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República de Angola

Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação


Polo Universitário de Relações Internacionais da Universidade de
Luanda

LICENCIATURA EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Organizações Internacionais: ASEAN

Luanda, Maio de 2022


Polo Universitário de Relações Internacionais da Universidade de Luanda

Organizações Internacionais: ASEAN

Integrantes do Grupo:
Catarina Bravo
Creusa Gualdino
Geraldo Muassangue
Simão Chumbo
Tamara Delgado

Grupo nº 5
2º Ano
Turma: M2.1
Turno: Manhã

O professor: Alexandre Pascoal

Luanda, Maio de 2022


Índice
INTRODUÇÃO..............................................................................................................6

Cap. I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................8

1.1 CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL................................8

Cap. II ASEAN...............................................................................................................9

2.1 Surgimento da ASEAN.........................................................................................9

2.2 Pacto Constitutivo da ASEAN............................................................................10

2.3 A Carta da ASEAN.............................................................................................11

2.4 Estados-Membros................................................................................................12

2.5 Estrutura Orgânica da ASEAN...........................................................................12

2.6 Classificação da ASEAN....................................................................................14

2.7 Caracterização da ASEAN..................................................................................15

2.7 Natureza Económica da ASEAN........................................................................16

2.8 Modo de Actuação da ASEAN...........................................................................17

Conclusão......................................................................................................................19

Referências Bibliográficas........................................................................................20
INTRODUÇÃO
O presente trabalho, com o tema Associação do Sudeste Asiático, trata primeiro por
analisar os diversos conceitos de Organizações Internacionais apresentados pelos diversos
autores.
O trabalho encontra-se estruturado em capítulos, resultando dela dois (2), com títulos e
subtítulos. No primeiro capítulo aborda-se-à sobre o conceito de organizações
intergovernamentais, onde verificou-se o papel fundamental que as Organizações
Internacionais desempenham no sistema internacional em si dada a interdependência
crescente dos Estados e dos povos, nos mais diversos domínio da actividade humana. Existem
para dar respostas a fenómenos que isoladamente os Estados não conseguiriam resolver.
Trataremos por discorrer sobre a ASEAN, já no segundo capítulo, onde pudemos
perceber que esta surge em um momento de instabilidade na região do Sudeste Asiático;
abordaremos também sobre o seu pacto constitutivo, que é o documento que vai estabelecer as
normas para garantir o funcionamento da organização; aborda-se-à também sobre a estrutura
orgânica da ASEAN, onde esta conta com dez órgãos desde a Cimeira da ASEAN a fundação
da ASEAN; abordaremos sobre a classificação da ASEAN que são quanto a sua finalidade,
seu âmbito territorial e quanto ao poder; e por último abordaremos sobre a caracterização da
organização. Faremos uma pequena análise sobre o modo de actuação da Associação das
Nações do Sudeste Asiático, onde veremos quais são as medidas adoptadas pela ASEAN face
aos desafios da região do Sudeste Asiático.
Entretanto, de que forma a Associação das Nações do Sudeste Asiático tem
contribuído para manter a estabilidade política e económica na região do Sudeste Asiático?
Em decorrência da formulada questão de partida, levantou-se as seguintes hipóteses:
H1 – Adoptando estratégias de manutenção da paz e segurança na região do Sudeste-
Asiático;
H2 – Acções comuns da organização no campo da integração económica e da chamada
cooperação funcional.
Quanto à metodologia aplicada para a construção do trabalho, recorreu-se aos
procedimentos e técnicas de pesquisa para uma elaboração coerente.
Quanto aos procedimentos, a pesquisa é bibliográfica. A pesquisa bibliográfica “é feita
a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos

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e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas da web site. Permite ao pesquisador
conhecer o que já se estudou sobre o assunto”. (Gerhardt & Silveira, 2009, p. 37).
E com recorte à técnica de pesquisa, utilizou-se a análise documental. A análise
documental é uma técnica em que “a fonte de colecta de dados está restritamente a
documentos, escritos ou não, constituindo o que domina de fontes primárias”. (Marconi e
Lakatos, 2003, p. 174).

