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Mestrado em Ciências de Educação- Educação Especial Domínio Cognitivo e Motor

Ano Letivo 20222023


Gestão do Currículo
Docente: Elsa Estrela

Caderno de Campo acerca da Escola da Ponte

Discente: Beatriz Gomes, nº 22207636


“Estudar não é só ler os livros que há́ nas escolas;
É também aprender a ser livre, sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante; às vezes é urgente.
Mas os livros não são o bastante para a gente ser gente.
É preciso aprender a viver, aprender a estudar.
Estar na Escola da Ponte é estudar,
Aprender com os outros, aprender consigo,
E ter um amigo é também estudar,
Aprender com os outros, aprender consigo,
E ter um amigo é também estudar.
Estudar também é repartir, também é saber dar.
O que a gente soube dividir, para multiplicar.
Estudar é escrever um ditado, sem ninguém nos ditar,
E se um erro nos for apontado, é sabê-lo emendar.
É preciso, em vez de um tinteiro, ter uma cabeça que saiba pensar
Pois, na escola da vida, primeiro está saber estudar.
Estar na Escola da Ponte é estudar,
Estar contente consigo é estudar.
Aprender com os outros, aprender consigo
E ter um amigo é também estudar.”

Hino da Escola da Ponte (adaptação de uma melodia de Fernando Tordo para um poema
de Ary dos Santos)
Dimensões da Instituição Escolar:

A. Contexto Escolar:

1.1. Contexto geográfico da instituição:

A escola Básica da Ponte é uma instituição pública de ensino localizada em São


Tomé de Negrelos, vila e freguesia do concelho de Santo Tirso, distrito do Porto. O
novo espaço é compartilhado com a escola Básica de S. Tomé de Negrelos, pertence ao
Agrupamento de escolas D.Afonso Henriques.
Em relação aos espaços partilha o Pavilhão Desportivo, o espaço exterior, a
cantina, as salas de Educação Visual, os Laboratórios, a Biblioteca, o auditório e a sala
de música.
Proporciona aprendizagem a 180 alunos desde o pré-escolar ao 9º ano, devido à sua
particularidade, esta instituição é procurada por diversas famílias de concelhos vizinhos
e de outras regiões do país.

1.1. Contexto socioeconómico:

A escola da Ponte surgiu do desejo da construção de uma escola que respeitasse as


diferenças individuais de todos os alunos.
Em 1976, a escola ainda fazia parte de um polo que incidia mais cinco edifícios
escolares desde a educação infantil até ao fundamental.
Nessa época, Portugal enfrentava um período de fragilidade económica e
educacional devido a políticas que duraram 48 anos.
Devido ao desinvestimento político as escolas públicas encontravam-se em risco
de precaridade, os profissionais desmotivados e desmoralizados, a falta de apoio quer
em manuais quer em estruturas físicas contribuíram para esse desinteresse.
Os membros da escola começaram a debater os problemas que incidiam naquela
escola, distinguindo que pontos não suportavam a mudança esperada. Algumas
respostas aos problemas levantados deram origem a profundas mudanças na
organização da escola, na relação entre ela, os encarregados de educação e nas relações
estabelecidas com diferentes parceiros locais.
os elementos da equipa pedagógica da Escola da Ponte resolveram terminar com
as séries, com as provas, com as salas de aula e disciplinas.
A Escola da Ponte influenciou a aceitação do Decreto-Lei 62001, acerca da
Reorganização Curricular do Ensino Básico (Projeto Educativo da Escola da Ponte, sd).

