Você está na página 1de 13

Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13

01/03/2021 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA 33.400 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


AGTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
AGDO.(A/S) : NANCI TEREZINHA BENGHI E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : ANTONIO FONSECA HORTMANN E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) : TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO

EMENTA

Agravo regimental em mandado de segurança. Tribunal de Contas


da União. Acumulação de cargos. Artigo 37, inciso XVI, b, da
Constituição Federal. Natureza do cargo técnico ou científico. Ausência
de definição constitucional. Reconhecimento administrativo da
legalidade pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região. Ordem
concedida. Consolidação da situação administrativa dos agravados
decorrente do decurso de tempo de exercício de seus respectivos cargos.
Agravo regimental a que se nega provimento.
1. A Constituição Federal não define ou fixa requisitos para o
reconhecimento da natureza do cargo técnico ou científico a que faz
alusão o art. 37, inciso XVI, Alínea b.
2. O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região reconheceu, na
seara administrativa, a perfeita legalidade do exercício dos cargos em
questão, ficando assentada a plena compatibilidade dos respectivos
horários das jornadas desempenhadas pelos agravados.
3. A situação administrativa dos agravados está consolidada pelo
decurso do tempo de exercício de seus respectivos cargos, observada sua
boa-fé.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3C23-048E-DC95-D878 e senha 4A2E-1232-8AD2-6A71
Supremo Tribunal Federal
Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 13

MS 33400 AGR / DF

Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em sessão virtual de 19 a


26/2/21, na conformidade da ata do julgamento, por unanimidade de
votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do
Relator, Ministro Dias Toffoli.

Brasília, 1º de março de 2021.

Ministro Dias Toffoli


Relator

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3C23-048E-DC95-D878 e senha 4A2E-1232-8AD2-6A71
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 13

01/03/2021 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA 33.400 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


AGTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
AGDO.(A/S) : NANCI TEREZINHA BENGHI E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : ANTONIO FONSECA HORTMANN E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) : TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):


Cuida-se de agravo regimental em mandado de segurança
interposto pela União contra decisão monocrática por meio da qual
concedi a ordem impetrada com base nos seguintes fundamentos:

“Volta-se a presente impetração contra decisão do TCU


que reputou ilegal a acumulação de cargos e proventos
efetuada pelos impetrantes, impondo-lhes o exercício de opção
por um deles.
Isso decorreria do fato de que o cargo de técnico
judiciário, por eles exercido, em concomitância com a função de
professor, não poderia ser considerado de natureza técnica, da
forma como descrita na Constituição Federal, fato a tornar
ilegal o acúmulo de cargos e proventos que todos exercem.
A norma constitucional aplicável ao caso, assim dispõe, in
verbis:

‘Art. 37 (...)

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos


públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso
XI:

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 829D-66C9-1448-6C44 e senha 903C-2527-BDF0-BECF
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 13

MS 33400 AGR / DF

(...)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
científico.’

Não há, no texto constitucional, referência alguma a


supostos requisitos de que deveriam ser dotados esses cargos,
tampouco a eventual abrangência do conceito dos vocábulos
‘técnico’ e ‘científico’, ali constantes.
Nem mesmo se encontra pacificada, na jurisprudência
deste STF, a extensão ou o alcance a ser conferido a tais
expressões, sendo mais comumente encontrados precedentes
dispondo que se insere no campo da análise dos fatos e provas
dos autos a verificação da viabilidade dessa cumulação.
Postas essas premissas, tem-se que, no presente caso, ora
em análise, a situação dos impetrantes encontra-se consolidada
há vários anos, reconhecida a plena compatibilidade de
horários das jornadas desempenhadas por cada um deles.
E, ainda, releva salientar que o Tribunal Regional do
Trabalho da 9ª Região, a que vinculadas as unidades judiciárias
onde os impetrantes exercem ou exerceram suas funções de
técnicos judiciários, proferiu decisão administrativa
reconhecendo a legalidade desse exercício, porque compatível
com a regra constitucional que disciplina a matéria (e-doc nº
11).
Constata-se, assim, que a situação pessoal dos impetrantes
encontra-se consolidada há muitos anos, respaldada, ainda, em
decisão administrativa proferida no âmbito do Tribunal a que
vinculados.
Não parece, destarte, minimamente razoável, apontar-se,
decorrido tanto tempo do exercício cumulativo desses cargos,
que alguma ilegalidade permeou a acumulação por eles
efetuada, de modo a impor-lhes a opção por um dos cargos ou
dos respectivos proventos.
Em atenção aos precedentes referidos pelo TCU e à linha
de defesa do ato, por ele desenvolvida nestes autos, deve ser
sempre ressaltada a absoluta boa-fé que sempre cercou o agir

