrões emocionais e de pensamento,
conhecimentos e habilidades são alguns aspectos
que podemos modificar, adquirir e desenvolver.

A concepção de que nossas


capacidades não são imutáveis
e que podemos nos engajar para
desenvolvê-las é um componente
fundamental para o aprimoramento
pessoal e para o enfrentamento de
desafios, dificuldades e erros.
Trata-se de uma das principais características do
que a professora de psicologia da Universidade de
Stanford, Carol Dweck (2017), denomina mentalidade
de crescimento, em contraposição à mentalidade
fixa, caracterizada pela crença de que nossas
capacidades são estáticas ou limitadas.

O conhecimento de si e o engajamento
no próprio desenvolvimento e transformação
são componentes de suma importância para a
construção e realização de um projeto de vida.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 1 184


Como é que se faz?

Organizando a aula
Esta é a primeira aula do tema Autorregulação
do Bloco 4. Engajamento e Transformação. Inicie-a
apresentando aos estudantes que as próximas
aulas serão dedicadas a abordar o engajamento na
transformação de si, rumo à pessoa que desejam se
tornar. A primeira atividade dessa aula é a realização
de um teste de mentalidade online. Para que todos
os estudantes possam realizá-lo, providencie
computadores com acesso à internet. Caso a
escola não disponha da quantidade de aparelhos
correspondente ao número de estudantes, estes
podem formar duplas e compartilhá-lo. Conceder
permissão para que os estudantes usem o celular
também pode ser uma alternativa.

Despertando o interesse
Distribua a Ficha de Atividades desta aula (Aula
1 - Mentalidade fixa e mentalidade de crescimento).
Apresente as questões disparadoras aos estudantes.
Reserve um tempo para que eles possam refletir
individualmente sobre as respostas e, em seguida,
inicie uma rodada de discussão sobre elas. Conduza
esse momento escutando a diversidade de pontos
de vista, mas sem adiantar os conceitos que serão
abordados mais adiante.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 1 185


Construindo conhecimentos
Atividade 1
A primeira atividade da aula é a realização
do teste de mentalidade. Vale observar para os
estudantes que o teste não representa um resultado
absolutamente preciso sobre suas crenças e
padrões de funcionamento mental, mas somente
uma tendência aproximada que deve servir como
ponto de partida para uma reflexão crítica por parte
deles. Enquanto os estudantes realizam a atividade,
transite pela classe, de modo a esclarecer eventuais
dúvidas e se aproximar deles. Ao término do teste,
o site oferece um minicurso gratuito. Sugira que os
estudantes enviem o link do curso para seus emails
pessoais e o realizem em casa.

Atividade 2
Faça a leitura coletiva do texto da Ficha de
Atividades, com pausas para verificar a compreensão
dos estudantes. Questione-os se conhecem
exemplos semelhantes ao do atleta Michael Jordan.
As respostas para as questões 1 e 2 são pessoais;
contudo, espera-se que os estudantes reconheçam
que a mentalidade de crescimento é mais propícia
ao desenvolvimento pessoal e ao bem-estar
psicológico.

Registrando o aprendizado
Atividade 3
Caso os estudantes sintam dificuldade para
realizar essa atividade, chame a atenção deles para o
fato de que é possível pensar em situações presentes
em diversos âmbitos da vida: emocional, familiar,
amizades, escolar, comunitário, etc.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 1 186


Vamos falar sobre educação
socioemocional?

Em seu livro, Carol Dweck inicia um tópico com


a pergunta:

“Sucesso tem a ver com aprendizado, ou serve


para você mostrar que é inteligente?”

Ela explica como as pessoas com mentalidade


fixa encaram as adversidades como fracassos que
sinalizam que não são inteligentes ou talentosas. Já
para as pessoas com mentalidade de crescimento, o
fracasso está mais relacionado a não se desenvolver,
a perder a oportunidade de usar seu potencial.

O grande desafio em adotarmos uma


mentalidade de crescimento de forma genuína está
em desfazermos as concepções de sucesso que
por muito tempo foram amplamente difundidas
em nossa cultura. As histórias de sucesso que
conhecemos sempre dão a entender que o processo
de obtenção de êxito foi simples e inevitável, dado
que o protagonista da narrativa é especialmente
talentoso. Isso nos leva a internalizar a ideia de
que, se as coisas não acontecem da mesma forma
conosco, é porque não somos tão especiais.

Por isso, uma etapa importante do processo


de desenvolvimento de uma mentalidade de
crescimento é aprender o autoperdão.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 1 187


AUTOPERDÃO

O autoperdão é uma forma de superarmos


os sentimentos de vergonha e de culpa. O
perdão aos outros nos ajuda a não cultivar
ressentimentos e mágoas, que acabam por
estagnar nossas relações e a prejudicar nosso
próprio bem-estar. Analogamente, quando
não perdoamos a nós mesmos, estamos nos
penalizando com o sentimento de remorso e
sabotando nossa evolução.

Enquanto trabalhamos para mudar as nossas


concepções de sucesso, será necessário superar
a ideia de que não somos bons o suficiente para
continuar tentando. A lembrança dos nossos erros
e fracassos contribui para que essa crença não seja
alterada de fato, por mais que, em nível cognitivo,
seja fácil compreender e aceitar a proposta da
mentalidade de crescimento. Para conseguir exercê-
la integralmente, precisamos nos reconhecer
passíveis de erros, e entender que não há nenhum
problema com relação a isso.

A ideia do perfeccionismo como virtude é muito


disseminada. No seu extremo, ela torna muito difícil
aceitar que, mesmo se apresentarmos falhas, ainda
poderemos ser dignos de admiração e de afeto.
Por isso, praticar o perdão conosco mesmos é uma
forma de cultivar resiliência, tornando-nos menos
suscetíveis a rachaduras na nossa autoconfiança
diante de possíveis fracassos. Para praticar o
autoperdão, alguns passos podem ser seguidos para
lidar com os nossos erros:

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 1 188


➢ Aceitar a nossa responsabilidade.
➢ Compreender os motivos que nos levaram
a agir ou tomar as atitudes que tomamos,
reconhecendo a nossa humanidade.
➢ Procurar entender como podemos corrigir o
que foi feito, de forma a sentir que merecemos
ser perdoados.
➢ Aprender com os nossos erros, refletindo sobre
como podemos melhorar.

Que tal aprender mais?

O poder de acreditar que podemos melhorar

Nesta palestra do TEDTalks, Carol Dweck aborda


a ideia de que podemos desenvolver nossos cérebros
para aprender melhor e solucionar problemas. A
pesquisadora descreve os dois tipos de mentalidade:
fixa e de crescimento. Caso considere oportuno, é
possível transmitir o vídeo aos estudantes. Disponível
no link externo.

Acesso: 14/06/2020

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
DWECK, Carol. Mindset: a nova psicologia do sucesso. Objetiva, 2017.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 1 189


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 4
TEMA: AUTORREGULAÇÃO
AULA 2
TÍTULO: TECNOLOGIAS DO EU

O que faremos hoje?

Bloco 4 Engajamento e Transformação

Tema Autorregulação

4. Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-motora,


como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital -, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemática e
científica, para se expressar e partilhar informações, experiências,
ideias e sentimentos em diferentes contextos, produzindo sentidos
que levem ao entendimento mútuo.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
Competências emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
gerais da BNCC reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
cooperação, fazendo-se respeitar, promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 190


Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos, além
de regular as próprias condutas.
Reconhecer e valorizar o autoconhecimento como um
procedimento que possibilita a autorregulação e a definição de um
Habilidades de projeto de vida.
Projeto de Vida Exercitar e praticar a tomada de perspectiva e a empatia para
reconhecer e compreender as ideias, pensamentos, sentimentos e
comportamentos alheios
Desenvolver a escuta ativa e recursos para expressar os próprios
pensamentos e sentimentos.

Objeto de
Tecnologias do eu
conhecimento

Materiais
Aparelho para reprodução de áudio
necessários

Tempo de aula 120 minutos

O que dizem os estudiosos?

As práticas voltadas ao autoconhecimento, ao


autocuidado e ao aprimoramento de si existem há
milhares de anos e estão presentes em diversas
culturas.

O filósofo francês Michel Foucault


(1926-1984) dá a essas práticas
o nome de “tecnologias do eu”,
por considerá-las técnicas que
possibilitam aos indivíduos realizar
ações sobre seu corpo, sua mente
ou sua conduta, com a finalidade de
promover uma transformação de si e
alcançar determinados objetivos.
Alguns exemplos de tecnologias do eu são
a oração e a meditação, o cuidado com o corpo,
a psicoterapia regular, a escrita de um diário, o
estudo disciplinado, o exame de consciência, ou a

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 191


observação da própria conduta. Trata-se de práticas
voltadas ao equilíbrio emocional, à promoção da
saúde e do bem-estar, ao desenvolvimento da
sabedoria e da felicidade ou ao alcance de um
estado elevado de consciência espiritual. Por meio
dessas e de outras “tecnologias do eu” o sujeito
constrói e aprimora a si mesmo.

Como é que se faz?