1.2. Clima da escola Cultura organizacional escolar:

A Escola da Ponte é uma escola diferente de todas as que podemos referenciar no


sistema educativo português com práticas educativas que fogem ao modelo tradicional,
não existe anos de escolaridade, ciclos, testes, manuais ou aulas, a sala de aula foi
substituída por espaços onde cada aluno define o seu ritmo de aprendizagem e onde
convive com os demais.
É organizada sob uma lógica de projeto e trabalho e de equipa, formando-se a
partir das interações entre os seus membros.
Ao longo dos anos foi desenvolvendo práticas pedagógicas e metodológicas
seguindo uma cultura reflexiva que fundamenta a autonomia.
O projeto educativo “Fazer a Ponte”, promove a autonomia e a consciência cívica
dos estudantes, priorizando o envolvimento nas tarefas e na responsabilidade de gestão
da escola. É o aluno que propõe a avaliação, num espírito de autonomia,
responsabilidade, entreajuda e liberdade, o aluno é o gestor do seu próprio tempo,
assumindo o controlo da sua aprendizagem, deixando para o professor o papel de tutor
ou orientador.
A Ponte tomou como desafio número um e primordial o servir todos os alunos,
num regime inclusivo, assente em 4 pilares fundamentais – liderança, projeto, trabalho
de equipa e família (Projeto Educativo da Escola da Ponte, sd).
O envolvimento da comunidade educativa na tomada de decisões, desde a
organização da escola aos processos de aprendizagem, assim sendo reforça a ideia de
que a democraticidade e o respeito pelos interesses dos alunos são os focos principais
deste projeto (República Portuguesa1, nd).
Segundo estes princípios, o modelo organizacional exercido diverge do modelo
convencional da escola pública. Assim sendo, entende-se por orientador educativo todos
os que trabalham diretamente com os alunos e que contribuem para a promoção e o seu
desenvolvimento educativo.
A escola não segue o modelo tradicional de um professor por turma, nem os
alunos são distribuídos por faixas etárias ou pelo ano de escolaridade, os grupos seguem
uma contínua reorganização para continuarem heterogéneos.
Existem ainda dimensões curriculares, tutoria, responsabilidades e assembleia da
escola, estas instrumentalizam o projeto segundo o seu regulamento interno (Projeto
Educativo da Escola da Ponte, sd).

1.3. Aspetos particulares da Governança:

Desde a sua criação, que o Projeto Fazer a Ponte desenvolve-se sob uma lógica de
autonomia, antecipando as inovações curriculares e pedagógicas que mais tarde a
administração educativa acaba por acolher. Tendo como exemplo o Decreto-Lei
1392012 de 5 de julho, onde se aprovou a Organização Curricular do Ensino Básico; o
Despacho Normativo n.º 72013 de 11 de junho, onde garante aos alunos do Ensino
Básico o aproveitamento dos tempos de ausência do respetivo professor, sobre este
assunto a Escola da Ponte garante que todos os alunos exercem o mesmo horário, não
existindo horas mortas entre aulas, entre outros.
Ao longo dos anos, a Escola da Ponte tem desenvolvido uma experiência
pedagógica ímpar, tornando-a única e convidativa a visitar.
A Escola da Ponte tem como missão estabelecer uma nova forma de pensar e de
agir na contemporaneidade. O seu objetivo é formar pessoas felizes, socialmente
responsáveis e autónomas, para construir os seus projetos de vida (Pacheco, 2011, cit in.
República Portuguesa1, nd).
Mais importante dizer que a escola oferece aos alunos o que estes necessitam,
graças à autonomia que tem na tomada de decisão.

2. Implementação do projeto educativo


2.1. Origem Razões que conduzem à apresentação do projeto:

O projeto Fazer a Ponte foi alicerce para a fundação da Escola Básica da Ponte
(mais conhecida como Escola da Ponte) cujo intuito é atualizar o modelo tradicional de
ensino a partir da apresentação de práticas educativas distintas a esse modelo. É
valorizado neste projeto o trabalho de equipa e de projeto, tendo como organização a
interação entre os diferentes indivíduos (Projeto Educativo da Escola da Ponte, sd).

2.2. Princípios subjacentes à atual organização da Escola da ponte:


O projeto Fazer a Ponte assenta nos princípios que pretendem contribuir para
fomentar a autonomia e a consciência cívica dos alunos, destacando o envolvimento
progressivo em tarefas e responsabilidade de gestão da escola. Este envolvimento na
comunidade educativa no processo de tomada de decisões, principalmente em organizar
a escola e os processos de aprendizagem, reforçando a conceção que a democraticidade
e o respeito dos interesses dos alunos (Projeto Educativo da Escola da Ponte, sd).

