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Caderno de
MATEMÁTICA
Parceria Realização
CADERNO DE ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
PARA O TRABALHO EM SALA DE AULA À LUZ DO
DOCUMENTO CURRICULAR REFERENCIAL DA BAHIA
Ensino Fundamental: Anos Iniciais e Anos Finais
Caderno de
MATEMÁTICA
Parceria Realização
Dados internacionais de Catalogação na Publicação Ficha catalográfica elaborada pelo
Sistema de Bibliotecas/FGV Elaborada por FGV DGPE.
ISBN: 978-65-86289-27-5
CDD - 372.98142
Caderno de Matemática
Anos iniciais 24
3 DO VAGÃO: O
3.1 da formação integral
41
4 DESCANSO: O
4.1 situando a área em movimento
55
INTERAGINDO
5 ENTRE VAGÕES
5.1 Possibilidades na prática: do pensar ao agir 69
SEGUINDO VIAGEM:
6
6.1 Anos iniciais para os anos finais: nos trilhos da transição 83
A TRANSIÇÃO
PARA O 6º ANO
p. 82
Anos finais 86
QUE HÁ ?
2.2 Alfabetização e letramento 97
p. 88
Ensinar e aprender matemática no fundamental
2.3 - anos finais: princípios norteadores
96
3 DO VAGÃO: O
3.1 da formação integral
97
4 DESCANSO: O
4.1 situando a área em movimento
129
QUE DESENHO?
4.2 Temas integradores no DCRB 134
p. 128
Planejamento do processo de ensino-aprendizagem:
4.3 desafios, possibilidades e elementos essenciais
144
5 ENTRE VAGÕES
5.1 possibilidades e elementos essenciais
155
6 VIAGEM: A
6.1 um novo começo ou início do fim?
179
TRANSIÇÃO PARA
O ENSINO MÉDIO
p. 178
BIBLIOGRAFIA 184
1. PARA COMEÇAR A CONVERSA... 8
COM A FALA,
1 SEU ZÉ, O
MAQUINISTA
Anos iniciais e finais 9
É com muita alegria que nos dirigimos a você no início desta viagem para um con-
vite: vamos trilhar juntos as áreas de conhecimento que compõem o currículo do
ensino fundamental nos anos iniciais e finais?
Temos certeza que esta será uma bela viagem! Repleta de paisagens novas e de
outras, revisitadas, que nos encantem e transformem coletivamente, promovendo
encontros, aprendizagens e ressignificação de práticas educativas cotidianas na
intenção de promover o direito à aprendizagem de nossos estudantes.
Para iniciar a viagem, adentremos no primeiro vagão deste trem repleto de saberes e
desafios. Ele constituirá a trilha de aprendizagem que você percorrerá, e tem como
objetivo tratar dos fundamentos que orientam o Documento Curricular Referen-
cial da Bahia (DCRB). Mais especificamente, neste vagão, você terá contato com
temas relacionados aos marcos legais, teóricos e metodológicos que fundamentam
o DCRB articulados ao debate sobre a centralidade do projeto político-pedagógico
(PPP) em uma escola que assume as intencionalidades a partir desses marcos.
Para que este trecho da viagem, e os outros que se seguirão, sejam desafiadores e
mobilizadores para novas aprendizagens individuais e coletivas, provocamos você a
considerar os saberes de suas vivências pessoais e profissionais de forma articulada
aos novos conhecimentos que iremos estudar juntos, sempre numa perspectiva
reflexiva e problematizadora.
Para finalizar este primeiro contato, fica o convite para que possamos fazer uma
viagem inesquecível, rica de leituras, problematizações, desafios, novos saberes e
aprendizagens coletivas!
Sigamos!
1. PARA COMEÇAR A CONVERSA... 10
Saiba mais...
Território percebido a partir de autores contemporâneos, cujo conceito vai além do território
nacional ou mero espaço geográfico. (DCRB, 2018, p.21). Sugestão: SANTOS, Milton e BECKER,
Berta. Território, territórios: ensaios sobre o ordenamento territorial. Editora Lamperina, 2006.
Tendo como premissa que toda ação humana é intencional e que a intencionalidade
de nossas ações é que dá sentido ao cotidiano, tanto numa perspectiva individual
quanto coletiva, podemos, então, afirmar que a intencionalidade pedagógica é toda
a intenção direcionada que vai além da mera transmissão de conteúdo. Envolve,
claramente, a atitude e a postura do professor/educador, além do embasamento
teórico e determinadas habilidades de ensino capazes de conduzir ao processo do
aprender. Portanto, essa intencionalidade não se realiza isoladamente, mas rela-
ciona, interage, reflete e exige a ressignificação das práticas cotidianas para quem
ensina e para quem aprende.
