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Índice
Dedicatória .................................................................................................................. v
Agradecimento ........................................................................................................... vi
Introdução ................................................................................................................... 9
2.3.1. Libertarismo..................................................................................................... 18
Bibliografia................................................................................................................. 44
iv
Declaração de Honra
O Autor
______________________________________
(Sílvio Almirante)
v
Dedicatória
Agradecimento
À minha mãe Margarida da Silva; ao meu tio Basílio da Silva Mecoro Nrera; aos
meus irmãos: Renata, Hermenegildo, Mariamo, Letícia, Douglas e à minha filha
Eclésia. E aos demais familiares, pela educação que me deram, pelos princípios e
valores que transmitiram ao longo dos anos, e que fizeram de mim o que sou hoje.
Aos meus alunos do estágio (em Filosofia), pela colaboração, simpatia e educação
demonstradas. Pelos bons e maus momentos, pois todos eles nos fazem crescer e
aprender.
Resumo
A preocupação central do Liberalismo Político está voltada a garantir cada indivíduo
a mesma liberdade que outros, de modo a levar uma vida verdadeira. Assim, uma
pluralidade de doutrinas aceitáveis e incompatíveis entre si é vista como um produto
característico da razão prática no decorrer do tempo sob instituições livres e
duradouras. É fortificante para o liberalismo político afirmar que não seria
conveniente empregar o poder político para impor nossa própria visão englobante e
defender como racional ou verdadeira. No entanto, o liberalismo político é possível a
partir de, primeiro, valor do político (valores de justiça) que são expressos pelos
princípios de justiça para a estrutura básica, que são os valores de igual liberdade
política e civil, igualdade equitativa de oportunidades, os valores de reciprocidade
económica, as bases sociais do respeito mútuo entre os cidadãos; segundo, valores
políticos importantes são os da razão pública cujos, são expressos pelas directrizes
da investigação pública e pelos dados de modo a tornar tal indagação livre e pública.
Portanto, o liberalismo político procura apresentar uma visão desses valores como
aqueles de um domínio especial (o político) e consequentemente, como aqueles que
se sustentam por si mesmo, cabendo aos cidadãos individualmente, como parte da
liberdade de consciência, estabelecer a forma pela qual os valores do domínio
político se relacionam com outros valores de suas doutrinas inclusivas, uma vez que,
os cidadãos têm duas visões, uma ampla (abrangente) e outra política.
Abstract
The central concern of the Political Liberalism is focused on ensuring every individual
the same freedom in order to live a real life. Thus, a plurality of reasonable doctrines
and incompatible with each other is seen as a characteristic of practical reason
product over time and under free permanent, institutions. It is tonic for political
liberalism say that it is unreasonable to use political power to impose our own
comprehensive view and defend as reasonable or true. Thus, political liberalism is
possible from, first, the political value (values of justice) which is expressed by the
principles of justice for the basic structure, which are the values of equal political and
civil liberties, fair equality of opportunity, economic reciprocal values, the social bases
of mutual respect among citizens; second, important political values are the public
whose reason, are expressed by the guidelines of public inquiry and the data in order
to make such free and public inquiry. Therefore the political liberalism seeks to
present an overview of these values as those of a particular domain (political) and
consequently as those that sustains itself, leaving it to individual citizens as part of
freedom of conscience, establish the way the values of the policy area relate to other
values of their comprehensive doctrine, since, citizens have two views, a
comprehensive and another policy.
Introdução
John Rawls foi um inventivo filósofo de grande importância sobre a Filosofia Política.
Seus escritos sobre a Política fê-lo um pensador de celebridade nos tempos
recentes. Este trabalho faz uma hermenêutica sobre as diversas ideias de Rawls
que se encontram nas diversas obras do autor, como uma maneira de trazer o
significado dos seus pensamentos e até suas aproximações com o mundo real, de
modo a transforma-lo, como a tarefa última que resta ao filósofo e a todo
pesquisador.
