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LINGUAGEM SEGUNDO MATTOSO CAMARA JR.

GUSTAVO MANHÃES DE CARVALHO SANTOS


Aluno do Curso de Letras (Português-Latim)
DRE N° 121059219

Trabalho entregue à Prof.


Doutora Maria Carlota Rosa, na
disciplina Fundamentos da
Linguística, turma LPLA,
código LEF140.

Faculdade de Letras
Rio de Janeiro, 1º semestre de 2021 - REMOTO
1) INTRODUÇÃO

O trabalho a seguir apresenta uma dissertação sobre a pergunta “Câmara Jr.


considerou a linguagem um fenômeno biológico?”, trazendo como base para a resposta
os textos “Princípios da Linguística Geral”, de Joaquim Mattoso Camara Jr. (1973); “A
capacidade de aquisição da linguagem”, de Eric H. Lenneberg (1964); “A linguagem:
introdução ao estudo da fala.”, de Edward Sapir (1921) e “The language instinct: How
the mind creates language.”, de Steven Pinker (1994).

2) LINGUAGEM COMO FENÔMENOS BIOLÓGICO E CULTURAL

Em sua obra “A linguagem: introdução ao estudo da fala”, Edward Sapir (1921)


evidencia a seguinte afirmação: “Andar é uma função orgânica e instintiva (embora não
seja a bem dizer um instinto); falar é uma função não instintiva, uma função adquirida,
‘cultural’.” Em “Princípios da Linguística Geral”, Câmara Jr. (1973) defende,
juntamente com Sapir (1921), que se deve compreender a linguagem como um
fenômeno cultural, ou seja, que:
“não se trata de uma atividade simples, executada por meio de
órgãos biològicamente a ela destinados” (Sapir, 1921,7), mas de um
esfôrço criador da humanidade, que, para isso, se serviu de órgãos do
corpo humano, dando-lhes uma aplicação secundária e,
fisiològicamente falando, “excrescente”, do mesmo modo que se
utilizam os dedos para a arte de tocar piano e os joelhos para o gesto
simbólico de genuflexão. (CAMÂRA JR, 1973)

Por outro lado, Eric Lenneberg (1964) considerava que a linguagem era um
fenômeno biológico, dando como exemplo o ato de andar, que é uma atividade
programada biologicamente, e a escrita, um fenômeno cultural, dispõe de uma enorme
variação.
Através dessas pesquisas, Lenneberg (1964) constata que o andar não pode ser
considerado uma opção. Verifica-se em “A capacidade de aquisição da linguagem” que:
“O andar permanente e costumeiro não pode ser ensinado ou aprendido pela prática se o
animal não estiver biològicamente conformado para êste tipo de locomoção.”
(LENNEBERG, 1964)
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Steven Pinker (1994) ia de acordo com Lenneberg, afirmando que:
A linguagem é uma habilidade complexa e especializada, que
se desenvolve espontaneamente na criança, sem qualquer esforço
consciente ou instrução formal, que se manifesta sem que se perceba
sua lógica subjacente, que é qualitativamente a mesma em todo
indivíduo, e que difere de capacidades mais gerais de processamento
de informações ou de comportamento inteligente. (PINKER, 1994: 9)

3) CONCLUSÃO
Portanto, ao contrário de Lenneberg (1964) e Pinker (1994), que consideram a
linguagem um fenômeno estritamente biológico, como demonstram nas pesquisas que
comparam o andar com a escrita, Câmara Jr (1963) considera a linguagem um
fenômeno cultural, por acreditar que a biologia tem uma aplicação secundária, como por
exemplo, usar o aparelho fonador para poder falar, ou “os dedos para a arte de tocar
piano e os joelhos para o gesto simbólico de genuflexão.” (CÂMARA JR., 1973)

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4) REFERÊNCIAS
CAMARA JR., J. M. (1973). Princípios de linguística geral ( 4ª ed. rev. e aum. ed.). Rio de Janeiro:
Acadêmica.
LENNEBERG, E. H. (1964). A capacidade de aquisição da linguagem. Em E. H. LENNEBERG, Novas
perspectivas linguísticas (M. Miriam Lemle. In: COELHO, & M. &. LEMLE, Trads., pp. 55-92).
Petrópolis: Vozes.
PINKER, S. (1994). The language instinct: How the mind creates language. New York: William
Morrow.
SAPIR, E. (1921). A linguagem: introdução ao estudo da fala. (J. M. Camara Jr., Trad.) Rio de Janeiro:
Acadêmica, 1971.

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