Com base nisso, o DCRB prevê para o ensino fundamental, em sua constituição,
abertura e flexibilidade para que as escolas e seus educadores possam conjugar
outras experiências curriculares pertinentes e relevantes, tendo, como critério,
modelos curriculares pautados em pedagogias ativas e emancipatórias que devem
permear os projetos político-pedagógicos (PPP) e as ações pedagógicas.
? Você já parou para pensar sobre o porquê e o para que a BNCC e o DCRB?
1.1.1 Por que e para que a BNCC?
Saiba mais...
Sobre a relação entre os conceitos diferença cultural, interculturalismo e educação ver a referên-
cia a seguir: https://www.scielo.br/j/es/a/QL9nWPmwbhP8B4QdN8yt5xg/?lang=pt
Ah, professor, vale lembrar que “diversidade” e “diferença” e “desigualdade” precisam ser bem
demarcadas no espaço da educação.
Atenção!
O DCRB convida as instituições educacionais e seus educadores a tomá-lo como um conjunto de
proposições fundamentadas e justificadas, a serem pensadas com autonomia pedagógica, res-
ponsabilidade socioeducacional, atitude formacional criativa e protagonismo institucional, tanto
na perspectiva operacional como na vontade de qualificação da formação para a educação básica
do estado da Bahia.
Plano Nacional de Lei nº 13.559, de 11 de Estatuto da Criança e Estatuto da Juventude, Estatuto do Idoso, Lei
Educação – PNE maio de 2016 do Adolescente (ECA), Lei nº 12.852/13 nº 10.741/03
2014-2024 Lei nº 8.069/90
Anos iniciais e finais 13
COMPETÊNCIAS
“[...] saberes/atividades em uso, orientadas por valo-
res atitudinais, reflexões críticas e demandas forma-
tivas socialmente referenciadas, ou mesmo mobiliza-
ção de conhecimentos (conceitos e procedimentos),
atitudes e valores para resolver problemas concretos EDUCAÇÃO INTEGRAL
da vida, do exercício da cidadania e, destacadamente,
“[...] propósito a formação e
do mundo do trabalho (BAHIA, 2020, p. 32)
o desenvolvimento global dos
estudantes, compreendendo a
complexidade e a não lineari-
dade desse desenvolvimento,
rompendo com visões redu-
CURRÍCULO cionistas que privilegiam ou a
“[...] um produto das relações e das dinâmicas inte- dimensão intelectual (cognitiva)
rativas com o saber, vivendo e instituindo poderes. ou a dimensão afetiva” (BNCC,
Nesse movimento, cultiva perspectivas éticas e 2017, p. 14)
políticas ao realizar opções pedagógicas e optar por
determinados valores, os quais se revelam no cerne
das construções e orientações das escolas e devem
estar assumidos como fundamento de suas ações”
(BAHIA, 2020, p. 31)
? Quais pautas formativas compõem o PPP da sua escola? Como elas se articulam
no desdobramento das ações pedagógicas? No planejamento da escola?
Saiba mais...
Sugestão de leitura: RIBEIRO, Djamila. Lugar de Fala. São Paulo: Letramento, 2017.
Agora você pode estar se perguntando: considerando esse referencial teórico e le-
gal, como se materializa na sala de aula? Qual o caminho possível no chão da escola?
Na próxima seção, esse debate será tema central. Vamos seguir nossa viagem?
Com essas condições, alguns pilares se destacam, como integralidade, valorização da identidade, perten-
cimento e empoderamento das singularidades humanas e inovação, as quais envolvem tanto o contexto
do mundo digital quanto pessoal (BAHIA, 2020). Falando em ensino fundamental, algumas condições
destacam-se:
O DCRB sinaliza que essa materialização se dá com o atravessamento de reflexões e práticas que anun-
ciem o desenvolvimento educacional de valores como a solidariedade, a sensibilidade, a equidade, a
compaixão e a sustentabilidade ambiental nas pautas que são desenvolvidas.
Glossário
Intersetorialidade – Articulação entre sujeitos de setores diversos, com diferentes saberes e po-
deres, com vistas a enfrentar problemas complexos.
