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I – Introdução:

Fala, “pessoas”. Tudo bem com vocês? Espero que sim. Em nossos
estudos, estamos progredindo em subida de “escadas” da seguinte forma:
conhecendo e entendendo determinados conceitos para podermos avançar para
conceitos maiores e mais complexos.

O conceito da aula de hoje foi dado de forma muito superficial em alguns


momentos. Seja na definição do que vem a ser Estado com os seus elementos,
seja quando abordamos Estado Democrático de Direito.

Quando vimos tanto o conceito quanto a forma de estado vimos que este
possui um elemento chave: a soberania. Defini anteriormente que o estado
soberano é todo aquele que faz valer suas decisões e não permite a interferência
de nenhum outro ente dentro do seu território.

Mas, professor; se vimos tantas vezes o que vem a ser soberania, por qual
razão temos que rever agora este assunto? De forma bem direta: é necessário
compreender melhor o caminho para poder caminhar.

Botando “legenda” nesse assunto: futuramente vocês irão trabalhar


dentro do contexto do direito público diversas formas de soberania: do estado,
dos poderes, das esferas administrativas. Por isso é importante ter um conceito
um pouco mais “gourmet” do que vem a ser soberania. Certo?

Então, vamos deixar de pantim e tratar logo do que nos interessa.

II – Um pouquinho de história: da Grécia à Inglaterra: um passeio na história da


soberania.

É difícil de conceituar ou repassar a origem do termo soberania assim


como seu significado mais específico. Os dados históricos são poucos, mas
vamos fazer aqui um pequeno esforço para trazer sobre alguns autores.

Lembram que em diversos momentos eu sempre falei de Aristóteles


aqui? Você acha que de um conceito de soberania ele estaria fora? Claro que
não. Ao falar dele, falamos do pensamento grego como um todo, tomando-o
como personagem principal de nossa “novela”.

À Grécia antiga falava-se em soberania. Foi pautado em nossos estudos a


questão das Cidades-Estados como primícias e fontes do Estado como hoje
conhecemos. Quanto toco neste assunto, soberania está intrinsecamente ligada a
estes.
Para Aristóteles cada Cidade-Estado tinha sua independência
administrativa e governamental. Essa era a soberania em si quando não havia a
possibilidade de uma interferir na outra e cada uma destas trazia o melhor
proveito do que tinham como independência.

Portanto, umas das formas de soberania a ser aplicada hoje deriva das
cidades-estados gregas citadas por Aristóteles.

Pegando nossa primeira escala, vamos para Roma. Lembrem-se: os


romanos pegaram conceitos de política e organização dos estados dos gregos,
sendo que muitos destes institutos foram aperfeiçoados, especial do ponto de
vista jurídico.

Os romanos criaram o sistema jurídico complexo o qual usamos muito


deste sistema até hoje. Vocês ouvirão falar muito em sistema romano-germânico ou
civil law. Está é um pouco da base de nosso direito.

Para os romanos, tínhamos dois entendimentos: a potéstas que significa


poder, autonomia. Esse era aplicado voltado ao imperador e não ao império.
Mas, o imperador era representante divino e por isso representava a soberania
dos deuses.

O segundo conceito vem das palavras super omnia. Estas possuem como
significado “sobre todas as coisas”.

Ou seja: para os romanos, assim como para nós hoje: soberania é um


poder exercido sobre todos os internos, o que chamamos de soberania interna.
Quanto aos de fora é não permitir que outras opiniões ou intromissões cheguem
em nosso território.

Bem no estilo do que sempre falo com exemplos: em nosso país não é
permitido nenhum tipo de influência em nossas eleições de quaisquer estados
estrangeiros. Ou até mesmo permitir que tomem parte de nossas terras.

Quando falamos em tempos mais atuais, podemos entender especial com


Hobbes que a soberania pode ser exercida de forma interna, ou seja, do
soberano para os fiéis, e de forma externa, especialmente demonstrando a
possibilidade de não permitir a influência de poderes de fora.

Nunca haverá um conceito o qual tenha nascido pronto. Com soberania


não é diferente: ela vem sendo construída ao longo da história e diversos
autores falaram isso. Eis a razão de muitas vezes voltarmos a tantas pessoas.
Para Jonh Locke, nosso amado “Jonne” a soberania vinha do parlamento
através das pessoas representantes do povo. Mas o poder estava na instituição e
não no colegiado em si.

Rousseau, o qual estava sendo meio “negligenciado” como filósofo, volta


à tona aqui na questão da soberania.

Para estes a soberania estava com o povo, especial dentro de uma


democracia. Os representantes apenas a exercia e organizava. Mesmo todos os
soberanos deixando seus cargos, a soberania do povo elegeria outros e o ciclo
continuaria normalmente.