2.3. Organização do trabalho dos e entre professores (Gestão dos


professores, articulação):

A cada professor, neste caso orientador educativo, são atribuídos alunos dos quais
serão responsáveis. No entanto, cada orientador educativo é professor de todos os
alunos da escola, podendo ajudar os alunos que estão com dúvidas sobre algum
conteúdo do seu ramo profissional.
Considera-se que para este tópico era necessário ser realizada uma entrevista com
algum orientador educativo, de modo a obter-se informações atualizadas sobre o
trabalho colaborativo com os outros orientadores, assim como a sua opinião sobre este
projeto educativo inovador.

2.4. Perfil dos professores (idade, género, habilitações):

As informações relativas ao perfil dos professores, nomeadamente dados


sociodemográficos não foi possível obter visto que não foi possível comunicar
presencialmente com os professores, tendo sido só possível obter dados disponíveis nos
documentos orientadores presentes no site da Escola da Ponte e no vídeo da reportagem
do canal da TVI.
Os professores na Escola da Ponte são denominados como Orientadores
Educativos, podendo ter habilitações literárias (licenciatura ou outro) em Psicologia,
Sociologia, Terapia da Fala, entre outras profissões (Projeto Educativo da Escola da
Ponte, sd).
2.5. Estrutura curricular e organização das aprendizagens e da
avaliação (como está organizada; dificuldades; benefícios):

Durante o percurso académico, os alunos estão em constante desenvolvimento e,


dessa forma deve ser priorizado a idealização da identidade pessoal, tendo em
consideração valores como a iniciativa, a criatividade e a responsabilidade. Cada um
dos educandos tem características próprias, sendo que para isso é importante atender e
respeitar as necessidades individuais de cada um dos alunos.
Desta forma, na Escola da Ponte cada aluno assume necessidades educativas
especiais no sentido de desenvolverem aprendizagens sociais e cognitivas diferentes. O
aluno deverá receber atenção, deverá ser reconhecido como ser individual, deverá
descobrir e valorizar a sua cultura, auxiliando na descoberta do seu “eu” como aspetos
fulcrais para o percurso educativo, assim como são promotoras do desejo e da
necessidade de aprendizagem.
Cada aluno no seu percurso educativo, desenvolve duas dimensões, a social e a
individual, sendo importante que vá aprofundando sob si próprio e a relação com os
pares e outros parceiros comunicativos. O percurso académico singular de cada um dos
alunos é fundamental para que o currículo seja apropriado de forma subjetiva e
individual, através da avaliação e tutoria dos orientadores educativos.
Segundo o Projeto Educativo, o currículo corresponde a um grupo de atitudes e
competências que durante o percurso escolar, atende às características individuais e
presume que os alunos as adquiram e desenvolvam.
O conceito de currículo é compreendido segundo duas afirmações, consoante a
interioridade ou exterioridade de cada aluno, nomeadamente do currículo exterior e
interior. O currículo exterior ou objetivo corresponde a um caminho de realização, ou
seja, uma meta a atingir. No currículo interior ou subjetivo é um caminho com direção
única. A partir do currículo nacional foi fundado o currículo objetivo ou exterior, sendo
considerado para a realização pessoal e referencial de aprendizagens. O currículo
objetivo, para ser projetado em termos da disciplina, é organizado e articulado em seis
dimensões imprescindíveis, tais como linguística, lógico-matemática, naturalista,
identitária e artística, pessoal e social.
O desenvolvimento afetivo e emocional dos alunos também deve ser tido em
conta, assim como a necessidade da educação de atitudes como os valores
