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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 SEXO E SEXUALIDADE............................................................................. 5

2.1 Sexualidade, biologia e seus determinismos........................................ 8

2.2 Mecanismos neuronais do comportamento sexual .............................. 9

3 Relações entre o desenvolvimento humano e a sexualidade ................... 10

4 SEXUALIDADE INFANTIL ........................................................................ 13

4.1 Freud: perspectivas teóricas sobre a sexualidade infantil .................. 15

4.2 As teorias sexuais das crianças ......................................................... 22

4.3 Complexo de édipo ............................................................................ 24

5 CONCEITUANDO A ADOLESCÊNCIA..................................................... 26

5.1 Comportamentos e características físicas do adolescente................. 29

5.2 Sexualidade na adolescência ............................................................. 31

5.3 Alterações físicas, emocionais e comportamentais ............................ 38

5.4 Práticas sexuais na adolescência ...................................................... 39

5.5 As relações sexuais e a contracepção ............................................... 41

5.6 Orientação sexual .............................................................................. 44

5.7 O TABU NA ABORDAGEM SOBRE O SEXO .................................... 48

6 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ............................................................. 49

6.1 Os aspectos sociais que englobam a gravidez na adolescência ........ 51

7 INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS .................................. 52

8 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO .................................................. 56

8.1 Sexualidade e terceira idade .............................................................. 59

8.2 Mudanças fisiológicas nas mulheres .................................................. 61

8.3 Mudanças fisiológicas nos homens .................................................... 61

8.4 A velhice e a qualidade de vida senescência ..................................... 62

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8.5 A sexualidade e a conjugalidade ........................................................ 63

8.6 A saúde sexual na terceira idade ....................................................... 65

8.7 Condições clínicas no homem idoso .................................................. 68

8.8 Condições clínicas na mulher idosa ................................................... 70

8.9 Conhecimento e atitudes em relação à sexualidade na terceira idade


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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 80

10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 83

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta
, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta.
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!

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2 SEXO E SEXUALIDADE

Dificilmente irá se encontrar um significado único para o termo sexualidade, sua


definição está além do nosso corpo, para uma compreensão mais profunda da
sexualidade humana é preciso definir a sua constituição, o seu “ser”.
Figueiró (2009) declara que para se compreender a Sexualidade é necessário
ter clareza sobre a diferença do sexo e da sexualidade. O primeiro está relacionado
diretamente ao ato sexual e à satisfação da necessidade biológica de obter prazer
sexual, necessidade essa que todo ser humano traz consigo desde que nasce.
Sexualidade, por sua vez, inclui o sexo, a afetividade, o carinho, o prazer, o amor ou
o sentimento mútuo do bem querer, os gestos, a comunicação, o toque e a intimidade.
Conforme o dicionário Kury (2010) sexo é a diferença física ou conformação
especial que distingue o macho da fêmea, os órgãos genitais externos, ou seja, é o
conjunto de características fisiológicas.
Para Jesus (2008), o sexo genético estabelecido na fecundação determinará a
ação dos hormônios que promoverão a diferenciação e o desenvolvimento da
genitália, tanto interna quanto externa, bem como as características sexuais
secundárias (pelos pubianos, barba ou mama, entre outras). Podemos afirmar então
que nenhum/a de nós nasce de fato homem ou mulher, mas que, estritamente do
ponto de vista da biologia, somos machos ou fêmeas. E nisso somos semelhantes às
plantas e aos animais.
Assim sendo, o sexo é uma expressão biológica que define um conjunto de
características anatômicas e funcionais (genitais e extragenitais), enquanto a
sexualidade é entendida de forma bem mais ampla.
Para Chauí (1984), “a sexualidade é polimorfa, polivalente, ultrapassa a
necessidade fisiológica e tem a ver com a simbolização do desejo. Não se reduz aos
órgãos genitais”. A sexualidade é algo desenvolvido pelo ser humano e permeia todas
as fases de sua existência, ela é a própria vida.
A sexualidade é um fenômeno amplo que se constrói, é a parte integrante do
desenvolvimento da personalidade, onde tudo é relativo e se manifesta de maneira
intrínseca. Na adolescência as experiências com a sexualidade acontecem de forma
intensa, inclusive decorrente da mudança no corpo físico, hormonal e nas relações
sociais.

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Em relação à puberdade, as mudanças físicas incluem alterações hormonais
que, muitas vezes, provocam estados de excitação difíceis de controlar, intensifica-se
a atividade masturbatória e instala-se a genitalidade. É a fase de novas descobertas
e novas experimentações, podendo ocorrer as explorações da atração e das fantasias
sexuais com pessoas do mesmo sexo e do outro sexo. A experimentação dos vínculos
tem relação com a rapidez e a intensidade da formação e da separação de pares
amorosos entre os adolescentes. (PCN, 1997).
Por isso, durante a adolescência a sexualidade torna-se mais evidente,
segundo Zimerman (1997) a etimologia da palavra adolescência é composta pelos
prefixos latinos ad (para frente) e adolescere (crescer com dores), possibilitando a
compreensão deste período confuso, caracterizado pelo conjunto de transformações
psicofisiológicas, onde surgem as primeiras descobertas sexuais.
Na adolescência o sujeito manifesta suas características sexuais, através do
desenvolvimento de sua maturação, iniciando a preparação para vida sexual, é uma
fase típica do desenvolvimento humano, porém não é reconhecida ou não recebe
grande destaque em todas as culturas e sociedades.
Cada sociedade tem sua forma diferenciada de conceber esta etapa da vida.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência é o período
compreendido entre 10 e 19 anos de idade. No caso brasileiro desde a Constituição
Federal de 1988 os adolescentes passaram a ter prioridade sendo considerados
legalmente como sujeitos de direitos em fase de desenvolvimento.
Em 1990 foi aprovado sob a Lei 8.069/90 o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) reafirmando os seus direitos formalmente. De acordo com este
documento, adolescente é a pessoa que tem entre 12 e 18 anos de idade.
A humanidade tem atribuído conceitos para explicar a sexualidade, através de
contextos históricos, biológicos e culturais vivenciados em diferentes períodos. Esses
diferentes conceitos funcionam como norteadores nas relações, bem como afirma
Foucault (2009), “a sexualidade é uma interação social, uma vez que constitui
historicamente a partir de múltiplos discursos sobre sexo, discursos que regulam, que
normatizam e instauram saberes que produzem verdades”.

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O ser humano vive em um ambiente “sexualizado” e os discursos sobre a
sexualidade tecem todos os domínios da vida cotidiana, ainda para Foucault (2009) a
sexualidade é compreendida como sendo um produto das relações de poder
existentes entre homem e mulher, pais e filhos, professores e alunos etc.
Jesus (2008) concorda que em função de nossa natureza biológica, nascemos
“machos” ou “fêmeas”, o que é simbolizado pelo fato de chegarmos ao mundo com
uma vagina ou um pênis.
O diálogo acerca do sexo, precisam se expandir, ser posto em evidência. Para
Foucault (2009), a liberdade de se expressar sexualmente pode demorar a se
manifestar, por meio de algum tipo de repressão ou por respeito ao poder reprimido.
O sexo não se julga, apenas administra-se, isto é, o sexo é uma historicidade, que foi
modificando-se com o passar dos séculos, e não nos cabe julgá-lo, apenas administrá-
lo, educá-lo perante a nossa sociedade capitalista (FOUCALT, 2009).
Durante muito tempo vigorou a crença de que a sexualidade de homens e
mulheres já estava totalmente programada antes mesmo do nascimento, entretanto a
partir da década de 1960, com a revolução sexual houve uma reviravolta de costumes,
com a descoberta da pílula anticoncepcional, já é possível praticar sexo sem
engravidar.
A partir disso surgiram novas discussões, dentre elas a busca da compreensão
da identidade de gênero e da diversidade sexual. Que determinam um processo
complexo de cada pessoa.
A identidade de gênero se estabelece a partir de um processo dinâmico e
complexo, que envolve aspectos genéticos, culturais e sociais, no qual as pessoas
passam a se identificar com o masculino ou o feminino, não importando o seu sexo
biológico. Uma pessoa nascida com o sexo masculino ou feminino pode formar uma
identidade feminina ou masculina. (JESUS, 2008).
A identidade de gênero é, portanto, à maneira do indivíduo se sentir e se
apresentar para si e para os outros, sem possuir qualquer conexão com o sexo
biológico.
Com isso, muda-se o pensamento de que a sexualidade estaria meramente
ligada a reprodução sexual. Cruz (2010) define que o conceito de sexualidade é muito
mais amplo do que reprodução, é como uma dimensão da vivência humana que sofre

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grandes alterações ao longo dos anos. É fonte de comunicação, troca de afeto e de
prazer é forma de expressão da afetividade.
Sexualidade é uma característica geral experimentada por todo o ser humano
e não necessita de relação exacerbada com o sexo, uma vez que se define pela busca
de prazeres, sendo estes não apenas os explicitamente sexuais.

Por muitos séculos, a sexualidade foi vista pelas civilizações como sinônimo
de sexo, e diretamente ligadas à reprodução. Este processo de ligação veio
pela imposição de fatores religiosos, políticos e sociais, visando o controle da
possibilidade do prazer sexual natural, que não estivesse ligado ao amor ou
ao compromisso de uma futura relação, como por exemplo: o casamento
(CALDAS, 2008 apud Carvalho; F 2014).

2.1 Sexualidade, biologia e seus determinismos

As problemáticas sobre o falar em sexualidade, na cultura ocidental judaico-


cristã, podem ser percebidas desde cedo (Trevisan, 2012). Segundo Meira e Santana
(2014), nas escolas por exemplo, o ensino e a educação sexual precisam estar
presentes, mas de maneira que não substituam a família como principal educadora
do sujeito em tais temáticas.
Como consequências disso, é percebido segundo os mesmos autores um grau
de deficiência na formação de docentes, por isso a maneira que a sexualidade vem
sendo tratada em instituições de ensino, se torna enviesada ao resumir discussões
sobre o tema na forma de determinismos biológicos padronizados. O ensino sobre a
sexualidade acaba empobrecido e resumido aos caracteres genitais de homens e
mulheres de puramente descritiva. As descrições, prendem-se aos órgãos envolvidos
no ato sexual com fins reprodutivos e seus funcionamentos.
“Embora a espécie humana tenha por padrão a reprodução exclusivamente
sexuada, a sexualidade humana avança para além do elemento biológico, não se
restringindo a ser somente um instinto associado à reprodução. ” (Vitiello 1997 Apud.
Meira e Santana 2014).
Também são descritas questões relacionadas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST) e formas de prevenção, e pode-se entender que a sexualidade
é tratada como um conjunto de prevenções e precauções a serem tomadas e não
como algo inerente a natureza do ser humana. (Meira & Santana, 2014).

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A Sexualidade humana, ao ser analisada pela antropologia, é mais valorizada
em sua complexidade, indo além de determinismos biológicos. Ao tratar do tema, se
torna impossível isolar o homem de variáveis como contexto e cultura. Assim, ao
escrever sobre sexualidade é necessário considerar que a forma de vivê-la é variável
e ligada ao contexto que o indivíduo está inserido, não se resumindo a um padrão
universal (Sahlins, 1976). Diferentemente dos animais irracionais defende Mott (2007)
“A vivência sexual humana é marcadamente polimorfa, dada a complexidade do
córtex cerebral e a diversidade de respostas culturais. ”
E da mesma forma a biologia, embora seja condição absolutamente necessária
para a cultura, é também absolutamente insuficiente e incapaz de especificar as
propriedades culturais do comportamento humano ou suas variações de um grupo
para outro (Sahlins, 1976 apud Mott, 2007).

Assim, é necessário encarar a sexualidade como uma dimensão fundamental


da vida humana, que se expressa nas práticas e desejos que estão ligados à
afetividade, ao prazer, aos sentimentos e ao exercício da liberdade individual
e da saúde, não se limitando ao que os indivíduos fazem, mas centrando-se
no que são; e, nesta perspectiva, não se reduz a uma proposta individual,
constituindo ao invés disso um processo em que interagem diversos fatores,
tais como os históricos, os culturais e os sociais, a partir dos quais se vão
estabelecendo limites, crenças e mitos (Neto & L’abbate, 2007 apud Ramiro
L; 2013).

2.2 Mecanismos neuronais do comportamento sexual

Segundo Cardoso (2009), mesmo com o avanço nos estudos de diversas


funções fisiológicas básicas humanas, ainda há, possivelmente por motivos do tabu,
poucos estudos envolvendo a fisiologia do comportamento sexual humano. Ao
caracterizá-lo a autora disserta que, o comportamento sexual, excitação e motivação
ocorrem somente em situações ambientais especiais que providenciem tipos
particulares de estimulação sensorial(..).
A prontidão fisiológica para responder seletivamente a estímulos sexuais é
providenciada por mudanças hormonais que afetam tanto mecanismos neurais e não-
neurais por todo o corpo. A cópula, como a alimentação, acontece devido a uma
combinação de controle nervoso e hormonal.

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Apesar das diferenças anatômicas entre homens e mulheres, a autora traz um
modelo de funcionamento cerebral genérico. Devido à combinação do controle
nervoso e hormonal do comportamento sexual humano, não há uma área específica
do cérebro que influencia diretamente estes comportamentos, mas acredita-se em
maiores relações das atitudes sexuais com o sistema límbico e com o hipotálamo
(Cardoso, 2009).
De maneira a não cair em reducionismos e voltar ao determinismo de que o
sexo é algo padronizado, a autora considera que apesar do caráter parcialmente
orgânico e endógeno do comportamento sexual ainda é necessário serem
consideradas as variáveis cultural da experiência adquirida do sujeito ao definir como
o indivíduo pode vir a reagir fisiologicamente ao um estímulo sexual, apesar do fato
do comportamento sexual humano ser controlado e dirigido por uma das partes mais
primitivas do cérebro, ao mesmo tempo ele é fortemente influenciado e modulado pela
experiência adquirida, assim como pelo meio social, étnico e cultural, fazendo dele
uma mistura única das esferas fisiológica e psicológica. Ainda mais, o que é
considerado "normal" e "anormal" no comportamento sexual humano é altamente
variável entre culturas e ao longo do tempo (Cardoso, 2009).
O comportamento sexual, ou o que pode ser considerado como fatores de
atração interpessoal podem variar de acordo com a cultura como defende a autora.
Alguns exemplos ainda serão expostos para ilustrar as diferentes formas de
percepção do que pode ser sexualmente atrativo ou não em um grupo social.

3 Relações entre o desenvolvimento humano e a sexualidade

A sexualidade é uma construção social. Foucault (1988) aponta que


pensamentos acerca de quem somos em relação ao sexo, embora tenham surgido
como “sexo natureza”, sendo este objeto de estudo, a priori, por meio de uma
abordagem biológica, voltaram seu olhar “ao sexo-história, ao sexo-significação, ao
sexo-discurso” (FOUCAULT, 1988).
Nessa lógica podemos estabelecer que a relação entre o desenvolvimento
humano, entendido aqui sob a ótica histórico-cultural, e a sexualidade se dá com
bases em que a sexualidade é uma invenção da sociedade, já que se compõem
historicamente e, segundo algumas estratégias e saberes, favorecem “a estimulação

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dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação dos
conhecimentos, o reforço dos controles das resistências” (FOUCAULT, 1988). Logo,
não se pode considerar somente o aspecto biológico da sexualidade no
desenvolvimento humano.
De acordo com Vitiello (1997), embora a espécie humana tenha por padrão a
reprodução exclusivamente sexuada, a sexualidade humana avança para além do
elemento biológico, não se restringindo a ser somente um instinto associado à
reprodução. Logo diversas manifestações da sexualidade (como masturbação,
voyeurismo, homossexualidade, o prazer sexual desprovido da atividade reprodutora,
etc.) favorecem manter vida sexual ativa mesmo em períodos inférteis e até durante
a gestação. Além dessa característica e até por causa dela nossa sexualidade
apresenta um componente psicossocial que se sobrepõe ao biológico, e mesmo o
sobrepuja (VITIELLO, 1997).
Entendemos, nessa instância, um movimento dialético da construção da
sexualidade ao longo do desenvolvimento humano onde:

[...] os indivíduos, tornados sujeitos de um processo social, obedecem,


portanto, doravante, simultaneamente à ação de leis biológicas (graças as
quais se produzem as transformações morfológicas ulteriores, tornadas
necessárias pelo desenvolvimento da produção e comunicação) e à ação das
leis sociais (que regem o desenvolvimento da própria produção social)
(LEONTIEV, 2004, apud Meira; R et al., Santana L; 2014).

Nesse contexto, entendemos que a construção da sexualidade também ocorre


tendo o predomínio dos aspectos culturais sobre os biológicos já que embora algumas
questões relativas ao sexo e a sexualidade dependam do componente biológico, como
o crescimento e desenvolvimento dos órgãos sexuais, a produção de hormônios, a
formação dos aparelhos reprodutivos, etc. ao considerarmos a perspectiva histórico-
cultural, são as mediações que o indivíduo recebe em relação as noções, discursos e
conhecimentos (historicamente construídos) acerca da sexualidade que determinarão
sua formação, posição e atuação no mundo em relação a essa temática.
Devemos considerar que o movimento dialético entre as leis biológicas e as leis
sociais (sendo está última de maior importância e preponderância), entre o meio e o
indivíduo estão em constante transformação, assumindo que, conforme Bock (2004),
o mundo está sempre em movimento e em constante transformação.

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Os sujeitos se encontram na mesma posição e as atividades que exercem
humanizam o mundo, já que é por meio deles que o mundo material é construído e
neste todas as suas habilidades desenvolvidas são cristalizadas mediante sua própria
ação sobre o mundo. Tão logo atuem novamente sobre o mundo com a intenção de
transformá-lo “internalizam as habilidades ali deixadas pelas gerações precedentes.
Ao fazerem isso estarão deixando, para novas gerações, novas habilidades
cristalizadas em novos instrumentos” (BOCK, 2004).
O psiquismo humano “se desenvolve por meio da atividade social, a qual, por
sua vez, tem como traço principal a mediação por meio de instrumentos que se
interpõem entre o sujeito e o objeto de sua atividade” (FACCI, 2004). Desde o seu
nascimento o homem já se encontra rodeado de conhecimentos e informações que
lhe são transmitidos ao logo de toda sua vida por meio de práticas sociais,
necessitando que, para que se apropriem destes, o homem realize alguma atividade
significativa que favoreça o acesso e a internalização desses saberes.

A criança é rodeada por um mundo objetivo, criado pelos homens: são


objetos correntes, as roupas, os instrumentos mais simples, a língua e as
concepções, as noções, as ideias que o refletem. [...] pode-se dizer que a
criança começa seu desenvolvimento psíquico no mundo humano
(LEONTIEV, 2004, apud Meira; R et al., Santana L; 2014).

Logo, fica evidente que tanto o conhecimento (e o acesso ao mesmo) quanto


os tabus, preconceitos e receios acerca da sexualidade são determinados, ao longo
da história, pelo próprio homem conforme sua necessidade e objetividade. Um breve
olhar para a história nos permite comprovar o desenvolvimento da sexualidade
humana como um processo intrínseco ao materialismo histórico dialético: se no século
XIX a sexualidade se restringiu às paredes de casa tão somente como um ato para a
procriação, onde as crianças, a respeito do sexo, não deveriam nada escutar, hoje,
no século XXI vê-se a responsabilidade e a necessidade de uma nova abordagem
sobre a temática, recaindo sobre a escola boa parte dessa responsabilidade. No que
tange a religião, a moral agostiniana também foi um elemento que marcou a
formulação das ideias sobre a sexualidade, uma vez que reduz a prática sexual à
procriação e a considera impura.
Visando consolidar-se como a única e verdadeira fé, os primeiros sacerdotes
do Cristianismo viam na reprovação e orientação moral do sexo uma maneira de
controlar a população e impor a religião católica (NUNES, 1987). Prezando a formação

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integral do aluno, faz-se necessário que a temática sexualidade seja abordada de
forma coerente e significativa pelo docente, de maneira a se relacionar com as
intervenções e mediações que o aluno terá fora do âmbito escolar.

O conceito sexualidade somente apareceu no decurso do século XIX, quando


se reuniram num todo os componentes genitais de numerosos
comportamentos, visto que o caráter genital é só um aspecto fragmentário do
mesmo. Antes desta data, o adjetivo sexual não é encontrado nem na Bíblia,
Homero, Shakespeare, Marx ou Lenin (USSEL, 1975 apud ).