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Cap. I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL


Após a primeira guerra mundial (1914-1918), o cenário político internacional sofreu
uma alteração atinente à ênfase analítica nas suas unidades componentes, deixando de
centrar-se principalmente numa análise estatocênctrica para uma visão pluralista dos seus
actores com a formalização da Sociedade das Nações, uma organização internacional que
tinha como objectivo principal guiar o mundo para que não aconteça conflitos militar
equiparado ao desaire ocorrido entre 1914 e 1918. Deste modo, com o surgimento da
Sociedade das Nações, as organizações internacionais ganham impacto quer seja no Direito
Internacional, quer seja no campo das Relações Internacionais.
As Organizações Internacionais podem ser Internacionais Governamentais ou Não
Governamentais (ONG); ao que nos importa tratar é sobre Organizações Internacionais
Governamental.
Uma Organização Internacional Governamental é uma associação de Estados, de
forma voluntária, estabelecida por acordo entre os seus membros e dotado de um aparelho de
órgãos permanente, encarregados de prosseguir à realização de objectivos de interesse comum
através da cooperação entre eles.
De acordo com Sousa (2005, p. 131), uma Organização Internacional Governamental é
uma “estrutura institucional formal que transcende as fronteiras nacionais, criada por acordo
multilateral entre os Estados. Traduz vontade política de cooperação e é dotada de organismos
permanentes encarregados da concretização dos objectivos da organização”.
As Organizações Internacionais surgem consoante as necessidades e questões que
escapam do domínio de um único Estado. Tal como fez saber Accioly, Nascimento & Casella
(2012, p. 638) “as Organizações Internacionais multiplicam-se à medida que aumenta a
conscientização a respeito dos problemas específicamente internacionais (…)”.
Numa outra concepção, as Organizações Internacionais são coletividades inter-
estatais, criadas através de um tratado multilateral, com constituição e objeto definidos, que
não possuem territórios ou populações, mas uma associação voluntária de sujeitos de Direito
Internacional, com vontade própria e personalidade jurídica.
Hodiernamente assistimos a um número crescente de Organizações Internacionais,
facto que nos remete a uma grande importância dada a essas associações estatais.

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Cap. II ASEAN
Aborda-se muito sobre as Organizações Intergovernamentais dos continentes europeu,
americano e até mesmo africano, mas pouco se aborda sobre as Organizações
Intergovernamentais do continente asiático no geral e do Sudeste Asiático em particular.
Sendo assim, este trabalho abordará sobre uma das Organizações Intergovernamentais do
sudeste asiático, ASEAN (Association of Southeast Asia Nations ou Associação das Nacões
do Sudeste Asiático como conhecida em português).

2.1 Surgimento da ASEAN


O Sudeste Asiático historicamente é uma região marcada por inúmeros conflitos. Foi a
partir de um conflito que surgiu a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Com o surgimento e o decorrer da Guerra Fria, o mundo foi dividido em dois campos
rivais que disputavam o domínio de um sobre o outro. Estas acções levaram os novos Estados
emergentes a adoptarem uma postura não alinhada, levando alguns Estados como a Tailândia
a procurar estabelecer relações cooperativas com os outros Estados da região do Sudeste
Asiático, consideram-se que os resultados destas relações cooperativas buscadas pelos
Estados foram negativas, ou seja, não surtiram os efeitos esperados. Destas relações
estabelecidas, surgiu, em 1961, a Associação do Sudeste-Asiático (ASA), uma organização
formada por 3 Estados, Filipinas, Malásia e Tailândia. Esta foi a primeira organização de
cooperação regional do Sudeste Asiático; muitos autores consideram esta organização como
antecedente da ASEAN.
Os Estados do Sudeste Asiático precisavam e preocupavam-se com a criação de uma
organização de cooperação pelos seguintes motivos:
Com a retiradas das potências coloniais haveria um espaço de poder que atrairia
Estados de fora com o objectivo de obter este poder, a ideia de Estados vizinhos trabalhando
juntos deveria ser encorajada para poderem lutar contra interferências externas;
A cooperação entre Estados diferentes (que não compartilham dos mesmos objectivos)
localizados em espaços geográficos distantes seria ineficaz. Portanto, a cooperação deveria ser
feita entre os Estados que viviam próximos uns dos outros e que compartilhavam dos mesmos
interesses;