Integralidade – Uma formação que transcenda o campo do saber, se comprometa com outros
níveis e que leve em conta o contexto social, familiar e cultural.
Você pode estar se perguntando: como essas condições se articulam a esses prin-
cípios metodológicos orientadores de modo a se efetivarem práticas pedagógicas
adequadas ao ensino fundamental?
Relativo aos ritmos diferenciados, cabe salientar que um dos pontos a serem con-
siderados são as possíveis formas de se trabalhar com os erros, com o senso de
justiça e com pontos de vista divergentes. Quando esses aspectos são sensivelmen-
te observados na dinâmica da sala de aula e discutidos abertamente, a relação e o
respeito são qualificados nesse espaço escolar.
Para falar sobre possibilidades metodológicas, tendo como base os princípios nor-
teadores do currículo dotados pelo DCRB, vamos destacar a interdisciplinaridade
articulada ao planejamento.
São eles:
Para aprofundar:
http://www.rbep.inep.gov.br/ojs3/index.php/rbep/article/view/4362
Glossário
Sequência didática interdisciplinar – Ação intencional, guiada pela prática moral e política dos
humanos, organizada por atividades articuladas com foco em objetivos de dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais, cujo princípio e fim são conhecidos tanto por estudantes quanto
por professores (RAMOS e FERREIRA, 2021).
Esses elementos dão a base para a realização de planejamentos de sequências didá- Assista à live sobre
ticas interdisciplinares mobilizadas por uma práxis que tem, na tomada de decisão, planejamento de se-
a condição primeira. Desse modo, é importante viabilizar que sejam promovidas quências didáticas
interdisciplinares
[...] experiências didáticas voltadas para uma aprendizagem que vai além da
https://www.
soma das partes e em que se percebem as múltiplas possibilidades de diálogo youtube.com/
que podem ocorrer neste processo dinâmico de interação entre saberes/ watch?v=py1va5sjKfk
conhecimento (RAMOS e FERREIRA, 2019, p. 18-19).
Fonte: Elaborado
Criatividade Criticidade Problematização pelas autoras.
Diálogo Intencionalidade
1. PARA COMEÇAR A CONVERSA... 18
A seleção dos objetos de conhecimento deve estar relacionada a dois ou três com-
ponentes curriculares, no máximo, para que o diálogo possa se efetivar para além
das contribuições e colaborações.
Problematização
Na próxima etapa, por meio de perguntas desafiadoras, os estudantes são desafia-
dos com situações-problemas ou atividades similares que tenham, em seu bojo, o
questionamento relativo ao tema em estudo. Por meio do levantamento de ques-
tões sociais que incluam justificativas, explicitações em suas múltiplas dimensões:
sociais, econômicas, filosóficas, religiosas, éticas, linguísticas, entre outras. Essas
questões problematizadoras orientam as ações pedagógicas, ou seja, as estratégias
de ensino-aprendizagem que podem ser encaminhadas e resolvidas por meio de
conteúdo(s) específico(s).
Socialização
Momento de evidenciar o resultado do aprofundamento dos estudos. Nessa opor-
tunidade, à medida que os estudantes socializam, você poderá destacar anotações
relevantes e cuidadosas das contribuições para, mais adiante, entrelaçar as falas,
tecendo considerações, atento às concepções que acompanham as reflexões ad-
vindas de cada grupo.
Consolidação
Professor, nessa etapa, serão destacados os pontos relevantes sobre o tema em
estudo. Pode-se ressaltar, também, pontos que não foram discutidos até então, de
modo a contemplar os objetivos propostos na sequência didática.
Todo esse movimento pressupõe uma escola articulada numa mesma linguagem,
compreendendo o ato de ensinar e aprender numa mesma identidade. São as di-
mensões do projeto político-pedagógico (PPP) que garantem isso. Na próxima seção,
vamos discuti-lo, compreendendo-o como um ponto de partida para todas as ações
até aqui pensadas. Como dissemos, para que esses momentos se materializem na
sala de aula, é condição primeira que o PPP reflita e proponha os fundamentos que
sustentam intencionalmente esses atos.
Vamos lá!
Para começo de conversa, vamos retomar o que nos diz a Constituição Federal (CF)
de 1988. Segundo a CF, a educação é direito de todos e dever do Estado e da família.
Para promover esse direito, a escola, como uma instituição social, precisa garantir
um padrão de qualidade e realizar a gestão democrática do ensino público (CF, 1988,
Cap. III; Seção I, Incisos VI e VII).
