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Psicologia Organizacional
Psicologia Organizacional
Organizacional
Indaial – 2021
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Simone Kelli Cassiano
Prof.ª Taciana Lucas de Afonseca Salles
C345p
ISBN 978-65-5663-820-1
ISBN Digital 978-65-5663-821-8
CDD 158
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Psicologia Organizacional, o
subcampo da psicologia que busca aplicar os conhecimentos e técnicas dessa ciência
aos contextos de trabalho e às mais diversas organizações.
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dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
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para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
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LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 118
UNIDADE 3 — VÍNCULOS DO INDIVÍDUO COM O TRABALHO E COM A ORGANIZAÇÃO:
PERSPECTIVAS DE ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE RH, PROGRAMAS DE
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.................................................................................... 121
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................178
UNIDADE 1 -
TRABALHO E EDUCAÇÃO:
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
ORGANIZACIONAL E DO
TRABALHO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO E A
ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Ao longo deste tópico, abordaremos a psicologia organizacional e sua relação
com o mundo do trabalho e das instituições, a partir de uma perspectiva histórica que
nos permita entender diferentes concepções de homem associadas às intervenções
propostas para ampliar a eficiência do profissional nos contextos industriais.
Isso ocorre porque, de uma forma geral, o trabalho pode ser definido como
uma atividade essencialmente humana. Ele faz parte de nossa condição e consiste em
uma das formas de nos expressarmos, interagirmos com nosso ambiente, produzir e
encontrar meios de satisfazer nossas necessidades de sobrevivência.
3
Para Malvezzi (2004, p. 13), “o trabalho é uma prática transformadora da realidade
que viabiliza a sobrevivência e a realização do ser humano”.
Essas duas definições, como tantas outras acepções que podemos encontrar
relacionadas ao conceito de trabalho, destacam o caráter essencialmente humano
dessa atividade que nos permite produzir, realizar, criar. Contudo, nem sempre foi assim.
NOTA
A origem da palavra trabalho vem do latim, tripalium. Antigamente, esse
termo era usado para designar um instrumento de tortura utilizado
pelos romanos (YAMAMOTO, 2015).
De acordo com Cabral (1999), para os gregos, o trabalho braçal esteve associado
ao conceito de ponos, ou seja, pena, fadiga, cansaço, e de baunasia, ou seja, trabalho
mecânico. Por outro lado, também admitiam que o exercício intelectual poderia ser
fonte de realização, conforme expresso pelo conceito grego de ergon.
4
FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DE TRABALHO MANUAL
5
Mais do que uma discussão polarizada entre os sentidos positivos e negativos
do trabalho – será o trabalho bom ou mau? – as discussões atuais nos convidam a
refletir sobre as várias possibilidades de se relacionar com esse ofício. Sob o ponto de
vista da psicologia, o trabalho é uma atividade constituinte de nossa identidade.
Por esse motivo, a reflexão sobre os sentidos plurais do trabalho não pode ser
realizada de forma descontextualizada. Além de atentar para o contexto histórico, político
e socioeconômico, também é necessário resgatar qual o significado dele atribuído pelo
sujeito que o executa, quais valores permeiam a atividade laboral e a relação do homem
com o ofício e, não menos importante, como essas experiências moldam diferentes
subjetividades.
Nesse contexto, há uma relação social de produção que está atrelada ao que
Antunes (1999) denominou como sistema de metabolismo do capital, no qual
o sentido – ou os sentidos – do trabalho deixam de lado a essência humana dessa
atividade como característica primordial, à medida que passa a ser compreendido a
partir da relação produtiva e do acúmulo de capital possibilitado pelas diferentes
categorias da ocupação profissional.
CATEGORIA DEFINIÇÃO
Trabalho concreto corresponde ao
esforço despendido que produz valor
e tem caráter qualitativo, enquanto
Trabalho concreto x trabalho abstrato o trabalho abstrato se refere à
capacidade humana de produção e
ao esforço vistos como mercadoria no
sistema de produção capitalista.
Trabalho morto está associado ao
capital constante e aos meios de
produção no sistema capitalista,
Trabalho vivo x trabalho morto
enquanto o trabalho vivo faz referência
à força de trabalho e está associado ao
capital variável.
6
Trabalho simples é aquele caracterizado
pelo dispêndio da força de trabalho e que
não exige qualquer tipo de qualificação
Trabalho simples x trabalho complexo
diferenciada. Em contrapartida, trabalho
complexo é aquele que demanda
conhecimento especializado para ser
realizado.
FONTE: A autora
7
Esse olhar diferenciado vai além de apenas pensar a adaptação do homem
ao trabalho. O psicólogo organizacional, como agente de transformação, traz em sua
bagagem técnica teórico-metodológica e as ferramentas necessárias para que seja
possível adaptar o ofício ao homem, fazendo, assim, um importante movimento em prol
da valorização do ser humano no contexto organizacional e de seu protagonismo nas
relações de trabalho.
8
QUADRO 2 – TEORIAS DE ADMINISTRAÇÃO
FONTE: A autora
9
FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DE TRABALHADORES EM ORGANIZAÇÕES
• o uso de métodos científicos para determinar como as tarefas deveriam ser executadas;
• a atenção ao processo seletivo para identificação da pessoa adequada ao cargo;
• a necessidade de treinamento para a adequada forma de se executar o trabalho;
• a supervisão como atividade essencial para monitorar o desempenho;
• a centralização da responsabilidade pelo trabalho na figura dos gerentes;
• e o planejamento e a distribuição das tarefas, gerenciando intervalos para evitar
interrupções desnecessárias.
10
FIGURA 4 – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA PROPOSTA PELO TAYLORISMO
FONTE: A autora
Uma vez que o método científico definido para cada elemento da função de
cada um fosse seguido, esse colaborador apresentaria um rendimento compatível com
o esperado, sendo, portanto, eficiente em seu posto.
11
Nessa proposta de gestão de pessoas e do sistema de produção, há um
investimento em uma melhor forma de geração, na qual se substitui a experiência
prática adquirida pelo trabalhador por métodos científicos e pelos estudos de tempos e
movimentos, visando reduzir desperdícios ao eliminar movimentos desnecessários ou
lentos (BORGES; YAMAMOTO, 2004).
ATENÇÃO
Borges e Yamamoto (2004) esclarecem que, embora as propostas
oferecidas pelo taylorismo e pelo fordismo sejam paralelas, as
similaridades entre esses modelos de gestão e o período no qual tiveram
seu auge contribuíram para que, em uma perspectiva didática, sejam
considerados como um fenômeno complementar, o que deu origem ao
termo taylorismo-fordismo.
12
FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DE LINHA DE MONTAGEM NAS ORGANIZAÇÕES
De acordo com Coriat (1994), a experiência da indústria têxtil foi uma das
inspirações para o desenvolvimento do toyotismo, cuja ênfase estava em ampliar
o rendimento do trabalho vivo, por meio da produção com estoque reduzido e em
menor tempo. Trata-se de uma perspectiva flexível do sistema de negócio. Assim, é
no toyotismo que se introduz a metodologia Just in Time. Para Guimarães e Falsarella
(2008, p. 131-132), o Just in Time:
[...] pode ser descrito como sendo uma metodologia que está
constantemente buscando a integração da organização, através do
processo mais simples para permitir que o processo de mudança,
direcionado pelas necessidades da sociedade, seja atendido com
maior rapidez e sem desperdício.
13
O advento do toyotismo traz consigo uma nova perspectiva da relação do
trabalhador com a organização, o que incidiu sobre o contrato psicológico estabelecido,
à medida que se fomentavam expectativas de uma relação duradoura. Segundo Ribeiro
(2015, p. 74), “a admissão do trabalhador não é realizada para um posto de trabalho, mas
para a empresa, num determinado cargo, ao qual corresponde um salário”.
DICA
Interessado em saber mais sobre o toyotismo e sua aplicação nos contextos
de trabalho? Pode-se aprender um pouco mais de seus princípios e vantagens
lendo o artigo de Guimarães e Falsarella (2008), que aborda a importância da
informação para o êxito dos princípios do toyotismo.
14
Como essas diferentes perspectivas influenciam o trabalho tal como é
desenvolvido hoje? Seria bom se pudéssemos argumentar que o taylorismo e o fordismo
tivessem sido plenamente superados, abandonando suas lógicas de rigoroso controle
sobre a ação humana e o esvaziamento do sentido das tarefas do emprego. Infelizmente,
contudo, muitas realidades de trabalho coexistem no cenário brasileiro.
Ainda assim, a tendência das organizações é, cada vez mais, primar pelo ser
humano como elemento central para a sobrevivência organizacional e para a ampliação
da vantagem competitiva frente às organizações concorrentes. Essa valorização do
indivíduo, embora bem-vinda, traz consigo desafios. Para Nardi (2015, p. 635):
15
Nos contextos tecnológicos das startups, predomina o uso de expressões como
flexibilidade, gestão ágil, foco em resultados, desempenho colaborativo entre outros
conceitos emergentes para se pensar as relações estabelecidas no contexto laboral. Há
de se considerar, todavia, que para muitas empresas, ainda há um distanciamento entre
o discurso e a prática.
16
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
17
AUTOATIVIDADE
1 As formas como a organização do trabalho têm sido pensadas e formuladas mudou
ao longo do tempo, sendo o taylorismo, o fordismo e o toyotismo reconhecidos como
os principais sistemas que impactam as organizações. Com base nas características
dessas formas de organização do trabalho, analise as sentenças a seguir:
18
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I – III – II.
b) ( ) III – I – II.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – II – I.
3 As teorias de administração podem ser vistas como diferentes escolas que refletem
a tradição de produção de conhecimento científico sobre o comportamento
organizacional e a forma como as instituições se configuraram ao longo do tempo.
Conhecer as propostas teóricas e as diferentes concepções de homem associadas
a essas teorias é relevante para o trabalho do psicólogo organizacional. Sobre o
exposto, assinale a alternativa CORRETA:
19
20
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA
ORGANIZACIONAL E SEU OBJETO
DE ESTUDO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico iremos abordar a psicologia aplicada aos contextos de trabalho
e às organizações. Embora a prática clínica ainda esteja relacionada à representação
social da profissão, a psicologia organizacional também tem se destacado, ao longo do
tempo, como um campo de atuação promissor. Assim, veremos quais as possibilidades
de atuação desse profissional, considerando as atividades tradicionais, as práticas
inovadoras e os diferentes níveis de atuação.
21
Desde então, sua aplicação vem crescendo, considerando diversas possibilidades
de atividades que visam, entre outros objetivos, fortalecer o caráter científico dos
modelos de gestão e o aprimoramento das formas de controle dos processos produtivos,
a partir de uma perspectiva holística do ser humano em sua relação com os meios de
produção e com o trabalho.
IMPORTANTE
A psicologia aplicada aos contextos de trabalho e às
organizações pode admitir diferentes nomenclaturas e
definições. Podemos falar em psicologia industrial, psicologia
organizacional e psicologia do trabalho. O Conselho Federal
de Psicologia (CFP) utiliza, no Brasil, a nomenclatura Psicologia
Organizacional e do Trabalho (POT), reconhecida como uma
área de especialização do psicólogo.
22
Embora ainda seja um desafio diferenciar cada uma dessas áreas de atuação,
devido à forma como se articulam e se desdobram na prática cotidiana, essas subdivisões
são reconhecidas e estão mais atreladas a uma visão didática. Assim, um psicólogo
do trabalho e um organizacional, em suma, podem ter um conjunto de atividades em
comum, mas também algumas tarefas que diferenciem suas atuações.
