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DESCRIÇÃO

A História Contemporânea da Educação como determinante das transformações sociais e suas influências até os
tempos atuais.

PROPÓSITO
Demonstrar que a História é um discurso do presente que olha para o passado para entender melhor as dinâmicas
de seu tempo.
Com isso, você verá as inovações trazidas por essas iniciativas, sem perder de vista os desafios de
pensar a Educação no contexto da globalização e das desigualdades sociais.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar as transformações da Educação no mundo contemporâneo

MÓDULO 2

Comparar as perspectivas futuras da Educação a partir de modelos educacionais brasileiros e de outros países
MÓDULO 3

Reconhecer como a História da Educação nos prepara para os desafios da sociedade tecnológica

INTRODUÇÃO
Tente por um segundo imaginar uma grande inovação tecnológica. No mundo contemporâneo, o que mais
emblematicamente mostraria um mundo em transformação? Durante séculos, homens usaram seus pés, animais,
carroças e barcos para se locomoverem. Até que o desenvolvimento de sistemas, máquinas com engrenagens,
vapor e caldeiras aceleraram o mundo. A velocidade mudou quando colocamos a máquina a vapor nos caminhos
marcados com ferro e dormente. O mundo ficou menor, mais veloz. A integração entre as pessoas tornou-se cada
vez mais rápida, as trocas de mercadorias e informações aceleraram. Precisávamos aprender mais, ter novas
possibilidades. O trem, que estampa a nossa imagem de abertura, é um ícone da sociedade contemporânea e seus
avanços. Passamos a ser supervelozes, andar por baixo da terra e até mesmo por baixo do mar. A metáfora do
trem serve para toda a Era Contemporânea, carregada de conhecimentos cada vez maiores, mais velozes e
intensos. O trem da tecnologia é o trem do conhecimento e da Educação, que, sem dúvida alguma, marcou os
séculos XIX, XX e XXI. Sigamos viagem!

MÓDULO 1

 Identificar as transformações da Educação no mundo contemporâneo

INTRODUÇÃO
Neste módulo, você será apresentado ao mundo contemporâneo e sua relação com a História da Educação, para
que as discussões não pareçam ter surgido de um momento para o outro.

Este é um dos grandes desafios da disciplina: tirar a face de algo cristalizado para mostrar que está viva e presente.
A História é um exercício de discurso, uma reflexão sobre o presente, só que o presente não existe sem essa
memória, sem a reflexão sobre o passado.

A verdade depende do ponto de vista, das influências que você tem, das escolhas que você faz, pois a verdade não
é uma realidade indiscutível. Em especial, nas Ciências Humanas.

No vídeo a seguir, veremos como a verdade pode ser diferente de acordo com o ponto de vista de cada pessoa.
Pessoas respondem como se sentem em relação ao período que passaram na escola, e o professor Rodrigo
Rainha comenta.

Vídeo com libras


A DIVISÃO DO TEMPO
Provavelmente, você já ouviu dizer que determinada pessoa é alguém à frente do seu tempo. Mas será que existe
alguém que viva fora do seu próprio tempo? A resposta é não. Todos nós somos, sem exceção, frutos da nossa
própria época. Talvez você esteja se perguntando: “Eu aprendi na escola que a Idade Contemporânea começou
após a Revolução Francesa, lá no século XVIII. Como é possível, então, que a gente ainda seja contemporâneo?”.

Imagem: Shutterstock.com

Imagem: Shutterstock.com

Dessa forma, o tempo foi dividido em:


Imagem: Shutterstock.com

A visão de tempo europeia visava exaltar o que eles entendiam como seu auge: do desenvolvimento da escrita em
áreas próximas ao Mediterrâneo – com gregos e romanos, incluindo as civilizações reconhecidas como poderosas,
como os egípcios –, passando por um período considerado pouco produtivo para o homem – Idade Média –,
quando retoma o seu caminho de crescimento, na Era Moderna, até atingir o ápice, no início da Era
Contemporânea.

Antes de falarmos mais sobre isso, faremos uma provocação...

E se o tempo fosse contado de outra forma?

Maias, astecas, chineses e muçulmanos, por exemplo, têm calendários bem diferentes, em formato circular ou
espiral.

CALENDÁRIO CIRCULARES OU EM ESPIRAL

O tempo para a tradição cristã ocidental é sempre linear, com um início e um fim, mas há culturas marcadas
por modelos de tempo circular, em ciclos, principalmente as orientais.

Outra forma de contar o tempo tem relação com o modelo solar, muito usado no ocidente, e o lunar, que é
presente, por exemplo, nas culturas tupi e islâmica.

Imagem: Shutterstock.com

Calendário maia

Imagem: Shutterstock.com

Calendário chinês

Imagem: Shutterstock.com

Calendário asteca

Imagem: Shutterstock.com

Calendário muçulmano

Como vimos, a vitória da visão europeia construiu o conceito de um calendário, uma vivência e, consequentemente,
um mundo ocidental. Dessa forma, em sua divisão do tempo, tudo o que estava após o seu auge
passa a ser
chamado de contemporaneidade. Em outras palavras, essas divisões cronológicas da História foram pautadas
pelos acontecimentos ocorridos na Europa e por sua forma de pensar os
acontecimentos históricos, ou seja, a
História da humanidade ficou restrita, durante muito tempo, às definições dos historiadores europeus.
A HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Agora que já entendemos a História como um fenômeno ativo, dinâmico e, sobretudo, presente, que não é apenas
um amontoado de fatos e pessoas do passado, daremos o próximo passo. Se alguém lhe perguntar em qual século
estamos neste momento, a resposta é simples: século XXI! Se a mesma pessoa disser que nós somos
contemporâneos dos homens e das mulheres que viveram no século XIX, por exemplo, você saberia responder o
que isso significa?

A contemporaneidade nada mais é do que a ideia de estar em seu próprio tempo. Estar no seu tempo é perceber
que a História é viva. Alguns dizem que é a recuperação da imagem de Cronos – dos gregos – e o tempo que
engole seus filhos. Mas, aqui, no nosso cronotopo, ele é constantemente recriado.

O que chamamos de contemporaneidade em História é a junção de dois grandes eventos europeus:

CRONOS

Titã grego, pai dos deuses gregos, Zeus, Poseidon e Hades. Em grego, cronos significa tempo.

CRONOTOPO

Formas de ver e interpretar o tempo em sua sociedade.

REVOLUÇÃO FRANCESA

Nome dado ao levante da burguesia contra a nobreza e a Igreja no final do século XVIII. Seu principal resultado é a
mudança dos regimes políticos, com impactos no mundo inteiro.

Imagem: Ferdinand Delacroix (1798-1863) “Liberdade nas barricadas” (1830). Reprodução do álbum ilustrado
“Delacroix”, publicado em Budapeste, Hungria, 1963. / Ferro e Carvão, de William Bell Scott (1855-60).

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Fenômeno inglês do século XVIII. Representa o desenvolvimento das corporações de ofício e a multiplicação do
uso de maquinário. No início, o desenvolvimento é pautado em máquinas a vapor e carvão mineral, e o foco era a
indústria têxtil. É seguido pelo desenvolvimento dos transportes e pela mudança de todo o regime econômico.

A contemporaneidade é nosso tempo, nossa Era. Ela começa com uma leve aceleração, mas, ao longo do século
XX, a velocidade só aumentou:

As Revoluções Industriais mudam economicamente o mundo, criando novos padrões comerciais, sedimentando o
capitalismo que dominaria o século XX, além da mudança dos modelos políticos, com a ascensão de repúblicas,
democracias e federações.
Imagem: Shutterstock.com

O resultado da mudança é um incremento de trocas comerciais em todo o planeta e disputas intensas por
mercados, que fomentaram conflitos mundiais fortes, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, e ajudaram a
consolidar novas potências, como França, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética.

Imagem: Shutterstock.com

Após os conflitos mundiais, as guerras não cessaram, mas se tornaram mais locais, dentro de novas modalidades
de comércio e disputa por hegemonia mundial, entre União Soviética (URSS) e Estados Unidos (EUA).

