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Educação de jovens e adultos e a diversidade


Prof. Ricardo Luiz da Silva Fernandes

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Descrição

O debate sobre a educação popular, as políticas públicas da Educação


de Jovens e Adultos (EJA) voltadas à diversidade e à inclusão e a
participação dos movimentos sociais.

Propósito

Ao estudar a educação popular e pensar sobre os sujeitos da EJA em


nosso país, podemos fortalecer as estruturas coletivas que buscam a
superação dos limites evidenciados no ensino regular.

Objetivos

Módulo 1

EJA e a educação popular

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Analisar o impacto da ausência da EJA na BNCC.

Módulo 2

Diversidade
Reconhecer a diversidade como princípio norteador da EJA.

Módulo 3

Inclusão e tecnologia
Relacionar a inclusão dos estudantes dessa modalidade com as
práticas avaliativas e novas tecnologias na EJA.

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Introdução
Qual é a relação entre a EJA e a educação popular? Você já pensou
sobre isso?

Caso ainda não tenha pensado, vamos conversar sobre as


participações dos movimentos coletivos pela educação em nosso
país e o papel popular da Educação de Jovens e Adultos. Não
podemos ignorar os limites existentes na educação regular e nos
sujeitos que precisam ser incluídos numa outra modalidade de
ensino.

Refletiremos juntos sobre a ausência da EJA na BNCC, sobre o


papel da diversidade nessa modalidade de ensino, os aspectos
inclusivos das avaliações externas e os impactos das novas
tecnologias.

1 - EJA e a educação popular


Ao �m do módulo, você será capaz de analisar o impacto da ausência da EJA na BNCC.

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Educação para o povo
Vamos começar conhecendo o conceito de educação popular. Ele vai
aparecer algumas vezes aqui e é bom ouvir os professores Rodrigo
Rainha e Nathália Serenado.

A pergunta provocada na introdução precisa circular na sua cabeça


durante toda a nossa conversa. Quem sabe assim possamos em
conjunto construir uma resposta possível.

Qual é a relação entre a EJA e a educação popular?

O desafio que faço a vocês é que construam comigo uma trajetória


reflexiva e que nos seus movimentos de tentativa de responder à
pergunta central, o lugar da EJA na BNCC, você pense sobre os
seguintes pontos:


Os sujeitos que são público-alvo dessa
modalidade de ensino


O contexto sociopolítico da educação
fundamental no Brasil


O silenciamento histórico de milhares de
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sujeitos dos processos educativos


É importante para o nosso processo de reflexão saber que cada um tem
suas experiências pessoais. Portanto, abrimos aqui um momento para
um relato, a fim de que possa aproximar as suas histórias de tantas
outras.

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As minhas lembranças sobre educar


jovens e adultos começaram muito
cedo, na infância, convivendo
cotidianamente com minha avó
analfabeta, que sabendo o lugar da
educação e o vazio que ela pode
gerar nos sujeitos, decidiu formar
três filhas professoras e duas
enfermeiras. Lembro de todas as
conversas que tivemos e muitas
delas eram sobre a ansiedade de
vivenciar os seus netos sendo
alfabetizados e concluindo seus
estudos, e ela sabendo apenas
assinar seu primeiro nome.

Foram muitas as situações de


constrangimento que presenciei ao
lado dela, e numa oportunidade
muito especial, uma de suas filhas
ingressou como professora do
Programa Alfabetização Solidária.
Vovó venceu o constrangimento e
foi muito além da escrita de seu
primeiro nome. Eu, ainda criança,
frequentava as classes do
programa, atuava como uma
espécie de professor assistente e
vivenciava as descobertas de leitura
e de escrita por minha avó e suas
amigas.

(Experiência do autor)

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O ensino de adultos passa, além de suas técnicas, pelo entendimento de


uma arqueologia profunda do seu significado social. Vamos fazer uma
aliteração, de arqueologia. Vamos cavar profundamente as raízes da
exclusão e seus impactos, uma nova forma de fazer arqueologia, no
sujeito e nos artefatos dolorosos e perdidos.

O fato de não poder ler por precisar trabalhar, depois os problemas


sociais da vida adulta e, agora, na reconstrução desse universo da
leitura. Uma arqueologia que será constituída no coletivo, no encontro
com seus pares.

Um universo de leitura e escrita que se dará pelo encontro com os


interesses dos outros e na identificação de seus próprios. Assim, seu
universo arqueológico de leitura será pautado pela experiência e na
possibilidade de superar o papel decodificador da leitura.

Vamos retomar aqui alguns conceitos, partindo de sua reflexão sobre a


EJA e do relato que trago sobre as narrativas de vovó nesta modalidade
de ensino:

A EJA é uma ação coletiva de reparação social, de


caráter biográfico e arqueológico dessa modalidade de
ensino e com uma importância de valorizar os
coletivos sem silenciar as subjetividades.

Ao trazer esta experiência, pretendo enfatizar o quanto a alfabetização e


a Educação de Jovens e Adultos faz parte de nossa vida. Sabemos que
o percentual de pessoas analfabetas em nosso país ainda é elevado,
mais de 6%, de acordo com o IBGE. Apesar dessa taxa ter caído
levemente, o Brasil ainda possui 11 milhões de analfabetos.

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IBGE
De alguma forma, alguns desses sujeitos de 15 anos ou mais permeiam
as nossas relações pessoais ou profissionais e são cotidianamente
alijados dos processos de ensino na idade certa.

Re�exão

Convido vocês a, neste momento, pensar no contexto da Educação de


Jovens e Adultos (EJA) em nosso país. Em que momentos de sua vida
você ouviu falar de pessoas que foram acolhidas por essa modalidade
de ensino? Que memórias ou questionamentos você possui a respeito?

Faça breves anotações em um bloco de notas e tente identificar suas


primeiras reflexões.

O silêncio da EJA na Base Nacional


Comum Curricular
Como podemos pensar que a BNCC em sua constituição ignora mais
uma vez 11 milhões de brasileiros?

BNCC

A Base Nacional Curricular Comum, compreendida como um conjunto


de conhecimentos e habilidades essenciais que cada estudante
brasileiro deve aprender nas diferentes etapas da Educação Básica, está
prevista na Constituição Federal de 1988, na LDB de 1996 e na meta 7
do PNE de 2014, quando esta indica a obrigatoriedade do fomento à
“qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com

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melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem”.

Um documento que pretende orientar e conduzir as ações educacionais


em todo o Brasil reforça o mesmo abandono e repete os processos de
negação desses sujeitos?

Na tentativa de respondermos o porquê do silenciamento da EJA,


convido vocês a analisar cada uma das competências gerais da BNCC e
refletir comigo sobre os processos de negação do público-alvo da EJA.
Uma oportunidade de empurrar milhares de estudantes para a
modalidade escondendo-os como poeira para debaixo dos tapetes e
maquiar os resultados da educação regular. Mas, antes de tirarmos
conclusões, vamos olhar para as competências gerais da BNCC para
refletir sobre o (não) lugar da EJA:

Competência 1: Conhecimento 

Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente


construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para
entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e
colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.

Quais são os conhecimentos historicamente construídos por


esses sujeitos que são público-alvo da EJA?

Os movimentos de ingressar no ensino fundamental e sair por


questões múltiplas, que, muitas vezes, dizem sobre os impactos
sociais, e ou, o não direito de ingressar por falta de oferta ou pela
atração oferecida pelo mercado de trabalho, podem trazer uma
série de contribuições para os processos históricos da
educação. Ao ignorar esses sujeitos e seus processos, a BNCC
não atenta para os limites de suas atuações e não se posiciona
sobre os sujeitos deixados para trás na busca constante por uma
qualidade da educação.

Não podemos pensar na construção de uma sociedade justa


sem fornecer um subsídio para a permanência de todos os
alunos no ensino regular e oferecer uma diretriz pautada no
debate coletivo daqueles que, em casos extremos, precisem ser
alvo da EJA.

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Competência 2: Pensamento científico, crítico e criativo 

Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem


própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base
nos conhecimentos das diferentes áreas.

Vamos retomar, na análise desse ponto, “a necessidade de uma


senhora e de suas amigas de escreverem seus nomes.”

Ao querer participar de movimentos, que para muitos são


simples, assinar seu próprio nome, estamos falando de uma
tentativa de demarcar as suas identidades. Deixando sua marca
nos documentos regulares das relações sociais e de não ser
mais um sujeito que não compreende os canais de comunicação
escritos. Neste exemplo, a curiosidade intelectual é: por que
milhões de brasileiros são cotidianamente negados a esse
direito, porque a EJA, enquanto espaço de (re)inserção desses
alunos, não pode ser pensada sob esse viés científico e
reflexivo?

Nesse movimento de inserir os excluídos pelo ensino


fundamental num processo de análise crítica, a Base teria que
contextualizar os movimentos históricos de exclusão social,
racial, política, ambiental, de gênero e muitas outras. O (não)
lugar é uma tomada de posição nesse cenário, uma que ignora
os fluxos constantes de exclusão e que delega aos outros seus
possíveis “fracassos”, e não as políticas públicas.

Competência 3: Repertório cultural 

Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais,


das locais às mundiais, e também participar de práticas
diversificadas da produção artístico-cultural.

Vamos a um momento de perguntas:

Quem são os sujeitos da EJA? Seríamos levianos em definir e

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delimitar, ignoraríamos suas histórias de vida e construiríamos


um padrão etnocêntrico pautado no olhar limitado sobre os
outros. Mas esse movimento de não caber num padrão está
dentro das competências da BNCC?

Ao propor uma valorização da diversidade cultural, estamos


pensando nos movimentos de contracultura? Uma cultura
formada por corpos silenciados e negligenciados de diversas
maneiras pelo poder público? Os corpos da EJA produzem
cultura e artes, mas essa arte está inserida no olhar linear e
limitado da Base?

Podemos, juntos, dizer que não, ela não está disposta a romper
com um olhar padronizado das experiências culturais
vivenciadas nos espaços escolares.

Existe um debate: a EJA estaria chegando a seu fim. Cada vez


mais pessoas passariam pelo ensino regular e os números
dessa modalidade pouco a pouco passariam a ser
desnecessários. Realmente, a educação formal nesse sentido
tem diminuído, mas por que tantos projetos de educação popular
ganham força? Será que as políticas públicas estão em divórcio
com os anseios populares mais surdos, menos vistos? Vamos
investigar.