No entanto, Rawls acreditava que as pessoas podem achar inconcebível viver sem
determinadas convicções religiosas, filosóficas e morais ou sem determinados
apegos e lealdades permanentes. Com isso, Rawls aceitava a possibilidade de um
“Eu” fortemente constituído e moralmente comprometido. Porém ele insistia em que
tais lealdades e apegos não deveriam ser a base da nossa identidade como
cidadãos. Portanto, na discussão sobre justiça e direitos, devemos deixar de lado
nossas convicções morais e religiosas e discutir a partir de uma “concepção política
do indivíduo”, independente de quaisquer lealdades, apegos ou concepções
particulares da ‘boa vida’.
para obrigar certos cidadãos a ajudarem aos outros ou para proibir actividades a
pessoas que desejam realiza-las para seu próprio bem, protecção ou sustento.
No que tange às ideias de Ronald Dworkin, o autor afirma que, um indivíduo tem
direito a um determinado acto político, segundo uma teoria, se a impossibilidade de
se concretizar tal acto, quando o indivíduo reivindica, não se justifica no âmbito
dessa teoria. Diz-se que um indivíduo tem o dever de agir de um determinado modo,
segundo uma teoria política, se uma decisão política que restrinja tal acto se
justificar dentro dessa teoria, mesmo que nenhuma meta do sistema seja favorecido
por essa decisão. Assim, as metas podem ser justificadas por outras metas, por
direitos ou por deveres, e os direitos ou deveres podem ser justificados por metas.
Os direitos e deveres podem ser também justificados por outros direitos ou deveres
fundamentais.
Michael Walzer afirma que é da cultura, das tradições e da história partilhadas por
uma comunidade que se deve partir para a reflexão política e moral. Enquadrando
os bens no contexto de construção social particular a cada comunidade humana,
Walzer, rejeita o conceito rawlsiano de bens primários. Não há um conjunto único de
bens primários ou básicos imagináveis por todos os universos morais ou materiais;
de outro modo, um tal conjunto teria de ser concebido em termos tão abstractos que
teria pouca utilidade no planeamento de distribuições específicas.
Objectivo Geral
Objectivos Específicos
CAPÍTULO I: O LIBERALISMO
Definir o termo liberal é bastante equívoco, pois tem vários significados. No entanto,
a definição de Liberalismo como fenómeno histórico oferece também dificuldades
específicas. A razão da inexistência de consenso quanto a uma definição comum,
quer entre os filósofos, historiadores, quer entre os estudiosos de política, é devida a
uma tríplice ordem de motivos.
Como havia avançado o próprio Rawls com a hipótese segundo a qual, a justiça diz
respeito ao conjunto da vida humana, podendo enfatizar a ideia do princípio de
igualdade de que “todos os valores sociais, liberdade e oportunidades, progressos e
riquezas e as bases do respeito a si mesmo, devem distribuir-se igualmente, a
menos que uma distribuição desigual de quaisquer e de todos esses bens seja
vantajosa para todos” (idem: 6).
Na primeira obra “Uma Teoria de Justiça”, John Rawls propõe uma nova concepção
de ‘justiça’, cuja denominou de ‘justiça como equidade’. A ideia principal nesta obra
é a de fazer entender de que “os princípios de justiça seriam aqueles que fossem
objecto de concordância mútuo entre pessoas em condições de igualdades”
(RAWLS, 2003: 6). No entanto, a justiça como equidade é a designação dada à uma
teoria de justiça que se inicia por um contrato social. Portanto, os princípios que
1
John RAWLS, O Liberalismo Político, 1993: 2.
16
Ora, por que não devemos levar nossas convicções morais e religiosas para
sustentar o discurso público sobre justiça e direitos? Por que deveríamos separar
nossa identidade de cidadãos, de pessoas morais muito formadas? Rawls diz que
devemos agir assim, a fim de respeitar “a reflexão colectiva” sobre a “boa vida” que
prevalece no mundo moderno (RAWLS apud SANDEL, 2012: 309). Os indivíduos
das sociedades democráticas discordam sobre questões morais e religiosas; além
disso, essas discordâncias são justificáveis, pois “não se pode esperar que pessoas
conscientes e com plenos poderes de raciocínio, mesmo depois de um debate livre,
cheguem à mesma conclusão”.