Imagem: Shutterstock.com

O fim do século trouxe muitas mudanças:


O Muro de Berlim cai, marcando o fim da Guerra Fria. Mais do que isso, consolida-se a ideia de globalização e
trocas comerciais que se materializam em todo o mundo.

Foto: Autor original desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.

As guerras não cessaram e continuaram definindo nosso cotidiano. Alguns exemplos de conflitos são: Guerra do
Golfo, Guerra do Iraque, Guerra da Síria, conflitos nos Balcãs, na África e na América Latina, além da presença do
terrorismo.

Foto: Michael Foran/Wikimedia Commons/licença(CC BY 2.0)


A tecnologia é o grande marco, levando-nos para a Era da Informação, com microcomputadores, redes de Internet,
multiplicação de mídias e difusão de informações.

Imagem: Shutterstock.com

Por que estamos falando de tudo isso?

Para chamar sua atenção para o fato de que a compreensão europeia da História e da divisão do tempo também
esteve presente de forma marcante na maneira de fazer e pensar a Educação. Essas ideias não estão soltas ou
desconectadas no tempo e espaço.

Imagem: Shutterstock.com

Já reparou como a escola vem mudando? Será? Repare os modelos que herdamos dos europeus e como eles se
modernizam, mas o formato é sempre muito parecido...

Imagens: Shutterstock.com

As matérias que nós costumamos estudar, a implementação de linhas educacionais adotadas nas escolas, as
formas de construir a Pedagogia e a Didática e suas principais teorias: tudo isso foi produzido por europeus ou
intelectuais influenciados pelo pensamento eurocêntrico.

É claro que o mundo já mudou muito, que não seguimos mais cegamente o modelo europeu, pois cada país tem
buscado desenvolver novas formas de pensar, de educar, de aproximar as pessoas de sua forma de ver o mundo.
Sempre houve sociedades que resistiram mais a essa influência, como o mundo muçulmano, mas também é
inegável que os anos de dominação econômica europeia, depois expandida pela continuidade da dominação
estadunidense, marcaram o mundo.

A noção de mundo ocidental contemporâneo é um processo de expansão de valores europeus.

Esse impacto está vivo na Educação.

PENSAMENTO EUROCÊNTRICO

Voltado para o ponto de vista da Europa como centro do pensamento mundial. Um excelente exemplo é o
modo como os mapas mundi ainda são apresentados, com Greenwich, na Inglaterra, como o meridiano zero.

Imagem: Shutterstock.com

Hoje, o mundo inteiro tende a dividir o processo de formação em:


Imagem: Shutterstock.com

Formação voltada às crianças

Imagem: Shutterstock.com

Formação voltada aos jovens


Imagem: Shutterstock.com

Formação voltada aos adultos

Não restam dúvidas de que o eurocentrismo, que marcava isoladamente a nossa cultura nas últimas décadas, de
1980 em diante, sofreu a influência de novos fenômenos: a globalização, com maior integração tecnológica,
política e econômica, e o encurtamento de distâncias favoreceu esse movimento. Mas qual é a origem desse
modelo?

Podemos dizer que, atualmente, o mundo inteiro tem adotado uma Educação mais técnica. Esse modelo é
bastante antigo, veio do grande movimento das industrializações, quando precisavam preparar funcionários para
assumir cargos e funções técnicas. Os primeiros eram empiristas, olhavam, tentavam, erravam e acertavam, e, se
acertavam mais do que erravam, viravam grandes técnicos, e passavam a treinar e formar aqueles que os
substituiriam.

Atente para o fato de que o capitalismo transformou a Educação em um bem para o trabalhador. Acreditava-se que
as nações só iriam se desenvolver plenamente nesse novo urbano com a formação de mão de obra mais
qualificada.

GLOBALIZAÇÃO

Globalização é um contexto criado para definir o conjunto de movimentos vividos ao fim da Guerra Fria. Neste
contexto, a ideia de velocidade da informação, de troca política e comercial acelerada, passou a marcar
interações que nunca existiram. O sentido original de aldeia global foi substituído por mundo integrado pela
tecnologia da informação. Hoje, o termo é utilizado como sinônimo das dinâmicas sociais entendidas como
pós-modernas.
EMPIRISTAS

Toda doutrina (mas esp. as dos ingleses Locke e Hume) para a qual o conhecimento só pode ser alcançado
mediante a experiência sensorial, opondo-se assim a todo racionalismo e a toda transcendência metafísica.

Fonte: Aulete Digital

CAPITALISMO

Conceito econômico adotado para quando as relações econômicas passaram a ser fundamentadas em lastros
financeiros.

Imagem: Shutterstock.com

Durante o período da Primeira e da Segunda Guerra Mundial – entre 1914 e 1945 –, a Educação passa a ganhar
um novo papel: atender aos anseios nacionalistas.

Fascistas e nazistas apostavam no papel da Educação como um importante instrumento de convencimento das
massas, trabalhando de maneira incisiva a ideia de que o jovem precisava estar integrado à noção de país,
civilidade e nacionalismo. Tais valores deveriam ser estimulados e mantidos na escola.

Do lado da URSS e de seus signatários, a Educação também era fomentada. Ali, seu papel era afastar os jovens
dos valores tradicionais da sociedade – entendidos como atrasados – para que atendessem aos anseios do Partido
e da Ideologia norteadora.

Foto: Autor desconhecido/Arquivo Stadtarchiv Nürnberg.


 Na Alemanha nazista, os alunos recebiam na escola livros antissemitas.

Uma reflexão interessante é notar que a Educação se tornou vital para os governos como estratégias políticas. Note
que até mesmo regimes bem diferentes tinham uma coisa em comum: viam a Educação como algo vital. Repare:

Imagem: Shutterstock.com

SOCIALISTAS

Formar para atender aos anseios da sociedade e do governo.


Imagem: Shutterstock.com

FASCISTAS/NAZISTAS

Formar para despertar paixão, ordem e respeito pela nação.

Imagem: Shutterstock.com

CAPITALISTAS

Formar para o mundo do trabalho.

Essas influências se espalharam pelo mundo e não devem ser entendidas de forma fechada, mas de uma maneira
dinâmica e com constantes adaptações.
Em outras palavras, será que isso é engessado e cada um faz de um jeito? Claro que não. Percebemos que a
Educação se tornou um bem, um objeto governamental, parte do mundo do trabalho, uma marca do mundo
contemporâneo.

VEJAMOS A OPINIÃO DO ESPECIALISTA PARA


ENTENDERMOS MELHOR A EDUCAÇÃO EM
TRANSFORMAÇÃO COM FOCO NO BRASIL.
Professor doutor da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira, fala do valor da Educação na história recente do Brasil.
Vídeo com libras

TENDÊNCIA: O MUNDO EM CONTESTAÇÃO


A Educação, ao mesmo tempo em que representa diálogo com o governo e manutenção da ordem, também pode
ser a base da luta contra determinadas estruturas políticas. É isso que visamos apresentar com as tendências.

Com a Guerra Fria, eclodiram uma série de guerras locais na África, Ásia e América Latina. Entre as décadas de
1950 e 1960, o mundo assistiu ao surgimento de movimentos de contestação da ordem política. Toda essa
efervescência também se fez sentir no campo educacional.

Vamos conhecer alguns desses movimentos:

GUERRA FRIA

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, duas grandes potências passaram a disputar a hegemonia
política, econômica e militar do mundo. De um lado, Estados Unidos representando os interesses do
capitalismo. De outro, a socialista União Soviética. Entre os anos 1947, início da Guerra Fria, e 1989, fim da
guerra, com a queda do Muro de Berlim, o mundo se viu numa constante polarização ideológica entre as duas
potências.

Imagem: Vincent Grebenicek / Shutterstock.com

LEVANTE DE PARIS
Um dos movimentos mais famosos é o Levante de Paris. Em maio de 1968, os estudantes parisienses se
levantaram contra as formas tradicionais de ensino. Os temas abordados eram, em especial, o modo como as
academias de Ciências Sociais e Economia davam base a novas formas de pensar, visando uma nova forma de
fazer a Educação.

Foto: Tangopaso/Wikimedia Commons/Domínio Público.


 Barricadas em Bordeaux, em maio de 1968.

O movimento também recebeu apoio dos trabalhadores e teve como marco a proposta de uma Universidade
popular para abrir espaço para novos segmentos na Educação universitária.

