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Ano: 2023
LOCAL DE REALIZAÇÃO
Nº DE BOLSAS SOLICITADAS: 2
RESUMO DO PROJETO
O projeto CineDebate tem como objetivo promover questões sociais e inclusão por meio
do cinema. O projeto seleciona filmes que abordam diversidade, igualdade e direitos
humanos para incentivar a reflexão crítica sobre desigualdades e exclusões na sociedade.
O projeto busca criar um espaço para reflexão crítica, diálogo e compreensão das relações
de poder e estruturas de exclusão na sociedade. O projeto visa abordar a falta de espaços
para diálogo e reflexão sobre questões sociais e inclusão, bem como a falta de acesso à
cultura e arte para pessoas com deficiência. O projeto é tecnicamente viável e pode ser
realizado com equipamentos simples de projeção de vídeo e som em espaços como
escolas, universidades, bibliotecas ou centros culturais. O projeto pode ser financiado com
fundos públicos ou privados, patrocínio e colaboração de voluntários e parceiros locais. O
desenvolvimento do projeto inclui a seleção de filmes, promoção do projeto, organização
de sessões de cinema e realização de debates. A realização do projeto é essencial para
promover a reflexão crítica, o diálogo e o acesso à cultura e arte para pessoas com
deficiência intelectual e física, contribuindo para a construção de uma sociedade mais
justa, inclusiva e igualitária.
JUSTIFICATIVA
Segundo Paulo Freire (1970), a educação deve ser libertadora e crítica, capaz de
transformar a realidade social e promover a participação ativa dos indivíduos na
construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse sentido, o projeto CineDebate
busca criar um espaço de debate e reflexão crítica, que permita a compreensão das
relações de poder e a identificação das estruturas de exclusão presentes na sociedade.
A viabilidade técnica do projeto CineDebate é alta, uma vez que não requer
tecnologias ou equipamentos sofisticados. O projeto pode ser realizado em espaços como
escolas, universidades, bibliotecas ou centros culturais, utilizando equipamentos de
projeção de vídeo e som relativamente simples. Em relação à viabilidade financeira, o
projeto pode ser realizado com recursos públicos ou privados, através de editais de
fomento à cultura, leis de incentivo ou patrocínios. Além disso, o projeto pode contar com
a colaboração de voluntários e parceiros locais, reduzindo custos e ampliando sua
capilaridade.
O cinema, como expressão artística, tem objetivos que vão além do mero
entretenimento, e pode ser utilizado como ferramenta de educação e inclusão social.
Como afirma Bell Hooks (2019), ao analisar o cinema como uma forma de arte, é
importante considerar como a imagem e a linguagem cinematográfica podem influenciar
a construção de subjetividades e imaginários sociais. Através de suas características
estéticas e políticas, o cinema pode moldar a forma como as pessoas enxergam a si
mesmas e ao mundo ao seu redor. Dessa forma, ao observar a consolidação do cinema, é
fundamental examinar seus conteúdos estético-políticos, a fim de compreender como
essas produções cinematográficas podem afetar a sociedade e promover mudanças em
termos culturais e políticos. Dito isto, é possível relacionar o cinema com a educação, pois
ele possibilita dialogar com as vivências e visões de mundo de forma mais simplificada e
acessível, além de tratar de problemas sociais complexos, como apontado por Freire
(1996), para com quem a educação deve se relacionar com as questões sociais concretas, e
não com ideias abstratas.
Conforme discutido por Darcy Ribeiro (1995), no decorrer de suas obras acerca da
cultura, ela pode ser entendida como uma multiplicidade de formas de expressão e de
representação que a espécie humana inventou, inventa e reinventa como expressão e
representação da vida, dos sonhos, das lutas, das utopias e das realidades. Com uma
perspectiva antropológica, autores como Clifford Geertz e Michel Foucault também
destacam a importância da cultura como instrumento de construção do mundo e das
relações sociais. Geertz (2008), por exemplo, afirma que a cultura é um sistema simbólico
que permite a interpretação do mundo e da experiência humana. Foucault (1984), por sua
vez, destaca que a cultura e o conhecimento são dispositivos de poder que se relacionam
com as práticas sociais e políticas de uma dada sociedade. Ambos os autores, assim como
o autor citado, enfatizam a relação entre cultura e poder, e como as representações
culturais são utilizadas para legitimar e impor determinados projetos sociais. Sintetizando,
a cultura pode ser definida como “uma tentativa de entender o mundo e nele a existência
do homem, não puramente teórica, mas dirigida pelo interesse fundamental de nossa
existência” (Ratzinger, 2007, p. 59).