4 SEXUALIDADE INFANTIL

Fonte: ninguemcrescesozinho.com.br

[...] falando sério, não é fácil delimitar aquilo que abrange o conceito de
„sexual‟. Talvez a única definição acertada fosse „tudo o que se relaciona
com a distinção entre os dois sexos‟. [...] se tomarem o fato do ato sexual
como ponto central, talvez definissem como sexual tudo aquilo que, com
vistas a obter prazer, diz respeito ao corpo e, em especial, aos órgãos sexuais
de uma pessoa do sexo oposto, e que, em última instância, visa à união dos
genitais e à realização do ato sexual. [...] se, por outro lado, tomarem a função
de reprodução como núcleo da sexualidade, correm o risco de excluir toda
uma série de coisas que não visam à reprodução, mas certamente são
sexuais, como a masturbação, e até mesmo o beijo (FREUD, 2006, apud
Costa E; et al., Oliveira 2015).

A sexualidade desenvolve-se ao longo da vida das pessoas de uma forma única


e na nossa sociedade este é um assunto que muitas vezes é tratado como sendo
constrangedor ou até mesmo um assunto tabu.
Na infância, muitas crianças recebem uma educação sexual um pouco confusa,
recebendo pouca informação e tendo muitas vezes de descobrir as coisas sem a ajuda
dos pais. Deste modo, acabam por desenvolver pouca intimidade com as questões
relacionadas com esta temática e, por vezes, com o seu próprio corpo (Pantoni, Piotto,
& Vitoria, 1998).
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O desenvolvimento da sexualidade inicia-se desde a gestação e conforme as
crianças vão aprendendo a andar, falar, entre outros, também vão aprendendo sobre
o seu corpo, as suas sensações, a sua sexualidade e o seu gênero. A aprendizagem
que a criança vai realizando sobre o seu próprio corpo e o corpo dos outros, sobre as
várias sensações (carinho, prazer) marcam-na de forma significativa.
É através destas experiências que ela vai construindo uma imagem sobre si
mesma, sobre o seu aspeto físico, a sua autoestima e vai compreendendo como
menino ou menina (Idem).
A forma de ajudar as crianças nestas descobertas é respondendo ao que ela
quer saber, dando explicações curtas e simples de modo a que estas fiquem
esclarecidas. Tão importante como a informação que é transmitida à criança é
também o clima afetivo e emocional desses momentos, pois se o adulto fala sobre
esse assunto demonstrando ansiedade, tensão, vergonha ou culpa, pode transmitir
isso à criança. Esta precisa de perceber que as suas dúvidas e a sua curiosidade são
importantes e que a sexualidade é um tema que pode ser falado e vivido de forma
natural (Idem).
Como será que podemos “definir” sexualidade? Desde que nascemos que
vamos “construindo” a nossa sexualidade através da integração de normas culturais
que vamos apreendendo através do meio social. Neste ponto de vista pode-se referir
que “a sexualidade constitui uma construção social e uma aprendizagem contínua,
que vão tomando forma através da nossa interação com diferentes agentes
socializadores” (Ré, 2007).
Visto de uma outra perspectiva, a sexualidade está ligada a outras dimensões
da nossa vida, tais como a idade, a origem, a etnia, a religião, a situação
socioeconômica, a orientação sexual, o acesso à educação e a saúdes, entre outros.
Deste modo verifica-se que “ a sexualidade envolve sentimentos, sensações,
percepções e opiniões ligados ao nosso sexo. É uma construção dinâmica que
constitui um aspecto muito importante da nossa identidade” (Idem).
Ou seja, por outras palavras, “a sexualidade é o conjunto de manifestações e
expressões biológicas, psicológicas e socioculturais que diferencia cada indivíduo
como homem e como mulher no seu grupo social” (Idem). Olhando ainda sob esta
perspectiva “a sexualidade das pessoas pode apreciar-se, não tanto pelos órgãos

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sexuais que as diferencia fisiológica e anatomicamente entre si, mas, sobretudo, pelo
seu comportamento na sociedade” (Idem).

A opinião popular tem ideias muito precisas a respeito da natureza e das


características e do instinto sexual. A concepção geral é que está ausente na
infância, que se manifesta por ocasião da puberdade em relação ao processo
de chegada da maturidade e se revela nas manifestações de uma atração
irresistível exercida por um sexo sobre o outro; quanto ao seu objetivo
presume-se que seja a união sexual, ou pelo menos atos que conduzam
nessa direção (FREUD, 1977, apud Costa E; et al., Oliveira 2015).

4.1 Freud: perspectivas teóricas sobre a sexualidade infantil

As concepções relativamente à sexualidade infantil surgiram a partir de


Sigmund Freud, apesar de muita resistência por parte da comunidade científica e,
também, por parte da sociedade da época.
Antes de Freud, o adulto considerava que a criança era isenta de expressão
sexual, sendo que este “foi o primeiro a considerar com naturalidade os atos e efeitos
sexuais das crianças, como a ereção, masturbação e mesmo simulações sexuais,
sendo ele quem mais se preocupou com a questão do estudo da sexualidade”
(Silveira, 2010). Perante isto, tal como foi dito anteriormente, apesar de as suas ideias
terem sido muito contestadas, revolucionaram as ciências humanas.
Através de diversos estudos e do contato com pacientes, Freud foi percebendo
que o motivo das neuroses não era proveniente da hereditariedade, mas sim, das
questões sexuais. De modo a compreender melhor as neuroses, Freud desenvolveu
um método denominado método catártico, este consistia na alteração do estado de
consciência do paciente trazendo à memória lembranças que poderiam estar ligadas
ao problema. Isto é, este método consistia em tornar consciente o que estava
guardado no inconsciente do paciente (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
Analisando os sonhos e essencialmente os sonhos das crianças, Freud afirmou
que “os sonhos são a realização dos desejos e trazem conteúdos não só recentes,
mas também da mais tenra infância” (Idem). Isto possibilitou-lhe a sua própria
autoanálise e também desenvolver conceitos relativos à sexualidade infantil e ao
Complexo de Édipo.

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Inicialmente, após as primeiras análises, pensou que os traumas de infância
surgiam a partir de graves ofensas sexuais, mas abandonou esta teoria quando se
percebeu que em muitos casos, os relatos vinham da fantasia da criança (Idem).
Para Freud é o fator sexual que está na origem das neuroses e, de modo a
compreendê-las, não podem ser negligenciadas as influências e vivências sexuais da
infância. Desde que descobriu o significado da sexualidade para a infância, nunca
mais deixou de discutir o fator infantil na sexualidade. Considerou ainda que maus
tratos e humilhações ao longo dos primeiros anos de vida deixavam marcas profundas
na mente das pessoas (Idem).
A opinião popular considera que o instinto sexual está ausente ao longo da
infância e que este só é despertado com o início da puberdade, mas Freud referiu que
esta consideração é um erro com consequências graves pois é a ele que se deve o
desconhecimento que possuímos relativamente às condições fundamentais da vida
sexual. Até antes de Freud, a literatura abordava ocasionalmente alguns relatos sobre
atividade sexual em crianças pequenas, tais como ereções, masturbação e, também,
atos semelhantes ao coito.
Apesar de abordados ocasionalmente, estes casos eram apresentados como
fenómenos de exceção, como raridade ou até como exemplos chocantes de
depravação por parte das crianças (Freud, 2009). Até então, nenhum autor tinha
reconhecido a normalidade do instinto sexual, mas ainda assim Freud concluiu que a
criança possuía libido, sendo esta “como uma força quantitativamente variável que
poderia medir os processos e transformações ocorrente no âmbito da excitação
sexual” (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
Ao longo do estudo relativamente à sexualidade infantil, Freud referiu que na
medida em que prestam alguma atenção à sexualidade infantil, os educadores
portam-se como se compartilhassem as nossas opiniões sobre a construção das
forças defensivas morais à custa da sexualidade, e como se soubessem que a
atividade sexual torna a criança ineducável, pois perseguem como “vícios” todas as
suas manifestações sexuais, mesmo que não possam fazer muita coisa contra elas.
Nós, porém, temos todos os motivos para voltar o nosso interesse para esses
fenómenos temidos pela educação, pois deles esperamos o esclarecimento da
configuração originária da pulsão sexual” (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).

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De acordo com Freud (2009) uma das manifestações sexuais infantis é o
chuchar, que surge desde cedo no bebê e perdura até à maturidade, podendo durar
a vida inteira. Este fenômeno é caraterizado por uma repetição rítmica através de um
contato de sucção com a boca e lábios, sem possuir uma finalidade nutricional.
Uma parte do corpo como os próprios lábios, a língua, qualquer outra parte e,
até o dedo grande do pé, pode ser considerado como objeto sobre o qual se exerce
essa mesma sucção. Uma característica importante desta atividade sexual é o fato
de o instinto não se orientar para outra pessoa, ou seja, ele satisfaz-se no próprio
corpo sendo auto erótico.
Os autores J.Laplanche e Pontalis (1970) definem o autoerotismo como sendo
uma “característica de um comportamento sexual em que o indivíduo obtém a
satisfação recorrendo unicamente ao seu próprio corpo, sem objeto exterior: neste
sentido fala-se da masturbação como comportamento auto erótico”.
Especificam ainda que é uma “característica de um comportamento sexual
infantil precoce pelo qual uma pulsão parcial, ligada ao funcionamento de um órgão
ou à excitação de uma zona erógena, encontra a sua satisfação logo ali (…) ” (Idem).
Assim, o comportamento de uma criança que chucha vai ser determinado pela procura
de prazer e, portanto, esta sucção de uma parte da pele ou de uma membrana mucosa
irá transmitir-lhe a satisfação que procura.
Freud (2009) considera que a criança já se terá familiarizado com este prazer
pois a primeira e mais vital importante atividade é o mamar no peito da mãe, sendo
que os lábios se comportam como uma zona erógena. Este autor caracterizou a zona
erógena como sendo “uma parte da pele ou membrana mucosa na qual estímulos de
um certo tipo provocam uma sensação de prazer de uma determinada qualidade”
(Idem). Ainda salientou que “zona erógena são os lugares do corpo que proporcionam
prazer sexual” (Freud, 2006 citado por Silveira, 2010).
O caráter erógeno pode estar associado de uma forma importante a
determinadas partes do corpo, existindo já zonas erógenas predestinadas tal como o
exemplo da sucção anteriormente referido. Ainda assim, o exemplo da sucção
demonstra-nos que qualquer parte da pele ou das membranas mucosas pode
funcionar como uma zona erógena. É então importante referir que o mais importante
não é a constituição da parte do corpo em questão, mas sim a qualidade do estímulo,
pois é este o responsável pela sensação prazerosa (Freud, 2009).

17
Inicialmente Freud considerava que a satisfação das zonas erógenas estaria
ligada à necessidade de alimento, ou seja, estaria ligada à nutrição do bebé.
Primeiramente a atividade sexual apoiava-se nesta função necessária à preservação
da vinda, sendo que só mais tarde é que se tornou independente relativamente a ela.
Assim sendo, a satisfação sexual separa-se da necessidade de alimento, tornando
esta situação inevitável a partir do momento em que aparecem os dentes e a criança
deixa de sugar o alimento, passando este a ser mastigado.
Geralmente, a criança não opta por um objeto estranho para chuchar,
preferindo uma parte da sua pele pois torna-se mais agradável para ela e mais
independente do mundo exterior que ainda não domina, mas, também, porque assim
a criança ganha uma segunda zona erógena (Idem).
A mais primitiva satisfação sexual está relacionada com a nutrição, tendo a
pulsão sexual um objeto externo nomeadamente o seio materno. Com o tempo, a
criança começa a ser capaz de construir uma representação da pessoa que possui o
seio e ocorre uma separação. Para uma criança, todos os cuidados que lhe são
prestados, representam uma forte excitação e satisfação sexual, vindas das zonas
erógenas. Mas, principalmente todos os cuidados provenientes da sexualidade como
acariciar, beijar, embalar, visto que a pulsão sexual da criança não é apenas
despertada através das zonas erógenas e que a ternura possui um papel fundamental
na pulsão sexual (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
Através do exemplo do chuchar é possível observarmos três caraterísticas
essenciais de uma manifestação sexual infantil, sendo elas: o facto de surgir apoiada
numa função corporal; o facto de não conhecer um objeto sexual e, portanto, ser auto
erótica; o facto de o seu alvo sexual estar dominado por uma zona erógena (Freud,
2009). Segundo Freud (2009) o alvo sexual da pulsão infantil consiste na obtenção de
satisfação através de um estímulo adequado das zonas erógenas escolhidas. Por
exemplo, tal como já foi referido anteriormente, no caso da zona labial a satisfação
surge através da ligação desta parte do corpo à ingestão de alimento.
Podemos ainda assim formular o alvo sexual a partir de outra perspectiva,
considerando que se trata de “substituir a sensação de estímulo projetada na zona
erógena por um estímulo externo capaz de remover essa sensação, através de uma
impressão de satisfação” (Idem).

18
Para além de a criança obter satisfação na estimulação da zona labial, também
a zona anal é uma fonte de satisfação, na qual a criança sente o prazer da defecação.
O conteúdo intestinal é tratado como sendo uma parte do próprio corpo,
representando o primeiro presente (Idem).
A proibição da obtenção de prazer através da atividade anal é a primeira
proibição que a criança enfrenta, tornando-se decisiva para todo o seu
desenvolvimento. A partir desta proibição, tudo o que seja relacionado com a atividade
anal, será visto pela criança como algo que deverá ser repudiado. Nos primeiros anos
de vida, a criança não sente vergonha nem nojo relativamente às suas funções
excretórias (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
A criança, já durante o período da amamentação, vai desenvolvendo laços
afetivos relacionados com o prazer, percebendo que os seus órgãos genitais
proporcionam uma sensação de prazer através dos banhos, limpeza ou excitações
acidentais. As crianças mais pequenas não possuem vergonha e, até, demonstram
prazer em desnudar o corpo e mostrar as partes íntimas (Idem).
Freud conseguiu distinguir três fases da masturbação infantil: a primeira
corresponde aos bebés e às suas atividades auto eróticas; a segunda corresponde às
crianças até por volta dos 4 anos de idade, que se origina na primeira e se fixa em
certas zonas erógenas; e a terceira corresponde à puberdade (Freud, 2009). A
masturbação da primeira fase ocorre durante um curto prazo, a da segunda fase deixa
marcas profundas, de forma inconsciente, na memória da criança e determina o
desenvolvimento do caráter na pessoa e os sintomas das suas neuroses, caso a
pessoa adoeça posteriormente (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
Durante a fase de masturbação da menina é o clitóris a principal zona erógena,
sendo este o equivalente ao pénis no caso dos meninos. Ao longo do tempo a menina
deverá transferir a sensibilidade e a importância do clitóris para a vagina. No caso do
menino, o seu genital é uma parte facilmente excitável, propício a mudanças, rico em
sensações e pelo qual o menino se interessa bastante. Esta procura vê-lo em outras
pessoas, de modo a poder comparar com o seu e, com o passar do tempo, vai-se
apercebendo que as meninas não possuem um pénis ou talvez já tivessem possuído,
mas que este tivesse sido cortado (Idem).

19
A vida sexual infantil tem como principal característica a dominação
predominante das zonas erógenas, apresentando também outras pessoas como
objeto sexual e que está registado no prazer de olhar e exibir. Freud considerou que
a pulsão de ver poderia surgir na criança como uma manifestação espontânea,
considerando ainda que a excitação sexual nasce com a repetição de uma satisfação
vivenciada, através da estimulação apropriada das zonas erógenas e, também,
através da expressão de algumas pulsões (Idem).
Freud julgava que, ao longo dos anos, até à puberdade, a zona genital se
comportava de uma forma idêntica à maturidade, procurando aquela sensação de
excitação e prazer. Até esta fase o instinto sexual era essencialmente auto erótico,
sendo a partir desta fase (puberdade) que encontrará o seu objeto sexual. Até aqui,
a atividade era proveniente de instintos e zonas erógenas específicas, que
procuravam um determinado prazer como único alvo sexual, não sendo dependentes
uns dos outros. Nesta fase (puberdade) surge um novo alvo em que todos os instintos
se conjugam para alcançar, enquanto as zonas erógenas se sujeitam à “vontade” da
zona genital.
Tendo em conta que o novo alvo sexual concede funções bastante
dissemelhantes aos dois sexos, o respetivo desenvolvimento irá ser diversificado
(Freud, 2009). Freud concluiu ainda que a excitação sexual passa por todos os órgãos
do corpo e não apenas pelas partes sexuais, realçando que nas meninas a zona
erógena predominante situa-se no clitóris e nos meninos situa-se na glande. Aquando
do ato sexual, a mulher transfere a excitabilidade do clitóris para a vagina, mudando
assim a zona erógena dominante, enquanto os homens mantêm a glande como sendo
a sua zona erógena dominante, tal como ocorre desde a infância (Idem).
Relativamente à questão se as crianças deveriam ser esclarecidas quanto às
questões sexuais, Freud explicou que não existia nenhum interesse em negar-lhes os
esclarecimentos necessários. Isto porque o facto de se criar um mistério à volta deste
assunto estaria ligado à falta de consciência, ignorância e um pudor por parte dos
adultos em relação à sexualidade.

20
Este é considerado um erro terrível por parte do adulto visto acarretar
consequências sérias, pois o recém-nascido quando vem ao mundo vem com a sua
sexualidade e o seu desenvolvimento vem acompanhado de sensações sexuais.
Muito tempo antes da puberdade, ou seja, desde a primeira infância, a criança já é
capaz de manifestações como o amor, o ciúme, a ternura e a dedicação.
Freud ainda acreditava que os pais não eram as pessoas mais indicadas para
esclarecer as questões sexuais dos filhos, pensando que a escola e os educadores
deveriam encarregar-se desta tarefa.
Defendia, portanto, que os educadores deveriam incluir a sexualidade ao longo
da educação das crianças, mas muito pelo contrário, já naquela época e ainda nos
dias de hoje, as manifestações sexuais das crianças eram e são muitas vezes
censuradas pelos educadores (Idem).
Para poder desenvolver toda esta teoria sobre a sexualidade infantil, Freud
utilizou essencialmente três fontes, sendo elas a observação direta das crianças, o
que estas falavam e faziam; as lembranças e interpretações conscientes da infância
dos adultos neuróticos; e, também, as conclusões e as lembranças inconscientes dos
neuróticos em processo de psicanálise. Apesar de ter utilizado estas três fontes, Freud
considerou a primeira fonte como a mais fértil e com poucas possibilidades de
equívocos (Freud, 1908).
Perante a curiosidade sexual, por mais diversas que sejam as reações, as
crianças ao longo dos primeiros anos de vida possuem uma atitude uniforme e tentam
descobrir o que os pais fazem para ter um bebé. Freud considerou que as crianças,
de uma forma generalizada, em relação aos adultos, são mais inclinadas para a
sinceridade e para um amor verdadeiro.
A vida sexual infantil é considerada desordenada, rica e dissociada,
considerando ainda que cada impulso procura o prazer. Para finalizar, é importante
referir que a sociedade confundia, e muitas vezes continua a confundir, sexualidade
com reprodução, o que causa uma restrição do instinto sexual da criança (Idem).

Suas relações com a vida sexual, entretanto, são particularmente


significativas, já que constatamos pela psicanálise que, na criança, a pulsão
de saber é atraída, de maneira insuspeitadamente precoce e
inesperadamente intensa, pelos problemas sexuais, e talvez seja até
despertada por eles (FREUD, 2006, apud Costa E; et al., Oliveira 2015).