FONTE: A autora
A psicologia do trabalho possui maior ênfase nas relações que o ser humano
estabelece com o seu ofício, em suas diferentes formas de execução e nas diversas
modalidades contratuais. Assim, são consideradas as atividades de trabalho informal, e
não apenas os empregos formalizados por meio de um contrato com uma organização
específica. Para Zanelli e Bastos (2004), é o subcampo que se dedica a estudar, analisar,
compreender e intervir nos processos psicossociais. Também há grande atenção para
questões relativas à saúde do trabalhador e à qualidade de vida na ocupação.
23
FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DE TRABALHADOR DO RAMO DA CONSTRUÇÃO
FONTE: <http://galeria.dtcom.com.br/picture.php?/3030/tags/6122-trabalhador_de_construcao>.
Acesso em: 12 ago. 2021.
A psicologia organizacional, por sua vez, tem seu foco na relação de trabalho
que ocorre em um dado contexto. Assim, se dedica a conhecer, analisar e intervir no
comportamento humano que ocorre na instituição. Ao se debruçar sobre os fenômenos
organizacionais, esse subcampo de aplicação da psicologia leva em conta as variáveis
que afetam o comportamento organizacional em todas as suas dimensões: micro, meso
e macro-organizacionais.
FONTE: A autora
Por fim, a gestão de pessoas se caracteriza pelo enfoque dado à ação humana
e à organização, a partir do conjunto de políticas e práticas que são desenvolvidas para
captar, reter e desenvolver os indivíduos nas organizações.
24
Conforme já apontado, esses subcampos interagem e se articulam ao longo
do exercício profissional. Logo, mais do que uma visão concorrente, esses subcampos
adotam perspectivas complementares que favorecem o diálogo plural sobre a relação
do sujeito com o fazer humano, nos mais diferentes contextos.
25
• realizar, em equipe multiprofissional, estudos/pesquisas com vistas
à produção de conhecimentos e tecnologias relativas à psicologia
organizacional, bem como ao planejamento ambiental, elaboração
e definição de políticas de RH nas organizações;
• desenvolver, em equipe multiprofissional, ações relativas à
avaliação, aperfeiçoamento, reciclagem profissional, bem como à
formação de mão-de-obra para integrar o quadro da organização;
• desenvolver ações, em equipe multiprofissional, que permitam a
adequada alocação e controle da vida funcional do trabalhador;
• definir e implementar, em equipe multiprofissional, programas que
visem à saúde, proteção, valorização e satisfação do trabalhador,
bem como facilitem o seu acesso e de seus dependentes a bens e
serviços básicos.
26
FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DO TRABALHO MULTIPROFISSIONAL.
FONTE: <http://galeria.dtcom.com.br/picture.php?/2348/tags/5993-negocios_financas_e_industria>.
Acesso em: 12 ago. 2021.
Assim, várias das atividades que são desenvolvidas pelo psicólogo, sobretudo
no âmbito das organizações, não se configuram como uma tarefa privativa. De fato, esse
campo tem se mostrado cada vez mais articulado, multiprofissional e interdisciplinar, o que
significa que o êxito na profissão também vem acompanhado de vários desafios, dentre
os quais se encontra construir essa identidade profissional. Destaca-se que o parágrafo
segundo do Art. 13º, da Lei nº 4.119/1962, estabelece que “é da competência do Psicólogo a
colaboração em assuntos psicológicos ligados a outras ciências” (BRASIL, 1962).
27
De acordo com Zanelli e Bastos (2004), as diversas atividades possíveis de serem
desempenhadas pelo psicólogo organizacional variam tanto nas suas características,
quanto em relação ao nível de intervenção possível. Para esses autores, as obrigações
podem se restringir ao campo técnico/procedimental, englobar o nível tático e
estratégico ou, ainda, avançar para o nível político, conforme indicado no Quadro 3.
FONTE: A autora
28
FIGURA 11 – REPRESENTAÇÃO DE ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
FONTE: <http://galeria.dtcom.com.br/picture.php?/2395/tags/6094-estrategia_de_negocio>.
Acesso em: 12 ago. 2021.
29
FIGURA 12 - CATEGORIAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL.
FONTE: A autora
30
As condições de trabalho e higiene do trabalho envolve as atividades
voltadas aos aspectos ergonômicos, programas de bem-estar, manejo de estresse e
promoção de saúde, entre outras.
31
FIGURA 13 - REPRESENTAÇÃO DA DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES
FONTE: <http://galeria.dtcom.com.br/picture.php?/2519/tags/5993-negocios_financas_e_industria>.
Acesso em: 12 ago. 2021.
DICA
Os desafios em se fomentar uma liderança inclusiva e uma possível
resposta por meio de treinamento são foco do artigo elaborado por
Rodolfo et al. (2021). Tem interesse em saber mais desse assunto?
Confira esse trabalho, disponível em: https://bit.ly/3upxsnx.
32
FIGURA 14 - REPRESENTAÇÃO DE DIVERSIDADE NO PROCESSO SELETIVO
Uma tendência cada vez mais presente nas instituições e que impactam
diretamente nas atividades do psicólogo organizacional consiste na utilização de
sistemas informatizados para gestão de dados relacionados aos recursos humanos.
Conhecida como people analytics, essa prática tem ganhado espaço nas empresas e
trazido desafios aos psicólogos que atuam nas organizações de trabalho.
33
De acordo com Mauro e Borges-Andrade (2020), sistemas informatizados
de administração de recursos humanos baseiam-se na extensiva coleta e análise de
dados aplicadas à gestão de pessoas. Ao trabalhar com uma ampla base de dados, esse
modelo permite a agregação de dados e análises mais complexas, que favorecem um
avanço na capacidade analítica da organização, passando de um nível descritivo para
uma análise de tendências.
Os desafios vivenciados nas organizações não se limitam aos que foram aqui
expostos. Pelo contrário, englobam muitas facetas diversas que, não raramente,
dialogam com a psicologia organizacional na busca de soluções corporativas
eficientes. Por isso, uma tendência para a expansão da profissão está relacionada à
sua capacidade de atuar de forma articulada à estratégia de negócios da organização,
trazendo para as políticas e práticas organizações a perspectiva dos possíveis impactos
psicológicos e sociais que precisam ser adequadamente identificados e gerenciados
(CONFORTO, 2019).
34
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
35
AUTOATIVIDADE
1 A aplicação da psicologia no âmbito das organizações e das relações de trabalho
admite subdivisões ou subcampos que se caracterizam por diferentes enfoques.
Sobre esses subcampos, associe os itens utilizando o código a seguir:
I- Psicologia Organizacional.
II- Psicologia do Trabalho.
III- Gestão de Pessoas.
O treinamento de pessoas.
A gestão de desempenho.
O diagnóstico psicológico.
A orientação pedagógica.
36
a) ( ) Atuação em equipe multiprofissional para desenvolvimento de estudos e
pesquisas; para avaliação, aperfeiçoamento e reciclagem profissional; para
alocação e controle da vida funcional do trabalhador; e para definição e
implementação de programas que visem à saúde, proteção, valorização e
satisfação do trabalhador.
b) ( ) Atuação individual para desenvolvimento de estudos e pesquisas; para
avaliação, aperfeiçoamento e reciclagem profissional; complementada pela
atuação em equipe multiprofissional para alocação e controle da vida funcional
do trabalhador; e para definição e implementação de programas que visem à
saúde, proteção, valorização e satisfação do trabalhador.
c) ( ) Atuação em equipe multiprofissional para desenvolvimento de estudos
e pesquisas; para avaliação, aperfeiçoamento e reciclagem profissional;
complementada pela atuação individual para alocação e controle da vida
funcional do trabalhador; e para definição e implementação de programas que
visem à saúde, proteção, valorização e satisfação do trabalhador.
d) ( ) Atuação individual para desenvolvimento de estudos e pesquisas; para avaliação,
aperfeiçoamento e reciclagem profissional; para alocação e controle da vida
funcional do trabalhador; e para definição e implementação de programas que
visem à saúde, proteção, valorização e satisfação do trabalhador.
37
38
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
ORGANIZACIONAL NA GESTÃO DE PESSOAS
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos abordar quais os benefícios alcançados a partir das
contribuições da psicologia para as organizações e, por fim, como a psicologia
organizacional lida com os desafios associados a um posicionamento ético, crítico e, ao
mesmo tempo, passível de flexibilidade e inovação nos mais diversos contextos laborais.
Para tanto, iremos ver os principais movimentos que incidiram sobre a psicologia
organizacional, possibilitando à área o seu reconhecimento como uma parceria
estratégica para a consecução dos objetivos organizacionais.
39
FIGURA 16 – MOVIMENTOS INOVADORES NA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
FONTE: A autora
40
As transições vividas pelas empresas têm levado a uma atenção
especial ao fenômeno cultural e às necessárias transformações dos
padrões e pressupostos que definem a cultura organizacional. Essa
atenção coloca o desafio de ações voltadas para a socialização e
integração, para a regulação de conflitos e para a preparação de novos
padrões de ação gerencial necessários, visando os novos modelos
de organização do trabalho e de estruturação das organizações
(ZANELLI, BASTOS, 2004, p. 481).
DICA
Já conhece o modelo Business Partner? Se estiver interessado em
saber um pouco mais sobre como o psicólogo organizacional pode
se valer dessa proposta e atuar de forma estratégica na área de
recursos humanos, a leitura do e-book de Conforto (2019) pode ser
um bom passo inicial.
41
É possível afirmar que, cada vez mais, essa área é demandada a atuar de forma
estratégica, com ações mais articuladas. “A Gestão Estratégica de Recursos Humanos
visa a otimização dos resultados finais da empresa e da qualidade dos talentos que a
compõem” (MARRAS apud CONFORTO, 2019, p. 11).
A falta de incentivo à prática da pesquisa também foi sinalizada como uma falha
na formação profissional, conforme indicado por Azevedo e Bolomé (2001). Segundo a
crítica realizada por esses autores, a pesquisa deveria ser mais explorada nos cursos de
graduação como “um recurso para aprender a aprender, aprender a pensar e aprender
a conhecer, aptidões importantes para um bom exercício profissional” (AZEVEDO;
BOLOMÉ, 2001, p. 183).
DICA
Interessado em conhecer a perspectiva de psicólogos organizacionais
na década de 1980? Conheça a pesquisa desenvolvida por Borges-
Andrade (1988) e verifique quais os desafios, limitações e possibilidades
que esses profissionais vislumbravam à época. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pcp/a/ZNJSbLG9BfdSvD3R35HFqSQ/?lang=pt.
43
Atualmente, quais os problemas que persistem e quais novos desafios surgiram?
Para Borges-Andrade e Sampaio (2019), o cenário atual de instabilidade e mudanças
recorrentes tem gerado uma ampla demanda para aprendizagem contínua, a fim de que
as pessoas e as organizações possam a se adaptar com a velocidade que o mercado
de trabalho tem exigido. Para esses autores, volatilidade, incerteza, complexidade,
ambuiguidade são elementos presentes no mundo multilateral em que as organizações
surgem e buscam se manter.
FONTE: A autora
Ao identificar que essa falha não era do conhecimento de boa parte da equipe,
foi solicitado ao psicólogo organizacional que elaborasse um treinamento de reciclagem
dos protocolos de segurança. Nesse exemplo, podemos observar a volatilidade
presente no dia a dia do psicólogo organizacional.
44
Devido a uma mudança de regulamentação trabalhista, o psicólogo
organizacional foi convocado para atuar nas tratativas junto ao sindicato e outras
organizações do setor. O objetivo era que pudesse chegar a um acordo mútuo entre as
partes, a fim de ajustar as práticas organizacionais às novas demandas da legislação.
Nesse exemplo, podemos observar a incerteza e a complexidade presente no dia a
dia do psicólogo organizacional.
