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MARKETING ESTRATÉGICO
Teresa Assunção
Outubro 2018
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I – A Nova Função do Marketing
O Conceito de Marketing
Não existia preocupação com o mercado – qualquer produto era susceptível de ser
vendido desde que tivesse o mínimo de “qualidade” e que o seu preço fosse aceitável.
Toda a preocupação recaia sobre os aspectos directamente ligados à produção. Na
hierarquia de valores sociais, o engenheiro ou o financeiro estavam colocados muito
acima do comercial. Esta fase teve o seu crepúsculo no final da I Guerra Mundial.
Fase do Marketing - Por volta dos anos 50, após o fim da II Guerra Mundial, começou
a desenvolver-se uma nova consciência empresarial. Enquanto no período anterior se
atendia sobretudo às necessidades de venda da empresa, doravante começam a ser
valorizadas as necessidades dos clientes. É a chamada “atitude de marketing” – a
empresa passa a ter como objectivo os seus clientes ou seja, consumidores satisfeitos
que, repetindo a compra, se fidelizam à empresa.
Existem três acepções tradicionais que podem ser encontradas habitualmente para
definir marketing:
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- Marketing é publicidade, promoção e venda sob pressão, ou seja, um conjunto
de meios de venda particularmente agressivos, utilizados para conquistar mercados
existentes;
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grupos de compradores específicos e que apresentam qualidades distintas que os
diferenciam dos concorrentes imediatos, assegurando deste modo ao produtor uma
vantagem concorrencial duradoura e defensável - são estes os objectivos referentes
ao marketing estratégico;
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estratégia de desenvolvimento e gerir a manutenção de uma estrutura equilibrada da
carteira (gama) de produtos e serviços.
Exemplos do Enfoque:
Marketing Estratégico Marketing Operacional
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c) Respeita a diversidade das necessidades através da segmentação dos
mercados;
d) Estimula a inovação e as actividades empreendedoras.
Resumo
A função prioritária do marketing evoluiu com a complexidade do ambiente económico,
tecnológico e concorrencial. Na prática constatam-se três níveis de aplicação da teoria
do marketing: o marketing passivo, o marketing operacional e o marketing estratégico.
Cada uma destas filosofias de gestão tem os seus próprios limites. Para conservar a
sua competitividade neste início de século, as empresas mais dinâmicas percorrem
uma etapa suplementar, passam de uma cultura baseada na orientação-marketing
para uma cultura fundada numa orientação-mercado.
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II – Análise do Meio Envolvente e da Empresa
Tal como a estratégia de uma empresa, os factores críticos de sucesso têm origem na
combinação das características dos clientes com a natureza da concorrência. Assim,
para determinar os requisitos para o sucesso num negócio é primeiro conveniente
responder a dois grupos de questões:
Por exemplo, na indústria cervejeira, quanto maior for a gama de produtos oferecida,
maior é a capacidade para satisfazer um grupo variado de preferências de sabor dos
consumidores e de combater os concorrentes. Já no sector siderúrgico, baixos custos
operacionais cash constituem um requisito para o sucesso, dado que, perante a
elevada sensibilidade ao preço por parte dos clientes, muitos competidores optam por
basear as suas cotações nos custos marginais de produção do aço, não cobrindo
assim totalmente o valor das amortizações incorridas. Para a generalidade dos
supermercados, o mercado é formado quase exclusivamente pelos habitantes da zona
geográfica circundante, pelo que, quanto melhor for a área de localização da loja,
maiores tenderão a ser as vendas e os resultados.
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Só as variáveis realmente decisivas e controláveis pelas empresas que proporcionam
valor aos clientes e diferenciam bastante os concorrentes na criação desse valor é
que podem ser consideradas factores críticos de sucesso.