MOVIMENTOS SOCIAIS – DIREITOS CIVIS


Foto: U.S. National Archives and Records Administration/Wikimedia Commons/Domínio Público.


 O ativista judeu Joseph L. Rauh Jr. marchando ao lado de Martin Luther King durante um protesto em 1963.

Provavelmente você já deve ter assistido a algum filme em que as pessoas negras, nos Estados Unidos, não
podiam frequentar os mesmos espaços públicos que as pessoas brancas. As chamadas leis de segregação racial
deixaram marcas que são sentidas até hoje na sociedade norte-americana. Mas, sobretudo após os anos 1950,
foram muitos os ativistas que lutaram e se insurgiram contra essas leis.

O pastor protestante Martin Luther King foi uma dessas personalidades que passaram a denunciar os graves
crimes que atingiam a população negra. Além dele, destacam-se Malcom X, líder da luta contra opressão e
racismo, e a resistente e silenciosa luta de Rosa Parks.

A Educação também foi atingida em cheio pelas leis de segregação racial, já que existiam escolas separadas para
pessoas negras e brancas. Todos esses líderes foram formados em tais espaços.

Sobre a relação entre o Direitos Civis e a Educação, também podemos falar de Linda Brown.

MARTIN LUTHER KING JR

Pastor protestante e ferrenho ativista político contra a discriminação racial nos Estados Unidos nas décadas de
1950 e 1960. Ele defendia a paz, a luta pacífica e o amor ao próximo. Em função da atuação de King e de
outros ativistas, a população negra nos Estados Unidos passou a ter o direito de frequentar lugares públicos,
como lanchonetes e bibliotecas. Em janeiro, nos EUA, é celebrado o Dia de Martin Luther King.

Foto: Nobel Foundation/Wikimedia Commons/Domínio Público.


 Martin Luther King

MALCOM X

Ativista dos direitos dos negros, defendia que as máculas construídas ao longo de séculos de escravidão
tornaram a relação entre negros e brancos inconciliável. Sendo assim, a proposta de Malcom X incluía a
reivindicação de território independente para os grupos afrodescendentes. Sua posição em relação ao
cristianismo era, na mesma medida, irrevogável, pelo fato de a religião cristã – de qualquer vertente – legitimar
a escravização de seus ancestrais.

Foto: Marion S. Trikosko/Wikimedia Commons/Domínio Público.


 Malcom X
ROSA PARKS

Em um ônibus durante o regime de segregação nos Estados Unidos, brancos se sentavam na frente, e
“coloridos” ficavam em cadeiras piores no fundo do transporte. Rosa se sentou em um lugar vazio, na frente, e
exigiram que se levantasse. Ela não se levantou, acabou presa e virou símbolo da resistência.

Foto: Autor desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.


 Rosa Parks

LINDA BROWN

Linda é reconhecida como uma importante ativista que lutou pela igualdade na Educação desde criança.
Quando estava na terceira série, ela não conseguiu se matricular na Sumner School em Topeka, no Kansas,
devido a sua raça.
Seu pai, um reverendo protestante, entrou na justiça para que ela tivesse o direito de se
matricular nessa escola que era mais perto de casa. Venceram e isso foi um marco para derrubar a doutrina
segregadora.

Foto: NYWT&S staff photo by Al Ravenna/Wikimedia Commons/Domínio Público.


 Linda Brown

PROTESTO DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL


Durante a organização do modelo comunista na China, intelectuais foram perseguidos. No entanto, com a chegada
de Deng Chao Pin ao poder, o modelo chinês assumiu características reformistas.

Neste contexto, Yaobang chega ao governo. As medidas políticas passaram a afastar os líderes mais radicais do
reformismo, e o secretário-geral foi afastado. Os estudantes iniciam um movimento lento de ocupação da praça
Tian'anmen para pressionar o governo a desistir de suas ações. Liderados por estudantes, os protestos foram
ganhando simpatizantes até a ocupação do local e a decisão do governo de impor lei marcial contra os protestos.

Foto: Jeff Widener


 Tian'anmen em 1989. A manifestação estudantil foi dissolvida

pelos militares, matando entre 200 e 2.000 pessoas.

Esse movimento, apesar de ter sido registrado pelas câmeras do mundo inteiro, foi negado pela China em diversos
momentos de sua história. Isso mostra que, mesmo em regimes diversos, como o chinês, a Educação e os
estudantes são vistos como uma forma de negação ao poder estabelecido.
TIAN'ANMEN

Também chamada de praça da Paz Celestial.

O que destacamos aqui é a contradição central da Educação Contemporânea, pois seu crescimento é uma ação e
responsabilidade de Estados. No entanto, ela está envolta em projetos políticos e econômicos em que a Educação
pode funcionar como negação, libertação e crítica ao cotidiano social.

IMAGENS EMBLEMÁTICAS
Algumas imagens ficaram marcadas na História como símbolos dos importantes movimentos que influenciaram a
Educação, como estas:

A pequena Ruby Bridges, em 1960, em Nova Orleans, foi escoltada por oficiais para ter o direito de frequentar uma
escola, por meio de mandado judicial.

Foto: Uncredited DOJ photographer/Wikimedia Commons/Domínio Público.


Protestante resistindo aos tanques enviados pelo governo para debelar os protestos na praça Tian'anmen (praça
da Paz Celestial), em Pequim, em 4 de junho de 1989.

Foto: Formosa Wandering/Wikimedia Commons/licença(CC BY-NC 2.0).

Estudantes franceses no protesto de maio de 1968, conhecido como Levante de Paris

Foto: Bruno Barbey / Magnum Photos


Inspirados pelo movimento dos Panteras Negras, atletas que ganharam a medalha de ouro e bronze nas
Olimpíadas do México, em 1968, foram punidos e perderam suas medalhas pelo gesto de punho cerrado.

Foto: Angelo Cozzi/Wikimedia Commons/Domínio Público.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. A RELAÇÃO ENTRE CONTEXTO HISTÓRICO E EDUCAÇÃO PODE SER PERCEBIDA


QUANDO OBSERVAMOS A QUESTÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO, POIS:

A) Os modelos de divisão do trabalho se relacionam às divisões e às escalas educacionais.

B) As escolas se organizam no século XX aos moldes das fábricas e do mundo do trabalho.

C) A Educação passa a ser um capital passível de ser adaptado e instrumentalizado para as empresas.

D) Os trabalhadores da Educação lhes ofertam a possibilidade de lutar contra o sistema.

2. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SERVE PARA PERCEBER QUE NÃO EXISTE UM PASSADO


INQUESTIONÁVEL. POR EXEMPLO: A EDUCAÇÃO ESTADUNIDENSE ERA
APRESENTADA COMO MODELO NO BRASIL PELO IDEAL TECNICISTA. NO ENTANTO,
APARECE COMO ALGO ATRASADO E CRÍTICO DURANTE A CRISE DOS DIREITOS CIVIS.
A RELAÇÃO ENTRE DIREITOS CIVIS E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PODE SER
COMPREENDIDA A PARTIR:

A) Do discurso de Martin Luther King sobre igualdade em Washington.

B) Da resistência de Rosa Parks ao se levantar da área segregada do ônibus.

C) Do levante da praça da Paz Celestial contra a corrupção do governo.

D) Da luta pelo fim da segregação e ação na justiça movida por Linda Brown.

GABARITO
1. A relação entre contexto histórico e Educação pode ser percebida quando observamos a questão da
Industrialização, pois:

A alternativa "C " está correta.

A Revolução Industrial é o fenômeno central, mas precisamos perceber a relação entre a mudança da Educação e
esse fenômeno. Historicamente, todas as relações descritas nas alternativas acontecem em alguma medida. No
entanto, como relação direta entre contexto histórico e Educação, o fenômeno correto é a letra C, pois, a partir da
industrialização, temos uma verdadeira explosão das fronteiras educacionais para que trabalhadores possam atingir
as fábricas.

2. História da Educação serve para perceber que não existe um passado inquestionável. Por exemplo: a
Educação estadunidense era apresentada como modelo no Brasil pelo ideal tecnicista. No entanto, aparece
como algo atrasado e crítico durante a crise dos Direitos Civis. A relação entre Direitos Civis e História da
Educação pode ser compreendida a partir:

A alternativa "D " está correta.