2.2.1. Libertarismo
Em “Anarquia, Estado e Utopia” (1974), Robert Nozick faz uma defesa filosófica dos
primórdios (princípios) anarquistas e um desafio ao conceito divulgado do que seja
justiça distributiva. Ele parte da afirmação de que os indivíduos têm direitos
“intransmissíveis e amplos” que “levantam a questão do que, se é que há alguma
coisa por realizar, cabe ao Estado fazer” (cf. Sandel: 9). Ele conclui que “apenas um
Estado mínimo, limitado a fazer cumprir contractos e proteger as pessoas contra a
força, o roubo e a fraude, é justificável. Qualquer Estado com poderes mais vastos
viola os direitos dos indivíduos de não serem forçados a fazer o que não querem,
portanto, não se justifica”.
Nozick inicialmente comete um delito ao trazer uma alegação desordeira de que, “na
manutenção de seu monopólio do uso da força e da protecção de todos dentro de
um território, o Estado tem que violar direitos individuais, sendo intrinsecamente
imoral” (NOZICK, 1974: 11). Todavia, ele sendo um crítico de Rawls, refuta a tese
dele, sustentando que um Estado nasceria da anarquia mesmo que ninguém tivesse
essa intenção ou tentasse cria-lo.
Deste modo, para Nozick nenhum Estado mais amplo pode ser justificado, pois uma
grande diversidade de razões, que supostamente justificam o Estado amplo, não faz.
Contra a tese de Rawls de que tal Estado se justifica, a fim de realizar ou produzir
2
Robert NOZICK, Anarquia, Estado e Utopia, pág. 1.
19
justiça distributiva entre os cidadãos, formula uma teoria de justiça que não requer
qualquer Estado mais amplo e o emprego do mecanismo dessa teoria a fim de
examinar e criticar outras teorias de justiça distributiva que propõem um Estado
extenso, focalizando assim, a Teoria de Justiça de Rawls.
De acordo com Nozick apud Sandel (2012: 82), “não há nada de errado na
desigualdade económica. O simples facto de saber que algumas pessoas têm
milhões enquanto outros nada têm, não lhe permite tirar conclusões sobre a justiça
ou injustiça da situação. Nozick rejeita a ideia de que uma distribuição justa consista
em um determinado padrão como rendimentos igualitários, ou utilidade igualitária,
ou, ainda, atendimento igualitário das necessidades básicas. O que importa é como
a distribuição é feita”.
A tese de Nozick encontra-se atacada de antemão por Rawls ao dirigir-se por alguns
conceitos básicos da vida social: prioridade do direito e do conceito do bem, razão
pública e estrutura básica. No entanto, a prioridade indicada traduz-se no propósito
de assegurar a todos o acesso aos bens primários, cuja lista compreende, além das
liberdades básicas, níveis de renda, aptos a permitir o que denomina de bases do
auto-respeito, o indivíduo não pode beneficiar-se particularmente do esforço de
muitos, pois não constituiria aquilo que Rawls chama de justiça como igualdade de
oportunidades.
No fundo Rawls não acredita que o mercado possa garantir a justiça dos contractos,
mesmo que, em seu ponto de vista possua como referência a equidade. Assim,
segundo Rawls (2003: 9) “a estrutura social concebida afecta as expectativas dos
indivíduos e pode reduzir suas ambições”.
3
Ronald DWORKIN, Levando os Direitos a Sério, 2002.
21
O autor parte de uma análise forte e importante da teoria de John Rawls, onde
afirma que ‘nossas intuições sobre a justiça pressupõem não apenas que as
pessoas têm direitos, mas sim, um desses direitos é fundamental, esse direito que é
fundamental de todos é uma concepção nítida do direito à igualdade, cuja Dworkin
chama de direito à igual consideração e respeito’.