45
3 A OBJETIVIDADE, A SUBJETIVIDADE E ÉTICA NO
PAPEL DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL
A Lei nº 4119/1962, que regulamenta o exercício profissional da psicologia, define
de forma sucinta quais são as funções privativas desse profissional.
DICA
Acesse e leia o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-
psicologia.pdf.
46
Logo, o psicólogo organizacional deve se comprometer com a promoção
de condições favoráveis ao desenvolvimento e emancipação humana no trabalho,
posicionando-se contrariamente a quaisquer práticas exploratórias que sejam
degradantes ou que desrespeitem os direitos humanos.
47
De acordo com o terceiro princípio defendido pelo CFP (2005, p. 7), “O psicólogo
atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade
política, econômica, social e cultural”.
48
Dado que o psicólogo organizacional participa da dinâmica de poder das
organizações, também possui condições para favorecer o acesso ao conhecimento e às
condições favoráveis no ambiente de trabalho.
49
Questões mais objetivas relacionadas ao comprometimento ético do psicólogo
com sua atuação são devidamente endereçadas pelo Código de Ética Profissional do
Psicólogo (CFP, 2005). Porém, há nuances da atuação do psicólogo organizacional que
podem ser difíceis de explicitar por meio de normas. Na concepção de Bastos, Yamamoto
e Rodrigues (2013, p. 48), “[...] não obstante a clareza dos conceitos de compromisso
social e ético seja fundamental, tal delimitação não é suficiente para solucionar o conflito
de um psicólogo diante de um dilema”.
Por isso, compete a esse profissional realizar uma análise crítica de suas
ações, das teorias que embasam sua atuação e dos impactos que sua prática
exercem na vida das pessoas e na produção de subjetividades e subjetivações. Na
concepção de Nardi (2015), a subjetividade no trabalho se configura como um tema
central para o psicólogo organizacional e do trabalho, visto que é por meio do trabalho
que construímos nossa identidade, nos inserimos socialmente e descobrimos nossas
possibilidades de transformação.
50
LEITURA
COMPLEMENTAR
CAPACITISMO E GESTÃO DA DIVERSIDADE: REFLETINDO SOBRE O PAPEL DA
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
Por exemplo, é esperado que se enxergue com os olhos. Caso a pessoa enxergue
o mundo com a audição, o tato e o olfato, ela é considerada incapaz, o que também
acontece com todas as deficiências. A associação feita habitualmente é da deficiência
com incapacidade; no lugar da deficiência com diferenças funcionais, com modos de
ser, estar e fazer distintos do considerado típico.
51
Essa compreensão tem um desdobramento bastante prático na gestão da
diversidade: a admissão de formas distintas de realizar uma mesma ação. Podemos
analisar a qualidade de um tecido usando uma lupa e vendo os defeitos, ou podemos
analisá-lo com o tato. Podemos ler a tela do computador com os olhos ou podemos lê-
la com a audição, ouvindo o texto por meio de um software de voz. Todas as atividades
podem ser realizadas de outras maneiras, desde que admitamos que o outro é capaz de
nos mostrar possibilidades que desconhecemos.
52
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
53
AUTOATIVIDADE
1 Ao atuar no âmbito do trabalho e das organizações, o psicólogo deve estar
devidamente comprometido com os preceitos éticos defendidos pela psicologia.
Sobre esse assunto, analise as sentenças a seguir:
54
3 A psicologia aplicada ao contexto do trabalho e das organizações lida com diferentes
realidades e encontra desafios que lhe demanda um posicionamento marcado pela
ética e pelo compromisso social. Sobre a atuação do psicólogo organizacional, analise
as sentenças a seguir:
55
REFERÊNCIAS
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do
trabalho. Coimbra: Edições Almedina, 1999.
56
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Código de ética profissional do
psicólogo. Brasília, DF: CFP, 2005. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/
uploads/2012/07/codigo_etica1.pdf. Acesso em: 25 jul. 2021.
MALVEZZI, S. The history of training. In: KRAIGER, K.; PASSMOORE, J.; SANTOS, N. R.;
MALVEZZI, S. (org.). The Wiley Blackwell handbook of the psychology of training,
development, and performance improvement. Chichester, West Sussex: John
Wiley & Sons, 2015. p. 13-31.
57
NARDI, H. C. Subjetividade e trabalho. In: BORGES-ANDRADE, J. E.; BENDASSOLLI,
F. Dicionário de psicologia do trabalho e das organizações. São Paulo: Casa do
Psicólogo, p. 635-640, 2015.
RIBEIRO, A. F. Taylorismo, fordismo e toyotismo. Lutas Sociais, São Paulo, v.19 n. 35,
p.65-79, 2015.
THORGEN, S.; CAIMAN, E. The Role of Psychological Safety in Implementing Agile Methods
across Cultures. Research Technology Management, v. 62, n. 2, p. 31-39, 2019.
58
UNIDADE 2 —
TREINAMENTO E
DESENVOLVIMENTO DE
PESSOAS EM CONTEXTOS
ORGANIZACIONAIS: LIDERANÇA
E GESTÃO, DIMENSÃO POLÍTICA
DAS ORGANIZAÇÕES, O
MUNDO DO TRABALHO, SAÚDE
MENTAL E TRABALHO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
59
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
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60
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CAPTAÇÃO DE TALENTOS:
RECRUTAMENTO, SELEÇÃO E
ACOMPANHAMENTO DE PESSOAL
1 INTRODUÇÃO
Encontrar profissionais apropriados para o que a empresa precisa sempre
foi uma difícil tarefa da área de Gestão de Pessoas. Hoje, diante de um mercado
extremamente competitivo e dinâmico, em que as competências individuais e grupais
são grandes fatores de vantagem organizacional, parece ser quase uma missão
impossível. Nesse contexto, o profissional psicólogo se faz de suma importância pois
possui conhecimento e habilidades essenciais para reconhecer nos indivíduos o seu
potencial, analisar suas competências e predizer se esse ou aquele candidato será o
mais adequado para a empresa.
61
2 TIPOS E FONTES DE RECRUTAMENTO
A princípio, recrutar pessoas parece ser uma tarefa simples. Afinal, nossa
percepção geral é que existem muitos indivíduos disponíveis no mercado de trabalho
querendo e precisando encontrar um trabalho. Por isso, muitas empresas banalizam o
recrutamento e não investem devidamente nesta importante etapa do processo que
agrega colaboradores à organização.
O fato é que, sim, muitas pessoas se candidatarão, mas isso não quer dizer
que elas estarão dentro do perfil desejado. Quando a empresa não faz um bom
recrutamento, os profissionais de Recrutamento e Seleção (R&S) gastam várias horas
ou dias analisando e filtrando esses currículos até encontrarem uns quatro ou cinco que
realmente atendam aos requisitos.
62
2.1 RECRUTAMENTO INTERNO
Quando a empresa possui uma posição em aberto ela pode tanto buscar esse
profissional no mercado de trabalho, quanto internamente. Assim, uma das formas de
preencher suas vagas é fazendo o que chamamos de recrutamento interno, ou seja,
atraindo colaboradores interessados na oportunidade aberta, de modo que ao final do
processo essa pessoa ocupe um cargo em outro setor e/ou em um nível hierárquico
superior ao que estava. Entenda que, quando a pessoa muda de área, falamos que ela
foi transferida e quando ela muda de nível hierárquico, afirmamos que ela foi promovida.
Portanto, o colaborado selecionado pode tanto ser só promovido ou só transferido,
como também pode ser promovido e transferido ao mesmo tempo, isto é, pode mudar
de área/setor e ao mesmo tempo mudar de nível hierárquico (CHIAVENATO, 2014a).
FIGURA 1 – RECRUTAMENTO
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/we-hiring-open-vacancy-recruitment-
banner-1765732367>. Acesso em: 19 set. 2021.
63
2.1.1 Impactos do recrutamento interno
Buscar profissionais dentro da própria organização tem vantagens e
desvantagens. Dentre as vantagens pode-se citar (CHIAVENATO, 2014a):
Por isso, é preciso pensar muito bem nos aspectos da vaga que serão divulgados
para não gerar um montante desnecessário de currículos. No recrutamento externo
poderão ser utilizadas diversas técnicas (CHIAVENATO, 2014a):
64
• arquivos de candidatos: usar banco de dados de candidatos que se apresentaram
espontaneamente ou participaram de outros processos;
• indicação: consiste em pedir que os colaboradores recomendem um profissional de
sua confiança, sendo, portanto, um método de baixo custo, rápido e de alta eficiência;
• cartazes ou anúncios: consiste em elaborar um anúncio e colocar em locais de alta
circulação como próximo da organização, em portarias de prédios e lojas, pontos
de ônibus e trens. É indicado para cargos operacionais, sendo de baixo custo, mas
pouco eficaz no quesito rapidez;
• contatos com instituições de ensino: consiste em realizar palestras para fazer propaganda
e gerar uma boa imagem da empresa, mesmo que não haja vagas no momento;
• anúncios em jornais e revistas: é a elaboração de um anúncio que desperte o interesse
pelo cargo e atraia currículos afins. Têm sido substituídos pelos anúncios on-line;
• agências de recrutamento: consiste em buscar currículos em agências de emprego
públicas (secretaria do trabalho); associadas com organizações não lucrativas (centro
de integração empresa-escola) e as privadas (caça-talentos, recolocação). São mais
indicadas quando a empresa não quer aparecer, não tem um RH capacitado, precisa
de muitos candidatos ou busca por profissionais que estão trabalhando;
• recrutamento on-line: consiste em fazer o anúncio, a captação de currículos e a
triagem por meio da internet (mídias sociais, sites).
65
Do ponto de vista dos colaboradores o recrutamento externo é desvantajoso,
pois não valoriza suas competências, tirando deles a oportunidade de crescerem na
empresa. À longo prazo e com frequentes recrutamentos externos, as pessoas ficam
desmotivadas e deixam de investir no seu desenvolvimento e de se engajarem nos
objetivos organizacionais (CHIAVENATO, 2014b).
Por fim, podemos dizer que, para se escolher o tipo de recrutamento mais
adequado, é preciso considerar as diferentes particularidades de cada empresa
e de cada vaga, além de considerar as vantagens e desvantagens que cada tipo de
recrutamento gera.
66
A seleção consiste na filtragem, análise, classificação e escolha do candidato cujo
perfil se aproxima ou atende em sua maioria aos requisitos da vaga, ou seja, daqueles com
maiores probabilidades de desempenharem bem o cargo (CHIAVENATO, 2009).
Para que o processo seletivo atinja seus objetivos é importante garantir que
o selecionador obtenha informações sobre o cargo, as quais podem ser adquiridas de
cinco maneiras (CHIAVENATO, 2009):
FIGURA 2 – SELEÇÃO
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/unemployed-professional-business-people-
candidates-group-1536232283>. Acesso em: 19 set. 2021.
67
Entenda que o modelo tradicional está pautado numa visão limitada do ser
humano e de seu papel na organização, considerando que as pessoas são recursos
produtivos com habilidades e capacidades muito semelhantes e, portanto, são
facilmente substituíveis. Além disso, este modelo está atrelado a uma organização rígida
e burocrática, em que cargos e departamentos são base da estrutura organizacional.
FIGURA 3 – COMPETÊNCIAS
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/business-technology-internet-network-concept-
young-1867319320>. Acesso em: 19 set. 2021.
68
Muitas são as abordagens sobre competências, de modo que adotaremos aqui
a definição de Dutra (2017) que engloba a noção de entrega. Assim, competências são
um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, também conhecido como CHA,
que, quando devidamente articuladas, levam o profissional a ter um desempenho eficaz,
agregando valor à organização.