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A união de forças entre os Estados do Sudeste Asiático tornou-se imperativa para que
os Estados desta região fossem ouvidos e efectivos. Esta união possibilitaria os Estados
fortalecerem-se nas suas posições e se protegerem contra a rivalidade das grandes potências.
Após a criação da ASA, esta organização teve um problema. Um conflito territorial
entre as Filipinas, Indonésia e Malásia, devendo-se ao facto de que a administração britânica,
ao retirar-se do Bornéu do Norte (Sabah), atribuiu a jurisdição do território à Malásia.
Esta disputa territorial causou o colapso da ASA. Estando a ASA paralisada devido a
disputa territorial entre alguns de seus Estados membros (Filipinas e Malásia) e Indonésia,
houve a necessidade da criação de uma nova organização intergovernamental.
Na tentativa de resolução deste conflito por parte do governo tailandês, o então
ministro das relações exteriores da Tailândia (Thanat Khoman), convidou os representantes
das Filipinas, Indonésia e Malásia para realização de uma reunião em Bangkok (Tailândia).
Juntou-se também nesta reunião o governo de Singapura.
Assim sendo, no dia 8 de Agosto de 1967, os ministros das Relações Exteriores da
Indonésia, Filipinas, Malásia, Singapura e Tailândia reuniram-se no edifício das Relações
Exteriores em Bangkok, Tailândia, e assinaram um documento conhecido como Declaração
da ASEAN. Em virtude deste documento, foi criada a Associação das Nações do Sudeste
Asiático (ASEAN).

2.2 Pacto Constitutivo da ASEAN


A formalização de existência de uma Organização Internacional Governamental dá-se
por meio de um acto ou pacto constitutivo.
Segundo Bobbio (1999), toda Organização Internacional de carárcter governamental
tem a sua origem numa carta, onde nelas estão estabelecidas os direitos, obrigações,
objectivos, poderes, faculdades, etc., ao qual os seus membros são titulares.
O acto/pacto constitutivo da ASEAN, assentado na Declaração da ASEAN ou
Declaração de Bangkok, foi assinado em 8 de Agosto de 1967 pelos representantes de Estado
ou governo da Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura e Tailândia – estes cinco que viriam a
tornara-se nos membros-fundadores da Associação das Nações do Sudeste-Asiático (ASEAN)
–, tendo declarado a fundação da ASEAN com os seguintes objectivos (The ASEAN
Declaration, 1967):
1. Acelerar o crescimento económico, o progresso social e o desenvolvimento
cultural da região, através de esforços conjuntos no espírito de igualdade e

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parceria, a fim de fortalecer os alicerces para uma comunidade próspera e
pacífica das Nações do Sudeste Asiático;
2. Promover a paz e estabilidade regional através do respeito pela justiça e pelo
Estado de direito nas relações entre os países da região e a adesão aos
princípios da Carta das Nações Unidas;
3. Promover uma colaboração activa e assistência mútua em assuntos de interesse
comum nos domínios económico, social, cultural, técnico, científico e
administrativo;
4. Prestar assistência mútua sob a forma de formação e investigação nas esferas
educacional, profissional, técnica e administrativas;
5. Colaborar de forma mais eficaz para uma maior utilização da sua agricultura e
indústrias, a expansão do seu comércio, incluindo o estudo dos problemas do
comércio internacional de mercadorias, a melhoria dos seus meios de
transporte e comunicação e o aumento do nível de vida dos seus povos;
6. Promover os estudos do Sudeste Asiático;
7. Manter uma cooperação estreita e benéfica com as organizações internacionais
e regionais existentes com finalidades e objectivos semelhantes, e explorar
todas as vias para uma cooperação ainda mais estreita entre si.
O primeiro grande encontro envolvendo todos os Estados-membros foi realizado em
Fevereiro de 1976.
E neste encontro, os Estados-membros da ASEAN adoptaram durante a conferência de
1976 o Tratado de Amizade e Cooperação, que apresenta os seguintes princípios
fundamentais (Treaty of Amity and Cooperations in Southeast Asia, 1976):
1. Respeito mútuo pela independência, soberania, igualdade, integridade
territorial, identidade nacional;
2. O direito de cada Estado para conduzir a sua existência nacional, livre de
interferências externas;
3. Não ingerência nos assuntos internos de outro país;
4. A renúncia à ameaça ou uso da força;
5. Cooperação eficaz entre si.