Todas as opções têm relação com o contexto, mas a referência específica à História da Educação pela ruptura que
representa no sistema americano está representada por Linda Brown.

MÓDULO 2

 Comparar as perspectivas futuras da Educação a partir de modelos educacionais brasileiros e de outros


países

INTRODUÇÃO
Ao nos debruçarmos sobre os modelos e as estratégias pedagógicas adotadas no Brasil e no mundo nas últimas
décadas, notamos que muita coisa mudou para melhor. Isso significa que o trabalho está terminado e que o Brasil
pode ser considerado um modelo quando o assunto é Educação?

Provavelmente, não. Apesar da Constituição de 1988 determinar que se trata de um direito inalienável, o Brasil
ainda conta com altas taxas de analfabetismo, evasão escolar, falta de infraestrutura etc. Precisamos caminhar
bastante para chegar a um patamar em que a Educação de qualidade seja considerada um direito de todos.

Uma das vantagens do encurtamento de distâncias promovido pelo processo de globalização em curso é pensar
como podemos aprender com outros modelos ao redor do mundo. E ensinar também. Por isso, este módulo é um
convite para pensarmos a Educação brasileira contemporânea inserida em um contexto mais global de iniciativas.
Afinal de contas, uma das grandes características do mundo em que vivemos é justamente a construção de redes
que interligam pessoas e ideias. Sem dúvidas, a Internet é um fator fundamental nesse processo.

Imagem: Shutterstock.com

O Brasil está inserido no contexto mundial, ou seja, todas as principais mudanças que acontecem no mundo, de
alguma forma, chegam até nós.

Veja a linha do tempo:

Brasil

1889

Torna-se República

1910

Brasil inicia seu processo de urbanização


1930

“Revolução” – chegada de Vargas ao poder

1942

Brasil entra na Guerra

1945

Retorno ao regime democrático

1964

Ditadura civil-militar

1985
Retorno do governo civil

1990

Retorno ao governo democrático

Mundo

1789

Revolução Francesa

1850 – 1900

Imperialismo (domínio de África e Ásia)

1914 – 1918

Primeira Guerra Mundial


1929

Crise de 1929

1939

Início da Segunda Guerra Mundial

1945

Fim da Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria

1989

Queda do Muro de Berlim

1991
Fim da Guerra Fria

CONCEITOS
Qual é o grande ícone de “mundialização” da Educação Contemporânea? Sem dúvida, podemos indicar dois
documentos, a saber:

Imagem: Shutterstock.com

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

No ano de 1948, no contexto do final da Segunda Guerra Mundial, foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Naquele momento, o mundo teve conhecimento dos campos de concentração (nazistas e soviéticos),
responsáveis pela morte de milhões de pessoas. Assim, essa declaração nasceu como uma forma de negar a
guerra e todas as formas de violência. Outro ponto de destaque presente na declaração é justamente a ideia que
“toda pessoa tem direito à Educação”.

Imagem: Shutterstock.com

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DO DIREITO DAS CRIANÇAS

Essa declaração representa o reconhecimento da criança como um ente com os mesmos direitos, mas com
especificidades. O direito ao cuidado, ao desenvolvimento, à proteção e à segurança acabam criando um pacto
mundial nesse sentido. Alguns países, no entanto, demoram a ser signatários desses documentos. O Brasil só vai
reconhecer e transformar seus fundamentos em lei em 1988, com a Constituição Cidadã.

A despeito do proposto, veja estes números:

Imagem: Jose Martins Ferreira Neto.


Imagem: Shutterstock.com

De 1988 para cá, houve muitas discussões, como:

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)


Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)

Além de outros documentos que pensavam a formação do professor, estrutura das escolas, entre outros. Mas qual
é o resultado? Como podemos pensar a contemporaneidade em termos de Educação?

Como é possível imaginar, os desafios para melhorar os índices educacionais estão presentes no mundo inteiro,
não apenas no Brasil. Dessa forma, com o aprofundamento do processo de globalização,
cada vez mais
presenciamos a necessidade de uma reflexão conjunta sobre como alcançar a justiça social e a convivência
harmoniosa entre os povos.

Imagem: Shutterstock.com

A solução para tornar a Educação uma linguagem universal pode ser a


cooperação internacional entre os países, já
que é
um problema de todos.

Imagem: Shutterstock.com

As ações praticadas pela Unesco, por exemplo, têm essa perspectiva: contribuir para o estabelecimento da paz
entre os povos, a erradicação da pobreza, o desenvolvimento de políticas públicas para a Educação, o estímulo à
diversidade cultural etc.

Podemos perceber até aqui que desafio é a palavra-chave para todos aqueles que assumem a Educação,
profissionalmente ou não, como algo com grande relevância na vida das pessoas. É neste mesmo contexto de
desafios a serem enfrentados que somos levados a percebê-los também como perspectivas e oportunidades.

Imagem: Shutterstock.com

UNESCO
A Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (Unesco) foi criada em 1945 e conta com 195
países membros.

Imagem: Shutterstock.com

Na impossibilidade de levantar todas as propostas e ações


educativas da Educação Contemporânea, destacamos
aquelas que,
de alguma forma, estão ou podem estar relacionadas não somente à reflexão
necessária
sobre a
Educação que somos
convidados a fazer cotidianamente, mas porque afetam a prática educativa que
temos
ou
podemos ter nas próximas décadas.

Imagem: Shutterstock.com

“EDUCAÇÃO: UM TESOURO A DESCOBRIR”


Tomemos como ponto de partida o documento Educação: um tesouro a descobrir, relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI.
Esse relatório, publicado em 1996, foi solicitado à
equipe de educadores de várias parte do mundo, liderada por Jacques Delors, para que pudesse refletir os
caminhos da Educação nos países ligados à ONU.

Esse documento influenciou de forma intensa e definitiva os rumos da Educação, reforçando ou questionando
ações já realizadas e propondo novas ações a fim de alcançar seus objetivos.
Este, aliás, é um ponto de
convergência: o mundo precisa dialogar aos moldes dos congressos que levaram à formação do documento. A
Educação deve considerar o indivíduo, mas ainda é pensada como um fenômeno social.

Foto: Wikimedia Commons/licença(CC BY-SA 3.0).


 Jacques Delors: economista e político francês. Entre 1992 e 1996, presidiu a Comissão Internacional sobre
Educação para o século XXI da Unesco.

No documento, Delors traz o conceito de que a Educação é baseada em quatro pilares:

Imagem: Shutterstock.com

Juntos, esses pilares servem de base para a transmissão da informação e da comunicação adaptada à sociedade.
Veremos um pouco mais sobre esse assunto no vídeo a seguir.

O professor Rodrigo Rainha o convida a conhecer os pilares de Delors a partir da prática de educadores da cidade
de São Paulo, vencedores do prêmio Territórios Educativos.
Vídeo com libras

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR


Um importante passo para a Educação brasileira foi a preparação e publicação da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC). Pelo menos dois aspectos são fundamentais para compreendermos melhor a importância da BNCC:

Imagem: Ministério da Educação (MEC).


 Logo da Base Nacional Comum Curricular

Foi pensada na esteira da LDB/96, dos PCN e das DCNEB,


portanto faz sentido pensar todos
esses documentos
conjuntamente,
como se um auxiliasse e completasse o outro.

É mais do que um documento que estabelece como, quando e por


que determinados conteúdos
serão ensinados.
Assim, o que
importa é construir um projeto educacional que contemple todas as dimensões do
desenvolvimento
humano, como os aspectos
cognitivo e socioemocional, o desenvolvimento físico, cultural etc. A ideia é que o
aluno
consiga aplicar o conhecimento
aprendido no seu cotidiano. O objetivo é formar o indivíduo para a vida cidadã, por
meio
da transmissão de valores que
permitam a boa convivência social.

Nesse sentido, o projeto político-pedagógico de cada escola ganha destaque no cenário, pois será preciso que toda
comunidade seja reunida para discutir, refletir e planejar os rumos do processo de ensino-aprendizagem. Os
professores também terão a incumbência de
elaborar seus planos de aula de acordo com a BNCC. Outro ponto
importante a ser destacado é que a BNCC não é uma medida vinculada a determinado governo ou partido. Ela é
uma política de Estado, prevista no Plano Nacional de Educação, na LDB/1996 e na Constituição de 1988.