21
4.2 As teorias sexuais das crianças

As teorias sexuais infantis, tais como surgem na mente da criança, têm


bastante interesse até porque permitem uma elucidação dos mitos e contos de fadas
que os adultos tanto contam às crianças (Freud, 1908). Por volta dos três e cinco anos,
é iniciado um desejo pelo saber e, também, uma investigação que é atraída através
das questões sexuais (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
Para Freud, a primeira reflexão que a criança irá fazer sobre o primeiro grande
problema é: De onde vêm os bebês? A criança procura junto dos pais ou dos adultos
que cuidam dela obter uma resposta a esta interrogação, mas esta procura falha pois
recebe respostas pouco concretas e é, até, repreendida por ter curiosidade
relativamente a este tema.
Pode ainda obter como resposta à sua pergunta, a teoria de que os bebês são
trazidos para junto dos pais através de uma cegonha. Freud considerava que eram
poucas as crianças que ficavam satisfeitas com esta última explicação, acreditando
mesmo que estas se recusavam a aceitar esta teoria e que era a partir desta primeira
decepção que as crianças começavam a desconfiar dos adultos, bem como
suspeitavam que estes lhes escondiam algo proibido (Freud, 1908).
Apesar de todas estas explicações por parte dos adultos, Freud concluiu que
as alterações físicas sofridas pela mãe ao longo da gravidez não passam
despercebidas perante o olhar de uma criança atenta, pois esta é totalmente capaz
de estabelecer uma relação entre o aumento de volume da barriga da mãe e,
posteriormente, o aparecimento do bebê.
Assim sendo, a teoria da cegonha não é uma das teorias sexuais da criança.
Sabendo que os bebês crescem dentro do corpo da mãe, algo que descobriu por si
só, a criança poderia estar no caminho certo para solucionar o primeiro problema com
que se depara. Mas, ainda assim, a sua investigação fica comprometida e paralisada
devido às falsas teorias que lhe são impostas por si própria e pelos adultos (Idem).
A primeira teoria sexual das crianças surge a partir do desconhecimento entre
os sexos e consiste na atribuição de um pênis a todos, inclusive às meninas. Quando
as meninas avistam o pênis dos meninos desenvolvem um grande interesse por esta
parte do corpo, pensam que falta algo a elas próprias e sentem inveja. Por seu lado,
os meninos costumam obter prazer através da estimulação deste órgão com a mão e

22
quando são surpreendidos e repreendidos nesse ato, surgindo a ameaça de lhes
cortarem o pénis, podem sofrer o medo de castração, tal como Freud refere (Idem).
Este medo, denominado de complexo de castração, é caraterizado como sendo
um “complexo centrado no fantasma de castração, que vem trazer uma resposta ao
enigma posto à criança pela diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência
do pénis): esta diferença é atribuída a um corte do pênis da criança do sexo feminino”
(J. Laplanche & Pontalis, 1970). Estes mesmos autores ainda referem que os efeitos
do complexo de castração são distintos no rapaz e na menina.
Assim, “o rapaz teme a castração como realização de uma ameaça paterna em
resposta às suas atividades sexuais, do que lhe advém uma intensa angústia de
castração”.
Por outro lado, no caso da menina, “a ausência do pênis é sentida como um
dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar” (idem). Visto mais tarde,
os órgãos femininos, vão ser encarados como se tivessem sido mutilados e vão trazer
à lembrança dos meninos aquela ameaça e horror sentidos anteriormente. Ainda
assim, Freud considerou que a teoria infantil de que a mulher possui um pênis não era
de todo errada, pois a anatomia reconheceu o clitóris como sendo um órgão idêntico
ao pênis (Freud, 1908).
O fato de desconhecerem a vagina permite às crianças formularem e
acreditarem na segunda teoria sexual, nesta consideram que se o bebê se forma
dentro do corpo da mãe, só pode ser retirado de uma única maneira. As crianças
acreditam que o bebê é expelido através da passagem anal.
Mais tarde, quando pensam sobre este assunto, surgem outras teorias como
o bebê sai pelo umbigo ou através de um corte na barriga. Sendo assim, seria lógico
que as crianças pensassem que para além das mulheres os homens também
pudessem ter bebes, pois se estes nascem pelo ânus, um homem poderia parir tal
como uma mulher. É, então, possível que o menino imagine que também ele possa
ter filhos, sem que por causa disto lhe atribuam inclinações femininas. Através destes
pensamentos, o menino apenas revela um forte erotismo anal (Idem).
A terceira teoria sexual das crianças surge quando, por qualquer motivo, a
criança testemunha acidentalmente uma relação sexual entre os progenitores. A partir
deste momento a criança encara este fato como sendo algo violento e imposto, não

23
conseguindo associar um elo entre esta situação e o problema dos bebês pois não
encara como sendo um ato de amor (Idem).
Relativamente à questão da natureza do casamento, esta é uma outra teoria
sexual infantil com variadas respostas. A criança vai percebendo que no casamento
existe uma outra forma de prazer e quer casar-se, mesmo não compreendendo o que
isto significa. Também se ocupa de outro problema, compreender em que consiste
as relações sexuais pois “é fácil ver que a criança jamais advinha os fatos reais das
relações sexuais, ela os substitui por outras ideias oriundas da sua própria experiência
e sentimentos” (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
Após o desconhecimento que a criança possui em relação à vagina, surge o
desconhecimento do sémen de modo a compreender todo o processo sexual. É difícil
para a criança imaginar que o pênis excreta outra substância para além da urina
(Idem).

4.3 Complexo de édipo

Freud considerou como uma hipótese válida o facto de que a maioria das
crianças vivenciava sentimentos, tanto de amor como de ódio com maior ou menor
intensidade, pelos seus pais. A criança apaixonar-se por um dos seus pais e odiar o
outro seria uma caraterística importante na formação dos impulsos da infância. A esta
situação Freud denominou de Complexo de Édipo (Freud, 2006, citado por Silveira,
2010). Laplanche e Pontalis (1970) consideram que é possível definir complexo de
édipo como um conceito.

O menino começa a desejar a mãe para si mesmo. . .não perdoa a mãe por
ter concedido o privilégio da relação sexual, não a ele, mas a seu pai, e
considera o fato como um ato de infidelidade. Se esses impulsos não
desaparecem rapidamente, não há outra saída para os mesmos, senão
seguir seu curso através de fantasias que têm por tema as atividades sexuais
da mãe, nas mais diversas circunstâncias. . .. Como resultado da ação
combinada, constante, de duas forças impulsivas, desejo e sede de vingança,
as fantasias acerca da infidelidade da mãe são, de longe, as que prefere. . .
(Freud, 1910/2006 apud Loures J; et al, Borges S; 2017 ).

Assim sendo, caracterizam-no como sendo um, conjunto organizado de


desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente aos pais. Sob a
sua chamada forma positiva, o complexo apresenta-se como na história de Édipo-Rei:
desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual da
24
personagem do sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se inversamente:
amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto.
Na realidade, estas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma
completa do complexo de Édipo.
Segundo Freud, o complexo de Édipo é vivido no seu período máximo entre os
três e os cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período
de latência. Conhece na puberdade uma revivescência e é superado com maior ou
menor êxito num tipo especial de escolha de objeto. O complexo de Édipo
desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação
do desejo humano. Para os psicanalistas, ele é o principal eixo de referência da
psicopatologia (…) ”.
A criança nomeia os progenitores e especialmente um deles como objeto dos
seus desejos sexuais, confundindo-os com o sentimento de amor, ternura e segurança
transmitidos pelos pais. Freud considerou que esse estímulo provém dos próprios
pais, cuja emoção libertada para o filho possui nitidamente um caráter de atividade
sexual, apesar de parecer possuir apenas um caráter afetivo.

O sonho, é claro, mostra a realização do meu desejo de encontrar um pai que


seja o causador da neurose e, desse modo, pôr fim às dúvidas que ainda
persistem em mim sobre esse assunto (Freud, 1950/1974, apud Moreira J;
2004).

Assim, o menino reage desejando o lugar do pai e a menina reage desejando


o lugar da mãe. É, portanto, normal e até inevitável que a criança faça dos seus pais
o objeto da sua primeira escolha amorosa (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
O Complexo de Édipo, na menina, manifesta-se através do desejo de assumir
o lugar ocupado pela mãe e adotar uma atitude feminina em relação ao pai, quer ter
um bebé do pai, mas, como este desejo não se concretiza, o complexo de édipo vai
sendo abandonado e ultrapassado. No rapaz, o complexo de édipo, vai evoluindo de
forma natural ao longo da fase fálica.
Com o receio de perder o pênis, o complexo é abandonado, reprimido e, por
vezes, até destruído (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010). O rapaz vai invejar o pai
e como tal vai subestima-lo e invejá-lo, pois, consideram como um rival em relação à
mãe, que ele tanto protege e ama. O menino irá tentar “roubar” a mãe ao pai,
procurando de todas as maneiras tornar-se útil à mãe, procurando aprender o
necessário para se tornar igual ao pai (Dolto, 1982).
25
O sentimento que uma criança desenvolve em relação aos pais e àqueles que
cuidam dela, transformam-se em desejos que se vão exprimindo através dos seus
impulsos sexuais. Solicita todos os sinais de afeto que conhece, querendo beijá-los,
tocá-los, abraçá-los, olhá-los, tem curiosidade em ver os seus órgãos genitais, estar
com eles quando se lavam, quando realizam funções excretórias, o menino quer casar
com a mãe e a menina quer ter um filho do pai (Freud, 2006, citado por Silveira, 2010).
Assim, “a criança faz da pessoa que ama o objeto de todas as suas tendências
sexuais” (Idem).

5 CONCEITUANDO A ADOLESCÊNCIA

Fonte: hypescience.com

A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a vida adulta (Rangel,


Torman & Focesi, 2012).
É nesta etapa que o indivíduo se depara com inúmeras transformações,
indagações e obstáculos. Segundo o Estatuto da criança e do adolescente (ECA) em
seu Art. 2º, “considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade”
(ME, 2002).
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência englobaria as
faixas etárias de 10 a 19 anos, divididas nas etapas de pré-adolescência (dos 10 aos
14 anos) e de adolescência propriamente dita (de 15 a 19 anos) (OMS/OPS, 1985).

26
A palavra “adolescência” tem uma dupla origem epistemológica e caracteriza
muito bem as peculiaridades desta etapa da vida. Ela vem do latim ad (a, para) e
olescer (crescer), significando a condição ou o processo de crescimento, em resumo
o indivíduo apto a crescer. Adolescência também deriva de adolescer, origem da
palavra adoecer (Outeiral, 1994).
Crescer não está associado apenas às modificações corporais, mas também
está ligado com o desenvolvimento psíquico que auxiliará na formação da identidade
do sujeito. Outeiral (1994), ainda divide a adolescência em três momentos: a primeira
fase é marcada pelas transformações no corpo puberdade; a segunda etapa é
caracterizada pela busca da definição sexual; e a terceira marca o fim da
adolescência, desenvolvendo a aquisição da maturidade.
Silva e Lopes (2009, p. 88) mencionam que muitos são os termos e conceitos
para se caracterizar esse período da vida podendo-se citar as palavras “juventude,
mocidade, adolescência, puberdade, flor da idade, novo, nubilidade”. Entretanto, no
Brasil os termos adolescência e juventude são mais empregados, onde:
O termo adolescência parece estar mais vinculado às teorias psicológicas,
considerando o indivíduo como ser psíquico, pautado pela realidade que constrói e
por sua experiência subjetiva. Ao passo que o termo juventude parece ser privilegiado
no campo das teorias sociológicas e históricas, no qual a leitura do coletivo prevalece.
Sendo assim, a juventude só poderia ser entendida na sua articulação com os
processos sociais mais gerais e na sua inserção no conjunto das relações sociais
produzidas ao longo da história (Silva & Lopes, 2009).
A adolescência (ou juventude) é uma fase da vida marcada por alterações de
caráter físico, psíquico e social, sendo nas classes mais baixas caracterizada por um
ciclo rápido e com poucos problemas, porém, na classe média e alta é definida por
um período extenso e conflitivo (Souza, 1991).
Como o adolescente passa por inúmeras modificações tanto internas quantos
externas seu relacionamento com os demais sujeitos se torna muitas vezes
complicado.
Dá-se o nome de adolescência ou juventude à fase caracterizada pela
aquisição de conhecimentos necessários para o ingresso do jovem no mundo do
trabalho e de conhecimentos e valores para que ele constitua sua própria família. A
flexibilidade do critério, que nos pode levar a categorizar alguém com vinte e cinco

27
anos como adolescente e alguém com quinze como adulto, permitiu evitar até aqui o
termo adolescência, que se pode a usar com as restrições já apontadas (Bock,
Furtado &Teixeira, 1999).
Cavalcanti (1988) explica que a adolescência é uma fase de crescimento
biopsicossocial se localizando entre a infância e à idade adulta. Para o autor, "o
crescer, para que seja uma experiência equilibrada de vida, deve implicar num
crescimento solidário biológico, sociocultural e psicológico" (Cavalcanti, 1988).
Para o censo comum, o termo adolescência é mais utilizado do que costumava
ser. Dessa forma, é empregado para se referir a um indivíduo que tem problemas
comportamentais como rebeldia, apresentando indisciplina. Bock, Furtado e Teixeira
(1999) afirma que na realidade é que não existe um critério bem definido para explicar
esta fase, visto que a adolescência “não é uma fase natural do desenvolvimento
humano, mas um derivado da estrutura socioeconômica. Em outras palavras, nós não
temos adolescência e sim somos adolescentes” (Bock, Furtado & Teixeira, 1999).
Logo, é difícil estabelecer um critério cronológico que defina a adolescência ou
um critério de aquisição de determinadas habilidades, como ocorre com o
desenvolvimento infantil. Da mesma forma que ocorre um desenvolvimento
diferenciado, as preocupações são absolutamente normais nesta fase. Ninguém
escapa de tê-los. A insegurança é um dos marcos da adolescência, pois as mudanças
que meninos e meninas vivenciam não são apenas físicas, a personalidade também
sofre profundas modificações.
Outeiral (2003), destaca alguns elementos que marcam o término da
adolescência, sendo estes:
 Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de
estabelecer relações afetivas estáveis.
 Capacidade de assumir compromissos profissionais e manter-se
(“independência econômica”).
 Aquisição de um sistema de valores pessoais (“moral própria”).
 Relação de reciprocidade com a geração precedente (sobretudo com os
pais). Em termos etários, isto ocorreria por volta de 25 anos na classe
média brasileira, com variações para mais ou para menos consoante as
condições socioeconômicas da família de origem do adolescente
(OuteriaL, 2003).

28
Nessa perspectiva, é importante que se discuta com o jovem este período da
vida. Problemas psicológicos que afligem muitos adultos têm origem nesta fase. O
jovem já não é mais uma criança, mas ainda falta tempo para tornar-se um adulto.
Nessa fase a personalidade também sofre profundas modificações, fazendo
necessário que seja discutido com ele esse período da vida.
Devido aos conflitos em não ser mais criança e nem mesmo um adulto, de não
poder ser responsável por si, mas também não se comportar de modo infantil.
Conversar sobre todas essas mudanças e esclarecer dúvidas e aflições é a melhor
forma de conhecer a si mesmo e procurar desenvolver mais segurança e estabilidade
emocional. Diante do exposto, observa-se que existe divergência de opiniões quando
a definição da adolescência, mas que apesar disso a maioria dos autores consideram
que é uma fase do qual todo ser humano passa ou passará para chegar à fase adulta
e por isso como educador se deve buscar sempre novas alternativas para se trabalhar
com esse público.

5.1 Comportamentos e características físicas do adolescente

O comportamento é qualquer atividade observável de um ser vivo que responde


a um estímulo do ambiente. O estudo do comportamento, dispensa qualquer
fenômeno de natureza subjetiva ou inconsciente, não comparável objetivamente pelos
métodos das ciências empíricas. O comportamento é o objeto básico de estudo da
psicologia behaviorista.
Comportamento é o conjunto arranjado das intervenções escolhidas em
desempenho dos subsídios auferidas do ambiente por meio das quais o indivíduo
unifica suas disposições (Ávila, 1967). Ou seja, determina a transformação, o
movimento ou a reação de qualquer instituição ou conjunto em contexto a seu
ambiente ou circunstância.
Entende-se que o comportamento sofre mudanças durante praticamente todo
seu período de desenvolvimento, assim como acontece com os adolescentes.
Normalmente essa fase da vida é transposta por diversos conflitos que levam a
diversos tipos de comportamento. Erroneamente o adolescente é considerado
rebelde, sem modos, e com pouco limite, porém isso varia tal como o desenvolvimento
de indivíduo para indivíduo com influência direta do meio em que ele vive.

29
Se o ambiente em que o indivíduo se desenvolve, ou seja, sua cultura, e meio
social é mais calmo, consequentemente ele tende a ser mais calmo, se é mais agitado
e com mais conflitos, ele tende a ser mais rebelde. Claro isso não é via de regra,
porém diz muito sobre a personalidade de cada um deles. As transformações do corpo
dos adolescentes, são alterações desordenadas, ocorre um alongamento dos
membros superiores e inferiores, o pescoço parece ser maior que o tronco, e isso
pode trazer sentimentos ambíguos.
É fácil identificar quando um menino está entrando na puberdade, pois ele
apresenta sinais visíveis de aumento da estatura (o crescimento se acelera neste
período), a mudança da voz, normalmente ficando mais rouca e grossa, aumento dos
pelos pelo corpo todo e em alguma definição muscular.
Durante a puberdade (aproximadamente dos 11 aos 16 anos de idade),
ocorrem diversas alterações morfológicas e funcionais que interferem diretamente no
envolvimento e na capacidade de desempenho esportivo. A puberdade é um período
dinâmico do desenvolvimento marcado por rápidas alterações no tamanho e na
composição corporal. Um dos principais fenômenos da puberdade é o pico de
crescimento em estatura, acompanhado da maturação biológica (amadurecimento)
dos órgãos sexuais e das funções musculares (metabólicas), além de importantes
alterações na composição corporal, as quais apresentam importantes diferenças entre
os gêneros (Ré, 2011).
O auge de desenvolvimento nos meninos em questão da altura ocorre por volta
dos seus 14 anos de idade, havendo transformações em diferentes tempos para
alguns, ou seja, um processo individual, sendo natural seu fato dentre os 12 e os 16
anos de idade (Ré, 2011). Com cerca de seis meses após o ápice do desenvolvimento
em estatura, advém o ganho de massa muscular, inteiramente adjunto à ascensão do
hormônio testosterona (Beunen et al., 1988; Rogol et al., 2002).
Malina et al. (2009), Rogol et al. (2002) e Rowland (1996) ponderam que nas
meninas, seu crescimento em questão de estatura acontece próximo aos 12 anos de
idade, mas que isso nem sempre é correlacionado a sua idade cronológica, sendo
uma mudança individual de cada uma, vindo a ocorrer entre os 10 e os 14 anos. Após
o fastígio de crescimento em altura, sucede a menarca, espontaneamente conexos à
maior produção hormônios femininos (estradiol) (Ré, 2011).

30
De acordo com Bolsanello (1994), os estudos da adolescência atualmente têm
mais espaço socialmente. Mas não é a sociedade que tem a responsabilidade em
sanar os problemas ligados a esta fase e sim a família. Quando se culpa a sociedade
configuramos uma falha na formação dos filhos, principalmente o relacionado ao
caráter, pois esse deve ser constituído pelo pais. Mas necessariamente a fase da
adolescência não necessita ser um período problemático, podendo acontecer sem
entrar nenhum prejuízo ao indivíduo (ShoenFerreira, Aznar-Farias e Silvares, 2010).
Entende-se que a adolescência é um tema com uma vasta possibilidade de
estudo, em que se pode extrair ainda muita informação, que tem diversas definições,
mas praticamente com o mesmo sentido, uma fase da vida do ser humano cheia de
altos e baixos, com questões que envolve a situação biopsicossocial. Entende-se que
a adolescência é um tema com uma vasta possibilidade de estudo, em que se pode
extrair ainda muita informação, que tem diversas definições, mas praticamente com o
mesmo sentido, uma fase da vida do ser humano cheia de altos e baixos, com
questões que envolve a situação biopsicossocial.