Organizando a aula
Inicie a aula fazendo uma breve revisão dos
conceitos de mentalidade fixa e mentalidade
de crescimento. Antes de expor as habilidades
e o conteúdo dessa aula, entregue a Ficha de
Atividades (Aula 2 - Tecnologias do eu) e realize
a atividade disparadora sobre a interpretação das
imagens. Após favorecer a reflexão dos estudantes
sobre essas imagens, apresente as habilidades que
serão trabalhadas. Uma das tarefas da atividade 2
é realizar uma prática meditativa. Para conduzir
essa prática, você poderá reproduzir uma música
tranquila e relaxante. Para isso, providencie o
equipamento de áudio necessário. Há diversas listas
de músicas propícias para esse tipo de atividade
disponíveis no link externo.

Despertando o interesse
As quatro imagens apresentadas na ficha
de atividades são de práticas que visam ao
aprimoramento pessoal. Verifique se os estudantes
realizam, ou já realizaram, alguma delas e pergunte

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 192


quais foram os resultados obtidos. Espera-se que
eles mencionem como resultados o bem-estar,
a saúde física e mental, o autoconhecimento, o
desenvolvimento de habilidades, entre outros.

Construindo conhecimentos
Atividade 1
Leia com os estudantes o texto explicativo sobre
o conceito da aula: tecnologias do eu. Em seguida,
peça para que eles respondam às perguntas. A
seguir, disponibilizamos um gabarito que o ajudará a
conduzir as reflexões sobre as perguntas.
1) Todas são práticas que podem permitir ao
indivíduo o conhecimento e a avaliação de
seus pensamentos, sentimentos e condutas,
possibilitando a regulação e a mudança de
aspectos que se deseja mudar.
2) Resposta pessoal. Outras práticas que
podem ser consideradas “tecnologias do
eu” são: o treinamento sistemático de
técnicas e habilidades para atingir excelência
em determinada área, como na dança, na
música e nos esportes; a mudança de hábitos
alimentares para tornar o corpo mais saudável;
ou o estudo disciplinado com o objetivo de
adquirir conhecimento.
3) Resposta pessoal.

Atividade 2
A atividade 2 é composta por duas práticas que
são consideradas tecnologias do eu: o mindfulness
e o aconselhamento mútuo. Abaixo seguem as
orientações para realizar cada uma delas.

Mindfulness

Para a realização dessa prática, recomenda-se


colocar uma música de fundo, que possa promover
o relaxamento e facilitar a sintonia dos estudantes.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 193


Você pode realizá-la em um ambiente diferente da
sala de aula (jardim, por exemplo).

Conduza a meditação de acordo com a


narração abaixo. Narre cada uma das etapas
vagarosamente e dando pausas entre os comandos,
para que dê tempo de os estudantes se sintonizarem.
Procure usar um tom de voz suave, que facilite a
concentração e o relaxamento.
1. Sente-se confortavelmente e com a coluna
ereta. Apoie as mãos sobre o colo, e os pés sobre
o chão. Relaxe os músculos de seu corpo, desde
as pontas dos pés até o rosto, percebendo quais
regiões encontram-se mais tensas.
2. Feche os olhos e comece a respirar profunda
e tranquilamente pelo nariz. Inspire, sem
pressa, por cerca de 5 segundos e expire por
5 segundos. Cada vez que você expirar, sinta
o seu corpo relaxando, soltando as tensões e
preocupações.
3. Mantenha o ritmo e movimento da respiração.
Sinta que cada parte de seu corpo relaxa e se
torna serena, confiante e feliz. Você é capaz
de promover esses sentimentos de serenidade,
confiança e felicidade.
4. Busque manter o foco na respiração. A sua
mente poderá distraí-lo com pensamentos e
sentimentos diversos. Quando isso acontecer,
não se preocupe, pois é natural. Apenas retome
a sua atenção para a respiração.

Recomenda-se que o processo dure


aproximadamente 5 minutos e que, entre as etapas
2, 3 e 4, seja dado um tempo de pausa para que os
estudantes processem as orientações e consigam
realizá-las. Após narrar a etapa 4, você pode
retomar as etapas 2 e 3, de modo a reforçar essas
orientações.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 194


Essa é uma entre outras possibilidades de
conduzir uma meditação. Outros exemplos estão
disponíveis nos seguintes endereços:
link externo 1
link externo 2

Acesso: 12/06/2020

Espera-se que os estudantes identifiquem


e exponham as sensações e sentimentos
experimentados antes, durante e após a meditação.
Alguns deles podem ter sentido incômodo e
dificuldade de relaxar e de se concentrar, afirmando
excesso de preocupação. Nesse caso, vale
mencionar que são reações comuns quando se
pratica a meditação pela primeira vez e que são
sintomas de ansiedade e preocupação, que podem
ser modificados justamente por essa prática. Sugira
aos estudantes que procurem adotar a meditação
em sua rotina diária, para que possam obter seus
benefícios. Observe que, quanto mais a praticarem,
melhores serão os resultados. Recomende, também,
que iniciem com meditações de duração mais curta
até chegar a 15 minutos de prática ou mais.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 195


Aconselhamento mútuo

A fim de evitar que algum estudante não consiga


integrar um grupo e sinta-se excluído, recomenda-se
que o próprio docente forme duplas ou trios.

Solicite que os estudantes leiam as orientações


disponíveis na Ficha de Atividades antes de iniciar
a prática e chame a atenção para a importância da
abertura ao outro, do respeito e da empatia. Por
fim, que tratem seus colegas da mesma forma que
gostariam de ser tratados.

Registrando o aprendizado
Atividade 3
Peça para que os estudantes realizem a atividade
3 da Ficha de Atividades. Incentive que eles expressem
seus sentimentos, aprendizados e reflexões por meio
de desenhos ou tirinhas que não usem a linguagem
escrita. Reforce que não é esperado que eles façam
desenhos extraordinários, apenas que consigam
comunicar o que aprenderam nessa aula por meio de
uma linguagem diferente da habitual.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Dar e receber feedback pode ser difícil. Embora


seu propósito seja o de contribuir para o crescimento
da outra pessoa, se mal feito, pode causar mágoas e
até mesmo rompimentos. O seu principal desafio é o
de oferecer uma comunicação efetiva, que possa ser
útil para a pessoa que a recebe, sem que ela se sinta
criticada ou mal-compreendida.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 196


Quando recebemos feedback, também pode
ser difícil lidar com as nossas próprias inseguranças.
Como discutimos na aula sobre mentalidade de
crescimento, o medo de sermos criticados pode nos
levar a escolher caminhos com menos risco, porém
também com menos crescimento. Da mesma forma,
pode ser difícil admitir que não sabemos algo, ou
que ainda podemos melhorar, se acharmos que isso
coloca em risco a perda de nosso status. O feedback
precisa se dar, então, de um modo que as pessoas
se sintam seguras para cultivar uma postura de
aprendizado constante.

FEEDBACK

Um feedback é uma comunicação que deve


oferecer uma informação útil para quem a recebe
de como ela pode melhorar ou manter o que está
indo bem. Uma simples avaliação, conselho ou
elogio não são feedbacks.

Qual é então uma boa forma de dar feedback? Os


passos a seguir fornecem um caminho que pode ajudar
a estabelecer uma boa comunicação de feedback.
➢ Passo 1: dizer o que acha que a pessoa está
fazendo bem. Isso é importante para que ela
saiba o que não precisa ser alterado. Além
disso, saber que o seu esforço está sendo
reconhecido evita frustração e desânimo.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 197


➢ Passo 2: relembrar qual é o principal objetivo
sobre o qual ela está recebendo feedback. Pode
ser um projeto seu, uma atividade educacional,
ou mesmo um relacionamento. Por exemplo:
“você quer aprender sobre esse assunto o
suficiente para ser aprovado”; “você quer que o
seu projeto atinja determinado objetivo”; “você
quer que a sua mãe entenda como você se
sente”. Fazer isso ajuda a deixar claro que não
estamos fazendo uma crítica pessoal.
➢ Passo 3: indicar o que precisa ou pode ser
melhorado para que o objetivo seja atingido,
expressando dados observados e não opiniões
ou sentimentos. Dessa forma, a pessoa que
recebe o feedback sabe que você não está
falando sobre perder o seu apreço por ela.
➢ Passo 4: dar sugestões claras de como a
pessoa poderia melhorar. Novamente, isso
evita frustrações, pois muitas vezes não
conseguimos enxergar formas diferentes de
agir ou de pensar sobre o que estamos fazendo.
Por outro lado, receber feedback também
requer um pouco de esforço direcionado da
nossa parte. Nem todas as pessoas estarão aptas a
oferecer os melhores feedbacks. Como podemos
extrair o melhor dessas oportunidades? Algumas
possibilidades são:
➢ Praticar o autoconhecimento e identificar os
sentimentos desconfortáveis que sentimos
ao receber feedback. Quais inseguranças eles
estão ativando?
➢ Lembrar que o feedback não deve ser uma
crítica pessoal. Podemos ajudar a pessoa,
oferecendo feedback para que seja mais
objetiva, fazendo perguntas clarificadoras que
ajudem a identificar qual a mudança que precisa
ser feita. Por exemplo: “como você acha que eu
poderia fazer isso melhor?”; “por que você acha
que fazer dessa forma é um problema?”; “como
seria a situação ideal para você?”
➢ Praticar a ação de pedir feedbacks, mesmo

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 198


quando recebemos elogios. Isso nos ajuda a
sair da nossa zona de conforto e a saber, com
clareza, quais seriam os próximos passos em
direção a um maior desenvolvimento. Algumas
vezes, quando perguntamos às pessoas como
poderíamos melhorar, elas oferecem críticas
mesmo que estejam satisfeitas. É importante
reconhecer isso, até mesmo porque algumas
vezes será necessário identificar quais são os
feedbacks que queremos priorizar.

