Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
24 de jan de 2017
Abordarei um assunto que não agradará talvez a muitos. Sou acusado, as vezes,
de dogmatismo. Na verdade, para mim, não é uma acusação, é mesmo um elogio,
pois me considero realmente um dogmático. E por que gosto tanto do rótulo?
Simples, porque, para se ter um princípio, ele tem de ser estabelecido
dogmaticamente. Por exemplo, o "Sola Scriptura" é um princípio estabelecido pelo
axioma de que a Escritura é a verdade, e nada mais além da verdade. Quando
alguém defende este princípio, não pode defendê-lo sem aplicá-lo. Se o faz, ele
está demolindo o princípio, não o princípio em si mesmo, mas a sua certeza nele.
Ainda que um ou dois digam que a Escritura é a verdade, mas ao se deparar com
o texto bíblico considera-o com falhas, incongruências ou contradições, ele não
tem o princípio do "Sola Scriptura" como absoluto. O que ele diz defender não está
em harmonia com o seu pensamento. E ele então tem dois dogmas: o primeiro,
diz crer que a Escritura é a verdade; o segundo, reconhece e defende
intelectualmente que a Escritura não é infalível e santa. Na prática, ele se
contradiz. Mas a qual tipo de verdade ele crê, então? Ele não crê na verdade, mas
numa possibilidade de verdade, de que, como leitor ou ouvinte, pode ou não
perceber algum aspecto da verdade, e de que a verdade não é objetiva. É algo
intuitivo, experiencial, sensitivo, e que guarda em si um grande problema: como o
indivíduo poderá se aperceber de que o que leu ou ouviu é verdadeiro ou não?
Quem diz que a Escritura é a verdade, mas crê que há nela paradoxos ou
antinomias [1], desenvolve um conflito de interesses, pois acreditará em um dos
pontos, jamais em ambos, visto serem antagônicos. Para se afirmar que a Bíblia é
a verdade, terá também de afirmar que nela não há paradoxos. Para se acreditar
em paradoxos, não se poderá acreditar que a Bíblia é a verdade. Ou seja, uma das
afirmações tem de ser verdadeira e a outra falsa. Ambas não podem ser
verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. O Senhor Jesus aplicou muito bem este
conceito quando do Sermão do Monte: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não,
não; porque o que passa disto é de procedência maligna" [Mt 5.37].
Assistindo aos Três Patetas [The Three Stooges], em dado momento, Moe e Larry
conversavam à mesa:
Moe: Só imbecis têm certeza absoluta!
Larry, curioso: Tem certeza?
Moe respondeu, convicto: Claro!
É impossível não rir... A piada da dupla [genial, ao meu ver], delineia perfeitamente
o erro daqueles que afirmam categoricamente não haver "verdade", mas
consideram a afirmação uma verdade absoluta. Moe confirmou, ao mesmo
tempo, duas coisas:
1) De que estava a afirmar algo quando a sua afirmação dizia não haver algo
afirmável ou conhecível. Ao se sustentar a impossibilidade de se ter uma certeza
absoluta, a própria declaração contradiz o teor do que se é afirmado. Há uma
contradição que inviabiliza completamente todo o fundamento da afirmação,
reconhecendo a sua própria ininteligibilidade, como um conceito
autoinsustentável.
2) Quando diz ter certeza de que somente imbecis têm certeza, Moe se considera
ao mesmo tempo imbecil e contraditório, visto ser impossível ele manter a sua
declaração "absoluta" sem dar um tiro no próprio pé.
Da mesma forma, quando se diz que a Bíblia é a verdade e de que ela contém
paradoxos, temos uma afirmação contraditória [não aparentemente contraditória
como querem alguns; mas, como já disse, essa expressão é ilógica e não quer
dizer absolutamente nada]; pois ou há de se crer em uma ou em outra coisa;
ambas são simplesmente impossíveis e irreconciliáveis, ao impugnarem-se
mutuamente, por contrastarem-se como antíteses; duas proposições
inteiramente contrárias.
Então se chegará facilmente à conclusão de que não é a Escritura que tem
paradoxos, mas o homem é quem os cria ao não reconhecer os claros e
definitivos objetivos de Deus em proclamar a verdade absoluta na revelação, pois
Deus não pode não revela-los, já que os revelou.
De certa forma, todos somos meio burros diante da grandeza da revelação divina.
Algo evidente é a sua perfeição, possível de se reconhecer até mesmo por seres
imperfeitos como nós. Porém, como a palavra fiel de Deus, ela é santa e perfeita,
e em si mesmo garante-nos a sua santidade e perfeição porque proveniente do
Deus santo e perfeito; logo, objetivamente, não é uma questão subjetiva, ainda
que seja de fé. Nesse caso, é a fé objetiva na palavra objetiva que garante a
objetiva perfeição e santidade do texto sagrado. Não há espaço para antinomias,
e é isso o que ela diz.
Via:http://www.xn--klamos-pta.blog.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
‹ Página inicial ›
Visualizar versão para a web
Tecnologia do Blogger.
Colaboradores