5.2 Sexualidade na adolescência

Ávila (1996), ao abordar a questão dos direitos reprodutivos e sexuais, faz


algumas considerações a respeito da sexualidade que contribuem para uma melhor
compreensão deste tema: a sexualidade é um domínio cercado de mistérios, tabus,
proibições, ao mesmo tempo em que tem sido, secularmente, um discurso repetido
até a exaustão, uma fala pública para uma prática privada, vivida como domínio de
pura emoção, da natureza, a sexualidade, tem sido fortemente regulada, não tanto no
âmbito da legislação, mas das relações cotidianas: é a religião, a família, a medicina,
a psicanálise, a mídia que se constituem em elaboradores e repassadores de códigos
e definições.
Paralelamente, ela é o lugar por excelência de transgressão, numa eterna e
séria brincadeira de ocultação e desvelamento. Para compreendermos de que forma
estrutura-se a sexualidade na adolescência temos que levar em conta os aspectos da
maturação fisiológica que ocorre na puberdade, as mudanças psíquicas e
comportamentais que se dão neste período da vida, a cultura sexual da sociedade em

31
que o adolescente se constituiu e encontra-se inserido e a forma como estes três
aspectos se inter-relacionam.
A adolescência, assim como a sexualidade, mais do que fenômenos universais
e transculturais, são fenômenos moldados por influências econômicas e políticas
(Paiva, 1996).
Na sociedade brasileira atual, mais especificamente, espera-se que a
sexualidade apareça naturalmente na adolescência e é amplamente aceitável que os
jovens sejam sexuados. Entretanto, esta sexualidade deve ser diferenciada por
gênero e se estabelecer na adolescência como uma sexualidade heterossexual e não-
reprodutiva (Paiva,1996).
Os números da epidemia de gravidez adolescente e da AIDS, por sua vez,
reelaboraram a sexualidade adolescente como um problema social, na medida em
que o medo e a repressão foram alimentados por estatísticas que ressaltam as
consequências negativas da atividade sexual na adolescência.
A partir de então, a sexualidade adolescente pode ser vista como um problema
de saúde pública, além de um problema moral (Paiva,1996). A dimensão sociocultural
da constituição da sexualidade se dá especialmente através da educação sexual que
ocorre de duas maneiras conforme a distinção de Werebe (1981), das quais o primeiro
tipo, mais especificamente, contextualiza o segundo:
 A educação sexual informal, processo global, não intencional, que
engloba toda ação exercida sobre o indivíduo, no seu cotidiano, desde o
nascimento, com repercussão direta ou indireta sobre sua vida sexual;
 A educação sexual formal, deliberada, institucionalizada, feita dentro ou
fora da escola.
Segundo afirma a mesma autora, "quando a educação sexual sistemática
começa, os educandos já foram 'marcados' pelas ações informais. Afora os valores e
normas que lhes foram inculcados, trazem consigo uma série de informações e
deformações sobre as questões sexuais."
Até a não informação é, conforme afirma Werebe, uma forma de informação:
"o silêncio em torno das questões sexuais constitui certa forma de orientar" (Werebe,
Kehl e Chauí,1981).

32
A educação sexual formal dos adolescentes, que se constituiu, na década de
90, pela estratégia da “promiscuidade”, do “medo”, da “ameaça de morte” e do “outro
perigoso” (Paiva e Alonso, 1992), devido às epidemias de gravidez na adolescência e
de AIDS, mostrou-se absolutamente ineficaz.
A eficácia destas práticas depende, conforme afirma Paiva (1994) do incentivo
ao sujeito sexual, o agente que regula sua vida sexual, a elaborar múltiplas forças que
resultam no “sexo arriscado” como a paixão, o amor, o vínculo real ou desejado, ou
os papéis e normas das diversas subculturas sexuais e de gênero.
Ser sujeito sexual, segundo Paiva (1996), significa na prática:
 Desenvolver uma relação negociada com as normas da cultura, familiar
e de grupo de pares;
 Explorar (ou não) a sexualidade independentemente da iniciativa do
parceiro;
 Conseguir dizer não e ter esse direito respeitado;
 Negociar práticas sexuais que sejam prazerosas para si, desde que
aceitas pelo parceiro e consensuais;
 Conseguir negociar sexo seguro;
 Ter acesso aos meios materiais e serviços para efetuar escolhas
reprodutivas, contraceptivas e de sexo seguro.
Holland e outros (1992 apud Paiva, 1996) definem três níveis em que o
sexual empowerment pode se dar:
 O nível intelectual: é o nível de conhecimento, expectativas e intenções
que trazemos para um encontro sexual;
 O nível da experiência: é a prática sexual propriamente dita;
 O nível transitório: é aquele em que podemos controlar os encontros
sexuais em algumas situações e em outras não. Este nível aponta para
determinadas situações nas quais há discordância entre a capacidade
das mulheres pesquisadas por estes autores se sentirem empowered e
a capacidade de colocar as intenções em prática.
Uma pesquisa da BENFAM – Sociedade Civil bem-estar familiar no Brasil
(1989/1990) junto a jovens de três capitais brasileiras demonstrou a importância dos
amigos, que são a principal fonte de informação sobre sexo entre este segmento,

33
sendo, geralmente, com eles que as crianças e os adolescentes aprendem o que
significa e como se faz sexo.
É claro que temos que ter em mente que a educação sexual e as mudanças
sociais que se dão em relação a este aspecto não são absorvidas pelos indivíduos
sem qualquer elaboração.
Na constituição da subjetividade destes, determinados aspectos são
incorporados, outros são rejeitados, uns recebem maior ênfase, outros menores. As
informações são incorporadas diferentemente por cada pessoa, constituindo sua
identidade e seu comportamento como um mosaico, tornando cada pessoa um ser
único, embora semelhante a outros em diversos aspectos.
Alguns autores (Parker,1991; Paiva, 1990) demonstraram que os scripts
sexuais que internalizamos são construídos por culturas sexuais que possuem
contradições internas e estas contradições são utilizadas pelas pessoas a seu serviço
mais ou menos plasticamente, mais ou menos criativamente.
Caridade (1999:208) utiliza a imagem de um beija-flor para ilustrar a
sexualidade adolescente, no sentido de exprimir que "o adolescente é alguém que
experimenta sua sexualidade na rapidez, na leveza e na diversidade", embora afirme,
logo a seguir, que não considera a imagem adequada dada a pouca leveza da vida
contemporânea.
Segundo esta autora, é a pulsão beija-flor que anima o investimento sexual do
adolescente e a prática do ficar é expressiva dela. Conforme sua descrição, "na ética
adolescente, 'ficar' significa não ficar, não ter compromisso com amanhã, não criar
vínculos definitivos. É pois não ficando quando 'ficam', que eles ensaiam, descobrem,
experimentam, conhecem sensações, sem os 'pudores' de outras gerações"
(Caridade, 1999:208-209).
Arilha e Calazans (1998) apontam que, embora a prática do "ficar" seja corrente
no Brasil há pelo menos 15 anos, ainda causa certo impacto por ter, de certa forma,
modificado a sequência linear partia de um primeiro envolvimento afetivo ao físico, até
o comprometimento de um casamento.
Estas autoras descrevem quatro formas de relacionamento possíveis entre os
jovens, com base na descrição de Afonso (1997): o "ficar", o "rolo", o "namoro" e o
"casamento" que expressam, cada uma delas, um tipo de envolvimento físico e
diferentes graus de comprometimento afetivo.

34
O "ficar" é definido como um relacionamento eventual, com algum tipo de
envolvimento físico, porém raras vezes implica em relacionamento sexual. Os
aspectos enfatizados, neste tipo de relacionamento, são a instabilidade, a
eventualidade e o não compromisso com os parceiros, enquanto no "rolo" há uma
certa repetição de práticas sexuais com a mesma pessoa, ainda que sem
compromisso. No namoro haveria um grau de compromisso maior, não somente entre
as pessoas envolvidas, mas também entre as famílias envolvidas.
Lavinas (1997 apud Arilha & Calazans, 1998), com base em seu estudo com
jovens de classe média alta em escolas particulares do Rio de Janeiro, indica que o
"ficar" é experienciado como uma prática geracional e não específica de um dos
sexos. Quanto à esta afirmativa, cabe pensar se no contexto da sexualidade na
sociedade contemporânea esta forma de relacionamento é mesmo geracional, ou
seja, típica da adolescência, ou vem se tornando "a forma" padrão de relacionamento
sexual e afetivo para todas as gerações.
Quanto a não ser específica a um dos sexos, também cabe indagar se o "ficar"
satisfaz igualmente as necessidades de ambos os sexos ou se um deles tem se
acomodado às circunstâncias.
Arilha e Calazans afirmam que o que parece ter ocorrido é uma mudança
importante no campo dos valores e repertórios sexuais entre garotas, que estariam
mais afeitas às possibilidades de mudanças diante de sua sexualidade, de seu corpo
sexual e erótico. Maior flexibilidade diante da virgindade e a possibilidade de "ficar"
indicando percursos de uma sociedade mais permeável à aceitação de práticas
sexuais mais inovadoras, que só puderam nascer em um contexto de transformação
dos valores da sociedade em relação à sexualidade.
No entanto, segundo estas autoras, "tais mudanças parecem ter atingido as
jovens. Os rapazes sempre dispuseram de um conjunto de práticas sexuais que foram
associadas à liberdade e que ainda se mantém com poucas mudanças..."(Arilha e
Calazans, 1998).

35
Uma referência utilizada por Paiva (1994) a respeito da subjetividade masculina
e a feminina, em sua pesquisa com adolescentes, contribui para uma melhor
compreensão desta questão, a impressão que se tem é que estamos falando com
jovens que têm uma clara noção de serem homens num mundo masculino, onde seus
valores são os corretos. O que eles pensam e fazem todo homem no mundo faz. Não
existe espaço para muita dúvida, é assim e pronto.
As mulheres duvidam mais a respeito do seu mundo, seus valores, suas
verdades (Antunes et al., 1992 apud Paiva, 1994). Estas afirmativas tornam
fundamentais algumas reflexões. Partindo de uma perspectiva relacional de gênero,
ao se considerar que na cultura sexual brasileira há uma "dupla moral" diferenciada
por sexo na qual à determinados comportamentos sexuais, tais como à virgindade, à
fidelidade, ao livre exercício da sexualidade, ao direito de escolha dos parceiros, são
atribuídos valores negativos ou positivos para homens e mulheres, cabe indagar: Que
possibilidade de "encontro" ou acordo há entre estas moças e rapazes? Também o
contexto de mudanças de valores da sociedade em relação à sexualidade, conforme
descrito por Arilha e Calazans, deve ser melhor examinado.
Outros autores não veem de forma tão otimista a "liberdade sexual" da forma
como esta se dá no contexto da contemporaneidade, na sociedade do espetáculo.
Para uma melhor compreensão do desenvolvimento da sexualidade do adolescente é
necessário se remeter às considerações sobre a cultura sexual contemporânea, ou
seja, sobre o contexto sociocultural mais amplo em que o jovem está inserido e
desenvolve-se.
Werebe e outros (1981) questionam a existência de uma "revolução sexual"
entre os jovens. Segundo estes autores, só se começou a falar nesta revolução
quando um número maior de jovens dos países ocidentais avançados e de alguns
setores das classes altas e médias de alguns países subdesenvolvidos começaram
suas experiências sexuais pré-conjugais, mais cedo do que nas gerações
precedentes. Ao ver destes, o julgamento de comportamentos fora das normas morais
vigentes diferencia-se segundo a classe social.
"Os 'desvios' são tolerados ou reprimidos em função da repercussão que
podem ter sobre a 'ordem estabelecida' dos interesses sócio-políticos em jogo, dos
meios de que dispõe a sociedade para fazer respeitar as tradições e as leis" (Werebe,
Kehl e Chauí, 1981).

36
Cabe acrescentar ao que foi dito anteriormente, mesmo dentro de uma classe
social específica, podem existir subgrupos que se comportam diferentemente em
relação a determinados padrões de conduta sexual. Se a classe social não pode, por
si só, ser considerada um critério que determine uma maior ou menor frequência de
determinado comportamento sexual, fatores tais como religião e organização familiar,
entre outros, podem favorecer ou não a ocorrência de comportamentos diferentes
daquele que é mais comum dentro de uma determinada classe social.
Caridade (1999), também lança luz sobre estas questões ao abordar o contexto
da "Cultura do Narcisismo" e suas influências na subjetividade e na sexualidade dos
jovens. Este contexto que, segundo a autora, caracterizado pela fragmentação em
mínimos "eus" e por ser a terra do "salve-se quem puder" é aquele em que o
adolescente desenvolve sua sexualidade.
O afeto que, neste contexto, tem menos valor que o desempenho, é posto à
margem. Ao manter sua atenção no corpo, o sentido da alteridade vai perdendo a
força. O jovem pode responder a esta realidade fazendo uso do outro "como mero
instrumento de satisfação narcísica, objeto descartável após cota de prazer desejada".
Este contexto narcísico de satisfação favorece a emergência da intolerância, da
violência, da desconfiança para com o outro, não constituindo, portanto, um contexto
saudável, psíquica e socialmente, para estreias amorosas e sexuais dos jovens
(Caridade, 1997).
Ao abordar a constituição da subjetividade do adolescente contemporâneo na
"sociedade do espetáculo", Caridade afirma que este vive sua sexualidade em meio a
referências que invadem seu imaginário, constituindo-se em ato integrante do
espetacular de nossa cultura e, como tal, é continuamente convocado a consumir
imagens mais que a refletir, a elaborar, ou a pensar.
Nesse embotamento reflexivo, é difícil, para o adolescente, construir projetos
pessoais, que lhe possibilitem reconhecer-se como alguém de valor. "Sem projetos,
fica sem motivo para valorizar a si mesmo e a vida. Na auto-desvalorização, ele
banaliza também o outro" (Caridade,1999).
Ainda segundo esta autora, a sexualidade que vem sendo estimulada,
insinuada, onde os adolescentes vêm sendo chamados a inventar é baseada no
"exibicionismo de corpos, o voyeurismo de contemplá-los, e o fetichismo de consumi-

37
los. Uma sexualidade vivida no corpo, e não na pessoa. Mais desempenho e sensação
que sentimento.
Mais uso do outro do que partilha. Mais quantidade que qualidade”. Tendo em
mente estas considerações, é fundamental investigar, neste estudo, até que ponto as
formas de relacionamento afetivo-sexual "tipicamente" adolescentes, que envolvem
experimentação e descompromisso, e, por outro lado, emoções intensas, são
influenciadas, transformadas e, até "perpetuadas" pelos valores sexuais da sociedade
do espetáculo.

5.3 Alterações físicas, emocionais e comportamentais

As mudanças físicas que ocorrem na adolescência são algo que, por vezes,
podem assustar os adolescentes. O crescimento súbito da altura ou do peso, o
aparecimento de pelos em zonas como as axilas, cara, genitais e o desenvolvimento
do aparelho reprodutor são um conjunto de características que podem ser geradores
de ansiedade, não só por ser algo novo para o adolescente como também, o ritmo
com que ele se dá (Lamas & Frade, 1995).

Segundo Fonseca (2002) defende que a adolescência se desenrola em duas


fases: a primeira dá-se entre os 12/13 anos e caracteriza-se por
comportamentos de auto erotização, auto experimentação e há uma projeção
de uma fantasia erótica por alguém próximo e, normalmente, inacessível (e.g.
professor); a segunda fase caracteriza-se pela forte percepção das diferenças
entre os corpos e, consequentemente, uma visão muito crítica do seu próprio
corpo, (Fonseca 2002).

Na maior parte dos adolescentes existe uma grande preocupação com o seu
aspecto físico, tendo como principal objetivo estar na moda, sentir-se atraente, mas
muitas vezes a imagem que transparecem para os outros é de alguma extravagância,
tendo como objetivo sentirem-se integrados no seu grupo de amigos (Lamas & Frade,
1995). Para Lamas e Frade (1995) as alterações emocionais que ocorrem na
adolescência estão ligadas às mudanças hormonais e ao desenvolvimento psíquico,
i.e., há um despertar das sensações sexuais, ligado à descoberta de reações do
próprio corpo, que têm um papel fundamental no desenvolvimento da personalidade.
Há um crescimento da ansiedade devido ao sentimento ambivalente de prazer e medo
em relação à idade adulta e, alguns adolescentes pode haver a negação deste
crescimento e, consequentemente, uma retração.

38
Os comportamentos caracterizam-se por compulsivos, por estarem
relacionados com conflitos internos, com os pais ou com outros adultos, que farão
com que o adolescente reaja com surtos de mau humor ou atitudes agressivas (Lamas
& Frade, 1995).
Para Zimmer-Gembeck e Collins (2003), a adolescência engloba tarefas
psicológicas específicas como: a mentalização do corpo sexual, onde o adolescente
tenta conquistar um corpo desejado e sem ambiguidade, aceitando o próprio corpo e
usá-lo de modo eficaz, sendo também necessário adquirir um papel social feminino
ou masculino; a separação do nicho afetivo primário ou a separação da infância,
havendo necessidade de instaurar relações com os pares e com ambos os sexos; a
formação de novos ideais e valores de referência, onde se dá a conquista de uma
forma humana desejada aderindo a valores sociais e comportamentos socialmente
responsáveis e, por último, a consolidação de um papel social adulto, o adolescente
envolve-se em tarefas e empenha-se em escolhas pessoais que visam a adopção
autônoma de um papel social adulto, atingindo a segurança e a independência
econômica.
Segundo Leite et al. 1996, é nesta fase da vida do ser humano, que se
caracteriza por todas estas transformações que têm sido mencionadas, que surge o
início da atividade sexual, cuja precocidade poderá acarretar sérios problemas (Leite
et al., 1996).

5.4 Práticas sexuais na adolescência

É corrente, que na adolescência, estas relações afetivas que se estabelecem


possam ser com pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto, tendo como objetivo o
conhecimento das reações do seu corpo face a um corpo igual ou a um corpo diferente
do seu (Lamas & Frade, 1995).
A segunda fase da adolescência, definida por Fonseca (2002) já referido, a
autora também a caracteriza pelas diferentes experimentações hétero, homo e
bissexuais, pois são diferentes maneiras de expressar a sexualidade. Esta
experimentação é importante, na medida em que ajuda o adolescente a definir e/ou
escolher a sua orientação sexual.

39
Por orientação sexual entende-se, o tipo de objetos pelos quais o indivíduo se
sente sexualmente atraído e em relação aos quais orientará o seu desejo sexual. De
um modo geral, as pessoas heterossexuais sentem-se sexualmente atraídas por
pessoas do sexo oposto, as homossexuais dirigem o seu interesse sexual para
pessoas do mesmo sexo e, as bissexuais interessam-se sexualmente por pessoas de
ambos os sexos (Lopez & Fuertes, 1999).
Verificou-se, num estudo desenvolvido por Tique (2008), que a maior parte dos
adolescentes inquiridos manifestam preferências por relações heterossexuais
(95,4%), 2,5% por relações por ambos os sexos e 1,3% orientação homossexual.
Segundo Bastos 2003, é também, nesta altura que surge a curiosidade pela
experimentação sexual, que se caracteriza por uma série de comportamentos, que
por sua vez, são acompanhados de grandes expectativas e por uma sensação de
desafio, comuns a todas as coisas que não foram ainda vivenciadas e muito
desejadas. É por estas razões, que se cria a dificuldade de utilização de formas de
contracepção seguras e no conjunto total destes acontecimentos, vão-se
consolidando os sentimentos, as atitudes e os valores pessoal face à sexualidade,
influenciando os seus comportamentos sexuais e as formas de relacionamento
(Bastos, 2003).
Se entre mulheres como um todo se assistiu nas quatro últimas décadas um
decréscimo na taxa de fecundidade (em 1940, a média nacional era de 6,2 filhos, em
2000, passa a 2,3 filhos), entre adolescentes e jovens o sentido é inverso. Desde os
anos 1990, a taxa de fecundidade entre adolescentes aumentou 26%. Segundo dados
do Ministério da Saúde, a primeira causa de internação entre adolescentes de 10 a 14
anos são causas relacionadas ao parto e puerpério.
O número de internações por aborto incompleto entre meninas de 10 a 19 anos
vem aumentando nos últimos cinco anos, tendo sido registrados 181 óbitos por essa
causa entre meninas de 10 a 20 anos, de 1998 a 200322. Segundo a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a gravidez
logo após o início da vida sexual é frequente.
A dinâmica das relações de gênero impõe às moças o recato em relação ao
sexo, enquanto que, para os rapazes, é esperado que não haja muito pudor ou
embaraço em relação ao tema.

40
Tal descompasso de expectativas nem sempre corresponde às vivências
individuais, mas dificulta o diálogo aberto sobre o sexo e o compartilhamento de
estratégias para que o início da vida sexual não traga surpresas desagradáveis.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, 55% das adolescentes
solteiras e sexualmente ativas nunca haviam usado nenhum método anticoncepcional,
número que se eleva para 79% nas áreas rurais. As adolescentes engravidam na sua
grande maioria sem planejamento, por falta de informação, difícil acesso aos serviços
de saúde e desconhecimento sobre métodos anticoncepcionais, além da busca
afetiva, de um objeto de amor ou somente experimentação sexual.
No entanto, o conhecimento sobre métodos contraceptivos não garante seu
uso. Pesquisa realizada em São Paulo, em 2004, mostra que embora 87% dos jovens
tenham declarado conhecer os métodos contraceptivos, 70% tiveram a primeira
relação sexual sem nenhuma proteção, o que pode ser resultado de um modelo de
socialização que recusa às mulheres o exercício da sexualidade, fazendo com que as
meninas não desenvolvam habilidades para falar de sexo e sintam-se pouco à
vontade para abordar o tema com o parceiro.
O que se depreende da literatura pesquisa é que educadores, profissionais de
saúde e pais, participantes ativos da formação dos adolescentes, com frequência, não
têm sensibilidade ou coragem de tratarem desse tema, devido a isso, poupam o
adolescente de usufruir o direito de escolha, com base em informações
contextualizadas, de acordo com suas características de vida, devido à falta de
informações ou, simplesmente, ao constrangimento em discutir temas ligados à
sexualidade.

