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Medicina - UFAL - 5º período | Patologia Clínica

Abertura: 28/02/2024 | Fechamento: 06/02/2024


Grupo 3: Alycia Braga, Edna Tainara, Katiane Pinheiro, Marcelo Cesar, Sofia Amancio e Yúseff Enrique

CASO 1
● O envoltório lipoproteico expressa um
1) Qual é o diagnóstico? antígeno, denominado antígeno de
superfície (HBsAg).
O diagnóstico do paciente é de hepatite B. A ● O núcleo central denso possui outro
hepatite B é uma doença viral que afeta o fígado e antígeno, conhecido como HBcAg.
é causada pelo vírus da hepatite B (HBV). É uma ● Um terceiro e importante antígeno do vírus
das principais causas de hepatite viral crônica, B, denominado "antígeno e" (HBeAg) é
cirrose hepática e carcinoma hepatocelular em todo secretado na corrente sanguínea pelos
o mundo. hepatócitos infectados somente na vigência
de elevadas taxas de replicação viral.
A hepatite B é uma das infecções virais mais comuns ● Existe ainda mais um antígeno, o "antígeno
em todo o mundo. Estima-se que mais de 250 x" (HBxAg) → estimula a transcrição de
milhões de pessoas sejam portadoras crônicas do genes virais e celulares.
vírus da hepatite B. A prevalência varia de acordo
com a região, sendo mais comum em áreas do
Sudeste Asiático, África Subsaariana e Pacífico
Ocidental.

O HBV é transmitido principalmente através do


contato com fluidos corporais infectados, como
sangue, esperma e secreções vaginais. As formas
mais comuns de transmissão incluem relações
sexuais desprotegidas, compartilhamento de
agulhas contaminadas, transmissão vertical da mãe
para o bebê durante o parto e exposição a sangue
contaminado em ambientes de saúde.

Alguns grupos têm um maior risco de contrair


hepatite B, incluindo pessoas que compartilham
agulhas, profissionais de saúde expostos a sangue, A hepatite B é uma doença de transmissão
indivíduos em relações sexuais de risco, bebês parenteral. A transmissão do agente infeccioso
nascidos de mães infectadas e pessoas que vivem pode ocorrer por:
em áreas com alta prevalência da doença. ● solução de continuidade (pele e
mucosas)
● via parenteral (compartilhamento de
2) Qual etiologia?
agulhas, seringas, material de manicure e
pedicure, lâminas de barbear e depilar,
tatuagens, piercings, procedimentos
3) Correlacione a fisiopatologia com as
odontológicos ou cirúrgicos que não
manifestações clínicas e exames laboratoriais.
atendam às normas de biossegurança,
entre outros)
A hepatite viral B é causada por um vírus DNA
● relações sexuais desprotegidas, sendo
pertencente à família Hepadnaviridae. No entanto,
esta a via predominante.
apenas no gênero Orthohepadnavirus estão os
● A transmissão vertical (materno-infantil)
vírus que infectam mamíferos, sendo que o HBV
também é importante e ocasiona uma
tem a característica de infectar humanos e também
evolução desfavorável, com maior
outros primatas superiores não humanos; porém,
chance de cronificação.
isso é menos frequente.
● Considerado um vírus oncogênico
O HBsAg é produzido em grande quantidade
Estruturalmente possui um envoltório lipoproteico durante a infecção pelo vírus B, sendo facilmente
e um núcleo central denso (core). detectado mesmo quando o vírus não se
encontra em estado replicativo.
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● Por este motivo, costuma-se dizer que o


Outros marcadores antígenos do paciente:
HBsAg é um marcador da presença do
● Anti-HAV IgM – não reagente
HBV no corpo, seja o vírus ativo ou não! ○ Constitui o anticorpo específico
● Paciente apresenta HBsAg reagente para a hepatite A, sendo
encontrado no soro de todos os
O surgimento do anti-HBs é seguido pelo indivíduos infectados
desaparecimento do HBsAg no sangue, indicando a recentemente
● Anti-HCv – não reagente
cura da hepatite B (e aquisição de imunidade
○ Constitui o anticorpo específico
duradoura), haja vista seu caráter neutralizante. para hepatite C
● Paciente apresenta Anti-HBs não reagente ● HCV RNA – não reagente
○ É solicitado para confirmar a
O antígeno "c" (HBcAg) não é detectado no infecção pelo vírus da hepatite C,
sangue, pois faz parte da estrutura interna do vírus B é um teste de biologia molecular
e não é secretado. É como se ele estivesse qualitativo.
“escondido” pelo envoltório viral, mas ainda assim
determina a formação de um anticorpo, o anti-HBc
● O anti-HBc é o principal marcador da
infecção pelo vírus B (ativa ou curada). Este
anticorpo não é neutralizante, e a sua
presença não indica a cura da infecção.
● Paciente apresenta Anti-HBc IgM reagente
○ A presença de anti-HBc IgM
documenta processo de infecção
recente ou aguda pelo HBV
● Paciente apresenta anti-HBc IgG não
reagente
○ Refere contato anterior com o vírus
Pacientes positivos para Anti-HBc IgG mas
negativos para HBsAg e Anti-HBs podem
ocorrer nas seguinte situações:
a) falso-positivo (doenças auto-imunes,
hipergamaglobulinemia, mononucleose);
b) anticorpos adquiridos passivamente;
c) infecção recente em período de janela
imunológica (HBsAg já depurado e anti-HBs ainda
negativo);
d) infecção crônica, com níveis de HBsAg baixos;
e) infecção prévia pelo HBV com anti-HBs
indetectáveis.

