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Descrição Explicação das importantes mudanças ocorridas em âmbito mundial, pois o que foi vivido no
passado ainda está presente na contemporaneidade. Esclarecimento de como a aliança entre
Educação e Renascimento inaugurou a ideia de modernidade e construiu a cultura ocidental
diante do embate: tradição versus pensamento moderno.
Propósito Entender o mundo contemporâneo a partir do reconhecimento da modernidade, do pensamento
renascentista e dos embates com a religião. Buscar o passado que nos identifica a fim de apontar
a origem de nossa língua, de nossa história e os caminhos que marcam nossa maneira de pensar
a Educação.
Objetivos
Módulo 1 Módulo 2
Módulo 3 Módulo 4
meeting_room Introdução
Quantas vezes escutamos, em nosso dia a dia, o uso da expressão “moderno” se
referindo a algo novo ou diferente? Mas de onde vem exatamente essa ideia sobre
o que é moderno?
Origens
video_library Invenção da sociedade ocidental
Neste vídeo, os professores Flávia Miguel e Rodrigo Rainha debatem conceitos
importantes para a construção do entendimento sobre o Ocidente e a modernidade.
Vamos assistir!
Saiba mais
Conforme Abbagnano (2012), o positivismo foi adotado por Augusto Comte para a sua filosofia e, graças a
ele, passou a designar uma grande corrente filosófica que, na segunda metade do séc. XIX, teve
numerosíssimas e variadas manifestações em todos os países do mundo ocidental.
A característica do positivismo é a romantização da Ciência, sua devoção como único guia da vida individual
e social do ser humano, único conhecimento, única moral, única religião possível. O positivismo acompanha
e estimula o nascimento e a afirmação da organização técnico-industrial da sociedade moderna e expressa a
exaltação otimista que acompanhou a origem do industrialismo.
Nesse recurso, vemos que a História começa na Idade Antiga com o aparecimento da
escrita. Isso se fundamenta na premissa da tradição europeia de que povos sem
escrita não teriam história, por isso, Pré-História.
Essa concepção justifica, por exemplo, o estudo dos povos indígenas e africanos ter
sido relegado durante tanto tempo.
Após a Idade Antiga, surgiu a Idade Média, considerada a Idade das Trevas. Esse
termo surge no período renascentista, já na Idade Moderna. Os historiadores desse
período não viam um valor na Idade Média, entendendo-a simplesmente como uma
fase entre a cultura clássica e a moderna. Daí a visão, equivocada, de que a Idade
Média havia sido um período de estagnação e obscurantismo.
O Moderno surge em oposição ao Medieval. O novo e o velho. Essa ideia se
populariza, e temos ainda dificuldade em compreender que o moderno é algo
concebido em seu próprio tempo. Nesse caso, seguindo a convenção, entre os
séculos XV e XVIII.
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Um período histórico não começa e termina com um único evento, por mais
importante e significativo que ele seja. O conhecimento e a cultura são frutos de um
acúmulo, que ocorre ao longo dos séculos. Temos, portanto, em nosso modo de viver,
contemporâneo, diversos legados de períodos anteriores, dos quais alguns são
notórios enquanto outros são menos evidentes.
Como exemplo, podemos citar a nossa percepção estética, que é claramente derivada
da cultura clássica, greco-romana. Com certeza gostos, culturas e ideais de beleza se
alteram, porém de modo lento e sempre deixando resquícios.
Idade Antiga
Os fenômenos do mundo e da vida humana eram explicados pela mitologia. Havia deuses que se
encarregavam de manter a ordem da Terra e seu funcionamento.
Idade Média
Os deuses deram lugar a um único Deus cristão, em torno do qual o mundo medieval se organizava
culturalmente.
Idade Moderna
O ser humano é questionador por natureza; e esse desejo de aprender sobre si e sobre
o ambiente em que vive fortalece e consolida a criação de instituições escolar. Em
cada tempo histórico, esse aprendizado teve um fundamento, uma forma de
organização.
Atenção!
Perceba que o fato da Ciência começar a se estruturar como fonte de conhecimento na modernidade não
faz, de forma alguma, com que a questão religiosa seja deixada de lado ou esquecida. A religião, em geral, e
o cristianismo, em particular, assumem novos papéis na ordem social que se altera progressivamente.
Consolidação do moderno
Dois elementos foram fundamentais para que a Idade Moderna se consolidasse:
Família expand_more
Essa estrutura familiar, que se tornou uma das características da modernidade, fez
com que surgisse outro conceito que modificaria definitivamente as relações sociais:
a infância. Retomando Ariès (1986), no medievo não havia uma grande separação
entre as idades, e as crianças eram tratadas como pequenos adultos.