Ao tratar de territorialidade:
Com base nos seus PPPs, as unidades escolares devem realizar o planejamen-
to de ações sociopedagógicas de forma transversal, sistemática, contínua
e integrada com as demais atividades/ações desenvolvidas pelas unidades
escolares, visando à promoção da saúde e prevenção dos agravos, envolvendo
toda a comunidade escolar e, principalmente, assegurando o lugar dos
estudantes como protagonistas, de forma a contribuir para a melhoria do
rendimento, na redução do abandono e na evasão escolar (BAHIA, 2020, p. 83).
Para aprofundar
Para ter uma compreensão mais ampliada e contextualizada da importância do lugar do PPP para
a ressignificação das orientações do DCRB no cotidiano da escola e da sala de aula, não deixe de
consultar o documento que está disponível no link: http://dcrb.educacao.ba.gov.br/wp-content/
uploads/2021/07/documentocurricularbahiaversaofinal.pdf
Como você deve ter percebido nos trechos indicados acima, o PPP tem lugar de
destaque no DCRB. Por outro lado, você também sabe e, com certeza, tem viven-
ciado isso na escola em que trabalha, o tema da gestão democrática é muito caro
para aqueles que avaliam que o envolvimento e a participação da comunidade es-
colar na elaboração do planejamento das ações pedagógicas e administrativas da
escola é um fundamento importante para a qualidade do trabalho que se realiza no
seu cotidiano. O que significa dizer que se torna uma necessidade para o alcance
da aprendizagem dos estudantes, intenção principal que mobiliza a escola para se
planejar e fazer sua gestão.
Saiba mais
Vamos lá!
Neste início de nossa viagem, contamos que as paisagens futuras sejam ressigni-
ficadas por uma atitude permanente de reflexão e problematização da realidade.
Vale chamar a atenção que o tema do PPP, como parte das primeiras palavras
orientadoras de nossa viagem, não ficará apenas nessas palavras iniciais, pois ele
fará parte de todo o caminho até nossa chegada à última estação. Esse tema irá
perpassar o conjunto do percurso como se fossem luzes, pontes, sinais, marcas na
paisagem, que servirão como um mapa orientando-nos a promover articulações
permanentes e necessárias para seguir nossa viagem rumo a uma formação que
visa valorizar, significar e ressignificar práticas que cotidianamente constroem a
escola baiana, à luz do DCRB.
Nesse contexto, devemos lembrar que, sendo uma construção coletiva, o PPP é
influenciado, de um lado, pelo conjunto das estruturas sociais dos territórios nos
quais as escolas se incrustam e daquelas estruturas mais amplas historicamente
constituídas e, de outro, por um conjunto de interações cotidianas vivenciadas no
interior da escola, mas também no seu entorno.
A partir do exposto até aqui, concluímos reafirmando a principal razão de para que,
coletivamente, precisamos refletir, propor, decidir, elaborar, monitorar e avaliar,
continuamente, o projeto político-pedagógico da escola. Ou seja, prioritariamente,
é por meio dele que as finalidades, princípios, objetivos e meios serão dispostos
pelos sujeitos do processo que dão vida às intencionalidades coletivas, fazendo com
que o PPP seja o mapa da viagem que cada rede e instituição de ensino da Bahia
pretende fazer no seu cotidiano.
E esse cotidiano deve ser orientado pela busca intransigente da garantia do direito
de aprender de cada estudante. Pois, como afirma o DCRB,
Devemos lembrar, também, que a educação, como nos diz Paulo Freire (1996), é
sempre uma forma de intervenção no mundo, para mudá-lo ou para mantê-lo
como está. Sendo assim, o PPP, quando construído numa perspectiva emancipató-
ria, poderá produzir proposições coletivas a serem desenvolvidas pela escola que
contribuirão para promover o respeito à diversidade como uma condição que nos
humaniza e enriquece individual e coletivamente.
Na sequência, avançamos em nossa viagem para que, a partir daqui, possamos tri-
lhar as áreas de conhecimento que compõem o currículo das escolas baianas à luz
do que anuncia o DCRB, reafirmando o PPP como a expressão de uma proposta
de escola como um lugar rico de significados para quem nela convive, aprende e
ensina ao mesmo tempo.