Para Rousseau o entendimento literal era: não interessa quem esteja


exercendo o governo, a soberania é do povo e permanece com ele. Priu!!!!

Esse entendimento foi adotado especialmente na revolução Francesa e


vem sendo utilizado nos Estados Modernos até o presente momento.

Em nossa constituição, temos parcelas dos dois pontos: primeiro do


conceito de soberania de Rousseau, pois “Todo poder emana do povo”. E temos
a organização da tripartição dos poderes as quais veio inicialmente de Locke e
depois foi sendo aperfeiçoada por Montesquieu.

Portanto, podemos entender e classificar a soberania como “uma


autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro poder
externo ou interno”.

Professor, esse conceito é absoluto? Não, “pequeno gafanhoto”. Tudo é


relativo no direito (depende). Mas, por qual razão digo isto? Resposta: lembra
da aula de três poderes, nos quais cada um tem sua função típica e atípica e
essa última é a de interferir e controlar certos atos dos outros poderes?

Se assim o fosse, o Executivo não admitiria que o Legislativo pudesse


fiscalizar se as leis orçamentárias estão sendo cumpridas com fidelidade. Isso
poderia ser ruim, pois as leis criadas na maioria das vezes não seriam
cumpridas, dada a falta de alguém fiscalizando.

Bem, após vermos um pouco da história vamos agora às fontes. Mas qual
a importância de estudarmos isso, professor? Toda. Não se concebe saber a
causa e não saber a origem destes pensamentos.

Vou falar de algumas delas, quais na maioria das vezes falamos em sala
de aula e citando exemplos.
III – Fontes do Poder: de deus aos homens.

Como dito antes: fontes do/no direito nada mais é quanto: origem. Tudo
deve possuir uma fonte, uma origem especial quando tratamos de ciência.

Quanto a isso deixo aqui um breve comentário: o fato de direito não ser
uma ciência exata, ou seja: todos os resultados serem idênticos em qualquer
canto do mundo não a descaracteriza como ciência em si.

Muito pelo contrário: quando lhe damos com ciências sociais jamais
estaremos com um único ponto de vista, pois a sociedade é mutável e não
estática. Por isso, um mesmo fato ou mesmo princípio jamais será plicado
igualmente a todo e qualquer caso. Isso se chama evolução social a qual condiz
em interpretar o direito.

Mas, agora vamos retomar ao nosso assunto. Lembra de nossos


amiguinhos Agostinho e Tomás de Aquino? Pois é: eles foram nossa base para
uma das fontes: a divina.

Em muitos momentos, vimos que há uma influência da religião sobre o


estado, seja no modo como ele surgiu seja sobre os governantes. Isso não foi
diferente: se falamos de soberania, esta com toda a forma deve ser vista e
interpretada como influenciadora da soberania nos locais.

Mas, de que forma professor?

Lembra (de novo?) de quando falei em sala: para que haja um governo
perfeito o governante deve ser temente a Deus? Se o governante é temente a
Deus, sua forma de exercer soberania também seria com o temor divino e não
fazendo besteira (ao menos de forma presumida, né?).

Por isso: além de reconhecer que o Estado possui uma origem divina, a
divindade também se manifestará na soberania.

A segunda fonte é a absoluta. Aqui, remontamos aos contratualistas, mas


de maneira específica a “Hobbinho”, entrando aqui um outro parceiro: Jean
Bodin (Bodinho?). Estes sustentavam o seguinte: que a soberania do monarca
era originária.

Nesta ocasião a soberania do governante possuía as seguintes


características: ela era ilimitada, absoluta, perpétua e irresponsável. Ou seja: o
soberano no exercício da soberania do estado podia fazer tudo contra todos e
quem achasse ruim que se lasque!
Vamos agora à nossa terceira fonte: soberania nacional. Aqui entra nosso
amigo “Jonne”. Lembram que liberalismo é a não intervenção do estado na
vida das pessoas e uma forma de melhor eleger seus governantes?

Jonh Locke tinha esse pensamento e afirmava o seguinte: a soberania é


do povo e não do soberano. Esse tem o dever de representação e não de
comando. Neste caso “A coroa não pertence ao rei e sim o rei que pertence a coroa”.

Deixou o rei de ser dono para ser empregado deste “órgão


representativo”, que é a coroa, estando ali para melhor organizar e representar.

Sim, professor, e o governo do povo? Aí que entra em cena o parlamento:


foi tirado o poder do Rei e passado ao parlamento. Este detém o poder de
governar através de um dos seus representantes, como eu falei em outras aulas.