Pode-se descrever um direito à igualdade do seguinte modo, que Rawls afirma ser
fundamental:
Portanto, pode-se dizer que a justiça enquanto equidade tem por base o
pressuposto de um direito natural de todos os homens e as mulheres à igualdade de
consideração e respeito, um direito que possuem não em virtude de seu nascimento,
seus méritos, suas características ou excelências, mas sim, enquanto seres
humanos capazes de elaborar projectos e fazer justiça. Outrossim, o pressuposto
mais básico de Rawls não é o de que os homens tenham direito a determinadas
liberdades que Locke ou Mill consideravam importantes, mas que eles têm direito ao
igual respeito e à igual consideração pelo projecto das instituições políticas.
De acordo com Dworkin (2002: 282) “Rawls é mais persuasivo ao afirmar que o
direito fundamental exige uma constituição liberal e sustenta uma forma idealizada
das estruturas económicas e sociais actuais”.
Na obra de Dworkin atrás citada, inicia com uma pergunta, conforme a qual ‘Por que
levar os direitos a sério’? Dworkin responde a questão sustentando que ‘quis mostrar
o que fazer um governo que professa o reconhecimento dos direitos individuais.
Portanto, o governo deve abrir a mão da ideia de que os cidadãos nunca têm o
22
direito de violar a lei e não deve definir os direitos dos cidadãos de modo que
possam ser anulados por supostas razões de bem-estar geral’.
Assim, ensina-nos Dworkin ao afirmar: “Se tenho direito de expressar minhas ideias
sobre questões políticas, o governo erra ao considerar ilegal que eu assim proceda,
mesmo que pense que sua acção é no interesse geral. Se além disso, o governo
torna meu acto ilegal, comete um novo erro ao accionar a lei contra mim. Meu direito
contra o governo significa que é um erro da parte do governo impedir-me de falar”.
Portanto, a aprovação de uma lei não pode afectar os direitos que os homens
possuem e isso é de importância extrema (idem: 295).
2.2.4. Comunitarismo
4
Michael SANDEL, Justiça: o que é fazer a coisa certa. Pág. 3.
23
A crítica posta neste caso pelos comunitaristas está ligada à noção do ‘bem’, porém
os liberais defendem que a noção do bem deve ser sempre indeterminada, variável,
subjectiva, enquanto do lado comunitarista está o ‘bem-comum’. Segundo Rawls não
são as concepções de bem que as pessoas têm, mas algo que existe por trás
dessas concepções, a liberdade de decidir suas próprias concepções de bem, de
agir de acordo com tal e mudar de opinião sobre ela quando necessário.
(MOUFFE apud MULHALL & SWIFT, 1996: 38). Portanto, a crítica feita à Rawls por
Sandel se mostra pertinente, pois a vontade livre individual exerce grande influência
na maneira de viver da sociedade moderna.
Desse modo, o autor coloca três caminhos distintos, que vão reflectir o raciocínio
filosófico de pensadores específicos, para identificar a distribuição de bens e a
justiça na sociedade. A primeira delas se relaciona com a perspectiva do utilitarismo,
realçando o bem-estar como prioridade; a segunda está ligada ao liberalismo e
coloca a liberdade no centro da discussão; e a terceira está focada na noção de
virtude e finalidade da acção política. Todavia, importa-nos no momento o segundo
raciocínio sobre o liberalismo, pois é a ideologia libertária e os questionamentos
sobre se realmente somos donos de nós mesmos e a consequente problematização
sobre a liberdade.
De acordo com esta corrente de pensamento, é injusto que se cobre impostos dos
ricos para supostamente beneficiar os pobres, pois isto é uma violência ao direito
inalienável da liberdade, cabendo somente uma decisão autónoma dos indivíduos de
entregarem ou não parte das suas riquezas privadas ao Estado ou a terceiros (Idem:
81). Enfim, os libertários querem fazer valer o direito fundamental aos mercados
livres e pregam a ausência de regulação do Governo em quaisquer áreas, não em
nome de eficiência económica, mas sim, para guardar a liberdade humana de acção.