Por último, a análise dos factores críticos de sucesso de uma indústria deve ser
dinâmica, acompanhando a evolução das necessidades dos clientes e as
iniciativas dos concorrentes. Por exemplo, as transformações radicais que têm
vindo a ocorrer no sector informático requerem das empresas uma atenção constante
à emergência de novas tecnologias e novos segmentos de mercado que podem pôr
em causa os actuais factores críticos de sucesso e o equilíbrio competitivo
prevalecente. Empresas como a IBM ou a Digital, que lideravam os segmentos de
mainframes e minicomputadores à escala mundial graças ao seu domínio dos
respectivos factores críticos de sucesso, não atribuíram a importância devida às
tendências de downsizing do mercado, e, quando despertaram para a realidade, já os
novos rivais tinham alcançado uma quota significativa das vendas de estações de
trabalho e computadores pessoais, segmentos com factores críticos de sucesso
bastante distintos dos anteriores.
RESUMO
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2.2 A Análise da Empresa
Apesar de as tendências do meio envolvente serem idênticas para todas as empresas
a operar num mercado, algumas conseguem obter sistemáticamente melhores
desempenhos que outras. Diferenças estruturais de volumes de vendas, taxas de
crescimento e rentabilidade operacional entre os vários competidores de um dado
sector resultam geralmente de níveis de capacidade de gestão distintos, derivados da
utilização de mais e/ou melhores recursos.
A clara identificação das áreas em que a empresa detém mais ou melhores recursos
que a concorrência permite concluir onde residem os seus pontos fortes e fracos e as
suas competências centrais. É então necessário alinhar as áreas de maior capacidade
da empresa com as tendências detectadas no meio envolvente, para assegurar um
bom nível de adequação estratégica. Por último é conveniente sintetizar as principais
conclusões do estudo do meio envolvente e da análise da empresa numa análise
SWOT, de que resultam sugestões alternativas para a formulação da estratégia da
organização.
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satisfaça ainda melhor as necessidades dos consumidores. Por exemplo, a empresa
norte-americana Raytheon inventou e lançou o primeiro micro-ondas comercial nos
Estados Unidos, mas hoje em dia é a concorrente sul-coreana Samsung, que
introduziu produtos melhores e mais baratos no mercado.
RESUMO
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III – A Elaboração da Estratégia de Marketing
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concentrada: a empresa pode concentrar-se num segmento principal ou pode
concentrar-se num nicho de mercado.
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a) Critérios demográficos, geográficos, sociais e económicos
Estas mudanças têm consequências directas nos estilos de vida e nas formas de
consumo. Criam novos segmentos de mercado mas provocam também alterações nas
expectativas de segmentos já existentes. Por exemplo:
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tipo de segmentação deve ser completada por outros modos de análise para poder
explicar e prever os comportamentos de compra.
O objectivo é fornecer um retracto mais humano dos compradores que não se limite
unicamente ao perfil socio-demográfico, mas que compreenda também informações
sobre os seus valores, actividades, interesses e opiniões. A segmentação por estilos
de vida ou segmentação psicológica pretende ir mais longe e abordar o domínio das
motivações e a personalidade em relação ao consumo.
A partir dos dados recolhidos sobre as variáveis indicadas, são desenvolvidos perfis
ou estereótipos de comportamento que podem ser perfis gerais de certos subgrupos
num país, válidos para todo o tipo de produtos e, perfis específicos, válidos
unicamente para alguns produtos ou categorias de produtos.
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- Recebemos frequentemente amigos para jantar. “
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d) Critérios de atitudes psicológicas relativamente ao produto
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e) Segmentação Multicritérios
É normal que para segmentar um mercado não se escolha apenas um critério mas
antes se proceda ao “cruzamento” de diferentes critérios. Se, por exemplo,
segmentarmos o mercado automóvel a partir do rendimento, da idade, da dimensão
da família, da região, da categoria socioprofissional, dos comportamentos face ao
produto e das atitudes psicológicas de base relativamente ao automóvel e
considerarmos 4 hipóteses distintas em cada um destes critérios, obteremos 16 384
segmentos distintos, cada um deles contendo apenas, algumas dezenas de
automobilistas. E bastará juntar mais quatro ou cinco critérios para definir mais
segmentos distintos do que automobilistas! É por isso que, quando queremos recorrer
a vários critérios de segmentação, é necessário, na prática, renunciar à exigência da
homogeneidade perfeita dos segmentos e utilizar métodos de divisão simples
designados por tipologias.