ATENÇÃO
Perceba que a busca por profissionais no mercado de trabalho envolverá
conhecer as competências organizacionais que a empresa quer ter para
então buscar as individuais que proporcionarão isso.
69
QUADRO 1 – DESCRIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Por fim, note que a seleção por competências permite eliminar as subjetividades
e avaliar de forma imparcial se o candidato possui ou não aqueles comportamentos.
70
FIGURA 4 – PROCESSO DE ANÁLISE PARA ESCOLHA DAS TÉCNICAS DE SELEÇÃO
Cultura
Padrões de
Atributos Atributos Atributos organizacional
desempenho
cognitivos psicomotores atitudinais e recursos
esperados
disponíveis
71
• testes de personalidade: servem para analisar traços de personalidade como
equilíbrio emocional, frustrações, interesses e motivações, sejam eles determinados
pelo caráter (adquirido) ou pelo temperamento (inato). Sua aplicação e interpretação
requerem a participação de um psicólogo;
• técnicas de simulação: consiste em utilizar dinâmicas de grupo para conhecer
a atuação das pessoas em grupo e/ou para ver seu comportamento diante de
certas situações.
NOTA
A capacidade é uma habilidade atual da pessoa para executar uma
atividade ou comportamento. Já a aptidão é uma predisposição inata
da pessoa para aprender e desenvolver certa habilidade, sendo um
prognóstico futuro do seu desenvolvimento.
Cabe destacar que, quando a empresa tem recursos para treinar e desenvolver
o candidato, os critérios seletivos devem ser capazes de avaliar e encontrar o candidato
que reúna os requisitos mínimos, porém, que tenha o maior potencial de ser treinado
em pouco tempo. Dessa forma, o processo de recrutamento e seleção (R&S) deve
estar sempre alinhado com os demais subsistemas de gestão de pessoas (GONDIM;
QUEIROGA, 2020).
Lembre-se sempre de que após tudo isso ainda há o exame médico, que é sim
uma etapa da seleção, pois, caso o candidato não seja aprovado nessa fase, ele não
poderá assumir a vaga, mesmo que esteja aprovado em todas as etapas anteriores.
72
5 ELABORAÇÃO DE PARECER PSICOLÓGICO
O parecer psicológico consiste em um documento baseado no resultado
indicativo ou conclusivo de uma avaliação, visando esclarecer algum aspecto psicológico
e auxiliar numa decisão (CFP, 2003).
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/geriatric-psychology-mental-therapy-old-
age-1433830370>. Acesso em: 19 set. 2021.
73
Por fim, todo o material utilizado na avaliação e o parecer devem ser guardados
por no mínimo cinco anos. Caso a empresa troque de profissional nesse tempo, o
material deve ser lacrado e entregue ao novo psicólogo.
74
Entenda que ter ética na seleção é benéfico não só para os candidatos, mas
para a empresa também, pois favorece uma boa imagem e aumenta sua reputação
e credibilidade no mercado de trabalho. Dessa forma, torna-se mais capaz de
atrair profissionais qualificados que procuram empresas éticas que valorizem seus
colaboradores.
Por fim, fica evidente que é essencial planejar todos os passos e escolher bem
o profissional que irá conduzir a seleção, buscando evitar injustiças e inadequações na
definição das técnicas e dos instrumentos de avaliação dos candidatos.
• história da empresa;
• missão, visão, valores e objetivos;
• estrutura organizacional e níveis hierárquicos;
• regras, normas, práticas e políticas;
• turnos de trabalho;
• benefícios, salário e formas de reconhecimento;
• segurança e qualidade de vida no trabalho;
• serviços de apoio;
• política e programa de carreira.
Perceba que é possível incluir todo tipo de informação que a empresa julgar
necessário que o novato saiba, a fim de que tenha dados suficientes para conhecer bem
a organização seu funcionamento e seus propósito, entendendo seu papel e passando
assim a contribuir com os objetivos estratégicos.
75
• reduzir a rotatividade;
• aumentar motivação;
• diminuir tempo de adaptação;
• melhorar a imagem da empresa;
• melhorar o clima organizacional.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/successful-business-team-arms-
office-127070438>. Acesso em: 19 set. 2021.
8 METODOLOGIA E INSTRUMENTOS DE
ACOMPANHAMENTO DE PESSOAL E ENTREVISTA
DE DESLIGAMENTO
Acompanhar e monitorar as pessoas é uma das funções mais importantes da
área de gestão de pessoas. Para tanto, utilizamos de alguns instrumentos aos quais
chamamos de indicadores, que nos revelam vários aspectos sobre os colaboradores.
76
Geralmente as empresas consideram normal um índice de absenteísmo entre
2% e 3,5% ao mês. Acima disso, é recomendado que se investigue as causas, pois a
empresa certamente tenderá a muitas perdas produtivas e gastos desnecessários
(CHIAVENATO, 2014a).
DICA
Leia o capítulo três do livro de Chiavenato (2014a), intitulado Planejamento
estratégico de gestão de pessoas, e o tópico denominado Fatores que
intervém no planejamento operacional de GP, para entender mais sobre
como calcular os índices de absenteísmo e rotatividade.
77
Existe uma forte tendência do colaborador em avaliar negativamente a empresa,
pois se ele estiver sendo demitido não gostará da decisão e, se estiver pedindo demissão,
é porque algo gerou insatisfação. De um jeito ou de outro a empresa precisa conhecer a
opinião dele para fazer os ajustes necessários.
• razões da demissão;
• reação do empregado;
• ambiente de trabalho;
• condições de trabalho, ou seja, recursos materiais, benefícios, remuneração;
• aspectos positivos e negativos da empresa;
• relações com colegas;
• perspectivas de trabalho futuras;
• treinamentos feitos;
• avaliação sobre o chefe;
• sugestões de melhoria;
• autoavaliação.
78
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
79
AUTOATIVIDADE
1 O recrutamento é o meio pelo qual a empresa comunica às pessoas que ela possui
vagas disponíveis. Atualmente, as organizações têm dado mais atenção para essa
etapa do processo de agregar pessoas, pois entendem que o não planejamento
dessa atividade pode trazer consequências indesejadas. Sobre as desvantagens do
não planejamento do recrutamento, assinale a alternativa CORRETA:
80
I- O processo de integração consiste em apresentar a pessoa à equipe de trabalho e
delinear suas atividades principais.
II- A empresa se beneficia da integração, pois ela diminui o tempo de ambientação e
faz com que o novato gere resultados o quanto antes.
III- Para as pessoas a integração é vantajosa, pois permite que elas conheçam os
objetivos da empresa e seu papel nesse contexto.
5 Realizar uma entrevista de seleção é considerado pela maioria como algo importante
e faz todo o sentido. Porém, fazer uma entrevista de desligamento ainda é visto como
algo que não faz sentido algum. Uma pessoa, quando sai de uma empresa, sendo
demitida ou pedindo sua demissão, em qualquer um dos casos a entrevista é de grande
importância. Explique quais os benefícios de se fazer a entrevista de desligamento.
81
82
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO
1 INTRODUÇÃO
Desde a Revolução Industrial o mundo vem passando por profundas mudanças,
inclusive em relação aos paradigmas e conceitos adotados pelas sociedades. Nesse
cenário, o conceito de treinamento e desenvolvimento vem se transformando, e a
tendência após o contexto da pandemia, iniciada em 2020, é que tais mudanças sejam
cada vez mais rápidas e profundas.
A ideia de que uma pessoa com formação tem a garantia de emprego bom, está
com os dias contados. O mercado não valoriza mais apenas uma formação de qualidade,
mas profissionais de qualidade que sejam capazes de agregar valor à organização por
meio do seu trabalho.
83
A validade do conhecimento passou a ter curta duração, ou seja, o conhecimento
passou a se tornar obsoleto muito rapidamente, de modo que as informações aprendidas
hoje, em poucos anos não seriam mais válidas. Isso ocorreu e ainda ocorre devido aos
avanços tecnológicos que permitem maior troca de informações entre os pesquisadores
e novas descobertas a todo instante.
Por fim, cabe lembrar que competência é algo que deve estar sempre em
desenvolvimento, o que significa que o processo de aprendizagem precisa e deve ser
contínuo, seja por iniciativa da empresa que quer manter seu pessoal competitivo, ou do
próprio profissional que quer manter sua empregabilidade alta.
84
Tais teorias abordam a aprendizagem na perspectiva do desenvolvimento
humano iniciado na infância e indo até o final da adolescência. Isso significa que se
trata do conceito da pedagogia, ciência que trata da educação de jovens, reunindo
métodos que garantam a transferência de informações e conhecimento aos alunos
(PEDAGOGIA, 2007).
• adultos gostam de saber o benefício do que irão aprender e em que irão aplicar;
• por serem independentes, adultos são tratados como indivíduos com autonomia e
capazes de fazer as próprias escolhas;
• as experiências anteriores são valorizadas e levadas em consideração para uso no
aprendizado;
• o conhecimento é voltado para ajudar a explorar novos horizontes e enfrentar desafios
no dia a dia;
• a aprendizagem é direcionada para resultados;
• a motivação para aprender é maior quando sabem que o ensino trará qualidade de
vida, crescimento profissional, entre outros.
85
• conhecer as expectativas: qual a intensão do aluno, os motivos que o levaram a
buscar o curso;
• ensinar pela experiência: incluir exemplos práticos, cases, vivências, dinâmicas e qualquer
outra metodologia ativa que permita que eles pesquisem e tragam informações;
• alinhar expectativas: dar informações básicas do processo e a importância de
participar e contribuir com o crescimento do grupo;
• mostrar aplicabilidade: deixar claro onde, como e quando vai utilizar aquele conceito,
ferramenta ou habilidade, mostrando utilidade;
• considerar a bagagem: garantir que os assuntos serão superficiais naquilo que eles já
sabem e profundos naquilo que querem (resolução de problemas), garanta espaços
para troca de informações e conhecimentos;
• mudar a avaliação: trocar notas e provas por uma declaração/resumo de
aprendizagem, palavra síntese, resolução de um case, apresentação de projeto, ou
ainda por uma autoavaliação.
86
FIGURA 7 – ETAPAS DO TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO
Diagnóstico das
necessidades de
treinamento
Avaliação dos
Desenho do programa de
resultados
treinamento para suprir as
objetivos após o
necessidades apontadas
treinamento
Implementação
do programa de
treinamento
87
Nesse sentido, Gil (2013) estabelece uma fórmula de necessidade de treinamento
ilustrada na Figura 8.
• entrevistas;
• questionários;
• discussões em grupo;
• observação direta;
• análise de documentos e relatórios;
• mapeamento de competências;
• pesquisa de clima;
• avaliação de desempenho.
Vários são os tipos ou modalidades de T&D que podem ser aplicados, dependendo
do objetivo que se quer atingir, dentre os quais podemos destacar:
88
• minicurso, que é teórico-prático, consiste em apresentar um tema, propondo que as
pessoas reflitam e desenvolvam uma atividade relacionada ao assunto;
• oficina, que é predominantemente prática, envolvendo a transformação de um
conhecimento em uma habilidade.
89
QUADRO 2 - PLANO DE ENSINO
FONTE: A autora
Vejamos cada item para entendermos melhor o que deverá conter neles.
90
A justificativa, por sua vez, reflete a importância do treinamento, isto é, a
definição dos impactos positivos que o programa trará para a empresa. Por exemplo,
se o objetivo de um treinamento é desenvolver maior empatia entre os participantes,
a importância ou justificativa desse programa está no fato de que ele permitirá que as
pessoas estabeleçam melhores relacionamentos interpessoais.
91
QUADRO 3 – CARACTERÍSTICAS DAS METODOLOGIAS
llustração prática de
DEMONSTRAÇÃO habilidades manuais ou Desenvolver habilidades físicas.
processos rotineiros.