Competência 4: Linguagem 

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,


como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemática e
científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

Podemos falar agora na polifonia da EJA: muitas dessas vozes


são cotidianamente silenciadas. Seja num ingresso tímido no
ensino fundamental e no silenciamento gerado pela exclusão,
em diversas situações já ouvi a expressão: “Estamos apenas
esperando esse aluno completar quinze anos para não ser mais
nosso problema”! Falas que foram direcionadas a alunos com
dificuldade de relacionamentos na comunidade escolar, público-
alvo da educação especial, ou que apresentavam questões

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sociais.

A escola, assim como a Base, não está disposta a construir uma


comunicação direta com esses sujeitos. Existe um senso
comum de que o ensino na idade certa não é o lugar desses
alunos e que na EJA eles poderão ser acolhidos, como se a
espera pela exclusão fosse um movimento natural e legítimo.
Como ouvi em algumas situações: “Aqui ele não cabe, precisa ir
para o noturno ver como a vida é, ou no período da tarde estudar
com os jovens que pensam como ele, aí ele vai aprender”.

A BNCC deveria proteger todos os que são direcionados dessa


maneira para o programa EJA e orientar para o respeito ao
espaço-tempo de aprendizagem, a continuidade da vida escolar
e a ampliação dos lugares de aprendizagem (precisamos
compreender que a escola não é o único agente da sociedade
que educa, a comunidade e as experiências dos alunos precisam
estar evidenciadas nos currículos).

Competência 5: Cultura digital 

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação


e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva.

Talvez o próximo nos permita retomar o distante. Vamos retornar


à primeira experiência relatada com a EJA, uma das lições que
foram aprendidas: a de valorizar o papel e a escrita. Os relatos
sobre a relação com a EJA apontam para o destaque da
importância de deixar sua marca.

Isso nos dá tantas ideias... Dá para voltar ao Egito. Lá alguém


morria quando não era mais lembrado, quando suas marcas não
estavam mais nas paredes dos templos – lugar de sacerdotes e
faraós, lá era o lugar da eternidade e, aos mais pobres, o sonho
de como servos servirem à eternidade ou estarem fadados ao
eterno esquecimento. Um faraó mal quisto tinha seu nome
apagado como forma de punição.

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Juntar essas experiências nos faz entender que, nesse


movimento de retorno à educação, ou, para muitos, o ingresso
inicial, mais que tudo, a oportunidade de viver o mundo letrado
parece ser importante. Ela valorizava a escrita física como uma
tecnologia e em toda a rede de conhecimentos que
manipulamos ao escrever uma simples palavra.

Na busca por uma qualidade mensurável, estatística, a BNCC


recorre mais uma vez ao olhar para um futuro que ignora o
passado e não observa o presente. A reflexão precisa ser feita,
sim, mas não apenas para uma parcela da população que segue
o fluxo etário, mas todos que foram/são alijados da
oportunidade de seguir esse fluxo e continuar seus processos
educativos.

Qual o currículo que deve ser pensado para a EJA e de que


maneira um currículo pensado com a orientação da BNCC não
suprimiria os afetos, as autorias e o protagonismo?

Minha avó valoriza a escrita e esse movimento pode ser


deslegitimado em prol de um projeto pautado na tecnologia e na
redução do que é considerado ultrapassado? As escolhas, as
metodologias, os interesses devem ser coletivos e centrados nos
interesses dos alunos.

Competência 6: Trabalho e Projeto de vida 

Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e


apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.

Lidar com educação popular é viver a crise do mundo do


trabalho. Trabalho para núcleos populares, para pessoas
historicamente sem possibilidade, é reparação histórica.

Vou apresentar o caso de um de meus alunos, que estava numa


turma de ensino regular e que não conseguia concluir seus
estudos devido às dificuldades de aprendizagem e a diversas
questões sociais. Daniel é você, é alguém que você conhece,

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Daniel está por aí todos os dias.

• Veja também o vídeo com o exemplo do Daniel, logo após a


apresentação das competências

Daniel estava ansioso para conseguir um emprego e acreditava


que essa seria sua passagem para o mundo adulto, na sua
cabeça o trabalho era uma maneira de fugir do ciclo da pobreza.
Numa de nossas conversas, ele disse: “Professor, já estou
aprendendo a ler e a escrever, tá sendo mais fácil este ano, mas
acho que isso tudo não é para mim!”. Aquele seria seu último
ano, ele demostrava diversas insatisfações por estar crescendo
e a todo momento perceber o fluxo das turmas, os colegas
passavam e ele continuava na mesma série. Por mais que eu
conversasse com ele sobre o direito de ele estar naquele lugar e
que nós enquanto professores deveríamos oferecer um ensino
adaptado à sua realidade, ele demonstrava constrangimento e
uma sensação de não pertencer àquele espaço.

O trabalho, estudar no turno da noite e poder virar um adulto, era,


naquele momento, sua ambição e, de certa forma, o sistema
educacional fortalecia esse sentimento. Ele não compreendia o
mercado de trabalho e não o fazia porque lhe fora negada uma
relação própria com esse mundo, e era atraído a ocupar um lugar
que não seria centrado na reflexão. O que fazer com Daniel? Em
um ensino regular, alguns professores conversaram sobre a
relação desigual do mercado de trabalho, sobre a escola ser, sim,
seu espaço legítimo.

Competência 7: Argumentação 

Argumentar com base em fatos, dados e informações


confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.

Existe um interesse em que todos, repito, todos os alunos do


ensino fundamental saibam e consigam formular
argumentação?

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Ao olhar para a Base em como o ensino mecanizado e


instrucional forma uma massa que não consegue realizar a
leitura de informações básicas em seu cotidiano ‒ o que
favorece diretamente a construção de uma comunicação social
que não dá espaço para a inferência de informações e que já
aponta respostas para as questões sociais.

As notícias, as propagandas e o modo de ser são elaborados e


interpretados pelos produtores de conteúdo. Ao precisar, por
diversos motivos, escolher entre estudar e atuar como mão de
obra no mercado de trabalho, podemos dizer que esse sujeito
manteve o seu direito de autocuidado? Ou, ao ocupar postos de
trabalho, com baixa remuneração, em empreendimentos que não
respeitam as questões socioambientais por falta de alternativa e
não poder estabelecer uma comunicação com suas lideranças
sobre os impactos sobre sua vida e de sua comunidade?

A Base, ao ignorar a EJA, toma partido nas relações sociais e


deixa evidente que seu papel não é oferecer a qualidade de vida
para os milhões de estudantes de nosso país, mas engessar o
lugar dos alijados socialmente e fornecer um coletivo de
trabalhadores.

Competência 8: Autoconhecimento autocuidado 

Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e


emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

Esta é uma das competências que mais chamou a minha


atenção, sobretudo, pensando nos impactos da saúde física e
emocional dos alunos que não conseguiram seguir o fluxo
regular de escolarização.

Numa de minhas conversas com uma educadora da EJA, ela


demostrava a sensação de segurança que muitos alunos
construíam em sua sala de aula, o senso de coletividade era
intenso e as relações interpessoais eram construídas de maneira
respeitosa. Mas por que esses sujeitos só encontraram suas
seguranças numa sala de aula da EJA?

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Nesse (entre) lugar, uma sala de aula onde não existe a pressão
pela qualidade protagonizada pela BNCC, a pressão por concluir
os estudos na idade certa, muitos sujeitos perceberam que suas
identidades não seriam silenciadas. Ao entender o tempo não
como um fator limitador e perceber que suas questões sociais e
emocionais não seriam negligenciadas em detrimento de um
fluxo, existiu a possibilidade do encontro e da construção de
outros mecanismos de aprendizagem, muitas vezes pautados no
afeto.

Competência 9: Empatia e cooperação 

Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a


cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

A lógica dos anos de escolaridade da BNCC prevê a construção


das aprendizagens de uma forma espiralada, em que, a cada ano,
existirão conhecimentos determinantes para os seguintes, com a
construção de uma rede de dependência que não possibilita
espaços de retomada.

Todo esse processo, esse fluxo, está conectado diretamente a


uma angústia coletiva por um resultado, que deverá gerar um
trabalhador apto a ocupar seu posto no mercado de trabalho.

Como podemos pensar numa construção de aprendizagem


empática se em cada ano de escolaridade o aluno deverá
cumprir com um roteiro, um script que deverá estar alinhado às
ambições socioempresariais? Ao estabelecer um sujeito ideal,
que deverá estar pronto ao final do ensino médio, como
poderemos construir um diálogo e uma negociação sobre o
modelo esperado pela Base?

Competência 10: Responsabilidade e cidadania 

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Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a


cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

O último ponto trata de cooperação, responsabilidade e tomada


de decisões. Mas voltamos para os nossos sujeitos da EJA. A
sua ausência na Base corresponde a essa competência e, ao
ignorá-los, estão incoerentes com suas competências gerais. A
E x epalavra
m p l o d aansiedade
c o m p e t êreforça
n c i a 6 : oTsentido
r a b a l h ogeral
e p r odaj eBNCC.
t o d e vUma
ida
ansiedade por resultados, por construir modelos e por não
observar aqueles que estão apagados em seus processos de

 aprender e ensinar.

A vida do meu aluno Daniel


Quantos alunos iguais ao Daniel existem por aí? Com quantos você
esbarrou? Isso se repete cotidianamente com muitos jovens e adultos
que percebem no trabalho uma alternativa aos percalços vividos durante
sua vida escolar. Percebemos uma visão equivocada de que o trabalho
oferece aos alunos uma sensação de emancipação e de garantia de
direitos. Mas será que todos os alunos da EJA conquistarão seus
objetivos nesse mercado?

Na análise das competências gerais, conseguimos refletir sobre a


negação da EJA na BNCC, o que demarca um equívoco conceitual. Toda
a sua redação deveria ser pautada na centralidade da educação popular,
no reconhecimento dos limites de oferta e das políticas públicas do
ensino fundamental e na (re)inserção dos sujeitos ausentes dos bancos
escolares.

Ao mirar no resultado e na qualidade, a Base não faz uma reavaliação de


seus hiatos e não se propõe a uma leitura crítica dos processos

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históricos de segregação da educação brasileira. Acredito que a BNCC


perdeu a oportunidade de convidar os movimentos sociais e a
sociedade civil para pensar nos impactos das exclusões sociais e
observar a EJA como um espaço de legitimação de novas oportunidade
educacionais.

