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O legislador do novo código deveria ter sido mais claro, embora se reporte, no artigo
721, à aplicação de legislação especial, a qual, no caso, a principal delas protege e
regula o representante comercial (Lei nº 4.886/65). A harmonização dessa nova lei
com os novos dispositivos é complexa.
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"Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem
vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante
retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a
distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada.
Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o
represente na conclusão dos contratos."
Há que se levar em conta, contudo, que essa lei atribui os direitos básicos do
representante, que doravante devem ser harmonizados com os dispositivos do novo
Código Civil. Assim, naquilo que o contrato e a lei protetiva forem omissos,
preponderarão as disposições do novo código. Leve-se em conta que os dispositivos
contratuais do código são de direito dispositivo. Quanto ao representante comercial,
não há de se ter preocupação se sua atividade é de agência ou representação de acordo
com o novo código, porque, conforme os princípios da lei específica, para o
representante é irrelevante ter ou não a posse dos bens comercializados.
Questão maior vai se colocar quando o agente e o distribuidor em sentido amplo, sem
a compreensão de representante, pretenderem os mesmos direitos expostos na Lei nº
4.886/65. Não há que se entender que somente os representantes comerciais
devidamente inscritos em sua corporação de ofício tenham direito à aplicação da lei
específica. Eventual transgressão administrativa é irrelevante para a definição dos
direitos e a respectiva natureza jurídica dos contratos. Desempenhando a função de
representante, o sujeito fará jus aos benefícios da lei respectiva, segundo remansosa
jurisprudência, que se lastreia em princípios constitucionais sobre a liberdade do
trabalho. Caberá à jurisprudência definir, pois, se adotada a caracterização de
representante para a relação jurídica, fará jus o sujeito aos direitos respectivos
conforme os artigos 31 e seguintes da lei específica. Essa tendência, que já vinha
sendo adotada, deverá persistir. Nada impede, contudo, que as próprias partes
indiquem no contrato
como aplicável essa lei do representante comercial autônomo. O que será ineficaz, sob
o prisma de direito cogente, é afastar-se contratualmente sua aplicação.
Desse modo, surge assim uma nova família de contratos, para desenvolvimento de
uma antiga função econômica, qual seja, a de colocar no mercado os bens ou serviços
de uma empresa produtora, quando ela não o faz por si mesma. Esses contratos
possuem características comuns, o que contribui, por vezes, para a confusão
terminológica. Assim, pressupõem a existência de empresas e sujeitos independentes
que desempenham atividade em favor dela; há possibilidade de que a empresa celebre
muitos contratos da mesma natureza, com várias pessoas, naturais ou jurídicas. Nesses
contratos há um forte aspecto de colaboração entre as partes e a possibilidade de
exclusividade dentro de determinada área geográfica. São contratos, por natureza, de
duração, com prazo mais ou menos longo. O distribuidor, agente ou representante
deve se submeter a uma séria de diretrizes impostas pelo produtor em prol do bom
andamento do negócio. A regra de exclusividade é importante nesses contratos,
embora possa não se fazer presente. Caberá às partes mantê-la ou não.
Por seu lado, o distribuidor ou qualquer nome ou natureza jurídica que se lhe dê, não
importando qual a modalidade de contrato que lhe permite comercializar bens de
terceiros (distribuição, representação, agência, franquia), obtém uma posição
vantajosa no mercado, pois, em princípio, terá exclusividade sobre determinada região
ou goza de benefícios e vantagens para adquirir bens da empresa produtora.
Geralmente, o nome do produtor já outorga aos intermediários um patamar de ganhos
superior. Sob esse prisma, a moderna empresa cria uma rede de distribuição, nem
sempre juridicamente homogênea, cuja finalidade é cobrir uma cidade, uma região,
um Estado ou Província, um país ou o exterior. Essa distribuição mais ou menos
ampla seria muito custosa e difícil para que o produtor a encetasse com recursos
próprios, além de esbarrar em leis de proteção econômica, que proíbem a cartelização
ou o truste. Inúmeros outros aspectos devem ser estudados em função desses novos
contratos que ora se tipificam no novo Código Civil.
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