subentendidos no Projeto Educativo (Projeto Educativo da Escola da Ponte, sd).
Todo o conhecimento verdadeiramente significativo é autoconhecimento, pelo que
se impõe que seja construído pela própria pessoa a partir da experiência. A
aprendizagem é um processo social em que os alunos, heuristicamente, constroem
significados a partir da experiência.
Valorizar-se-ão as aprendizagens significativas numa perspetiva interdisciplinar e
holística do conhecimento, estimulando-se permanentemente a perceção, a caraterização
e a solução de problemas, de modo que o aluno trabalhe conceitos de uma forma
consistente e continuada reelaborando-os em estruturas cognitivas cada vez mais
complexas.
É indispensável a concretização de um ensino individualizado e diferenciado,
referido a uma mesma plataforma curricular para todos os alunos, mas desenvolvida de
modo diferente por cada um, pois todos os alunos são diferentes. Os conteúdos a
apreender deverão estar muito próximos da estrutura cognitiva dos alunos, bem assim
como dos seus interesses e expectativas de conhecimento.
Todo conhecimento significativo corresponde ao autoconhecimento, portanto
deve ser construído empiricamente pela própria pessoa. A aprendizagem é um processo
social no qual os alunos constroem significados por meio da experiência.
A aprendizagem significativa será avaliada a partir de uma perspetiva de
conhecimento interdisciplinar e holística que estimula continuamente as habilidades de
perceção, representação e resolução de problemas para que os alunos possam processar
conceitos de forma coerente e contínua e devolvê-los a se desenvolver em estruturas
cognitivas cada vez mais complexas (Projeto Educativo da Escola da Ponte, sd).
Devem ser criados métodos de ensino individualizados e diferenciados, que se
centram em oferecer a mesma plataforma curricular a todos os alunos, mas cada um
desenvolve de forma diferente, por todos os alunos serem diferentes, aprendem sob
circunstâncias divergentes. O conteúdo de aprendizagem deve estar muito próximo da
estrutura de conhecimento dos alunos, bem como dos seus interesses e expectativas de
conhecimento.
A importância de um determinado conhecimento ou objetivo de aprendizagem
deve ser avaliada com base na sua adequação para apoiar a aquisição e desenvolvimento
de competências e de atitudes que constituam verdadeiramente a formação pessoal; uma
tradução mecânica e fragmentada de lições das áreas ou disciplinas do planeamento em
listas desarticuladas com objetivos e conteúdos de aprendizagem não permitirá a
compreensão dessa importância (Projeto Educativo da Escola da Ponte, sd).
O envolvimento dos alunos em diversas situações socioeducativas e as
complementaridades entre contextos formais e informais facilitam a identificação de
realidades que muitas vezes escapam às práticas tradicionais da escola e da sala de aula.
A avaliação, enquanto processo de coordenação da aprendizagem, orienta
construtivamente cada aluno no seu caminho escolar, garantindo que os alunos tenham
sempre uma perceção positiva do que já sabem e do que já podem fazer (Projeto
Educativo da Escola da Ponte, sd).
Escoltar o caminho do aluno na construção do seu projeto de vida, percebendo a
sua singularidade inerente e personalizando o seu curso académico. No entanto, a
diversidade de caminhos possíveis deve garantir o desenvolvimento contínuo em todos
os aspetos das habilidades de raciocínio lógico-matemático, leitura, interpretação,
apresentação e comunicação, bem como a padronização progressiva de todos os cargos
que compõem o conceito e o perfil do indivíduo desejado neste Projeto (Projeto
Educativo da Escola da Ponte, sd).

