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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA

Resolução das questões do Caso 3:


Hepatite B aguda em gestantes

Discentes: Fabiana Prado, Flávia Santos e Lucas Freitas.

Docentes: Ana Paula Rodrigues, Fábio Dornas, Gustavo Eustáquio.

Diamantina, 13 de Novembro de 2021


1. Faça um glossário com as palavras que tiveram dificuldades e descreva
o significado.

Hipocolia: Diminuição da secreção biliar


HBsAg: antígeno de superfície do vírus da hepatite B
HBcAg: Antígeno do núcleo do vírus da hepatite B

2. Descreva sobre a estrutura do vírus. O que significa as partículas Dane do


vírus da hepatite B?

O vírus da hepatite B é um Hepadnavirus com genoma de DNA bicatenar (dupla


hélice) circular. Além disso, ele é revestido por duas camadas:

● uma externa, chamada de envelope, constituída pelo HBsAg – antígeno“s”


(de superfície) – do vírus da hepatite B;
● uma interna, constituída pelo HBcAg – antígeno “c” ou core – do vírus da
hepatite B.
O HBV tem, ainda, outra proteína associada ao seu core, o HBeAg – antígeno “e” –
do vírus da hepatite B.

A partícula viral ou vírion do HBV é denominada partícula de Dane e tem cerca de


40 nanômetros de diâmetro, podendo ser filamentosa ou esférica. Possui um
envelope bilipídico, onde existe a proteína membrana viral HBs (s de surface:
superfície). O capsídeo interno ao envelope, que protege o genoma de algumas
cópias de enzima transcriptase reversa (necessária já que as células humanas não
a produzem), é formado pela proteína HBc (c de core:capsídeo). A proteína HBe é
uma proteína viral pouco importante, mas também é lançada no sangue e portanto
importante para a resposta do sistema imunitário.

3. Descreve de forma resumida o ciclo de multiplicação do vírus da hepatite


B?

O HBV circula como uma pequena partícula viral contendo o nucleocapsídeo viral e
um envelope lipídico no qual a proteína de superfície está inserida. A partícula viral
entra no hepatócito por mecanismos incertos (etapa 1, entrada). Dentro da célula,
o vírus perde o revestimento e há exposição do nucleocapsídeo que contém uma
fita de DNA dupla parcial circular relaxada, ou rcDNA (etapa 2, exposição). O
nucleocapsídeo então é translocado para o núcleo. Dentro do núcleo, o DNA
genômico é “reparado” (etapa 3, reparo) para formar a fita de DNA integralmente
dupla e covalentemente fechada circular (cccDNA). O cccDNA é transcrito (etapa
4, transcrição) em dois moldes distintos de RNA. O mais curto, o transcrito de RNA
mensageiro (mRNA) pré-S/S menor, é traduzido (estada 5, tradução) em proteínas
de superfície. O mais comprido, RNA pré-genômico (pgRNA), é encapsulado com
as proteínas do core e a HBV polimerase, e sofre transcrição reversa para gerar
novas fitas de DNA genômico (etapa 6, encapsulação e transcrição reversa). A
partir da fita negativa, são criados uma fita positiva e um novo rcDNA genômico
(etapa 7, síntese de fita positiva). Um novo genoma encapsidado pode ser
montado com as proteínas de superfície e liberado a partir da célula como um novo
vírion (etapa 8, montagem e brotamento). Alternativamente, pode ser reciclado de
volta o núcleo e contribuir para o reservatório celular de cccDNA. AgHBs =
antígeno de superfície da hepatite B.

4. Explique a técnica e suas diferentes variações para análise sorológica


utilizada nesse caso.