Até então, não houvera grande preocupação com as crianças, seu desenvolvimento,
aprendizado ou bem-estar. A mortalidade infantil no medievo era acentuada, a
mobilidade social, improvável. Se o destino de uma criança era repetir – se tivesse
sorte – o ofício de seu pai, a educação formal, letrada, não fazia sentido.
Foram a modernidade e a retomada do letramento como algo a
ser apreciado que modificaram, pouco a pouco, esse cenário. A
criança deixou de ser um “adulto em miniatura” e tornou-se um
indivíduo com necessidades próprias e sobre o qual ampliam-se
as expectativas familiares.
headset Podcast
Agora vamos conhecer um pouco mais sobre Educação e Modernidade com o
professor Rodrigo Rainha:
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Questão 2
Renascimento
O Renascimento, movimento intelectual ocorrido no final da Idade Média e durante a
Idade Moderna, é um tema que tem sido exaustivamente estudado. Não só pela sua
importância na concepção da história intelectual do Ocidente, mas também pelas
rupturas que provocou na organização do conhecimento até então estabelecido.
Contudo, é preciso desfazer o equívoco de que esse seja o principal aspecto de toda a
movimentação intelectual gerada pelos cientistas, artistas e filósofos do período.
Dica
Assista ao filme O Mercador de Veneza, baseado na obra de William Shakespeare, que apresenta uma
narrativa envolvente, instigante e ainda nos ambienta na Veneza renascentista.
O Mercador de Veneza
Na Veneza do século XVI, quando um comerciante pega um grande empréstimo com
um agiota judeu para ajudar um amigo com ambições românticas, o credor
amargamente vingativo exige um pagamento horrível.
Saiba mais
Vamos utilizar o pensamento do filósofo Heráclito de Éfeso, que viveu no século V a.C., para
compreendermos melhor essa impossibilidade. Ele afirmava que uma pessoa jamais se banharia duas vezes
no mesmo rio, pois suas águas nunca são as mesmas; estão sempre fluindo. Da mesma forma, a
humanidade muda todos os dias: suas ideias, concepções, gostos e opiniões são impermanentes. Em
essência, o pensamento de Heráclito traduz a ideia de mutação constante.
Quando se recuperam valores ou modos de pensar que existiram no mundo clássico greco-romano, eles são
adaptados ao pensamento moderno, ou seja, a um tempo diferente daquele em que foram originalmente
concebidos. Portanto, por mais que o pensamento renascentista traga para a modernidade conceitos
clássicos, como a ideia de cidadão, ele o faz de acordo com seu próprio tempo e não apenas reproduzindo o
que se entendia como cidadão na Antiguidade.
Heráclito de Éfeso
Conhecido como “o obscuro”, foi um pensador e filósofo pré-socrático considerado o
pai da Dialética.
Feudalismo
No sentido mais geral, o termo refere-se ao sistema de organização
da sociedade medieval (Idade Média), compreendendo elementos
sociais, políticos, econômicos e ideológicos daquele período.
Pensadores
O pensamento educacional no Renascimento e no movimento intelectual que o segue,
o Iluminismo, estrutura-se apoiado em diversos autores. Analisaremos dois diferentes
pensadores para compreendermos suas ideias e como eles influenciaram o campo da
educação.
Comecemos pelo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527), autor de uma das principais
obras de política já produzidas, O Príncipe; um manual de política escrito no século
XVI, que expunha suas principais ideias acerca da arte de governar.
Nicolau Maquiavel
Foi um filósofo, historiador, poeta, diplomata e músico renascentista.
É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política
moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como
realmente são, e não como deveriam ser.
Atenção!
De sua obra-prima, nasceu o termo maquiavélico, que adquiriu o sentido de luta e manutenção do poder a
qualquer custo.
Os estudiosos da obra de Maquiavel contestam amplamente esse sentido porque - apesar de ter afirmado
que os fins justificam os meios - há ressalvas e condicionantes, como a ideia de justiça e bem comum,
também trabalhadas pelo filósofo.
Quais as funções de um rei e suas obrigações com o povo?
A educação dá-se pelo exemplo. Cabe ao governante educar pelo exemplo para que se
construa o sentido da cidadania e formem-se bons cidadãos.