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aspectos de uma política de marketing, como a escolha dos canais de distribuição e
da publicidade, o valor operacional dos critérios de segmentação pode ser muito
variável.
RESUMO
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IV - A Análise da Atractividade e da Competitividade
Com base nestes princípios gerais foram concebidos diferentes modelos de avaliação
de interesse relativo dos domínios de actividade. Os dois modelos mais conhecidos
foram respectivamente propostos pela Boston Consulting Group (BCG) e pela
Consultora Mckinsey, este último a pedido da General Electric.
Avalia o interesse dos domínios de actividade de uma empresa com base em dois
critérios:
A partir destes critérios, o modelo BCG permite situar o conjunto das actividades da
empresa numa matriz. Cada actividade (binómio produto/mercado) situa-se no ponto
da matriz que lhe corresponde e está representada por um circulo com uma área
proporcional ao volume de vendas da empresa na actividade considerada.
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rendibilidade, exigindo, muitas vezes, devido ao seu rápido crescimento, investimentos
elevados.
- As vacas leiteiras (cash cows). É no quadrante inferior esquerdo que se situam
geralmente as actividades mais rentáveis a curto prazo para a empresa: a sua posição
dominante no mercado confere-lhe uma vantagem concorrencial em termos de custo,
e portanto de lucros, embora devido ao fraco crescimento do mercado, os
investimentos necessários à manutenção da sua posição de líder não sejam muito
elevados. Estes produtos são, muitas vezes, aqueles que permitem a uma empresa
financiar os seus investimentos de crescimento e de diversificação, nomeadamente
em proveito dos produtos estrela e de certos produtos dilema.
Todavia, apresenta algumas falhas ou lacunas que podem limitar a sua importância ou
a sua validade:
- Em terceiro lugar, este modelo não contempla uma análise aos recursos físicos,
humanos e financeiros, restringindo-se a uma análise de mercados.
- Por último, uma posição dominante através dos custos pode ser posta em causa
pela inovação tecnológica e por uma melhor qualidade dos produtos.
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nove zonas. Na construção da matriz, a cada um destes critérios (factores-chave de
sucesso) deverá ser atribuída uma ponderação, e, seguidamente, classificados de 1 a
5.
Mas contrariamente aos critérios simples da BCG, os do modelo General Electric são
critérios compostos, considerando cada um deles várias dimensões. A partir destes
dois conjuntos de critérios, os domínios de actividade são classificados nas nove
zonas da matriz. Quanto mais próximos estiverem do ângulo esquerdo (atractividade
e posição competitiva fortes), mais interessantes serão para a empresa, do ponto de
vista da sua rendibilidade potencial.
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a) Estratégia de Custo/Volume
Incide na capacidade de produzir bens e serviços de forma eficaz e barata, resultante
de economias de escala, efeito de aprendizagem, inovação tecnológica, etc. São
exemplos deste tipo de estratégia a grande distribuição (Continente, Jumbo, Auchan,
Carrefour, ... ), a restauração fast-food (McDonald, Pizza Hut, ... ) e os produtos da
marca BIC.
b) Estratégia de Diferenciação
Consiste em propor no mercado uma oferta cujo carácter específico é reconhecido e
valorizado pelos clientes em detrimento dos concorrentes. A diferenciação pode
resultar de:
c) Estratégia de Especialização
Consiste em concentrar esforços num segmento particular do mercado. Esta
estratégia pode incidir sobre a vantagem custo/volume ou sobre a vantagem da
diferenciação
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V - A Escolha da Estratégia
A visão descreve a realidade futura desejada para onde queremos convergir. Ora
entre essa realidade e a situação actual (a realidade actual), existe uma lacuna que ter
de ser preenchida e ultrapassada. A estratégia representa o caminho escolhido para
realizar essa viagem, representa uma opção, uma escolha, uma teoria sobre como ter
sucesso, sobre como concretizar a Visão.