Não conseguiremos entender a educação básica do País sem ler as


trajetórias daqueles que foram convidados a procurar um outro lugar
para sua formação e alfabetização.

O pássaro Sankofa e a educação de


jovens e adultos
Olhar para o passado, viver o presente e planejar o futuro, esta é a lição!
O passado da educação brasileira começa na inserção de um idioma
que deveria superar todos os outros, os já falados pelos povos
originários e os trazidos pelos povos da diáspora africana.

Os mais otimistas dirão que a língua portuguesa é como um bom feijão,


que mistura ingredientes improváveis para formar um sabor inenarrável.
Mas podemos negar o papel catequizante na educação colonial e na
exclusão vivenciada pelos milhares de escravizados? Esse é o nosso
passado, que também contou com a ação dos quilombolas,
abolicionistas e os milhares de militantes da educação popular.

Não temos um passado calado, salve Paulo Freire! Mas, no presente,


ainda temos milhares de pessoas que não foram alfabetizadas, adultos
que foram empurrados para atuar como mão de obra barata e os
desejos do patrão aceitar.

Hoje, na BNCC, não estamos descritos, mas os fóruns de EJA, os


professores, os movimentos sociais e as universidades estão atentas
para uma inserção ou não, será que o nosso futuro cabe numa espiral?

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Eu acredito que não, pois a forma de aprender e ensinar da EJA é em


roda, na troca e na quebra do linear.

Vamos manter o pássaro Sankofa em nossa visão?

Em suas atuações, pense no impacto do passado, não como limitador. O


futuro como um projeto coletivo transformador! E, no presente, como
resultado de sua leitura do tempo e de tudo que você a cada segundo
conquistou.

Mão na Massa

Questão 1

No início de nossa conversa, você foi convidado a refletir sobre a


ausência da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na BNCC. Escolha,
dentre as opções abaixo, uma que represente a necessidade de refletir
sobre essa exclusão:

A Reforçar que a BNCC não precisa se preocupar com a EJA.

Pensar nos processos de exclusão de milhares de


B
brasileiros do ensino regular na idade certa.

Entender que não é papel da BNCC construir uma base que


C
oriente e formule políticas para a EJA.

Superar os debates do movimento social e reforçar que a


D
EJA realmente não cabe na BNCC.

Propor uma reflexão coletiva que oriente a atuação dos


E
profissionais de educação para negarem a EJA na BNCC.

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Parabéns! A alternativa B está correta.

A reflexão proposta é um convite para problematizar a ausência dessa modalidade de ensino e seu
Questão 2
silenciamento na Base Nacional Comum Curricular, além de destacar o alijamento da EJA.

Ao ingressar numa turma de EJA, os estudantes podem revisitar suas


memórias e encontrar novas relações de afeto com o mundo da leitura.
Nessa nova experiência com a escola, podemos dizer que:

Não poderão reconstruir sua arqueologia da leitura, seus


A
movimentos foram parados no ensino regular.

A leitura será prejudicada e nunca mais será possível


B
construir um movimento de arqueologia.

Todos precisam aprender a codificar os códigos de leitura


C
sem preocupação com a construção de uma arqueologia.

Será uma nova oportunidade de rever suas memórias do


D passado e construir uma arqueologia da leitura de maneira
positiva e crítica.

Esse movimento será limitado e pautado pela negação de


E
uma vida escolarizada.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Na EJA, os estudantes poderão fazer uma leitura crítica de suas primeiras tentativas de ingressar no
universo da leitura e restabelecer uma arqueologia da leitura que seja pautada nas novas
Questão 3
experiências que serão construídas nessa modalidade de ensino.

Numa sala da EJA, foi escrita pela professora a palavra “coletivo”. Nesse
momento, as histórias de vida começaram a se encontrar. Numa turma
que começava com alunos de 15 anos e com trajetórias distintas, eles
entenderam que aquele lugar, aquela sala, era um espaço de todos.
Quando a BNCC silencia esse aspecto da EJA, podemos dizer que:

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Ignora os aspectos reparadores da EJA, em compreender o


A
papel da educação pelos pares e na coletividade.

Reforça que esse não é o papel da EJA, pois ignora o


B
processo de formar para o trabalho.

C Supera a atuação da EJA, destacando o ensino regular.

Fortalece a BNCC em seu papel centralizador de um


D
ensino de prioridades.

Inclui milhares de estudantes que estão na idade certa,


E afinal esses que estão na EJA já tiveram suas
oportunidades.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A EJA possui um aspecto reparador da experiência educacional e a BNCC ignora o papel do coletivo
Questão 4
ao não incluir essa modalidade em seu texto.

Carlos estava cansado de ser reprovado, as aulas não eram mais de seu
interesse e os colegas não aceitavam sua participação em atividades
coletivas. As professoras já contavam os dias para que ele completasse
quinze anos e diziam que aquele não era mais o seu lugar. Carlos ainda
queria continuar naquela escola, mas sentia que aquele não era o seu
lugar.
Ao não incluir a EJA, podemos dizer que a BNCC contribui para o
processo de exclusão de Carlos do ensino regular?

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A Sim, esse é o papel que a BNCC deve cumprir.

Não, o aluno do exemplo deve ser encaminhado para EJA,


B
pois não consegue mais estudar no ensino regular.

Sim, mas é necessário fazer um filtro entre os que podem


C
ou não terminar a educação na idade certa.

Não, a culpa está nas escolas e na vulnerabilidade social


D
desses alunos.

Sim, ao colocar a educação regular num lugar de privilégio


E
negando uma proposta de reparação social.

Parabéns! A alternativa E está correta.

A BNCC não propõe uma reflexão crítica sobre o público-alvo da EJA e dos movimentos cotidianos
Questão 5
de exclusão de milhares de estudantes do ensino regular.

As falas representadas no esquema abaixo foram coletadas em


diferentes conselhos de classe do ensino regular. Qual a relação entre
essas falas e a ausência da EJA na BNCC?

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Na leitura da competência geral da BNCC, notamos uma


contradição entre o que ela propõe e o que é vivenciado
A
nas unidades escolares; na busca por um modelo de
qualidade, milhares de alunos são empurrados para a EJA.

É normal que estudantes sejam direcionados para a EJA,


B esse movimento é necessário para a qualidade da
educação.

A BNCC não propõe essa separação, seu texto reforça a


C diversidade dos alunos e não é preciso citar a EJA com
uma parte específica sobre essa modalidade.

Não existe relação, os problemas sociais existem há muito


tempo em nosso país e o ensino regular não deve ser um
D
lugar para todos os sujeitos. É preciso manter o Ensino
Fundamental apenas para os melhores.

Não existe relação, os profissionais estão apenas


E separando os alunos e direcionando aqueles que não
possuem perfil para a EJA.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Ao estruturar o ensino regular e pensar numa concepção de educação espiralada, a BNCC não faz
uma leitura crítica dos alunos que não serão atendidos por essa proposta. Além disso, não se propõe
Questão 6
a romper com as estruturas clássicas de exclusão presentes nas escolas.

A BNCC propõe a construção de um currículo que integre os alunos ao


mercado de trabalho. Podemos dizer que esse desejo serve para?

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Atender somente às demandas do mercado de trabalho


A pelos melhores profissionais, excluindo os não
capacitados.

Criar uma pré-seleção e deixar claro quem não consegue


B
atuar nos postos de trabalho.

Fortalecer os processos de exclusão do público-alvo da


C EJA e nos movimentos de expulsão de mais alunos do
ensino regular.

D Ensinar nas escolas como é ser um trabalhador ideal.

Eliminar os que não conseguirão cursar o ensino regular de


E
uma única vez.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Ao integrar a formação escolar regular, a construção de um tipo ideal de aluno ao final do ensino
médio, a BNCC exclui os alunos que sofreram com os movimentos de abandono escolar, ignora os
diversos motivos e delega a eles um lugar de fracasso, o que gera cotidianamente, em contradição
direta com as suas competências gerais, a expulsão de milhares de alunos para a EJA.

_black
Teoria na prática
Ao longo deste módulo compartilhamos experiências acerca da
educação popular. Faço agora um convite a vocês, a partirem de
suas anotações ou a utilizar o exemplo que trouxe para nosso
diálogo e pensar no impacto do silenciamento dessas histórias de
vida na BNCC.

Ao ignorar a EJA e, principalmente, ao não fazer uma leitura crítica


dos diferentes processos históricos de evasão escolar e da

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necessidade de retomar os estudos, a BNCC contribui para o


apagamento dessas histórias?

Não responda ainda. A minha proposta é que você escolha o nome


de uma pessoa que terminou ou que ainda cursa seus estudos na
EJA e faça um acróstico, contando um pouco de sua trajetória. Você
também pode utilizar o nome de um estudante que ainda não
conseguiu retornar para a escola ou utilizar o nome de minha avó,
Alzira.

Para cada uma das letras do nome, escreva uma palavra ou uma
frase e crie um texto que traga a legitimidade das histórias de vida
dessas pessoas para a educação de nosso País.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

A diretora de uma escola da EJA, preocupada com a mudança etária dos


novos alunos, decidiu fazer uma reunião com os professores para
dialogar sobre o ingresso massivo de alunos mais jovens nas turmas.
Podemos dizer que esse exemplo possui uma relação com a ausência
da EJA na BNCC?

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Sim, a visão linear exclui milhares de alunos ao impor um


A
espaço-tempo de aprendizagem centrado no resultado.

Sim, essa é uma orientação da BNCC e está nas


B
competências gerais.

Não, a base não estimula esse movimento e inclui todos


C os alunos e modalidades de ensino em seu texto, inclusive
a EJA.

Não, essa realidade é particular dessa escola e sabemos


D que o número de evasão escolar e de analfabetismo é
quase nulo em nosso país.

Sim, ao não incluir a EJA na BNCC, as políticas públicas


E esperam intencionalmente separar os bons alunos dos que
possuem rendimento baixo.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A proposta de BNCC de produzir um aluno apto ao mercado de trabalho insere na educação regular
Questão 2
uma pressão por um desenvolvimento pedagógico linear.

A Educação de Jovens e Adultos é uma iniciativa popular e coletiva. As


práticas e os currículos são pautados nas narrativas e nas histórias de
vida dos discentes. Qual o impacto direto da ausência desse currículo
coletivo na BNCC?

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Precisamos entender que o currículo precisa ser


etnocêntrico, pautar a cultura da maioria. A modalidade
A
EJA atende poucas pessoas e não pode determinar o crivo
para todo o ensino regular.

