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6.

3: A cinética enzimática como ALTAS [S]: V0 aumenta em pequenas


abordagem a compreensão do quantidades em resposta ao aumento da [S].
mecanismo Enfim, é atingido um ponto além do qual o
Cinética enzimática - determinar a aumento de [S] leva a um aumento
velocidade da reação e como ela se modifica insignificantemente pequeno em V0. Essa
em resposta a mudanças nos parâmetros região de V0 tipo platô está próxima à
experimentais. velocidade máxima, Vmáx.

A concentração do substrato influi na a combinação de uma enzima com a


molécula do substrato formando um
velocidade das reações catalisadas por
complexo ES é uma etapa necessária na
enzimas
catálise enzimática:
fator-chave que afeta a velocidade das
a enzima primeiramente combina-se de
reações catalisadas por enzimas é a
modo reversível com o substrato, formando
concentração do substrato, [S] (modifica-se
um complexo enzima-substrato em uma
durante o curso de uma reação in vitro à
etapa reversível e relativamente rápida:
medida que o substrato é convertido em
produto)
O efeito da variação de [S] sobre V0 quando
a concentração da enzima é mantida
constante: Então, o complexo ES é rompido em uma
segunda etapa mais lenta (limita a
Cínética de saturação velocidade da reação total), fornecendo a
enzima livre e o produto P:

velocidade total deve ser proporcional à


concentração das espécies que reagem na
segunda etapa, isto é, ES.
Em determinado instante de uma reação
catalisada por enzima, a enzima existe em
duas formas, na forma livre ou não
combinada (E) na forma combinada (ES).

• Baixa [S], a maior parte da enzima


A velocidade máxima, Vmáx, é extrapolada está na forma não combinada E a
a partir de gráficos como este, pois a V0 velocidade é proporcional à [S]
aproxima-se, mas nunca atinge a Vmáx. A porque o equilíbrio é deslocado na
concentração do substrato na qual V0 é direção da formação de mais ES à
metade da Vmáx é o Km, a constante de medida que [S] aumenta.
Michaelis. A concentração da enzima em • Alta [S]: A velocidade inicial
experimentos como este geralmente é tão máxima de uma reação catalisada
baixa que [S] >> [E], mesmo quando [S] é
(Vmáx) ocorre quando quase toda a
descrita como baixa ou relativamente baixa.
enzima estiver presente como
BAIXAS [S]: V0 aumenta quase complexo ES, enzima está
linearmente com o aumento de [S]. “saturada” com o substrato, e então
um incremento de [S] não produz
efeito na velocidade.
Após o rompimento do complexo ES, A equação descreve o comportamento
fornecendo produto (P), a enzima fica livre cinético da grande maioria das enzimas,
para catalisar a reação de mais uma molécula sendo que todas as enzimas que exibem uma
do substrato. dependência hiperbólica de V0 sobre [S] são
consideradas como seguindo a cinética de
Logo que a enzima é misturada com um
Michaelis-Menten. A regra prática de que
grande excesso de substrato, há um período
Km = [S] quando V0 5 ½ Vmáx é válida para
inicial, o estado pré-estacionário, durante o
todas as enzimas que seguem a cinética de
qual a concentração de ES aumenta.
Michaelis-Menten. (enzimas regulatórias
A reação rapidamente atinge o estado são as exceções)
estacionário no qual [ES] (e as Muitas das enzimas que seguem a cinética de
concentrações de qualquer outro Michaelis- Menten têm mecanismos de
intermediário) permanece constante ao reação muito diferentes, ou seja, o
longo do tempo. significado verdadeiro tanto de Vmáx como
de Km pode ser diferente para enzimas
A determinação de V0 geralmente reflete o
diferentes.
estado estacionário e a análise da velocidade
inicial é denominada cinética do estado Interpretacao de Vmax e Km:
estacionário.
Km pode variar muito de acordo com a
A relação entre a concentração do enzima e mesmo para substratos diferentes
substrato e a velocidade da reação de uma mesma
pode ser expressa quantitativamente O significado verdadeiro do Km depende de
aspectos específicos do mecanismo da
A curva que expressa a relação entre [S] e V0 reação, como o número e as velocidades
tem a mesma forma geral para a maioria das relativas das várias etapas.
enzimas (hipérbole retangular) e pode ser
expressa algebricamente pela equação de Para duas etapas:
Michaelis-Menten.