2.6. Características dos ambientes de aprendizagem:

Na Escola da Ponte o trabalho é planeado de acordo com o aluno, estando


envolvida a premissa de auxiliar cada um dos alunos na construção do seu projeto de
vida próprio ao longo do desenvolvimento das atividades. Para o aluno aprender a estar,
ser, agira e conhecer, a escola terá de construir no desenvolvimento destas
aprendizagens.
A aprendizagem do estar é desenvolvida a partir do momento em que o aluno é
integrado numa comunidade educativa, através do conhecer e ser conhecido pelos pares,
orientadores educativos e outros elementos de ação educativa. Os alunos em
colaboração com os orientadores educativos definem estratégias para o
desenvolvimento do trabalho tendo em conta planos convenientes de periodicidades,
bem como a corresponsabilização da avaliação do trabalho desenvolvido (Projeto
Educativo da Escola da Ponte, sd).
A especificidade e diversidade dos percursos de aprendizagem dos alunos exigem
a mobilização e a utilização consistente de materiais de trabalho e recursos pedagógicos
que possam proporcionar aos alunos respostas profissionais adequadas e eficazes.
Portanto, não faz sentido unificar as diferenças, todos devem questionar a opção do
mesmo manual, respostas gerais e padronizadas pouco fundamentadas e a criação de
guetos nos quais se excluem aqueles considerados diferentes (Projeto Educativo da
Escola da Ponte, sd).
A dificuldade em gerir diferentes percursos individuais de aprendizagem exige um
pensamento crítico sobre o currículo a seguir, conduzindo à interpretação do
conhecimento e à construção de atitudes críticas face ao desenvolvimento de
competências. Esta abordagem temática, aliada a uma abordagem próxima do modelo
construtivista, conduzirá ao desenvolvimento de muitas outras competências, atitudes e
objetivos que tenderão necessariamente a qualificar os alunos para o seu percurso
escolar (Projeto Educativo da Escola da Ponte, sd).
As propostas de trabalho apresentadas aos alunos assentam em metodologias de
trabalho de projeto. Nesse sentido, a definição de um currículo objetivo segue um
caráter dinâmico, exigindo uma equipa de assessoria de educação permanente para
garantir a entrega oportuna de recursos e materiais que facilitem a aquisição de
conhecimentos e o desenvolvimento das competências essenciais (Projeto Educativo da
Escola da Ponte, sd).
O perfil do aluno incluirá o progresso, a avaliação do seu trabalho e os
documentos mais relevantes que ele foi produzindo. Este documento procurará
evidenciar o desenvolvimento do aluno nas diferentes vertentes do seu percurso
profissional na Escola. O trabalho do aluno é permanentemente supervisionado por um
orientador ao qual é atribuído o papel de supervisor-tutor do aluno. O tutor assume o
papel de mediador entre os encarregados de educação e a escola. Encarregados podem
marcar uma conferência com o professor a qualquer momento (Projeto Educativo da
Escola da Ponte, sd).

2.7. Especificidades da Educação Inclusiva na Escola da Ponte


(Governança da equidade e das aprendizagens)

Estes dois tópicos serão apresentados em simultâneo , visto que as informações


complementam-se.
Atendendo ao Modelo de Escola Inclusiva, a Escola da Ponte permite a cada um
dos seus alunos adotarem um ritmo de trabalho individual e aquisição das aprendizagens
consoante o que conseguem ir assimilando, atendendo também ao seu nível de
autonomia. Com base nestes aspetos diferenciadores face ao modelo tradicional de
ensino, a Escola da Ponte também integra alunos com necessidades educativas
especiais. Considera-se uma escola inclusiva, as escolas que adotam um olhar diferente
do trabalho docente, da reorganização de papéis de modo a atuar-se num ambiente
inclusivo (Silva & Pacheco, 2011 cit in. Nunes, 2022). É fundamental serem alteradas
práticas pedagógicas, valores e atitudes.
De acordo com Pacheco (2004 cit in. Nunes, 2022), a inclusão de alunos com
necessidades educativas especiais deverá passar por uma diferente gestão do mesmo
programa educativo, de modo que os alunos não se confrontem com as suas
incapacidades e possam tomar consciência do seu “eu próprio” como sendo um ser
social como os outros. Nos diferentes grupos de trabalho está incluído um aluno com
necessidades educativas especiais. Desta forma, os alunos com necessidades educativas
especiais, na Escola da Ponte têm os mesmos direitos que os outros.
A Escola da Ponte assume como princípio chave que todos os alunos devem
aprender juntos, apesar das diferenças ou dificuldades sentidas. O papel da escola
centra-se nas apropriadas práticas educativas de cada uma das crianças, assim como na
promoção da educação.
O professor, ou neste caso, orientador educativo deverá procurar conhecimentos
sob medidas de adaptações curriculares e medidas para avaliação. Todos os alunos
partilham os mesmos orientadores educativos, uma vez que os mesmos são orientadores
de todos os alunos da escola (Silva, 2008 cit in. Nunes, 2022).
A filosofia cooperativa e inclusiva inspira para a organização da Escola da Ponte,
nomeadamente atendendo à premissa de que todos os alunos aprendem uns com os
outros e que esta aprendizagem partilhada é necessária para todos os alunos.