Depreende-se das reflexões de Maquiavel
que ele concebe o ser humano como
agente de seus atos, portanto capaz de
escolher seu caminho, pelo fato de possuir
livre arbítrio, mas precisa de um
direcionamento que o ajude a fazer as
escolhas corretas. Esse direcionamento
pode ser realizado por meio do exemplo
do governante, pela educação e com boas
leis.
(OLIVEIRA e RUBIM, 2012)
É importante percebermos que esse sentido de educação pelo exemplo é uma das
primeiras concepções de educação da modernidade. Na ausência de um formalismo,
o mestre torna-se exemplo daquilo que deve ser aprendido. Essa ideia de mestre e
discípulo, de aprendizado pelo exemplo, já existia na Antiguidade entre as primeiras
escolas filosóficas, onde também se debatia a natureza humana e seu
comportamento social. Esse é um exemplo de retomada de valores clássicos,
adaptados por Maquiavel ao mundo moderno.
A Educação para Maquiavel estava, inegavelmente, vinculada à virtude. Mas ele não é
o único pensador moderno que entendia a educação dessa maneira.
Autores contratualistas
O pensador John Locke faz parte do que chamamos de autores contratualistas.
John Locke
John Locke viveu em uma Inglaterra dividida entre um parlamento e a
monarquia. Sua origem burguesa fez com que tendesse para a
defesa do parlamento e o desenvolvimento de teorias, que
constituiriam o sistema liberal, basilares para a história política e
econômica da Inglaterra.
Esses pensadores acreditavam na
existência de um contrato social que
seria, de forma bastante resumida, um
contrato tácito entre Estado e indivíduo.
Para ter direito à vida em sociedade, à
manutenção da propriedade e à garantia
da vida e da segurança, o indivíduo
Locke
abriria mão de seu direito fundamental, a
liberdade, legando ao Estado o direito de
prender, julgar e punir com a privação da
liberdade e, em casos extremos, da vida
para garantir o bem comum.
Exemplo
O processo da Inquisição teve início na Europa do século XII. A despeito de seu caráter religioso, os
inquisidores eram dotados de amplos poderes políticos, podendo prender, conduzir julgamentos, proceder
investigações, punir e até condenar à morte.
A partir do momento em que o ser humano se dedica a estudar o mundo que o cerca a
partir de outro olhar que não seja o religioso, diferentes explicações tornam-se
possíveis, e a Ciência começa a se estruturar como fonte legítima de conhecimento.
Empirismo
Segundo Abbagnano (2012), foi uma
corrente filosófica para a qual a
experiência era critério ou norma da
verdade; o empirismo não se opõe à
razão nem a nega, a não ser quando a
razão pretende estabelecer verdades
necessárias, que valham em absoluto,
de tal forma que seria inútil ou
contraditório submetê-las a controle.
Saiba mais
Para John Locke, a educação possuía um caráter eminentemente moral. De nada adianta a um indivíduo
dominar os princípios da Ciência se isso não o torna uma pessoa e um cidadão melhor. Vemos aí uma
sofisticação da premissa maquiavélica de educação virtuosa posto que, também segundo Locke, a
Educação deve servir a um propósito maior.
Educar pelo exemplo, educação para cidadania. Esses princípios são fundamentais
para compreender a Educação no Renascimento. A eles, Locke acrescenta outro viés,
herdado das concepções greco-romanas: a saúde e o desenvolvimento físico. Locke
demonstra cuidado no aperfeiçoamento moral e físico do ser humano.
Renascimento ou Iluminismo?
Você já deve ter notado que é muito comum confundir o pensamento Renascentista
com o Iluminista. Embora o primeiro tenha acontecido nos séculos XV e XVI e o
segundo no século XVIII, parece que são a mesma coisa. Não são! Contudo, são
inegáveis as influências e continuidades na ruptura desses pensamentos.
A razão e a empiria renascentista eram alguns dos pilares do movimento iluminista,
que ocorreu no século XVIII. Esse período ficou conhecido como Século das Luzes, em
oposição às trevas que obscureciam a razão. Cada vez mais razão e ciência passaram
a ser vistas como fontes de conhecimento, e aumentava a necessidade de se educar
com base nos princípios da empiria e da razão.
Partindo desse princípio, Kant foi além: defendia que devemos criticar a própria razão
e que nem mesmo ela é imune a erros.
headset Podcast
Vamos conhecer um pouco mais sobre Educação e Renascimento com o professor
Rodrigo Rainha.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 2
A centralização política nas mãos de um monarca também caracterizou a Idade
Moderna. Essa centralização, porém, confrontada com a fragmentação que marcou
o período anterior, gerou uma série de questionamentos que tentaram ser
respondidos pelos filósofos do período. Sobre isso, podemos afirmar:
A Somente I é verdadeira.