1. PARA COMEÇAR A CONVERSA... 24
Anos iniciais e finais 25
2. ENTRANDO NO VAGÃO: O QUE HÁ? 26
ENTRANDO
2 NO VAGÃO:
O QUE HÁ?
MATEMÁTICA | Anos iniciais 27
Este caderno é todo seu para que leia, reflita, dialogue tanto quanto possa. Assim,
ele poderá ser apropriado e articulado à sua realidade de forma crítica e consciente,
tendo em vista as necessidades fundamentais da sua escola / cidade/ região.
Vamos à leitura!
Saiba mais...
Caso queira conhecer mais sobre a situação da aprendizagem dos nossos meninos e meninas,
acesse este relatório da UNICEF.
https://www.unicef.org/brazil/media/461/file/Panorama_da_distorcao_idade-serie_no_
Brasil.pdf
Aprendizagem é:
Um processo de aquisição ou modificação de conhecimentos, competências, habilidades e
comportamentos, que são incorporados aos esquemas e estruturas intelectuais que o indivíduo
dispõe em um determinado momento, de forma contínua, através das interações com os diversos
ambientes sociais.
Venha conhecer um pouco mais como a afetividade é percebida e sentida entre alunos do 5º ano do
ensino fundamental na pesquisa de Andréia Osti e Elvira Cristina Martins Tassoni “Afetividade percebida
e sentida: representações de alunos do ensino fundamental”.
Assim, podemos dizer que são as nossas aprendizagens que nos permitem:
Aplicar conhecimentos Ter autonomia para Ser proativo para Conviver e aprender
para resolver problemas tomar decisões identificar os dados de com as diferenças e as
uma situação diversidades
MATEMÁTICA | Anos iniciais 29
Por que isso ocorre? Com certeza, porque cada pessoa é única e tem sua forma pró-
pria de processar informação, assimilar um novo conhecimento, utilizar diferentes
estratégias para solucionar problemas, elaborar conclusões e assimilar conteúdos,
tudo isto conforme as competências e habilidades que já possui. Esses modos dife-
rentes de aprender são denominados “estilos de aprendizagem”.
Você deve estar se perguntando: Oh, meu Deus... mais uma teoria da aprendiza-
gem? Não, profe! Não é uma nova teoria de aprendizagem, mas, sim, de estudos
realizados que evidenciam a forma própria de cada pessoa no ato de aprender, a
partir das habilidades cognitivas mais desenvolvidas de indivíduo para indivíduo.
Entre os diversos estudos, podemos citar:
Saiba mais...
Vark – https://vark-learn.com/questionario-vark-2/
Kolb – http://www.cchla.ufpb.br/ccmd/aprendizagem/
Honey-Alonso –http://metacognicao.com.br/questionario_estilos.php
E, para aprender mais sobre essa teoria, sugerimos o artigo de Schmitt e Souza (2016) “Estilos de
aprendizagem: um estudo comparativo”.
https://www.scielo.br/j/aval/a/CgyjHL3TRXbgwRdWphLbcks/?lang=pt#:~:text=Os%20esti-
los%20de%20aprendizagem%20participam,influência%20de%20fatores%20externos%2C%20
internos%2C
Segundo, sobre os estilos de ensinar. Não, não estamos falando de diferentes mé-
todos de ensino. Estamos falando de estilos de ensino que cada professor possui,
resultado de seus saberes metodológicos, suas preferências quanto aos canais de
comunicação dos conhecimentos, além de suas competências emocionais. Sim.
Pois, da mesma forma que as nossas habilidades cognitivas, saberes prévios e emo-
ções influenciam nossos modos de aprender, também influenciam nossos modos
de ensinar, determinando nossas preferências por algumas estratégias de ensino
e não por outras, ou por alguns recursos tecnológicos específicos, resultando em
diferentes formas de abordar o conteúdo e nas emoções geradas nos estudantes
com a aula.
“O aluno inicia sua aprendizagem da linguagem matemática em suas atividades sociais anteriores a
sua experiência escolar. Cabe à escola ORGANIZAR e SINTETIZAR o saber que o aluno leva consigo”.
É importante não deixar que pensem que tudo o que já sabem é errado.
Tudo que sabem é o começo, é a partir de seu conhecimento que devemos começar sua trajetória escolar.
Uma breve análise dos relatórios sobre distorção idade-série revela uma parcela
significativa de responsabilidade da Matemática escolar nesse cenário de fracasso.
E quais fatores no campo do ensinar e aprender Matemática pode levar a isso?