Como o HBeAg é secretado durante a fase de


replicação viral, quando positivo, caracteriza a fase
de replicação viral e, quando reagente, indica alta
infecciosidade.
● Paciente apresenta HBeAg reagente

Sua presença no sangue determina a formação de


um anticorpo, o anti-HBe. Surge após o
desaparecimento do HBeAg e indica o fim da fase
de replicação viral.
● Paciente apresenta anti-HBe não reagente.

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"regurgita" de volta para o plasma.


● Por isso há aumento acentuado da bilirrubina
direta nos casos de hepatites virais.

O hemograma nas hepatites virais:

É comum a leucopenia por queda de neutrófilos e


linfócitos, logo evoluindo para linfocitose. O aumento
do percentual de linfócitos atípicos pode ocorrer,
assemelhando-se ao hemograma da mononucleose
infecciosa.
● Paciente apresenta:
○ Leucócitos 3.500 (leucopenia)
○ Neutrófilos segmentado 30%
○ Linfócitos 62%

E as bilirrubinas?
● Bilirrubina total – 3,1 mg/dL PATOGÊNESE
● Bilirrubina direta – 1,2 mg/dL A hepatite B (HBV) não causa danos diretos às
● Bilirrubina indireta – 1,9 mg/dL células do fígado, sendo sua patogênese
relacionada à resposta imune do hospedeiro.

A infecção desencadeia uma resposta celular,


envolvendo linfócitos T citotóxicos (CD8+) e citocinas
pró-inflamatórias como o TNF-α.
● Uma resposta imune intensa pode causar
danos hepáticos graves, mas também
aumenta a chance de clareamento viral.
● Por outro lado, uma resposta imune
insuficiente pode predispor à cronificação
da infecção, levando a complicações
hepáticas.

O hepatócito desempenha um papel primordial no O surgimento do antígeno de superfície (HBsAg) é


metabolismo da bilirrubina, e três fases básicas são crucial na hepatite B, detectável em 1-10 semanas
reconhecidas: após a infecção, precedendo os sintomas.
● A incubação é 30-180 dias.
1. Captação – A bilirrubina não conjugada ligada à
albumina chega ao hepatócito e se dissocia, penetrando
a célula e ligando-se a proteínas citoplasmáticas (de Na fase prodrômica, há aumento das
forma a impedir seu retorno ao plasma). aminotransferases (AST, ALT) e aparecimento do
anticorpo anti-HBc.
2. Conjugação – há conversão em um derivado ● Anti-HBc IgM, junto ao HBsAg, é
hidrossolúvel para que possa ser excretada do importante no diagnóstico agudo.
hepatócito para a bile. Este processo é efetuado no
● Anti-HBc IgG persiste indefinidamente,
citoplasma do hepatócito, por conjugação da bilirrubina
com o carboidrato glucoronídeo, realizada pela enzima indicando cura ou cronificação.
glicuronil-transferase (uridina) → passa a ser bilirrubina ● Anti-HBs marca a convalescência.
conjugada. ○ A falta de produção desse anticorpo
em 6 meses pode levar à
3. Excreção – A bilirrubina conjugada agora precisa sair cronicidade.
do hepatócito e ganhar os canalículos biliares. É um
● HBeAg indica replicação viral ativa,
processo dependente de ATP, por isso é a etapa
limitante do metabolismo da bilirrubina, e é a enquanto anti-HBe aparece após a redução
primeira a ser afetada quando de um distúrbio do da replicação.
hepatócito. Qualquer alteração desta etapa significa
acúmulo de bilirrubina direta no hepatócito, que então