5.5 As relações sexuais e a contracepção

Sabendo que os adolescentes têm relações sexuais cada vez mais cedo, e que
fazem o uso inconsistente de métodos contraceptivos, isso faz com que haja riscos
maiores na sexualidade vivida pelos adolescentes. A gravidez indesejada ou não
planejada e as doenças sexualmente transmissíveis são problemas que podem surgir
de um comportamento sexual de risco, ou seja, relação sexual sem qualquer uso de
métodos contraceptivos (Lopez & Fuertes, 1999).

41
Segundo Gouveia e Leal, 2010 um estudo desenvolvido com alunos do
secundário demonstra que os rapazes tendem a iniciar as relações mais cedo que as
mulheres, a ter mais relacionamentos e um maior número de parceiros sexuais
quando comparados com a mulheres (Gouveia & Leal, 2010). Um estudo efetuado
pela Global Sex Survey em 2005 denota que 34% dos casos, os adolescentes não
têm conhecimento da história sexual prévia do parceiro.
É de notar, que são os jovens do sexo masculino, que na adolescência e início
da idade adulta parecem ser mais vulneráveis a comportamentos sexuais de risco
(Matos & Sampaio, 2009).
Assim, a utilização de métodos contraceptivos é uma questão bastante
importante, uma vez que tem como objetivo a prevenção de variadas doenças
associadas à saúde sexual e reprodutiva. É, também, através da sua utilização que
se podem prevenir situações de gravidez não desejadas e não planejadas e desta
forma, impedir que aconteça o aborto (Tique, 2008).
Um estudo desenvolvido em 2007, por Reis e Matos, mostrou que a maioria
dos jovens universitários têm pouco conhecimento acerca dos métodos
contraceptivos, mas revelaram uma forte atitude preventiva face a uma gravidez
indesejada. Ainda, neste estudo verificou-se diferenças de gênero, onde as mulheres
apresentaram uma preocupação preventiva face à contracepção.
Deste modo, é importante referir que existem vários e diferentes métodos
contraceptivos que se destinam a evitar a gravidez e as infecções sexualmente
transmissíveis. A Associação para o Planeamento da Família defende que o “sucesso
da contracepção depende de uma decisão voluntária e esclarecida sobre a segurança,
eficácia, custos, efeitos secundários e reversibilidade dos métodos disponíveis”.
Num estudo desenvolvido em 2008, que questionava qual a contracepção
utilizada na primeira relação sexual, os adolescentes, salientaram na sua maioria o
preservativo (48%), e o preservativo conjuntamente com a pílula (22,5%). Assim, entre
os métodos contraceptivos mais utilizados pelos adolescentes destacam-se o
preservativo e a pílula. A pílula foi aprovada nos EUA em maio de 1960. Sendo
considerada uma das grandes invenções médicas do século, a generalização feita do
uso da pílula, deu à mulher a possibilidade de fazer escolhas livres no seu
planejamento familiar.

42
Na declaração de Teerã Conferência Internacional das Nações Unidas de 1969,
o planejamento familiar foi considerado, pela primeira vez, direito fundamental. Sete
anos mais tarde, foram criadas as primeiras consultas de planejamento familiar em
Portugal em 1976 (Moita, 1995).
A pílula é um método contraceptivo, que através da ação hormonal, inibe a
ovulação, o que consequentemente, evita uma gravidez. O preservativo, pode ser
masculino ou feminino, e tem como objetivo evitar o contato do esperma com a vagina
e, quando utilizado corretamente, pode evitar uma gravidez e diminui o risco de
infecções sexualmente transmissíveis.
Num estudo promovido pelo Observatório Nacional de Saúde realizado em
2004 sobre a utilização de contracepção de emergência, demonstrou-se que numa
amostra de 1075 mulheres, 64%, dirigia-se uma vez por ano a uma consulta de
ginecologista, ou planeamento familiar, e 72% usavam sempre algum método quando
tem relações sexuais. Nesta amostra, o preservativo já era o método mais comum
entre as mulheres (60%), seguido da pílula.
Noutro estudo de 2005, feito pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia (Silva
et al, 2005), que tinha como objetivo principal perceber as práticas contraceptivas das
mulheres portuguesas, com idades compreendidas entre os 15 e 49, verificou que a
maioria das mulheres conhecia a pílula e preservativo, sendo o método menos
conhecido o implante subcutâneo. Das inquiridas, 81,9% admitiam estar a fazer
contracepção e os métodos mais utilizados eram a pílula (62%), o preservativo vinha
imediatamente a seguir (14,4%) e, em último lugar, o anel vaginal (0,1%).

Segundo Fonseca 2002, é sabido, que não é devido ao desconhecimento dos


métodos contraceptivos, que surge a justificação para uma taxa de gravidez
na adolescência em Portugal. Juntamente à educação feita pelos meios de
comunicação social, é urgente apostar numa intervenção que ajude os jovens
(Fonseca, 2002).

A modificação e o aumento das manifestações sexuais, faz com que o


adolescente busque informações mais pormenorizadas junto de amigos, revistas,
filmes e internet. A sexualidade e a educação sexual estão fortemente ligadas, pois
têm em comum uma visão sobre o corpo e o conforto em relação a ele, a imagem
corporal, os afetos, a identidade sexual, as expressões da sexualidade, a reprodução
e a promoção da saúde sexual e reprodutiva.

43
Assim, a família e a escola assumem um papel educativo conjunto, na
dimensão ética, afetiva e formativa da sexualidade (Bastos, 2003).

5.6 Orientação sexual

A orientação sexual também é um tópico importante para discussão no


ambiente escolar, visto que, muitas são as dúvidas e angústias do educando, no qual,
se o educador desenvolve uma boa aula consegue sanar estas questões e esclarecer
fatos. Bretas e Silva (2005) descrevem que a orientação sexual apresenta três
objetivos: preencher os espaços de informação do adolescente; abordar sobre os
preconceitos associados ao machismo e feminismo; e movimentar os conflitos destes
sujeitos para que possam expor seus medos e angústias.
Frente a isso, Beraldo (2003), afirma que apesar da globalização e da revolução
do processo sexual, esta temática ainda é caracterizada como um tabu,
especialmente na vivência escolar. Todavia, o tema “ainda é revestido de polêmica,
devido à multiplicidade de visões, crenças e valores de alunas (os), pais, professoras
(es) e diretoras (es) relacionadas à temática” (Beiras et al., 2005).
Sobre a orientação sexual na escola os PCNs mencionam que esta deve
ser entendida:
Como um processo de intervenção pedagógica que tem como objetivo
transmitir informações e problematizar questões relativas à sexualidade, incluindo
posturas, crenças, tabus e valores a ela associados.
Tal intervenção ocorre em âmbito coletivo, diferenciando-se de um trabalho
individual, de cunho psicoterapêutico e enfocando as dimensões sociológica,
psicológica e fisiológica da sexualidade (ME, 1998). Cardoso (1996) afirma que “o
conceito de orientação sexual (...), pode ser relativizado como as muitas
possibilidades de prazer”.
ME (2000) descreve que ao abordar esse tema é basilar considerar a
sexualidade como intrínseco do ser humano, pois: engloba o papel social do homem
e da mulher, o respeito por si e pelo outro, as discriminações e os estereótipos
atribuídos e vivenciados em seus relacionamentos, o avanço da AIDS e da gravidez
indesejada na adolescência, entre outros, que são problemas atuais e preocupantes
(ME, 2000).

44
O conceito Orientação Sexual é usado para substituir o termo “opção sexual”,
levando em consideração que não é possível escolher sua orientação, pois ela é
desenvolvida ao longo da vida. Beraldo (2003) disserta que a Orientação sexual é
propiciada na escola, ambiente este que promove debates e reflexões do modo formal
e sistematizado. No ambiente escolar, desenvolver atividades associadas com a
orientação sexual, pode contribuir para que os alunos possam desenvolver e exercer
sua sexualidade com prazer e responsabilidade.
Esse tema vincula-se ao exercício da cidadania na medida em que, de um
lado, se propõe a trabalhar o respeito por si e pelo outro, e, por outro lado, busca
garantir direitos básicos a todos, como a saúde, a informação e o conhecimento,
elementos fundamentais para a formação de cidadãos responsáveis e conscientes de
suas capacidades (ME, 1999).
Pensando assim, a família, a comunidade, ou seja, o meio onde ele está
inserido são as instituições básicas para o desenvolvimento das ações educativas,
auxiliando ao adolescente enfrentar situações de risco muitas vezes formada por ele
mesmo. Sobre esta questão na escola, não se trata de a instituição assumir o papel
da família, mas de compreender sua responsabilidade na formação afetiva e
emocional dos alunos, possibilitando uma aprendizagem correta.
Orientação sexual é o termo usado para se referir à capacidade que tem cada
pessoa de experimentar profunda atração emocional, afetiva e sexual por indivíduos
de sexo diferente, por indivíduos do mesmo sexo ou por ambos, alternada ou
simultaneamente. Nessa perspectiva, a instituição escolar precisa oferecer
conhecimento científico procurando discutir sobre os distintos valores ligados a
sexualidade e aos comportamentos sexuais para que o educando desenvolva ações
coerentes (ME, 1999).
Carrara et al. (2010), menciona que a orientação sexual vai além, abrangendo
o sentido de manter relações íntimas e sexuais com essas pessoas. Hoje são
reconhecidos três tipos de orientação sexual: a heterossexualidade (atração afetiva,
sexual e erótica por pessoas do “sexo oposto”); a homossexualidade (atração afetiva,
sexual e erótica por pessoas do “mesmo sexo”); e a bissexualidade (atração afetiva,
sexual e erótica tanto por pessoas de um quanto do outro sexo) (Carrara et al., 2010).

45
Ademais, na escola as atividades direcionadas para orientação sexual devem
ser realizadas com a problematização e questionamentos objetivando expandir o
conhecimento do aluno (ME, 1999).
Todavia, essa temática causa incômoda, perturbação, preocupações, irritações
e aborrecimentos, sendo caracterizada como “monstro do currículo escolar” (Furlani,
2007). É possível que “os sexos”, “as sexualidades” e “os gêneros”, se tiverem que
ser abordados no contexto escolar, para muitos professores, professoras, direção,
pais e mães, se constituam em verdadeiros bichos-de-sete-cabeças.
E aqui estou evocando não apenas a analogia com “algo de difícil solução”, “um
problema a ser resolvido”. Mas, também, estou operando com a compreensão de
óbice, aquilo que obsta, que impede (a “tranquilidade” no espaço escolar?); um
empecilho, um estorvo (social?). Ou seja, são tanto assuntos (temáticas) quanto
identidades culturais (Furlani, 2007).
Trabalhar e falar sobre este tópico não é uma tarefa simples, seja na escola ou
no seio familiar, porém é uma ação necessária. Os PCNs sobre a Orientação sexual
relatam que na escola, é proposto a abordagem do conteúdo entre os alunos visando
repercussão na família e na sociedade (ME, 1999), buscando “preencher lacunas nas
informações que a criança e o adolescente já possuem e, principalmente, criar a
possibilidade de formar opinião a respeito do que lhes é ou foi apresentado” (ME,
1999).
Beraldo (2003) descreve que para um trabalho significativo sobre
orientação sexual na escola é essencial seguir alguns pontos, como:
 Apresentar um projeto para a instituição com o objetivo do trabalho;
 Fazer uma reunião com os pais e professores para esclarecer quaisquer
dúvidas que possam surgir ao longo do trabalho e explicar o papel de
ambos junto à escola neste projeto;
 Observar a demanda da escola para que se atinja a expectativa desta;
 A partir das séries estabelecidas para o trabalho entrar em contato com
elas para explicar como este será administrado;
 Colher, por meio de “bilhetinhos sigilosos, ” dúvidas e curiosidades de
cada aluno garantindo-lhes total sigilo;

46
 Após levantar as dúvidas e curiosidades fazer uma estruturação do
programa a ser cumprido em diferentes séries (conteúdo, horário,
encontros, local), para uma maior eficácia;
 Estabelecer um contrato (regras sugeridas pelo grupo);
 Garantir a ética do trabalho tanto para os alunos como para os
professores;
 Garantir a liberdade de opinião e o respeito do grupo pelas dúvidas de
seus colegas, sem monopólio da verdade de ambas as partes (Beraldo,
2003).
É indispensável refletir sobre a importância do trabalho desta temática na
escola visando a construção da cidadania, modificando padrões de comportamento e
extinguindo o preconceito (Beraldo, 2003). Leão (2009) afirma que os cursos de
formação de professores não oportunizam aos educandos disciplinas que englobam
os diferentes assuntos relacionados à sexualidade, assim como a orientação sexual.
Logo, é importante que o aluno receba uma orientação sexual, pois, isso não significa
que esta orientação estará incentivando uma iniciação sexual ou as práticas sexuais
promíscuas do adolescente, pois o seu cerne deve ser a reflexão e o repensar deste
acerca de sua sexualidade, como o cuidado com o corpo, isto é, a promoção do
autoconhecimento, assim como o respeito pelo outro (Leão, 2009).
Pensando assim, a orientação sexual, ganha um novo patamar na educação,
considerada de uma forma mais extensa e complexa em que possibilite a abordagem
natural e científica do tema, sempre pensando em preencher lacunas e valorizar as
potencialidades que o tema pode gerar.
A Orientação Sexual aqui proposta não pretende ser diretiva e está circunscrita
ao âmbito pedagógico e coletivo, não tendo, portanto, caráter de aconselhamento
individual nem psicoterapêutico. Isso quer dizer que as diferentes temáticas da
sexualidade devem ser trabalhadas dentro do limite da ação pedagógica, sem invadir
a intimidade e o comportamento de cada aluno ou professor (ME, 1999).
Os cursos de formação inicial carecem de incluir a temática da sexualidade,
incitando os educadores a refletir sobre suas crendices e cultura, percebendo a
necessidade de abandonar os ‘pré-conceitos’ para trabalhar a orientação sexual na
sala da aula (Leão, 2009).

47
Um dos objetivos da orientação sexual é romper com os tabus e preconceitos
existentes nos dias atuais, propiciando uma melhor relação com o seu meio, no qual,
não exista discriminação em nenhum dos âmbitos relacionados à sexualidade.

5.7 O TABU NA ABORDAGEM SOBRE O SEXO

A sexualidade sempre foi parte integrante da vida humana. As questões


religiosas ou a ignorância contribuíram para que se criassem as mais estapafúrdias
ideias relacionadas à sexualidade.
Mas o desenvolvimento da ciência e a mudança de muitas mentalidades
serviram para nos lembrar de que a sexualidade e o sexo não são apenas questões
de reprodução, mas sim uma parte importante da nossa vida (CRAWFORD, 2006).
As questões como a masturbação, a contracepção e o conhecimento do próprio
corpo são consideradas assuntos absurdos a serem tratados com os jovens, quando
se propõe uma aula debatida com abordagem do tema sexualidade, logo se ouvem
os risos, ou, outros que ficam completamente avermelhados e que se pudessem
entravam num “buraco” a não ter que discutir sobre o assunto.
Desenvolver o tema da sexualidade significa tratá-lo nas suas diferentes
dimensões: biológica, psicológica, sociocultural, filosófica, histórica, ética, entre
outras. Qualquer que seja a abordagem, ao tratar da temática da sexualidade, deve-
se considerar as múltiplas formas de prazer e satisfação (FIGUEIRÓ, 2001).
É preciso então mostrar de maneira madura aos jovens que as questões sobre
adolescência e sexualidade não devem ser vistas como tabu, e sim como algo
presente na vida de cada um.

48
6 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Fonte: acritica.net

Nesta fase da vida, a adolescência ocorre mudanças intensas e


impulsivas na área psicológica, física e social do ser humano.
Sobre o desenvolvimento psicossocial, na medida em que a idade adulta se
aproxima, o adolescente deve estabelecer relacionamentos íntimos ou permanecer
socialmente isolado. A obtenção da identidade sexual é intensificada pelas alterações
físicas da puberdade.
Também é influenciada por atitudes culturais, expectativas do comportamento
sexual e modelos de papéis válidos. Os adolescentes procuram uma identidade de
grupo porque necessitam de estima e aceitação.
É comum, em grupos, uma semelhança no modo de vestir e falar. A
popularidade com o sexo oposto, assim como os do mesmo sexo, torna-se importante
durante a adolescência. A necessidade de identidade de grupo entra em conflito com
a necessidade de uma identidade pessoal. (MOREIRA et al., 2008).
Na adolescência, há a descoberta do corpo e dos órgãos sexuais. Nas meninas
aumenta os seios, os quadris, a distribuição dos pêlos e ocorre a menarca. Esse
amadurecimento físico se dá em decorrência dos hormônios sexuais e do
crescimento. Na busca do prazer, do conhecimento de si e de autoafirmação, os
jovens, não raro, tornam-se rebeldes e com acentuado comprometimento de humor,
porquanto vivem em constantes conflitos.

49
Na realidade brasileira, muitas vezes a adolescente, além dos conflitos próprios
da faixa etária, vê-se com outras questões conflituosas, como a ocorrência de uma
gravidez (MOREIRA et al. 2008).
A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública tanto no Brasil
como em muitos outros países do mundo. Sua importância transcendeu a prática
assistencial e para entender os possíveis fatores etiológicos ligados ao incremento
das gestações nessa faixa etária, é preciso perceber a complexidade e a
multicasualidade desses fatores, que tornam os adolescentes especialmente
vulneráveis a essa situação (BELO; SILVA, 2004).
A população mundial de adolescentes já passou de um bilhão, e 60 em cada
1000 meninas de 10 a 19 anos tornam–se mães, correspondendo ao nascimento de
17 milhões de bebês a cada ano.

A adolescência é uma fase de grandes mudanças físicas e psicológicas e


caracteriza, principalmente nas culturas ocidentais, a passagem da infância
para a vida adulta. A maturação sexual é acompanhada por reações
emocionais mistas. (Ansiedade, temor, excitação, prazer) e mudanças
frequentes de humor, alternando-se desânimo e entusiasmo. O nível de
estresse do adolescente também está aumentando à medida que a
sociedade se torna mais complexa, exigindo mecanismos psicológicos
adaptativos mais elaborados.”. (CAPUTO e BORDIN, 2007, apud Rocha
2014).

Segundo Aguiar (1994), a atividade sexual na adolescência pode cumprir


papéis diversos como: aliviar angústia, meio de obter uma aceitação perante o. (a)
parceiro. (a) ou grupo, forma de suprir carências de afeto, instrumento para conseguir
autoafirmação, maneira de manifestar inconformismo e rebeldia e tentativa de
alcançar um maior grau de independência.
Nesse contexto do exercício da sexualidade, a gravidez na adolescência,
planejada ou não, torna-se importante e tem merecido atenção por parte da
comunidade científica, por ameaçar o bem-estar e o futuro dos adolescentes devido
aos riscos físicos, emocionais e sociais que acarreta, estimulando pesquisas que
possam colaborar para a melhor assistência aos jovens (CAPUTO et al. 2008).
Segundo Santos e Carvalho (2006) concluíram que, um dos fatores que levam as
adolescentes a engravidar é a falta de auto continência para lidar com suas angústias
e impulsos, capacidade que não foi suficientemente favorecida por suas famílias e
pelo meio social em que vivem.