B Somente II é verdadeira.
C Somente II é falsa.
D Somente III é falsa.
E I e II são verdadeiras.
Atenção!
Se as ideias mudaram, a vida social mudou, tornando-se mais individualista, e o próprio conceito de Ciência
se alterou; certamente a religião, parte tão importante da cultura ocidental, também sofreu mudanças.
O papel primeiro da Igreja, salvar almas, foi, na visão de seus críticos, sendo deixado
de lado.
Comércio de relíquias
Enriquecimento ao invés da caridade
Venda de indulgências
Adoração de santos
Celibato
Atenção!
A condenação da usura, do enriquecimento pelo lucro, incomodava particularmente a burguesia, que tinha aí
sua fonte de riqueza. Além disso, era visto como contraditório a Igreja ser uma instituição rica, mas não
permitir que a população também o fosse. À medida que essas contradições se tornavam mais evidentes, os
reformistas foram ganhando apoio não só das classes burguesas, mas também de alguns governantes, reis
e príncipes, cujo poder era cerceado pela interferência eclesiástica.
Atuação de lutero
É nesse contexto que as reformas de Martinho Lutero (1483-1546), considerado o pai
da Reforma Protestante, ganham força. Daquilo que via como contradição, era a venda
de indulgências um dos principais alvos de suas críticas.
Lutero nasceu em 1483, na atual Alemanha. Jovem, entrou para a ordem dos
agostinianos e, como monge, estudou com afinco a Bíblia. Seus estudos o levaram a
questionar a prática católica.
Sua recusa em retroceder em suas críticas o fez ser excomungado em 1521. Sua
defesa da salvação somente pela fé, no entanto, o fez ser acolhido em principados dos
quais se tornou protegido.
As propostas teológicas de Lutero logo se
espalharam, em parte devido a uma invenção
que modificou o mundo intelectual: a imprensa.
A impressão de livros permitiu que a Educação
ganhasse corpo e que a leitura, antes restrita,
começasse a ser popularizada. O reformista
Martinho Lutero
traduziu a Bíblia para o alemão, aumentando
assim o número de pessoas com acesso à sua
doutrina.
Dica
Assista ao filme O Nome da Rosa, de 1986, baseado no romance homônimo do crítico literário italiano
Umberto Eco; No filme, é possível ver o scriptorium de um mosteiro medieval, onde os monges se dedicavam
à cópia dos livros permitidos pela Igreja.
O Nome da Rosa
Um monge franciscano investiga uma série de assassinatos em um remoto mosteiro
italiano. Isso provoca uma guerra ideológica entre os franciscanos e os dominicanos,
enquanto o monge lentamente soluciona os misteriosos assassinatos.
Lutero estimulava o desenvolvimento da Educação a fim de que não fosse restrita à
elite e à nobreza, mas alcançasse a população para que esta pudesse ler a Bíblia
livremente, permitindo-lhe se aproximar de Deus e de sua própria salvação.
Contrarreforma
A Reforma Protestante provocou a resposta da Igreja Católica, conhecida como
Contrarreforma Católica. Foi realizado então o Concílio de Trento, que começou em
1545, cujas competências eram:
infalível
É importante destacar que leitura de infalibilidade papal é posterior.
A infalibilidade papal, no que concerne à doutrina, foi estabelecida no
Concílio Vaticano I (primeiro): 1869 -1870.
Saiba mais
Não podemos esquecer que o século XVI foi o século da expansão marítima. Os reinos europeus se
lançaram ao mar a fim de conquistar novas terras e chegaram ao continente americano, habitado por povos
que desconheciam o cristianismo. Para a Igreja, a conversão dos povos nativos da América era fundamental
para manter seu corpo de fiéis e consolidar sua influência no novo continente.
É importante explicar que uma historiografia vista mais de perto observa que não
podemos considerar a Contrarreforma como uma resposta pura e simples, mas sim
como a consolidação de um processo que a Igreja já experimentava: retomar seus
preceitos conservadores, rompendo ciclos de “devassidão” muito atribuídos a papas
como Rodrigo Borgia, recuperando os mandamentos que marcam a Igreja.
A fundamentação teológica da Igreja é que, se houve perda de fiéis, foi porque alguns
fundamentos, caminhos, precisavam ser recuperados, os desvios combativos.