Chega aqui para conhecer os seis fatores cruciais:
Superar tal cenário de fracasso requer esforço conjunto das autoridades responsá-
veis pelas políticas públicas, dos gestores e do corpo docente da escola, bem como
das famílias. E, situando nosso olhar sobre a ação do corpo docente, a quem ende-
reçamos estes cadernos, há que se considerar “cada professor ou professora, em
suas salas de aula, como um agente das intervenções necessárias” para potenciali-
zar as situações de ensino e assegurar os direitos de aprendizagens dos estudantes,
nossas crianças e jovens.
Linguagem matemática
Registro espontâneo
Manipulação Experimentação estabelecida
(pictórico ou simbólico)
convencionalmente
RESOLUÇÃO DESENVOLVIMENTO
INVESTIGAÇÃO MODELAGEM
DE PROBLEMA DE PROJETOS
2. ENTRANDO NO VAGÃO: O QUE HÁ? 34
Porque eles são tanto objetos de conhecimento a serem aprendidos quanto estra-
tégias especiais para a aprendizagem dos estudantes ao longo de todo o ensino
fundamental. E, ainda, são potencialmente ricos para o desenvolvimento de com-
petências fundamentais para a alfabetização e o letramento matemático.
Todas as demais áreas necessitam dos distintos saberes matemáticos, desde a in-
terpretação de conteúdo ao cálculo de valores, ao raciocínio lógico, à abordagem
em consumo, à compreensão de espaços e tantas outras ações que mobilizam de-
mais conhecimentos e formas de relação com o mundo.
Ainda assim, como refletimos na seção anterior, mesmo com sua presença constan-
te em nosso cotidiano desde a infância à vida adulta, o fracasso escolar se faz pre-
sente notadamente nessa área. Para ultrapassar tal cenário, uma das possibilidades
é assegurar o processo de alfabetização e letramento matemático como categorias
fundamentais no processo de aprendizagem matemática.
Ele expressa uma ideia social de leitura e escrita, na qual os sujeitos compreendem
os números no seu cotidiano, por meio da interação com o meio e com os outros e
das experiências das situações vivenciadas.
E a escola pode se constituir nesse espaço, pois nela inúmeras pessoas interagem
com intencionalidades e responsabilidades definidas. Aqui destacamos o currículo
como eixo singular para tal.
Vamos verificar quais elementos a mais o DCRB, ancorado pela BNCC, nos apresenta
para pensarmos e construirmos experiências de aprendizagem com o conhecimen-
to matemático que sejam diferenciadas? Vamos conversar um pouco sobre esses
conceitos centrais. Aqui, nesta seção, destacaremos os seguintes: aprendizagem
por competências; competências e habilidades.
Atenção!
A DCRB não é um documento fechado. Em atenção às orientações das Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Básica (BRASIL, 2013), sua elaboração permite que as especificidades e as
características local e regional de cada escola e do estado da Bahia sejam contempladas, incluin-
do-se aqui as diferentes modalidades de ensino (educação regular, educação especial, educação
de jovens e adultos, educação do campo, educação escolar indígena, educação escolar quilombo-
la, educação a distância).
Competências Unidades
Competências
Gerais Objetivos de temáticas
específicas do
aprendizagem-
componente
Competências Habilidades Objetos de
curricular
de área conhecimento
2. ENTRANDO NO VAGÃO: O QUE HÁ? 38
=
Competência
As competências gerais são referências para a definição de competências para cada
área e cada componente, formando um caminho até os objetivos de aprendizagem.
Portanto, todos os objetivos de aprendizagem, de todos os componentes, se rela-
cionam com os três grandes grupos de competências.
A intenção tanto da BNCC quanto do DCRB é que elas sejam desenvolvidas transver-
salmente, ao longo de toda a educação básica (educação infantil, ensino fundamen-
tal e ensino médio), a partir da integração à ação de cada componente curricular
para articular a construção de conhecimentos, resultando em desenvolvimento de
habilidades e na formação de atitudes e valores.
2.2.4.3 As habilidades
As habilidades relacionam-se “ao saber fazer uso dos diferentes objetos de conhe-
cimento – aqui entendidos como conteúdos, conceitos e processos – que, por sua
vez, são organizados em unidades temáticas” (BRASIL, 2017). E o que a habilidade
representa? Podemos dizer que representa a capacidade de fazer uso de um co-
nhecimento adquirido em uma realidade intra ou interpessoal qualquer.