Que tal aprender mais?

Tecnologias do eu e educação

Nesse artigo, Jorge Larrosa aborda distintas


modalidades de tecnologias do eu aplicadas à
educação.

LARROSA, Jorge. Tecnologias do eu e educação.


In: Silva, Tomaz Tadeu. O sujeito da educação.
Petrópolis: Vozes, 1994, p.35-86
link externo

Acesso: 11/06/2020.

O poder da mindfulness

Nesta palestra, Dr. Shauna Shapiro recorre à


ciência e à sabedoria ancestral para demonstrar
como a mindfulness pode nos ajudar a promover
mudanças em nossos cérebros e em nossas vidas.
link externo

Acesso: 12/06/2020

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 199


Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
FOUCAULT. Michel. Tecnologías del yo y otros textos afines.
Campinas: Paidós, 1996.
LARROSA, Jorge. Tecnologias do eu e educação. In: Silva, Tomaz
Tadeu. O sujeito da educação. Petrópolis: Vozes, 1994, p.35-86
PUIG, Josep Maria. A construção da personalidade moral. São Paulo:
Ática, 1998. p. 200-201.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 2 200


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 4
TEMA: AUTORREGULAÇÃO
AULA 3
TÍTULO: COERÊNCIA EM RELAÇÃO A VALORES

O que faremos hoje?

Bloco 4 Engajamento e Transformação

Tema Autorregulação

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e


Competências emocional, compreendendo-se na diversidade humana,
gerais da BNCC reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

- Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos,


regulando as próprias condutas.
Habilidades de - Conhecer e valorizar iniciativas pessoais e coletivas que podem
Projeto de Vida ser consideradas como exemplares, avaliar seus impactos nos
indivíduos e na sociedade, bem como identificar sua integração aos
projetos de vida de seus agentes.

Objetos de
Coerência e valores
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 201


O que dizem os estudiosos?

A transformação de si ocorre de maneira


proporcional à aquisição de valores morais
coerentes com a vida que se almeja alcançar
(PIAGET, 2014). Portanto, para auxiliar no processo
de desenvolvimento pessoal, o primeiro passo é
identificar e selecionar aqueles valores morais que o
indivíduo julga como adequados para sua vida, para,
posteriormente, praticá-los, até que se tornem um
hábito. Aristóteles (2014) defendia que as virtudes
morais só poderiam ser adquiridas por meio do hábito.
Logo, se quer ser solidário, pratique a solidariedade; se
quer ser honesto, pratique a honestidade.

É papel do docente estimular a prática


de hábitos virtuosos - hábitos estes
socialmente desejáveis - contribuindo
para formação de um indivíduo
autônomo, consciente, capaz de
governar sua própria vida, bem como
de viver em sociedade sob o parâmetro
de princípios como a justiça, a
solidariedade e o respeito à diversidade
(ARAÚJO, 2007).

Como é que se faz?

Organizando a aula

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 202


Apresente o tema e as habilidades da aula.

Despertando o interesse
Incentive os estudantes a compartilharem suas
respostas acerca da pergunta referente à tirinha.
Deixe que diferentes interpretações sejam expostas.

Nessa tirinha, o cartunista utiliza o mercado


de ações, conhecido como bolsa de valores,
para criticar a sobrevalorização do dinheiro e do
enriquecimento em uma sociedade materialista, em
detrimento de valores imateriais, como os espirituais,
estéticos e morais.

Construindo conhecimentos
Atividade 1
Faça a leitura coletiva da atividade. Estimule
os estudantes a expor suas opiniões para a
turma. Lembre-se de encorajar os mais tímidos a
participarem, para que a discussão seja cada vez mais
diversificada. As respostas são de cunho pessoal,
portanto mantenha um clima acolhedor e respeitoso
entre os estudantes.

Caso note que os estudantes estão com


dificuldade para definir o que são valores morais,
peça para que eles deem exemplos do que
consideram valioso na vida, entre qualidades
humanas e bens materiais. Não é necessário esgotar
o conceito nesse momento; explique que definir
valores morais é um dos objetivos da aula.

Finalize a discussão reforçando a importância de


as ações serem coerentes com os pensamentos.

Atividade 2
Para a atividade 2, prepare previamente os valores
listados abaixo, imprima-os em folha de sulfite, de

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 203


preferência dois por folha, para que as palavras fiquem
grandes e sejam de fácil leitura pela turma toda. Se
a escola dispõe de uma biblioteca, solicite alguns
dicionários para que os estudantes possam consultá-
los durante essa atividade. Ou, então, peça, na aula
anterior, para que o tragam de casa.

Forme grupos e distribua cinco palavras para


cada um, de modo que eles recebam alguns valores
iguais aos de outros grupos e outros diferentes. Por
exemplo, se o total de estudantes na turma for 40,
teremos cerca de 10 grupos. Então, imprima cada
valor cinco vezes, aproximadamente. Descarte
as palavras que sobrarem. Depois, separe-as
aleatoriamente, de tal forma que não repita o mesmo
valor dentro de um mesmo grupo. Segue a lista de
valores:

Fidelidade Honestidade

Prudência Empatia

Solidariedade Sabedoria

Justiça Liberdade

Generosidade Responsabilidade

Gratidão Respeito

Humildade Paciência

Sinceridade Confiança

Coragem Determinação

Primeiro, peça para que eles construam,


em grupo, o conceito de cada um dos valores
recebidos. Nesse momento, eles podem utilizar os
dicionários disponíveis em sala. Depois, solicite que,
individualmente, escrevam em seu caderno uma lista
decrescente, iniciando pelos valores que eles julgam
mais importantes até chegar aos menos importantes.

Em seguida, oriente para que eles compartilhem


essa lista individual no pequeno grupo e tentem
chegar a um consenso sobre a ordem das atitudes
mais valoradas por todos.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 204


Terminadas essas tarefas no pequeno grupo,
abra para a discussão com a turma. Inicie solicitando
que os estudantes exponham os conceitos
construídos sobre cada valor. Pode sugerir que
preguem o papel contendo o valor na lousa (com
uma fita adesiva ou em um varal de barbante)
após apresentarem cada definição para que todos
possam visualizar as palavras. Certifique-se de que
todos os valores foram definidos. Lembre-se de
que alguns valores são diferentes entre os grupos.
Então, assegure que todos tenham compreendido
os conceitos expostos pelos colegas. Complete
as definições, quando necessário. Abaixo, segue o
gabarito para auxiliá-lo na condução da discussão.
• Fidelidade: ato de ser fiel; zelo ou cuidado por
alguém; que tem compromisso com aquilo
que assume; aquele que tem constância;
característica de quem é leal, confiável, honesto
e verdadeiro.
• Prudência: característica de quem age com
precaução, sensatez, calma e paciência.
• Coragem: ausência de medo diante de riscos e
perigo; bravura; valentia.
• Justiça: aquilo que está em conformidade
com o direito; que julga ser correto; que
proporciona igualdade e equidade.
• Generosidade: ação em prol de outra pessoa
sem esperar algo em troca.
• Gratidão: reconhecimento de benefícios
recebidos e manifestação de agradecimento.
• Humildade: qualidade de quem é modesto,
simples; aquele que tem consciência das suas
limitações.
• Sinceridade: ato de ser franco e verdadeiro.
• Solidariedade: disposição a ajudar; sentimento de
ajuda, amparo; qualidade de quem se identifica
com o sofrimento alheio e presta apoio.
• Honestidade: qualidade de quem age conforme
combinados e normas morais, coletiva ou
socialmente estabelecidas, demonstrando
integridade.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 205


• Empatia: ação de se colocar no lugar de outra
pessoa; aquele que tem compaixão pela dor do
outro.
• Sabedoria: atributo de pessoa dotada de
conhecimentos e sensibilidade, capaz de
encontrar respostas para questões complexas
da vida.
• Liberdade: condição que possibilita a tomada
de decisões e a realização de ações com
autonomia e sem constrangimentos externos.
• Responsabilidade: condição de assumir
obrigações e responder pelos próprios atos;
sentimento que uma pessoa atribui a si mesma
por estar comprometida com alguém, com
uma situação ou uma causa.
• Respeito: aquele que trata as pessoas com
atenção e consideração.
• Paciência: qualidade de quem não perde
a calma e enfrenta com tranquilidade
situações adversas; característica de pessoas
perseverantes.
• Confiança: aquele que transmite segurança e
lealdade.
• Determinação: ato de persistir no cumprimento
de metas com perseverança.

Completada essa etapa, pergunte se os


pequenos grupos entraram em consenso com
relação aos valores que eles consideram mais
importantes. Proponha, então, que a turma toda
tente chegar a um acordo sobre os três valores mais
importantes para a formação do caráter de uma
pessoa. Instigue para que os estudantes argumentem
a respeito de quais são os valores que eles julgam
mais importantes. Provoque um debate entre eles
e, se não for possível o consenso, tranquilize-os,
esclarecendo que os valores, apesar de socialmente
desejáveis, são pessoais e que é esperado que haja
diferenças em sua hierarquização. O importante
é saberem reconhecer a sua importância para

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 206


o crescimento pessoal e para o bem comum,
procurando agir em conformidade com eles.