Bem, pessoas, esse foi nosso resumo sobre soberania daquilo que vimos
em sala de aula. Espero que tenha sido útil. Vou passar agora a u assunto de
nossa última aula: elementos do estado.

Neste segundo pedaço vou destrinchar alguns pontos os quais sempre


falamos em sala de aula, a questão de uma extensão etc. Certo?

Vamos lá!

IV - Acabou: elementos do estado visto de uma forma mais abrangente.

Pessoas, disse eu em sala de aula desde tempos mais remotos que o


estado é composto por três (ou quatro) elementos essenciais: povo, território,
governo (ou governo soberano) e soberania (para alguns).

No meu entender, os requisitos mínimos á formação do estado é a tríade


ou seja povo, território e governo.

Mas, não basta saber apenas que estes são os elementos essenciais:
precisamos desmembrar cada um deles, pois possuem desdobramentos. Isso é
importante: em determinados documentos sempre ouvirão falar: “Carta dirigida
ao povo brasileiro ou nação brasileira”; “o governo do estado de Pernambuco
implementou determinada decisão sobre um assunto X” ou ainda: “dentro do território
do município de Recife, houve intervenção federal”.

Esses são pequenos exemplos de como estas palavras podem ser


aplicadas, por isso precisamos entender melhor cada um destes elementos.

Vamos ao primeiro: Povo.


Povo é um termo genérico para designar pessoas. O estado é formando
essencialmente por pessoas humanas (pois há as jurídicas) na qual todos os
regramentos estatais são voltados a essas.

Mas, essas pessoas são especificadas em grupos, os quais alguns são


utilizados até hoje e outros não. Vamos ao primeiro deles, e na minha visão o
mais importante: nação.

Nação nada mais é que um desdobramento de povo, mas no sentido


sociológico. Como assim, professor? Vamos brincar de Jack Stripper e vamos por
partes. Mas, falando em Jack Stripper, achei este documentário bem interessante
sobre o indivíduo e se quiser assistirem vale a pena: (210) Documentário BBC:
Jack, o Estripador – o caso reaberto - YouTube.

Bem, quando fala da questão sociológica, digo o seguinte: é um conceito


dado pela sociologia, pois surge de “sociedades”. Lembram de nossa aula sobre
origem da sociedade? Lembram ainda que a maioria delas possuem costumes?

Geralmente, cada família possui costumes em seu lar. Se formos ampliar


isso, vamos para o aglomerado de diversas famílias vivendo em determinado
território. Mas, estas terão coisas em comum, como por exemplo: língua, traços
culturais, amor por cuscuz etc.

Uma nação é reconhecida não apenas por viver em um determinado


território, mas por haver coisas em comum. Exemplo mais comum: Judeus,
ciganos, orientais japoneses ou chineses. Em qualquer canto em que estiverem,
falarão as línguas ancestrais, terão a mesma cultura havendo assim um laço
psicológico-cultural.

Vamos ao segundo desdobramento: povo lato sensu ou população. Aqui


temos um conceito mais numérico: povo brasileiro é todo aquele que reside no
Brasil, mesmo que não tenha laços sociais conosco, como os estrangeiros
residentes ou domiciliados aqui.

Alguns altores remete a acepção de povo igual ao de nação, por isso


disse isto em sala e deixo aqui essa ressalva. Pois, como eu disse cada autor tem
uma visão sobre o assunto.

Vamos a o outro elemento o qual está caindo em desuso, mas é


importante lembrar: raça. Se formos em rigor, só existe uma única raça: a de
seres humanos. Para conceituar raça, não se admite mais no direito moderno
concepção de local, origem, cor de pele, ideologia religiosa. Isso pode ser
colocado dentro do conceito de nação, como essencial de uma cultura, mas nada
permite haver uma acepção ou inferiorização de pessoas por serem de culturas
diferentes.

Isso surgiu muito em dois aspectos, o primeiro deles foi com a Primeira
Guerra Mundial a qual foi essencialmente uma briga de reinos que levaram a
Europa a primeira decadência.

A segunda e mais mortal fora a Segunda Guerra Mundial a qual teve bases
puramente racistas, especial de perseguição de outras “raças inferiores” à
criação de um Estado Alemão puro.

Isso levou a criação da Organização das Nações Unidas e a tratados


internacionais os quais vedam aos países concordantes a evitarem e
combaterem práticas racistas.

Mas, em nossa matérias, quando falamos de raça esta se liga pelo


seguinte: origem de lugar, características de fenótipos como cor da pele,
tamanho, cor de cabelo, origem territorial ascendência, etc.

Como disse: raça está cada vez mais em desuso, sendo inserido estes
conceitos atualmente na questão de nação, pois se pode pertencer
simultaneamente a várias nações diferentes, como ser brasileiro e americano
por ascendência dos pais ou nacionalização.

