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REVISÃO EDUCAÇÃO ESPECIAL

PROFª. DRª. MARIUZA APARECIDA C.


GUIMARÃES
UFMS
REVISÃO EDUCAÇÃO ESPECIAL

• REFERÊNCIAS HISTÓRICAS DO ATENDIMENTO A PESSOAS COM


DEFICIÊNCIA

• COMUNIDADES PRIMITIVAS
Embora o trabalho fosse realizado em comum, na procura da
sobrevivência, cada indivíduo deveria ser capaz de prover seu
próprio sustento e defesa, caso contrário, poderia ser abandonado.
Nesse caso, aquele indivíduo portador de algum tipo de deficiência,
acabava por tornar-se um empecilho, um peso que devia ser
abandonado e relegado à própria sorte. “A insuficiência das forças
produtivas, a opressão da personalidade na dura luta contra a
natureza, traduzem-se pela matança dos recém-nascidos
deficientes”.
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• ANTIGUIDADE
Na sociedade antiga era comum o infanticídio e
o extermínio de crianças com necessidades
educacionais especiais.
“ Quanto a rejeitar ou criar recém-nascidos terá
de haver uma lei, segundo a qual nenhuma
criança disforme será criada” (Aristóteles, A
Política).
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• IDADE MÉDIA –
Somente na Idade Média, sob a influência
direta da doutrina cristã, a prática do
abandono à criança com necessidades
educacionais especiais passa a ser
condenada[...]
As pessoas “deficientes”, passaram como
todos os homens, a ser donos de almas e
filhos de Deus.
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• IDADE MODERNA
A “deficiência” deixa de ser um problema teológico e
moral para ser um problema médico, digno de
tratamento.

• IDADE CONTEMPORÂNEA
A assistência aos pobres, aos órfãos e as pessoas com
deficiência, passa a ser atribuição do Estado, que
capta recursos financeiros por meio da cobrança de
taxas e tributos sobre as práticas produtivas e
comerciais da burguesia.
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• A EDUCAÇÃO ESPECIAL
• “A educação especial é entendida como um processo
educacional definido em uma proposta pedagógica,
assegurando um conjunto de recursos e serviços
educacionais especiais, organizados institucionalmente
para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns
casos, substituir os serviços educacionais comuns, de
modo a garantir a educação escolar e promover o
desenvolvimento das potencialidades dos educandos
que apresentam necessidades educacionais especiais
em todos os níveis e modalidades da educação.”
(Diretrizes Nacionais da Educação Especial para a
Educação Básica, 2001, p.27 e 28)
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• PROCESSO HISTÓRICO DO ATENDIMENTO EM EDUCAÇÃO
ESPECIAL NO BRASIL

• MODELO MÉDICO
Sob esse enfoque o olhar médico tinha precedência: a
deficiência era entendida como uma doença crônica, e todo o
atendimento, mesmo na área da educação, passava pelo viés
terapêutico.

• INTEGRAÇÃO
Visava preparar os alunos das classes e escolas especiais para
ingressarem em classes regulares, quando receberiam, na
medida de suas necessidades, atendimento paralelo em salas
de recursos ou outras modalidades especializadas.
REVISÃO EDUCAÇÃO ESPECIAL
• PROCESSO HISTÓRICO DO ATENDIMENTO EM EDUCAÇÃO
ESPECIAL NO BRASIL

• INCLUSÃO:
A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais
especiais pressupõe mudanças significativas na gestão do
sistema educacional de modo amplo e de cada escola
especificamente, priorizando ações em todos os níveis de
ensino, desde a educação infantil, abrangendo ainda os
aspectos da formação de professores e da acessibilidade, da
organização de recursos técnicos e serviços que promovam o
acesso, a permanência e a progressão na escolarização desse
alunado.
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• TERMINOLOGIAS
• NECESSIDADES ESPEC IAIS
As demandas apresentadas pelos sujeitos para
aprender o que é considerado importante para sua
faixa etária.

• NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS


As demandas exclusivas de sujeitos que, para aprender
o que é esperado para seu grupo referência, precisam
de diferentes formas de interação pedagógica e/ou
suportes adicionais.
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• ALUNOS COM DEFICIÊNCIA


Aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em
interação com diversas barreiras podem ter restringida sua
participação plena e efetiva na escola e na sociedade.

• TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO


Aqueles que apresentam alterações qualitativas das
interações sociais recíprocas e na comunicação, um
repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado
e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo,
síndromes do espectro do autismo e psicose infantil.
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• ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
Aqueles que demonstram potencial elevado em
qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou
combinadas: intelectual, acadêmica, liderança,
psicomotricidade e artes. Também apresentam
elevada criatividade, grande envolvimento na
aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu
interesse.