Não existe impacto, as escolas precisam se concentrar em


B
resultado, nas metas e nas avaliações externas.

O impacto direto é na efetivação de currículos lineares no


ensino regular que vão continuar excluindo milhares de
C alunos. Olhar para a EJA seria uma possibilidade de
pensar a educação como um espaço de construção
coletiva e popular.

Precisamos de um currículo do Brasil, algo que nivele a


D educação, que gere mais emprego e mão de obra. A
educação popular não responde a essa demanda.

O currículo coletivo é um currículo único, que nos forneçam


E condições de ir bem nas provas e formar bons alunos, não
percebo impacto nenhum!

Parabéns! A alternativa C está correta.

Olhar para os sujeitos que foram excluídos da educação regular seria uma oportunidade de rever as
diretrizes das políticas públicas em educação. No movimento de ignorar as historicidades desses
sujeitos, o ensino continua fomentando as evasões e criando entrelugares na educação.



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2 - Diversidade
Ao �m do módulo, você será capaz de reconhecer a diversidade como princípio norteador da
EJA.

Diversidade na EJA: valorizando os


diferentes saberes


Ser educador popular
Assista agora a uma conversa entre os professores Rodrigo Rainha e
Nathália Serenado sobre suas experiências como educadores
populares.

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Vamos entrar no clima! O que é ser um educador popular? Não podemos


começar nossa fala sem propor mais uma vez uma reflexão:

De que maneira o tempo e o espaço de aprendizagem dos


alunos da EJA são construídos?

Ao propor essa reflexão, você pode pensar na relação entre o tempo e o


espaço em que se aprende com a diversidade, será que existe? Pare um
pouco para refletir sobre isso, pode ser construído um mapa mental em
que esses conceitos constroem um encontro.

Pretendemos dialogar neste módulo sobre a necessidade de (re)criação


dos espaços educativos e a (re)afirmação das identidades desses
sujeitos em diferentes tempos de aprender/ensinar, entendendo que
essa modalidade de ensino surge como uma nova oportunidade de
ensino formal.

Ao pensarmos em conjunto sobre a construção de um espaço de


aprendizagem, um outro, focado na inclusão educacional, é importante
que esse espaço de aprendizagem não siga os modelos da escola de
ensino fundamental, a estrutura regular que falhou por uma vez ou mais
com esses alunos. Os agentes da EJA, os diversos profissionais da
educação, precisam pensar no lugar da diversidade.

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No campo das relações sociais,


ordem e desordem se alternam na
caracterização dos jovens. Esse
movimento pendular entre o jovem
como promessa e o jovem como
problema radica-se na
caracterização de uma socialização
demarcada pela tensão entre o peso
do passado e das velhas gerações
sobre as novas gerações. Embora
possam reconhecer esse legado e
até considerá-lo necessário à sua
integração ao mundo social, os
jovens não o valorizam a ponto de
condicionarem o presente a uma
recompensa que virá após longos
anos de socialização.

(DAYRREL; NOGUEIRA; MIRANDA, 2011)

A diversidade começa na demarcação etária, mas o


que seria essa definição de jovens e adultos, o que
determina a entrada numa fase e a saída de outra?

A juventude sofre uma pressão dualista de ser um sucesso e atuar


como responsável pelas mudanças da sociedade, e de ser um prejuízo e
um sinal de nosso fracasso enquanto sociedade. Esses dois lugares são
intensificados se você, por algum motivo, for egresso do Ensino
Fundamental.

A expressão abandono escolar assombra as vidas desses jovens e


insere em suas vidas uma marca de fracasso, “os que não
conseguiram”. Mas, ao definir um rótulo para esses jovens, estamos
ignorando os múltiplos contextos sociais, de aprendizagem, de gênero e

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raciais que permeiam os seus cotidianos. A culpa pelo abandono é


demarcada em primeira pessoa, mas a compreensão de que a escola
não conseguiu lidar com as diferenças culturais é ignorada.

Aqui a palavra diversidade precisa ser intensificada. Ela precisa ir além


da definição do dicionário e ser compreendida como um princípio da
EJA. Desafio vocês a lutarem por ela também no ensino regular.
Precisamos ter uma visão estrutural e ler os sujeitos como uma canção
da nossa cultura popular: que varia em cada região e possui diversos
ritmos, múltiplos estilos, vozes e instrumentos. Não podemos ignorar
que, mesmo com todos esses fatores semelhantes, numa mesma rua,
um cancioneiro pode ser modificado por aquele que o apresenta.

Nosso desafio enquanto profissionais da educação é entender e


respeitar esses ritmos diferentes e não tentar enquadrar num modelo ou
num código cultural. Não se pode chegar numa casa de jongo, numa
roda de samba ou numa quadrilha e esperar que todos sejam iguais,
alguns ritos podem dialogar e ser mantidos, mas é preciso valorizar e
reforçar as autorias.

Voltando ao nosso tema, sabemos que já (co)existe uma série de perfis


que são estabelecidos nas salas de professores por todo o País e
convidamos, ao longo de nossa conversa, para a ruptura com esse ciclo
de fortalecimento de estigmas.

Não podemos excluir mais, se a BNCC não abre um espaço para pensar
nos limites do ensino fundamental, nós, enquanto pensadores da
educação, devemos assumir esse protagonismo.

A primeira diversidade negada é a identidade e a não associação de sua


ação a tipos ideais. As histórias de vida, por mais parecidas, precisam
ser entendidas em seu espaço de construção e na percepção de que
cada sujeito é único e possuidor de historicidade.

Exemplo

Não podemos associar todos os alunos oriundos da favela como


violentos. Precisamos entender a violência como uma ação sistêmica

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do Estado e fugir da ideia de criminalização que atinge crianças e


jovens. Por mais que essa imagem esteja impressa nas capas de
jornais, seja lugar comum nas conversas, nós devemos romper com as
verdades viciosas e trazer novos olhares para as comunidades e seus
moradores.

Assim, não construiremos um modelo, um corpo típico para os alunos


que vivem nas favelas, mas estamos entendendo esse espaço e todos
os outros de nosso país como não determinantes das identidades, das
possibilidades de aprendizagem e relações. Dessa forma, muitos alunos
não serão excluídos da oportunidade de estudar junto de seus colegas
de suas idades de maneira regular.

Corpo típico é um silenciamento das identidades, um


enquadramento social que serve para delimitar as
representações sociais do outro.

Precisamos olhar para o público-alvo da EJA como possuidor de


histórias particulares, com trilhas próprias e ler de maneira atenta a
forma como uma representação limitada interferiu e interfere em sua
qualidade de vida. Enquanto não conseguimos estabelecer esse senso
coletivo entre os educadores do País, faz-se necessária uma
compreensão de que a EJA é um ponto de encontro das identidades
suprimidas, atendendo aos alunos que não são aceitos, percebidos,
valorizados e potencializados no ensino fundamental, e que nas turmas
de EJA podem encontrar de maneira efetiva os movimentos educativos
formais.

Uma experiência em sala de aula

Numa observação de uma sala de aula de EJA, numa favela brasileira,


percebi que a barreira entre os jovens e os adultos não existe, essa

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codificação que serviria inicialmente para separar os alunos é ignorada


e todos eram percebidos em suas identidades. O que pude notar foi uma
experiência de aprendizagem coletiva.

Um dos alunos, o que era o mais comunicativo da sala, veio e começou


a falar um pouco sobre as trajetórias de cada um de seus colegas e do
que eles conseguiam ou não fazer nas atividades educativas: “Aquele
menino arrumava muito problema na outra escola, ele chegou aqui e
não conseguiu se criar, a gente já disse que não tem muito tempo e que
a professora não precisa passar por desaforo...”.

Ele seguiu falando de todos os alunos da sala e como se fosse um


defensor de seus colegas, suas palavras, em minhas interpretações,
diziam: professor, nós já sofremos muito, sabemos nossos limites e só
queremos aprender.

O direito de falar e de dizer que aquele era um lugar diferente foi


importante e serviu como uma demarcação de quem eram os
protagonistas naquelas salas, e ficou bem claro, que eram os alunos e
as alunas. Tive a impressão de que era um aviso coletivo, um sistema de
defesa criado para afastar as opressões às identidades diversas
vivenciadas pelo grupo.

Essa experiência e a oportunidade de ouvir de um aluno a definição de


sua sala de aula foi única, e o desafio que faço a vocês é de escutar em
primeiro lugar.

Para compreender a diversidade dos alunos da EJA, é


preciso valorizar narrativas, garantindo, assim, a
emancipação efetiva.

Pare e escute, se ninguém vier e falar, deixe o silêncio rolar sem medo e
ansiedade. Não corra o risco de deixar sua voz sufocar as identidades
que subjazem naquele território.

Re�exão

“A EJA, por exemplo, embora institucionalizada como uma modalidade


da Educação Básica Nacional, ainda hoje vive a dificuldade da garantia
do direito constitucional de acesso à formação escolar e de se
estabelecer como educação ao longo da vida, como espaço e tempo
para o desenvolvimento do jovem, do adulto e do idoso na perspectiva
da emancipação e da transformação social.” (PEDAGOGIA AO PÉ DA
LETRA, 2013)

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Sabemos que, mesmo com as mobilizações coletivas, a EJA enquanto


modalidade de ensino não recebe os investimentos necessários para a
sua manutenção. Mas podemos, enquanto educadores, atuar como
agentes de uma transformação social. A diversidade é apresentada
cotidianamente perante os nossos olhos, mantenham a sua visão
acurada e sensível para entender as múltiplas fotografias diferentes que
serão realizadas em nossas observações.

Não estou esvaziando a importância dos investimentos em formação,


recursos técnicos pedagógicos ou financeiros. Estou demarcando o
aspecto de mobilização e de que, no encontro com a diversidade, os
alunos podem ser parceiros de uma luta constante pela modalidade.

Mas podemos escolher aqui, definir uma cor, um


gênero e um grupo etário para a EJA em nosso país?

Acredito que esse não é o nosso papel, tendo em vista que a construção
de ideias preconcebidas pode fundamentar a construção de mais
preconceitos. Mas não podemos negar os impactos históricos que
excluem os povos originários indígenas e os brasileiros filhos da
diáspora africana.