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No manejo diagnóstico, HBsAg, anti-HBc e anti-HBs Recorrente/recrudescente: caracterizada


são fundamentais. HBeAg e anti-HBe são mais laboratorialmente por novas elevações das
relevantes para avaliar a cronicidade e guiar o aminotransferases em pacientes que já haviam
tratamento. melhorado e normalizado essas enzimas
(recorrente), ou então que vinham caminhando para
tal (recrudescente).
● Estes episódios só são percebidos
clinicamente se houver também novo
aumento de bilirrubinas, com retorno ou
acentuação da icterícia.
● Podem existir várias recorrências ou
recrudescências de uma hepatite B aguda,
mas, por definição, estas acontecem
somente dentro dos primeiros seis meses
As manifestações clínicas da hepatite B
de doença (se passar disso a hepatite deixa
dependem da idade em que ocorre a infecção, do
de ser "aguda" e se torna "crônica").
nível de replicação viral e do estado imune do
paciente. Também dependem da forma evolutiva
Colestática: algumas vezes, no curso de uma
adotada pela hepatite.
hepatite B aguda ictérica, os pacientes desenvolvem
um padrão clínico e laboratorial bastante
Em geral, na hepatite B aguda, os sintomas
semelhante ao das icterícias colestáticas
costumam ser mais intensos quando comparados
clássicas, com intensa acolia fecal e prurido,
com os da hepatite A ou C. Normalmente, tendem a
associado ao aumento progressivo da bilirrubina
surgir durante a fase de replicação viral e
direta, fosfatase alcalina e gama-GT.
desaparecem na fase não replicativa.
● A inversão do padrão de lesão hepatocelular
para o de colestase se completa com uma
tendência à redução das
aminotransferases.
● Em relação à colestase, o prognóstico é
bom, raramente ultrapassando 6 meses.
Este quadro, vale lembrar, é mais
característico da hepatite A.

Assintomática: observa-se apenas o aumento das 4) Qual o padrão da lesão hepática do paciente?
aminotransferases e dos marcadores sorológicos Padrão colestático ou hepatocelular? Justifique
de hepatite B. com base nos achados clínicos, laboratoriais e
compreensão da história natural da doença.
Anictérica: como em geral é a icterícia o sinal que
denuncia clinicamente a presença de hepatite, as O paciente apresenta um padrão de lesão
formas anictéricas costumam se manifestar hepatocelular.
apenas com os sintomas da fase prodrômica,
sendo na maioria das vezes confundidas com um Na chamada “síndrome hepatocelular”, com as
"quadro gripal". hepatites virais constituindo os quadros mais
● Uma "gripe" com aminotransferases acima representativos, ocorre um dano generalizado aos
de 500 U/L indica hepatite viral anictérica. hepatócitos, suficiente para fazer com que eles
● Alguns pacientes manifestam clinicamente a liberem as aminotransferases para o plasma,
hepatite apenas como um quadro similar à como a ALT (TGP) e a AST (TGO).
"doença do soro" , com febre, rash e
poliartrite simétrica distal. No caso das hepatites virais agudas, espera-se um
aumento significativo das aminotransferases,
Ictérica: clássica, de fácil diagnóstico. habitualmente acima de 10 vezes o limite superior da
normalidade, o que ocorreu com o paciente do caso.

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🚨Ainda que um aumento exuberante das


visto sobretudo na chamada “forma colestática da
hepatite A”, mas também pode ocorrer em outras
aminotransferases indique maior extensão do
hepatites virais.
dano hepático (mais necrose hepatocitária), isso

🚨Como visto, a lesão hepatocelular pode causar


não significa necessariamente que o paciente tem
maior chance de evoluir para falência hepática
aguda. colestase intra-hepática decorrente do bloqueio
da excreção de bilirrubina direta pelos hepatócitos,
a qual se acumula.
A “síndrome hepatocelular” é uma das causas de
hiperbilirrubinemia e icterícia, caracterizada por
Clinicamente, o paciente apresenta icterícia (com
aumento da bilirrubina total, com aumento das duas
predomínio da bilirrubina direta) e o restante da
frações, sendo que o predomínio costuma ser da
síndrome colestática: colúria, acolia fecal,
bilirrubina direta.
prurido, que não foram todos relatados pelo
paciente do caso.
O dano ao hepatócito compromete mais a etapa da
excreção da bilirrubina para os canalículos biliares
Em geral, o aumento progressivo da bilirrubina
do que as etapas de captação e conjugação. Isso
direta também ocorre com a fosfatase alcalina e
vem do fato de a excreção de bilirrubina do
gama-GT.
hepatócito ser um processo altamente dependente
● A inversão do padrão de lesão
de ATP.
hepatocelular para o de colestase se
completa com uma tendência à redução
Quando há danos às células hepáticas, a
das aminotransferases.
capacidade delas de produzir ATP é reduzida, o
que pode afetar a excreção eficiente da bilirrubina
para a bile. Por isso, nas hepatites virais é comum o
aumento predominante da bilirrubina direta.