50
Embora o desejo consciente ou inconsciente de engravidar seja um dos fatores
que levam à gravidez na adolescência, ele pode estar sendo influenciado por fatores
internos e externos. Um deles é o tipo de relacionamento familiar, especialmente entre
pais e filhos, que propicia determinados comportamentos.
Algumas pesquisas apontam que a maioria das adolescentes que engravidam
são filhas de mães que também engravidaram durante a adolescência. Um fenômeno
psicológico. (Inconsciente) de repetição da história materna, podendo ser a gravidez
uma tentativa de reconciliação entre mãe e filha (CORREA; COATES, 1991;
SCHILLER, 1994). Conforme Persona et al., (2004) mais da metade das adolescentes
engravida por outras causas que não o desejo pela maternidade em si.
Engravida para não perder o namorado, para sair da casa dos pais e evitar o
clima familiar desagradável, para afirmar sua feminilidade através da fertilidade, para
encontrar nos cuidados com o filho um objetivo para sua vida, para aplacar a solidão
na companhia do filho, dentre outros, por uma vida tortuosa, a tentativa de preencher
um vazio interior.
Destacam-se também, dentre os principais fatores pelos quais as adolescentes
engravidam, as variáveis demográficas, falta de acesso a serviços específicos para
atender essa faixa etária (MUHLBAUER; FUKUI, 2007). Quanto menor a idade da
adolescente ao iniciar a vida sexual, menor a chance de ela utilizar algum método
anticoncepcional e, consequentemente, maior a probabilidade de ocorrer uma
gravidez logo nas primeiras relações. (PIROTTA; SCHOR, 2004).

Culturalmente, verifica-se uma contradição na definição de


responsabilidades, onde a imprudência é entendida como de
responsabilidade da adolescente e não pelo seu parceiro, o que pode ser
reflexo da educação tradicional que privilegia atitudes e responsabilidades
diferentes aos dois gêneros. (FERREIRA et al., 2004, apud Rocha; R 2014).

6.1 Os aspectos sociais que englobam a gravidez na adolescência

O ônus que a maturidade e a constituição familiar precoce podem gerar se


apresentam com a dificuldade do progresso da escolarização das mães interferindo
na inserção no mercado de trabalho, colaborando para a continuidade do ciclo de
pobreza com todas as consequências para a deficiência na qualidade de vida dessas
jovens. Alguns estudos fazem referências aos efeitos negativos que a gestação, nesta

51
faixa etária, pode acarretar à saúde da mulher e à sua inserção no mercado de
trabalho, refletindo no seu crescimento pessoal e profissional.
A qualidade de vida da adolescente é prejudicada tendo em vista que suas
condições de estudo são modificadas, suas dependências familiares são aumentadas,
ocasionando consequências negativas na sua perspectiva de vida e trabalho no
período gravídico e na maternidade (LEAL; WALL, 2005).
A gravidez na adolescência, em particular, é abordada como problema de
saúde pública e um empecilho para que a adolescente possa se desenvolver
enquanto uma pessoa provida de opções. Muitos estudos comprovam que a gravidez
na adolescência se dá pelo motivo da falta de informação contraceptiva e um baixo
nível sócio cultural.
Pelo enfoque da reprodução social propriamente dita, condena – se gravidez
nessa fase por dificultar a formação escolar da jovem mãe, que na maioria das vezes
acaba por abandonar ou interromper os estudos, principalmente se pertence a uma
família de baixo poder aquisitivo.
Com a interrupção da escolaridade, são poucas (ou quase nulas) as chances
de a adolescente conseguir um emprego que lhe permite arcar com a
responsabilidade pela criação da criança.
Com uma qualificação menor, as jovens mães têm uma dificuldade maior de
integração ao mercado de trabalho. Esta, quando ocorre, geralmente se restringe ao
nível de subemprego, o que reforça a tese de alguns autores sobre a feminização da
pobreza e a sua reprodução pelas mulheres.

A gravidez na adolescência traz sérias implicações biológicas, familiares,


psicológicas e econômicas além das jurídico-sociais, que atingem o indivíduo
adolescente e a sociedade como um todo, limitando ou adiando as
possibilidades de desenvolver o engajamento destas jovens na sociedade.
(JÚNIOR; NETO, 2004, apud Rocha; R 2014).

7 INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são doenças causadas por


microrganismos, cuja principal via de transmissão é o contato sexual desprotegido,
seja ele oral, anal ou vaginal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). Seu alto índice de
disseminação está diretamente relacionado à falta ou à utilização incorreta do
preservativo – a camisinha – seja ela masculina ou feminina.
52
Esse fato pode estar relacionado à situação precária dos serviços de saúde e
à precariedade da educação sexual difundida tanto pelas escolas quanto pelos pais,
além de outras formas utilizadas pelos jovens para obter informações, como a internet
ou até mesmo por trocas de experiências entre eles (SANTOS et al. 2009).
Sabe-se que a utilização de medidas que visam o controle de IST que não
abordam o contexto sociopolítico não geram resultados suficientemente positivos.
Observa-se que as práticas associadas à prevenção de IST devem levar em
consideração a cultura da sociedade envolvida, de forma que os saberes da
comunidade sejam respeitados, e sua identidade cultural seja reconhecida
(BENZAKEN et al., 2007).
Apesar disso, o diálogo sobre assuntos relacionados às IST e ao sexo na
sociedade moderna ainda é muito dificultado devido aos estigmas envolvidos,
associados principalmente à cultura e às crenças da população. Tal fato dificulta que
o assunto seja abordado tanto nas escolas como dentro do ambiente familiar, o que
pode resultar em um déficit no conhecimento dos adolescentes (DELIUS; GLASER,
2005).
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as IST têm
aumentado gradativamente em todo o mundo desde a década de 1990. Esse aumento
pode estar associado à difícil detecção dessas doenças, devido ao fato de grande
parte das IST apresentarem sintomas sutis, tanto em homens quanto em mulheres.
Essas doenças também se relacionam diretamente a questões socioculturais e de
gênero, o que dificulta tanto a prevenção quanto o tratamento (GERHARDT et al.
2008). A adolescência é definida pela OMS como a idade entre 10 e 19 anos e é o
período de maior modificação no desenvolvimento humano (MARTINS, 2005; SOUZA;
BRUNINI, 2007.
É uma fase de transição na qual ocorrem mudanças biológicas, psicológicas e
sociais, e o adolescente experimenta um turbilhão de novas sensações e sentimentos
que influenciam diretamente na construção da sua identidade.
Um dos principais fatos decorrentes do grande número de jovens com IST é a
falta de percepção da própria vulnerabilidade. A população adolescente apresenta
características que geram risco à contaminação por IST.

53
O jovem não está preparado para lidar com a sexualidade, tem dificuldade na
tomada de decisões, não possui identidade totalmente definida, passa por conflitos
entre razão e sentimento e é regido por uma necessidade de se sentir inserido em
algum grupo social. Todas essas dificuldades tornam a população jovem suscetível
às IST (VIEIRA; MATSUKURA, 2017).
O início da vida sexual com baixa idade, o número de parceiros sexuais e a
utilização de proteção contra as IST no contexto social associam-se diretamente ao
nível econômico e de escolaridade. Dessa forma, tanto a sociedade como o Estado
possuem grande responsabilidade na educação sexual desses jovens para que, por
meio do conhecimento, eles sejam mobilizados a se prevenir contra as IST (VIEIRA;
MATSUKURA, 2017).
Dentre os parâmetros que exercem influência na fase da adolescência, a
sexualidade merece ser destacada. A sexualidade pode ser definida como um aspecto
central do ser humano, que engloba não somente o sexo, mas a identidade, o papel
de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução (LOBATO,
2017).
Ela influencia pensamentos, sentimentos e a saúde tanto física quanto a
mental. Portanto, se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também
deveria ser considerada um direito humano básico (PCN, 1997).
Com o intuito de desvincular a sexualidade da reprodução e das patologias, a
ideia dos direitos sexuais foi formulada difundindo a sexualidade como algo positivo
(LEITE, 2012). O conhecimento sobre a atividade sexual não resulta em uma prática
mais precoce. Em contrapartida, torna a atividade mais segura, por diminuir a
frequência de IST e gravidez não planejada.
Dentro do contexto estrutural da sociedade, existe uma culpabilização que
envolve os adolescentes no que diz respeito às práticas sexuais. Isso ocorre devido
ao paradigma de que a livre expressão da sexualidade é interpretada como um
comportamento transgressor.
Assim, muitos jovens evitam procurar conselhos relacionados a esse aspecto.
Portanto, é fundamental que todos os envolvidos no processo educacional sejam
capazes de desenvolver o assunto de forma imparcial, isto é, livre de julgamentos e
sem lançarem juízo de valor (BRÁS, 2008).

54
As IST estão entre as cinco principais causas de busca pelos serviços de saúde
em países em desenvolvimento (WHO, 2001). Segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS), a estimativa é de que um em cada 20 adolescentes, na faixa etária de
15 a 24 anos, adquire uma IST (não incluindo a AIDS e as hepatites) a cada ano.
Dentre as IST, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), causador da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) permanece um desafio à saúde pública mundial.
Desde o início da epidemia da AIDS, em 1980, até junho de 2017 foram identificados
882.810 casos da doença no Brasil.
O país tem registrado, anualmente, uma média de 40 mil novos casos de AIDS
nos últimos cinco anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). Muitas IST apresentam
fases assintomáticas ou quando apresentam sintomas estes podem aparecer um
longo período após a infecção inicial.
O déficit na instrução de grande parte dos adolescentes com relação a esse
assunto faz com que o indivíduo só procure os serviços de saúde quando apresenta
algum sintoma, o que faz com que esses jovens sejam fonte de disseminação desse
tipo de doença sem mesmo saberem que estão infectados (CODES et al. 2006).
Dados estatísticos demonstram que pelo menos um terço dos 30 milhões de
pessoas que vivem com HIV/AIDS no mundo são jovens da faixa etária de 10 a 24
anos de idade (OLIVEIRA et al., 2009). Ao ano, calculam-se aproximadamente 357
milhões de novas infecções, entre clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).
Segundo dados da OMS, hoje, grande parte dos adolescentes inicia a vida
sexual cada vez mais cedo, entre os 12 e os 17 anos. Sabe-se de que o uso da
camisinha é o meio mais eficaz para a prevenção das IST, permitindo práticas sexuais
seguras. Além disso, a camisinha também previne uma gravidez não planejada
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). O uso do preservativo apresenta -se também como
um tema de extensa divulgação nos meios midiáticos.

No início da epidemia da AIDS, os preservativos tinham sua distribuição em


épocas específicas, como no carnaval e no “Dia Mundial de Luta Contra a
AIDS”. Entretanto, nas últimas décadas, a prevenção efetiva ao vírus HIV e a
outras IST tem sofrido algumas transformações, pois somente o
adestramento da população à incorporação do preservativo em todas as
relações sexuais não é suficiente para o controle efetivo dessas infecções
(DOURADO et al., 2015 apud Em Extensão, Uberlândia, v. 18 n. 1, p. 63-80,
jan. /jun. 2019.).

55
As abordagens utilizadas nas estratégias de incentivo ao uso do preservativo
devem levar em consideração a questão do sexo e do prazer, além das causas de
ordem afetiva que geram dificuldade no que diz respeito à regularidade no uso do
preservativo. Nesse sentido, é necessária uma reflexão que seja capaz de contrastar
valores como confiança e fidelidade, relacionados às parcerias sexuais, com os riscos
de contrair IST (DOURADO et al., 2015).
De acordo com os PCN (1997), a partir da década de 1980, houve um aumento
na demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas devido à preocupação
dos educadores com a alta incidência de gravidez indesejada na adolescência e com
o risco da infecção pelo HIV entre os jovens.
Nessa perspectiva, as atividades exercidas nas escolas a respeito do tema IST
podem contribuir fortemente para a conscientização dos adolescentes quanto ao uso
de preservativos, visando uma prática sexual segura.

8 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Fonte: avovo.com.br

56
O envelhecimento é um fenômeno que atinge todos os seres humanos,
independentemente. Sendo caracterizado como um processo dinâmico, progressivo
e irreversível, ligados intimamente a fatores biológicos, psíquicos e sociais (BRITO E
LITVOC, 2004).

Para Birren e Schroots (1996), a definição do envelhecimento pode ser


compreendida a partir de três subdivisões:
 Envelhecimento primário
 Envelhecimento secundário
 Envelhecimento terciário
Para Birren e Schroots (1996), o envelhecimento primário, também conhecido
como envelhecimento normal ou senescência, atinge todos os humanos pós
reprodutivos, pois esta é uma característica genética típica da espécie. Este tipo de
envelhecimento atinge de forma gradual e progressiva o organismo, possuindo efeito
cumulativo. O indivíduo nesse estádio está sujeito à concorrente influência de vários
fatores determinantes para o envelhecimento, como exercícios, dieta, estilo de vida,
exposição a evento, educação e posição social.
Para Netto (2002), o envelhecimento primário é geneticamente determinado ou
pré-programado, sendo presente em todas as pessoas (universal). Hershey (1984 in
Spirduso, 2005), afirma que o envelhecimento primário é referente às mudanças
universais com a idade numa determinada espécie ou populações, sendo
independente de influências ambientais e doença.
Para Birren e Schroots (1996), o envelhecimento secundário ou patológico,
refere-se a doenças que não se confundem com o processo normal de
envelhecimento. Estas enfermidades variam desde lesões cardiovasculares,
cerebrais, até alguns tipos de (cancro – ulceração isolada da pele ou mucosas que
constitui o estágio inicial de várias doenças infecciosas, em geral sexualmente
transmissíveis). Este último podendo ser oriundo do estilo de vida do sujeito, dos
fatores ambientais que o rodeiam, como também de mecanismos genéticos).
Segundo Spirduso, o envelhecimento secundário é referente a sintomas
clínicos, onde estão incluídos os efeitos das doenças e do ambiente (SPIRDUSO,
2005). O envelhecimento secundário é o envelhecimento resultante das interações
das influências externas, e é variável entre indivíduos em meios diferentes.

57
O envelhecimento secundário tem como característica o fato de decorrer de
fatores culturais, geográficos e cronológicos (NETTO, 2002).
Embora as suas causas sejam distintas, o envelhecimento primário e
secundário interage fortemente. O stress ambiental e as doenças podem possibilitar
a aceleração dos processos básicos de envelhecimento, podendo estes aumentar a
vulnerabilidade do indivíduo ao stress ambiental e a doenças.
Já o envelhecimento terciário ou terminal é, para Birren e Schroots (1996), o
período caracterizado por profundas perdas físicas e cognitivas, ocasionadas pelo
acumular dos efeitos do envelhecimento, como também por patologias dependentes
da idade. Netto (2002) assinala que, entre o indivíduo adulto e o idoso, o limite de
idade é de 60 anos para países em desenvolvimento e 65 anos para nações
desenvolvidas, sendo estes parâmetros de medição critérios utilizados pela maioria
das instituições que visam a dar aos idosos, atenção à saúde psicológica, social e
física.
Shephard (2003) classifica os indivíduos idosos, situando-os em
categorias funcionais, que são:
 Meia-idade
 Velhice
 Velhice avançada; e
 Velhice muito avançada
Para Shephard (2003), a meia-idade compreende a faixa etária situada de 40
a 65 anos. É o período em que os principais sistemas biológicos começam a
apresentar declínios funcionais. Esses declínios variam de 10 a 30% em relações aos
valores máximos de quando essa pessoa era adulta jovem.
Na “velhice”, não se encontra um dano grande na homeostasia, mas, mesmo
assim, encontra-se uma perda de função um pouco maior. Shephard (2003) destaca
a velhice avançada como algumas vezes descrita velhice “mediana”. Esta categoria
etária compreende a faixa situada entre 75 e 85 anos, na qual se encontra um dano
substancial nas funções ligadas às atividades diárias. Porém, nessa fase, o indivíduo
ainda demonstra ter independência. Finalizando, Shephard (2003) afirma que a
velhice muito avançada compreende a faixa etária acima dos 85 anos.

58
Este período apresenta cuidados especiais para com os idosos (institucionais
ou de enfermagem ou ambos). Desta maneira a diferença individual determina como
cada ser humano irá envelhecer.
Entretanto variáveis como sexo, herança genética e estilo de vida contribuirão
determinando entre homens e mulheres as diferenças nos ritmos de envelhecimento
que cada um apresentará.
Segundo, Shephard 2003, a categorização funcional do idoso não depende
apenas da idade, mas também de sexo, estilo de vida, saúde, fatores
socioeconômicos e influências constitucionais, estando provado, assim, que não há
homogeneidade na população idosa (Shephard 2003).
Netto (2002) garante que a velhice é caracterizada como a fase final do ciclo
da vida. Esta fase apresenta algumas manifestações físicas, psicológicas, sociais e
debilitantes, dos quais se destacam a diminuição da capacidade funcional, trabalho e
resistência; aparecimento da solidão; calvície; perda dos papéis sociais; prejuízos
psicológicos, motores e afetivos. Netto (2002) afirma que “... não há uma consciência
clara de que através de características físicas, psicológicas, sociais, culturais e
espirituais possa ser anunciado o início da velhice”.

O processo de envelhecimento e sua consequência natural, a velhice é uma


das preocupações da humanidade desde o início da civilização. Porém, o
século XX marcou definitivamente a importância do estudo da velhice, fruto
da natural tendência de aumento do número de idosos em todo o mundo –
conhecida como a transição demográfica. (OLIVEIRA, 2007 apud Karina r; et.
al, Ribeiro F; Ercília A;).

8.1 Sexualidade e terceira idade

Quando se fala em idoso, logo se pensa num 'velhinho' sem forças ou numa
'velhinha' sentada fazendo tricô. Essa representação entra em choque com a
atualidade, pois essas são imagens que não correspondem ao real. A grande maioria
da população idosa tem características do envelhecimento sem estar nesse
estereótipo.
Não muito antigamente, quando a expectativa de vida era menor e, entre tais
pessoas, poucos eram os que mantinham uma boa saúde, o aspecto sexual era outro.
Muitos se confortavam com a chance de suspender o sexo respaldado numa
referência socialmente construída.

59
Todavia, pessoas idosas, relativamente saudáveis, que gostem de sexo, são
capazes de aproveitá-lo. Hoje já se sabe que o interesse sexual é normal em todas as
idades. Mas aquilo que no jovem é visto como sexualidade, no velho ainda há os que
veem como libertinagem.
Pouco se falava sobre a sexualidade nessa época da vida. Pessoas de mais
idade cresceram num ambiente de puritanismos “vitorianos” e mal informados,
sentiam-se culpados em relação a qualquer sensação de excitação sexual.
Vindos de uma educação repressora, viveram imersos em conceitos hoje
considerados retrógrados onde o sexo era pecaminoso, sujo e com objetivo da
procriação.
A vivência da sexualidade na 3ª idade nada mais é do que a continuação de
um processo que teve início na infância. São os sentimentos de cada um, aliados às
alterações anatômicas e fisiológicas trazidas pela idade que modelam o
comportamento sexual de tais pessoas.
Segundo Shephard 2003, E pelo fato da sexualidade ainda estar muito atrelada
a reprodução ainda é difícil perceber a continuidade da sexualidade após determinada
idade. Isso acontece mesmo depois do avanço da medicina que pode cuidar de
algumas doenças capazes de prejudicar a sexualidade plena, como é o caso de
artrites (em alguns casos, as medicações utilizadas em seu tratamento podem
diminuir o desejo sexual. (SHEPHARD, 2003).
É recomendado exercícios físicos, repouso e mudanças de posição durante o
ato sexual), hérnia de disco, diabetes (uma das poucas doenças que podem ocasionar
a disfunção erétil), doenças cardíacas (se o coração estiver debilitado, o ataque
poderá ocorrer com qualquer esforço físico, não só com o sexo), derrame (pouco
provável ser prescrito a interrupção sexual.
Outros episódios não ocorrerão por tal esforço), anemia (causa comum de
fadiga e da diminuição da atividade sexual) doença de Parkinson, Peyronie,
incontinência de esforço e dores lombares. Algumas questões emocionais podem
dizer respeito a conflitos conjugais, aposentadoria, morte da pessoa amada além do
próprio fato de envelhecer, sem saber o que se espera e como agir diante de tais
mudanças.

60
Informação e aceitação são ingredientes fundamentais entre os parceiros. É
preciso descobrir maneiras de utilizar as diversidades e transformações para
solidificar a intimidade, aumentar o prazer e satisfação. Porém como se percebe
grande dificuldade em se falar sobre a sexualidade é comum a evitação. Além disso,
a ignorância referente as transformações anatomofisiológicas levam à evitação
sexual. Muitos homens não percebem tais alterações, produtos do ritmo biológico,
como normais da conduta sexual originárias da idade, levando a um quadro de
ansiedade.