A técnica de ELISA apresenta diversas variações; em sua forma mais simples,


chamada ELISA indireto, um antígeno aderido a um suporte sólido (placa de
ELISA) é preparado; a seguir coloca-se sobre este os soros em teste ( ex. soro
humano), na busca de anticorpos contra o antígeno. Se houver anticorpos no soro
em teste, ocorrerá a formação da ligação antígeno-anticorpo, que posteriormente é
detectada pela adição de um segundo anticorpo dirigido contra imunoglobulinas da
espécie onde se busca detectar os anticorpos (humana, no caso), a qual é ligada à
peroxidase. Este anticorpo anti-IgG, ligado à enzima, é denominado de conjugado.
Ao adicionar-se o substrato apropriado para a enzima, acontece uma reação em
que os orifícios onde ocorreu a reação antígeno-anticorpo apresentam uma
coloração (variável dependendo do substrato). Outro método é o chamado ELISA
sanduíche, Nesse tipo de ELISA, primeiramente são ligados ao fundo do placa de
teste os anticorpos de captura, impedindo que haja outros pontos de ligação fortes
para o antígeno. A seguir, é adicionada a amostra de interesse, e caso exista
antígeno específico procurado, este se liga aos anticorpos de captura. Em seguida
é feita uma lavagem para a retirada de antígenos que não se ligam aos anticorpos
de captura. Posteriormente, são adicionados à amostra os anticorpos conjugados a
enzima, que farão o reconhecimento da presença do antígeno. A seguir é feita uma
segunda lavagem para a retirada dos anticorpos conjugados que não se ligam à
amostra e, por fim, é adicionado o substrato que reage com a enzima, que
promove a mudança de cor ou fluorescência.
Como essa técnica utiliza anticorpos de captura, há um aumento da especificidade
da ligação destes com a amostra. Dessa forma, não há necessidade de purificá-la,
evitando a competição com outros antígenos e melhorando o processo de análise.
Além disso, é comum que os anticorpos conjugados a enzimas reconheçam e
possam se ligar a regiões do anticorpo ligado ao antígeno. Em suma, esse
processo é bastante específico, podendo ser utilizado para exames contra
falsos-positivos.
Além disso, existe o método o ELISA de bloqueio ou competição, em que a
presença de anticorpos em determinado soro é revelada pela competição com um
anticorpo específico (mono ou policlonal) dirigido contra o antígeno. Igualmente, o
resultado é dado pela adição de um conjugado, porém a coloração aparecerá nos
orifícios onde não havia anticorpos.
5. Que mudança na execução da técnica acima permite avaliar diferentes
classes de Imunoglobulinas específicas (IgG e IgM) para um mesmo
antígeno, no caso HBc (Anti-HBc e Anti-HBc IgM)?
R: Nessa técnica podem se ligar todos os anticorpos de todas as classes, sendo
específico ao antígeno, assim permanecem os anticorpos que se ligam ao Ag,
formando o conjugado. Pode ser um conjugado Anti-IgM, Anti-IgG, Anti-IgE,
Anti-IgA e Anti-IgD, nós escolhemos. Desta forma, modificamos somente o
conjugado, para determinar diferentes tipos de classes de imunoglobulinas.
6. Diagnóstico: Relacione os antígenos e anticorpos com o ciclo de
multiplicação do vírus.

O primeiro marcador a ser detectado é o DNA viral. Dentre os marcadores


sorológicos, o HBsAg é o primeiro que circula, aparecendo aproximadamente um
mês após a exposição e desaparecendo há cerca de 6 meses para as infecções
com cura. Após o HBsAg aparece o anti-HBc IgM . Os dois marcadores indicam
infecção aguda. O anti-HBc IgG aparece em seguida ao anti-HBc IgM e pode ser
detectável por muitos anos após a doença. Neste mesmo período agudo aparece o
HBeAg, que indica replicação viral. Nesta fase inicial da infecção também estão
aumentados os níveis de alanina aminotransferase (ALT), enzima que indica lesão
no fígado. Após o desaparecimento dos antígenos, surgem os anticorpos.
O Anti-HBE, anticorpo produzido contra o HBeAg. É capaz de controlar de maneira
limitada a replicação do vírus por muitos anos, mas não de curar a infecção.
Os anti-HBs, anticorpos produzidos contra o HBsAg. Indica imunidade contra o
vírus. Pode ser originado de uma infecção curada com ou sem a intervenção
médica ou por vacinação.
No caso do IgG Anti-HBc, esse é um anticorpo contra o HBcAg. Surge durante a
fase aguda da infecção e persiste por toda a vida da pessoa que foi infectada. Sua
presença indica que a pessoa está ou esteve infectada pelo HBV.
O IgM Anti-HBc é anticorpo contra o HBcAg. Indica infecção recente pelo HBV
(seis meses ou menos).

7. Diagnóstico: Explique cada um dos marcadores virais descritos nos


quadros do relato de caso e como eles podem auxiliar na análise da evolução
clínica do paciente.