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2.3 A Carta da ASEAN
A Carta da ASEAN serve como uma base firme para a realização da Comuniade
ASEAN, fornecendo um estatuto legal e um quadro institucional para a ASEAN. Também
codifica as normas, regras e valores da ASEAN; estabelece objectivos claros para a ASEAN;
e apresenta responsabilidade e conformidade.
A Carta da ASEAN entrou em vigor a 15 de Dezembro de 2008 com a presença dos
Ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN no Secretariado da ASEAN em Jacarta.
De acordo com a Carta da ASEAN (The ASEAN Charter, 2008), Capítulo 1, artº 1,
números 1 e 3, a Associação das Nações do Sudeste Asiático foi fundada com os objectivos
de: manter e reforçar a paz, a segurança e a estabilidade e reforçar ainda mais os valores
orientados para a paz na região e preservar o sudeste-asiático como zona livre de armas
nucleares e livre de todas as outras armas de destruição maciça.

2.4 Estados-Membros
As organizações internacionais, como já foi referido aqui, entendem-se como
associações de Estados que unem-se para cooperarem entre si sob diversas temáticas que
escapam ao controle de um único Estado.
Deste modo, elas são compostas por Estados que, ao fazerem parte dessas agremiações
estatais, são considerados como Estados-membros.
A ASEAN conta actualmente com 10 Estados-membros (The ASEAN Charter,
capítulo 3, artº 4): Brunei Darussalam, o Reino de Camboja, a República da Indonésia, a
República Popular Democrática do Laos, Malásia, a União de Myanmar, a República das
Filipinas, a República da Singapura, o Reino da Tailândia e a República Socialista do
Vietnam.

2.5 Estrutura Orgânica da ASEAN


A estrutura administrativa da ASEAN integra diversos órgãos, dez órgãos pra ser mais
específico, nomeadamente:
 A Cimeira da ASEAN
 O Conselho de Coordenação da ASEAN
 Os Conselhos Comunitários da ASEAN
 Os Organismos Ministeriais Sectoriais da ASEAN
 A Comissão Intergovernamental para os Direitos Humanos
 Secretário-Geral e o Secretariado Geral da ASEAN
 Comité de Representantes Permanentes para ASEAN
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 Secretariados Nacionais da ASEAN
 Órgão dos Direitos Humanos da ASEAN
 Fundação ASEAN
A Cimeira da ASEAN é o órgão supremo de decisão política da organização. A
Cimeira da ASEAN é deliberada, fornece orientação política e toma decisões sobre questões-
chave relativas à realização dos objectivos da ASEAN, assunto importante de interesse para
os Estados membros e todas as questões que lhe são submetidas pelo Conselho de
Coordenação, pelos Conselhos Comunitários e pelos Órgãos Ministeriais Sectoriais da
ASEAN. Reúne-se duas vezes por ano e é composta pelos Chefes de Estado ou de Governo da
ASEAN.
O Conselho de Coordenação da ASEAN é composto pelos Ministros dos Negócios
Estrangeiros dos países membros. Reúne duas vezes por ano e decide os critérios e regras de
compromisso com entidades externas, incluindo organizações da sociedade civil. O Conselho
de Coordenação da ASEAN deve ser apoiado pelos altos funcionários competentes.
Os Conselhos Comunitários da ASEAN incluem o Conselho Comunitário de Política
e Segurança, o Conselho Comunitário Económico e o Conselho Comunitário Sociocultural.
Estes Conselhos são compostos por um representante ministerial de cada Estado-membro da
ASEAN e o papel de cada um deles é coordenar o trabalho dos diversos organismos sectoriais
de sua respectiva comunidade, com vista a alcançar os objectivos dos pilares da ASEAN.
Cada Conselho Comunitário reúne duas vezes por ano. Os Conselhos devem implementar as
decisões da Cimeira da ASEAN, mas também podem apresentar relatórios e recomendações à
Cimeira para consideração.
Os Órgãos Ministeriais Sectoriais da ASEAN engloba os ministros de sectores
específicos, reportam aos Conselhos Comunitários e têm a função de reforçar a cooperação no
seu sector e a implementação das decisões da Cimeira da ASEAN.
A Comissão Intergovernamental para os Direitos Humanos e a Fundação ASEAN
que também são organismos baseados na Carta da ASEAN. A Fundação foi criada em 1997
para apoiar programas de desenvolvimento social de redução da pobreza e das disparidades
económicas no âmbito da ASEAN, bem como para facilitar uma maior interação entre os
povos da ASEAN.
O Secretariado da ASEAN, localizado em Jacarta. apoia o funcionamento quotidiano
da ASEAN. Chefiado pelo secretário-geral da ASEAN, o Secretariado desempenha um papel
importante na elaboração de planos de acção em colaboração com altos funcionários da
ASEAN para implementar decisões tomadas nas reuniões da ASEAN.