Quando k2 é a etapa limitante, k2 V k–1, e o


km fica reduzido a k–1/k1, que é definido
como a constante de dissociação, Kd, do
Equação de Michaelis-Menten: equação da complexo ES. Nessas condições, Km
velocidade da reação com um único representa uma medida da afinidade da
substrato, catalisada por uma enzima. Ela enzima pelo substrato no complexo ES.
define a relação quantitativa entre a Entretanto, esse cenário não se aplica para a
velocidade inicial, V0, a velocidade máxima, maioria das enzimas.
Vmáx, e a concentração inicial de substrato, A grandeza Vmáx também varia muito entre
[S], todas em relação à constante de enzimas diferentes.
Michaelis, Km. Se uma enzima reage pelo mecanismo de
duas etapas de Michaelis-Menten, então
Para V0 = Vmáx/2: Vmáx 5 k2[Et], onde k2 é a etapa limitante
da velocidade. Entretanto, o número de
etapas da reação e a identidade das etapas
limitantes da velocidade podem variar de
Os parâmetros cinéticos são acordo com a enzima.
Kcat: constante de primeira ordem da
utilizados para comparar a atividade velocidade, tendo como unidade a recíproca
de enzimas do tempo. Ela também é chamada de
número de renovação (“turnover”), sendo,
quando a enzima estiver saturada com o substrato para o outro. Essas reações
substrato, equivalente ao número de ocorrem por vários mecanismos diferentes.
moléculas de substrato convertidas em
produto por unidade de tempo por uma única • Ambos os substratos se ligam à
molécula de enzima. enzima simultaneamente em algum
ponto do curso da reação, formando
Na equação de Michaelis-Menten, kcat = um complexo não covalente ternário
Vmáx/[Et]. (Figura 6-13a). Os substratos ligam-
se segundo uma sequência aleatória
ou em uma sequência com ordem
específica.
• primeiro substrato é convertido em
um produto que se dissocia antes
Cada enzima tem valores de kcat e Km que que o segundo substrato se ligue, de
refletem o ambiente celular, a concentração modo que não há formação de um
de substrato normalmente encontrada in vivo complexo ternário.
pela enzima e a química da reação
catalisada. kcat e Km também possibilitam A cinética de estado estacionário geralmente
que se avalie a eficiência cinética das
ajuda a distinguir entre essas possibilidades.
enzimas;
Duas enzimas que catalisam reações A cinética do estado pré-estacionário
diferentes podem ter o mesmo kcat (número pode fornecer evidências de etapas
de renovação), entretanto, as velocidades
dessas reações quando não catalisadas específicas das reações
podem ser diferentes entre si e, portanto, o Os dois parâmetros experimentais mais
aumento de velocidade propiciado por cada importantes obtidos da cinética do estado
enzima pode ser muito diferente estacionário são kcat e kcat/Km.
Km de uma enzima que atue sobre um Uma descrição completa de uma reação
substrato presente em concentrações muito
catalisada por uma enzima requer a medida
baixas na célula geralmente é menor do que
direta das velocidades de cada uma das
o Km de uma enzima que age sobre um
substrato mais abundante. etapas.
A melhor maneira de comparar as As enzimas estão sujeitas à inibição
eficiências catalíticas de enzimas diferentes,
ou o número de vezes que diferentes
reversível e irreversível
substratos são catalisados por uma mesma Inibidores de enzimas são moléculas que
enzima, é comparar a relação kcat/Km para interferem com a catálise, diminuindo ou
as duas reações – CONSTANTE DE
interrompendo as reações enzimáticas.
ESPEREFICIDADE (constante de
velocidade para a conversão de E + S em E Existem duas amplas classes de inibidores
+ P). de enzimas: reversíveis e irreversíveis.
Quando [S] >> Km:
Inibição reversível: Um tipo muito comum
de inibição reversível é denominado
competitivo. Um inibidor competitivo
compete com o substrato pelo sítio ativo da
enzima. À medida que o inibidor (I) ocupa o
sítio ativo, ele impede que o substrato se
Muitas enzimas catalisam reações
ligue à enzima. Muitos inibidores
com dois ou mais substratos competitivos têm estrutura similar à
As reações enzimáticas com dois substratos estrutura do substrato e se combinam com a
geralmente envolvem a transferência de um enzima formando um complexo EI, mas que
átomo de um grupo funcional de um não leva à catálise. Mesmo ligações desse
tipo que sejam transitórias reduzem a em altas concentrações de substrato, V0
eficiência da enzima. aproxima-se de Vmáx/a’. Então, um inibidor
incompetitivo diminui a Vmáx medida. O
Km aparente também diminui, porque a [S]
necessária para atingir metade da Vmáx
diminui por um fator de a’.