Desenvolver sociabilidade,
Atividades grupais regidas por autodisciplina, afetividade,
JOGOS
critérios de perda e ganho. raciocínio lógico, tomada
de decisão etc.
92
• recursos visuais como quadro de giz ou magnético, cartaz, mapa, flip chart,
transparência, programa gráfico de computador, entre outros;
• recursos auditivos como rádio, CD, gravador e outros;
• recursos audiovisuais como cinema, televisão, DVD, projetor multimídia.
93
• a aprendizagem: verifica não só a aquisição de novos conhecimentos, mas o
aprimoramento de habilidades e atitudes. Pode ser feita durante o processo ou após
o término por meio de testes de múltipla escolha, certo ou errado, entre outros.
Questões abertas servem para avaliar a capacidade de síntese, organização das ideias.
Para avaliar as habilidades utiliza-se provas práticas. As atitudes são mais complexas
de serem avaliadas sendo melhor utilizar a observação direta, dramatização, escalas
de atitudes e auto relatórios;
• o comportamento no cargo: avalia-se o desempenho por meio do depoimento do
superior imediato, que deve ser preparado para dar um julgamento objetivo;
• os resultados: verifica a partir de indicadores se o treinamento gerou as mudanças
desejadas. Pode-se avaliar a mudança de comportamento; índice de absenteísmo,
de rotatividade, de acidentes, de vendas, entre outros.
• levante os custos: somando custos operacionais e das horas não trabalhadas dos
colaboradores em treinamento;
• selecione os indicadores: defina os resultados que vai medir, como: índice de vendas,
participação no mercado, nível de satisfação e engajamento;
• dê valor monetário aos resultados: apresente as vantagens financeiras. Por exemplo,
se um analista de marketing que produz semanalmente três entregas passar a
realizar quatro entregas, o resultado do treinamento será o aumento de 33% em
sua produtividade. Essa taxa deve ser usada para calcular o valor monetário do
treinamento com base no salário do colaborador;
• isole os efeitos: compare o desempenho de grupos que fizeram o treinamento com o
de grupos que não fizeram;
• aplique a fórmula do ROI: após mensurar os resultados aplique a fórmula ilustrada na
figura a seguir.
94
Assim, se a empresa gastou R$ 100 mil e teve um resultado de R$ 200 mil,
temos retorno sobre o investimento, que foi de duas vezes o valor aplicado, ou seja, para
cada R$ 1 gasto, a empresa obteve o retorno de R$ 2.
Até pouco tempo atrás falar em Educação à Distância (EAD) soava estranho
e nem todos eram capazes de compreender esse novo conceito de aprendizagem.
Atualmente, já é uma realidade de milhares de estudantes.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/smiling-girl-student-wear-wireless-
headphone-1492613150>. Acesso em 20 set. 2021.
95
Entretanto, há barreiras, pois existe ainda uma mentalidade muito conservadora
sobre a correta forma de se ensinar; nem todas as plataformas disponíveis no mercado
são de boa qualidade; o processo de implementação nas empresas é demorado e
complexo, requerendo uma estrutura adequada, input constante das informações e
mudança na cultura organizacional.
Quando uma empresa vai realizar seu planejamento estratégico ela segue
alguns passos, que estão ilustrados na Figura 11.
96
Entenda que a definição das estratégias segue um fluxo que vai de cima para
baixo, de modo que primeiro se faz a estratégia organizacional, depois a gestão de pessoas
elabora o seu planejamento estratégico e deste derivará o planejamento estratégico de
T&D, realizando os mesmos passos da elaboração da estratégia organizacional, porém
no âmbito departamental.
97
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Nas organizações a aprendizagem se faz mais efetiva por meio da andragogia, que é
a forma mais indicada para se ensinar adultos
• Os programas de treinamento devem ser bem planejados, seguindo etapas que vão
do levantamento de necessidades até a avaliação dos resultados e o retorno sobre
os investimentos.
• A educação à distância é uma prática que veio para ficar e está ampliando as
possibilidades de as pessoas manterem o aprendizado constante.
98
AUTOATIVIDADE
1 Tudo o que acontece à nossa volta, interfere em nossas vidas pessoais e profissionais.
Dessa forma, o contexto instável e turbulento em que vivemos vem acelerando
processos e rotinas, e exigindo excelência em nossas atuações. Ter uma boa formação
acadêmica não é mais garantia de sucesso profissional. Sobre o exposto, assinale a
alternativa CORRETA:
2 Há quem acredite que para se realizar treinamentos na empresa basta criar uma
programação e executar, mas não é bem assim, pois é preciso todo um planejamento
estruturado e composto por etapas que vão desde o diagnóstico até a avaliação do
programa. Acerca do exposto, analise as sentenças a seguir:
99
( ) Adultos aprendem mais quando percebem que o assunto é aplicável na sua rotina
pessoal e profissional.
( ) Na andragogia, o papel do aprendiz é de absorver passivamente os conhecimentos
e informações transmitidas.
( ) A construção do conhecimento na andragogia se faz pela participação e pela troca
de experiências entre os alunos.
5 A educação à distância já existe há algum tempo, porém, nunca foi tão utilizada como
nos últimos dez anos. Dentro das empresas, essa prática também tem se tornado
cada vez mais frequente, consistindo na utilização da tecnologia e da internet para
se realizar programas de treinamento e desenvolvimento. Cite e explique pelo menos
duas vantagens da educação à distância.
100
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
GERENCIAMENTO DO DESEMPENHO
1 INTRODUÇÃO
O sucesso de uma organização ou negócio requer o bom desempenho de
seus colaboradores, justificando assim a retenção de profissionais competentes e
motivados. Assim, é de suma importância que a empresa conheça o desempenho de
seus colaboradores, visando valorizá-los de forma justa e coerente.
101
3 CONCEITOS DE DESEMPENHO, PRODUTIVIDADE,
EFICIÊNCIA E EFICÁCIA
Ter bom desempenho é diferente de ser produtivo, que é diferente de ser eficiente,
que também é diferente de ser eficaz. Estes conceitos precisam ser devidamente
definidos para que não se confundam os aspectos que estão sendo avaliados.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businessman-holding-tablet-showing-growing-
virtual-1191697435>. Acesso em: 20 set. 2021.
Já o conceito de eficácia está atrelado ao que é certo fazer para que os objetivos
sejam alcançados. Portanto, uma pessoa pode ser eficaz, ou seja, fazer a coisa certa ou
o que precisa ser feito no trabalho, mas não ser eficiente ou não fazer com excelência.
102
O conceito de desempenho está atrelado, então, à uma certa performance,
consiste no “conjunto de características ou capacidades de comportamento ou
rendimento de uma pessoa, equipe ou organização” (CHIAVENATO, 2014b, p. 230).
Assim, é preciso ter cuidado ao se realizar uma avaliação de desempenho, para não
tornar esse processo algo desumano e frio, com resultados apenas depreciativos, pois caso
isso aconteça a empresa terá um colaborador desmotivado, desanimado, descomprometido
e desengajado. Os fatores que impactam negativamente na avaliação são:
103
5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E INSTRUMENTAL
Existem vários métodos utilizados para auxiliar o processo de avaliação de
desempenho, e cada qual possui suas vantagens e desvantagens. Existem os métodos
tradicionais e os modernos, dentre os quais abordaremos os mais conhecidos.
104
QUADRO 5 – BLOCO DESCRITIVO DE ESCOLHA FORÇADA
105
FIGURA 14 – MÉTODO DA PESQUISA DE CAMPO
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
106
• criar objetivos consensuais, líder e liderado formulam uma declaração dos resultados
que desejam alcançar;
• comprometer-se, o profissional deve aceitar os objetivos propostos;
• negociar recursos, escolher os recursos humanos, materiais, instrucionais
(treinamento e desenvolvimento) necessários;
• escolher desempenho, a pessoa define seus meios de alcançar os objetivos com
orientação do líder;
• monitorar resultados, acompanhar custos versus benefícios, resultados versus objetivos;
• dar feedback, retorno constante do líder para a pessoa saber como está se
desempenhando.
107
FIGURA 16 – AVALIAÇÃO 360 GRAUS
Para tanto, esse parâmetro precisa ter certas características para que seja
adequado e consiga realmente permitir uma “avaliação objetiva, imparcial, levando
em consideração todas as variáveis que contribuem direta e indiretamente para a
consecução dos objetivos propostos”, isto é, para que sirva de estímulo ao profissional,
que são (CARVALHO; NASCIMENTO, 2011, p. 244):
108
• ser atualizado, revisto e reprogramado segundo as mudanças, para a organização
continuar competitiva;
• ser mensurável, possível de ser medido em números (30% a mais de vendas), para os
aspectos objetivos ou em grau/nível (alto grau de motivação), para os aspetos subjetivos.
Por fim, tenha em mente que existem aspectos individuais que levam as pessoas
a terem desempenhos diferentes. Cada um tem uma carga genética, uma tendência
a certo temperamento, uma história de vida com estímulos, participação em grupos,
traumas e dramas específicos, que vão influenciar no seu desempenho.
• definir o foco: estabelecer o foco da avaliação, que pode ser baseada em resultados,
em competências ou direcionada para o desenvolvimento;
• definir os objetivos: estabelecer para que fins serão utilizados os dados obtidos pela
avaliação;
• definir critérios: estabelecer os padrões e limites que serão tomados como referência;
• escolher método: definir o método e o instrumento que será utilizado;
• executar: realizar a avaliação;
• analisar: interpretar os dados obtidos;
• elaborar PDI: estabelecer um Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) para
direcionar o profissional na busca pela melhoria do desempenho.
8 DIAGNOSTICANDO A VIABILIDADE DE
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
A viabilidade da avaliação de desempenho depende de vários fatores, já que
se trata de medir e dizer ao colaborador se ele está sendo ou não um bom profissional.
Dentre os fatores intervenientes e que devem ser analisados estão:
109
• relações interpessoais: empresas cujas relações sejam superficiais e com pouca
cooperação entre as pessoas não é indicado que se utilize a avaliação 360 graus,
pois há grandes chances dos colegas se avaliarem negativamente;
• efeitos: deve-se projetar quais serão os efeitos da avaliação escolhida, já que ela
vai influenciar em vários aspectos da organização e poderá trazer consequências
negativas caso não seja bem estruturada.
Por fim, tenha em mente que todos os subsistemas de Gestão de Pessoas estão
relacionados de alguma forma com a avaliação de desempenho, de modo que uma
falha na avaliação pode ter consequências gerais e que por isso sua viabilidade deve ser
muito bem analisada.
8.1 SENSIBILIZAÇÃO
Antes que o processo de avaliação seja implantado e implementado é
essencial que se faça ações de sensibilização, visando conscientizar as pessoas sobre
a necessidade e as vantagens da avaliação para elas e para a empresa. Esse processo
deve ser iniciado com alto escalão (diretores) da empresa para que eles “comprem” a
ideia e endossem as decisões que virão na sequência, estimulando os demais níveis
a também se envolverem. Em seguida deve-se reunir os gerentes, coordenadores
e líderes, para a definição dos critérios, do método, da periodicidade da avaliação e
validação do instrumento, buscando envolvê-los para que possam depois engajar
seus liderados.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-business-people-brainstorming-together-
meeting-139235900>. Acesso em: 20 set. 2021.
110
E, por fim, deve-se reunir todos os colaboradores e gestores, apresentando a
proposta, sua importância e benefícios, explicando os objetivos e a forma como serão
conduzidas as etapas da avaliação. Tal sensibilização deve ser paulatina e gradual,
sendo necessário, talvez, várias reuniões e formas de comunicação com os gestores e
colaboradores para que aos poucos vão assimilando a ideia.