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O secretário-geral é nomeado pela Cimeira da ASEAN para um mandato não
renovável de cinco anos. Conta com o apoio de quatro diferentes Estados-membros. Dois
Vice-Secretários Gerais são nomeados pelos Estados-membros numa base rotativa de três
anos não renováveis; os outros dois são recrutados com base no mérito, por um período
renovável de três anos, e são nomeados pelo Conselho de Coordenação ASEAN. Um papel
essencial do Secretariado é facilitar a cooperação ASEAN com parceiros externos.
Cada stado-membro da ASEAN também tem um Secretário nacional, cujo papel é
coordenar a implementação das decisões da ASEAN a nível nacional.
A Carta da ASEAN exige que cada Estado-membro tenha um representante
permanente, com função de embaixador, em Jacarta. O Comité de Representantes
Permanentes encarrega-se de apoiar o trabalho dos conselhos comunitários e os Organismos
Ministeriais Setoriais da ASEAN, em coordenação com os Secretariados nacionais e com o
Secretariado da ASEAN. Os Representantes Permanentes devem também facilitar a
cooperação com os parceiros externos.

2.6 Classificação da ASEAN


Segundo a Teoria Geral das Organizações Internacionais, o mundo das organizações
internacionais é considerado extremamente heterogêneo. As organizações internacionais
podem ser classificadas segundo diferentes critérios e a Associação das Nações do Sudeste
Asiático (ASEAN) não é uma excepção. Esta Organização pode ser classificada:
Quanto às suas finalidades: As Organizações Internacionais podem ser de
finalidades gerais ou específicas, sendo que as gerais caracterizam-se por abarcar todas as
matérias consideradas úteis, sem nenhuma limitação explícita, tendo como exemplo a ONU. E
as específicas também denominadas como especiais, representam a maior parte das
Organizações Internacionais e estas podem ser de várias finalidades. A ASEAN é uma
organização com finalidades especiais, pois, esta organização desenvolve actividades em
âmbitos bem definidos e abarca mais de uma finalidade como: políticas, económicas e socio-
culturais.
Quanto ao seu âmbito territorial: No que diz respeito à localização geográfica das
Organizações Internacionais, estas podem ser classificadas como organizações de carácter
universais ou regionais. As organizações de carácter universais são aquelas não têm qualquer
limitação geográfica para que um Estado venha a ser membro e estas organizações podem
actuar em qualquer parte do globo. As organizações de carácter regionais são aquelas

