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2022
HEPATITES
Hepatites virais
Nunca esquecer da clínica! Anamnese e exame físico, além dos exames laboratoriais e
sorologias, são indispensáveis para o início do raciocínio diagnóstico.
Tacio Rafael S. Batista – Medicina, 01.10.2022
Desde a infecção até o início dos sintomas, o vírus passa por um período de incubação
– a depender, obviamente, do tipo de vírus causador da infecção e de fatores intrínsecos do
indivíduo. Após isso, iniciam-se a fase clínica (presença de sintomas), chamada de prodrômica.
Racionalmente, pelos vírus serem parasitos intracelulares obrigatórios, os sintomas só
aparecerem quando o corpo consegue elaborar anticorpos contra as células infectadas,
atacando o patógeno e causando morte celular concomitante. Neste momento a destruição
dos hepatócitos começa a se intensificar e as transglutaminases tendem a aumentar
relativamente; enquanto isso, os sintomas continuam sendo mais generalizados.
A depender do paciente, ele pode ou não entrar na fase ictérica, representada pelo
aumento agudo da destruição celular hepática e elevação em 10x do LSN das
transglutaminases, icterícia às custas de elevação de bilirrubina direta. Apesar do fígado ter a
função de converter BI em BD, ele gasta pouca energia em tal processo: o que fica mais
prejudicada é a excreção ativa desta BD recém-formada para as vias biliares, que demanda
bastante ATP. Com isso, ocorre icterícia por acúmulo sérico de BD. Igualmente, com pouca
bilirrubina direta na via biliar, sua concentração estará diminuída nas fezes, com redução de
urobilinogênio fecal (fezes pálidas – acolia fecal). A BD sérica será filtrada no sangue e
excretada pela urina, levando ao escurecimento desta e causado colúria.
Tacio Rafael S. Batista – Medicina, 01.10.2022
cronifica).
Hepatite A
Maioria é assintomática. Minoria costuma apresentar sintomas (e quando apresentam,
costumam ser pessoas adultas infectadas. Crianças infectadas raramente desenvolvem
sintomas). Minoria da minoria apresenta IHAG decorrente de infecção pelo vírus A.
Hepatite E
Similar à Hepatite A, sendo que a maioria dos casos (cerca de 20%) que desenvolvem
IHAG, são em gestantes. Lembre-se: gEstantEs, hepatite E.
Hepatite B
Tacio Rafael S. Batista – Medicina, 01.10.2022
HBV é um vírus de DNA. Ele possui uma proteína (antígeno) de Superfície em seu envelope
viral – o HBsAg. Nosso sistema imune é capaz de reconhecer este antígeno de superfície e criar
um anticorpo contra o Hbs – o Anti-HBs.
O HBcAg é uma proteína presente no interior do vírus. Portanto, todas as pessoas que
tiveram Contato com o HBV terão sido expostas à essa proteína. Nosso corpo também produz
um anticorpo contra o HBcAg – o Anti-HBc. Este, possui frações IgM e IgG (secretados em
momentos diferentes da infecção: aguda e crônica, respectivamente). Logo, os Anti-HBc são
anticorpos de contato anterior – recente ou distante, a depender da fração elevada.
O HBeAg é uma proteína também do interior do vírus. Ela é secretada quando o vírus
está se rEplicando, portanto, altos níveis de HBeAg indicam alta replicação viral. Quando nosso
corpo apresenta uma resposta imunológica competente contra a infecção, somos capazes de
frear essa replicação: isso é marcado pela produção de Anti-HBe.
Tacio Rafael S. Batista – Medicina, 01.10.2022
Hepatite C
É um vírus de RNA, possuindo 6 subtipos mais importantes, sendo o mais prevalente
no Brasil o tipo 1 e o 3. Atualmente, a contaminação parenteral, especialmente por drogas
injetáveis, é o meio mais
comum de transmissão
do HCV.
Inicialmente,
durante o período de
incubação, pode-se
detectar o RNA viral –
HCV-RNA. O aparecimento
de sintomas, portanto,
marca o início da sorologia
Tacio Rafael S. Batista – Medicina, 01.10.2022
de anticorpos: o anti-HCV. O problema é que ele pode indicar doença em atividade, cura ou
até mesmo ser um resultado falso positivo.
Hepatite D
É considerada a hepatite aguda mais grave. O vírus D não consegue fazer doença
sozinho: apenas se o HBV estiver também presente, com HBsAg+. Se, ao mesmíssimo tempo, o
paciente adquirir o HBV e o HDV, chama-se de coinfecção, não aumentando o risco de
cronificação. Nestes quadros, contudo, tem-se uma hepatite aguda bastante acentuada com
uma boa chance de desenvolvimento de IHAG/fulminante. Após isso, maioria tende a se
recuperar completamente (90%).
Tacio Rafael S. Batista – Medicina, 01.10.2022