COMPETÊNCIAS NA BASE NACIONAL COMUM


CURRICULAR

A palavra-chave da Base Nacional Comum Curricular é competências. Na Introdução da BNCC, competência é


definida como:

Imagem: Shutterstock.com
“Mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades
(práticas cognitivas e socioemocionais),
atitudes
e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
exercício da
cidadania e do
mundo do trabalho”.

Imagem: Shutterstock.com

Percebeu que aqui aparecem novamente, assim como está nos PCN, a importância das três dimensões da
condição humana: estudo, cidadania e trabalho?

A BNCC propõe o desenvolvimento de dez competências distribuídas nas disciplinas curriculares e que devem,
por meio do desenvolvimento das
diversas habilidades, serem respondidas pelas atitudes concretas do aluno em
todos os locais de sua convivência.

Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar
aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam, no
âmbito pedagógico, os
direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Assim, cada área do conhecimento tem competências específicas
que foram traçadas a partir das dez
competências gerais. As competências específicas devem influenciar
diretamente as habilidades que se pretendem formar ao estudar os componentes curriculares.

Mas quais são essas dez competências gerais? Vamos conferir!

Competências Gerais – BNCC

Confira as dez competências gerais da educação básica (ensinos infantil, fundamental e médio):

CONHECIMENTO

Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital

Para

Entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.

PENSAMENTO CIENTÍFICO, CRÍTICO E CRIATIVO


Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão,
a análise crítica, a imaginação e a criatividade

Para

Investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive
tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

SENSO ESTÉTICO

Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais

Para

Fruir e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

COMUNICAÇÃO

Utilizar diferentes linguagens — verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
digital —, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica.

Para

Expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir


sentidos que levem ao entendimento mútuo.

ARGUMENTAÇÃO

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares).
Para

Comunicar-se, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer


protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

CULTURA DIGITAL

Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências.

Para

Entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

AUTOGESTÃO

Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis.

Para

Formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

AUTOCONHECIMENTO E AUTOCUIDADO

Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional.

Para
Compreender-se na diversidade humana e reconhecer suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

EMPATIA E COOPERAÇÃO

Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação.

Para

Fazer-se respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, suas identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza.

10

AUTONOMIA

Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação.

Para

Tomar decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Agora veja quais são as cinco Áreas de Conhecimento, de acordo com o Parecer CNE/CEB nº 11/201025:

As competências previstas devem ser desenvolvidas nas atividades que serão realizadas nas salas de aula. Dessa
forma, haverá uma sintonia entre o que se espera alcançar a longo prazo e a curto prazo. Por isso, a BNCC aponta
os eixos estruturantes das práticas pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica.

Todas as competências são igualmente importantes.


O professor Francisco Carlos nos convida a pensar sobre a tradição curricular brasileira e os desafios que estão
sendo propostos pela BNCC.

Vídeo com libras


Por se tratar de um documento novo, as diretrizes da BNCC podem parecer, em um primeiro momento, algo muito
difícil de ser implementado e realizado. A mudança de hábitos não é um processo fácil, sobretudo quando envolve
tantas pessoas ao mesmo tempo, não é mesmo? Porém, o importante é dar o passo inicial. Para os professores, é
essencial ler a BNCC em sua totalidade para pensar como introduzir as mudanças no contexto da sala de aula. Os
desafios são muitos, e a renovação passa por toda a comunidade escolar.

Para entendermos melhor, veremos uma linha do tempo começando na Lei de Diretrizes e Bases (Lei n° 9394/96) e
finalizando na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

1996

Lei nº 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases.

1997

Parâmetros Curriculares Nacionais (primeiras quatro séries da Educação Fundamental)

1999
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, preparado para cada disciplina.

2000

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, definidos pelas áreas de linguagens, códigos e suas
tecnologias.

2001

Criação do Plano Nacional de Educação.

2003

Lei nº 10639 – Obrigatoriedade do ensino de História e cultura afro-brasileira. Além disso, entra para o calendário
escolar o dia 20 de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra.

2004
Lei nº 10861: É criado o SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior.

2005

Lei nº 11096: criação do PROUNI – Programa Universidade para Todos.

2006

Emenda Constitucional nº 53 cria o FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de


Valorização dos Profissionais da Educação.

2007

Decreto nº 6096: criação do REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais.

2008
Lei nº 11465: Obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Indígena na rede de ensino.

2012

Lei nº 12711: Lei nº 12711: Lei de cotas raciais nas universidades federais.

2017

Homologação da Base Nacional Curricular Comum.

A proposta das competências do BNCC já estava sendo gestada e aplicada em outros países. Talvez o caso mais
emblemático seja o Common Core (Currículo Comum) dos Estados Unidos. Lançado em 2010, chegou a receber
apoio de 90% da população e de 80% dos professores. Hoje, uma década após sua implantação, este índice caiu
pela metade nos dois casos. Uma reflexão sobre isso pode nos ajudar a olhar de forma perspectiva para a situação
nacional.

O exemplo americano é importante para que tenhamos uma compreensão clara do que significa uma Base Comum,
seus limites e suas perspectivas positivas.

MODELOS TRADICIONAIS DE EDUCAÇÃO X


MODELOS INOVADORES
Um ponto bastante atual é a contradição (aparente ou não) entre os modelos tradicionais de Educação e aqueles
considerados inovadores. Esta é uma situação presente em grande parte do mundo. Veja alguns exemplos:

Imagem: Shutterstock.com

EUA
BRASIL
FRANÇA
FINLÂNDIA
JAPÃO

EUA

Nos EUA e em outras partes do Mundo, algumas expressões assumiram um papel bastante emblemático, como,
por exemplo, “Educação centrada no aluno”. Talvez essa seja, atualmente, a grande perspectiva da Educação
Contemporânea. EUA, México, Espanha, entre outros países, têm assumido uma postura reflexiva, que busca
caminhos para inserir o aluno de forma mais efetiva no processo de aprendizagem.

É importante perceber que isso faz parte não somente de projetos oficiais desses países, mas de organismos e
fundações que buscam auxiliar a Educação no mundo. Um exemplo é o Google For Education.

BRASIL

No Brasil, de forma muito mais sutil, parece que o interesse pela chamada Educação Clássica está aumentando.
Seja porque percebemos os fracassos sucessivos do país nas avaliações internacionais, seja a revolução midiática
já apontada, que permite o contato e acesso – na maioria das vezes de forma gratuita – a uma literatura específica
sobre o tema. Por esses ou outros motivos, acreditamos que a Educação está viva na História, e não podemos
negligenciar a oportunidade de entender esse processo e o quanto isso poderá beneficiar, ou não, a Educação no
país.
FRANÇA

A França, berço do Iluminismo – com a Revolução Francesa, como você já viu – e, consequentemente, de um
modelo educacional baseado nos ideais liberais burgueses, fundamentados em grande parte no modelo tecnicista-
meritocrático, que nasceram para combater o ensino clássico, parece estar recuando. Ou pelo menos assim
podemos interpretar, quando o Ministério da Educação francês assume a postura de proibir celulares em sala de
aula, além do retorno de línguas como latim e grego nas escolas.

Esta é uma situação no mínimo curiosa. Seu histórico, inclusive filosófico, de um perfil revolucionário e de abandono
das raízes que constituíram a Europa, permite que, ao menos, estranhemos tais medidas.

FINLÂNDIA

A Finlândia tem seu modelo educacional reconhecido mundialmente, e, cada vez mais, há pesquisadores e políticos
do mundo todo buscando fazer intercâmbios para compreender como uma escola com curta jornada de estudo,
quase ausência total de tarefas escolares para casa, pouquíssimas provas e preocupação mínima com ranking
internacional (o que contraria a maioria das tendências educacionais atuais) pode ter tanto sucesso.

JAPÃO

Parte da Ásia tem mantido as primeiras posições no ranking internacional por vários anos seguidos, assumindo
uma posição mais centrada na disciplina e em longas horas de estudo. Historicamente, o Japão se destaca de
forma emblemática.