PELAS JANELAS
3 DO VAGÃO: O
QUE TEM?
MATEMÁTICA | Anos iniciais 41
Olá, professor!
Mais uma vez juntos olhando pelas janelas deste vagão. E, agora, com mais um olhar
diferenciado sobre o ensino e aprendizagem da Matemática no ensino fundamental
– anos iniciais.
Nossa trilha neste caderno está especial, pois aprofundaremos nas especificidades
desta área de conhecimento, fazendo um recorte sobre sua relação com a criativi-
dade e o protagonismo e as modalidades de ensino.
As seções que sucedem, professor, lhe ajudarão a compreender ainda mais a es-
trutura do DCRB e seus elementos estruturantes, que compõem o currículo. Vão,
justamente, detalhar os elementos e organizadores curriculares do currículo Bahia.
A formação integral no DCRB é percebida a partir de sua visão ampliada, tanto como
a escola de tempo completo como de formação integral humana, na perspectiva do
desenvolvimento integral (BAHIA, 2020, p. 15; 32; 33; 118).
Para isso há que haver intencionalidade e compromisso por parte de todos os agen-
tes envolvidos no processo formativo dos estudantes.
Mas para isto, professor, os conteúdos a serem aprendidos precisam ser contextu-
alizados para que tenham significado no dia a dia dos estudantes, permitindo-lhes
relacionar conhecimento e prática e vice e versa, por meio de abordagens contex-
tualizadas e interdisciplinares.
Ainda, há que contribuir com uma vinculação positiva do estudante com a Matemá-
tica e o desenvolvimento do pensamento crítico, da criatividade e do protagonis-
mo, conceitos que não podem ficar de fora ao falarmos de uma formação integral,
e que podem ser alcançados por meio da contextualização, a problematização e a
interdisciplinaridade.
Pois é! Mas, no ensino de Matemática, o foco excessivo no domínio das habilidades algorítmicas
básicas retira da sala de aula oportunidades de desenvolvimento do pensamento criativo. Há que
haver equilíbrio!
No campo da Matemática, o estudante utiliza seu potencial criativo quando buscar identificar estratégias
diferenciadas para resolver os problemas matemáticos não complexos de forma independente, a partir
de deduções independentes das fórmulas, na criação de provas e teoremas, ao descobrir modos originais
de resolver problemas não padronizados (FONSECA e GONTIJO, 2021).
Professor, para uma discussão um pouco mais ampla sobre a criatividade, consulte
a seção 3.1 – O potencial criativo, do caderno de Ciências Humanas.
Nessa direção, o que podemos fazer nas aulas de Matemática para incentivar o
desenvolvimento do protagonismo do estudante?
MATEMÁTICA | Anos iniciais 43
Não existe, apenas uma matemática com caráter universal, civilizacional, mas,
sim, diversas expressões matemáticas que emergem em culturas particulares,
únicas, e nelas encontram sentido. Decorrente deste pressuposto, considera-
se que, para ensinar matemática, é preciso contextualizar as aprendizagens nos
quadros culturais, sociais e étnicos dos sujeitos. (D’AMBRÓSIO, 2003, p. 58).
Precisamos permitir o erro, pois é a tentativa de encontrar soluções diferentes para os mesmos
problemas, sem medo do “errar e sem culpa”. Errar é testar hipóteses que não deram certo. Nosso
papel enquanto docentes é investigar curiosamente os motivos que levaram àquela dita “res-
posta errada” e não reprimir ou punir! Em uma proposta de formação integral para criatividade,
protagonismo e desenvolvimento do pensamento crítico, é muito importante que os estudantes
associem suas experiências escolares (incluindo os erros) a emoções positivas, em um ambiente
que inspira confiança e segurança, com professores que orientam, indicam, auxiliam no percurso
de aprendizagem, fortalecendo sua autoconfiança na própria capacidade de aprender.
Professor, (re)leia um pouco mais sobre a importância das emoções na aprendizagem no Capítulo
2 do caderno de Matemática!
3. PELAS JANELAS DO VAGÃO: O QUE TEM? 44
Embora seu reconhecimento esteja previsto desde 1996, na Lei n. 9.394/96 (LDB),
e as reflexões, discussões e pesquisas sobre o ensinar e aprender tenham se avolu-
mando nesses últimos dez anos, quando falamos do ensino de Matemática ainda há
muitos desafios. Tanto na estruturação do currículo quanto na formação de pro-
fessores, no desenvolvimento de melhores métodos e estratégias de ensino para
cada uma delas.