Aqui, trazemos um dado geral, sobre a educação nacional, que a maioria


da população excluída possui uma cor. Mas isso não deve ser um fator

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alienante, e sim um movimento constante de observar criticamente os


impactos sofridos por essa população. Pergunte sempre o porquê e
mantenha seu senso de estudioso aberto para ir além das leituras dos
dados e entender os contextos e as histórias que estarão presentes em
seus campos de atuação.

Qual é o risco de criar uma cara e


uma cor para a EJA?
O principal seria negar a historicidade e a diversidade dos sujeitos da
EJA. Não podemos comprar o discurso de que existem modelos de
alunos que serão público-alvo da EJA, mas devemos entender os seus
lugares e valorizar a pluralidade social, cultural, étnica e política.

Perceberam que gosto de fazer analogias para a compreensão dos


conceitos? Vamos a mais um Imagine que cada turma da EJA, cada
escola, em cada município ou estado, é uma estrela presente numa
constelação.

Tal qual os astrônomos se dedicam a observar, estudar, compreender os


movimentos das estrelas, os profissionais da educação devem ter a
mesma iniciativa, ao ingressar numa turma, devemos ter a sensação de
descobrir uma nova estrela e ingressar em seu mundo como um
explorador em toda sua curiosidade.

Você pode pensar, citar uma estrela não é muito ousado? Acredito que
não, devido à grandiosidade das histórias de vida e da necessidade de
investigar a complexidade. Cada aluno precisa ser valorizado em sua
subjetividade e no reconhecimento de seus valores.

Assim, fugimos do estereótipo padrão dos alunos da EJA: de que eles


são alunos-problema. Essa visão reduzida não demonstra o quanto o
ensino público não está pronto para lidar com todos os sujeitos e coloca
na conta de cada um dos estudantes excluídos o seu “fracasso” no

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ensino regular.

“Os jovens e adultos também são vistos sob o estereótipo de aluno-


problema que, ao não se ajustar ao ensino regular, é, consequentemente,
encaminhado a EJA. Assim, essa modalidade de ensino passa a receber
todos aqueles que não conseguiram fazer seu percurso na escola
regular, os quais acabam por se tornar vítimas do caráter pouco público
do sistema escolar.” (CARVALHO, 2009)

Não fazemos uma leitura crítica sobre os currículos, sobre a formação


de professores e das políticas públicas. Não existe uma reflexão sobre o
caráter acolhedor da EJA, sobre os não inseridos no ensino regular e
nas possibilidades de aprendizagens que poderíamos conquistar ao
olhar para esses processos de inclusão.

O desa�o que faço a vocês é olhar para a inclusão e


analisar criticamente os movimentos de exclusão.

Olhar no sentido de aprender, entender e construir uma forma de


acolhimento coletivo e criticar o engessamento curricular que segrega
cotidianamente no ensino regular.

O olhar para o aluno como problema é ainda mais direcionado aos


jovens, não que todos os outros estejam livres de observações
preconceituosas. Falas desse tipo podem ser comuns: “Não deu certo”,
“Sobrou para a gente”, “Muito bobinho para estar aqui”. Mas vocês
concordam com essas observações? Devemos atentar para a história
de vida desse aluno e ir além de sua questão etária, quem é aquele
aluno que está presente na sala de aula da EJA e quais são as
motivações para a retomada de seus estudos.

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O que se constata é que boa parte


dos professores de EJA tendem a
ver o jovem aluno a partir de um
conjunto de modelos e estereótipos
socialmente construídos e, com
esse olhar, correm o risco de
analisá-lo de forma negativa, o que
os impede de conhecer o jovem real
que ali frequenta.

(DAYRELL, 2003, p. 54)

O desafio para a diversidade na EJA é estabelecer uma relação dialógica


e perceber os tempos-espaços de aprendizagens de maneira individual e
fugir de um olhar preconceituoso que está centrado num modo de fazer
semelhante ao ensino regular. Pensar nos alunos da EJA é pensar
naquele sujeito que rompeu uma série de preconceitos e se dispôs a
mais uma vez ingressar num banco escolar.

Precisamos compreender que eles já conhecem os mecanismos cruéis


de exclusão que norteiam as práticas educativas e que nós, enquanto
educadores, deveremos acolher, entender e respeitar suas histórias de
vida.

Tenho por hábito visitar e, quando não é possível, faço atendimentos


remotos em diversas escolas de nosso país. Meu papel nesses espaços
é trazer um pouco de minha vivência enquanto sujeito ativo do
movimento social pelos direitos dos negros e da educação pública.
Seria incoerente com tudo o que conversamos até aqui dizer que entro

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nesses espaços para corrigir ou formular regras para os trabalhos dos


colegas. Meu papel é atuar como um ouvinte e, quando convidado,
promover uma espécie de reflexão coletiva. Essa contextualização é
importante para nossa conversa.

Numa dessas situações de visita, antes de começar uma roda de


conversa com um grupo grande de alunos da EJA, uma professora fez
uma pergunta desafiadora:

Como podemos fazer valer essa diversidade que você tanto


fala em nossas salas de aula?

Eu não respondi, apenas sorri e continuei a visita, entrando em cada


uma das salas, conversando com os colegas e com todos os alunos,
ouvindo as histórias e, a todo momento, essa professora me seguia,
perseguia, como se cobrasse pela resposta.

Estive numa sala por mais tempo, uma que produzia um mural sobre
Carolina Maria de Jesus, conversei com eles sobre minha relação
afetiva com a escritora, o fato de ela se parecer muito com minha mãe e
participei da construção do mural.

Fui para o auditório e não consegui conversar com os alunos, eles


tomaram o centro das falas e conduziram com maestria o tema, era fácil
falar de diversidade.

A professora que fez a pergunta parecia estar com curiosidade e até um


pouco impaciente com minha “falta de controle” na roda de conversa.

Carolina Maria de Jesus (1914-1977) autografando seu livro Quarto de Despejo em 1960.

Depois, quando a atividade terminou e já estávamos arrumando o


auditório e eu conversava com alguns estudantes, a colega curiosa
retornou. Eu não respondi à sua pergunta, fiz outra no lugar: professora,
você conseguiu identificar em minha passagem os aspectos da
diversidade como prática pedagógica? Ela respondeu imediatamente

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que não, então eu narrei toda a minha rotina e como em cada um dos
momentos a diversidade esteve presente.

Algo que não compartilhei com vocês era o fato de muitos alunos
acreditarem que eu seria um colega novo de classe e que isso era como
um sinal de acolhimento, eles sorriam e diziam apenas, “seja bem-
vindo”. Acredito que até hoje a professora não entendeu os percursos
práticos da diversidade.

E você, será que já consegue entender isso na sua prática


e relacionar de alguma forma com suas atuações?

Mão na massa

Questão 1

O que significa dizer que na Educação de Jovens e Adultos é necessário


respeitar o tempo e o espaço de aprendizagem?

Significa que a primeira diversidade que existe é na relação


A
de cada um dos alunos com a escolarização formal.

Significa dizer que o universo do aluno não pode conduzir


B
as ações pedagógicas.

Significa que a realidade de um aluno ou de poucos


C
precisa ser ignorada.

Significa que o tempo de aprendizagem é igual para todos


D
os alunos.

Significa que a EJA precisa ignorar seu espaço de atuação


E
e funcionar da mesma forma que as escolares regulares.

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Parabéns! A alternativa A está correta.

Cada um dos alunos da EJA em seu particular e na construção de uma identidade coletiva possui
Questão 2
uma relação específica com o tempo e o espaço de aprendizagem.

Em nossa conversa, abordamos o risco de sermos conduzidos por


verdades viciosas ao compreender as identidades dos alunos. Podemos
dizer que essas verdades prejudicam os alunos?

A Não, o padrão dos alunos da EJA é estável.

B Sim, para evitar a construção de novos olhares.

Sim, afastam a construção de novos olhares sobre os


C
alunos.

D Não, pois não definem as representações sobre os outros.

E Não, pois toda turma é igual.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Ao cedermos para as verdades viciosas sobre o outro, rumamos para a concepção preconceituosa e
Questão 3
limitadora das representações sociais.

Uma professora da EJA recebeu vários relatórios dos alunos que vieram
de uma escola regular. Ela levou em consideração todos os
apontamentos dos colegas e não deu oportunidade para os alunos
contarem as suas histórias. Os relatórios foram aceitos como verdade
absoluta e fator determinante da identidade de cada um dos novos
alunos. Sobre essa situação, é correto dizer que:

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A A verdade da escola regular é absoluta e final.

Que esse movimento fortaleceu o reconhecimento das


B
identidades dos alunos.

C Que devemos silenciar as histórias dos alunos da EJA.

D Só o que vale é a voz do professor.

E Os alunos não tiveram seu direito de falar respeitado.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Os professores podem até respeitar os relatórios pregressos, mas precisam entender os limites e os
fatores que excluem milhares de alunos dos ensinos regulares. Ouvir os alunos e entender sua
relação com a escolaridade pode ser uma oportunidade de entender a diversidade e uma
Questão 4
(re)inserção efetiva dos sujeitos.

Como podemos entender o processo de (re)afirmação das identidades


dos alunos que são público-alvo da EJA?

A Entendendo que todos são parecidos.

B Na negação das diversidades e na procura de um padrão.

Como um movimento coletivo de aceitação das


C
diversidades.

D Na avaliação constante e separação das identidades.

E Na valorização do padrão típico dos alunos da EJA.

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Parabéns! A alternativa C está correta.

Ao (re)afirmar suas identidades, os alunos possuem mais uma oportunidade de se estabelecer na


Questão 5
educação formal.

Ao dizer que o crescimento do público-alvo mais jovem da EJA é um


mecanismo de silenciamento das diversidades, afirmamos que:

Existe um perfil escolhido, um vício do olhar que serão os


A
alunos que serão alijados do ensino regular.

Todos são semelhantes e que os mais jovens são mais


B
difíceis de lidar.

Todos os alunos do perfil típico da EJA devem ser


C
convidados a sair das escolas regulares.

Naturalmente esses alunos seriam direcionados para a


D
EJA.

E Existe uma nova demarcação etária da EJA.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Podemos dizer que esse processo é uma falha na inclusão das diversidades no cotidiano do ensino
Questão 6
regular.

Qual é a relação entre a EJA e os movimentos de evasão/fracasso


escolar do ensino regular?

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Não existe relação, os alunos que foram reprovados


A
precisam procurar outra modalidade de ensino.