Imagem: Shutterstock.com

Embora a proposta da “Educação centrada no aluno” não tenha


sido aceita de forma unânime no exterior (como o
caso da
pedagoga sueca Inger Enkvist),
no Brasil, esse pensamento tem crescido e confunde-se com a utilização
das
tecnologias digitais na Educação por meio das
chamadas metodologias ativas.

INGER ENKVIST

Professora de literatura espanhola na Universidade de Lund, na Suécia. Já publicou estudos sobre Miguel de
Unamuno, José Ortega y Gasset, Mario Vargas Llosa e outros, além de vários livros sobre educação, em
sueco e em espanhol. Nestas obras, critica as bases ideológicas da nova pedagogia, demonstra seus maus
resultados e suas consequências malignas para a cultura ocidental como um todo, e apela para a recuperação
de elementos da pedagogia tradicional, como o valor do conhecimento, da dedicação do aluno e da autoridade
do professor competente.

Fonte: Ecclesiae.

Foto: Per A.J. Andersson/Wikimedia Commons/licença(CC BY-SA 4.0).


 Inger Enkvist

Imagem: Shutterstock.com

Vamos aprofundar um pouco mais o conhecimento sobre os modelos de ensino ao redor do mundo? Veja o vídeo.

O professor Antônio Giacomo faz um comparativo entre os sistemas de ensino brasileiro e internacionais.
Vídeo com libras

TENDÊNCIAS
Para que não percamos a percepção do que isso significa, levantamos um questionamento simples:

O que é uma Educação de sucesso?


Imagem: Shutterstock.com

De acordo com publicação do jornal O Globo, os países nórdicos e asiáticos possuem altas taxas de suicídio. Isso
nos leva a perguntar por que, nos locais onde a Educação é mais bem-sucedida e nos países que possuem as
maiores rendas per capta do mundo, as pessoas se matam? Essa reflexão é relevante para que busquemos um
modelo educacional que, além da formação técnica do indivíduo, possa formá-lo de forma integral.

RENDA PER CAPTA

Valor representativo da distribuição da riqueza de um determinado país. É resultado da divisão do PIB


(Produto Interno Bruto) pela população.

IMAGENS EMBLEMÁTICAS
Veja algumas imagens representativas de importantes acontecimentos relacionados à Educação.

Malala Yousafzai foi baleada na cabeça por Talibãs ao sair da escola. Ela lutava para que as meninas
paquistanesas tivessem o direito de estudar.

Foto: DFID - UK Department for International Development/Wikimedia Commons/licença(CC BY 2.0).


Massacres cometidos por estudantes que retornam à escola em que estudaram têm se multiplicado. Isso mostra
como o ambiente escolar pode ser marcado pela exclusão e violência. Casos famosos, como Columbine, nos
Estados Unidos, e Suzano, em São Paulo, mostram a continuidade do problema.

Foto: Erin Alexis Randolph / Shutterstock.com

Protesto e organização de estudantes em prol de uma escola pública de qualidade em 2015.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil Fotografias/Wikimedia Commons/licença(CC BY 2.0).


O filme O aluno é baseado em fatos. Em 2003, após ouvir uma propaganda do governo que dizia que a escola era
para todos, Kimani Ng'ang'a Maruge começa a lutar para poder estudar.

Foto: Kerry Brown / Desenvolvido por BBC Films

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. NO ANO DE 1996, FOI PUBLICADO O RELATÓRIO “EDUCAÇÃO: UM TESOURO A


DESCOBRIR”, NO ÂMBITO DA UNESCO. ESSE DOCUMENTO FOI IMPORTANTE PORQUE
SISTEMATIZOU QUE A EDUCAÇÃO DEVERIA ESTAR ANCORADA EM QUATRO GRANDES
PILARES. AO COMPARAR A INFLUÊNCIA NO BRASIL E NO RESTANTE DO MUNDO,
PODEMOS APONTAR QUE:

A) A Educação não deve se centrar no exercício de mera transmissão, mas pautar-se no retorno a elementos
clássicos, exercícios que historicamente se mostraram eficientes.

B) A Educação se tornou um elemento primordial para a formação de uma sociedade mais justa e equilibrada, que
permita aos sujeitos atingirem seu potencial.

C) A Educação no século XXI precisa refletir sobre si e o papel que deve assumir para atingir as demandas sociais
do mundo contemporâneo.

D) A Educação, no século XXI, deve pautar-se na necessidade do aluno. A busca do desenvolvimento da Educação
depende do interesse individual de cada sujeito e deve se orientar de acordo com essa perspectiva.

2. NA COMPARAÇÃO ENTRE O BRASIL E O MUNDO EM TERMOS DE EDUCAÇÃO NA


CONTEMPORANEIDADE, EM ESPECIAL PENSANDO NAS INFLUÊNCIAS DA UNESCO,
PODEMOS DESTACAR COMO UMA BUSCA DE INTEGRAÇÃO COM AS PROPOSTAS
MUNDIAIS:

A) Base Nacional Comum Curricular.

B) Constituição de 1988.

C) Declaração Universal do Direito dos Homens.

D) Adoção do modelo Common Care .

E) Retomada conversadora nos fundamentos da Educação.

GABARITO
1. No ano de 1996, foi publicado o relatório “Educação: um tesouro a descobrir”, no âmbito da UNESCO.
Esse documento foi importante porque sistematizou que a Educação deveria estar ancorada em quatro
grandes pilares. Ao comparar a influência no Brasil e no restante do mundo, podemos apontar que:

A alternativa "C " está correta.

Os pilares organizados por Delors devem ser tratados como um documento histórico, sendo mais uma das
reflexões necessárias sobre os desafios da Educação. Porém, tendo em vista que não existe uma fórmula mágica,
definitiva. Por isso, seu papel lida, ainda, com demandas sociais em que o sujeito está inserido, não em demandas
focadas exclusivamente no sujeito.

2. Na comparação entre o Brasil e o mundo em termos de Educação na contemporaneidade, em especial


pensando nas influências da UNESCO, podemos destacar como uma busca de integração com as propostas
mundiais:

A alternativa "A " está correta.

A Base Nacional Comum Curricular é um debate histórico no Brasil, um país de dimensões continentais que precisa
ofertar condições básicas para sua Educação, partindo de um atraso difícil de lidar. Evoluímos, mas, mesmo com
planos nacionais, estaduais e municipais, faltava a modernização, que foi buscada de acordo com a linha de
habilidades e competências proposta a partir da BNCC. Todos os demais movimentos aqui mencionados
influenciam, mas somente a BNCC significa esta transformação. Muitas das ideias presentes no relatório da Unesco
podem ser visualizadas nas competências da BNCC. Por exemplo, o estímulo ao desenvolvimento das habilidades
socioemocionais dos indivíduos.

MÓDULO 3

 Reconhecer como a História da Educação nos prepara para os desafios da sociedade tecnológica
INTRODUÇÃO
A partir das diversas leis, medidas e dos decretos estruturados para o âmbito educacional, é possível entender que
uma das grandes inovações nas últimas décadas é a ampliação dos currículos
escolares para além do
desenvolvimento das habilidades cognitivas. Isso significa que o espaço escolar não tem como finalidade apenas
transmitir conhecimento, mas proporcionar instrumentos para que as potencialidades dos alunos sejam
exploradas.

Foto: Shutterstock.com

ANTES

Foto: Shutterstock.com

DEPOIS

Afinal de contas, qual é o papel do ambiente escolar e de seus profissionais em um mundo globalizado?
O século XXI é marcado por muitas contradições. Imaginamos, de forma geral, o futuro do mundo e da Educação
da seguinte forma:

O desenvolvimento de tecnologias velozes e poderosas.

Foto: Shutterstock.com

Mas, na prática, o mundo ainda é marcado por:

Foto: Shutterstock.com

DESIGUALDADES

O agravamento das desigualdades sociais, sobretudo em regiões periféricas.


Imagem: Shutterstock.com

CONSUMO ACELERADO

Aceleração da sociedade de consumo descartável em todos os sentidos.

