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Aluno: André Luís Teotônio Teixeira - 2021.1.19.

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Professor: Dr. Wesley Silva - Política Educacional
Conforme enfatizado por Delfim Moreira, as políticas educacionais devem se ajustar
às demandas mutáveis da sociedade. Portanto, é importante considerar que a política não pode
ser vista como um produto acabado, mas sim como um processo dinâmico e em constante
reconstrução. Essa dinâmica é evidente devido às constantes transformações nas sociedades:
mudanças nos valores, nos sujeitos envolvidos e nas demandas sociais que propiciam a
necessidade de adaptação das abordagens políticas na educação. Assim, a política
educacional, em particular, não se manifesta de maneira estática, visto que está
intrinsecamente conectada a um amplo contexto que abrange diversos fatores, como
economia, desenvolvimento social, cultura e movimentos sociais. Portanto, é crucial realizar
uma análise aprofundada das conjunturas ao elaborar políticas educacionais. Isso assegura que
tais políticas sejam eficazes e pertinentes para o seu público-alvo, proporcionando respostas
adequadas aos desafios contemporâneos e às aspirações da sociedade em constante evolução.
Nesse sentido, Iria Brzezinski destaca em seu trabalho a importância da análise crítica
das condições materiais, ideológicas e econômicas que fundamentam a adoção de políticas
públicas em todos os campos de ação do Estado, já que tais políticas não se dão de modo
neutro ou imparcial, mas refletem os interesses de sujeitos políticos. Ou seja, a adoção dessas
políticas se dão com base em conveniências e concepções políticas majoritariamente distintas
e antagônicas. Neste caso, com visões educacionais diferentes. Sobre as condições materiais,
deve-se ser analisado os recursos disponíveis, a questão da infraestrutura e o acesso aos
serviços educacionais, por exemplo. No campo ideológico, destaca-se as crenças, valores e
ideias que determinam a adoção dessas políticas. O que tange a economia, refere-se aos
aspectos financeiros e econômicos que impactam as políticas públicas. Esses elementos
relacionados e cautelosamente analisados são essenciais para se compreender as dinâmicas de
poder que permeiam os interesses dos setores políticos e empresariais educacionais.
A análise que venho empreendendo neste artigo permite-me localizar, de um lado, o
mundo vivido liderado pelos educadores profissionais afiliados à tendência
educacional da Escola Nova ancorada nas matrizes do ideário liberal que defendia o
Estado laico e democrático, visando à reconstituição da Nação Republicana por meio
da educação e pleiteava a instalação da escola básica única e gratuita para todos os
brasileiros. De outro lado, localizo o mundo ‘oficial’ formado pelos intelectuais
católicos, que pretendiam recristianizar a nação, mantendo o ideário da Pedagogia
Tradicional, conservadora, acrítica, como pilar de suas ações discriminadoras e não
emancipatórias, pois a escola básica, segundo esses católicos leigos deveria servir
aos filhos das classes privilegiadas. Ao dar destaque ao anacronismo e ao caráter
excludente da escola ideológica de “fundo conservador” para classes dominantes,
Cury (1994, p. 19) critica a ideologia da Igreja Católica, sólida instituição, que “se
posicionava claramente a favor do ensino acadêmico, classicista e sobretudo
classista”. (BRZEZINSKI, 2010, p. 189)

Assim, nesse sentido, Brzezinski evidencia também a dicotomia entre a Escola Nova e
os adeptos a Pedagogia Tradicional, sendo os intelectuais católicos. Segundo a autora,
enquanto a Escola Nova defendia um Estado laico e democrático, com acesso à educação
gratuita e para todos os brasileiros, os defensores da Pedagogia Tradicional mantinham uma
linha conservadora e em defesa das classes mais privilegiadas. Esses últimos, como a autora
reitera, defendiam uma educação básica direcionada aos filhos da elite, revelando assim os
ideais de hierarquização social e destacando uma clara divisão social, em que a educação se
torna um meio de perpetuação das desigualdades sociais (BRZEZINSKI, 2010, p. 189).
Atrelado a isso, as propostas de reforma na educação brasileira muitas das vezes se
apresentam enquanto contradições, já que, ora adotam perspectivas neoliberais, ora
perspectivas democratizantes, o que permite-se refletir sobre os debates em torno do papel do
Estado no que tange o acesso à educação. Assim, ocorre a interferência mercadológica nas
políticas educacionais, que adotam abordagens neoliberais e que muitas vezes advogam pela
privatização e desregulamentação das mesmas. Isso resulta no aumento das desigualdades no
acesso à educação, além de uma menor interferência do Estado nessas políticas educacionais,
o que evidencia a lógica lucrativa capitalista, e que, consequentemente torna a educação - um
direito constitucional - um produto do sistema capitalista, desumanizando o processo
educacional dos sujeitos e não garantindo - na maioria das vezes - uma formação plena na
constituição cidadã e humanizada dos educandos.
Diante do exposto, conclui-se que as políticas educacionais no Brasil estão
intrinsecamente ligadas às transformações sociais, ideológicas e econômicas. A visão dos/as
autores destacam a necessidade de adaptação constante, reconhecendo as políticas de
educação como um organismo vivo, que evolui com as demandas da sociedade. Essa
abordagem dinâmica, é essencial para garantir que as políticas educacionais atendam
efetivamente às necessidades contemporâneas e promovam a equidade no acesso à educação.
Desta forma, destaca-se a complexidade do cenário educacional brasileiro, que possui o
desafio de encontrar um equilíbrio que promova uma educação inclusiva, de qualidade e
alinhada aos princípios democráticos, superando as contradições e construindo um caminho
mais justo e humanizado para a formação dos cidadãos brasileiros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRZEZINSKI, IRIA. Tramitação e desdobramentos da LDB/1996: embates entre projetos
antagônicos de sociedade e de educação. Trabalho, Educação e Saúde, v. 8, n. 2, p.
185–206, jul. 2010.

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