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Entrevista | 01/06/2011 00:00


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Gazi Islam, professor do Insper, explica por que as decisões tomadas em grupo podem não
ser tão boas quanto as feitas por uma única pessoa
Murilo Ohl, da Fabiano Accorsi / Você S/A

Gazi Islam: "Decisões em grupo também tendem a sofrer influência da emoção"

São Paulo - No calor da hora da decisão, a maioria das pessoas toma uma atitude diferente
do que havia planejado. Essa é uma das conclusões de uma série de estudos feitos pelos
professores Gazi Islam e Dany Claro, ambos do Insper, escola de negócios de São Paulo. A
dupla também demonstrou que, diante da sensação de perda, a pessoa faz opções mais
arriscadas do que quando está em vantagem.

Por fim, os pesquisadores reaplicaram a experiência em grupos e constataram que o


comportamento é muito parecido — os estudos foram feitos com alunos do Insper. Em
resumo, uma decisão em grupo é tão exposta a variações emocionais quanto uma
individual. Leia entrevista com Gazi Islam.

VOCÊ S/A - Quais são as conclusões dos estudos que vocês fizeram?

Gazi Islam - O que nós concluímos é que as pessoas desviam da estratégia inicial que
traçaram quando influenciadas, principalmente, pela sensação de perda. Elas tendem a sair
do planejamento e correr mais risco quando estão em desvantagem. A pessoa usa a razão
na hora de planejar, mas, quando precisa tomar uma decisão durante a execução, ela tende
a mudar o comportamento, e essa mudança é emocional. Na segunda experiência, quando
pedimos para o grupo tomar decisões conjuntas, o resultado foi parecido.

VOCÊ S/A - Isso contraria o velho dito popular de que duas cabeças pensam melhor
do que uma?

Gazi Islam - É verdade. Claro que era um experimento específico e o mundo real é
diferente. Mas as decisões em grupo também tendem a sofrer a influência da emoção.
Numa decisão em grupo, tão comum em empresas que formam equipes de trabalho
reunindo funcionários de várias áreas, o componente emocional pode até mesmo ficar mais
exacerbado.

Isso porque o grupo proporciona uma sensação de segurança que alivia a responsabilidade
individual de cada participante. Ou seja, as pessoas podem assumir ainda mais riscos
quando estão trabalhando em grupo. Note que a experiência não revela se a escolha feita
sob pressão é melhor ou pior, apenas que ela contraria o que havia sido planejado
inicialmente.

Às vezes, no trabalho, as opções feitas na última hora podem ser melhores do que o
planejamento, ainda que menos racionais.

VOCÊ S/A - O que as pessoas podem levar em conta na próxima vez que estiverem
trabalhando em grupo?

Gazi Islam - Quando avisamos as pessoas para controlar a emoção durante o teste, elas
conseguiram ser mais fiéis ao planejamento inicial. Ou seja, na próxima reunião, fique atento
ao seu comportamento e ao das outras pessoas. Observe os comentários dos participantes
sob esse ponto de vista. Talvez você consiga detectar quem está agindo mais sob impulso.

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Tags:Comportamento, Conflitos profissionais, Entrevistas, Insper, Trabalho em equipe

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