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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ/UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS/CCHL


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS/DCJ
ESTUDO DE INTRODUÇÃO AO DIREITO
PROFESSORA (DRᵒ): OLIVIA BRANDÃO

FICHAMENTO DO LIVRO:
“JUSTIÇA - O QUE É FAZER A COISA CERTA?” - MICHAEL J. SANDEL

MARCELO HENRIQUE SOUSA DA SILVA

TERESINA-PI
2023
AUTOR E OBRA

Michael J. Sandel, escritor do livro “Justiça - o que é fazer a coisa certa?”, é


um renomado filósofo político e professor na Universidade de Harvard, extremamente
conhecido por seus cursos públicos e livros sobre ética e justiça, tendo nascido em
Mineápolis, Minnesota, nos Estados Unidos no ano de 1953.
Ele começou sua carreira acadêmica em 1980 como professor auxiliar e foi
nomeado professor titular de ciência política em 1985, desde então ele ministra cursos e
seminários sobre teoria política e ética em Harvard, incluindo o seu curso mais famoso
“Justiça”, além de seu trabalho acadêmico, Sandel é um influente comentarista político e
cultural na mídia, ele foi convidado para aparecer em diversos programas de televisão e
rádio.
Além de seu trabalho acadêmico, Sandel tem participado ativamente de
debates e discussões políticas sobre questões de justiça e ética. Ele tem sido consultado
por governos, organizações internacionais e pela mídia em todo o mundo devido à sua
experiência em filosofia política. Em reconhecimento as suas contribuições à filosofia
política, Sandel recebeu vários prêmios e honrarias, incluindo o prêmio “Princesa de
Asturias de Ciencias Sociales” no ano de 2018.
Sandel é autor de vários livros, incluindo “Justiça – O que é fazer a coisa
certa?”, o livro aborda dilemas éticos controversos, como a eutanásia, a pena de morte, a
distribuição de recursos, liberdade de expressão e questiona as respostas convencionais
a esses dilemas, propondo novas perspectivas e soluções. Sandel argumenta que a
moralidade não pode ser reduzida a princípios universais e abstratos, mas deve levar em
consideração as circunstâncias e contextos específicos, defendendo assim uma
abordagem mais contextualizada e situacional da ética.
Ao longo do livro, Sandel discute diversas teorias éticas, como o utilitarismo,
o liberalismo, o comunitarismo e a ética das virtudes, e analise as vantagens e
desvantagens de cada uma delas. Ele também critica a ideia de que a justiça pode ser
alcançada por apenas por meios de procedimentos formais e imparciais, argumentando
que esses procedimentos muitas vezes ignoram as diferenças entre as pessoas e os
contextos específicos.
FICHAMENTO

É possível resumir o livro em alguns principais pontos com base em


seus capítulos, que são:

Capítulo I – Fazendo a coisa certa: O primeiro capítulo do livro aborda


a questão fundamental da ética, que é a de fazer a coisa certa. Sandel argumenta que essa
é uma questão que permeia todas as esferas da vida e que não pode ser respondida com
uma fórmula simples, mas sim que requer um exame cuidadoso dos valores em jogo e das
consequências de nossas escolhas.

“[…] Sentir a força dessa confusão e a pressão para resolvê-la é o que nos
impulsiona a filosofar. Expostos a tal tensão, podemos rever nossa opinião sobre a
coisa certa a fazer ou repensar o princípio que inicialmente abraçávamos. Ao nos
depararmos com novas situações, recuamos e avançamos em nossas opiniões e
nossos princípios, revisando cada um deles à luz dos demais.”

Capítulo II - O princípio máximo da felicidade / O Utilitarismo: Neste


capítulo, Sandel apresenta o utilitarismo, uma teoria ética que defende que devemos agir
de forma a maximizar a felicidade ou o prazer e minimizar a dor ou o sofrimento. Ele explora
as implicações dessa teoria e questiona se o bem-estar individual deve ser o único critério
para avaliar a moralidade de uma ação.

“Bentham, filósofo moral e estudioso das leis, fundou a doutrina utilitarista. Sua ideia
central é formulada de maneira simples e tem apelo intuitivo: o mais elevado
objetivo da moral é maximizar a felicidade, assegurando a hegemonia do prazer
sobre a dor.”

Capítulo III - Somos donos de nós mesmos? / A ideologia libertária:


Neste capítulo, Sandel discute a ideologia libertária, que defende que os indivíduos têm
direitos inalienáveis, incluindo o direito à liberdade e à propriedade, e que o papel do Estado
deve ser limitado. Ele explora as implicações dessa ideologia para questões como a
distribuição de recursos e a liberdade individual.

“Os libertários defendem os mercados livres e se opõem à regulamentação do


governo, não em nome da eficiência econômica, e sim em nome da liberdade
humana. Sua alegação principal é que cada um de nós tem o direito fundamental à
liberdade — temos o direito de fazer o que quisermos com aquilo que nos pertence,
desde que respeitemos os direitos dos outros de fazer o mesmo.”
Capítulo IV - Prestadores de serviços / O mercado e conceitos morais:
Neste capítulo, Sandel discute a ética do mercado e como a comercialização de certos bens
e serviços pode afetar os valores morais e sociais. O autor examina diversas questões
como a venda de órgãos humanos, a comercialização do direito de poluir, a privatização de
recursos públicos e a prática de subornos e corrupção, questionando se essas práticas são
moralmente aceitáveis.