Nesse sentido, o cinema pode ser uma ferramenta cultural poderosa para expressar
e debater questões sociais e de inclusão. Segundo Mendes (2006), Omote (1996) e Piccolo
(2012), ao longo da história da humanidade a sociedade escolheu a segregação e o
isolamento das pessoas com deficiência, tornando-as "invisíveis" para evitar que elas
causassem "problemas". Tal comportamento visava manter a ordem social, conforme
discutido por Januzzi (1992) e Mazzota (1996). Quando se tratava de educação, o objetivo
era tornar as pessoas com deficiência produtivas para o mercado de trabalho. Essa
perspectiva de controle também é abordada por Foucault (1975) em suas análises sobre o
poder disciplinar e o controle das populações marginalizadas.
Georges Canguilhem (2006), afirma que a condição de saúde ou doença não é uma
propriedade intrínseca ao organismo, mas é resultado da interação deste com o meio em
que vive. Dessa forma, a construção social sobre a deficiência também é um produto dessa
relação entre o indivíduo e o ambiente que o cerca. Assim como a saúde, a deficiência não
é um estado natural, mas uma construção social. A visão clínica da deficiência por muitos
anos ditou o destino desses sujeitos, limitando suas vidas e negando-lhes a liberdade de
expressão. O ambiente em que viviam, marcado por pressões e preconceitos, contribuía
para manter a opressão, discriminação e o estigma como prerrogativas às pessoas com
deficiência, sendo esta impressa como uma segunda pele da pessoa.
Autores como Thomas Skrtic (1998) e Lino de Macedo (1994) destacam que a
deficiência deve ser compreendida em sua totalidade, ou seja, levando em consideração as
relações sociais e culturais que a envolvem. Dessa forma, a educação inclusiva deve ir
além da simples inserção das pessoas com deficiência nas escolas, sendo necessário a
adaptação do ambiente e dos currículos para atender as necessidades desses alunos.
Conforme destacado pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), é preciso garantir o direito ao acesso à educação, ao
aprendizado e à participação, promovendo a adequação dos espaços e recursos
necessários para que a inclusão seja efetivada.
METODOLOGIA
[3] FREIRE, P. (1970). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra.
[5] RIBEIRO, Darcy. Configurações histórico-culturais dos povos americanos. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
[6] HOOKS, bell. “Olhares negros: raça e representação”; tradução Stephanie Borges. São
Paulo. Elefante, 2019
[9] FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 30. ed. Petrópolis: Vozes,
1975.
[11] GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
[13] RATZINGER, J. (2007). Fé, verdade, tolerância. (S. H. Ferreira Trad.). São Paulo:
Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência R. Lúlio. (Originalmente publicado em 2005).
[17] JANUZZI, Gilberta. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. São Paulo:
Autores Associados, 1992.
[18] MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Educação especial no Brasil: história e políticas
públicas. São Paulo: Cortez, 1996.
[19] Skrtic, T. M. (1998). The special education paradox: Equity as the way to excellence.
Harvard Educational Review, 68(1), 1-23.
[20] Macedo, L. (1994). Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo:
Editora Brasiliense.
OBJETIVOS GERAIS
OBJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Curadoria 20h
Registrar as discussões realizadas nos debates em áudio ou vídeo, para posterior análise
e divulgação.
Avaliar o projeto ao final das sessões de cinema e debates, identificando pontos fortes e
fracos, bem como sugestões de melhoria para futuras edições.