Finalizando este conceito de povo, vamos ao segundo elemento essencial


do estado: território. Este não é só a porção de terra, mas sim existem mais coisas
além disso.

Constitucionalmente, há uma proteção em vários espaços os quais são


considerados como territórios do estado: o espaço terrestre, o espaço marítimo e
o espaço aéreo.

Ou seja: não é só a terra que é defendida, mas tudo em volta dela e


embaixo dela também.

Como assim, professor? Lembras que temos três divisões de defesa?


Exército, Marinha e Aeronáutica? Pois é, estas possuem a missão de defender cada
um destes espaços contra invasões de estrangeiros, pois adentrar um destes
tipos de territórios sem haver a devida autorização é invasão da soberania
territorial.

Aqui entra por exemplo a questão territorial: por tratados internacionais,


no espaço de cento e cinquenta quilômetros ao longo das fronteiras com outro
país, seria o que chamamos de território ou terreno do exército.
Outro exemplo é o mar territorial ou seja: a faixa de água que é protegida
após a praia. Esta constitui no geral de duzentas milhas da costa conforme
dispões a Lei 8.617/93.

Trago aqui um pequeno artigo sobre o assunto: O samba do mar


territorial brasileiro de 200 milhas - Poder Naval .

Bem, neste pedaço de água, tudo o que está ali dentro seja de bioma ou
recursos naturais pertencem ao Brasil e qualquer tipo de dano ou coisa do tipo
interfere na soberania estatal.

O Brasil poder: explorar riquezas, cobrar impostos, vetar que determinas


embarcações entrem em nosso território. Tudo isso em cima de um único
elemento nosso: o território.

Quando falamos do território do ar ou no seu nome mais técnico do


espaço aéreo, este vai ser bem mais extenso do que o marítimo. Mas, por qual
razão, professor? Aviões são muito mais rápidos do que navios, e mais difíceis
de serem interceptados.

Sobre o espaço aéreo, dá uma olhadinha nesse artigo aqui publicado pela
União: DECEA » Quem Somos » Espaço Aéreo Brasileiro .

Bem, resta agora o último dos moicanos, que é o último elemento: o


governo.

Governo nada mais é do que uma “delegação da soberania”. Não basta


ser soberano, temos de fazer a coisa acontecer, e isso exige gente trabalhando.
Soberania é uma questão fictícia a qual é realizada por governantes de que
forma seja, como nos presidencialismos, parlamentarismos.

Ser soberano gera necessidades de infraestrutura, realização de projetos,


gerenciamento de pessoas de bens e coisas. Isso tudo é feito pelo governo, na
esfera dos três poderes, mas sendo mais evidente no Poder Executivo.

Vamos agora ao nosso terceiro e último elemento: governo.

Professor, em diversos momentos o senhor falou de governo ou de


governo soberano assim como soberania de forma independente. Mas, por quê?

Bem, alguns autores entendem que deve existir um governo soberano ou


seja: um governo que possa atuar de forma independente e livre dentro dos
limites constitucionais impostos sobre os governantes.

Eu, particularmente, não vejo a diferença entre a questão de ser “governo


ou governo soberano”, alguns citam a questão do parlamentarismo, onde se
assim o fosse nenhum país parlamentarista seria um país soberano também.
Pois, chefe de governo e estado não estão na mesma pessoa, o que seria
diferente do Brasil onde ambas as funções estão no presidente.

Por isso, quando remontarmos sempre a governo que seja entendido


como governo soberano exercido dentro daquele território.

Mas, qual a importância de saber sobre soberania e sobre uma aula


específica para isso. Simples: o governo nada mais é do que uma parcela da
soberania delegada a um indivíduo ou a vários para que possa fazer a máquina
estatal funcionar.

Explico: não basta dizer que tem soberania, essa deve ser exercida dentro
e fora. Como o estado não possui mãos ou pés para fazer tudo isso, estas devem
ser feitas por meio de pessoas. Portanto, a estas pessoas é dado parte da
soberania estatal para que possam exercer sua função.

Exemplo: tomar decisões políticas ou ainda representar o país em outros


locais. Isso só pode ser feito por chefe de estado e governo, mesmo que não
estejam na mesma pessoa.

Governar nada mais é do que organizar e para isso é necessário exercer


um pouco de soberania sobre a questão, para que todos obedeçam. Geralmente,
esta soberania é exercida através do direito manifestado em leis ou outros atos
normativos impostos pelo estado.

Certo, pessoas?

Entendido até aqui?

Bem, assim me despeço de vocês e peço que estudem para nossa prova
na outra semana.

Juízo a todos.

Bjs de luz!

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