Todos são semelhantes e os mais jovens são mais difíceis


B
de lidar.

Não existe uma falha do ensino regular, mas identidades


C
que não se adaptam.

Ao ignorar as diversidades, o ensino regular centra o


D
fracasso nas histórias de vida dos alunos.

As histórias de vida dos mais jovens são mais


E
complicadas.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Podemos dizer que esse processo é uma falha na inclusão das diversidades no cotidiano do ensino
regular.


Comentando as questões
Vamos agora assistir ao professor Rodrigo Rainha comentando as
questões do Mão na massa.

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_black
Teoria na prática
Observe o esquema abaixo e, para cada ponto (Protagonismos,
Diversidade e Novos olhares), descreva uma sugestão para colocá-lo
em prática. Caso tenha algum exemplo de uma experiência vivida ou
observada, vale também!


Re�etindo: onde nós estamos

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Dentre os conceitos abaixo, selecione as opções que representem os

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princípios centrais da Educação de Jovens e Adultos:

Os corpos típicos, modelos de alunos comuns


A
reproduzidos pelo País.

A padronização social, realidades comuns dos territórios


B
mais vulneráveis.

A diversidade, que começa no espaço-tempo e atinge a


C
compreensão das subjetividades.

Na exclusão social, importante para a definição desse


D
público.

Na cultura centralizada, um modelo de ser e viver típico de


E
nosso País.

Parabéns! A alternativa C está correta.


Questão 2
A diversidade é um dos princípios fundamentais da EJA.

Como a compreensão da diversidade e a integração das subjetividades


podem contribuir na inclusão educacional de milhares de alunos na
modalidade EJA?

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Na inclusão do resultado e da política de culpar os alunos


A
por suas evasões.

B Na negação das histórias de vida dos alunos.

Na afirmação dos valores da BNCC para o mercado de


C
trabalho.

D Na exclusão dos alunos problemas.

E Ao superar os processos de exclusão do ensino regular.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Entender a diversidade é perceber que as identidades dos alunos da EJA foram excluídas da
educação regular e que esse é o momento de dialogar com suas histórias para promover uma
inclusão educativa efetiva.



3 - Inclusão e tecnologia
Ao �m do módulo, você será capaz de relacionar a inclusão dos estudantes dessa modalidade

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às práticas avaliativas e novas tecnologias na EJA.

Os desa�os de inclusão digital e de


avaliação na EJA


Qual é o papel do mundo digital na
educação popular?
Vamos ver agora relatos de experiência na área.

Pare por um minuto sua leitura e faça uma reflexão:


Os sujeitos da EJA sofreram diversos movimentos de exclusão no
sistema educativo regular e, por meio dessa modalidade de ensino,
constroem novas estratégias de existir na educação.

Ao falarmos de novas tecnologias e de avaliação, precisamos ter muito


cuidado e atenção!
Cuidado para não fortalecer as estruturas excludentes e atenção para
não transformar o resultado de um trabalho de educação popular em
dados mensuráveis.

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As demandas por medir resultados e de inserir a EJA no mundo da


sociedade de informação precisam ser realizadas por meio de análises
críticas e pelo olhar que pautou toda a nossa conversa: atento e apurado
das realidades sociais e das subjetividades.

Não podemos olhar para a EJA num pensamento simplista, precisamos


pensar que os impactos da sociedade de informação são diferentes em
cada um desses sujeitos. Numa visão reduzida sobre eles, podemos
concluir que todos são analfabetos digitais. Mas isso representa uma
associação direta entre o analfabetismo e a exclusão educacional que
eles já viveram com o ingresso na rede de tecnologias.

No novo paradigma gerado pela


sociedade da informação, a
universalização dos serviços de
informação e comunicação é
condição fundamental, ainda que
não exclusiva, para a inserção dos
indivíduos como cidadãos, para se
construir uma sociedade da
informação para todos. É urgente
trabalhar no sentido da busca de
soluções efetivas para que as
pessoas dos diferentes segmentos
sociais e regiões tenham amplo
acesso à Internet, evitando, assim,
que se crie uma classe de “info-
excluídos”.

(TAKAHASHI, 2000)

Dizer que todo aluno da EJA está excluído do mundo das tecnologias é
fugir da observação do cotidiano e comprar um discurso pronto que
define o outro. Um exemplo que reforça a necessidade desse cuidado:

Uma turma de alfabetização da EJA criou, em meio às atividades

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pedagógicas de sala de aula, um grupo num aplicativo de conversa, só


para eles. Muitos dos alunos estavam no processo de consolidação da
escrita e, mesmo assim, todos conversavam de maneira ativa por
mensagens. Fizemos, então, uma roda de conversa.

Perguntei como eles escreviam e todos disseram que era mais fácil, por
ter o corretor ortográfico, e que havia uma função de transformar o
áudio em texto. Compartilharam comigo as suas ferramentas e
disseram que utilizam essas estratégias para se comunicarem também
com seus familiares e com os colegas de trabalho.

Ao não observar e julgar que o grupo seria apenas para troca de


imagens ou de mensagens de voz, nós teríamos a oportunidade de
vivenciar esse diálogo? Claro que não e eu perderia a oportunidade de
perceber o quanto as tecnologias fazem parte do cotidiano dos alunos.
As tecnologias precisam ser aliadas do processo cotidiano de educação
de jovens e adultos, mas como podemos fazer isso sem planificar o
olhar sobre nossos alunos?

Construindo uma trilha pedagógica


Vamos pensar juntos numa trilha de construção pedagógica, um
caminho em que a diversidade seja respeitada e que os recursos
tecnológicos sejam apenas ferramentas que serão importantes para a
participação efetiva de todos os sujeitos nas relações sociais. Quais
seriam os passos dessa trilha?

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Primeiro passo
Abandonar o preconceito geracional, nem sempre o jovem é
familiarizado com a tecnologia ou o adulto não conhece os novos
recursos.

Segundo passo
Construir uma relação associada entre a alfabetização que emancipa a
EJA e a utilização das ferramentas tecnológicas.

Terceiro passo
Identificar os mecanismos sociais de exclusão e potencializar o acesso
daqueles que são historicamente alijados dos processos de pensar e
produzir conteúdo tecnológico.

O primeiro movimento da nossa trilha é desmistificar certas ideias


acerca das gerações. Será que todo jovem é inserido de maneira efetiva
nos recursos tecnológicos e todo adulto, com a idade mais avançada, é
excluído? Muitos de nós associaríamos as tecnologias aos alunos mais
jovens e planejaríamos estratégias para incluir os mais adultos.

Precisamos entender as relações que cada escola, turma e aluno possui


com as novas tecnologias e entender que cada sujeito possui sua
produção sócio-histórica de interagir com o mundo.

O segundo passo se desenvolve a partir do seguinte compromisso:

As novas tecnologias precisam promover a democracia e a


cidadania.

O letramento e a alfabetização de jovens e adultos é um processo ativo


que insere esses sujeitos no mundo de maneira efetiva. Mas nosso
objetivo com a alfabetização é fazer uma utilização sociopolítica,
entendemos que ela não pode ser um mero movimento de
decodificação, e sim de reflexão crítica constante de seu cotidiano. Não
podemos pensar as relações com as novas tecnologias de maneira
diferente, num outro lugar.

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Devemos demarcar em nossa caminhada com os educandos um lugar


de responsabilidade coletiva sobre o acesso e o compartilhamento de
informação.

Podemos dizer que existe uma rede de vulnerabilidades?

Com esse questionamento, chegamos ao terceiro passo da nossa trilha.


Mas vocês estarão pensando agora: conversamos sobre a necessidade
de fugir da polarização e da busca por atores que seriam demarcados
com maiores vulnerabilidades. Seria esse movimento incoerente com
toda nossa conversa?

No olhar atento para os movimentos coletivos de exclusão, podemos


atuar como agentes educadores atentos, se existe um senso comum de
excluir as mulheres das tomadas de decisão, por exemplo, e uma
participação majoritária masculina, podemos ignorar esse movimento
em nosso processo educativo? Não, precisamos em agir em conjunto,
num movimento de sociedades educativas, conversar sobre esses
processos de exclusão direcionados e potencializar a participação
desses e de outros sujeitos historicamente alijados.

“A inclusão das mulheres no mundo das tecnologias de informação e

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comunicação não significa apenas propor acesso às redes eletrônicas,


nem apenas capacitá-las para o seu uso produtivo. Essas são, sem
dúvida, questões de enorme importância, que devem ser pronta e
seriamente abordadas. Mas o aspecto central é garantir às mulheres a
participação nos processos decisórios, relacionados à produção e
regulação do setor de tecnologias de informação e comunicação, que é,
tradicionalmente, dominado pelo gênero masculino.” (TAKAHASHI,
2000)

Por fim, faço a vocês um convite, um desafio que proponho aqui como
um quarto passo: Que tal continuar essa rota ampliando suas
pesquisas, dialogando com seus colegas e promovendo uma rede de
troca de informações sobre a utilização ativa das novas tecnologias
pelos alunos como ferramenta educativa em sua sala de aula ou
escola?

Ao percorrer e construir mais este passo da trilha vamos construir


ações pedagógicas que fogem das constantes generalizações.

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A introdução dessas novas


tecnologias na escola sofre muita
discussão por parte dos
educadores, alguns insistem em
manter as formas tradicionais de
ensino, já outros estão aderindo. É
certo que é na escola que
aprendemos a ter conhecimento
sobre as diversas áreas, assim, com
essa necessidade da inclusão
digital, a escola deve possibilitar ao
educando o conhecimento e o
acesso a essas novas áreas
também a fim de permitir que os
alunos assumam a função de
sujeitos críticos, criativos,
construtores e atualizados com o
tempo em que vivem.

(OLIVEIRA, 1999)

Avaliação pode ser sinônimo de


inclusão?
Outro ponto de atenção são as políticas públicas de implementação,
monitoramento e avaliação da EJA. Entendo que a avaliação e seus
exames de certificação são figuras centrais da promoção de uma ação
efetiva, popular e exclusiva. Poucas pessoas entendem e explicam a
integração entre implementação, avaliação e monitoramento. É
necessário perceber que são ações integradas intencionalmente para
fortalecer os mecanismos de padronização educacional.