Km observado na presença do inibidor,


geralmente é denominada de Km “aparente”.
Uma vez que o inibidor liga-se
reversivelmente à enzima, a competição
pode ser deslocada em favor do substrato
simplesmente pela adição de mais substrato.
Quando [S] exceder muito a [I], é
minimizada a probabilidade de uma
molécula de inibidor se ligar à enzima, e a
reação apresenta Vmáx normal. Entretanto, No um inibidor misto há ligação a um sítio
em [S] na qual V0 = ½ Vmáx, a presença do distinto do sítio ativo, ao qual o substrato se
inibidor aumenta o valor do Km aparente por liga. Nesse caso, o inibidor pode ligar-se
um fator a. Esse efeito no Km aparente, tanto à enzima quanto a ES.
combinado com a ausência de efeito sobre
Vmáx, diagnostica uma inibição
competitiva.

Na prática, as inibições incompetitiva e


mista são observadas apenas em enzimas
com dois ou mais substratos.
Inibição irreversível. Os inibidores
irreversíveis ligam-se covalentemente com
ou destroem um grupo funcional da enzima
essencial à atividade da enzima ou então
formam uma associação não covalente
estável. A formação de uma ligação
Outros exemplos: inibição incopetitiva e covalente entre um inibidor irreversível e
mista. Um inibidor incompetitivo liga-se uma enzima é uma possibilidade.
em um sítio distinto do sítio ativo do
substrato e, ao contrário do inibidor Uma classe especial de inibidores
competitivo, liga-se apenas ao complexo ES. irreversíveis é formada pelos inativadores
suicidas, os quais passa pelas primeiras
etapas químicas de uma reação enzimática,
mas em vez de ser transformado no produto
normal, é convertido em um composto muito
reativo que se combina irreversivelmente
com a enzima. Esses compostos também são
denominados inativadores com base no
mecanismo, pois sequestram o mecanismo
normal da reação para inativar a enzima. Um
inativador suicida bem planejado é
específico para uma única enzima e
permanece sem reatividade até que se ligue
no sítio ativo da mesma.
Na inibição irreversível, o inibidor liga-se
permanentemente ao sítio ativo pela
formação de uma ligação covalente ou por
uma interação não covalente muito estável.
Análogos do estado de transição: ligam-se à
enzima mais fortemente do que o substrato
no complexo ES porque elas se encaixam
melhor no sítio ativo (i.e., formam um
número maior de interações fracas) do que o
próprio substrato.

A atividade enzimática depende do


Ph
enzimas têm um pH (ou uma faixa de pH)
ótimo no qual a atividade catalítica é
máxima; a atividade decresce em pH maior
ou menor
As cadeias laterais dos aminoácidos do sítio
ativo podem funcionar como ácidos ou bases
fracas em funções críticas que dependem da
manutenção de certo estado de ionização, e
em outras partes da proteína as cadeias
laterais ionizáveis podem ter uma
participação essencial nas interações que
mantêm a estrutura proteica.
A faixa de pH na qual uma enzima sofre
mudança na atividade pode fornecer uma
pista para o tipo de resíduo de aminoácido
envolvido

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