3. Efeitos percecionados no processo de aprendizagem:

3.1. Recetividade das famílias:

Os pais assumem um papel fundamental na formação e desenvolvimento da


criança, estas ações requerem o envolvimento efetivo dos pais, visto que o apoio da
família constitui a base para a socialização e para a compreensão do que os rodeia.
A Ponte entendeu o peso que a família transmitia, promovendo um clima de
hospitalidade e de união. Somente através do trabalho colaborativo se consegue uma
aprendizagem consistente.
Em 1976, os pais não apareciam na escola, mas acreditava-se que seria possível
estabelecer comunicação com as famílias dos estudantes, se os encarregados de
educação não fossem apenas chamados para ouvir queixas ou contribuir para recursos
urgentes.
Sendo assim, chegou-se à conclusão de que os pais dos alunos tinham de fundar
uma associação. A associação de pais é hoje um interlocutor que se encontra sempre
disponível, sendo mesmo indispensável.
Surgiu, assim, a Associação de Pais da Escola da Ponte. Hoje, é uma referência
nacional, uma vez que os pais assumem o compromisso da participação periódica a fim
de se discutir projetos, planos e a forma como se vive o dia-a-dia na Escola. O seu
presidente tem lugar no Conselho de Direção e participa nas reuniões de Conselho do
Projeto.
O Contrato de Autonomia da Escola da Ponte, refere que o Conselho de Pais é
constituído pelos Encarregados de Educação de todos os alunos matriculados e que estes
são a principal fonte de legitimação do projeto nos processos de tomada de decisões
com impacto estratégico que visem a sustentabilidade do Projeto Educativo Fazer a
Ponte.

3.2. Motivação envolvimento dos alunos e dos professores:

Os alunos têm uma intervenção democrática na vida da Escola, através da


Assembleia de Escola (artigo 12° do Regulamento Interno da Escola da Ponte), cabe aos
alunos participarem nas decisões, motivando-se, desta forma o saber estar, saber ser e
saber agir individualmente. Existe, uma grande participação do aluno na gestão da
Escola, contribuindo para a verdadeira formação do cidadão. Todos os alunos da
instituição integram esta Assembleia.
Tal como os Orientadores Educativos, os restantes profissionais e os encarregados
de educação podem fazer parte da Assembleia, ainda que sem direito a voto. A reunião
é semanal. É um espaço onde garante a participação democrática dos alunos na tomada
de decisão sobre a organização e funcionamento da Escola.

3.3. Resultados das aprendizagens dos alunos:

As aprendizagens dos alunos da Escola da Ponte são verificadas através de uma


avaliação que é realizada pelo orientador educativo no formato escrito ou oralmente.
Através dos documentos que estão presentes na parede da sala de trabalho, os alunos
registam quando se sentem preparados para serem avaliados, sendo depois essa
informação observada pelos orientadores educativos que agendam o momento da
avaliação.
É uma preocupação da Escola da Ponte preparar os alunos para os exames
nacionais realizados pelo Ministério da Educação no final do 9º ano, sendo que
consideram esta preparação “um desafio duplo”, tal como verificado no vídeo com a
reportagem realizada pela TVI. No entanto, os alunos são preparados através da análise
dos exames de anos letivos anteriores, tendo em consideração aspetos como as questões
colocadas, o tempo para a realização dos mesmos e a estrutura do documento. Desta
forma, os orientadores pretendem evitar momentos de angústia e confrontação com algo
que os alunos não dominam por não terem sido preparados.
Em relação às notas dos exames nacionais, os dados obtidos na reportagem já são
antigos, mas permitiram concluir que estão dentro da média nacional.
3.4. Aspetos da Governança da equidade e das aprendizagens,
designadamente das lideranças dos agrupamentos que terão
contribuído para os resultados alcançados.

Através da investigação realizada no Brasil do movimento de renovação


educacional no início do século XXI surgiu o projeto fundador da Escola da Ponte.
No site da Escola da Ponte tem-se acesso ao Regulamento Interno, ao Contrato de
Autonomia e ao Projeto Educativo que dá suporte à implementação deste projeto
inovador e que conta com a participação e a provação do Ministério da Educação.

Referências bibliográficas:

-Nunes, P.N. (2022). O Contributo das Práticas Pedagógicas da Escola da Ponte na


Educação de Alunos com Medidas de Suporte à Aprendizagem e Inclusão. (Dissertação
de Mestrado, Castelo Branco, Portugal).
-República Portuguesa1 (nd). Escola Básica da Ponte: Contrato de Autonomia.
-República Portuguesa2 (nd). Escola Básica da Ponte: Projeto educativo.
-República Portuguesa3 (nd). Escola Básica da Ponte: Regulamento Interno.

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