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localizadas em um determinada região, como o caso da ASEAN. A Associação das Nações do
Sudeste Asiático classifica-se como uma organização de carácter regional, pois, o seu pacto
constitutivo limita a sua actuação e esta encontra-se localizada em uma determinada região
que é o Sudeste Asiático. Esta é uma organização fechada, ou seja, restringe a sua cooperação
e integração a um número limitado de Estados se baseando no princípio da exclusão e
apresenta um aspecto mais homogêneo.
Quanto ao poder: As Organizações Internacionais quanto ao poder podem classificar-
se como: organizações de cooperação e/ou integração. As Organizações de Cooperação são
aquelas em que a organização procura realizar acções coordenadas entre os seus membros
com o fim de alcançar os objectivos colectivos, ou seja, os Estadados membros cooperação
entre si para alcançar os objectivos traçados pela organização, respeitando a soberania dos
Estados membros. As Organizações de Integração também denominadas de Unificação são
aqueles em que os Estados membros cedem parte da sua soberania para organização.
Inicialmente quando surge a ASEAN, esta surge como uma organização de cooperação onde
os Estados membros cooperação para alcançar os objectivos iniciais da organizaçã que eram:
lutar contra as interferências externas, unir os Estados da região do Sudeste Asiático, etc. Com
o decorrer das décadas, a Associação das Nações do Sudeste Asiático foi se desenvolvendo,
passando por um processo de transição de uma organização de cooeperação para uma
organização de integração. Esta organização de integração visa a unificação de todos os
Estados membros.

2.7 Caracterização da ASEAN


Segundo Silva (2008) toda organização internacional, para ser considerada como tal,
deve apresentar no mínimo, uma Assembleia Geral e Secretariado Permanente. Outras
características completam a definição das organizações:
 Ordenamento Jurídico Próprio: As Organizações têm um ordenamento
jurídico próprio. A ASEAN é regida pela sua constituição que é a Carta da
ASEAN, que estabelece os objectivos, finalidades e regula as relações entre os
Estados membros, ou seja, A carta é responsável pela regularização do
funcionamento da mesma;
 Personalidade Jurídica de Direito Internacional Público: As Organizações
podem celebrar tratados em nome próprio, por meio de seus representantes. A

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personalidade jurídica concede a organização a susceptibilidade de ser titular
de direitos e obrigações.
 Existência de Órgãos Permanentes: Para a Organização funcionar deve ter
uma estrutura administrativa, no entanto geralmente as Organizações têm pelo
menos três órgãos:
o Cimeira da ASEAN: Funciona como órgão executivo, onde as decisões
mais importantes são feitas;
o Assembleia: Todos os membros participantes da Organização
participam;
o Secretariado Geral da ASEAN: órgão que organiza as reuniões, o
arquivo, faz o funcionamento burocrático.
 Poderes Próprios: A Organização deve ter poderes para agir, ou seja, os
Estados membros da ASEAN devem ceder parte da sua soberania para a
Organização ganhar poder.
 Sede Própria: como qualquer outra organização a ASEAN também tem a sua
própria sede e esta localiza-se em Jacarta (Indonésia).
Qualquer Estado pode se tornar membro de uma organização internacional uma vez
que esteja dentro dos objetivos da mesma. No que diz respeito à autonomia, segundo Bregalda
(2009) decorre do reconhecimento da personalidade jurídica internacional das organizações
internacionais, possui ordem jurídica própria, determinando como cada um dos órgãos irá
executar suas atividades.

2.7 Natureza Económica da ASEAN


A formação desta organização, tornou-se essencial para a dinamização da economia
globalizada. Sendo assim, alguns países do sudeste-asiático se uniram na busca pelo
desenvolvimento e fortalecimento económico formando um grande bloco regional que ficou
conhecida pela sigla ASEAN.
ASEAN promove a união entre os países, estabilizando o campo político e econômico
dos envolvidos a partir do fomento da competitividade e produção de produtos dos países
diferentes.
O bloco foca-se no desenvolvimento do comércio e na intensificação das trocas
comerciais entre os países integrantes.