Além disso, alguns pacientes evoluem com


componente colestático associado (“colestase jso
intra-hepática”), com elevações moderadas da s
fosfatase alcalina (FAL) e gama-GT (GGT). Isso é
CASO 2
O que se presume é que a lesão obstrutiva ou o
1) Qual é o diagnóstico? corpo estranho predispõem à colonização e ao
crescimento bacteriano.
O paciente apresenta um quadro de Colangite
Uma colangite clínica ocorre quando as bactérias,
aguda, termo aplicado para designar os sinais e
liberadas do trato biliar, ganham a circulação
sintomas produzidos por uma inflamação biliar.
sistêmica, o que ocorre quando a pressão do trato
biliar está alta. É como se a bile (junto com as
Colangite é a infecção bacteriana do trato biliar, bactérias) extravasasse dos canalículos biliares, que
quase sempre associada a uma síndrome obstrutiva. percorrem os lóbulos, e caísse nos sinusóides
É caracterizada pela Tríade de Charcot (febre, hepáticos.
icterícia e dor abdominal).
A causa mais comum de colangite é a
coledocolitíase, que responde por 60% dos casos.
2) Qual é a etiologia?
Assim, a presença de cálculos biliares (sejam
primários ou secundários) muitas vezes é
O desenvolvimento de colangite necessita de duas
diagnosticada na avaliação de um episódio de
condições:
colangite.
1. Presença de bactérias no trato biliar;
2. Obstrução biliar parcial ou completa.
Os tumores malignos que causam obstrução biliar,
como o tumor de cabeça de pâncreas, o

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carcinoma de vias biliares e o carcinoma da Na prática, o termo colangite aguda é aplicado


ampola de Vater, são causas menos comuns de para designar os sinais e sintomas produzidos
colangite e geralmente são suspeitados e por uma inflamação biliar, sem se ater muito à
identificados pelo surgimento de icterícia. Entretanto, presença ou não de alterações patológicas na
quando há associação de câncer biliar com parede dos ductos biliares ou parênquima hepático –
colangite, esta parece ser mais severa e de pior ou seja, trata-se de um diagnóstico
prognóstico, fato atribuído provavelmente à essencialmente clínico.
completa obstrução que os tumores geralmente
determinam. Manifestações clínicas:

Estreitamentos não malignos dos ductos são Quadro clínico do paciente do caso:
também frequentemente diagnosticados quando
da avaliação de uma colangite. Muitos destes ● Quadro de febre com calafrios,
estrangulamentos resultam de trauma inapetência, náuseas, vômitos, "barriga
iatrogênico durante uma colecistectomia. O estufada após refeições" e dor abdominal
processo de reparação de uma estenose é de forte intensidade em hipocôndrio direito e
associado com uma alta chance de recorrência da epigástrio. Refere agravamento do quadro
própria estenose, de tal sorte que a ocorrência de doloroso aos esforços.
um episódio de colangite constitui indicação para ● Refere que há 7 dias evoluiu com pele
novo procedimento reparador. amarelada (icterícia) e urina de cor
castanho-escuro (colúria).
Outra causa de estenose do trato biliar é a ● Nega hemorragia digestiva, alterações no
pancreatite crônica. Esta estenose, localizada na trânsito intestinal e fezes escuras. Nega
porção intrapancreática do ducto biliar comum, pode perda de peso.
se manifestar inicialmente como um episódio de
colangite. Como já dito, a descrição original da colangite foi
feita por Charcot, numa referência à presença de
As anastomoses bilioentéricas são fatores de risco febre e calafrios intermitentes, associada à
para bacterbilia (por refluxo do conteúdo intestinal icterícia e dor abdominal.
para o interior da via biliar).
A associação da tríade de Charcot com choque e
Procedimentos invasivos como a colangiografia depressão do sistema nervoso central é
são causas relativamente frequentes de conhecida como pêntade de Reynolds, e
colangite, tanto pela via alta (Colangiografia representa o quadro clínico de uma colangite
Trans-hepática Percutânea – CTP) quanto pela via supurativa (pus sob alta pressão na via biliar).
baixa (Colangiopancreatografia Retrógrada ● A importância da pêntade de Reynolds vem
Endoscópica – CPRE). do fato de que esta síndrome é progressiva
e fatal, caso não se realize uma intervenção
Por fim, parasitos também podem ser causa de cirúrgica imediata. A tríade de Charcot,
colangite e estenoses biliares – é o exemplo do apesar de aguda, NÃO necessita de cirurgia
Trichuris trichiura e Ascaris lumbricoides. emergencial.