Atividade 3
Solicite que algum estudante leia a atividade.
Dê um tempo para que os estudantes respondam
individualmente e, depois, inicie uma discussão
coletiva.
1) Espera-se que eles reconheçam que é apenas
pela prática de uma virtude que se pode afirmar
que uma pessoa a possui e que adquirir novas
virtudes contribui para a formação do caráter e
para a sua transformação.
2) Resposta pessoal. Reforce a importância do
respeito ao ouvir o colega.
3) Resposta pessoal.

Atividade 4
Solicite que leiam a atividade 4. Pergunte se
eles conhecem a jovem Malala. Ouça o que sabem
sobre ela. Em seguida, oriente para que escrevam,
individualmente, sobre alguém que admiram. Reforce
que é preciso considerar uma pessoa reconhecida
por ser um exemplo de virtude, expressando um ou
mais valores em sua conduta. Peça para que alguns
exponham suas respostas para a turma.

Registrando o aprendizado
Para finalizar a aula, estimule os estudantes
a identificar e sintetizar seus aprendizados por
intermédio da escrita de um parágrafo.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 207


Vamos falar sobre educação
socioemocional?

Quando discutimos valores pessoais, é comum


nos sentirmos pessoalmente atacados, ou adotar
uma atitude defensiva. Porém, isso compromete
a qualidade da nossa comunicação e enfraquece
nossas relações. A melhor maneira de se promover
uma troca verdadeira, que fortalece as nossas
relações mesmo quando apresentamos pontos de
vista diferentes, é acolhermos as diferenças. Para
isso, precisamos compreender que cada um de nós
foi exposto a experiências e aprendizados diferentes
e, por essa razão, podemos ter visões diversas do
mundo. Uma ferramenta muito útil nesse processo é
a escuta empática.

ESCUTA EMPÁTICA

Segundo o autor Stephen Covey, a escuta


empática é um tipo de escuta integral em que
tomamos como referencial o ponto de vista do
outro. Ela se distingue, por exemplo, da escuta
seletiva, em que apenas prestamos atenção no
que nos interessa ou se nos é conveniente o que
está sendo dito .

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 208


A escuta empática é um exercício que se
aprimora com a prática. Podemos começar
observando algumas atitudes que tornam a nossa
escuta não-empática:
➢ Sermos instrutivos: “você deveria fazer dessa
forma…”
➢ Menosprezar a questão do outro: “isso não é
nada!”
➢ Fazer comparações: “ah, mas eu passei por
algo pior…”
➢ Mostrar pena pelo outro: “pobrezinho de
você…”
➢ Defendermo-nos ou nos desculparmos: “eu sinto
muito, mas não tem nada que eu possa fazer…”

Em uma escuta empática, os seguintes fatores


devem estar presentes: atenção e validação. Quando
alguém abre seu coração e nos apresenta seus
sentimentos, ela normalmente não está procurando
uma resposta ou solução. Ela quer, apenas, sentir-
se acolhida. O melhor que podemos oferecer é
nossa total atenção, tentar entender como ela
se sente e validar seus sentimentos. Por isso, se
identificamos sinais de escuta não-empática em
sala de aula, podemos ajudar a todos a conduzir a
discussão, trazendo o foco para a pessoa que está
se expressando a fim de que possa explicar e validar
como se sente.

Que tal aprender mais?

A construção psicológica de valores

Neste vídeo-aula do curso de Licenciatura

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 209


da Universidade Virtual do Estado de São Paulo,
o Prof.Dr. Ulisses Araújo aborda os mecanismos
psicológicos da construção de valores.
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
ARAÚJO, Ulisses Ferreira de. A Construção Social e Psicológica
dos Valores. In: ARANTES, V. A. (Org.) Educação e valores: pontos e
contrapontos. São Paulo: Summus, 2007. p. 17-64.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 4ª. ed. São Paulo: Edipro, 2014.
COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes.
São Paulo: Martins Fontes, 1997.
FRONDIZI, R. ¿Qué son los valores? México: Fondo de Cultura
Económica, 1977.
PIAGET, Jean. Relações entre a afetividade e a inteligência no
desenvolvimento mental da criança. Rio de Janeiro: Wak Editora,
2014. Publicado originalmente em 1953.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 3 210


PROJETO DE VIDA
GUIA DO EDUCADOR 1º ANO
TEMA: AUTORREGULAÇÃO TEMA 4
TÍTULO: COMO LIDAR COM AULA 4
AS NOSSAS EMOÇÕES?

O que faremos hoje?

Bloco 4 Engajamento e Transformação

Tema Autorregulação

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e


Competências emocional, compreendendo-se na diversidade humana,
gerais da BNCC reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos e


regular as próprias condutas.
Criar estratégias de autorregulação dos próprios pensamentos,
Habilidades de
sentimentos e condutas.
Projeto de Vida
Reconhecer e valorizar o autoconhecimento como um
procedimento que possibilita a autorregulação e a definição de um
projeto de vida.

Objeto de
Práticas de mindfulness (atenção plena)
conhecimento

Aparelhos para a reprodução de vídeos da plataforma YouTube.


Vídeo O que são as emoções. Produção: Minutos Psíquicos.
Materiais Vídeo Nossas emoções nascem no coração ou no cérebro?.
Produção: Hospital Israelita Albert Einstein.
Tesouras, papel cartão ou cartolina, lápis ou caneta hidrocor,
plástico autoadesivo.

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 4 211


O que dizem os estudiosos?

A cultura ocidental tem nos


ensinado a ser hábeis para lidar com
as questões do mundo material
e físico, como a tecnologia, o
desenvolvimento de produtos e
processos, mas muito pouco aptos
para lidar com o universo emocional
e relacional
(MORENO. SASTRE, 2002).

Construir um projeto de vida é um processo


complexo que exige a articulação das expectativas
com a realidade e, nesse contexto, é comum sentir
ansiedade, receio, medo, falta de concentração,
entre outras possibilidades. Apostamos que, se
queremos contribuir para que os jovens desenvolvam
seu projeto de vida, é fundamental ajudá-los a lidar
com as situações que afetam seu estado emocional.
Há inúmeras formas de fazer isso, mas, nesta aula,
iremos sugerir que os estudantes criem práticas
de mindfulness, pelo fato de essa perspectiva ter
resultados comprovados por inúmeros estudos
científicos sobre a autorregulação das emoções.

Como é que se faz?

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 4 212


Organizando a aula
Nesta aula, os estudantes deverão criar um
baralho com sugestões de práticas de Mindfulness,
para ser usado pela turma ou até mesmo pelos
demais membros da comunidade escolar. Para
isso, serão necessários alguns materiais, como
papel cartão ou cartolina, tesouras, lápis de cor ou
canetinhas hidrocor e plástico autoadesivo para
preservar as cartas.

Despertando o interesse
Inicie a aula questionando aos estudantes: “O
que são as emoções?” e “Para que elas servem?”.
Permita que os estudantes compartilhem suas
impressões sobre o tema. Depois, reproduza o vídeo:
“O que são emoções?”
link externo

Acesso: 16/06/2020

Depois, questione: “Vocês acham que é possível


aprender a lidar com as emoções?”, “É importante
aprender a lidar com as emoções?”. E exiba o
vídeo “Nossas emoções nascem no coração ou no
cérebro?”
link externo

Acesso: 16/06/2020

Discuta com os estudantes que é possível


aprender a lidar com as emoções, embora não seja
possível deixar de senti-las. Também é esperado que
eles compreendam que é importante aprender a lidar
com as emoções para dar respostas mais assertivas
e eficazes aos conflitos e às demais experiências da
vida. Nesse sentido, a ideia é que eles reconheçam
que a violência não é uma forma legítima de
responder aos conflitos, mesmo que emoções como
a raiva sejam desencadeadas.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 4 213


Construindo conhecimentos
Atividade 1
Distribua a Ficha de Atividades desta aula
(Aula 4 - Como lidar com as nossas emoções?).
Peça para os estudantes formarem grupos de
quatro participantes. O objetivo desta aula é que a
turma crie um baralho de Mindfulness, cujas cartas
apresentem práticas para lidar com emoções e
situações da vida cotidiana, de modo a desenvolver
o equilíbrio emocional e a atenção plena. Apesar
de trabalharem em grupos, cada estudante deverá
confeccionar uma carta do baralho. Para evitar que
existam práticas semelhantes, todos deverão, em
um primeiro momento, escrever as orientações da
carta, para, em seguida, compartilhar com a turma.
Após o compartilhamento, momento em que
ajustes devem ser feitos a fim de evitar repetições de
tema ou a exclusão de algum tema importante, os
estudantes iniciarão a etapa de confecção das cartas.
Para isso, será necessário disponibilizar materiais
como tesouras, papel cartão ou cartolina, lápis ou
caneta hidrocor para colorir e plástico autoadesivo.
É importante que as cartas sejam revestidas por
plástico autoadesivo, ou material similar, a fim de
conservá-las. A turma poderá decidir se o baralho
ficará guardado na sala de aula, com o docente,
com um guardião eleito pela turma, ou, ainda, na
biblioteca na escola, a fim de que mais pessoas
possam usá-lo. Em todo caso, reforce que esse
é um material para ser utilizado, pois favorece a
capacidade de autorregulação, o autoconhecimento
e o crescimento pessoal. Você também pode sugerir
que os estudantes façam fotocópias das cartas, caso
desejem ter o baralho em suas casas para uso diário
e para ser compartilhado com os familiares. Caso os
estudantes não consigam finalizar as cartas nessa
aula, solicite que terminem em casa, pois o baralho
será jogado pela turma na aula 6.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 4 214


Registrando o aprendizado
Atividade 2
Ao final da aula, é importante que os estudantes
possam refletir sobre os desafios emocionais
que possivelmente enfrentarão no percurso de
construção e realização de seu projeto de vida. Abra
uma roda de conversa sobre o tema e, depois, peça
para que cada estudante faça um registro pessoal,
na atividade 3 da ficha de atividades, explorando
o modo como eles acreditam que a prática de
mindfulness poderá ajudá-los.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

Ao começarmos a praticar técnicas de


mindfulness, nós nos deparamos com pensamentos
e ideias que influenciam os nossos impulsos usuais.
Algumas vezes, eles são constituídos de críticas e
julgamentos para conosco mesmos, abrindo espaço
para a autossabotagem.