Por fim, cabe dizer que toda essa preparação pode ser feita em vários
treinamentos utilizando diferentes técnicas e metodologias de aprendizado como
dramatizações, discussões e dinâmicas.
111
• agregar pessoas: a avaliação fornece dados para inventários de habilidades, para
construir banco de talentos internos e para planejamento de futuras contratações;
• aplicar pessoas: fornece dados sobre a integração e a identificação das pessoas aos
cargos e suas tarefas;
• recompensar pessoas: indica se as pessoas estão sendo recompensadas e motivadas,
ajudando a decidir sobre promoções e desligamentos;
• desenvolver pessoas: indica pontos forte e fracos, necessidades de treinamentos e
desenvolvimentos;
• manter pessoas: indica o desempenho e os resultados de cada um;
• monitorar pessoas: gera interação entre líder e liderado e serve para avaliar toda a
área de gestão de pessoas.
112
LEITURA
COMPLEMENTAR
CARACTERÍSTICAS DO BOM ENTREVISTADOR DE AD
Seguem alguns cuidados que todo entrevistador deve adotar para assegurar
um certo êxito em sua missão de orientar o avaliado:
Por sua vez, o Prof. João Bosco Lodi sugere algumas providências que o
entrevistador deve tomar em relação à entrevista de AD, a saber:
1- A fim de liderar a entrevista, espere que a pessoa entrevistada comece a falar. Se isto
não ocorrer dentro de um certo tempo, use seu planejamento sobre como iniciar a
conversa.
2- Reveja o serviço de seu funcionário e procure ter uma visão completa de todo
o trabalho de seu entrevistado. A falta disto é, frequentemente, uma fonte de
desentendimentos.
3- Discuta com ele as condições necessárias para a realização de um serviço, mostrando-
lhe claramente o que pode ser considerado um trabalho modelar: diga-lhe a maneira
pela qual você avalia o seu serviço.
4- Diga ao empregado que os chefes encarregados de avaliar seu serviço muito apreciam
o trabalho feito por ele, mas não exagere nos elogios.
5- Saliente os pontos em que o empregado executa o serviço com perfeição.
113
6- Saliente o progresso que ele tem conseguido em relação a alguma atividade e o que
você tem observado, a respeito disso, desde a última avaliação.
7- Discuta os vários aspectos a serem melhorados.
FONTE: CARVALHO, A. V. de; NASCIMENTO, L. P. do. Administração de recursos humanos. São Paulo:
Cengage Learning, 2011, p. 286-287.
114
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O avaliador deve ser preparado para que conduza o processo de forma imparcial,
humana e justa.
115
AUTOATIVIDADE
1 Avaliar o desempenho não é a mesma coisa que medir a produtividade, bem como
ter um bom desempenho não é sinônimo de ser eficaz ou eficiente no trabalho. Cada
um destes termos possui uma definição específica. Acerca do exposto, assinale a
alternativa CORRETA:
2 Ninguém gosta de ser avaliado, isso é fato. As pessoas fogem de situação avaliativas
simplesmente porque receiam ter um feedback negativo de seu desempenho. Por
isso é necessário tomar certos cuidados para evitar os efeitos psicológicos negativos
da avaliação de desempenho. Sobre o exposto, classifique V para as sentenças
verdadeira e F para as falsas:
( ) Uma avaliação de desempenho pode gerar baixos resultados abaixo da média, pois
pode abalar a autoestima das pessoas.
( ) O comprometimento com as metas e objetivos permanecem constantes mesmo
quando a avaliação é malconduzida.
( ) Os índices de rotatividade também podem ser influenciados devido aos efeitos
psicológicos negativos de uma avaliação inadequada.
I- A avaliação por escala forçada pode ser feita por uma escala contínua e por uma
escala descontínua.
II- A avaliação por escala gráfica é mais complexa, pois descreve em detalhes os
comportamentos desejáveis.
III- A pesquisa de campo feita com entrevistas com a gerência do avaliado, visando
checar seu desempenho.
116
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
117
REFERÊNCIAS
BANOV, M. R. Recrutamento, seleção e competências. São Paulo: Atlas, 2010.
ÉTICA. In: BUENO, F. S. Minidicionário da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: FTD, 2007.
GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Editora
Atlas, 2013.
118
LACOMBE, F. J. M. Recursos humanos: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.
119
120
UNIDADE 3 —
VÍNCULOS DO INDIVÍDUO
COM O TRABALHO E
COM A ORGANIZAÇÃO:
PERSPECTIVAS DE ATUAÇÃO
DOS PROFISSIONAIS DE RH,
PROGRAMAS DE QUALIDADE
DE VIDA NO TRABALHO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
121
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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122
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
O INDIVIDUO E AMBIENTE
ORGANIZACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos abordar aspectos relevantes da forma como o indivíduo
se vincula ao seu trabalho e às organizações, além de quanto a qualidade das relações
estabelecidas no ambiente laboral refletem na qualidade de vida do trabalhador, sendo
fontes promotoras de saúde ou de adoecimento.
Por fim, a organização será vista como um lócus no qual o poder circula,
moldando relações e práticas que são relevantes para nossa identidade enquanto
profissionais, à medida que os grupos e o funcionamento social ao qual estamos
inseridos como trabalhadores nos oferecem referências que norteiam o comportamento
humano nas organizações.
123
O processo de desenho organizacional é deliberadamente adaptável
e é orientado pelo princípio de que o grau em que um tipo particular
de estrutura contribuirá para a eficácia de uma organização depende
de fatores contingenciais que afetam a organização e modelam suas
atividades (WAGNER; HOLLENBECK, 2009, p. 332).
FONTE: A autora
124
Essas características sociais compõem uma dimensão de desenho do trabalho
que é, segundo Cunha de Jesus, Bastos e Aguiar (2019, p. 738), “parte importante para a
organização do trabalho a partir da criação de um ambiente relacional que proporcione
o compartilhamento de conhecimentos, experiências e apoio entre os indivíduos no
ambiente de trabalho”. Assim, a forma como o ofício é desenhado pela instituição
perpassa a questão de como esse desenho permite, favorece ou restringe as relações
sociais e as possibilidades de interação para consecução dos resultados organizacionais.
Essa dimensão tem forte relação com a carga cognitiva envolvida nas diferentes
atividades. Conforme exposto por Cunha de Jesus, Bastos e Aguiar (2019, p. 738), “a
existência de atividades que exijam aperfeiçoamento, criatividade e atitudes inovadoras
tende a exercer influências positivas e motivadoras sobre o indivíduo, baixos escores
nessas dimensões associam-se a percepções de um trabalho enfadonho”.
Para finalizar, o contexto de trabalho remete aos aspectos físicos que estão
presentes no ambiente dele e que também são caracterizadores do desenho adotado
pela organização (MORGESON; HUMPHREY, 2006).
125
Logo, essa dimensão irá enfocar aspectos ergonômicos envolvidos no desenho
da labuta, a carga física demandada pelas atividades e as condições físicas dela
ofertadas (CUNHA DE JESUS; BASTOS; AGUIAR, 2019).
Assim, algumas instituições terão uma hierarquização bem demarcada, com vários
níveis de liderança estabelecidos, enquanto outras podem ser mais horizontalizadas.
126
FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
127
Qual o motivo da existência da organização? Ao responder essa pergunta, temos
a missão organizacional. De forma sucinta, ela externaliza a razão pela qual existe.
Embora pareça apenas uma definição conceitual, apresentar de forma clara a missão da
organização pode impactar em seu desempenho.
De acordo com o estudo conduzido por Lee (2019), uma missão que valorize a
diversidade pode, por exemplo, contribuir para a promoção de um clima organizacional
favorável à diversidade e reduzir efeitos adversos de conflitos grupais no ambiente laboral.
INTERESSANTE
Ao narrar a história do fundador da Apple, a obra de Isaacson (2011),
intitulada Steve Jobs: a biografia, expõe uma série de aspectos decisivos
que levaram sua organização a ser vista como um fenômeno. Ótima
oportunidade para aprender um pouco mais sobre missão organizacional
e visão estratégica.
Para Powers (2012), uma visão clara e estratégica leva a uma melhor
capacidade de previsão dos eventos futuros, considerando os desafios por vir, as
competências emergentes e a preparação para inovações que se façam necessárias.
Posto de outro modo, a visão organizacional, quando utilizada de forma estratégica,
tem como base uma ampla capacidade analítica sobre as tendências e as lacunas
no mercado de trabalho.
128
A articulação entre a missão e a visão estratégica impactam positivamente nos
planos que a organização pode utilizar em prol de alcançar seus objetivos.
FONTE: A autora
3 CULTURA ORGANIZACIONAL
Um dos aspectos essenciais que se relaciona com a identidade organizacional é
sua cultura. Esse construto é, na visão de Robbins (2012, p. 501), “um sistema de valores
compartilhado pelos membros de uma organização que a diferencia das demais”. Trata-
se, portanto, de um fenômeno coletivamente compartilhado que emerge nas empresas.
129
De acordo com Schein (1985), nos contextos de trabalho, a cultura organizacional
pode ser analisada em três diferentes níveis:
• os artefatos visíveis;
• os valores que são idealizados;
• os pressupostos básicos.
FONTE: A autora
4 CLIMA ORGANIZACIONAL
Se a cultura organizacional pode ser considerada um sistema que espelha os
valores, crenças fundantes e regras tacitamente compartilhadas pelos membros de uma
mesma organização, o clima organizacional pode ser considerado um termômetro do
ambiente interno. De forma sucinta, clima organizacional é “a qualidade ou propriedade
do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da
organização e que influencia poderosamente o seu comportamento" (CHIAVENATO,
2010, pp. 267-268).
131
O clima organizacional está intimamente relacionado aos níveis de satisfação e à
motivação das pessoas. Quando, coletivamente, os membros da empresa experimentam
e compartilham um mesmo padrão comportamental e um conjunto de percepções
globais sobre o ambiente de trabalho, elas partilham o clima organizacional.
NOTA
O termo clima organizacional deriva de uma metáfora em relação ao clima
meteorológico, com o intuito de refletir a ideia de mudanças, variações
ocorridas ao longo do tempo e que podem influenciar o ambiente interno
organizacional, tal como o clima meteorológico muda conforme as estações e
influencia o ambiente (PUENTE-PALÁCIOS; FREITAS, 2006).
132
Apesar de ser uma proposta adequada, ela não esgota em si todas as
possibilidades de componentes que podem estar relacionados à constituição do clima
organizacional. Segundo Puente-Palácios e Freitas (2006), é importante selecionar
adequadamente quais componentes pesquisar, visto que muitos cientistas pecam
por confundir os componentes de clima organizacional com seus antecedentes ou
subsequentes, o que inviabilizaria um adequado levantamento desse fenômeno
organizacional.
Essa ideia é reforçada por Anderson, Moen e Brett (2020), cujas colocações
indicaram que essa segurança psicológica pode ser experimentada pelos membros de uma
empresa quando há um clima organizacional que favoreça relações abertas e confiáveis.
133
5 FENÔMENOS ORGANIZACIONAIS: SATISFAÇÃO E
MOTIVAÇÃO/VÍNCULO E COMPROMETIMENTO
As interações sociais e os elementos organizacionais produzem um conjunto
de percepções, crenças, atitudes, práticas e valores que podem ser compartilhados
coletivamente e originam fenômenos como a cultura e o clima organizacional.
Entretanto, vale ressaltar que, individualmente, também podemos experimentar uma
série de fenômenos que nos afetam como pessoas e que, por sua vez, repercutem na
relação estabelecida com o trabalho. Entre eles, se pode citar a motivação, a satisfação,
o comprometimento e os vínculos organizacionais.