• TRANSTORNOS FUNCIONAIS ESPECÍFICOS


Dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de
atenção e hiperatividade, entre outros.
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• A PESSOA COM DEFICIÊNCIA


MENTAL/INTELECTUAL
• DEFINIÇÃO
Caracteriza-se por limitações significativas do
funcionamento intelectual global,
acompanhadas por dificuldades acentuadas
no comportamento adaptativo, manifestadas
antes dos 18 anos de idade
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• CARACTERÍSTICAS
ritmo mais lento que seus colegas das mesma faixa etária;
limitações na capacidade de abstração e generalização;
maior dificuldades para formação de conceitos e
memorização;
dificuldades para lidar com duas ou mais ordens
complexas;
problemas para adaptar-se a novas situações;
problemas em expressar e/ou controlar emoções;
atrasos no desenvolvimento psicomotor;
significativa imaturidade social comparada com pessoas da
mesma idade.
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• CONCEITUAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO AMERICANA


DE RETARDO MENTAL /ASSOCIAÇÃO
AMERICANA DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Define a da deficiência mental a partir de cinco


dimensões previamente definidas, que se
referem a diferentes aspectos do
desenvolvimento do indivíduo, do ambiente
em que vive e dos suportes de que dispõe:
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• HABILIDADES INTELECTUAIS

Refere-se a capacidade de raciocínio,


planejamento, solução de problemas,
pensamento abstrato, compreensão de idéias
complexas, rapidez de aprendizagem e
aprendizagem por meio de experiências.
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• COMPORTAMENTO ADAPTATIVO
Conjunto de habilidades conceituais, sociais e práticas adquiridas pela
pessoa para corresponder às demandas da vida cotidiana.

habilidades conceituais: aspectos acadêmicos, cognitivos e de


comunicação;
habilidades sociais: comportamentos considerados socialmente
apropriados ou esperados para a faixa etária nos aspectos da expressão de
desejos e idéias de forma a serem levadas em consideração, defender
seus interesses e direitos, demonstrar responsabilidade no cumprimento
de tarefas e atribuições, observar regras e normas, entre outros;
habilidades práticas: independência nas atividades de vida diária:
alimentar-se, andar sozinho na rua, usar condução pública, ter hábitos de
higiene, vestir-se, cuidar da casa, usar o telefone, fazer compras, dentre
outros;
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• PARTICIPAÇÃO, INTERAÇÃO E PAPEL SOCIAL


Como vive em seu local de moradia e que
atividades desenvolve no mesmo: trabalho,
estudo, atividade de lazer, participação em
associações ou grupos de interesse, etc.

• SAÚDE
Refere-se às suas condições orgânicas:
diagnóstico clínico e etiologia, bem como os
aspectos físicos e mentais.
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• CONTEXTO (ambientes e cultura)


Devem ser levados em conta pelo menos três
níveis:
o ambiente social imediato, incluindo a pessoa
e sua família;
a vizinhança, a comunidade, ou as organizações
que proporcionam serviços de educação,
habilitação ou apoios;
os padrões abrangentes da cultura, da sociedade,
das populações mais amplas, ou das influências
sócio políticas.
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• SISTEMA DE APOIO
NATURAIS
Recursos e estratégias usadas pelo próprio sujeito com
deficiência e por sua família para o seu
desenvolvimento;

SERVIÇOS
Estratégias e recursos usados no desenvolvimento do
sujeito com deficiência por profissionais da educação,
saúde e assistência social;
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• PRÁTICA PEDAGÓGICA

os alunos com DM devem participar de grupos coetâneos, a convivência


com companheiros da mesma idade estimula seu desenvolvimento social
e cognitivo;
Previsão de atendimento especifico no projeto político pedagógico dentre
eles adaptações curriculares, acessibilidade e avaliação;
o planejamento pedagógico para a turma como um todo deve respeitar o
ritmo e as especificidades de cada aluno;
não há receita pronta, o professor terá que valorizar seu próprio saber e
criatividade, contando sempre que necessário, com supervisão e suporte
para o seu trabalho;
organização de propostas pedagógicas que priorizem atitudes,
habilidades, conteúdos e objetivos diversificados que contribuam para o
desenvolvimento acadêmico e social de todos os alunos, utilizando para
tal estratégias como o trabalho em grupo, ensino colaborativo ou tutoria
de pares;
a utilização de diversas formas de linguagem, por meio de recursos visuais
e auditivos, ilustrativos (concretos)
Conceitos de surdez e deficiência
auditiva
• Surdez – o termo mais adequado para identificar
pessoas que tenham um déficit auditivo, pois estas
apresentam peculiaridades quanto ao padrão de
desenvolvimento, caracterizando uma perspectiva
sócio-cultural.
• Conceito oficial – surdez e deficiência auditiva com o
mesmo significado, entendidos como “diminuição da
capacidade de percepção normal dos sons, sendo
considerado surdo o indivíduo cuja audição não é
funcional na vida comum, e parcialmente surdo,
aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional,
com ou sem prótese auditiva.”
Conceitos de surdez e deficiência
auditiva

• O nível de perda auditiva é baseado na


unidade de medida denominada decibel, e a
classificação presente nos documentos oficiais
brasileiros está referenciada no Bureau
Internacional d’Audiophonologie.
A partir dos níveis observa-se as
lacunas na percepção dos sons:
Surdez leve: impede a percepção dos fonemas das palavras; não
impede a aquisição normal da língua oral, embora possa ter
problemas articulatórios na leitura e/ou na escrita. (até 40
decibéis)