HBsAg: Proteína de superfície do vírus da hepatite B. Pode ser detectada em altos


níveis durante a infecção aguda. A presença deste marcador indica que a pessoa
está infectada pelo HBV. A detecção do HBsAg por mais de seis meses é um
indicativo de hepatite B crônica.
HBeAg: Proteína “e” do vírus da hepatite B. Sua detecção indica altos níveis de
replicação viral. Quando detectada, essa proteína pode ser associada a uma
elevada carga viral circulante. Anti-HBe Anticorpo produzido contra o HBeAg. É
capaz de controlar de maneira limitada a replicação do vírus por muitos anos, mas
não de curar a infecção.
Anti-HBs: Anticorpo produzido contra o HBsAg. Indica imunidade contra o vírus.
Pode ser originado de uma infecção curada com ou sem a intervenção médica ou
por vacinação.
IgG Anti-HBc: Anticorpo contra o HBcAg. Surge durante a fase aguda da infecção e
persiste por toda a vida da pessoa que foi infectada. Sua presença indica que a
pessoa está ou esteve infectada pelo HBV.
IgM Anti-HBc: Anticorpo contra o HBcAg. Indica infecção recente pelo HBV (seis
meses ou menos).
HBV-DNA: O ácido nucleico viral está presente durante toda a infecção em níveis
variáveis. Ele pode ser detectado por testes de carga viral.

8. Qual a principal forma de prevenir a infecção pelo vírus da hepatite B?


A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo
extremamente eficaz e segura. A gestação e a lactação não representam
contraindicações para a imunização.
Além da vacina, outros cuidados ajudam na prevenção da infecção pelo HBV,
como usar preservativo em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos
de uso pessoal – tais como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente,
material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de
tatuagem e colocação de piercings.
A testagem das mulheres grávidas ou com intenção de engravidar também é
fundamental para prevenir a transmissão da mãe para o bebê. A profilaxia para a
criança após o nascimento reduz drasticamente o risco de transmissão vertical.
Alguns cuidados também devem ser observados nos casos em que se sabe que o
indivíduo tem infecção ativa pelo HBV, para minimizar as chances de transmissão
para outras pessoas.
As pessoas com infecção devem:
● ter seus contatos sexuais e domiciliares e parentes de primeiro grau
testados e vacinados para hepatite B;
● utilizar camisinha durante as relações sexuais se o parceiro não for imune;
● não compartilhar instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal ou
outros itens que possam conter sangue;
● cobrir feridas e cortes abertos na pele; limpar respingos de sangue com
solução clorada;
● não doar sangue ou esperma.

9. O que é transmissão vertical? como ocorre?

A transmissão vertical é a passagem de uma infecção ou doença da mãe para o


bebê. Nesse sentido, este contágio pode acontecer das seguintes maneiras:

● Durante a gestação (intra uterina);


● No trabalho de parto (pelo contato com as secreções cérvico-vaginais e sangue
materno);
● Através da amamentação.

A contaminação do feto ou do recém-nascido pela mãe pode ser causada por


vírus, bactérias, protozoários, autoanticorpos, drogas, medicamentos e hormônios
capazes de atravessar as barreiras placentárias, do sangue e/ou do leite materno.

10. “O leite materno pode conter o vírus da hepatite B, porém não tem
importância epidemiológica.” Por quê? Associe com as formas de
transmissão.
O vírus da hepatite B é transmitido pelo contato com sangue e secreções genitais.
O antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg) tem sido detectado no
leite de mulheres soropositivas para o HBsAg, e é possível que pequenas
quantidades de sangue possam ser ingeridas pelo recém-nascido durante
amamentação, a partir de lesões nos mamilos, mesmo que pequenas. No entanto
a maior via de transmissão do vírus da mãe para a criança é a exposição do bebê
ao sangue materno, que acontece durante todo o trabalho de parto e no parto
11. Descreva sobre a relação das cores dos olhos (figura 2) com o
Hepatotropismo do vírus da hepatite B?
R: A hepatite é uma inflamação do fígado que, geralmente, é causada pelo vírus
da hepatite A, B ou C, mas que também pode ocorrer devido ao uso de
medicamentos. Essa inflamação altera o funcionamento do fígado, dificultando o
transporte da bilirrubina para os ductos biliares, que é então eliminada na corrente
sanguínea, levando ao aparecimento de pele e olhos amarelados, além de
sintomas como dor abdominal, náuseas ou vômitos, por exemplo.
Referências

ARAUJO, Eliete da Cunha; SOARES, Manoel do Carmo Pereira; CARDOSO,


Vitória Carvalho e SILVEIRA, Daniela Maria Raulino da. Hepatite B aguda em
gestante - relato de caso. Rev. Para. Med. [online]. 2006, vol.20, n.3, pp.55-58.
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/pdf/rpm/v20n3/v20n3a11.pdf. Acesso em:
10/11/2021

Diagnóstico de Hepatites virais. TELELAB. Out de 2014. Disponível


em:https://telelab.aids.gov.br/moodle/pluginfile.php/22180/mod_resource/content/3/
Hepatites-Manual-Aula-1.pdf. Acesso em: 10/11/2021

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