O nosso diálogo interno espontâneo é o eco


das nossas crenças mais profundas, das quais
muitas vezes sequer temos consciência. No nosso
dia a dia, ele pode ficar camuflado e influenciar as
nossas decisões e atitudes sem que percebamos.
Porém, quando silenciamos a mente, podemos
entrar em contato com as ideias que dão o contorno
dos nossos medos e inseguranças. Ao fazer isso,
podemos alterar essas crenças aprendidas ao
exercitar o diálogo interno com novas ideias.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 4 215


DIÁLOGO INTERNO

Diálogo Interno é o fluxo natural de pensamentos


que temos dentro de nós mesmos. Ao ficarmos
atentos a ele, ganhamos consciência da fonte
das nossas emoções e humor. O diálogo interno
pode ser crítico e duro, ou gentil e amoroso.
Podemos adotar a prática de um diálogo interno
mais positivo, de forma a fortalecer a nossa
autorregulação.

Para estabelecer um diálogo interno que


contribui para a nossa autorregulação, o primeiro
passo é reconhecer que tipo de diálogo temos
atualmente. Em seguida, usar uma linguagem
mais positiva. Pesquisadores descobriram que
a forma mais eficaz de estabelecer um diálogo
interno positivo é usar a segunda pessoa. Essa
provavelmente é uma forma de conseguir direcionar
a nós mesmos a gentileza e compaixão de que
seríamos capazes de mostrar aos outros.

As raízes do nosso diálogo interno vêm de muitos


aprendizados ao longo da vida. Dependendo de quais
experiências às quais o jovem esteve exposto, essa
mudança pode ser muito complexa. Um diálogo
interno excessivamente negativo pode ser um
indicador de depressão e de outras doenças. Se esse
for o caso, é importante direcionar o caso para um
profissional adequado, como um psicoterapeuta.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 4 216


Que tal aprender mais?

Mindfulness: como domar sua mente

A matéria publicada na Revista


Superinteressante explica as origens da prática
de mindfulness, seus benefícios e dá dicas sobre
como praticá-la no dia-a-dia.
link externo

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
Vandenberghe, Luc; Sousa, Ana Carolina Aquino de. Mindfulness
nas terapias cognitivas e comportamentais. In: Revista Brasileira de
Terapias Cognitivas, v.2 n.1 Rio de Janeiro jun. 2006
Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1808-56872006000100004
MORENO, Montserrat; SASTRE, Genoveva. Resolução de conflitos
e aprendizagem emocional: gênero e transversalidade. São Paulo:
Moderna, 2002.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 4 217


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 4
TEMA: AUTORREGULAÇÃO
AULA 5
TÍTULO: EXERCÍCIOS DE AUTORREGULAÇÃO

O que faremos hoje?

Bloco 4 Engajamento e Transformação

Tema Autorregulação

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e


Competências emocional, compreendendo-se na diversidade humana,
gerais da BNCC reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos,


regulando as próprias condutas.
Habilidades de Identificar e se engajar em caminhos e estratégias para superar
Projeto de Vida as dificuldades, alicerçandor a busca da realização de objetivos e
sonhos com resiliência.
Definir objetivos e metas e se engajar em ações para alcançá-los.

Objeto de
Procedimento de autorregulação
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 5 218


O que dizem os estudiosos?

A autorregulação é entendida
como a capacidade de o indivíduo
controlar suas condutas e ações,
atributo importante para diversas experiências
humanas, que incluem a vida acadêmica, o exercício
profissional, as relações interpessoais, o bem-estar
físico, a participação política, a religiosidade, entre
outras (PUIG, 1996; GOLEMAN, 2016).

A autorregulação requer consciência


clara do que se deseja ser, portanto, supõe o
conhecimento de si. Algumas tarefas que envolvem
a autorregulação são: a auto-observação, a
autoavaliação e a mudança de hábitos, que é a
autorregulação em si (PUIG, 1996; GOLEMAN, 2016).
O indivíduo autorregulado tem comportamentos,
hábitos, crenças pessoais, emoções e orientações
motivacionais que proporcionam a transformação
de si, direcionando suas escolhas de acordo com o
projeto de vida desejado.

Como é que se faz?

Organizando a aula
Inicie a aula apresentando o tema e as
habilidades esperadas para as atividades do dia.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 5 219


Em seguida, esclareça a relação entre saber o que
quer ser com a capacidade de se autorregular, uma
vez que o autoconhecimento é fundamental para
estabelecer condutas conscientes em busca do seu
sonho. No final da aula, proponha a leitura dos livros
recomendados na sessão “Que tal aprender mais?”.
Eles podem auxiliar os estudantes no processo de
autorregulação.

Despertando o interesse
Peça para que os estudantes relembrem a
história do atleta Michael Jordan, apresentada na
Aula 1 desse tema, e coloque os principais tópicos
na lousa. Se for preciso, solicite que um estudante
retome a leitura do texto. Em seguida, solicite para
que respondam oralmente a questão correspondente
à história do atleta, presente na Ficha de Atividades
desta aula (Aula 5 - Exercício de autorregulação).
Incentive a participação de todos, principalmente
dos mais tímidos, dirigindo a pergunta para eles
em alguns momentos. A seguir, apresentamos um
gabarito sobre o que é esperado que os estudantes
discutam sobre essa questão.

É importante que eles compreendam que


Michael Jordan tinha clareza dos seus objetivos e de
suas metas, bem como controle das suas condutas.
É possível que eles listem outras características
como foco, disciplina, autocontrole, pensamento
positivo, determinação, disposição, motivação, apoio
familiar, entre outras. Trechos que justificam essas
características: a mãe encorajou-o a ter disciplina
e persistência; ele acordava às 6h e treinava antes
da aula; um dos seus técnicos ficou surpreso com a
sua disposição em buscar aperfeiçoamento; depois
de perder uma partida de basquete, ficou treinando
arremessos; mesmo depois da fama, continuou
treinando muito; acreditava em si e em seu sonho;
não desistiu quando não conseguiu entrar para
alguns times, entre outros.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 5 220


Construindo conhecimentos
Atividade 1
Solicite que os estudantes formem grupos
de quatro participantes. Apresente a atividade
1 da ficha de atividades e peça para que eles
preencham o quadro. O gabarito abaixo serve de
guia para a discussão, podendo ser incorporados
novos tópicos, de acordo com as respostas criadas
pelos estudantes.

Observação Avaliação Novas condutas

- não gosta de - está desanimada - encontrar alguma leitura que dê Sonho


estudar; com seu futuro e isso prazer (pode ser biografias de atores e de Jade:
- não se acha prejudica o ir atrás atrizes, histórias que viraram peça de ser atriz.
capaz de realizar do seu sonho; teatro, etc) e comprometer-se a ler
seu sonho, tem - não tem o apoio com frequência;
pensamentos familiar para ser atriz; -buscar um curso de teatro na sua
negativos; - a família tem cidade, de preferência gratuito, fazer
- dorme tarde, urgência para que ela uma visita ao local e conversar com
acorda tarde e se consiga um emprego pessoas que fazem o curso;
sente cansada; e ajude nas despesas - treinar algumas cenas no espelho,
- passa muitas da casa; gravá-las ou pedir para alguém assistir
horas nas redes - ela terminou o para poder avaliar sua atuação;
sociais; ensino médio porque - estabelecer uma rotina no dia:
- não se alimenta a mãe a obrigou, horário para acordar, organizar o
de maneira reforçando que ela quarto, ler, fazer exercício, horário para
saudável; não gosta de estudar; dormir, etc;
- não pratica - tem características - ser pontual com seus compromissos,
atividade física; positivas que podem como por exemplo, no encontro com
- desorganizada; ajudá-la a ser atriz amigos, no trabalho como babá;
(ser desinibida e - reforçar pensamentos positivos ao
- não é pontual criativa).
com seus longo do dia, mentalizando e focando
compromissos. nas suas qualidades.

A seguir, estimule que os grupos apresentem


suas respostas, construindo um quadro
coletivamente. É interessante destacar a importância
de se ter vários pontos de vista sobre o mesmo
problema, enriquecendo a busca por soluções.

Atividade 2
A construção do quadro dessa atividade deve ser
individual. Fique à disposição para tirar dúvidas e/ou
estimulá-los a pensar sobre a capacidade de eles se

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 5 221


autorregularem. Para finalizar, estimule que alguns
estudantes exponham seu quadro para a turma, com
a justificativa de ajudá-los a ampliar horizontes e
conhecer outras perspectivas. Reforce a importância
do respeito e da seriedade ao ouvir e dar sugestões
para os colegas.