Essa nova ordem mundial causou e ainda causa impactos profundos no ambiente escolar. Uma
das dúvidas
colocadas para os
educadores é como lidar com os chamados “novos desafios do mundo
contemporâneo”, que
envolvem o conhecimento de
tecnologias e a crescente competitividade no mercado de trabalho.

Nas bases legais dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio,


temos a reafirmação constante de
que a Educação
não deve ser estruturada a partir do acúmulo de conhecimentos, mas a partir da
preparação do
aluno para o
desenvolvimento da capacidade de lidar com os desafios da
sociedade tecnológica.


O VOLUME DE INFORMAÇÕES, PRODUZIDO EM DECORRÊNCIA
DAS NOVAS TECNOLOGIAS, É CONSTANTEMENTE SUPERADO,
COLOCANDO NOVOS PARÂMETROS PARA A FORMAÇÃO DOS
CIDADÃOS. NÃO SE TRATA DE ACUMULAR CONHECIMENTOS. A
FORMAÇÃO DO ALUNO DEVE TER COMO ALVO PRINCIPAL A
AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTOS BÁSICOS, A PREPARAÇÃO
CIENTÍFICA E A CAPACIDADE DE UTILIZAR AS DIFERENTES
TECNOLOGIAS REATIVAS ÀS ÁREAS DE ATUAÇÃO.

Parâmetros Curriculares Nacionais

Portanto, neste módulo, vamos buscar as respostas para as seguintes perguntas:


Qual é o papel da História da Educação na observação do mundo contemporâneo em permanente processo de
mudança?


Será que a História não deve observar isso?


Devemos esperar esses movimentos ficarem mais velhos para analisá-los?

A História é uma ciência humana que estuda a relação de homens e sociedade, utilizando o tempo como seu objeto
de referência. Mas isso não a transforma em uma ciência do passado, pois seu objeto e suas práticas estão no
presente. Usamos o passado para refletir sobre nossa própria sociedade, com o passado nos iluminando,
permitindo debates. Se imergíssemos na contemporaneidade, poderíamos nos afastar dessas reflexões.

Imagem: Shutterstock.com

OS PERSONAGENS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI


Antes de mais nada, é preciso ter em mente que todos os modelos e as experiências pedagógicas que vimos até
agora são fundamentais para compreender o papel da Educação atualmente. O desafio é pensar como o ambiente
escolar e os profissionais que nele atuam estão respondendo a tantas mudanças estruturais e éticas.

Durante muito tempo, a transmissão do conhecimento se dava da seguinte maneira:

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PROFESSOR
O detentor do conhecimento, que passava o conteúdo para os alunos sem muita crítica ou embasamento.

ALUNO
Absorvia o conteúdo sem questionamento sobre o que era transmitido pelo docente.

Precisamos provocar o olhar sobre esses personagens presentes na escola e avaliar nossa responsabilidade como
educadores. A professora Nilda Alves é doutora em Educação, e um de seus objetivos é fazer a escola reconhecer
os conhecimentos do mundo.

A professora Nilda Alves é professora titular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e comenta sobre os
saberes e seu papel.
Vídeo com libras

Imagem: Shutterstock.com
Ainda assim, muitos educadores olham para as
transformações com certa
desconfiança. De fato, sair da zona de
conforto e
se abrir para novas possibilidades não é tarefa fácil. O uso de tecnologias em sala de
aula, por exemplo,
depara-se com
a falta de habilidade do professor em dominar as tecnologias e suas linguagens: web,
podcast,
software, armazenar na
nuvem, Google, Facebook etc. Ou seja, é cada vez mais difícil supor que o docente em
sala
de aula seja o único detentor
do conhecimento. Com a explosão tecnológica, a um clique de distância,
o aluno
tem acesso a uma quantidade infinita de
informações de todos os tipos possíveis. Ao mesmo tempo, sabemos
que,
na Era da Informação, não faltam conteúdos falsos
ou notícias com fontes desconhecidas. São as famosas
fake news!

No âmbito das novas propostas pedagógicas adotadas pela legislação


brasileira, a ideia é que a Educação
forneça
instrumentos para que o aluno construa seu próprio conhecimento e tenha curiosidade
sobre tudo aquilo
que o rodeia. A
formação de um indivíduo para a vida cidadã parte, em
primeiro lugar, da sua atuação como
sujeito ativo.

Segundo Paulo Freire:


CONHECER NÃO É O ATO ATRAVÉS DO QUAL UM SUJEITO
TRANSFORMADO EM OBJETO RECEBE DÓCIL E PASSIVAMENTE
OS CONTEÚDOS QUE O OUTRO LHE DÁ OU LHE IMPÕE. O
CONHECIMENTO, PELO CONTRÁRIO, EXIGE UMA PRESENÇA
CURIOSA DO SUJEITO EM FACE DO MUNDO. REQUER SUA AÇÃO
TRANSFORMADORA SOBRE A REALIDADE. DEMANDA UMA
BUSCA CONSTANTE. IMPLICA INVENÇÃO E REINVENÇÃO.

(FREIRE, 1985, p. 7)

A formação de sujeitos críticos implica, portanto, a revisão das práticas educativas.

Como já vimos, uma das propostas presentes na BNCC é a formação por competências. A ideia
é que o aluno
tenha autonomia
para decodificar determinada informação, pesquisar outras referências, comparar fontes e
saber
estabelecer conexões
entre o passado e o presente.

A Educação do futuro tem como pressuposto incentivar o aluno a construir seu próprio conhecimento, associando o
conteúdo ensinado na escola à sua trajetória de vida. Nesse sentido, a tecnologia, quando usada de modo correto,
é um instrumento bastante eficaz na democratização da informação e do conhecimento. O importante é capacitar o
educador para que conheça as potencialidades e os limites dos recursos virtuais.

Imagem: Shutterstock.com

Imagem: Shutterstock.com

QUE CAMINHOS SEGUIR?


Você provavelmente deve se recordar do seu tempo de escola. Se estudou em um colégio privado, mais tradicional,
ou mesmo em alguma escola pública que sofria em razão dos problemas de infraestrutura e escassez de
profissionais mais qualificados, deve lembrar que muitas aulas se resumiam a copiar o que o professor escrevia no
quadro.

Os espaços de discussão não eram incentivados, quase não havia dinamismo nas aulas, e era muito comum que o
corpo docente não entendesse por que os alunos pareciam tão pouco interessados em prestar atenção no
conteúdo.

A História da Educação está atenta a esse debate e, hoje, nota que tem se discutido a possibilidade de que muitos
desses problemas poderiam ser resolvidos a partir da adoção de modelos pedagógicos ativos. Ou seja, colocar o
aluno como agente central no processo de aprendizagem.

Como isso pode ser feito na prática?

A despeito das ferramentas utilizadas, a noção é sempre a mesma: incentivar a autonomia, reconhecer e respeitar a
diversidade no ambiente escolar e estimular a cooperação e integração entre alunos, estimulando a construção de
projetos em grupos. Veja alguns exemplos:

Foto: Shutterstock.com

FEIRAS DE TALENTOS

Foto: Shutterstock.com

MOSTRAS ARTÍSTICAS

Foto: Shutterstock.com

RODAS DE LEITURA

A ideia é que cada vez mais os projetos educacionais adotem a chamada metodologia ativa de aprendizagem.

METODOLOGIA ATIVA DE APRENDIZAGEM


O psiquiatra americano William Glaser, a partir de suas pesquisas no campo da Educação, construiu uma pirâmide
que avalia como aprendemos.

Como aprendemos

WILLIAM GLASSER

Psiquiatra norte americano conhecido por diversos estudos a respeito de saúde mental e comportamento
humano.

Segundo a teoria de Glaser, aprendemos mais com a metodologia ativa de aprendizagem. Mas você já ouviu
falar nesse termo? Talvez esse seja um conceito novo para você, mas que já faz parte do seu cotidiano.

Foto: Brother Bulldog/Wikimedia Commons/licença(CC BY-SA 3.0).


 William Glasser

A modalidade EaD (Ensino a Distância) é um ótimo exemplo da adoção da metodologia ativa de aprendizagem.

Essa metodologia parte da ideia de que o aluno é o principal responsável pela sua própria aprendizagem. O ideal é
que ele seja estimulado a aprender a partir de exemplos concretos, que tenham correspondência com seu
cotidiano.