25
Ainda dentro do âmbito do liberalismo, Sandel discute e expõe alguns limites morais
do livre mercado, argumentando que, “devido a restrições económicas e sociais,
alguns indivíduos não seriam tão livres na hora de interagir no mercado, como é o
caso do recrutamento em exércitos voluntários, no qual cidadãos com dificuldades
variadas agindo sob pressões económicas estariam agindo por necessidade, e não
por livre escolha, sendo este mercado não tão livre quando pregam os libertários”
(Idem: 83).
O libertário rejeita três tipos de directrizes. Eis que o Estado moderno normalmente
promulga:
segurança são um bom exemplo, de facto, bem como as leis relativas ao uso de
capacetes para motociclistas. Embora o facto de dirigir uma moto sem capacete seja
uma imprudência, e mesmo considerando que as leis sobre o uso de capacetes
salvem vidas e evitem ferimentos graves, os libertários argumentam que elas violam
o direito do indivíduo de decidir os riscos que quer assumir. Desde que não haja
riscos para terceiros e que os condutores de motos sejam responsáveis pelas
próprias despesas médicas, o Estado não tem o direito de impor a que riscos podem
submeter seu corpo e sua vida.
5
Michael WALZER, As Esferas da Justiça: Uma defesa do Pluralismo e a Igualdade, 1993.
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diferentes entre si, os princípios que regem a sua distribuição devem ser também
eles diferentes e adequadas à respectiva natureza social de cada bem. Na
percepção de Walzer (1993: 25) “a justiça é plural não só porque a sua configuração
pode diferir de sociedade para sociedade, mas também porque as distribuições
justas de uma comunidade são distribuições diferenciadas internamente”.
então, o mesmo se aplica aos princípios de justiça, já que estes são apenas uma
construção abstracta concebida para distribuir bens abstractos. Assim, no entender
de Walzer, só os bens sociais que são significativos para uma determinada
comunidade colocam verdadeiros problemas de justiça distributiva (WALZER, 1990:
8).
Nas visões do próprio Rawls diz que num regime verdadeiramente democrático para
que seja duradouro, não obstante as várias doutrinas abrangentes, deve contar com
o livre e voluntário apoio de seus cidadãos politicamente activos, tendo a convicção
de que “a cultura política de uma sociedade democrática estável, contém certas
ideias intuitivas fundamentais, a partir das quais é possível elaborar uma concepção
política de justiça”.
confirmação, ou seja, ele (o consenso abrangente) perderia seu interesse sob ponto
de vista de aceitabilidade racional e da validade, mantendo apenas a estabilidade
social.
Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais amplo sistema de liberdades
básicas iguais que sejam compatíveis com um processo idêntico de liberdades
para todos (RAWLS, 2000: 64);
32
Na verdade, não concordo que a democracia, no entanto que tal, seja um regime de
estagnação com os dois princípios de justiça de Rawls, mas sim, um ponto de
partida para a consecução das liberdades individuais e a pragmatização da
solidariedade. Na mesma linha de pensamento, podemos recorrer ao filósofo Francis
Fukuyama, com as suas ideias que constam na sua obra “O Fim da História e o
Último Homem”, onde afirma: “a democracia liberal poderia constituir o ponto final da
evolução ideológica da humanidade e a forma final do governo humano, constituindo
assim, o fim da história, pois os homens não teriam grandes razões para lutar, visto
que, a actividades económica satisfaria as suas necessidades” (FUKUYAMA, 1992:
13).