A fé precisava ser quente, pregada; ainda que o ideal das missões militares do período
das cruzadas não devesse mais existir, seu sentido missionário – cumprir e atender
uma missão – deveria ser alcançado.
Os jesuítas
Santo Inácio de Loyola (1491-1556) deixou a Autobiografia com a qual podemos
conhecer um pouco mais de suas inspirações. Na obra, sobre a Educação, ele afirma:
Saiba mais
Os jesuítas chegaram ao Brasil com o Governo Geral, em 1549, portanto, antes da publicação do Ratio
Studiorum. Nos primeiros anos da presença jesuíta, destaca-se a atuação do padre Manoel da Nóbrega
(1517-1570), que criou os aldeamentos, locais onde os índios de diferentes etnias eram agrupados a fim de
serem catequizados.
Atenção!
É importante frisar que o Ratio Studiorum foi um dos primeiros planejamentos pedagógicos e escolares da
educação ocidental, tendo influenciado a Pedagogia séculos depois de sua elaboração. Constitui-se de uma
sistematização inédita de métodos, teorias, procedimentos curriculares que se tornaram um dos pilares da
pedagogia moderna. A despeito do objetivo catequético, o Ratio Studiorum teve como fundamento a
formação do indivíduo, considerando aspectos como virtude e caráter, aliando as Artes Liberais e as Letras,
unindo campos como Retórica e Gramática, além da Teologia. Coube, portanto, aos jesuítas, o primeiro
modelo educacional brasileiro, que influenciou, de uma forma ou de outra, todos os demais que o seguiram.
headset Podcast
Vamos conhecer um pouco mais sobre os jesuítas com o professor Antônio Giácomo:
Falta pouco para atingir seus objetivos.
video_library Pedagogos
Nesse vídeo, Rodrigo Rainha e Flávia Miguel mostram como as ideias nascidas no
Renascimento marcam toda a Modernidade.
Saiba mais
A expressão em latim tabula rasa tem o sentido de “folha de papel em branco”. Busque saber mais sobre
esse conceito de Locke e aprofunde seus conhecimentos!
Você consegue reparar que nossa forma de ver, pensar e discutir a Educação tem
muita influência desse momento?
Essa época trouxe modelos que ainda nos guiam e ofertam possibilidades de
vivenciar a Educação.
Como educar
Se, na Idade Média, não houve uma grande preocupação em sistematizar a Educação
para todos, de modo geral, a partir de então, começa-se a pensar qual a melhor e mais
eficiente forma de educar.
O pensamento moderno foi muito importante para se debater a natureza do
conhecimento. A disciplina, tão importante na Idade Média e na educação religiosa,
seria rediscutida, sendo revista como o principal fator do aprendizado.
Não houve uma ruptura definitiva. Os projetos pelo racionalismo e pela empiria
influenciaram o processo iluminista, passaram a se digladiar e acabaram se unindo.
Autores
Para entender esse projeto, precisamos conhecer um autor muito importante: Johann
Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Ele escreveu depois do início do movimento que
marcou a modernidade, porém tornou-se um ícone desse movimento por não estar
preso à dinâmica do pensamento iluminista francês, mas às demais correntes
filosóficas presentes na sociedade.
Pestalozzi nasceu na Suíça do século XVIII; tinha uma formação religiosa sólida e
durante sua vida buscou o que seria, em sua concepção, a melhor forma de servir e de
ajudar o próximo. Assim, dedicou-se à Educação e a encontrar maneiras eficientes e
completas de educar as crianças.
Saiba mais
No final do século XVIII, a Suíça foi invadida pela França durante as chamadas Guerras Napoleônicas. Essa
invasão provocou um aumento no número de crianças órfãs. Pestalozzi reuniu as crianças para que fossem
cuidadas e educadas, desenvolvendo algumas de suas ideias mais significativas a partir de então.
Para Pestalozzi, o afeto seria um dos principais
componentes do processo educacional. É o
amor que estimula a criança a aprender,
preenchendo-a de dentro para fora. Sua teoria
comparava a escola a uma casa. Uma casa bem
organizada funciona a partir do amor e da
disciplina.
A disciplina não seria o principal fator do aprendizado, mas sim o afeto. O que não
quer dizer que ela fosse deixada de lado, apenas não seria obtida a partir de castigos e
punições.
Antes de se dedicar à Educação, Pestalozzi tentou ser agricultor, tarefa na qual não
obteve sucesso. Essa curta experiência permitiu que ele comparasse a criança à
semente, referindo-se ao potencial que esta teria se bem cuidada.