Em uma perspectiva clássica, apontada por Tribett e Rush (1984 apud PÉREZ-
RAMOS, 1990), pode-se adotar a classificação de teorias de conteúdo, que buscam
explicar o comportamento motivado a partir das necessidades humanas, como a
Teoria das Necessidades de Maslow e Teorias de Processo, que busca compreender o
fenômeno motivacional como um processo de sucessivas etapas e decisões, como a
Teoria da Expectância, de Vroom.
• teoria das necessidades de Maslow, que apresentou uma hierarquia das necessidades
humanas que são eliciadoras da motivação humana: necessidades fisiológicas, de
segurança, sociais, de estima e de autorrealização;
• teoria bifatorial de Herzberg, que propôs uma diferenciação entre fatores que geravam
satisfação e que, portanto, foram considerados fatores de motivação; e fatores que
geravam insatisfação, os quais foram denominados fatores higiênicos;
• teoria X e Y de McGregor, que enfocou duas diferentes formas de pensar a motivação
humana para o trabalho, sendo que a teoria X postulava que o homem tinha aversão
ao trabalho, enquanto a teoria Y propunha o homem como motivado a se desenvolver;
134
• teoria ERC de Alderfer, que definiu e hierarquizou a necessidade de existência
(E), a de relacionamento (R) e a de crescimento (C) como as três principais
necessidades humanas;
• teoria de afiliação de McClelland, que estabeleceu três tipos de necessidades
humanas que motivam o comportamento humano, mas que não são hierarquizadas:
poder, afiliação e realização.
135
A persistência da motivação se refere à manutenção do esforço ao longo
do tempo. Quanto mais motivada a pessoa, maior a tendência de que persista em suas
ações até o alcance dos objetivos (CHIAVENATO, 2010).
Além disso, as teorias pertencentes a cada um desses grupos irão diferir nas
respostas dadas às questões relacionadas à direção, intensidade e persistência da
ação, conforme exposto no Quadro 1.
136
Se a motivação pode ser sintetizada como uma disposição para o trabalho, a
satisfação se distingue por ser um fenômeno atrelado ao nível de prazer que o ofício
pode ofertar. Satisfação é definida, de acordo com Locke (1976 apud SIQUEIRA; GOMIDE,
2004, p. 302), como “um estado emocional positivo ou de prazer, resultante de um
trabalho ou de experiências de trabalho”.
IMPORTANTE
De acordo com Chiavenato (2010, p. 267), “[...] o clima organizacional está
intimamente relacionado com o grau de motivação de seus participantes”.
Essa relação é vista como uma associação positiva entre ambos os
construtos. Assim, quando os trabalhadores se encontram motivados, o
clima organizacional se eleva e se torna mais positivo, favorecendo que a
satisfação seja mantida. Quando há baixa motivação, há reflexo negativo no
clima organizacional e comportamentos considerados contraproducentes
ou ações de confrontação podem surgir no ambiente organizacional.
137
Há diferenças também na forma como mensuramos a satisfação no trabalho.
Ela pode ser vista como um construto unidimensional, em que a satisfação é
caracterizada como “uma atitude geral ante o trabalho como um todo” (SIQUEIRA;
GOMIDE, 2004, p. 303).
Porém, há críticas quanto a essa perspectiva, à medida que não são consideradas
as respostas dos trabalhadores a aspectos específicos da sua relação com o trabalho, o
que dificulta pensar formas de gerenciar a satisfação no contexto organizacional.
• o próprio trabalho;
• a chefia;
• os colegas de trabalho;
• as oportunidades de promoções;
• o salário.
Trabalho
em si
Salário Chefia
SATISFAÇÃO
Colegas de
Promoções
trabalho
FONTE: A autora
138
No caso da satisfação com o trabalho, o que se faz e como se faz tem maior
relevância do que para qual organização se trabalha. Porém, estar em uma determinada
organização também faz com que nos vinculemos a ela. Nesses casos, falamos de
vínculos com a organização e o local no qual se realiza o trabalho é mais relevante que
o ofício em si. Entre eles, se destaca o comprometimento organizacional.
Segundo Bastos (1993 apud Tomazzoni et al., 2020, p. 246), “os diferentes
conceitos que definem o comprometimento têm como ponto em comum a noção de
estado psicológico que caracteriza a relação do indivíduo com a organização”. Um dos
modelos mais utilizados para compreender os diferentes tipos de comprometimento
postula que as pessoas podem apresentar envolvimento afetivo, normativo ou
calculativo (SIQUEIRA; GOMIDE, 2004).
Comprometimento
normativo
Base cognitiva
Comprometimento
calculativo
COMPROMETIMENTO
Comprometimento
Base afetiva
afetivo
FONTE: A autora
139
No caso do comprometimento normativo, a base da vinculação é cognitiva e
perpassa a questão de uma obrigação ou dever do indivíduo em relação à organização
(SIQUEIRA; GOMIDE, 2004). Como exemplo, pensemos em um trabalhador que tenha
conseguido uma boa oportunidade em determinada empresa, depois de um período
sem colocação no mercado de trabalho, e por esse motivo se coloque na posição de
devedor à organização e entenda que é sua obrigação permanecer e contribuir com a
instituição, em retribuição à oportunidade que recebeu ao ser contratado.
IMPORTANTE
De acordo com Chiavenato (2010, p. 267), “[...] o clima organizacional
está intimamente relacionado com o grau de motivação de seus
participantes”. Essa relação é vista como uma associação positiva
entre ambos os construtos. Assim, quando os trabalhadores se
encontram motivados, o clima organizacional se eleva e se torna
mais positivo, favorecendo que a satisfação seja mantida. Quando
há baixa motivação, há reflexo negativo no clima organizacional e
comportamentos considerados contraproducentes ou ações de
confrontação podem surgir no ambiente organizacional.
140
6 RELAÇÕES NAS ORGANIZAÇÕES: PODER,
INFLUÊNCIA E LIDERANÇA
Contextos organizacionais se estruturam de forma a promover e viabilizar
relações de poder que podem ou não serem formalizadas por uma posição oficial de
liderança ou chefia.
• poder coercitivo;
• de recompensa;
• legitimado;
• de competência;
• de referência.
141
FIGURA 7 – FORMAS DE PODER NAS ORGANIZAÇÕES
Poder
coercitivo
Poder de Poder de
referência recompensa
Poder de Poder
competência legitimo
FONTE: A autora
142
Quando a influência no outro é exercida por meio do status advindo do
conhecimento possuído e reconhecido pelo outro, tem-se o poder de competência
(CHIAVENATO, 2010). Nesse caso, detentores de competências ou habilidades técnicas
que se destacam na organização levam os demais membros ao reconhecimento dessas
pessoas como especialistas ou experts. Esse status diferenciado propicia a eles uma
base para influenciar o comportamento dos demais membros da organização. Para Paz,
Martins e Neiva (2004, p. 390), “os especialistas serão tanto mais poderosos quanto mais
crítica for sua especialidade para a organização, mais escassa no mercado de trabalho
e mais difícil de ser substituída”.
• autocracia;
• instrumento;
• missionária;
• meritocracia;
• sistema autônomo;
• arena política.
143
Nos contextos organizacionais, a dinâmica e complexidade das interações
demandam que as pessoas possam ser capazes de atuar e forma proativa, buscando se
embasar em análises da situação corrente e de tendências, para que o comportamento
organizacional possa ser gerenciado.
Para Robbins (2012), essas táticas variam de acordo com os objetivos visados
pelos influenciadores.
FONTE: A autora
144
Por fim, é necessário destacar que o poder não é exercido fora das relações
sociais que se estabelecem. Logo, aspectos relacionais e culturais são relevantes. Para
Chiavenato (2010, p. 349), “a cultura organizacional influencia as táticas gerenciais para
obter poder. Algumas culturas estimulam o uso da amabilidade, outras encorajam a
razão e outras utilizam sanções e a afirmação”. Tal fato implica reconhecer que a cultura
propagada pela organização influenciará como as relações de poder serão moldadas,
quais as bases de poder existirão e como as pessoas farão uso de diferentes táticas
para manejar o domínio no contexto organizacional.
145
Entretanto, embora os grupos informais que surgem das interações sociais
no ambiente laboral sejam relevantes para compreender a dinâmica da organização, o
foco de estudo aqui recai sobre os grupos e equipes de trabalho que são formalmente
constituídos como unidades de trabalho. Esses grupos possuem, em comum, um
conjunto de tarefas específicas atribuídas aos seus membros (CHIAVENATO, 2010).
DICA
Interessado em saber mais sobre equipes de trabalho e como se
diferenciam dos demais grupos sociais? Leia o texto Equipes de
trabalho: fundamentos teóricos e metodológicos da mensuração de seus
atributos, de Puente-Palácios e Borba (2009).
Por isso, para que grupos e equipes de trabalho sejam capazes de apresentar
alto desempenho, algumas etapas ou estágios precisam ser transpostos, conforme
apontado por Albuquerque e Puente-Palácios (2004):
• formação: estágio inicial no qual as interações são marcadas pela incerteza acerca
dos objetivos e da estrutura grupal. Ainda há a necessidade de identificar quais os
comportamentos aceitáveis e validados coletivamente;
146
• conflito: estágio em que se manifestam conflitos decorrentes das diferenças
individuais e da resistência em relação aos outros. A partir dos conflitos, os membros
do grupo se engajam em ajustes ou negociações e definem as relações que podem
passar a ser, em certo ponto, hierarquizadas. As normas grupais são definidas e
acordadas entre os membros;
• desempenho: estágio no qual a equipe se mostra capaz de desempenhar suas tarefas
com proficiência, a partir de uma estrutura e dinâmica funcionais, que favorecem a
coesão grupal e a sinergia entre as pessoas. Reconhecidamente, é o estágio em que
o grupo apresenta seu melhor rendimento;
• desintegração: ocorre quando os objetivos do grupo deixam de ser necessários para
a organização, levando à sua dissolução. Quando grupos não são bem-sucedidos nas
etapas anteriores, essa desintegração pode vir a ocorrer prematuramente. Contudo,
é esperado que os grupos busquem sua sobrevivência e, mesmo quando vivenciado
mudanças, se engajem em processos de renovação.
147
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A missão e a visão estratégica da organização são importantes para definir sua estrutura
e sua identidade no mercado de trabalho, o que envolve uma série de escolhas que são
feitas para se encontrar o desenho de trabalho adequado a cada organização.
148
AUTOATIVIDADE
1 O desenho do trabalho admite uma ampla variedade de combinações de
características que proporcionam diferentes tipos de estrutura organizacional. Sobre
essas características, assinale a alternativa CORRETA:
I- Comprometimento afetivo.
II- Comprometimento normativo.
III- Comprometimento calculativo.
149
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) II – III – I.
b) ( ) III – I – II.
c) ( ) II – I – III.
d) ( ) III – II – I.
150
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E
DESENHO DE CARGOS
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos as formas como as organizações se constituem e
como respondem às mudanças e às pressões geradas interna ou externamente e que
estão associadas à forma como concebem sua estrutura e sua estratégia.
151
NOTA
Cargo é um termo relacionado à função que uma pessoa pode
exercer dentro da organização. Na definição de Chiavenato (1994,
p. 240), “cargo é um conjunto de funções com uma posição definida
na estrutura organizacional”. Por isso, ao definir um cargo, são
estabelecidos, obrigatoriamente, o nível hierárquico e suas relações
colaterais, assim como as relações de supervisão e subordinação.
152
A estrutura de análise de cargos é perpassada pela busca de uma visão ampliada
do cargo, quando comparamos com uma simples descrição de cargos. Assim, a análise
de cargos explora os requisitos mentais e físicos, as responsabilidades e as condições
de trabalho associadas ao cargo (CHIAVENATO, 1994).