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 829D-66C9-1448-6C44 e senha 903C-2527-BDF0-BECF
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 13

MS 33400 AGR / DF

dos impetrantes, durante o desenrolar dos fatos narrados nos


autos, na medida em que não exercem cargos públicos sem a
prévia submissão a regular concurso, tampouco com carga
horária incompatível.
E, por fim, mas não menos importante, a Corte trabalhista
regional em que prestam ou prestavam serviços reconheceu, de
forma expressa, a legalidade do acesso de todos eles aos cargos
que lá detêm, refutando a existência de qualquer vício de
inconstitucionalidade a macular-lhes o ingresso no quadro
funcional daquela Corte.
Nessa conformidade, a decisão do TCU, que lhes impôs
essa ordem de opção, violou-lhes direito líquido e certo, quanto
à acumulação verificada, fato a justificar o deferimento do
presente mandamus, para tornar definitiva a medida cautelar
liminarmente deferida nos autos.
Ante o exposto, concedo a segurança impetrada, para
cassar, com relação aos impetrantes, os efeitos do acórdão nº
5.791/2008, prolatado pela 2ª Câmara do TCU, prejudicado o
agravo interposto nos autos.”.

Nas razões de seu inconformismo, alega a agravante,


preliminarmente, a inadequação da via eleita, tendo em vista a
impossibilidade da utilização do mandado de segurança para elucidar
questão que demande revolvimento de fatos e provas, isso porque

“[o] caso dos autos trata precipuamente da definição, para


fins de acumulação, da natureza técnica ou científica do cargo
de técnico judiciário do TRT da 9º Região.” (fl. 3 do doc.
eletrônico nº 37).

Na análise do mérito, defende a agravante que a acumulação de


cargo técnico com o de professor é situação flagrantemente
inconstitucional, o que afasta “a possibilidade de convalidação da
situação pelo decurso de longo prazo” (fl. 5 do doc. eletrônico nº 37). Em
complemento, aduz que

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 829D-66C9-1448-6C44 e senha 903C-2527-BDF0-BECF
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 13

MS 33400 AGR / DF

“é remansosa a jurisprudência dessa Suprema Corte no


sentido de não admitir a convalidação por meio do decurso de
tempo das situações flagrantemente inconstitucionais” (fl. 6 do
doc. eletrônico n. 37).

Ademais, defende que os cargos exercidos pelos ora agravados não


se revestem da natureza técnica ou científica exigida pela norma
constitucional que autoriza a acumulação, pois “não demandam
conhecimentos especiais tampouco habilidades específicas” (fl. 8 do doc.
eletrônico n. 37).
Conclui, assim, que,

“como corolário do princípio da legalidade, deve ser


aplicado o entendimento desse Supremo Tribunal Federal no
sentido de não admitir a convalidação de situações
manifestamente inconstitucionais, rechaçando a legitimidade de
acumulação do cargo de técnico judiciário e outro de professor
na hipótese dos autos” (fl. 10 do doc. eletrônico n. 37).