Os valores e o desenvolvimento moral seriam,
em sua perspectiva, mais importantes do que
somente o conteúdo que pudesse ser aprendido.
O aprendizado se dá pela prática e pelo exemplo
dos mestres. Pestalozzi entendia que alunos e
mestres deveriam compartilhar todos os
aspectos da vida, frequentemente vivendo no
mesmo lugar e estimulando o pensamento
autônomo, o que faria da criança um indivíduo
racional e moral.
Assim como Pestalozzi, Herbart também defendia que o objetivo final do processo
educativo era a formação moral e não meramente conteudista, mas entendia que a
forma para chegar a esse objetivo era distinta da afetividade proposta por Pestalozzi.
Sua proposta se dividia em três procedimentos fundamentais:
Atenção!
Tanto Herbart quanto Pestalozzi trabalharam o aprendizado como algo individual, particular, o que a
Pedagogia contemporânea tende a rejeitar como objetivo final do processo educativo.
Nascido na Prússia, Friedrich Wilhelm August Fröbel foi aluno de Johann Heinrich
Pestalozzi. Suas teorias pedagógicas reconheciam que as crianças têm necessidades
e capacidades únicas, servindo de base para a educação moderna. Ele foi o
responsável por criar o conceito de "jardim de infância“ e também desenvolveu os
brinquedos educacionais conhecidos como presentes/dons de Froebel.
Assim como Pestalozzi, Fröebel foi criado na doutrina protestante, o que influenciou
sobremaneira seu pensamento. Desenvolveu várias ideias de Pestalozzi, criando o
primeiro segmento educacional voltado totalmente para a criança, o que chamamos
de jardim de infância.
Fröebel foi quem primeiro entendeu o brincar como uma forma de aprender e
desenvolveu a ludicidade como ferramenta pedagógica. Ainda preso ao individualismo
da modernidade, Fröebel propôs o desenvolvimento autônomo, não vinculado a uma
prática coletiva, embora focasse também na moralidade como objetivo do processo
de aprendizagem.
Ludicidade
Luckesi (apud ALBUQUERQUE, 2016, p. 128) afirma que o lúdico
situa-se na esfera do simbólico, caracterizando-se assim como uma
experiência do sujeito, o modo como a pessoa se comporta.
Resumindo
É interessante notar que esses pensadores têm em comum a ideia de uma educação prática. Que o
aprendizado só ocorre por meio do fazer e que a teoria, sozinha, é algo vazio. Essa característica está muito
ligada à modernidade, em que a ideia do “saber fazer” se desenvolve dotando a Educação de seu caráter
prático.
Pestalozzi teve sólida formação religiosa, como era comum em sua época, mas sua
proposta educacional era laica. Embora não se possa garantir, tal formação pôde ser
responsável, juntamente com outros fatores, pela sua plena preocupação com as
crianças, especialmente as órfãs, fruto das Guerras Napoleônicas.
Questão 2
A I e II são falsas.
D Somente II é verdadeira.
E Somente I é falsa.
As ideias de Herbart, em especial a aproximação que faz com a Psicologia, não será
rompida por Piaget; ao contrário, será desenvolvida por ele. E para Herbart, a
formação moral deve ser entendida como objetivo final da educação (assim como
Pestalozzi); porém não será o afeto o caminho para alcançá-la e sim a adoção de
métodos quantificáveis.
Considerações finais
Falamos sobre Renascimento ou modernidade? De ambos! Modernidade é um termo
genérico criado para definir o momento de ruptura e afirmação do poderio Europeu.
A Educação é influenciada e passa a ser uma métrica ocidental valorizada que aponta
para o entendimento do nosso mundo. O Renascimento foi a pedra angular que
inaugurou uma profunda mudança de nosso mundo.
headset Podcast
Agora com a palavra os professores Rodrigo Rainha, Fernanda Matos, Alex Oliveira e
Wilna Melo.
Explore +
1. Acesse o site do museu do Vaticano e faça um tour virtual. Perceba como a
cultura renascentista – crítica ao pensamento religioso – manifesta-se
fortemente nos espaços da cultura religiosa.
2. Procure assistir ao vídeo Os Primeiros Tempos: A Educação pelos Jesuítas, da
UNIVESP.
3. Inspirado pelo contexto da época? Viva um pouco dessa experiência por meio da
obra O mercador de Veneza, de William Shakespeare.
COMBY, J. Para ler a História da Igreja. Tomo 1. São Paulo: Edições Loyola, 2001.