Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE MOÇAMBIQUE
AULA 3
Quadro teórico-conceptual do liberalismo
PROGRAMA DE REABILITAÇÃO ECONÓMICA (PRE) E O ENGAJAMENTO
DAS ELITES NO MUNDO DOS NEGÓCIOS
QUADRO TEÓRICO CONCEPTUAL DAS PRIVATIZAÇÕES
• A “CONTRA-REVOLUÇÃO” NEOCLÁSSICA
• A crítica neoclássica e a contra-revolução na Economia do
• Desenvolvimento
• 1. As “duas vagas” de crítica neoclássica
• 2. A emergência da Economia Política Neoclássica
• - Uma matriz teórica: a tradição neoclássica
• - Eficiência económica e determinação dos preços correctos
• - A imperfeição do Estado e os fracassos do Estado
A TRADIÇÃO NEOCLÁSSICA
• A teoria económica neoclássica foi construída em torno do mecanismo dos
preços. Os elementos fundamentais em que assenta a sua construção podem
ser sintetizados nos seguintes pontos:
Figura 4.1
CONSEQUÊNCIAS DA PROLIFERAÇÃO DOS CONTROLOS
Distorção no
Crescimento da
burocracia funcionamento dos
mercados
Tendências monopolistas
(criação de rendas)
Desperdício de
recursos para o
Ineficiência
crescimento
económico
FRACASSOS DO ESTADO
IMPERFEIÇÃOD DO ESTADO
• Ao considerar a intervenção do Estado como causa principal do fracasso das
políticas de desenvolvimento, a Economia Política Neoclássica estava a
substituir a hipótese da “imperfeição dos mercados” pela hipótese da
“imperfeição do Estado”, como elemento central da análise.
• O Estado não pode ser considerado como uma espécie de “guardião social da
benevolência”.
• Dado que não existem indivíduos ou grupos altruístas, é mais realista assumir
que os indivíduos agem por interesses próprios, estejam no sector privado ou
no público.
IMPERFEIÇÃO DO ESTADO
• Dada a imperfeição do Estado, o excesso do seu activismo cria uma dinâmica
associada à pressão de “interesses pessoais” e de “grupos de interesse”
conflituantes, à burocratização, à corrupção e ao comportamento de “procura
de renda” (rent-seeking), dinâmica que afecta negativamente a actividade
económica e o crescimento económico.
O FRACASSO DO ESTADO
• Reforma estrutural – transformação das estruturas económicas e institucionais e dos modelos de gestão
macroeconómica, com o objectivo de libertar e flexibilizar o funcionamento dos mercados e, assim, melhorar a
actividade e o desempenho económico.
• Estabilização – Correcção dos desequilíbrios públicos, de oferta de moeda e de pagamentos externos, com o
objectivo de controlar a inflação e reduzir a instabilidade macroeconómica.
• Estratégia de desenvolvimento orientada para o exterior – conjunto de políticas que privilegiam as exportações
como o principal motor do crescimento económico e do desenvolvimento. Procura aumentar os incentivos para
o crescimento das exportações e o alinhamento dos preços internos com os preços
internacionais.
A REFORMA ECONÓMICA
• Liberalização e desregulação – conjunto de políticas que integram o objectivo do
ajustamento e que incidem na remoção de todas as formas de intervenção do Estado
no funcionamento da economia.
• Por outro lado, Cramer (2001) argumenta que Moçambique constitui um bom
exemplo para mostrar como múltiplos são os objectivos do programa de
privatizações, podendo transformar-se num omnibus com diferentes objectivos
entre agentes externos, como o Banco Mundial, e os internos como a Frelimo ou
o governo. A literatura mainstream acerca das privatizações assume que existe
um contraste entre os sectores público e privado. Entretanto, as duas arenas são
afectadas pela mesma cultura de processo de tomada de decisão. Não existe
evidência que suporte a ideia de um sector privado com melhor desempenho
em relação ao público. Os burocratas no sector público não são
necessariamente ineficientes.
PRIVATIZAÇÕES EM MOÇAMBIQUE
• De facto, Castel-Branco (2001) aponta que pessoas do sector de
negócios, altos oficiais do governo e do exército pressionaram para
que houvesse privatizações pois estas configuravam uma oportunidade
para investir o capital acumulado durante os tempos de guerra através
de corrupção e extracção de imposto de guerra. Estes actores
beneficiaram das privatizações ao longo do processo sem que fosse
num contexto de política industrial que teria o condão de permitir que
o Estado ganhasse com a geração de altos fluxos de receitas destas
novas empresas.
PRIVATIZAÇÕES EM MOÇAMBIQUE
• Macamo (2014) argumenta que no contexto da abertura de
Moçambique ao capitalismo a Frelimo reagiu de forma
consistente com a sua cultura política, consubstanciada na
lógica de que só ela pode garantir a soberania do país e que
por isso o enriquecimento dos seus membros constitui uma
resposta patriótica ao assalto capitalista. O autor ecoa a
acepção de Pitcher (2002) ao referir que o partido
instrumentalizou as privatizações para beneficiar indivíduos
próximos do partido através da sua colocação estratégica no
centro de gestão de recursos financeiros que depois são
canalizados para fins partidários.