Entretanto, Rawls começa seu argumento segundo o qual como pode-se entender a
justiça regida por princípios escolhidos por cidadãos livres e iguais numa posição
inicial de igualdade? Rawls raciocina da seguinte forma: suponhamos que estamos
reunidos para definir os princípios que governarão nossa vida colectiva para elaborar
um contrato social. Que princípios seleccionaríamos? Provavelmente teríamos
dificuldades para chegar a um consenso. Pessoas diferentes têm princípios
diferentes, que reflectem seus diversos interesses, crenças morais e religiosas e
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posições sociais. Algumas pessoas são ricas, outras são pobres; algumas têm poder
e bons relacionamentos; outras, nem tanto. Acima de tudo, temos de chegar a um
consenso. Porém, até mesmo o consenso reflectiria o maior poder de alguns sobre
os outros demais. Portanto, não há motivos para acreditar que um contrato social
elaborado dessa maneira seja um acordo justo (RAWLS apud SANDEL, 2012: 177).
Outrossim, suponhamos ainda que, ao nos reunir para definir os princípios, não
saibamos a qual categoria pertencemos na sociedade. Imaginemo-nos cobertos por
um “véu de ignorância” que temporariamente nos impeça de saber quem realmente
somos. Não sabemos a que classe social ou género pertencemos e desconhecemos
nossa raça ou etnia, nossas opiniões políticas ou crenças religiosas. Tão-pouco
conhecemos nossas vantagens ou desvantagens, se somos saudáveis ou frágeis,
se temos alto grau de escolaridade ou se abandonamos a escola, se nascemos em
uma família estruturada ou em uma família desestruturada. Se não possuíssemos
essas informações, poderíamos realmente fazer uma escolha a partir de uma
posição original de equidade. Já que ninguém estaria em uma posição superior de
benefícios, os princípios escolhidos seriam justos (idem: 178).
Rawls afirma que os dois princípios de justiça servem para assegurar as liberdades
básicas iguais e os aspectos que descrevem e determinam as desigualdades
económicas e sociais, podendo determinar uma série de liberdades; as liberdades
da pessoa, cuja incluem a protecção contra a opressão psicológica e a agressão
física (integridade da pessoa); o direito à propriedade privada e a protecção contra a
prisão e a detenção arbitrária, conforme com o conceito de ‘Estado de Direito’.
Portanto, quanto ao primeiro principia essas liberdades devem ser iguais.
Entretanto, Arendt está ligada ao pensamento revolução pelo uso da força, podendo
se optar os movimentos sociais de manifestação, a exemplo disso, é o repúdio dos
ataques perpetrados pelos “idiotas úteis” em Gorongosa, na província de Sofala
entre 2013 e 2014; na marcha da sociedade civil contestando o excesso de regalias
ou mesmo mordomias dos deputados da Assembleia da República de Moçambique,
num movimento que luta pela terra, ou seja, que a riqueza cuja, Moçambique tem,
seja para todos os moçambicanos, pois a terra é vida, já que dela é que emana a
subsistência do homem.
Do que foi dito no parágrafo acima decorre a tarefa social do liberalismo: a mediação
dos momentos de transição social que é o de integrar o velho e o novo de forma que
os antigos valores se tornem os instrumentos dos novos desejos e objectivos.
3.1. A Democracia
A Grécia Antiga foi o berço da democracia, cujo seu apogeu deu- se no século V.
a.C. em Atenas. Naquela cidade os estrangeiros, as mulheres e os escravos não
eram considerados como cidadãos, pois, eram excluídos na vida pública.
Jean-Jacques Rousseau com o contracto social, enfatiza que cada indivíduo cede
incondicionalmente seu poder em favor da colectividade, mas a vontade geral não
pode ser alienada e nem representada. Portanto, na percepção de Rousseau, isto
significa que, “os deputados e governantes não são representantes do povo, mas
apenas, seus oficiais, estando subordinados à soberania popular, a única que decide
por meio da assembleia” (ROUSSEAU apud ARANHA & MARTINS, 2000: 177).
De acordo com Norberto Bobbio (2000: 14) “o Estado Liberal é justificado como o
resultado de um acordo entre indivíduos inicialmente livres que convencionam
estabelecer os vínculos estritamente necessários a uma convivência pacífica e
duradoura”.