Atividade 3
Solicite que um dos estudantes se voluntarie
para ler o comando da atividade. Reforce a
importância de eles escolherem uma nova conduta
que possa ser iniciada no dia seguinte, porque, na
próxima aula, será discutido como foi esse processo.
Peça para que eles se mantenham atentos, ao longo
de toda a semana, aos seus sentimentos, emoções e
motivação ao tentar incorporar essa nova conduta.

Registrando o aprendizado
Atividade 4
Por fim, estimule-os a fazer o exercício
prospectivo de escrita da carta, tal como recomenda
a atividade 4. Incentive-os a guardar essa carta e
fazer a leitura sempre que precisarem de forças para
seguir em busca de seus sonhos/objetivos.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

A psicóloga Angela Duckworth relata que,


quando era criança, seu pai valorizava muito a
genialidade. Porém, ele sempre deixou claro que
nem ela e nem seus irmãos tinham qualquer dom

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 5 222


desse tipo. O que, então, poderia ser feito por
alguém que tem paixão por realizar algo, mas não é
um gênio? Essa questão a levou ao resultado da sua
pesquisa de doutorado: garra é mais importante do
que genialidade.

Após estudar diversos casos de sucesso e


de fracasso, Angela concluiu que o que mais
diferenciava aqueles que obtinham êxito dos outros
era a capacidade de perseverar. E a perseverança
nascia da paixão pelo que estamos buscando realizar.

GARRA

Garra é a capacidade que apresentamos ao


perseverar em vista de um objetivo pelo qual
demonstramos um nível elevado de interesse
(paixão). Ela é um dos fatores relevantes para se
obter êxito em qualquer intento, mostrando ser
mais importante do que talento ou dons inatos.

Segundo Angela Duckworth, Talento x Esforço


= Habilidade, e, uma vez que você atingiu um certo
nível de habilidade, Habilidade x Esforço = Sucesso.
Ou seja, com o tempo, o esforço será o mais
importante na equação do sucesso.

Nesta aula, falamos sobre a autorregulação


para gerar mudança de comportamento. A maioria
dos objetivos mais relevantes da nossa vida vai
depender do tempo que dedicamos a eles e do
esforço empregado. Ou seja, é preciso manter
certos comportamentos por longos períodos de
tempo, fazendo com que se tornem hábitos. Nem
sempre essa mudança é fácil. A garra é um elemento
fundamental nesse processo.

Como podemos desenvolver a garra? Segundo


Angela Duckworth, a garra tem quatro etapas:
interesse, prática, propósito e esperança. Ou seja,
é necessário, em primeiro lugar, que haja uma
motivação genuína (interesse) para começarmos
a nos dedicar a algo. Em seguida, a prática requer

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 5 223


constância. O propósito nos dá uma motivação
ainda mais potente, um sentido para o que estamos
buscando. Por fim, é necessário ter esperança para
perseverar, acreditar que o resultado que buscamos
é possível de ser atingido.

É importante notar que, como a própria


pesquisadora já apontou, garra não é o único
elemento envolvido no sucesso. Outros fatores
de caráter social também contribuem para o êxito
das nossas empreitadas, o que é especialmente
verdade para crianças e jovens em condição de
vulnerabilidade, as quais precisam frequentemente
superar mais obstáculos do que os demais. De
qualquer modo, a capacidade de perseverar, seja
qual for o contexto, é indubitavelmente benéfica.
Devemos apenas levar em consideração que alguns
jovens terão um desafio maior para alcançar isso.

Que tal aprender mais?

O poder do hábito

Nesse livro, Charles Duhigg estabelece a relação


do hábito na vida dos seres humanos com o alcance

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 5 224


dos seus objetivos. O autor argumenta que criar bons
hábitos é uma poderosa chave para o sucesso.

O milagre da manhã

O autor Hal Elrod apresenta seis técnicas que


ajudam no desenvolvimento pessoal e sugere que
as pessoas realizem essas práticas diariamente, na
primeira hora da manhã.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
GOLEMAN, Daniel. O cérebro e a inteligência emocional: novas
perspectivas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.
PUIG, J. M. Perfil de la personalidad moral. In: ______. La
construcción de la personalidad moral. Barcelona: Paidós, 1996.
cap.2. p.75-154.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 5 225


PROJETO DE VIDA
1º ANO
GUIA DO EDUCADOR TEMA 4
TEMA: AUTORREGULAÇÃO
AULA 6
TÍTULO: A MUDANÇA DOS HÁBITOS

O que faremos hoje?

Bloco 4 Engajamento e Transformação

Tema Autorregulação

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e


Competências emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
gerais da BNCC reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Habilidades de Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos,


Projeto de Vida regulando as próprias condutas.

Objeto de
Procedimentos de autorregulação
conhecimento

Tempo de aula 120 minutos

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 6 226


O que dizem os estudiosos?

A última fase de um procedimento


de autorregulação é a avaliação dos
resultados,
cabendo ao indivíduo realizar constantemente
autoavaliações, comparando suas condutas atuais
com aquelas previstas para alcançar o sonho/
objetivo. Durante esse processo de autoavaliação,
pode surgir a sensação de satisfação - resultado
das metas já alcançadas - o que ajuda a revigorar a
motivação em prosseguir. Mas também pode surgir o
sentimento de frustração, por não conseguir mudar
as próprias condutas como gostaria. A presença
desses sentimentos deve ser discutida e encarada de
modo a reforçar a importância da autorregulação,
mesmo que ajustes nas metas precisem ser
realizados (PUIG, 1996; GOLEMAN, 2016). Nesse
sentido, esse é um momento importante para
obter as informações necessárias para melhorar
as estratégias do percurso. A autoavaliação é um
convite para reiniciar o processo de trabalho,
trazendo cada vez mais coerência entre suas ações e
o modo como deseja viver.

Como é que se faz?

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 6 227


Organizando a aula
Esta é a última aula do tema Autorregulação.
Proponha aos estudantes que organizem as carteiras,
formando uma roda antes de começarem as
atividades.

Despertando o interesse
Inicie a aula buscando saber quem está
satisfeito com a experiência de tentar introduzir
novas condutas e hábitos ao longo da semana.
Estimule que as respostas sejam breves e que todos
participem, pedindo para que levantem as mãos
aqueles que afirmam que sim. Após identificar as
respostas, diga que essa será a próxima discussão da
aula. Portanto, peça para que eles disponham dos
registros solicitados na aula passada.

Construindo conhecimentos
Atividade 1
Entregue a Ficha de Atividades desta aula (Aula
6 - A mudança dos hábitos) e inicie a atividade 1.
Dê um tempo para os estudantes responderem
individualmente as questões. Em seguida, peça para
que formem duplas e que compartilhem como foi a
tentativa de iniciar o novo hábito, abordando todos
os tópicos da tabela. Oriente para que eles deem
sugestões para o colega da dupla, caso identifiquem
algo que possa ser melhorado. Depois da discussão
em duplas, peça para que algumas delas exponham os
conteúdos que foram abordados e o que aprenderam
com essa experiência. As respostas para as perguntas
da atividade 1 são pessoais, mas é importante que eles
compartilhem suas experiências, de modo a contribuir
com as reflexões uns dos outros.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 6 228


Registrando o aprendizado
Atividade 2
Neste momento final da aula, permita que
os estudantes usem o baralho de mindfulness
criado por eles. Permita que conheçam as diversas
práticas desenvolvidas pelos colegas e provem os
seus efeitos. Caso tenham interesse, você pode
recomendar que façam uma fotocópia de todas as
cartas, para usarem em suas rotinas. Essa experiência
prática permanecerá como um importante registro
sobre a possibilidade de se engajar em estratégias
que visem ao aperfeiçoamento pessoal rumo à
realização do projeto de vida.

Vamos falar sobre educação


socioemocional?

“Nós somos o que repetidamente fazemos. A


excelência, então, não é um ato, mas um hábito” -
Aristóteles

O fim desse tema marca, na verdade, o início de


uma jornada. É necessário incorporar práticas, mudar a
nossa mentalidade e nos observar constantemente. O
sucesso do que aprendemos até aqui não vem, então,
de uma demonstração pontual de habilidade, mas, sim,
da adoção desses aprendizados de forma constante
em nossas vidas. Como disse Aristóteles, trata-se de
algo que devemos transformar em um hábito.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 6 229


HÁBITO

O hábito é um comportamento, modo de


pensar ou disposição que adquirimos depois
de o repetirmos constantemente. Quando
adquirimos um hábito, nós o executamos de
forma automática, pouco consciente. Por
isso, é desafiador alterar hábitos depois que os
adquirimos. Ainda assim, eles têm um papel
muito relevante em nossas vidas. Pesquisadores
descobriram que em torno de 43% dos nossos
comportamentos são hábitos que adquirimos.

O autor Charles Duhigg apresentou em seu


famoso livro, O Poder do Hábito, um modelo para
entendermos os hábitos do nosso dia a dia. Um
hábito é formado a partir de três elementos: a rotina
ou comportamento que executamos; um gatilho,
algo que nos faz entrar na rotina; e uma recompensa,
algo que faz com que nos sintamos bem por ter
realizado essa rotina. Esse modelo também tem
raízes no behaviorismo, uma área da psicologia
que estuda exatamente nossos comportamentos
adquiridos. Um dos princípios do behaviorismo é o
do reforço positivo ou negativo, usado para adquirir
ou desencorajar certos comportamentos.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 6 230


A natureza do hábito é a de exigir tempo e
repetição para ser criado, assim como para ser
quebrado. O primeiro passo é, então, ganhar
consciência dos nossos comportamentos para
identificar quais são as alterações que precisam
ser feitas. O modelo apresentado acima é uma
ferramenta útil para projetar hábitos, a partir da
escolha de gatilhos e recompensas que possam
nos levar à prática da rotina a que desejamos nos
habituar. Além disso, também é possível desfazer
hábitos nocivos, fazendo alterações no gatilho ou na
recompensa que nos fizeram adotá-lo.