A transmissão de conhecimento levando em consideração a vivência do estudante confere mais dinamismo e


interatividade. Segundo essa lógica, a simples memorização de conteúdos não seria eficiente.

Imagem: Shutterstock.com

Qual é o caminho da aprendizagem nesse processo? É o que descobriremos no vídeo a seguir.

Os professores Rodrigo Rainha, Guilherme Dutra e Luís Claudio Dallier dialogam sobre o ponto de vista de suas
áreas sobre o Ensino a Distância.
Vídeo com libras

TEMAS TRANSVERSAIS
Os chamados temas transversais não são disciplinas curriculares, mas debates de cunho social e político presentes
na sociedade contemporânea, como meio ambiente, ética, consumo etc. A função dos temas transversais é
conduzir o professor, em sua ação educativa, a sintonizar o cotidiano do aluno com a aprendizagem cognitiva.

Imagem: Shutterstock.com

IMAGENS EMBLEMÁTICAS
Conheça algumas das escolas mais inovadoras da atualidade.
Consegue pensar em uma escola sem salas, sem séries, sem separações, sem turmas, com aulas sendo pensadas
e trocadas por projetos feitos pelos próprios alunos? Leia sobre a Escola da Ponte.

Foto: Shutterstock.com

E se as atividades da escola fossem feitas a partir de jogos? O tempo todo, os alunos estão praticando, trocando e
construindo com base em jogos e níveis de interações diferentes. Duvida? Conheça a Quest to Learn, em Nova
York.

Foto: Shutterstock.com

Escolas para recuperação de alunos, ou, ainda, para jovens infratores, crianças em condição de rua. É preciso
muita disciplina para controlar os alunos, certo? Não! Você precisa conhecer a Escola Meninos e Meninas do
Parque...

Foto: Renato Araújo / Agência Brasília / licença(CC BY 2.0).


“Em locais pobres, é impossível desenvolver centros de tecnologia”. Sugata Mitra discorda dessa afirmação e, a
partir da tecnologia, desenvolveu na Índia a busca de um novo modelo. Sua proposta consiste em leitura de livre
aprendizagem, sem a presença de uma autoridade, e pelo computador...

Foto: TED Conference / licença(CC BY-NC 2.0).

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. (ADAPTADA DE SEPLAG-MG, 2015) O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA


EDUCAÇÃO PODE PROMOVER ALGUMAS MUDANÇAS NA ABORDAGEM PEDAGÓGICA,
TORNANDO O PROCESSO DE TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO MAIS DINÂMICO E
CRIATIVO. DIVERSAS HABILIDADES PODEM SER PRATICADAS NO ENSINO ESCOLAR
PARA FACILITAR OS TIPOS DE COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO ENTRE OS
PROFESSORES E OS ALUNOS. A ÚNICA ALTERNATIVA QUE NÃO SE ADEQUA AO USO
DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA É:

A) Oportunizar ao professor diferentes formas e recursos de ensino e aprendizagem.

B) Estabelecer novas relações com o saber.

C) Envolver os alunos para novas descobertas.

D) Contribuir para as práticas educacionais.

E) Utilizar o computador somente como fonte de informação.

2. OS TEMAS TRANSVERSAIS, QUE CONSTAM NOS PCN, ESTÃO INSERIDOS NO


CONTEXTO DE RENOVAÇÃO DAS PRÁTICAS DE ENSINO E DOS MODELOS
PEDAGÓGICOS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS. QUAL ALTERNATIVA MELHOR DESCREVE A
FUNÇÃO DOS TEMAS TRANSVERSAIS?

A) Educação de cunho tecnicista.

B) A orientação sexual não é considerada um tema transversal.

C) Valorização da individualidade.

D) Foram criados para substituir os currículos escolares.

E) O professor como mediador do processo de aprendizagem.

GABARITO
1. (Adaptada de SEPLAG-MG, 2015) O uso das novas tecnologias na Educação pode promover algumas
mudanças na abordagem pedagógica, tornando o processo de transmissão de conhecimento mais
dinâmico e criativo. Diversas habilidades podem ser praticadas no ensino escolar para facilitar os tipos de
comunicação e interação entre os professores e os alunos. A única alternativa que não se adequa ao uso
das novas tecnologias na escola é:

A alternativa "E " está correta.

A utilização de recursos tecnológicos no ambiente escolar pode significar importantes ganhos. Além de aproximar o
professor dos alunos, pode enriquecer a aula com suas experiências prévias, além de estimular a autonomia e
integração coletiva. A tecnologia, usada de modo responsável, pode contribuir de diversas formas na construção do
conhecimento

2. Os temas transversais, que constam nos PCN, estão inseridos no contexto de renovação das práticas de
ensino e dos modelos pedagógicos nas últimas décadas. Qual alternativa melhor descreve a função dos
temas transversais?

A alternativa "E " está correta.

Os temas transversais estão inseridos num movimento maior (incluindo a LDB/96, os PCN e a BNCC) de renovação
das práticas pedagógicas, que valoriza a participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem, cabendo ao
professor atuar como mediador nesse contexto. O aluno é compreendido como um indivíduo complexo e dotado de
habilidades e competências.

CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Contemporânea dialoga com a História Contemporânea. Quer dizer, a partir do momento em que foi
identificada a ascensão do mundo capitalista, a Educação passou por profundas transformações. Ao longo do
século XX, o mundo começou a defender uma Educação mais popular, mais disseminada. Os motivos são muitos:
industrialização, crescimento das cidades, desenvolvimentos dos estados – olhando pelo prisma do governo –, mas
que geram linhas de resistência, isto é, Educação que liberte, Educação que fortaleça disputas, Educação como um
bem individual.

Diante dessas transformações, chegamos ao século XXI ricos em debates, mas sem conseguir resolver muitas de
nossas mazelas históricas. Ainda que países como o Brasil tenham se fortalecido em termos legislativos e de
sistema de Educação, trata-se de uma discussão que não cessa, como aponta a BNCC no Brasil, e ainda existem
divergências profundas mundo afora.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. E. B.; VALENTE, J. A. Tecnologias Digitais, Linguagens e
Currículo:
investigação, construção de
conhecimento
e produção de narrativas. São Paulo: Coleção Agrinho, 2012.

ANTUNES, Celso. Como desenvolver competências em sala de aula.


Petrópolis: Vozes, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Base


Nacional Comum
Curricular. Brasília:
MEC, 2018. Consultado em meio eletrônico em: 10 set. 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros Curriculares
Nacionais para o
Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros Curriculares
Nacionais para o
Ensino Fundamental: referentes às quatro primeiras séries da Educação
Fundamental. Brasília:
MEC, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares
Nacionais: Ensino
Médio. Brasília: MEC, 2000.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as


diretrizes e bases
da educação nacional.
Consultado em meio eletrônico em: 10 set. 2018.

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir (Relatório para UNESCO


da Comissão Internacional sobre
Educação para o
século XXI). São Paulo: Cortez, UNESCO e MEC, 2001.

FERACINE, Luiz. O professor como agente de mudança social. São Paulo:


EPU, 1990.

FERRETI, C. et al. Novas tecnologias, trabalho e educação: um


debate
multidisciplinar. Petrópolis: Vozes, 1994.

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? São Paulo: Paz e Terra, 1985.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


educativa. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra,
1996.

FREITAS, Lourival C. de. Mudanças e inovações na educação. 2. ed. São


Paulo: EDICON, 2005.

EXPLORE+
Busque as seguintes sugestões de texto:

Artigo Perspectivas atuais da educação.

Artigo Maio de 1968 em Paris: testemunho de um


estudante.

Matéria Quase metade do planeta ainda não tem acesso à


internet, aponta estudo.

Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.

Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro e quarto


ciclos do ensino fundamental. Temas transversais.

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

Base Nacional Comum Curricular.

Pesquisa do IBGE Índices da Pesquisa Nacional por Amostra de


Domicílios Contínua.

Assista aos filmes Forest Gump,


Desafio de Titãs e Ray para saber
mais sobre os movimentos sociais nos
Estados Unidos.

CONTEUDISTA
Pamela de Almeida Resende

 CURRÍCULO LATTES

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