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Mas podemos dizer isso baseado em que fatores? A avaliação externa,


aquela que é realizada em esferas macroestruturais, busca diagnosticar
os impactos de uma política pública e tenta de forma direta centralizar
as políticas educativas. Quando ouvimos uma notícia sobre o percentual
de alunos alfabetizados, número de alunos que não possuem fluência
leitora e outros resultados das avaliações, esse assunto começa a fazer
parte do cotidiano da sociedade.
Exemplo

Minha avó sempre conta que foi aluna do MOBRAL e que isso trazia
uma série de preconceitos para a vida dela, e que lá ela não conseguiu
aprender nada, apenas a escrever o primeiro nome. Cresci ouvindo seus
relatos sobre essa política pública e de como ela não atendia aos
interesses dela enquanto pessoa adulta que sonhava com sua
alfabetização.

O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi uma iniciativa da


ditatura civil-militar que queria retirar os aspectos ideológicos e de
mobilização social das práticas de alfabetização em nosso país. Com a
apresentação de dados que não correspondiam à realidade, essa
política surgiu como uma resposta às ações educativas populares e ao
método Paulo Freire de alfabetização.

MOBRAL
(FGV, 2020)

Nessa situação, ocorreu uma manipulação dos dados e diferentes


grupos sociais denunciaram a produção de dados que não eram
coerentes com a realidade social. Uma avaliação externa e sua
produção de dados serve para definir socialmente o impacto de uma
política pública.

As avaliações externas precisam ser entendidas como um movimento


parecido com o de um fotógrafo. Ele começa sua atuação preparando
seus instrumentos, escolhendo as melhores locações, a iluminação e o
cenário. Não deixa de fazer uma direção dos modelos e sabe que a cada
clique será registrado e documentado um momento único da vida
daquelas pessoas.

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A analogia com a fotografia é muito interessante: na avaliação externa, é


necessário escolher o que será avaliado, quais as competências que
serão aferidas, que dados sociais serão levantados, orientações claras
aos aplicadores e todo um conjunto de situações que darão segurança e
igualdade de direitos durante a avaliação.

O resultado da prova retrata um momento, um instante da vida


educacional daquele aluno, e não toda sua trajetória e história. Uma
nota não pode definir o impacto direto de uma política pública, mas a
leitura de fatores sociais e políticos que estão imersos nas
comunidades, nas unidades escolares, nos bairros, nas cidades... até
em nosso país. A prova é uma fotografia e o resultado deve ser lido
como um pequeno recorte da vida educacional de nossos alunos.

Algo que precisamos demarcar aqui é a luta por uma


educação popular para o público-alvo da EJA.

Os movimentos sociais, a sociedade, as universidades e os coletivos de


professores são agentes atentos das políticas públicas e lutam por uma
educação popular.

Exame Nacional para Certi�cação


Em 2002, foi implementado o Exame Nacional para Certificação de
Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), com o objetivo de
fornecer a certificação para o Ensino Fundamental e construir um
marco-referencial para a avaliação da EJA.

O ENCCEJA faz parte de um conjunto de avaliações externas que foram


criadas para mensurar a educação nacional. Nos debates sobre esse
movimento, é importante pensarmos sobre a responsabilização e
culpabilização docente. Os resultados, quando tentam esvaziar os
limites das políticas públicas, concentram-se na culpabilização docente
e na associação direta dos alunos ao fracasso escolar.

Nos fóruns da EJA, é fortemente debatida a viabilidade desse exame e


sobre o impacto negativo dele com relação ao aspecto coletivo e
popular dessa modalidade. Veja o que diz a portaria:

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ENCCEJA
“I‒ Construir uma referência nacional de autoavaliação para jovens e adultos por meio de avaliação de competências e
habilidades, adquiridas no processo escolar ou nos processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais;

II – Estruturar uma avaliação direcionada a jovens e adultos, que sirva às Secretarias de Educação para que procedam à
aferição de competências e habilidades dos participantes, de conclusão no nível de Ensino Fundamental, nos termos do artigo
38, §§ 1º e 2º da Lei 9.394/96 (LDB); 1

III – Oferecer uma avaliação para fins de classificação da correção do fluxo escolar,

IV – Construir, consolidar e divulgar banco de dados com informações técnico-pedagógicas, metodológicas, operacionais,
socioeconômicas e culturais que possa ser utilizado para a melhoria da qualidade na oferta da Educação de Jovens e Adultos
e dos procedimentos relativos ao Exame;

V‒ Construir um indicador qualitativo que possa ser incorporado à avaliação de políticas públicas da Educação de Jovens e
Adultos.” (D.O.U., 2008)
Relembrando

Precisamos relembrar sempre que é o público da EJA e de como em


diversas etapas da sua vida ele foi excluído da educação regular. Tendo
isso em mente, é necessário retornar à analogia do fotógrafo e ter um
olhar crítico e instantâneo sobre esses exames externos.

Mas podemos fixar nossas leituras críticas sobre alguns pontos:


Maiores informações sobre os resultados do
ENCCEJA


A problematização dos pressupostos
ideológicos


Os impactos regionais de sua aplicação
Os Fóruns de Educação de Jovens e Adultos também trazem a crítica da
validade pedagógica desse exame, como uma avaliação externa nessa

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perspectiva pode impactar diretamente no cotidiano das salas de aula.

Vou propor mais uma reflexão a vocês:

Qual relação que pode existir entre um exame de


certi�cação e o direito de acesso e permanência na
educação regular?

Pensem nas implicações de uma certificação direta e na forma como a


certificação pode ser atrativa para o abandono dos bancos escolares.

Nos debates dos Fóruns EJA, a certificação seria uma maneira de


fortalecer a exclusão de milhares de alunos do direito de cursar a
educação regular e na redução do espaço-tempo de aprendizagem dos
alunos.

“A migração de adolescentes do ensino regular para a EJA é vista, tal


qual a aposta nos exames de certificação, como “aligeiramento” da
formação escolar. No lugar de garantir o direito dos adolescentes de
frequentar e permanecer no ensino regular, esta lógica contribuiria para
a visão equivocada da EJA como meio de “acelerar” a escolarização e
corrigir a defasagem idade/série dos adolescentes, definindo a
certificação como principal finalidade da educação.” (JUNIOR; GISI;
SERRAO, 2013)

O que pretendemos, enquanto educadores, é fortalecer o papel coletivo


da educação e dos debates coletivos sobre cidadania e direitos sociais.
O ENCCEJA pode potencializar os movimentos de precarização
existentes na EJA e na contínua exclusão social dos alunos.

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Para parte dos pesquisadores,


educadores e gestores ligados à
EJA, os exames reforçariam a
precarização já existente na
modalidade, desconsiderando uma
dimensão fundamental/central do
ensino que é o processo de
socialização e construção coletiva
da cidadania, que só poderia ser
garantida no ensino presencial. O
fortalecimento do exame de
certificação foi interpretado como
diminuição da responsabilidade do
sistema público, e não como
estratégia de garantir o direito
educacional.

(JUNIOR; GISI; SERRAO, 2013)

Um diálogo distante do �m
Um exercício que convido vocês a fazerem, sim, mais um exercício, é
entender a diversidade e a função de cada um dos processos
avaliativos. São dois tipos de avaliação:

Avaliação formativa
Esta avaliação é um movimento coletivo em que os professores e os
alunos constroem ferramentas para mensurar de maneira coletiva o que
foi aprendido. O professor só conduz esse processo de maneira efetiva
se pensar no impacto negativo de uma classificação irresponsável sobre

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esses alunos.

Ao avaliar para formar, esse profissional sabe que é preciso conhecer os


objetivos e trabalhar de maneira diferenciada para cada um dos alunos.
A avaliação precisa ser conduzida por diferentes instrumentos,
favorecendo, assim, uma coleta de dados de maneira ramificada, e é
importante que os alunos também possam avaliar o professor nesse
processo.

Os resultados precisam ser formulados em movimento de relatórios,


com dados descritivos e que abordem uma autoavaliação do aluno.
Ouvir a comunidade e as relações sociais é um diferencial, e perceber a
forma como os conteúdos da sala de aula são aplicados no cotidiano.

Avaliação externa
Podemos utilizar os dados dessas avaliações em nossas salas de aula,
entendendo que são apenas amostragem do que foi aprendido e
ensinado. O professor pode fazer uma leitura dos dados nacionais,
regionais e locais e fazer contextualizações com a sua turma. O foco
não precisa estar nos resultados dos alunos de maneira individual, mas
na observação constante do impacto de suas intervenções em
comparativo com outras realidades. Entender a dimensão limitada dos
dados estatísticos é o nosso desafio e proteger nossos alunos de uma
associação desses resultados a seus processos de educação, a nossa
missão.

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Danso abandonou a escola.


Danso retornou para a escola.
Danso tinha medo de prova.
Danso abandonou a escola.
Danso sempre vai mal nas provas,
sua família ofende o menino.
Danso retorna para escola e seus
antigos colegas já estão avançando
de anos de escolaridade.
Danso foge da escola no dia de um
exame importante.
A escola comemora.
A escola comemora e encaminha
Danso para a EJA.
Em seu primeiro dia uma prova!
De nivelamento...
Danso não chora e tenta ir embora.
A professora olha para ele e diz que
a prova é uma bobagem.
Danso ignora e vai embora mais
uma vez da escola.
Danso tem medo de prova,
Tem mais medo de ser chamado de
burro enquanto sua família
Vê o futuro do menino indo embora.
(Ricardo Luiz da Silva Fernandes)

No poema acima, lemos sobre a história de um aluno que não lida de


maneira positiva com as avaliações e sofre com os impactos de um
olhar pejorativo sobre seus resultados. Não pretendo fazer uma
generalização, mas convido você a mapear uma história de um aluno
que evadiu da educação regular e que não conseguiu retornar para a
EJA. Convido você também a pensar numa maneira de inserir Danso,
agora de maneira definitiva na escola e uma proposta diferente de

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intervenção para o caso que você mapeou.

Mão na massa

Questão 1

Pensando na Educação de Jovens e Adultos, qual o impacto que


podemos definir para a avaliação externa?

Um impacto direto na definição de quem aprendeu de


A
maneira correta e aqueles que nunca vão aprender.

Um impacto reduzido e apenas como um retrato que


B apresenta um indicador sobre um momento específico das
aprendizagens dos alunos.

Um impacto direto para a definição do trabalho errado dos


C
professores.

Nenhum impacto, apenas uma definição de uma atuação


D
ruim das escolas.

