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Espaço do ritual/Espaço de sociabilidade

Uma sala de concerto/um espaço musical não é só um local onde se escuta, assiste a um espetáculo,
concerto, evento musical.
É um espetáculo comunicacional que congrega um extenso dispositivo, uma rede humana de
produção, e que evidencia ou põe em cena um conjunto de relações sociais e que contribui para
atribuir determinado estatuto social e simbólico ao espetador
A arquitetura da sala, a sua disposição e modo como promove sociabilidade, contribui para a definição
da importância social e o estatuo de quem a frequenta

Concerto como ritual


Ritual: Geralmente, um padrão de comportamento frequentemente repetido que é realizado em
momento apropriados, e que pode envolver a utilização de símbolos. (Cf. Erving Goffman, Ritual de
interação)
Estilo arquitetónico de salas de concertos e ópera:
• Enfatiza a continuidade com o passado da cultura europeia – grega/romana, renascença
italiana, etc…
• Entrada arquitetónica grandiosa (Hall) transmite o sentimento de importância de quem entra
no salão, confere a sensação de entrar noutro mundo (Lugar cerimonial)
• A frequência regular desenvolve uma familiaridade como o espaço e seus rituais
Ver e ser visto:
• Estatuto social adquirido através da frequência de um ritual ao qual estão associados todo um
conjunto de significados, que foram sendo cristalizados ao longo do tempo.
Auditórios/Plateia:
• Pretende transmitir-se uma sensação de luxo, evitar a vulgaridade e salientar um
comportamento distinto.
• Isolamento do mundo da vida quotidiana (sem janelas ou som vindo de fora da sala que possa
remeter à vida exterior)
• Uma forma de comunicação (alegadamente) unidirecional – do compositor ao ouvinte
(através dos músicos e cantores)
Separação entre palco e plateia:
• Músicos tornaram-se, de certa forma, uma entidade completamente separada das audiências
para as quais tocam.
• Tornam-se uma entidade coletiva quando estão no palco
• Durante as atuações podem ser vistos como “…meros instrumentos através dos quais o
maestro toca.”
Produção de um concerto:
• Extenso planeamento que implica um evento deste tipo
• Incluindo a contratação de maestros, de artistas e orquestras, escolha de repertório e obtenção
• Partitura e partes para a orquestra, planeamento e realização dos ensaios, criação de folhas de
sala, textos de apoio e biografias, luzes, direção de sala…
• Trabalhos dentro e fora do palco e plateia (da limpeza aos vendedores de bilhetes aos técnicos
de som, pianistas)
Este planeamento deve permanecer necessariamente invisível criando a ilusão de um mundo mágico
livre de comércio e de trabalho – Walt Dysney Concert Hall, LA – California
• Grandes salas de concerto como momento de sociabilidade e não apenas de assistir a um
concerto.
C. Small fala de um Star System que manipula o “mercado de virtuosi”, mantendo-os raros, procura
a reificação do repertório para um cânone de obras que se repercute em grande parte dos espaços de
concerto

Socialização
Conjunto de processos pelos quais os indivíduos se apropriam das normas, valores e hábitos que
caracterizam e regem o funcionamento da sociedade onde se inscrevem.
Processo de “aprendizagem”, de internalização, que nos integra na sociedade em que vivemos,
através dos diversos agentes de socialização (Favorecem a adaptação de cada individuo À vida social
e mantém a coesão entre os membros da sociedade e a ordem social - Família, Escola, Pares, Media)
Normas e valores são internalizados através de processos de socialização:
• Os valores – abrangem as ideias que definem o que é bom ou mau, agradável ou desagradável,
belo ou feio, etc…, inerentes a um grupo ou sociedade específicos e fixando em normas
(Conjunto de regras de conduta)
No processo de socialização, o individuo aprende e interioriza conceitos e relaciona-se com ideias
culturais. Entra num universo simbólico, com valores e normas determinados, e assume
progressivamente o modo de vida da sociedade da qual faz parte.

Socialização Primária: A personalidade vai-se moldando de com os valores que nos são incutidos.
• “A socialização primária é a primeira socialização que o individuo experimenta na infância, e
em virtude da qual torna-se membro da sociedade”
Socialização Secundária: Integração progressiva em grupos profissionais, de amigos, familiares, em
novas circunstancias.
• “A socialização secundária é qualquer processo subsequente que introduz um individuo já
socializado
(A construção Social da Realidade, Peter Berger e Luckmann)

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