Pugna pela reconsideração da decisão agravada, para que seja


denegada a segurança, ou pela submissão do feito ao órgão colegiado
competente.
É o relatório.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 829D-66C9-1448-6C44 e senha 903C-2527-BDF0-BECF
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 13

01/03/2021 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA 33.400 DISTRITO FEDERAL

VOTO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):


Cuida-se de agravo regimental interposto em face de decisão por
meio da qual concedi a segurança impetrada pelos ora agravados,
reconhecendo seu direito à acumulação dos cargos de técnico judiciário
com outro de professor.
Alega a agravante, na fundamentação de seu inconformismo, que a
referida decisão teria incorrido em imprecisão, pois, a acumulação dos
referidos cargos é situação flagrantemente inconstitucional, que não deve
ser convalidada pelo longo decurso do tempo.
Sem razão, contudo, a agravante.
De início, ressalte-se que, in casu, não há falar em inadequação da
via eleita, por ser desnecessária a dilação probatória.
Isso porque, conforme constou da decisão ora agravada,

“[a] norma constitucional aplicável ao caso, assim dispõe,


in verbis:

‘Art. 37 (...)

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos


públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso
XI:
(...)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
científico.’

Não há, no texto constitucional, referência alguma a


supostos requisitos de que deveriam ser dotados esses cargos,
tampouco a eventual abrangência do conceito dos vocábulos
‘técnico’ e ‘científico’, ali constantes.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 8A79-78CB-0AF3-08B5 e senha 87E5-D583-2D66-957A
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 13

MS 33400 AGR / DF

Nem mesmo se encontra pacificada, na jurisprudência


deste STF, a extensão ou o alcance a ser conferido a tais
expressões, sendo mais comumente encontrados precedentes
dispondo que se insere no campo da análise dos fatos e provas
dos autos a verificação da viabilidade dessa cumulação.
Postas essas premissas, tem-se que, no presente caso, ora
em análise, a situação dos impetrantes encontra-se consolidada
há vários anos, reconhecida a plena compatibilidade de
horários das jornadas desempenhadas por cada um deles.
E, ainda, releva salientar que o Tribunal Regional do
Trabalho da 9ª Região, a que vinculadas as unidades judiciárias
onde os impetrantes exercem ou exerceram suas funções de
técnicos judiciários, proferiu decisão administrativa
reconhecendo a legalidade desse exercício, porque compatível
com a regra constitucional que disciplina a matéria (e-doc nº
11).
Constata-se, assim, que a situação pessoal dos impetrantes
encontra-se consolidada há muitos anos, respaldada, ainda, em
decisão administrativa proferida no âmbito do Tribunal a que
vinculados.
Não parece, destarte, minimamente razoável, apontar-se,
decorrido tanto tempo do exercício cumulativo desses cargos,
que alguma ilegalidade permeou a acumulação por eles
efetuada, de modo a impor-lhes a opção por um dos cargos ou
dos respectivos proventos.”

Nesse contexto, ressalte-se que a maioria dos processos analisados


pela Suprema Corte que tratam da situação referente à acumulação de
cargos chegam a ela por via do recurso extraordinário e, nessa via, não há
qualquer possibilidade de se examinarem os fatos e as provas trazidos
pelos documentos anexados aos respectivos autos. Ademais, a premissa é
que, nesses casos, já houve suficiente discussão à época em que o
processo ainda tramitava nas instâncias de origem.
Certo é que a Constituição Federal deixa de tecer maiores
considerações acerca da natureza dos cargos técnico ou científico e que,

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 8A79-78CB-0AF3-08B5 e senha 87E5-D583-2D66-957A
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 13

MS 33400 AGR / DF

pelos documentos trazidos neste mandamus, temos situação apta a


caracterizar violação de direito líquido e certo dos impetrantes.
Com efeito, não há falar em situação flagrantemente
inconstitucional. Nesse sentido, rememoro o que foi consignado na
decisão ora agravada:

“Deve ser sempre ressaltada a absoluta boa-fé que sempre


cercou o agir dos impetrantes, durante o desenrolar dos fatos
narrados nos autos, na medida em que não exercem cargos
públicos sem a prévia submissão a regular concurso, tampouco
com carga horária incompatível.
E, por fim, mas não menos importante, a Corte trabalhista
regional em que prestam ou prestavam serviços reconheceu, de
forma expressa, a legalidade do acesso de todos eles aos cargos
que lá detêm, refutando a existência de qualquer vício de
inconstitucionalidade a macular-lhes o ingresso no quadro
funcional daquela Corte.”