FONTE: A autora
Por requisitos mentais, podem ser entendidos aqueles requisitos relativos aos
conhecimentos e características cognitivas que podem ser relacionadas a determinado
cargo. Assim, esses fatores de especificações levam à identificação do que é necessário
que o ocupante do cargo saiba para que possa se adaptar ao cargo (CHIAVENATO, 1994).
FONTE: A autora
153
FIGURA 13 – RESPONSABILIDADES
Supervisão
Confidencialidade Material
Recursos
Contatos
financeiros
FONTE: A autora
154
FIGURA 14 – CONDIÇÕES DE TRABALHO
FONTE: A autora
Além de uma clara visão dos cargos que são necessários, a organização também
precisa adotar uma série de decisões que determinarão como cada cargo se relaciona
dentro de uma estrutura organizacional.
155
Ao conceituar as dimensões básicas do desenho organizacional, Chiavenato
(2010) adota uma visão consonante com essa proposição de Horbe et al. (2015), a saber:
DICA
Quer saber mais sobre desenho do trabalho e como ele se
relaciona a diversos aspectos do comportamento organizacional?
Uma edição especial da revista Psicologia, Organizações e Trabalho
(rPOT) traz uma coletânea de artigos que exploram o conceito
de desenho do trabalho e suas relações com diversas variáveis
individuais, de equipe e organizacionais. Confira o volume 19,
número 4 da rPOT (2019) e selecione os artigos de seu interesse.
Disponível em: https://bit.ly/3ilmQBc.
156
A Psicologia Organizacional agrega a esse processo, uma vez que, entre todas
as suas possibilidades de ação, se destaca por seu papel articulador e pela valorização
do ser humano como capital ativo e bem mais valioso da organização.
A gestão de recursos humanos, por sua vez, deve acompanhar essa visão e
seus sistemas e processos se configuram como ferramentas essenciais para isso. De
acordo com Conforto (2019), uma boa estrutura de recursos humanos promove uma boa
estrutura organizacional. Para tanto, três grandes gerências se tornam imprescindíveis:
4 PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO
(LEVANTAMENTO DE DADOS E IMPLANTAÇÃO) E
IMPLEMENTAÇÃO DO DESENHO DE CARGOS
Algumas ferramentas podem auxiliar no desenho estratégico da organização,
à medida que permitem a sistematização das etapas de análise e ampliam a visão
sobre fatores que influenciam o sucesso das escolhas de delineamento da estrutura
organizacional e de sua estratégia de negócios. Uma das ferramentas mais utilizadas
atualmente é o Balanced Scorecard (BSC).
De acordo com Conforto (2019, p. 58), “o BSC é uma ferramenta gerencial muito
eficaz, que auxilia a traduzir a visão de futuro em objetivos e ações respaldados por
um sistema de medidas”. A partir dessa ferramenta, a organização consegue mapear
estrategicamente seus processos e as possibilidades de crescimento, considerando os
impactos em cada uma das dimensões consideradas. A Figura 15 indica as dimensões
que compõem o BSC.
157
FIGURA 15 – DIMENSÕES DO BSC
FONTE: A autora
A análise de cargos é uma das atividades que pode ser conduzida pelo
psicólogo organizacional e que contribui para o planejamento, desenvolvimento e
implementação de cargos. Para que a análise seja conduzida com qualidade, três fases
precisam ser realizadas: fase de planejamento, fase de preparação e fase de execução
(CHIAVENATO, 1994).
158
FIGURA 16 – FASES DA ANÁLISE DE CARGOS
FONTE: A autora
A fase de preparação envolve uma série de ações focadas nas pessoas, nos
materiais de trabalho ou nos esquemas necessários para que a organização esteja
preparada para o processo analítico e para as mudanças decorrentes desse processo
(CHIAVENATO, 1994). É, portanto, uma fase focada na divulgação e no levantamento
de atribuições.
159
O processo de análise de cargos é finalizado na fase de execução, que
compreende as etapas em que os dados sobre o cargo são coletados, submetidos a uma
triagem e ratificados pela alta gestão (PASCHOAL, 2012). Descritos e analisados, os cargos
são submetidos a uma avaliação, que tem por finalidade “analisar e comparar o conteúdo
dos cargos, no sentido de colocá-los em uma ordem de classes, as quais podem ser
usadas como base para um sistema de remuneração” (CHIAVENATO, 1994, p. 307).
160
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Enquanto a descrição de cargos arrola uma lista de tarefas que estão associadas a
determinada função exercida dentro da organização, a análise de cargos se preocupa
com os requisitos mentais e físicos, as responsabilidades e as condições de trabalho
necessários para que uma pessoa possa exercer o cargo.
161
AUTOATIVIDADE
1 O desenho organizacional decorre de uma série de escolhas que são feitas a fim de
prover a organização com a melhor estrutura e com um funcionamento que permite
aumentar sua eficiência e sua eficácia. Sobre o posicionamento de um cargo no
organograma institucional, assinale a alternativa CORRETA:
I- Especialização.
II- Departamentalização.
III- Amplitude de controle.
IV- Centralização.
V- Formalização.
162
( ) A descrição de cargos é uma atividade realizada na primeira fase da análise de cargos.
( ) A análise de cargos tem como foco identificar e arrolar as tarefas que são realizadas
em determinado cargo.
( ) A análise de cargos identifica os fatores de especificações de um cargo.
( ) A descrição de cargos tem caráter descritivo e enfoca as tarefas dos cargos.
4 A análise de cargos é uma atividade que demanda uma visão ampliada que
considera tantos aspectos intrínsecos quanto extrínsecos ao cargo, além de trazer
considerações sobre requisitos que o indivíduo precisa atender para desempenhar
bem as funções inerentes ao cargo. Disserte sobre os requisitos, responsabilidades e
condições que fazem parte do processo de análise de cargos.
5 A análise de cargos é uma atividade complexa que demanda preparo por parte do
psicólogo organizacional. Esse preparo pode ser organizado por meio de três principais
fases. Discorra sobre essas fases, apresentando as suas principais características.
163
164
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico iremos falar da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e como ela se
tornou uma das formas mais completas de se pensar a promoção da saúde e meios de
se evitar o adoecimento no contexto laboral, apontando, também, a perspectiva atual,
na qual vigoram abordagens preventivas e pautadas na visão ergonômica de que o
trabalho pode, e deve, ser ajustado ao homem, e não o contrário.
165
Apesar da inviabilidade de apresentar um único conceito que englobe todas as
variáveis relativas à QVT, trabalharemos com a conceituação proposta por Limongi-França
(2015, p. 550-551): “qualidade de vida no trabalho é a percepção de bem-estar pessoal
no trabalho, composta de dimensões relativas às necessidades humanas biológicas,
psicológicas, sociais e organizacionais”. Ressalta-se, ainda, que essa percepção está
sujeita a alterações à medida que o indivíduo vivencia novas experiências no trabalho,
as quais podem assumir conotações positivas ou negativas, a depender dos afetos
associados a elas.
166
De acordo com Johar (2013, p. 590) “em linguagem simples, a autoestima é
a extensão de um indivíduo para receber, amar e apreciar a si mesmo”. Para o autor,
as relações socioprofissionais e situações vivenciadas no contexto de trabalho podem
impactar na qualidade dessa autoavaliação, levando os trabalhadores a experimentar
maior ou menor autoestima.
167
4 FATORES DETERMINANTES PARA O SUCESSO
DOS PROGRAMAS DE QVT
Desenvolver programas de QVT nos contextos organizacionais significa refletir,
lidar e gerir uma série de variáveis que impactam na forma como as pessoas se
relacionam, se comportam e se sentem no seu cotidiano laboral. Por isso, para que o
Programa de QVT seja bem-sucedido, ele deve ter como ponto de partida a análise da
demanda (FERREIRA, 2012).
DICA
Embora copiar e colar não seja uma resposta adequada para
elaborar um bom programa de QVT, sempre é possível aprender
com experiências compartilhadas. Confira uma reportagem sobre
o assunto no site da empresa Gympass (2016). Disponível em:
https://bit.ly/2WpFsrV.
Para que um programa de QVT alcance seu público e atinja seus objetivos, uma
visão holística e integralizada do ser humano se faz necessária.
168
Todos nós nos manifestamos de maneira psicossomática. Temos
potencialidades e reações biológicas, psicológicas e sociais que
respondem simultaneamente às condições de vida. Essas respostas
apresentam variadas combinações e intensidades nesses três
níveis – ou camadas -, e as manifestações podem ser mais visíveis
e específicas em um ou outro aspecto, embora todas sejam sempre
interdependentes (LIMONGI-FRANÇA, 2008, p. 5).
169
FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DE ATIVIDADES QUE ELEVAM CARGA COGNITIVA
Outro importante fator que precisa ser considerado pelos programas de QVT é
que, atualmente, muitos trabalhos são marcados pela demanda de gerenciamento de
cargas elevadas de estresse. Para Limongi-França (2008, p. 291), “do ponto de vista
da condição saúde-doença, muitos sintomas estão relacionados aos novos estilos de
vida no trabalho”.
170
FIGURA 19 – REPRESENTAÇÃO DOS QUADRANTES DO MODELO DEMANDA-CONTROLE
FONTE: A autora
Dado esse novo cenário que compõe a realidade da maioria das organizações,
é preciso considerar a realidade organizacional em sua totalidade e manter
uma postura que rompa com a visão assistencialista de QVT. Nesse aspecto, faz-se
importante a colocação de Ferreira (2015, p. 20):
171
Assim, o sucesso dos programas de QVT também está associado à concepção
ergonômica de que o trabalho deve ser ajustado ao homem.
Embora não esgote a discussão sobre fatores que favorecem o êxito dos
programas de QVT, um elemento-chave está na articulação estratégica do programa
com os demais processos da organização. Assim, um bom programa de integração
pode ser uma das ações que a organização realiza para elevar a QVT, primando por uma
boa recepção e socialização de seus novos integrantes (LIMONGI-FRANÇA, 2008). De
igual modo, atividades de capacitação e treinamento ou uma avaliação de desempenho
ética, humanizada e bidirecional também podem se alinhar à ideia de uma gestão
da qualidade total que priorize o ser humano em suas diversas facetas e dimensões
(FERREIRA, 2012).
172
LEITURA
COMPLEMENTAR
GESTÃO, SAÚDE E TRABALHO NO CONTEXTO DA PANDEMIA:
DEBATE SOB A PERSPECTIVA HISTÓRICA
173
É preciso lembrar que o a pandemia de Covid-19 não se instala em tabula
rasa. Pelo contrário, é sobre um território marcado por um contexto de fragilização
dos vínculos formais de trabalho, de aumento da precarização e de fragmentação dos
espaços coletivos que o vírus (e as diversas crises dele decorrentes) ganham força e
potencializam seus efeitos destrutivos, dentre os quais poderíamos citar: o um aumento
exacerbado da desigualdade social, a intensificação da concentração de renda e a
redução do número de postos de trabalho formal, para não nos estendermos demais.
174
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
175
AUTOATIVIDADE
1 Ao longo do tempo, os programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) assumiram
diferentes posicionamentos e papéis nas organizações. Sobre esses papéis, analise
as sentenças a seguir:
176
I- Características pessoais são os principais determinantes dos níveis de estresse dos
trabalhadores na vida moderna.
II- O estresse no trabalho decorre unicamente de fatores relacionados ao ambiente
de trabalho.
III- O nível de demanda a ser atendida no trabalho e o nível de controle que o indivíduo
possui sobre essa demanda estão relacionadas ao estresse no trabalho.
177
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