A estratégia de uma organização deve concentrar o foco das suas atenções em como
melhorar o seu desempenho numa área específica de excelência, pois tal ajudará a
definir as acções para o futuro.
As empresas existem para criar valor para os seus clientes, só assim criam valor para
os seus accionistas. O lucro é um subproduto do sucesso, da capacidade de atrair e
satisfazer clientes, de forma sustentada, ou seja, ao longo do tempo. No curto prazo,
podemos trabalhar com clientes que nos "compõem os resultados mas que não são
clientes de futuro. Não estamos a dizer que é preciso, ou que seja preciso, “mandar
clientes embora”. Estamos a dizer que apostar em certos clientes pode ser
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incompatível com a visão ou com o caminho escolhido. Também se pode concluir que
a visão escolhida pode não passar de uma alucinação, por não haver mercado capaz
de suportar os desejos da empresa.
Podemos definir valor para um cliente como sendo o benefício que retira da sua
relação com um fornecedor. Comecemos por identificar quais podem ser os nossos
clientes e identifiquemos de seguida os atributos que os atraem.
Escolher uma estratégia passa por seleccionar qual a proposta de valor que a
organização irá privilegiar: não se pode ser bom a todas as propostas de valor, há que
ser realista e optar. Quanto mais concentrarmos a nossa atenção numa única
proposta de valor, mais poderosa ela será.
Para cada proposta de valor, qual a proporção de clientes que fazem dele o critério de
decisão primário ou dominante?
Que concorrentes proporcionam mais valor, em cada uma das propostas de valor?
Como nos comparamos com a concorrência em cada uma das propostas de valor?
Por que não somos os melhores em cada uma das propostas de valor?
RESUMO
Assim, em resumo, nos tempos que correm, uma organização não pode aspirar a ter
sucesso sem uma estratégia. Uma estratégia é um instrumento para transformar uma
organização e fazer dela uma máquina capaz de maximizar a vantagem competitiva
em que decidiu apostar. O desenho de uma estratégia passa por:
equacionar qual a missão da organização, qual a sua razão de ser;
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equacionar qual a visão da organização, para onde vai; seleccionar os clientes-
alvo;
desenhar uma estratégia, coerente com a missão e a visão, e em torno de uma
proposta de valor a oferecer aos clientes-alvo.
escolher a proposta de valor mais adequada para os clientes.
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VI - A Execução e Controlo da Estratégia
75% das equipas directivas não têm uma proposta de valor para os clientes
articulada de forma clara (Kaplan & Norton, 2005);
85% das equipas directivas gasta menos de uma hora por mês a discutir a
estratégia (Kaplan & Norton, 1999);
60% das organizações não relacionam estratégia e orçamentação (Corporate
Strategic, 2001);
92% das organizações não reportam o desempenho de indicadores
estratégicos (Corporate strategic, 2001);
em média, menos de 5% dos colaboradores das organizações compreendem a
estratégia (Kaplan & Norton, 2005);
a taxa de insucesso das estratégias ronda os 70 a 90%, sobretudo por causa
da deficiente implementação (Charan & Colvin, 2006)
A ideia por detrás do BSC é simples: 'obtemos o que medimos'. O que medimos não
é neutral: o que medimos é um poderoso sinal que transmitimos para a organização.
O que medimos diz a que damos valor, o que é que conta para a avaliação de
desempenho das pessoas. Num mundo mais pacato e tradicional, a monitorização do
desempenho das organizações através de indicadores financeiros era suficiente. Hoje
em dia, num mundo acelerado e altamente competitivo, esses indicadores continuam
a ser importantes por medirem o resultado final das acções mas são insuficientes, pois
não se enquadram com o ritmo da economia actual.
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indicadores adequados que relacionem os factores críticos de sucesso (indutores es-
tratégicos) com os indicadores financeiros.
RESUMO
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