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Em 1992, foi criada uma zona de livre comércio, implementada gradativamente até
2008 com essa, ocorreu a redução das tarifas alfandegárias entre os membros do bloco.
O conjunto de países que formam o bloco contam um aproximado 649.071.500
milhões de habitantes.
O bloco possui um PIB de 2,986 trilhões de dólares (2018), sendo um dos blocos
econômico mais ricos do mundo. Os blocos econômicos representam sistemas de interação e
integração entre países do mundo, de forma a assegurar e dinamizar as relações diplomáticas,
económicas, e políticas de determinadas regiões.
ASEAN possui um acordo de cooperação com a União Europeia, e ainda com países
como Japão, China, Coreia do Sul, Austrália, Índia, Paquistão entre outros.

2.8 Modo de Actuação da ASEAN


O modus operandi distintivo da ASEAN – "ASEAN way" –, como descreve Beeson
(2009, p. 17) “não só atraiu grande interesse acadêmico de admiradores e detratores, mas
também foi copiado, em certa medida, por outras instituições como o fórum de Cooperação
Econômica Ásia-Pacífico (APEC)”. A expressão ASEAN way refere-se a uma série de
princípios aos quais os Estados-membros da organização se baseiam. Tais princípios norteiam
o processo de solução de conflitos por parte da organização, além da construção de um regime
de segurança na região.
Neste sentido, a ASEAN conseguiu exercer uma influência na sua região, Sudeste-
Asiático, como conseguiu também alargar a sua influência na região Ásia-Pacífico (Beeson,
2009).
A partir de uma estratégia de manutenção da paz e segurança na região do Sudeste-
Asiático, a ASEAN pode criar uma agenda de crescimento económico, de desenvolvimento
cultural e social, baseada nas relações de cooperação e alinhamento entre as esferas
governamentais dos Estados-membros e uma intensa disseminação dos efeitos (alcance) de
um processo de integração que gradativamente tomava corpo entre os Estados. Essa realidade
estendeu-se para tantas ocasiões, comprovadas pela assiduidade com que as Conferências
Ministeriais foram sendo realizadas, como pela criação do Fórum Regional da ASEAN em
julho de 1994 e até hoje actuante. “Após a Guerra Fria, os Estados da ASEAN e as elites
empresariais ligadas ao Estado tentaram exportar o seu capital e modelos de governação para
os Estados vizinhos”, Jones (2012, p. 1).

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Nesses casos, os objectivos de manutenção de paz e segurança regional continuam
alinhados a aqueles de desenvolvimento de uma estrutura para cooperação económica entre os
Membros.
É importante considerar que as normas criadas no âmbito da ASEAN e sua aplicação
nos campos da cooperação política, económica, social e cultural, especialmente conforme
estabelecidos nos dispositivos da Declaração de Bangkok, aparecem como modelos para
formulação de políticas legislativas domésticas em países em desenvolvimento. Aqui
destacam-se, fundamentalmente, acções comuns da organização no campo da integração
económica e da chamada cooperação funcional. Na primeira área, a ASEAN estabelece a
actuação dos Membros relativamente aos acordos preferenciais de comércio, iniciativa de
integração da ASEAN (IAI), alimentação e agricultura, direitos aduaneiros, solução de
controvérsias, telecomunicações e tecnologias da informação, relações económicas, finanças,
indústria, propriedade intelectual, investimentos, energia e recursos minerais, serviços,
pequenas e médias empresas, turismo e transportes.
A ASEAN também destaca a adopção de políticas comuns entre os Estados-membros
nas áreas de cooperação envolvendo as chamadas questões transnacionais. Nessa categoria
estão inseridos, fundamentalmente, os objectivos de protecção do meio ambiente, controle da
poluição transfronteiriça e transporte de materiais perigosos, crime e terrorismo internacional
e tráfico de drogas. Os Estados Membros consideram tais questões como expressões da área
de fronteira de actuação internacional da ASEAN.
No campo do desarmamento e não proliferação de armas nucleares, a tradição
alcançada pela Organização no plano internacional resultou da adoção pelos Membros da
importante Declaração sobre a Zona de Paz, Liberdade e Neutralidade (ZOPAN), ainda em
1971, tendo sido posteriormente aprofundada com a criação do Programa da ASEAN para
Promoção da Não-Proliferação de Armas Nucleares de 1993. Um movimento favorável às
políticas regionais de desmilitarização de não-proliferação concretizou-se com a entrada em
vigor do Tratado sobre a Zona Livre de Armamentos Nucleares do Sudeste Asiático de 1995,
por meio do qual os Estados Membros da ASEAN estabeleceram a criação de “zonas de
desarmamento nuclear”, como tentativa de afastar, por completo, a ingerência dos Estados
Unidos na região (como acontecia até o inicio da década de 90 em bases militares na
Indonésia). Criava-se igualmente a Comissão para a Zona Livre de Armamentos Nucelares do
Sudeste Asiático (“Commission for the Southeast Asia Nuclear Weapon-Free Zone”), dotada