Apoiado nesses argumentos, deve se manter a decisão agravada, a


qual reconheceu que o longo período de tempo decorrido no exercício
dos cargos pelos ora agravados, apurado com base na decisão
administrativa do TRT da 9ª Região, consolidou sua situação pessoal . E, a
partir dessa conclusão, aplica-se o entendimento da Suprema Corte
firmado no sentido da possibilidade de observância, a depender do caso
concreto, dos princípios da segurança jurídica e da boa-fé dos
jurisdicionados. Vide:

“Embargos de declaração nos embargos de declaração no


mandado de segurança. 2. Direito Administrativo. 3. Conselho
Nacional de Justiça. Desconstituição dos atos de investidura de
servidores do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Nomeações efetivadas após a Constituição Federal de 1988, sem
aprovação em concurso público. 4. Inaplicabilidade do prazo
decadencial de 5 anos, previsto no art. 54 da Lei 9.784/1999. 5.
Possibilidade de mitigação dos efeitos de atos inconstitucionais

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 8A79-78CB-0AF3-08B5 e senha 87E5-D583-2D66-957A
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 13

MS 33400 AGR / DF

em prol de razões de segurança jurídica. Atos de nomeação em


cargos públicos sem a realização de concurso público foram
assinados por Presidente de Tribunal de Justiça há mais de 20
anos. Boa-fé dos impetrantes. 6. Proposta de modulação de
efeitos acolhida. 7. Embargos de declaração acolhidos em parte,
tão somente para reconhecer a boa-fé dos embargantes e, assim,
modular os efeitos da decisão para manter a validade dos atos
inconstitucionais em relação a eles” (MS nº 27.673/DF-ED-ED,
Segunda Turma, Red. do ac. Min. Gilmar Mendes, DJe de
10/11/20).

“MANDADO DE SEGURANÇA CONSELHO


NACIONAL DE JUSTIÇA SERVIDORES PÚBLICOS
VINCULADOS AO PODER JUDICIÁRIO DETERMINAÇÃO
DO CNJ DE ADEQUAÇÃO AO QUE DISPOSTO NA
RESOLUÇÃO CNJ Nº 58/2008 E EXONERAÇÃO DOS
CARGOS EM COMISSÃO DOS SERVIDORES SEM CURSO
SUPERIOR CONTRARIEDADE À LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL Nº 1.111/2010, QUE INSTITUIU O PLANO DE
CARGOS E CARREIRAS DOS SERVIDORES DO E. TJSP
VIOLAÇÃO À AUTONOMIA E AO AUTOGOVERNO
CARACTERIZADA OS CORPOS JUDICIÁRIOS LOCAIS, POR
QUALIFICAREM-SE COMO COLETIVIDADES AUTÔNOMAS
INSTITUCIONALIZADAS, POSSUEM UM NÚCLEO DE
AUTOGOVERNO QUE LHES É PRÓPRIO E QUE, POR ISSO
MESMO, TRADUZ EXPRESSÃO DE LEGÍTIMA AUTONOMIA
INSTITUCIONAL, QUE DEVE SER ORDINARIAMENTE
PRESERVADA, PORQUE, AINDA QUE ADMISSÍVEL (MS
28.003/DF, RED. P/ O ACÓRDÃO MIN. LUIZ FUX), É SEMPRE
EXTRAORDINÁRIA A POSSIBILIDADE DE INTERFERÊNCIA,
NOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA, DE ORGANISMOS, COMO O
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, POSICIONADOS NA
ESTRUTURA CENTRAL DO PODER JUDICIÁRIO
NACIONAL O E. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA,
PARA LEGITIMAMENTE DESEMPENHAR SUAS
ATRIBUIÇÕES, DEVE OBSERVAR, NOTADAMENTE

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 8A79-78CB-0AF3-08B5 e senha 87E5-D583-2D66-957A
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 13