3) Correlacione a fisiopatologia com as


COLANGITE AGUDA
manifestações clínicas e exames laboratoriais
Maior incidência entre os 55 e 70 anos de idade.
Fisiopatologia:
O termo colangite define a infecção bacteriana do A tríade de Charcot completa, com febre,
trato biliar, quase sempre associada a uma icterícia e dor abdominal, ocorre em 60% dos
síndrome obstrutiva. pacientes com colangite. O sintoma mais
frequente é a febre (90%). A dor abdominal
costuma ser apenas moderada e se localiza
Seus sintomas cardinais são febre, icterícia e dor principalmente no quadrante superior direito. Dor
abdominal, caracterizando a tríade de Charcot. abdominal severa é muito rara, não sendo
comum o achado de irritação peritoneal. A

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custas principalmente da bilirrubina direta? Qual


peristalse não costuma ser alterada. A icterícia
está presente em 80% dos pacientes com é o padrão da lesão hepática?
colangite aguda.
No caso de colecistite aguda, a elevação das
As características-chave no diagnóstico de bilirrubinas ocorre principalmente devido à
colangite aguda são a história detalhada, tendo obstrução do fluxo biliar resultante da inflamação
em mente que apenas um ou dois elementos da e possível infecção na vesícula biliar.
síndrome de Charcot podem estar presentes e
o exame físico, fora a icterícia, pode estar
inalterado. Quando o ducto cístico está obstruído por cálculos
biliares ou inflamação, a bile não pode fluir
normalmente para o ducto biliar comum e,
Exames laboratoriais:
posteriormente, para o intestino delgado. Isso leva
ao acúmulo de bilirrubina no sangue.
Alterações laboratoriais do paciente do caso:
A bilirrubina direta, também conhecida como
● Leucócitos: 18.500 (leucocitose com
bilirrubina conjugada, está mais elevada do que a
predomínio de neutrófilos segmentados)
bilirrubina indireta (ou não conjugada) devido à
● Proteína C reativa: 12,0 mg/dL (aumentada)
obstrução do fluxo biliar. Quando a bile não
● Bilirrubina total: 11,9 mg/dL (aumentada)
consegue fluir adequadamente para o intestino
● Bilirrubina direta: 7,9 mg/dL (muito
delgado, a bilirrubina direta não pode ser excretada
aumentada)
no trato gastrointestinal e, consequentemente, se
● Bilirrubina indireta: 4,0 mg/dL (aumentada)
acumula no sangue. A indireta aumenta devido a
● ALT: 104 U/L (aumentado)
hemólise inflamatória, mas não é tão acentuada
● AST: 92 U/L (aumentado)
como o processo de estase.
● GGT: 880 U/L (muito aumentado)
● FAL: 1040 U/L (muito aumentado)
O padrão da lesão hepática é o colestático.
● Globulina: 4,3 (aumentada)
Clinicamente, o paciente apresenta icterícia (forte
● Albumina/globulina: 0,8 (reduzida)
predomínio da BD) e o restante da síndrome
colestática: colúria, acolia fecal, prurido.
Os achados laboratoriais da colangite aguda
refletem:
REFERÊNCIAS

1. A natureza infecciosa e inflamatória da


Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância
doença em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites
2. A obstrução biliar associada Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Hepatite B e Coinfecções / Ministério da
Assim, devemos esperar uma leucocitose com Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
desvio, associada à hiperbilirrubinemia (presente Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2017.
em 90% dos casos, com predomínio da bilirrubina
direta), e aumento da fosfatase alcalina, GGT, Apostila Medcurso Hepatologia, volume 1, 2021.
AST e ALT.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância
As hemoculturas frequentemente são positivas em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites
em um paciente com colangite aguda e devem ser Virais. ABCDE do diagnóstico para as hepatites
sempre solicitadas. Os organismos mais virais / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância
em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites
encontrados são, em ordem de frequência:
Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.
1. E. coli;
2. Klebsiella;
3. Enterococcus faecalis;
4. B. fragilis.

4) Por que as bilirrubinas deste paciente estão


aumentadas? Por que o aumento ocorre às

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