8.2 Mudanças fisiológicas nas mulheres

Masters e Johnson puderam demonstrar através dos seus trabalhos sobre


anatomofisiologia da resposta sexual que o processo de envelhecimento ocasiona
mudanças na atividade sexual dos idosos. Eles perceberam que com os anos, o corpo
se transforma. As mulheres sentem tais mudanças na época da menopausa (que
marca o final da possibilidade de reprodução e não o término da vida sexual), quando
as mudanças fisiológicas atróficas acontecem na pele, na mucosa genital e mamas.
A lubrificação vaginal se lentifica e a própria forma vaginal também pode se modificar,
ficando mais estreita e curta, mesmo que normalmente continue com tamanho
suficiente para que ocorra a penetração.
O revestimento vaginal torna-se fino e facilmente irritável, o que pode acarretar
rachaduras e sangramento. Acontece o enfraquecimento da musculatura perineal
devido a um processo gradual de atrofia. Com as paredes mais finas, bexiga e uretra
ficam menos protegidas podendo se irritar durante o ato. Por outro lado, após a
menopausa, não existe o temor da gravidez e a mulher já não gasta tanto tempo para
cuidar dos filhos. (RODRIGUES, 1.996).

8.3 Mudanças fisiológicas nos homens

Com o homem a partir dos 40 anos a produção de espermatozoide diminui.


Também há uma redução na produção da testosterona, porém de forma vagarosa e
não muito acentuada.

61
Ocorre também a diminuição da dopamina e um aumento da prolactina, o que
reduz o desejo sexual. Há homens que manifestam crises com sintomas psicológicos
como depressão e irritabilidade.
A ereção torna-se menos rígida e mais lenta, havendo menor urgência de
ejacular e um maior controle da mesma, o que pode ser um ponto positivo, pois ao
prolongar o ato podem aumentar o prazer enquanto casal. Há uma diminuição do
volume ejaculado e da força da ejaculação, uma queda da ereção mais rápida após a
ejaculação, seguida pelo aumento do tempo do período refratário. Apesar de todos os
estudos realizados, até hoje informações erradas envolvem a sexualidade após a
idade madura.

Abordar o tema sexualidade na terceira idade é sempre delicado, já que é


cercado pelo preconceito e pelas limitações que são na maioria das vezes
repressoras. Destacando que o idoso de hoje, é o reflexo da educação que
recebeu no passado, com uma criação reprimida, onde falar de sexo era
inconcebível. Risman (1999, p. 161) apud Ramos (2001) afirma que, escrever
sobre sexualidade é um desafio [...] Após estudar os costumes e hábitos de
várias civilizações, podemos ampliar o nosso conhecimento a respeito do
corpo, que foi, por muitos anos “coberto” de preconceitos, e da sexualidade,
que, com tantas regras, tornou-se um processo mecânico, vinculado à
genitalidade e à procriação, perdendo, assim, seu maior valor: a dimensão
natural de sua manifestação (Risman 1999, apud Ramos 2001 apud Campos;
E 2016).

8.4 A velhice e a qualidade de vida senescência

Segundo Vasconcelos Catusso (2005), é preciso conhecer e se adaptar às


mudanças fisiológicas que surgem com a idade. Cuidar do estado geral da saúde
assim como da aparência: higiene descuidada e roupas de ficar em casa rasgadas
são formas de perceber desatenção pelo parceiro. Há quem afirme que a maioria dos
problemas sexuais nessa idade tiveram início anteriormente, quando o casal estava
imerso em preocupação com os filhos e ou trabalho.
Tais atividades podem mascarar a falta de comunicação entre eles, voltando
com toda a força nessa idade, quando sobra mais tempo para ficarem juntos. Mas um
aspecto positivo é que tendo uma agenda menos apertada, conquistada pela
aposentadoria, pode-se perceber qual o momento predileto de se fazer amor, por
exemplo, sem ser a noite, quando muitas vezes, um dos parceiros está sem vontade
ou cansado.

62
Os médicos afirmam que o aparecimento de disfunções sexuais na terceira
idade se dá muito mais devido a problemas de saúde do que a própria idade. Idosos
e jovens passam pelos mesmos problemas e preocupações sexuais, a diferença é
que os aspectos sociais, biológicos e psicológicos podem exigir maior atenção na 3ª
idade.
Mas nem a idade, nem a maioria das doenças implicam no fim do sexo. Claro
que uma doença ajuda, faz com que o corpo se confronte totalmente com a ameaça
física, aumentando a ansiedade e diminuindo a atenção das sensações sexuais, mas
tais mudanças não são inibidoras da atividade sexual. É sabido que a capacidade e
desempenho são influenciados por enfermidades físicas e imperativos sociais,
capazes de alterar o desejo masculino e feminino, mesmo que este possa se
presentificar em toda a vida ainda que em menor intensidade e frequência.
Segundo Garcia e Galvão 2005, Fato é que a idade não dessexualiza o ser
humano. Assim, não existe limites de idade para se conservar uma atividade sexual
ainda que ocorram mudanças fisiológicas. A sexualidade é uma forma de expressar
carinho e afeto, sentimentos que não tem idade. Os desejos podem se modificar, mas
não terminam. E para tanto, basta que o corpo seja respeitado.

O envelhecimento levanta várias questões acerca da sexualidade na terceira


idade. Numa via de mão dupla, o idoso se depara com o preconceito
sociocultural de uma comunidade ainda precedida de mitos e tabus referentes
à prática do sexo nessa fase da vida. Como as proibições de manifestações
frente às atitudes ligadas à afetividade das pessoas mais velhas, além dos
preconceitos religiosos, que muitas vezes, acham absurdo a manifestação de
carinho entre casais mais idosos, como: toque, olhar, abraço e beijo. Nesse
sentido, Catusso (2005) afirma que, continuar exercendo a sexualidade aos
60 anos ou mais é um desejo pessoal de cada um e, se desejado, é um
exercício que estimula o cotidiano das pessoas, desde os pequenos gestos,
até os mais expressivos (Catusso 2005 apud apud Campos; E 2016).

8.5 A sexualidade e a conjugalidade

Laumann, Paik e Rosen (1999) consideram que é, justamente, após a


menopausa e a andropausa que homens e mulheres devem sentir-se mais livres para
ter suas relações sexuais com mais prazer, sem a preocupação com a gravidez, por
terem mais tempo para se dedicar um ao outro, sendo importante a qualidade de vida,
sem as doenças que podem aparecer nessa fase.

63
Esses mesmos autores complementam essa ideia, destacando, ainda, que as
relações sexuais diminuem nessa fase da vida, não somente em decorrência de
problemas fisiológicos, mas também por problemas emocionais. Dores, mal-estar e
limitações causadas por doenças podem diminuir a autoestima e criar sentimentos de
desinteresse ou aversão sexual.
A sexualidade, para Capodieci (2000), se expressa de diferentes formas
nas múltiplas etapas do ciclo vital, sendo que:
Segundo Capodieci, ama-se de maneira mais profunda, consegue-se purificar
o amor da paixão que é mais sensual do que genital. Assim, para eles, um olhar ou
uma carícia podem valer mais do que muitas declarações de amor (CAPODIECI,
2000). É dessa forma, com mais autenticidade e espontaneidade, que a sexualidade
é vivenciada pelo casal nessa fase da vida.
Ao finalizar essa breve explanação sobre sexualidade na fase madura
pergunta-se: como a sexualidade será vivenciada pela próxima geração, nascida após
a pílula e após a fase do “amor livre”?
Os estudos que respaldaram a presente pesquisa mostram que a atual geração
já se beneficiou com a intensificação do contraceptivo e com os resultados das
modernas pesquisas farmacológicas. Isto permitiu alterações significativas na
organização das relações na família e nos modelos culturais que regem a sexualidade,
inclusive, para o casal que atravessa a fase da maturidade.
Retomando uma perspectiva mais geral do tema, o presente estudo permitiu
que se entendesse a sexualidade como uma construção sócio histórico-cultural, com
características distintas em cada sociedade.
Em relação à sexualidade na fase madura, compreendeu-se que depende
muito mais de estímulos, tendo-se em vista políticas de prevenção veiculadas pela
mídia, no sentido de que as pessoas cultivem bons hábitos ao longo da vida. Evitar
maus hábitos e privilegiar o tratamento de doenças, certamente garantirá melhor
qualidade de vida ao homem também em seu futuro.
Assim, entende-se que a expressão da sexualidade deva continuar, por ser
agradável e proveitosa para o casal e por ser inerente ao ser humano, podendo
manifestar-se de diversas maneiras, do nascimento até a morte.

64
8.6 A saúde sexual na terceira idade

Fonte: edesseredonna.it

Segundo Rheaume e Mit., 2008 A saúde sexual, tal como a saúde física, não
diz apenas respeito à ausência de doença ou disfunção sexual, mas sim a um estado
de bem-estar sexual que inclui uma abordagem positiva em relação a uma relação
sexual e a antecipação de uma experiência prazerosa sem medos, vergonha,
violência ou coerção.
A terceira idade é frequentemente associada à incapacidade física de
desempenho sexual ou à perda do desejo sexual e para muitas pessoas idosas, estes
fatores têm um grande impacto nas suas vidas. Muitos homens idosos receiam vir a
sofrer de problemas de disfunção Erétil (DE) e algumas mulheres idosas, embora
manifestem interesse sexual, receiam que este seja vergonhoso ou indigno aos olhos
de terceiros.
A família também desempenha um papel na sexualidade na terceira idade,
fazendo os seus parentes idosos sentirem-se culpados por desejarem manter-se
sexualmente ativos (Karla et al., 2011). A atividade sexual está associada ao estado
de saúde e a doença pode interferir fortemente na SS (Lindau et al., 2007).
Quando os indivíduos idosos sofrem problemas ou dificuldades sexuais surgem
igualmente problemas em se manterem sexualmente ativos. A probabilidade de
sofrerem de doenças aumenta com a idade sendo que a administração de
determinados tipos de medicação pode provocar um maior impacto ao nível da função

65
sexual, o que, por sua vez, pode conduzir a uma redefinição de prioridades da
atividade sexual.
A função sexual pode ser definida como a capacidade de desenvolver relações
e expressões sexuais satisfatórias, bem como um estado de bem-estar físico, mental
e social em relação à sua sexualidade. Contudo, a frequência de atividade sexual não
se encontra relacionada com a presença de doenças crônicas, mas sim com a
existência de um parceiro sexual (J. DeLamater, 2012; Hinchliff & Gott, 2011).
Segundo Lindau et al., 2007, apenas 40% das mulheres entre os 75 e os 85
anos de idade, contra 78% dos homens da mesma faixa etária referem ter um cônjuge
ou companheiro Íntimo. Esta diferença pode ser explicada através da estrutura dos
relacionamentos conjugais das pessoas idosas, em que homens são, geralmente,
casados com mulheres mais jovens, dos padrões de novos casamentos e com a
esperança média de vida mais alta nas mulheres.
A existência de um parceiro sexual regular tem um impacto relevante na
atividade sexual durante o envelhecimento, sendo que os que têm parceiro
consideram importante uma relação sexual satisfatória, enquanto aqueles sem
parceiro não valorizam tanto este fator. Comparativamente as mulheres solteiras,
divorciadas ou viúvas, a proporção de mulheres sexualmente ativas é maior nas
mulheres casadas, com maiores níveis significativos de sentimentos de desejo e
prazer sexual.
Contudo, as mulheres apontam mais frequentemente as relações sexuais como
sendo algo sem importância nas suas vidas do que os homens. (J. DeLamater, 2012;
Lindau et al., 2007; Pitkin, 2009; Rheaume & Mitty, 2008). A idade e o estado de saúde
fragilizado estão negativamente associados a muitos aspetos da sexualidade.
Alguns problemas sexuais surgem como um dos primeiros sintomas de uma
doença subjacente tal como a diabetes, uma infeção, problemas do trato urogenital
ou cancro. Por sua vez, problemas sexuais não diagnosticados ou não tratados podem
levar a estados de depressão ou a alterações do seu papel social.
Inclusivamente, alguns utentes deixam de tomar medicação da qual necessitam
devido aos seus efeitos secundários que alteram a sua vida sexual, assim como
alguns tipos de medicação para alguns tipos de problemas sexuais podem igualmente
ter efeitos negativos na saúde dos indivíduos (Lindau et al., 2007).

66
As doenças crônicas tais como as doenças cardiovasculares, diabetes, artrite
e cancro têm um impacto negativo na função e na resposta sexual pela sua ação nos
mecanismos fisiológicos (ao interferirem com os processos endócrinos, neurais e
vasculares que medeiam a resposta sexual) e nas estruturas reprodutoras e,
indiretamente ao limitar a função corporal.
As doenças cardiovasculares tais como o enfarte do miocárdio, hipertensão
arterial e insuficiência vascular periférica estão frequentemente associadas a
problemas sexuais. Os níveis de desejo sexual diminuem após um acidente vascular
cerebral e a diabetes mellitus provoca alterações ao nível dos vasos sanguíneos,
sendo um dos problemas sistêmicos mais associados aos problemas sexuais nas
pessoas idosas.
A artrite é uma das principais causas de desconforto e incapacidade
provocando uma diminuição do desejo sexual nos idosos que sofrem desta doença.
As doenças prostáticas ocorrem com alguma frequência nos homens idosos e, quer
estas, quer os seus tratamentos, geralmente provocam algum tipo de disfunção sexual
(J. D. DeLamater & Sill, 2005).
A medicação prescrita pode igualmente provocar efeitos adversos ao nível da
sexualidade. Entre estes podemos encontrar os antidepressivos e os anti-
hipertensores e os seus efeitos são mais frequentes na população idosa. Contudo, os
conhecimentos nestas áreas, são diminutos devido à informação inadequada sobre a
ação específica dos medicamentos, desde a maneira como são distribuídos,
metabolizados, excretados e orientados na população idosa.
Estes medicamentos podem influenciar a resposta sexual, que inclui o desejo
sexual, através de efeitos não específicos no estado geral de bem-estar, nível de
energia e no estado de humor.
Os medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial representam o
maior grupo farmacológico de medicamentos responsáveis pelos efeitos secundários
ao nível da sexualidade dos seus consumidores (apud J. D. DeLamater & Sill, 2005).
A inatividade sexual nas pessoas mais idosas encontra-se relacionada com a
idade avançada, a presença de crianças pequenas, baixos níveis de saúde e a
duração do casamento (sendo este ˙último específicos dos indivíduos do sexo
masculino).

67
A satisfação com o seu relacionamento encontra-se relacionada com a
frequência da atividade sexual, mas não com a frequência da relação sexual
convencionada (coito), sendo que os casais podem manter-se sexualmente ativos
sem, no entanto, terem este tipo de relação sexual (González et al., 2006).
Na terceira idade surgem novas oportunidades de experimentar novas
sensações e emoções. Geralmente, as mulheres levam mais tempo a obter as suas
respostas e prazer sexual do que os homens e, com o processo de envelhecimento,
a dimensão temporal dos homens pode ser sincronizada mais facilmente com a das
mulheres, permitindo alcançar maior satisfação sexual para ambos.
As reações sexuais são mais demoradas (mais tempo para atingir uma ereção
ou uma lubrificação) e o tempo refratário masculino é mais prolongado. Assim, as
carícias adquirem maior importância nesta faixa uma vez que permite dar tempo a
ambos os parceiros para atingir as reações sexuais (Colson, 2007).

8.7 Condições clínicas no homem idoso

A esperança média de vida sexualmente ativa pode ser definida como o número
médio de anos que o indivíduo pode esperar como sendo sexualmente ativo. Embora
muitos idosos permaneçam sexualmente ativos, é possível verificar uma diminuição
na frequência das relações sexuais, juntamente com outras alterações da função
sexual masculina (aumento do período refratário, diminuição da capacidade de adiar
a ejaculação e aumento do tempo necessário para atingir uma ereção).
 Estes fatores, por sua vez, encontram-se relacionados com a idade:
pressão arterial elevada, uso regular de medicação, percepção da
importância da atividade sexual para a qualidade de vida e a existência
de uma parceira sexual. Assim, um bom estado de saúde encontra-se
relacionado com a continuidade de uma vida sexual ativa (J. DeLamater,
2012; Hinchliff & Gott, 2011).
Com o passar dos anos, existe um aumento da probabilidade de os homens
virem a sofrer de disfunção erétil (DE), com prevalências que oscilam entre os 34,4%
(homens entre os 60 e 69 anos de idade) e 53,4% (homens entre os 70 e os 80 anos
de idade). Aos 70 anos de idade, cerca de 75% dos homens sofreram de dificuldades
em atingir uma ereção pelo menos uma vez durante as suas vidas.

68
A DE nos idosos encontra-se associada a fatores tais como a hipertensão,
artrite, hábitos tabágicos, hipercolesterolemia, diabetes, alguns medicamentos,
doenças vasculares, doenças prostáticas e problemas do trato urinário e são
encaradas como fazendo parte do processo de envelhecimento, sendo aceites como
tal. Algumas doenças neurológicas tais como lesões da espinal medula e a doença de
Parkinson podem também estar relacionadas com a DE. Esta, pode ainda surgir após
cirurgias prostáticas, ou ser provocada por alguns tipos de medicação tais como os
antidepressivos, anti-histamínicos, anti-hipertensores ou antipsicóticos (Hinchliff &
Gott, 2011; Rheaume & Mitty, 2008; Taylor & Gosney, 2011).
Outros fatores tais como a ansiedade, depressão e problemas matrimoniais
podem também estar relacionados com a DE. Alguns homens sofrem da síndrome do
vivo, que consiste na dificuldade em atingir uma ereção devido ao sentimento de culpa
que deriva de uma nova relação sexual após a morte do cônjuge.
Contudo, os indivíduos idosos referem manter uma vida sexual ativa e atitudes
positivas em relação à sua própria saúde sexual, com maior satisfação da sua relação
afetiva e com mais reações positivas das suas parceiras sexuais (Hinchliff & Gott,
2011; Rheaume & Mitty, 2008).
Nos últimos anos, a medicalização da sexualidade masculina e o surgimento
de medicação capaz de combater a DE criaram na sociedade ocidental um desejo de
uma vida ativa durante o envelhecimento, principalmente no que diz respeito à
sexualidade. Assim, a capacidade de se manter vigorosamente ativo ao longo da vida
torna-se uma medida do estado de saúde, da capacidade física e de produtividade.
Através destes conceitos, a função sexual ao longo da vida, para os homens, é
definida pela capacidade de manter uma ereção com o propósito de atingir o orgasmo
masculino através da relação sexual convencionada com penetração.
A medicalização da sexualidade masculina permitiu a emergência de uma
narrativa anti-declínio, em que a perda da função sexual masculina já não é encarada
como necessária ou mesmo como normal (Vares, Potts, Gavey, & Grace, 2007).
Contudo, o papel da mulher é, por vezes, negligenciado na medida em que a
medicalização da sexualidade masculina tem como principal objetivo a relação sexual
convencionada e não são tidos em conta os reais desejos e opiniões femininos. Para
algumas mulheres, a idade acarreta consigo um declínio no interesse, no desejo e na
atividade sexual.

69
Segundo Vares et al.,2007, contudo, encaram essa mudança como algo
natural, não necessariamente negativo ou um problema. Essa mudança permite
inclusivamente a descoberta de novas formas de explorar a sua sexualidade e de
obterem prazer através da mesma. O uso de medicação que combate a DE implica a
reintrodução da relação sexual convencionada nas suas vidas, algo que nem sempre
é desejado, uma vez que devolve ao homem o “controlo “da relação.