Na produção de resultados que precisam ser considerados


E
como verdade única nas avaliações.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Precisamos olhar com muito cuidado para os resultados e todos os processos que envolvem as
avaliações externas, afinal de contas, elas representam uma construção de dados estatísticos que
Questão 2
servem apenas como uma amostra do cotidiano escolar.

Podemos dizer que o ENCCEJA funciona como uma atração perigosa


para os alunos que desejam abandonar o ensino regular?

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A Sim, e isso é positivo!

Não, eles já seriam público-alvo da EJA por questões


B
sociais.

Não, a atração precisa ser relacionada à falta de qualidade


C
de todas as escolas.

D Sim, esse é seu papel central.

Sim, ao oferecer de maneira direta uma certificação e tirar


E o lugar de privilégio das trocas estabelecidas nas salas de
aula.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Ao certificar de maneira direta os estudantes, os jovens podem ver nesse exame uma saída para os
Questão 3
processos crônicos de exclusão educativa.

Podemos dizer que as novas tecnologias podem:

A Reforçar os processos históricos de exclusão social.

B Intensificar a separação dos analfabetos.

C Incluir apenas os que sabem ler e escrever.

D Ser uma ferramenta exclusiva dos mais jovens.

Substituir a escrita no papel e no caderno em todas as


E
atividades.

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Parabéns! A alternativa A está correta.

Ao utilizarmos as tecnologias, é preciso compreender o risco de excluir de maneira recorrente os


Questão 4
nossos alunos da EJA.

Como o olhar atento e apurado das realidades sociais pode favorecer a


utilização das novas tecnologias na EJA?

A Na escolha de que aluno pode utilizar.

B Na definição dos analfabetos digitais.

Na percepção de que todos que possuem dificuldade de


C
aprendizagem são analfabetos digitais.

Na construção de um movimento de observar a forma


D como cada aluno utiliza e percebe cada uma das
ferramentas em seu cotidiano.

Na percepção de que as novas tecnologias só reforçam os


E
que não sabem nada.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Ao observar a forma como cada um dos alunos se relaciona com as tecnologias, o professor pode
Questão 5
propor intervenções individuais e coletivas que respeitem as suas subjetividades.

Sobre a construção de um movimento de autoria e de apropriação dos


alunos pelas novas tecnologias, é correto dizer:

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As tecnologias não são ferramentas e não podem ser


A
apropriadas pelos alunos.

As tecnologias são apenas ferramentas e que são os


B alunos que definem em seu cotidiano a forma como cada
uma delas pode ser utilizada.

É o professor quem deve definir a relação de cada aluno


C
com as tecnologias em sala de aula.

Não existe autoria, os alunos apenas reproduzem os ritos


D
sociais.

E As autorias são mínimas e não precisam ser consideradas.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Os alunos da EJA são autores e sabem utilizar as tecnologias como ferramenta! Precisamos dialogar
Questão 6
com essas autorias e utilizar esses recursos em nosso cotidiano.

Em nossa conversa, abordamos a utilização das tecnologias como um


recurso sociopolítico. De acordo com o texto e com as suas
observações, o que esse conceito pode dizer sobre a Educação de
Jovens e Adultos?

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Na observação dos mecanismos que podem fortalecer as


A
diferenças sociais e políticas.

Um movimento de alienar e formar culturalmente todos os


B
alunos.

É um recurso de delimitação do espaço social de cada um


C
dos alunos da EJA.

Podemos utilizar em nossas salas de aula os recursos de


D
maneira crítica, reflexiva e coletiva.

As novas tecnologias não podem garantir a inclusão dos


E
alunos da EJA.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Entender as tecnologias como recurso é uma forma de perceber que elas podem servir para a
inclusão social e política de milhares de alunos. Mas precisamos ter um olhar atento para os
aspectos políticos dessa utilização.

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Teoria na prática
No esquema que apresento a seguir, estão articulados os pontos
centrais das políticas de avaliação externa da EJA. Quando falamos
dos dados levantados pelo Movimento Brasileiro de Alfabetização e
do ENCCEJA, estamos dizendo que esses levantamentos possuem
uma intencionalidade clara, que é legitimar a constituição de uma
política pública. Nesse sentido, as ações integradas são voltadas
para diminuir a participação dos movimentos sociais nas ações
coletivas da EJA e fortalecer os processos de exclusão do público-
alvo dessa modalidade.

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Observe o esquema abaixo e descreva os possíveis caminhos para a


participação dos movimentos sociais no EJA.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Todos estavam com seus celulares, tiravam fotos e os utilizavam para


pesquisar o significado das palavras no texto que líamos. O Google foi
apresentado por um colega e, depois dessa iniciativa, eu aproveitei para
ensinar sobre pesquisas na Internet e sobre a necessidade de se
verificar as fontes. A turma virou a maior caçadora de fake news da
comunidade. Nas avaliações formativas, anotei esses progressos e
percebi que muitos dos alunos que não escreviam com facilidade
possuíam uma maior adaptação às novas tecnologias, e que preciso
aproveitar essa curiosidade para fortalecer suas habilidades de leitura e
escrita.

Nesse relato, uma professora registrou em seu diário de classe uma


observação sobre a utilização das novas tecnologias em sua sala de
aula. De que maneira esse relato está relacionado à inclusão dos alunos
da EJA?

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Na otimização dos recursos tecnológicos e na observação


A destes como uma possibilidade de fortalecer as
habilidades de leitura e escrita.

Na certeza de reprovação dos alunos que possuem


dificuldade de ler e escrever, afinal de contas, eles não
B
podem utilizar celular com autonomia e não escrever no
papel.

Na negação desse recurso, na compreensão de que eles


C
atrapalham a integração dos alunos.

D Na afirmação da tecnologia como recurso principal.

Na afirmação do dever prioritário em avaliar a leitura e a


E
escrita.

Parabéns! A alternativa A está correta.

As novas tecnologias precisam ser aliadas de todo o movimento de aprendizagem, assim elas são
Questão 2
utilizadas como mais um recurso na inclusão dos estudantes.

Temos o desafio de promover uma avaliação que seja centrada na


permanência de nossos alunos no ensino formal. Leia o esquema
abaixo e procure o item que não fez parte de nossa conversa sobre esse
tema.

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A Alunos como centro da ação.

B Valorização dos resultados.

C Avaliação formativa.

D Leitura dos resultados de maneira crítica.

E Entender a dimensão de cada uma das avaliações.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Os resultados das avaliações externas precisam ser lidos como um retrato que não define
diretamente a relação dos alunos com a aprendizagem.



Considerações �nais
Os pontos que apresentamos abordaram as políticas públicas pela EJA
e uma definição do não lugar delimitado pela ausência dessa
modalidade na EJA, ponto que denota muitos debates e que evidencia
uma incoerência direta entre as competências gerais.

Falamos, ainda, sobre a necessidade de ir além do dicionário e aplicar a


diversidade na tentativa de fugir da construção dos tipos ideais da EJA.
Cada aluno possui sua história e suas relações com a sociedade. Não
podemos negar aqui uma tentativa clara de determinação de alguns
sujeitos historicamente alijados da educação formal para essa
modalidade de ensino.

Por fim, falamos do aspecto inclusivo que pode ser limitado pela
avaliação e na urgência de inserção das novas tecnologias na educação.

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Seus processos precisam estar presentes em nossas salas de aula, mas


de maneira crítica e pautada na diversidade sociopolítica desse grupo.
Nosso papel depois desta conversa é manter os olhos abertos e realizar
análises críticas constantes desses instrumentos.

Precisamos atentar para o universo de expectativas que permeia o


mundo desses jovens e adultos, o desejo de aprender, continuar sua
escolarização e de ter respeitado seu espaço-tempo de aprendizado.
Nossa conversa precisa lembrar sempre desses pontos e de que a EJA
é uma alternativa de reparação social dos sujeitos que já foram
excluídos de maneira compulsiva dos bancos escolares.


Compartilhando vivências
Agora, os professores Rodrigo Rainha e Nathalia Serenado encerram o
tema compartilhando vivências.

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília: Ministério da Educação, 2018.

CARVALHO, R. V. A juventude na educação de jovens e adultos: uma


categoria provisória ou permanente? IX Congresso Nacional de
Educação – EDUCERE e III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia,
PUC-PR, 2009. Consultado na internet em: 23 set. 2021.
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DAYRELL, J.; NOGUEIRA, P. H. de Q.; MIRANDA, S. A. de. Os jovens de 15


a 17 anos: características e especificidades educativas. In: Jovens de 15
a 17 anos no Ensino Fundamental: caderno de reflexões. Brasília: Via
comunicação, MEC/SEB, 2011. Consultado na internet em: 23 set. 2021.

DAYRELL, J. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de


Educação, n. 24, Rio de Janeiro, set./dez. 2003. Consultado na internet
em: 23 set. 2021.

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Portaria ENCEJJA 2008. INEP, Brasília, DF.


Publicado em: 7 jul. 2008. Consultado na internet em: 27 jul. 2021.

JUNIOR, R. C.; GISI, B.; SERRAO, L. F. S. Encceja: cenário de disputas na


EJA. Rev. Bras. Estud. Pedagog., 94(238), dez. 2013. Consultado na
internet em: 27 jul. 2021.

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Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do
Brasil. Rio de Janeiro, 2020. Consultado na internet em: 27 jul. 2021.

OLIVEIRA, M. K. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e


aprendizagem. Revista Brasileira de Educação 59, Faculdade de
Educação, Universidade de São Paulo. XXII Reunião Anual da ANPEd,
Caxambu, setembro de 1999a. Consultado na internet em: 23 set. 2021.

PEDAGOGIA AO PÉ DA LETRA. Eja: Educação de Jovens e Adultos, um


Breve Histórico. Pedagogia ao Pé da Letra, 2013. Consultado na internet
em: 27 jul. 2021.

TAKAHASHI, T. (org.). Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde.


Brasília: MCT, 2000.

Explore +
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, assista:

A alguns vídeos de um grande projeto de alfabetização

(veja vídeos do projeto de alfabetização Estácio)

Leia:

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Portaria n° 2.270, de 14 de

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agosto de 2002. In: BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Livro introdutório: documento
básico: ensino fundamental e médio. Brasília, DF, 2002. p. 193-194.

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Portaria MEC n° 3.415, de 21 de


outubro de 2004. Brasília, DF, 2004.

O artigo Analfabetismo cai, mas Brasil ainda tem 11 milhões sem ler e
escrever, de Mariana Tokarnia, Agência Brasil-EBC.

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