Antigamente, nos Estados Unidos ser liberal significava emitir publicamente opiniões
favoráveis às reivindicações progressistas e, no momento crítico, confirmar a política
dos patrões contra os direitos dos trabalhadores. No entanto, Dewey analisa os
fundamentos do liberalismo, conforme foram historicamente firmados, a começar
pelo individualismo, um dos princípios básicos do pensamento liberal, como se sabe.
Dewey afirma que ser individualista era admitir que o indivíduo possui certos direitos
naturais, contra os quais nenhuma autoridade secular ou espiritual podia erguer-se.
Numa análise exaustiva, Dewey quis dizer, “o problema da democracia não se
resolve apenas por intermédio do sufrágio universal e do governo representativo”.
Os liberais julgam que a democracia precisa criar condições para o indivíduo se auto
desenvolver, aperfeiçoando, desse modo, a si próprio e a sociedade. Isso significa
que o indivíduo, além de apenas progredir expandindo as suas capacidades na
sociedade, também pode as ampliar adequadamente a partir de um incentivo que o
leve participar activamente nas discussões sociais.
O Estado liberal como Estado de Direito tem uma finalidade: ‘a do controlo das
condutas humanas para garantir a harmonia social’. Portanto, liberdade é ter o
direito de fazer tudo o que as leis permitem, como por exemplo, direito à informação,
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direito ao uso dos recursos naturais disponíveis, direito a expressão e sem o medo
de terminar num calabouço.
A concepção política de pessoa, como livre e igual, que pode ser dita liberal,
também não pode ser entendida, por fim, como um ideal directamente imputado às
partes na posição original, pois ela adentra a concepção de Justiça como equidade
mediante as restrições possíveis e a formulação dos bens primários,
respectivamente impostas e à disposição das partes, no sentido de possibilitar,
através de sua racionalidade deliberativa, as concepções determinadas de bem dos
cidadãos que representam.
Portanto, os liberais podem impor limites à liberdade de expressão, sempre que dela
decorra um mal importante, como a violência. Outrossim, na mesma perspectiva
liberal, nenhum discurso de ódio poderá constituir um mal em si mesmo, uma vez
que, o respeito mais elevado é o de um sujeito por si mesmo, independentemente
dos seus objectivos ou das suas ligações.
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Conclusão
O liberalismo político pressupõe que uma doutrina englobante aceitável não rejeita
os princípios fundamentais de um regime democrático, não obstante que, podem
existir doutrinas inclusivas não aceitáveis. Em tal caso, o problema consiste em
contê-las, de modo que não danifiquem a unidade e a justiça da sociedade.
Em democracia o poder político deve ser distribuído com base na força do discurso,
no poder de convicção, na persuasão e na força da retórica. Os cidadãos entram na
vida política e na governação sem nada além de seus argumentos. No entanto,
Todos os bens não políticos são depositados do lado de fora: armas, carteiras,
títulos e diplomas. Portanto, a democracia e o poder político são monopolizados por
aqueles que possuem a retórica, capacidade de argumentação e poder de
convicção.
Os dois princípios rawlsianos nos dizem que cada pessoa deve ter um direito igual
ao mais extenso sistema de liberdades básicas que seja compatível com um sistema
de liberdades idêntico para as outras. Em segundo lugar, as desigualdades
econômicas e sociais devem ser distribuídas, de forma que, simultaneamente, se
possa esperar que elas sejam um benefício de todos; outrossim, decorram de
posições e funções às quais todos têm acesso.
Quando se fala de um Estado liberal democrático não se refere como aquele que
possa distribuir divisas que o Estado arrecada através das suas receitas, impostos,
mas sim, como aquele que está mais apostado no respeito pelos direitos dos
cidadãos como assim o fazem eles pelo respeito aos deveres constantes na
legislação e na manutenção de sua segurança dentro do território.
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Bibliografia
Principais Obras:
Obras Complementares:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de
Filosofia: Manual do Professor. 2ª Edição. S. Paulo: Editora Moderna, 2000.
KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6ª Edição. S. Paulo: Martins Fontes, 1999.
NOZICK, Robert. Anarquia, Estado e Utopia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
1974.