Considerando que uma parte relevante das


nossas vidas é formada por hábitos, ter algum
controle sobre eles é de valor inestimável.

Que tal aprender mais?

Mindfulness: 100 cartas com exercícios para a


atenção plena e redução de estresse

Patrícia Calazans também criou cartas com


exercícios de mindfulness para serem realizados
na rotina diária, com foco no desenvolvimento da
atenção plena e redução do estresse.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
GOLEMAN, Daniel. O cérebro e a inteligência emocional: novas
perspectivas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.
PUIG, Josep Maria. Perfil de la personalidad moral. In: ______. La
construcción de la personalidad moral. Barcelona: Paidós, 1996.
cap.2. p.75-154.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 6 231


RUBRICAS 1º ANO
AVALIAÇÃO EM TEMA 4
PROJETO DE VIDA

1º ANO BLOCO: Engajamento e Transformação TEMA: Autorregulação

Não basta que o jovem identifique as mudanças


pessoais e sociais que deseja promover e que
tenha um projeto de vida definido se nada disso for
investido de engajamento e colocado em prática
visando à transformação pessoal. É por isso que
este tema visa o engajamento com processos de
transformações que eles desejam para si, de modo
a praticar a autorregulação, que é a capacidade de
observar, avaliar e aperfeiçoar as próprias condutas.

II
I III IV
Atendeu
Não atendeu às Atendeu a maioria Atendeu todas as
parcialmente às
expectativas de das expectativas expectativas de
expectativas de
aprendizagem. de aprendizagem aprendizagem.
aprendizagem.

Identifica os
pensamentos,
Identifica os Identifica os
emoções ou
Tem dificuldade pensamentos, pensamentos,
comportamentos
de identificar os emoções ou emoções ou
que deseja mudar
pensamentos, comportamentos comportamentos
ou adquirir,
emoções ou que deseja mudar que deseja mudar
conhece e
comportamentos ou adquirir, ou adquirir,
AUTORREGULA- define técnicas
que deseja mudar conhece e conhece e
ÇÃO e estratégias de
ou adquirir, define técnicas define técnicas
autorregulação,
não conhece e estratégias de e estratégias de
mas tem
ou não define autorregulação, autorregulação, as
dificuldade
estratégias de mas não as coloca em prática
de colocá-las
autorregulação. coloca em e avalia seus
em prática e
prática. resultados.
de avaliar seus
resultados.

COMENTÁRIOS
DO ESTUDANTE

COMENTÁRIOS
DO EDUCADOR

Clique aqui para baixar a ficha de avaliação

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | TEMA 4 | AULA 6 232


PROJETO DE VIDA 1º ANO
GUIA DO EDUCADOR
PROJETO INTERDISCIPLINAR

Projeto Sarau de Identidades

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das


locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,
como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemática e
Competências
científica, para se expressar e partilhar informações, experiências,
gerais da BNCC
ideias e sentimentos, em diferentes contextos, e produzir sentidos
que levem ao entendimento mútuo.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Reconhecer os valores, pensamentos, sentimentos e hábitos e


regular as próprias condutas.
Reconhecer e avaliar as características que constituem a própria
identidade, identificar como repercutem nas relações sociais,
Habilidades de relacioná-las ao projeto de vida e comprometer-se com sua
Projeto de Vida construção.
Compreender que a identidade é uma construção que cada
indivíduo realiza ao longo de sua vida na interação com o meio, sob
a influência de elementos políticos e socioculturais, e respeitar a
diversidade de identidades.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 233


Objetos de
Identidade pessoal, linguagens artísticas e práticas culturais.
conhecimento

Materiais Aparelhos para reprodução audiovisual.

Tempo de aula 8 aulas de 120 minutos

Este projeto tem como meta a

criação de um sarau voltado à


expressão dos conteúdos das
identidades dos estudantes através de
diferentes linguagens e modalidades
artísticas.
Tem por objetivo favorecer o reconhecimento
e a construção da identidade pessoal do estudante,
bem como conhecer, valorizar e respeitar a
diversidade de identidades manifestadas pelos
colegas, tomando-as, ademais, como fonte de
reflexão e aprendizado sobre si.

O projeto tem duração aproximada de 8


aulas de 120 minutos (podendo ser desenvolvido
em menos tempo) e visa articular diferentes
componentes curriculares, com destaque para
Projeto de Vida, Língua Portuguesa, Educação Física
e Artes. No tocante ao componente de Língua
Portuguesa, por exemplo, o projeto contempla a
seguinte habilidade preconizada pela BNCC:

Participar de eventos (saraus, competições


orais, audições, mostras, festivais, feiras culturais
e literárias, rodas e clubes de leitura, cooperativas
culturais, jograis, repentes, slams etc.), inclusive
para socializar obras da própria autoria (poemas,
contos e suas variedades, roteiros e microrroteiros,
videominutos, playlists comentadas de música etc.)
e/ou interpretar obras de outros, inserindo-se nas
diferentes práticas culturais de seu tempo.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 234


Recomenda-se que o projeto seja iniciado em
algum momento posterior à conclusão dos temas 1
e 2 da Parte 1, uma vez que contemplam conteúdos
que serão exigidos para a realização do projeto.

ETAPAS DO PROJETO
1) Apresentação do projeto, pesquisas e
apresentação de seminário sobre diferentes
linguagens e modalidades artísticas
Sugestão de organização do tempo de aula:
aulas 1 e 2

Exponha a proposta e os objetivos do projeto,


bem como as expectativas de aprendizagem pelas
quais serão avaliados. Para isso, faça a leitura coletiva
da descrição do projeto no material do estudante e
apresente a rubrica de avaliação.

Ao apresentar aos estudantes as linguagens e


modalidades artísticas que poderão ser apresentadas
no Sarau - slam; música; literatura de cordel; tirinha;
desenho/pintura; vídeo-minuto ou instalação
artística -, verifique se gostariam de adicionar outra
linguagem. Vale mencionar que a instalação artística
poderá combinar diversos objetos que revelem
conteúdos da identidade dos estudantes, tais como
fotografias, itens pessoais, textos, desenhos etc.

Em seguida, organize os estudantes em


grupos. Cada grupo deverá realizar uma pesquisa e
apresentar um seminário sobre uma das linguagens
supracitadas. A pesquisa poderá ser realizada
em horário fora da grade horária ou pode-se
disponibilizar uma aula do projeto.

O seminário deverá conter, obrigatoriamente, os


seguintes conteúdos: que linguagem é essa; gêneros,
movimentos ou vertentes; exemplos de artistas que
manifestaram aspectos de suas identidades por meio
dessa linguagem. Chame a atenção dos estudantes
para o fato de que a expressão da identidade nas artes

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 235


pode estar presente quando o artista expressa seus
valores, ideologia, visão de mundo, eventos relevantes
de sua história de vida, entre outros conteúdos.

Recomenda-se estabelecer um tempo máximo


para a apresentação de cada seminário. Após cada
apresentação, pode ser destinado um tempo para o
esclarecimento de dúvidas e para comentários que
possam contribuir com a ampliação do repertório
dos estudantes.

O seminário poderá ser utilizado como


instrumento de avaliação complementar à
apresentação no Sarau.

2) Eleição da linguagem artística por meio da qual


será feita a apresentação no Sarau
Sugestão de organização do tempo de aula: aula 3

Após a apresentação dos seminários, os


estudantes deverão eleger a linguagem artística por
meio da qual irão expressar suas identidades. Sendo
a identidade uma construção individual, recomenda-
se que as produções sejam individuais. Entretanto,
é possível oferecer a possibilidade de um grupo de
estudantes realizar uma apresentação coletiva, que
expresse elementos comuns a suas identidades e
também as particularidades de cada um.

É importante registrar a escolha de cada


estudante para acompanhá-lo ao longo do processo
e avaliá-lo. Com isso, também será possível ter
um panorama de suas preferências e prever
possibilidades de organização do Sarau. Além disso,
a depender dos interesses e das demandas dos
estudantes, pode-se desenvolver um trabalho de
aprofundamento sobre algumas dessas linguagens
nos componentes curriculares de Língua Portuguesa,
Artes e Educação Física.

3) Planejamento e elaboração da manifestação


artística

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 236


Sugestão de organização do tempo de aula:
aulas 3 e 4

Nessa etapa, os estudantes contam com um


quadro, cuja finalidade é auxiliá-los a organizar
o planejamento e a elaboração da manifestação
artística. O quadro deverá ser preenchido conforme
os estudantes forem definindo e desenvolvendo os
diferentes tópicos requisitados. Além disso, deve
ser revisado e atualizado ao longo dessa etapa
do projeto. No momento do planejamento, é
fundamental informar aos estudantes o tempo que
terão para elaborar a produção para que possam
estruturar o cronograma.

