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A partir desse trecho fica nítida a diferença entre os interesses de cada grupo, que a
autora divide entre mundo vivido e mundo oficial. É interessante, inclusive, observar a
maneira como ela se posiciona, identificando de forma incisiva os ideais de cada vertente e a
crítica à entendida como “oficial”, que é definida dessa forma por carregar uma
academicidade e uma distância do dia a dia educacional e do aluno.
Quando analisamos as propostas de reforma na educação que navegam entre as
perspectivas neoliberais e democratizantes, podemos observar como as contradições se
misturam. Enquanto o foco da política neoliberal é o mercado, num objetivo de melhorar a
qualidade de ensino, mas acentuando a desigualdade social, a política democratizante busca
garantir uma educação pública como direito, que respeite as inclusões e a equidade, mas
encontrando obstáculos em relação a escassez de recursos.
Sendo políticas que trabalham por vias opostas, colocá-las em constante embate acaba
sendo ineficiente, gerando um movimento de constantes progressos e retrocessos. Dessa
forma, é possível considerar a ideia de reformas moderadas trazida por Hobsbawm. Em uma
sociedade marcada por tantas vertentes políticas, seria mais eficaz buscarmos uma política
que foque em atender demandas e equilibrar contradições, trazendo melhorias no sistema
educacional que garantam igualdade e qualidade? Em um mundo utópico talvez, mas
considerando os moldes capitalistas do sistema em que vivemos hoje, acredito ser um
posicionamento ingênuo a busca por um equilíbrio entre mercado e direitos sociais.
Percebemos, então, a trajetória tumultuada e os embates persistentes entre visões
antagônicas na educação e na política, que ressaltam um desafio inerente à busca por
reformas equilibradas e eficazes. Diante desse cenário, a reflexão sobre as bases estruturais
que sustentam os sistemas políticos e educacionais torna-se crucial para compreender não
apenas as motivações por trás das políticas, mas também os reais impactos e alcances de tais
medidas na sociedade. O caminho para um sistema educacional mais equitativo e eficiente
demanda não apenas reformas, mas uma revisão crítica dos pilares fundamentais que regem as
políticas, a fim de alcançar um equilíbrio verdadeiro entre os objetivos de mercado e as
demandas sociais.