Surdez moderada: só consegue captar sons mais altos, tendo


dificuldades na percepção das palavras, necessitando de um tom
de voz (acima de 70 decibéis) com certa intensidade para ser
percebida. Pode ter atraso na linguagem e alterações
articulatórias, havendo em alguns casos problemas lingüísticos
significativos. (de 40 a 70 decibéis)
A partir dos níveis observa-se as
lacunas na percepção dos sons:
• Surdez severa: Para ouvir é necessário um som acima de 80
decibéis; se a perda for congênita poderá afetar a aquisição da fala.
A compreensão verbal vai depender, em grande medida, da sua
aptidão para se utilizar da percepção visual e para observar o
contexto das situações. (de 70 a 90 decibeis)

• Surdez profunda: O indivíduo ouve apenas sons que produzem


vibração. Caso não tenha um atendimento especializado ficará
privado de perceber e identificar a voz humana, e impedido de
adquirir a linguagem oral. (superior a 90 decibeis)
A surdez e suas implicações no
desenvolvimento do indivíduo
• Causas:

• Pré-natais: fatores genéticos, de origem


hereditária e a rubéola congênita.

• Pós-natais: meningite e a rubéola.


Caracterização do período de
desenvolvimento:
• Processo de aprendizagem:
• A linguagem é responsável pela organização da
“atividade psíquica humana”, interferindo
diretamente na estruturação dos processos
cognitivos.
• Na ausência de dispositivos auditivos a visão
passa a ser um recurso indispensável, que
estabelece uma padrão de pensamento
essencialmente visual, exigindo, portanto,
recursos metodológicos que explorem esse
aspecto.
Abordagens comunicativas para o
ensino do aluno surdo
Abordagens:

Oralista- Tem como objetivo tornar os surdos membros da sociedade


ouvinte por intermédio da fala e da leitura labial, submetendo-os ao
treinamento de elementos isolados do som, combinações de sons,
palavras e frases. Utiliza-se do recursos cinestésico motor, sendo a
mímica facial, as variações de vibração dos sons e a respiração, efeitos
produzidos pelas crianças para auxiliar na “produção” da fala.

Linguagem oral: entendidas como a forma prioritária de comunicação


entre pessoas com deficiência auditiva, sendo considerada
fundamental para seu desenvolvimento.
Abordagens comunicativas para o
ensino do aluno surdo
Abordagens:
Gestual- linguagem desenvolvida pelos surdos, distinta da linguagem oral,
mas eficaz na comunicação e na compreensão do mundo.
Língua de sinais- meio de comunicação natural e primordial entre os
surdos. Cada grupo desenvolve sua língua de sinais, com estrutura e
gramática próprias utilizando-se da comunicação visual. A língua de sinais
é uma língua viva, em constante movimento de recriação e (re)
interpretação de conceitos e significados, nesse sentido, o conhecimento
da língua de sinais depende do contato freqüente entre as pessoas que a
utilizam.
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – língua oficial da comunidade surda
brasileira, oficializada por meio da lei 10.436/2002.
Abordagens comunicativas para o
ensino do aluno surdo
• Abordagens:
• Comunicação Total- prevê o uso de sinais da língua
de sinais quanto sinais modificados (sinais naturais),
que representem estruturas da língua falada, em
situações externas ao contexto escolar
Abordagens comunicativas para o
ensino do aluno surdo
Abordagens:

Bilingüismo- entende a língua de sinais como própria dos


surdos, sendo essa, aprendida primeiro (língua materna),
mas propõe o contato com a língua falada, majoritária no
seu grupo social.
LIBRAS – L1
LINGUA PORTUGUESA –L2
Sistemas de Apoio para o aluno surdo
na escola inclusiva
• O aluno surdo deve freqüentar o ensino
regular (classe comum), sendo esse/a
organizado/a para atender ás suas
necessidades educacionais.

• Classe comum:
• Professor – acolher o aluno sem rejeição e
sem superproteção; Preparar os alunos para
receber o colega surdo naturalmente
buscando se comunicar com o mesmo.
Sistemas de Apoio para o aluno surdo
na escola inclusiva
• Sala de recursos:
• O aluno conta com professor especializado e materiais
audiovisuais (microcomputadores, TV, vídeo, treinador
de fala, enciclopédia em CD-ROM, aparelho de som,
jogos e brinquedos educativos, entre outros. Esse
espaço destina-se a atividades de ensino, avaliação e
demonstração de aprendizagem ou mesmo
complementação curricular especifica. Deve-se
atender ao aluno individualmente ou em pequenos
grupos. A organização didático-pedagógica deve ter
como foco a consolidação dos conceitos aprendidos na
classe comum.
Sistemas de Apoio para o aluno surdo
na escola inclusiva

• A interação entre os profissionais que atuam


com o aluno é fundamental no processo de
inclusão educacional dos alunos com surdez e
deficiência auditiva.
Possibilidades e estratégias de ensino
para o aluno surdo no ensino regular

• Do professor em relação ao aluno surdo;


• Quanto a interação entre alunos;
• Participação efetiva da família.

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