Alerte-os para o fato de que serão avaliados


tanto pela expressão dos conteúdos de suas
identidades como pela forma e adequação da
manifestação artística. Nesse sentido, peça que
revisem os registros e produções realizados até esse
momento e que explorem exemplos de artistas e
produções no campo da linguagem com a qual irão
trabalhar. Tais conteúdos deverão constar no tópico
Conhecimentos e Habilidades.

Essa etapa, ao menos em parte, deve ser feita na


escola, sob a supervisão dos docentes, que devem
orientá-los em relação à qualificação da produção.
A orientação pode ser distribuída entre diversos
docentes e os colegas também poderão cooperar
uns com os outros no aprimoramento da produção.

4) Organização do Sarau
Posteriormente ou simultaneamente ao
planejamento e elaboração da manifestação artística,
deve-se iniciar a organização do Sarau. Essa etapa
também pode ser protagonizada pelos estudantes,
que podem formar comissões para auxiliar os
educadores a pensar na estrutura do evento, produzir
materiais de divulgação, preparar o espaço no dia de
sua realização e organizar as apresentações.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 237


5) Ensaio
Sugestão de organização do tempo de aula:
aulas 5 e 6

Para aqueles que forem fazer uma performance


(slam, música ou contação de história), é
fundamental a orientação de ensaiar a apresentação,
considerando aspectos como a postura da voz, a
expressão corporal e o uso do espaço. O ensaio é
de grande valia para antecipar possíveis erros, fazer
ajustes e ganhar maior segurança.

6) Realização do Sarau
Sugestão de organização do tempo de aula:
aulas 7 e 8

O dia do Sarau deve ser um evento de


visibilidade na comunidade escolar, o que demanda
preparar e ornamentar o espaço onde será realizado,
e investir em sua divulgação. É importante que
haja um mestre de cerimônia, que pode ser um
estudante, para comandar as apresentações.

Tendo em vista a diversidade de linguagens


artísticas e a quantidade de estudantes a expor
suas produções, é preciso organizar os espaços
e tempos das apresentações, considerando as
que poderão ser afixadas em diferentes espaços
da escola e aquelas que serão performadas e
que, portanto, demandam um momento de
apresentação e o uso de recursos audiovisuais.

7) Avaliação do projeto
O projeto Sarau das Identidades deverá ser
avaliado mediante o uso da rubrica de avaliação,
que contempla as principais expectativas de
aprendizagem do projeto. Apresente-a aos
estudantes para que conheçam os critérios
pelos quais serão avaliados. Solicite que
também respondam à rubrica de avaliação.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 238


Esta é uma oportunidade de reflexão sobre a
experiência individual no âmbito do projeto e,
consequentemente, de aprendizado. A autoavaliação
dos estudantes poderá servir como recurso
complementar à avaliação do educador.

Para saber mais sobre as linguagens


e modalidades artísticas que poderão
ser apresentadas no Sarau:

Vídeo-minuto
Festival do Minuto

Esta página web do Festival do Minuto, criado


em 1991 e dedicado à seleção e valorização de
vídeos de até 60 segundos, contém um acervo de
mais de 65 mil vídeos amadores e profissionais,
apoiados em diferentes tipos de tecnologias,
incluindo celulares e câmeras portáteis.
link externo
Acesso: 13/06/2020.

Nova Escola

O plano de aula “conhecendo a estrutura de um


vídeo-minuto” elucida as suas características, como
produzir essa modalidade audiovisual e usá-la como
ferramenta pedagógica.
link externo
Acesso: 13/06/2020.

Slam
Jornal USP
O texto ‘Slam’ é voz de identidade e resistência
dos poetas contemporâneos” aborda a história e as
características da poesia slam.
link externo

Acesso: 13/06/202.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 239


Grito Filmes

Selo independente destinado à publicação


de produção audiovisual de jovens. No canal do
YouTube é possível encontrar músicas, apresentações
e batalhas de slam para inspirar os estudantes.
link externo

Acesso: 13/06/202.

Literatura de cordel
Cultura Genial

A página descreve a origem, as características,


os poetas e poemas da Literatura de Cordel.
link externo

Acesso: 13/06/202.

Instalação artística
Arte / Ref

Nesta página dedicada à arte contemporânea,


é apresentado o conceito de instalação artística e
alguns exemplos de artistas e obras famosas.
link externo

Acesso: 13/06/202.

Tirinha
Casa Beta

A página web apresenta dicas de estruturação e


técnicas para a produção de tirinhas.
link externo

Acesso: 13/06/2020.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 240


Canva

Plataforma que possibilita a criação de tirinhas


digitalizadas.
link externo

Acesso: 13/06/2020.

Pixton

Plataforma de criação de tirinhas digitalizadas.


link externo

Acesso: 13/06/2020.

Clique aqui para acessar o material do estudante em pdf

Clique aqui para acessar o material do estudante editável

Referências Bibliográficas
ARAÚJO, Ulisses Ferreira de. Temas transversais e a estratégia de
projetos. São Paulo: Moderna, 2003.
BLASI, Augusto; GLODIS, Kimberly. The development of identity.
A critical analysis from the perspective of the self as subject.
Development Review, 1995. p. 404-433.
ERIKSON, Erik. Identidade: juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar,
1976.
HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização
do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um
caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998.
MOSHMAN, David. Adolescent rationality and development: cognition,
morality, and identity. 3. ed. Taylor and Francis Group, 2011.
SILVA, Marco Antonio Morgado da. Conservação e mudança na
integração de valores morais às representações de si de adolescentes.
2020. 231 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de
Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.

PROJETO DE VIDA GUIA DO EDUCADOR - 1º ANO | PROJETO INTERDISCIPLINAR 241


RUBRICA PROJETO
SARAU DE IDENTIDADES

Protagonismo e autonomia

0 1,0 1,5 2,0

Atuou no Atuou com


Atuou no Atuou no
desenvolvimento autonomia no
desenvolvimento desenvolvimento
do projeto sempre desenvolvimento
do projeto mais do projeto com
ou quase sempre do projeto,
em função do autonomia,
em função do tomando iniciativa
incentivo ou tomando iniciativa
incentivo ou na realização de
comando de um na realização de
comando de um pesquisas, no
adulto ou de um pesquisas, no
adulto ou de um planejamento e
colega do que por planejamento e
colega, e não por na realização da
iniciativa pessoal, na realização da
iniciativa pessoal, apresentação, por
seja na realização apresentação,
seja na realização vezes necessitando
de pesquisas ou sem necessitar do
de pesquisas ou do incentivo ou
no planejamento comando de um
no planejamento comando de um
e realização da adulto ou de um
e realização da adulto ou de um
apresentação. colega.
apresentação. colega.

Plano de organização da apresentação

0 1,0 1,5 2,0

O desenvolvimento
O desenvolvimento
do projeto ou Desenvolveu o
do projeto e a
a apresentação projeto e pautou a
apresentação não
foram parcialmente apresentação em Desenvolveu o
foram realizados
realizados grande parte com projeto e pautou a
mediante a
mediante a base em um plano apresentação com
elaboração de
elaboração de de organização, base em um plano
um plano de
um plano de porém, faltou de organização no
organização e este
organização e este coerência e qual descreveu,
não apresentou
não apresentou consistência na com coerência
coerência e
coerência e descrição de e consistência,
consistência
consistência ao menos um o roteiro, os
na descrição
na descrição dos seguintes conhecimentos
dos seguintes
dos seguintes tópicos: roteiro, e habilidades,
tópicos: roteiro,
tópicos: roteiro, conhecimentos os recursos e o
conhecimentos
conhecimentos e habilidades, cronograma.
e habilidades,
e habilidades, recursos e
recursos e
recursos e cronograma.
cronograma.
cronograma.

PROJETO DE VIDA 242


Linguagem artística

0,0 1,5 2,5 3,0

A apresentação A apresentação
Faltou clareza na foi clara, bem foi clara, bem
A apresentação
apresentação ou articulada articulada e
não foi clara e
autoria e/ou a e utilizou a autoral. Utilizou a
não utilizou a
linguagem artística linguagem artística linguagem artística
linguagem artística
não foi empregada escolhida de escolhida de
escolhida de
de forma forma apropriada, forma apropriada
forma adequada,
apropriada, o que porém poderia ter e com estética
revelando a
indica que houve elaborado melhor bem elaborada,
ausência de
pouca apropriação os elementos revelando
apropriação de
de referências estéticos e/ou apropriação de
referências.
estéticas. explorado mais a referências e
criatividade. criatividade.

Elaboração da identidade pessoal

0,0 1,5 2,5 3,0

A articulação
e síntese de Articulou e
Não articulou diferentes sintetizou Articulou e
e sintetizou elementos parcialmente sintetizou
diferentes pessoais e sociais diferentes diferentes
elementos de sua identidade elementos elementos
pessoais e sociais (valores, objetivos, pessoais e sociais pessoais e sociais
de sua identidade experiências de sua identidade de sua identidade
(valores, objetivos, e pessoas (valores, objetivos, (valores, objetivos,
experiências significativas etc.) experiências experiências
e pessoas não receberam e pessoas e pessoas
significativas etc.) destaque ou não significativas etc.) significativas etc.),
e não expressou o foram feitas com e/ou não expressou expressando o
que pensa e sente clareza. Não o que pensa que pensa e sente
sobre sua inserção expressou o que e sente sobre sobre sua inserção
na sociedade. pensa e sente sua inserção na na sociedade.
sobre sua inserção sociedade.
na sociedade.

Clique aqui para baixar a ficha de avaliação

PROJETO DE VIDA 243

Você também pode gostar