MS 33400 AGR / DF

QUANTO AO PODER JUDICIÁRIO LOCAL, A AUTONOMIA


POLÍTICO-JURÍDICA QUE A ESTE É RECONHECIDA PELA
PRÓPRIA LEI FUNDAMENTAL E QUE REPRESENTA
VERDADEIRA PEDRA ANGULAR (CORNERSTONE)
CARACTERIZADORA DO MODELO FEDERAL
CONSAGRADO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA A
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004, AO INSTITUIR O
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, DEFINIU-LHE UM
NÚCLEO IRREDUTÍVEL DE ATRIBUIÇÕES, ALÉM
DAQUELAS QUE LHE VENHAM A SER CONFERIDAS, EM
LEI COMPLEMENTAR, PELO ESTATUTO DA
MAGISTRATURA (CF, ART. 103-B, § 4º), MAS NÃO PERMITIU
QUE ESSE ÓRGÃO COLEGIADO, AGINDO ULTRA VIRES,
POSSA TRANSGREDIR A AUTONOMIA CONSTITUCIONAL
DOS TRIBUNAIS JUDICIÁRIOS, COMO A DOS TRIBUNAIS
DE JUSTIÇA, E DESRESPEITAR-LHES A PRERROGATIVA
FUNDAMENTAL DE EXERCEREM O AUTOGOVERNO E A
AUTOADMINISTRAÇÃO A SUBSIDIARIEDADE,
ENQUANTO SÍNTESE DE UM PROCESSO DIALÉTICO
CONCRETIZADO POR DIFERENÇAS E TENSÕES
EXISTENTES ENTRE ELEMENTOS CONTRASTANTES,
REPRESENTA, SOB TAL PERSPECTIVA, CLÁUSULA
IMANENTE AO PRÓPRIO MODELO CONSTITUCIONAL
POSITIVADO EM NOSSO SISTEMA NORMATIVO, APTA A
PROPICIAR SOLUÇÃO DE HARMONIOSO CONVÍVIO
ENTRE O AUTOGOVERNO DA MAGISTRATURA (E A
AUTONOMIA INSTITUCIONAL DOS TRIBUNAIS DE
JUSTIÇA NO ÂMBITO LOCAL), DE UM LADO, E O PODER
DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO OUTORGADO, NO
PLANO CENTRAL, AO CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA, DE OUTRO O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA
JURÍDICA, A BOA-FÉ E A PROTEÇÃO DA CONFIANÇA
COMO PROJEÇÕES ESPECÍFICAS DO POSTULADO DA
SEGURANÇA JURÍDICA SITUAÇÃO DE FATO, JÁ
CONSOLIDADA NO PASSADO, QUE DEVE SER MANTIDA
EM RESPEITO À BOA-FÉ E À CONFIANÇA DO

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 8A79-78CB-0AF3-08B5 e senha 87E5-D583-2D66-957A
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 13

MS 33400 AGR / DF

ADMINISTRADO, INCLUSIVE DO SERVIDOR PÚBLICO


NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM TAL CONTEXTO,
DAS SITUAÇÕES CONSTITUÍDAS NO ÂMBITO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DOUTRINA PRECEDENTES
PARECER DA PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA
PELA CONCESSÃO DA SEGURANÇA RECURSO DE
AGRAVO IMPROVIDO” (MS nº 35.594/DF-AgR, Segunda
Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de 8/10/20).

Portanto, as razões da agravante trazidas neste recurso não infirmam


o decisum monocrático ora impugnado.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 8A79-78CB-0AF3-08B5 e senha 87E5-D583-2D66-957A
Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 01/03/2021

Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 13

PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA 33.400


PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
AGDO.(A/S) : NANCI TEREZINHA BENGHI E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : ANTONIO FONSECA HORTMANN (0015324/PR) E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) : TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental, nos termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 19.2.2021 a 26.2.2021.

Composição: Ministros Dias Toffoli (Presidente), Marco


Aurélio, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código A919-A47C-B230-4A5D e senha 7B78-3E6E-2C54-97CC

Você também pode gostar