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de importantes atribuições no contexto de desarmamento nuclear na Ásia, sobretudo pelo
apelo que representou a concepção geral de preservação da segurança regional.
A mesma preocupação no domínio da ASEAN estendeu-se para o campo da proteção
internacional do meio ambiente, levando os Estados Membros à composição de uma trama de
instituições e procedimentos regionais para a aplicação e observância das normas
comunitárias, fundamentalmente, da Declaração de Manila sobre o Meio Ambiente de 1981, e
a Declaração de Jacarta sobre Desenvolvimento Sustentável de 1987 e o Acordo da ASEAN
de 2002 sobre Poluição Transfronteiriça.

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Conclusão
Feito a pesquisa em disposição, pudemos observar que a Associação das Nações do
Sudeste-Asiático (ASEAN) surge por meio de um deslize da Associação do Sudeste-Asiático
(ASA). Esse grupo que veio substituir a ASA tem como objectivos o desenvolvimento
socioeconómico da região, a manutenção da estabilidade política, a promoção da paz,
realização de projetos para agricultura e o sector industrial, investimentos na educação e a não
ingerência dos assuntos internos de outro país.
O objectivo central da criação da ASEAN é o estreitamento dos laços entre os países
membros visando sobretudo, o desenvolvimento econômico, social, cultural da região.
Pouco conhece-se sobre a ASEAN pela sua política de “não-interferência” nos
assuntos internos dos outros, o que torna esta organização como actuante somente. Não
obstante a falta de destaque do referido bloco económico-regional, comparando com outras
instituições de relevo, a ASEAN tem cumprido com aquilo que faz menção ao seu programa
curricular e desta forma actuando no maior ou menor grau de destaque.

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Referências Bibliográficas
Bobbio, N. (1998) Dicionário de Política, 11ª Ed (Vol.1): Universidade de Brasília

Sousa, F. (2005) Dicionário de Relações Internacionais: Edições Afrontamento, CEPESE.

Jones, L. (2012) ASEAN, Sovereignty and Intervention in Southeast Asia: Palgrave Macmil-
lan, England

Beeson, M. (2009) Institutions of the Asia Pacific: ASEAN, APEC and beyond; Routledge,
London and New York

The ASEAN Declaration ( Bangkok Declaration) (1967)

ASEAN Charter (2008), ASEAN Secretariat

Treaty of Amity and Cooperation in Southeast Asia (2010)

Del’Olmo, F. S. (2006) Curso de Direito Internacional Público. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense

Silva, R. L. (2008) Direito internacional Público. Belo Horizonte: Del Rey.

Accioly, H., Nascimento, G. E. & Casella, S. P. B. (2019) Manual de Direito Internacional


Público. 24ª ed. São Paulo: Saraiva Educação

Accioly, H., Nascimento, G. E. & Casella, S. P. B. (2012) Manual de Direito Internacional


Público. 20ª ed. São Paulo: Saraiva Educação

ASEAN History. Recuperado de: https://asean.org/about-us. Acessado em 17 de Maio de


2022

Francisco , W . C . "ASEAN" ; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/geografia/asean.htm. Acesso em 17 de Maio de 2022.

Associação das Nações do Sudeste Asiático. Wikipédia. Recuperado de:


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