“Céticos do mercado questionam esses argumentos. Eles afirmam que as escolhas


de mercado nem sempre são tão livres quanto parecem. E afirmam também que
certos bens e práticas sociais são corrompidos ou degradados se implicarem
alguma transação com dinheiro.”

Capítulo V - O que importa é o motivo / Immanuel Kant: Neste


capítulo, Sandel apresenta a ética de Kant, que defende que a moralidade de uma ação
não depende de suas consequências, mas sim da intenção do agente. Ele explora as
implicações dessa teoria para questões como a mentira e a punição, questionando se é
sempre correto seguir o dever moral.

“De acordo com Kant, o valor moral de uma ação não consiste em suas
consequências, mas na intenção com a qual a ação é realizada. O que importa é o
motivo, que deve ser de uma determinada natureza. O que importa é fazer a coisa
certa porque é a coisa certa, e não por algum outro motivo exterior a ela.”

Capítulo VI - A questão de equidade / John Rawls: Neste capítulo,


Sandel apresenta a teoria da justiça de Rawls, que defende que a justiça deve ser baseada
em princípios de equidade e igualdade de oportunidades. Ele explora as implicações dessa
teoria para questões como a distribuição de renda e a imigração, questionando se as
desigualdades sociais são justificáveis em uma sociedade justa.

“A teoria de justiça de Rawls, no entanto, não se presta a essa objeção. Ele mostra
que há outras alternativas à sociedade de mercado meritocrática além da igualdade
pelo nivelamento. A alternativa de Rawls, que ele denomina princípio da diferença,
corrige a distribuição desigual de aptidões e dotes sem impor limitações aos mais
talentosos. Como? Estimulando os bem-dotados a desenvolver e exercitar suas
aptidões, compreendendo, porém, que as recompensas que tais aptidões acumulam
no mercado pertencem à comunidade como um todo.”
Capítulo VII - A ação afirmativa em questão: Neste capítulo, Sandel discute a questão da
ação afirmativa, que busca promover a igualdade de oportunidades para grupos
historicamente marginalizados. Ele explora as implicações dessa política para questões
como a meritocracia e a discriminação reversa, questionando se a ação afirmativa é uma
forma justa de lidar com a desigualdade social.

“Se a questão for ajudar as pessoas em desvantagem, argumentam os críticos, a


ação afirmativa deveria basear-se na classe social, não na raça.”
“A objeção prática não diz que a ação afirmativa é injusta, mas sim que é provável
que ela não atinja seus objetivos e resulte em mais problemas do que benefícios.”

Capítulo VIII - Quem merece o quê? / Aristóteles: Neste capítulo,


Sandel apresenta a ética de Aristóteles, que defende que a justiça deve ser baseada no
mérito e na virtude. Ele explora as implicações dessa teoria para questões como a
distribuição de recursos e a recompensa pelo trabalho, questionando se a meritocracia é a
melhor forma de lidar com a desigualdade social.

“Para Aristóteles, justiça significa dar às pessoas o que elas merecem, dando a
cada um o que lhe é devido. Mas o que uma pessoa merece? Quais são as
justificativas relevantes para o mérito? Isso depende do que está sendo distribuído.
A justiça envolve dois fatores: “as coisas e as pessoas a quem elas são destinadas”.
E geralmente dizemos que “pessoas iguais devem receber coisas também iguais”.”

Capítulo IX - O que devemos uns aos outros? / Dilemas da lealdade:


Neste capítulo, Sandel discute a questão da lealdade e suas implicações para a moralidade.
Ele explora várias situações em que a lealdade pode entrar em conflito com outras
obrigações éticas, como a lealdade ao país versus a lealdade à família, a lealdade a um
amigo versus a lealdade à verdade, questionando se a lealdade é sempre um valor
moralmente correto e se devemos sempre priorizar nossa lealdade a um grupo ou
instituição.
“[…] O que podemos apreender ao analisar a maneira como William Bulger e
David Kaczynski agiram em relação aos irmãos? Para William, a lealdade à
família superou o dever de conduzir um criminoso à justiça; […]”
Capítulo X - A justiça e o bem comum: Neste capítulo, Sandel discute
o conceito de bem comum e sua relação com a justiça. O autor argumenta que o bem
comum é um objetivo fundamental da política e da justiça, e que a justiça não pode ser
alcançada sem a promoção do bem comum.

“Se uma sociedade justa requer um forte sentimento de comunidade, ela precisa
encontrar uma forma de incutir nos cidadãos uma preocupação com o todo, uma
dedicação ao bem comum. Ela não pode ser indiferente às atitudes e disposições,
aos “hábitos do coração” que os cidadãos levam para a vida pública, mas precisa
encontrar meios de se afastar das noções da boa vida puramente egoístas e cultivar
a virtude cívica.”
REFERÊNCIAS

Todas as informações e citações contidas neste texto foram baseadas


exclusivamente no livro “Justiça: O que é fazer a coisa certa?” de Michael J. Sandel,
traduzido para o português e publicado no Brasil no ano de 2011.

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