8.8 Condições clínicas na mulher idosa

O envelhecimento encontra-se associado a uma série de alterações que


influenciam a função sexual. Nas mulheres ocorre um declínio do funcionamento dos
ovários no período climatérico.
Cerca de 60% das mulheres podem sofrer atrofia e maior secura vaginal devido
a um declínio gradual dos níveis de estrogênio, ou outros sintomas tais como dor e
prurido na vulva e vagina, ardor, dispareunia (dor persistente e recorrente durante o
ato sexual) e diminuição da capacidade de lubrificação, que tornam a mucosa vaginal
suscetível a infecções. Este tipo de sintomatologia pode levar a uma diminuição da
frequência ou cessação da atividade sexual.
A menopausa é, talvez, a alteração mais visível associada a este período, no
entanto, não é claro se existe relação entre a mesma e a diminuição da frequência
das relações sexuais. Enquanto algumas mulheres referem maior excitação e desejo
sexual após a menopausa, outras sofrem com a perda da capacidade reprodutora
manifestando sentimentos negativos acerca da sexualidade, manifestando níveis
mais baixos de desejo sexual (J. D. DeLamater & Sill, 2005; J. DeLamater, 2012;
González et al., 2006; Lara et al., 2009; Taylor & Gosney, 2011).
O prazer sexual feminino pode ser negativamente afetado pela secura vaginal,
originando níveis mais baixos de desejo e funcionamento sexual, anorgasmia e
dispareunia. (Hinchliff & Gott, 2011; Lara et al., 2009; Pitkin, 2009).
A partir da menopausa, a mulher sofre uma série de alterações e vários fatores
podem influenciar a sua sexualidade, tais como os níveis hormonais, o próprio
envelhecimento, a duração da sua relação, o declínio da saúde física, as alterações
da imagem corporal, as doenças crônicas e a respetiva medicação, o nível

70
educacional e a saúde mental. Este período está fortemente associado ao início do
envelhecimento (Pitkin, 2009).
Uma comunicação eficaz e Íntima com os seus parceiros e a adaptação da sua
vida sexual permite a muitas mulheres que sofrem alterações do desejo sexual e do
orgasmo disfrutar da sua sexualidade.
Os fatores interpessoais desempenham um papel fundamental na sexualidade
após a menopausa, havendo uma relação entre os fatores biológicos, sociais,
psicológicos, demográficos, o estado geral de saúde, duração e qualidade da relação
com o parceiro, bem como os problemas sexuais do mesmo.
Problemas que existissem previamente entre o casal (emocionais) ou os
problemas sexuais do parceiro podem determinar a sua sexualidade, sendo que a
satisfação com o seu relacionamento e a percepção da satisfação do parceiro estão
associados com a frequência da atividade sexual (não necessariamente a relação
sexual convencionada – coito).
Este pode ser um período de elevado stress psicossocial quando as mulheres
são confrontadas com a perda da juventude e da sua capacidade reprodutora,
nomeadamente para as mulheres das culturas ocidentais.
O nível cultural da mulher encontra-se positivamente relacionado com a
intensidade das queixas provocadas pela menopausa. Uma vez que as mulheres
passam cerca de um terço da sua vida após a menopausa, torna-se fundamental
conhecer a diversidade de problemas sexuais que as mulheres podem sofrer, para
que estas possam disfrutar de uma sexualidade plena.
As mulheres de idades mais avançadas ou de habilitações literárias mais
baixas apresentam maior relutância em expor os seus problemas sexuais, sendo que
esta prevalência diminui com o avançar dos anos (apud Gonzalez et al., 2006; Hinchliff
& Gott, 2011; Lara et al., 2009; Pitkin, 2009).
A disfunção sexual feminina pode ser dividida em quatro áreas principais:
desejo, excitação, orgasmo e dor, sendo que o desejo (libido) e a dor são apontadas
como os mais afetados pela menopausa. Cerca de 27% a 40% das mulheres nestas
faixas etárias sofrem alterações dos níveis de desejo ou libido e 22% das mulheres
sofrem alterações do orgasmo após a menopausa.

71
Contudo, como referido anteriormente, a idade, o estado de saúde física e
mental, o estado civil e a relação com o parceiro sexual provocam um impacto mais
significativo na função e desejo sexual do que a menopausa (González et al., 2006).

Sobre isso, Machado (2003) fomenta que, a mulher torna-se nervosa, irritada,
muito emotiva e com humor instável. As relações sexuais tornam-se
dolorosas porque a vagina fica mais ressecada por causa das alterações dos
hormônios que produzem a sua lubrificação natural. (Machado 2003 apud
Campos E; 2016).

8.9 Conhecimento e atitudes em relação à sexualidade na terceira idade

A sexualidade é construída social e culturalmente. A cultura fornece uma série


de expectativas, crenças e atitudes para com a sexualidade e é através destas que os
seres humanos atribuem significado das suas experiências. As atitudes e o
conhecimento têm um grande impacto ao nível do comportamento de cada indivíduo,
nomeadamente no que diz respeito à sexualidade.
As atitudes negativas estão frequentemente associadas à sexualidade na
terceira idade devido a questões culturais, em que a atração sexual está associada à
juventude e a ênfase atribuída à reprodução, uma vez que muitas sociedades
encaram a intimidade sexual apenas como um propósito para a produtividade (J. D.
DeLamater & Sill, 2005; LaTorre & Kear, 1977).
As atitudes expressam-se sempre através de respostas avaliativas e podem
ser fundamentadas ou desenvolvidas a partir de três tipos de informação: a
informação cognitiva (aquilo que se conhece sobre o objeto, pensamentos, ideias,
opiniões ou crenças que ligam o objeto de atitude aos seus atributos ou
consequências e que exprimem uma avaliação mais ou menos favorável), a
informação afetiva ou emocional (o que se sente em relação ao objeto) e a informação
comportamental (como se agiu perante esse objeto no passado ou intenções
comportamentais em que as atitudes se podem manifestar).
As avaliações acerca de um objeto podem refletir qualquer um destes tipos de
informação, ou todos eles e podem ser favoráveis ou desfavoráveis perante pessoas,
grupos, objetos, assuntos, acontecimentos, situações, ideias abstratas, políticas
sociais, etc.

72
As atitudes referem-se sempre a objetos específicos que estão presentes ou
são lembrados através de um indício do objeto (Baron & Graziano, 1990; Vala &
Monteiro, 2006).
As atitudes dependem das crenças dos indivíduos e estas podem ter duas
origens distintas a experiência pessoal e os outros indivíduos. A experiência pessoal
contribui para a maioria do conhecimento de cada sujeito sendo que as atitudes
daqueles que já tiveram alguma experiência pessoal com determinado objeto serão
mais confiantes, claras e preditivas de um comportamento futuro. Os outros indivíduos
também influenciam as atitudes. Grande parte dos indivíduos não teve experiências
pessoais diretas com determinadas problemáticas sociais.
Assim, os outros adquirem grande importância nas nossas atitudes, sendo que
os pais, os grupos de pares, as instituições e os meios de comunicação constituem as
principais influências nas atitudes do ser humano (Baron & Graziano, 1990). Estas
manifestam-se sempre através de um julgamento avaliativo sendo a sua direção
favorável ou desfavorável.
As atitudes podem oscilar na sua intensidade sendo que podem variar entre
posições extremas e posições fracas. Outra característica das atitudes diz respeito à
sua acessibilidade, ou seja, a probabilidade de ser ativada automaticamente da
memória quando o sujeito se encontra com o objeto da atitude, estando associada à
sua força, a forma como foi apreendida e a frequência com que é utilizada pelo
indivíduo (Vala & Monteiro, 2006).
As atitudes podem surgir perante entidades abstratas ou concretas e existem
as atitudes que surgem face a entidades específicas ou gerais. Também existem
atitudes face a comportamentos ou a classes de comportamentos. As atitudes sociais
e políticas referem-se a objetos que têm implicações políticas ou a grupos sociais
específicos. As atitudes organizacionais referem-se a objetos de caráter
organizacional e as atitudes face ao próprio designam-se por autoestima (Vala &
Monteiro, 2006).
O conhecimento acerca da sexualidade influencia a atividade sexual em todas
as faixas etárias, mas especialmente no que diz respeito à terceira idade. Níveis
elevados de conhecimentos acerca desta temática encontram-se associados
existência de um relacionamento sexual.

73
Por sua vez, a falta de conhecimentos leva a que muitos idosos cessem a sua
vida sexual com receio de que esta possa levar a problemas de saúde significativos
tais como ataques cardíacos. A maioria da população idosa tem baixos níveis de
conhecimentos acerca da sua sexualidade, levando-a a ajustar os seus
comportamentos de acordo com os estereótipos existentes na sua cultura,
fomentando uma visão negativa dos comportamentos sexuais ou da discussão destes
assuntos entre pessoas idosas (J. DeLamater, 2012; Walker & Ephross, 1999).
Níveis baixos de conhecimentos levam a que muitos idosos não compreendam
as mudanças fisiológicas associadas ao processo de envelhecimento, levando-os a
interpretarem-nas como sintomas de impotência. Juntamente com os baixos níveis de
autoestima, estes indivíduos receiam não conseguir uma ereção o que, por sua vez,
leva a que estes evitem ter relações sexuais como forma de evitar esta frustração.
Segundo Vasconcellos et al., 2004, a cessação da atividade sexual é, na sua
maioria, atribuída aos homens, apesar de estes se manterem interessados na
sexualidade mais frequentemente do que as mulheres.
Os idosos com baixos níveis de habilitações literárias, bem como aqueles com
baixos níveis socioeconômicos, apresentam níveis mais baixos de interesse pela sua
vida sexual e percentagens mais baixas de relações sexuais, o que demonstra que
níveis mais elevados de literária estão relacionados com atitudes mais permissivas
acerca da sexualidade (Papaharitou et al., 2008).
Nem todas as pessoas idosas têm atitudes positivas acerca da sua sexualidade
e podem inclusivamente sofrer de disfunção sexual provocado por medos, tédio,
fatiga, processos de luto, diminuição do desejo sexual, incapacidade física, etc. (Karla
et al., 2011).
Contudo, as próprias pessoas idosas apresentam atitudes mais abertas do que
o esperado relativamente à sexualidade na terceira idade (Walker & Ephross, 1999).
Níveis baixos de conhecimentos acerca da sexualidade na terceira idade também
estão relacionados com comportamentos de risco para a sua saúde.
De acordo com as investigações, entre 5,5% e 7,5% de indivíduos com mais
de 50 anos referem terem tido pelo menos um comportamento de risco para o
VIH/SIDA. Cerca de 9% dos indivíduos entre os 60 e 69 anos de idade e 8% dos
indivíduos acima dos 70 anos de idade referem ter tido mais de dois parceiros sexuais
nos últimos 5 anos, sendo que apenas uma minoria utilizou preservativo,

74
considerando que o HIV/SIDA não teve qualquer impacto no seu comportamento
sexual. Desta forma, verifica-se que os comportamentos sexuais de risco podem estar
associados a faixas etárias mais velhas. (C. M. Gott, 2001).
Segundo Wallker e Ephross, 1999, a maioria dos idosos tem falta de informação
acerca do seu estado de saúde e da sua sexualidade mas considera que a atividade
sexual acarreta benefícios para a sua saúde, nomeadamente ao nível do bem-estar.
A masturbação é um dos assuntos mais delicados e que causa maior desconforto a
população idosa uma vez que 71% prefere não responder a questões deste foro.
Contudo, a maioria dos idosos discorda com a ideia que um cuidador informal deva
interromper um idoso que o esteja a fazer.
As pessoas idosas com parceiros (as) sexuais referem que um relacionamento
com uma atividade sexual satisfatória é um fator importante nas suas vidas, enquanto
que aquelas que não possuem parceiros (as) sexuais referem não atribuir tanta
importância à sexualidade.
Uma vez que as mulheres acima dos 75 anos de idade têm menor probabilidade
de ter ou encontrar um parceiro sexual do que os homens da mesma faixa etária
(devido ás características sociodemográficas desta população), estas apresentam
uma atitude menos positiva em relação à sexualidade.
Por sua vez, os homens, com ou sem parceira, fantasiam e têm mais
pensamentos e sentimentos de desejo sexual (e auto estimulação) do que as
mulheres (com ou sem parceiro (a) (Rheaume & Mitty, 2008).
Walker & Ephross (1999) referem que os idosos são relativamente tolerantes
em relação à temática da sexualidade na terceira idade e apoiam uma atitude proativa
por parte dos cuidadores formais que permita a expressão sexual das pessoas idosas,
sendo que estes funcionários deveriam compreender as necessidades sexuais de
cada um. Assim, estes não deveriam sentir-se envergonhados relativamente ás
preocupações sexuais dos utentes e deveriam igualmente fornecer informação
sempre que esta seja requerida. Contudo, alguns idosos referem que, não gostariam
de conversar sobre esta temática, sendo que desejam receber informação e melhorar
os seus conhecimentos, mas apenas quando os próprios a solicitam.

75
Os mitos existentes relativamente à sexualidade resultam de valores sociais,
políticos, religiosos, culturais e morais e, juntamente com a imagem da velhice
transmitida pelos meios de comunicação afetam fortemente a atitude que a sociedade
desenvolveu para com a sexualidade na terceira idade.
Uma atitude é um estado mental e neural de prontidão, organizado através da
experiência, exercendo uma diretiva ou uma influência dinâmica sobre as respostas
do indivíduo a todos os objetos e situações com as quais est· relacionada. As atitudes
são adquiridas através do processo de socialização e influenciam o comportamento.
Foram definidos três tipos de atitudes que estão associadas à sexualidade na
terceira idade. A primeira é uma atitude de um silêncio discreto, em que o melhor ser
não falar destes assuntos e que, apesar de respeitar a privacidade e permitir aos
indivíduos fazer as suas escolhas sem interferências e curiosidade alheia, também se
torna uma atitude de risco quando surge algum problema, uma vez que este vai
permanecer no silêncio, criando medos e sofrimento.
Uma outra atitude é a de aversão, em que o sexo na terceira idade é
considerado como algo feio e grotesco. Esta atitude tem uma longa tradição cultural.
Uma outra atitude é a de visão em túnel, em que a sexualidade é vista apenas de
forma genital e as relações são apenas heterossexuais.
Contudo, a sexualidade é bem mais abrangente e inclui todo o tipo de
intimidade física, representando uma oportunidade para expressar lealdade, paixão,
afeto e estima, estando ligada a um sentido de identidade, valorização do próprio e do
outro ao desempenhar um papel na vida de outrem, assim como do seu corpo
(Bouman et al., 2006).
Segundo Bouman et al.,2006, o (idadismo - é envelhecer sofrendo
preconceitos) está fortemente enraizado no sistema de crenças da sociedade e as
pessoas idosas não constituem exceção uma vez que na sua maioria consideram-se
demasiado velhos para ter uma vida sexual, menos atraentes. As suas atitudes são
maioritariamente conservadoras.
Os idosos de hoje têm níveis relativamente baixos de conhecimento acerca da
função sexual uma vez que foram criados numa época em que a informação científica
não se encontrava disponível nem era discutida. Contudo, a necessidade de amor e
de intimidade sexual não diminui com a idade.

76
Embora as atitudes acerca da sexualidade tenham vindo a sofrer alterações e
se tenham tornado um pouco mais liberais nas últimas décadas, tais atitudes não se
alargaram a todas as faixas etárias. A sexualidade ainda é vista como sendo algo
exclusivo dos mais jovens e mais saudáveis.
A noção de que as pessoas idosas, em especial aquelas portadoras de
doenças crônicas, têm ou desejam ser sexualmente ativas ainda é bastante criticada.
As rugas, o cabelo grisalho, a artrite e uma série de outras condições físicas
que indicam uma idade avançada são vistas como algo contraditório para uma vida
sexual ativa e saudável. Este mito, de que os idosos são seres assexuados encontra-
se mais presente nas camadas mais jovens da população, sendo que inclusivamente
os cuidadores formais associam a terceira idade ao declínio sexual. Na população
mais idosa, o interesse sexual, as atitudes e os comportamentos são mais
diversificados (Ballard, 1995; Bouman et al., 2006; J. D. DeLamater & Sill, 2005).
As atitudes perante a sexualidade são determinantes perante a frequência de
um comportamento sexual com o seu parceiro. A atividade sexual é considerada um
importante fator para uma boa qualidade de vida. Embora os homens atribuam maior
importância a este fator do que as mulheres, ambos os gêneros o consideram mais
significativo quando se encontram num relacionamento sexual com um parceiro e
quando têm atividade sexual frequente.
Contudo, para muitos, a sexualidade vai adquirindo menor importância à
medida que se vai envelhecendo, sendo que a capacidade para o desempenho sexual
vai diminuindo com a idade. Uma atitude positiva torna-se, pois, fundamental para
uma vida sexual ativa contínua (J. DeLamater, 2012).
Para muitos, a intimidade sexual é considerada apropriada dentro do contexto
do casamento. Este é o acordo social mais comum em que a normativa da atividade
sexual tem lugar.
Por conseguinte, a morte do cônjuge leva, geralmente na cessação do
comportamento sexual. Muitas viúvas idosas que se encontram sem parceiro durante
algum tempo significativo tendem a cair num estado de desinteresse sexual como
mecanismo de coping evitando, desta forma, estados de depressão ou frustração (J.
D. DeLamater & Sill, 2005).

77
A própria atitude dos profissionais é considerada um fator determinante para a
procura de ajuda ou aconselhamento acerca da vida sexual na terceira idade. Um
número significativo de idosos, cerca de 40%, não procura qualquer tipo de
esclarecimento ou ajuda no que diz respeito à sua saúde sexual, por medo, receio,
vergonha, inclusivamente daquilo que os profissionais irão pensar e da forma que
poderão reagir (C. M. Gott, 2001).
Os profissionais de saúde são fortemente influenciados pelos estereótipos e
mitos acerca da sexualidade na terceira idade. Enquanto o amor romântico é
frequentemente aceite e apoiado pelos cuidadores formais, o amor erótico e o
comportamento sexual criam sentimentos de desconforto (Bouman et al., 2006;
Rheaume & Mitty, 2008).
As atitudes e as condutas dos cuidadores formais de instituições de terceira
idade têm um impacto direto na expressão da sexualidade das pessoas idosas devido
aos seus valores morais, culturais, sociais, educacionais e religiosos. Estes podem
levar a percepções erradas das necessidades dos utentes e consequentes cuidados
precipitados e inconsistentes, bem como à criação de ambientes inibitórios.
Desta forma, os funcionários devem ter em mente a criação de um ambiente
que permita a realização das necessidades e desejos dos utentes de uma forma digna,
uma vez que os espaços físicos da maioria das instituições não estão preparados nem
estruturado de forma a que os seus utentes possam disfrutar da sua sexualidade.
Através dos estudos realizados neste ‚âmbito, verifica-se que os cuidadores formais
apresentam quer atitudes positivas e permissivas em relação à terceira idade, quer
negativas e restritivas.
As fortes crenças religiosas e experiências negativas com pessoas idosas
estão relacionadas com as atitudes negativas, enquanto os níveis socioeconômicos,
grau de formação e maior experiência estão associados a atitudes mais positivas
(Bouman et al., 2006; LaTorre & Kear, 1977).
De fato, existem algumas barreiras que impedem a procura de ajuda
especializada nesta área, que podem estar associadas a fatores relacionados com o
utente (ex.: vergonha), com o profissional (idadismo) ou com o meio em que se
encontram inseridos geográfica e culturalmente (dificuldade no acesso aos serviços)
(Hinchliff & Gott, 2011).

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Os cuidados em saúde sexual continuarão a crescer em importância para os
homens e para as mulheres à medida que a consciência contemporânea continue a
ser influenciada pelas mudanças nas atitudes para com o envelhecimento, as relações
afetivas e a sexualidade.
As futuras gerações de pessoas idosas poderão ter diferentes ideias e
expectativas em relação à sua saúde sexual e forma de lidar com a mesma. Por
conseguinte, surge a necessidade de abordar o tema da saúde sexual com os utentes
idosos (Hinchliff & Gott, 2011).
Segundo Pitkin 2009, as mulheres raramente apresentam abertura para
discutirem as suas atitudes e experiências sexuais durante o período da menopausa,
uma vez que esta é uma temática pessoal e íntima. As suas atitudes são fortemente
influenciadas pelo seu contexto cultural, assim como as suas expectativas em relação
à sua sexualidade.
A aculturação modifica as atitudes e sexuais e o comportamento (Pitkin, 2009).
A educação sexual não fazia parte da educação dos idosos de hoje. Os seus valores
acerca da sexualidade eram moldados pelas circunstâncias e influenciados por mitos.
Os níveis de conhecimento reduzidos sobre esta temática e as suas atitudes
encontram-se fortemente ligados. Por conseguinte, os idosos podem hesitar em
discutir este tipo de assuntos com os seus cuidadores (Rheaume & Mitty, 2008).
Raramente são tomadas decisões e implementadas políticas que visem a SS
dos utentes institucionalizados, uma vez que esta área ainda é vista como irrelevante
ou pouco importante para a vida das pessoas idosas, embora j· exista evidência que
prova o contrário (Bouman et al., 2006).

Hillman (2001) apud Moura (2008) corroboram, (...) que na velhice é


importante as pessoas contarem com um companheiro, terem liberdade e
contato com a natureza. Os vínculos configuram-se de diferentes formas,
duração e intensidade, porém são fundamentais a fidelidade e o próprio
desejo”. (Hillman 2001 apud Moura 2008 apud Campos E; 2016).

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