Um dos caminhos é por meio da etnomatemática. Por permitir “[...] trazer a ’realida-
de‘ para o espaço escolar para possibilitar que os conteúdos matemáticos ganhem
significado, esta abordagem nos permite problematizar a vontade de ’realidade‘ que
habita em cada um de nós, ou seja, a busca pela necessidade de estabelecer ligações
entre a matemática escolar e a ’vida real’” (KNIJNIK et al., 2012, p. 72).
Saiba mais...
Consulte a p. 61 do DCRB. Lá você encontrará a relação dos diversos dispositivos legais que nor-
teiam a educação escolar quilombola.
Sugerimos, também, a leitura das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
Quilombola.
Disponível em:
https://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/diretrizes_curric_educ_quilombola.pdf
Agora, caro professor, passemos a olhar algumas paisagens relacionadas aos ele-
mentos estruturantes do currículo da área de Matemática.
3. PELAS JANELAS DO VAGÃO: O QUE TEM? 48
1º ano
Unidades
Objetos de conhecimento Habilidades
temáticas
Contadem de rotina
(EF01MA01) Utilizar números naturais
Contagem ascendente e descendente como indicador de quantidade ou de or-
dem em diferentes situações cotidianas e
Reconhecimento de números no contexto reconhecer situações em que os números
diário: indicação de quantidades, indicação de não indicam contagem nem ordem, mas
ordem ou indicação de código para a organi- sim código de identificação.
zação de informações
Matemática
1. Número
2. Álgebra
3. Geometria
4. Grandezas e medidas
5. Estatística e probabilidade
3. PELAS JANELAS DO VAGÃO: O QUE TEM? 50
Vamos tecer mais diálogos sobre as unidades temáticas e seus objetos de conheci-
mento? Venha comigo!
1. Número
2. Álgebra
3. Geometria
Esta unidade temática tem como foco central o estudo de um amplo con-
junto de conceitos e procedimentos necessários para resolver problemas do
mundo físico e de diferentes áreas do conhecimento. Assim, nesta unidade
temática, estudar posição e deslocamentos no espaço, formas e relações en-
tre elementos de figuras planas e espaciais pode desenvolver o pensamento
geométrico dos alunos.
Um lembrete: esta unidade temática tem como foco, ainda, a compreensão das
transformações socioespaciais existentes no campo e na cidade, bem como a im-
portância das transformações urbano-industriais existentes em variados tempos,
escalas e processos sociais.
4. Grandezas e Medidas
5. Probabilidade e Estatística
PARADA PARA
4 DESCANSO: O
QUE DESENHO?
MATEMÁTICA | Anos iniciais 55
Esperamos que sua leitura contribua com a ressignificação dos conceitos sobre
esses campos, especialmente os temas integradores e o planejamento, uma ação
tão essencial, mas, por vezes, tão desvalorizada em nosso cotidiano.
Figura 1 – Dimensões
do currículo a partir
...para que to- da BNCC (2018) e
Uma Base do DCRB (2020)
Com a qual dos os alunos
Nacional ...necessários
se garante possam ter Fonte: Elaborado pela
ao exercício
Comum uma unidade acesso aos autora, 2020
da vida cidadã.
nacional... conhecimen-
Curricular tos mínimos...
Constituída
...escolhidos
por conteúdos
de forma
Uma parte comple-
autônoma, por
...tendo em
mentares, vista os inte-
diversificada identificados
cada sistema,
resses da sua
rede de
do currículo na realidade
ensino e cada
comunidade.
regional e
escola...
local...
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 56
São áreas de conhecimento A resposta trazida pela Constituição Federal de 1988 e pela LDB nº 9.394/96
da Base Comum: é: uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Como discutido ampla-
mente, a Base é um documento normativo que estabelece um conjunto de
Área de Linguagens competências (gerais e específicas), habilidades e aprendizagens essen-
Língua Portuguesa
ciais para os estudantes da educação básica, independentemente de sua
Educação Física
posição geográfica, categoria, nível ou modalidade de ensino do país.
Língua Estrangeira
Os conteúdos assegurados na Base são aqueles estabelecidos nas compe-
Arte
tências gerais e específicas, bem como nas habilidades a serem desen-
volvidas, especificamente a partir das cinco áreas de conhecimento, que
Área de Matemática:
se desdobram em componentes curriculares, unidades temáticas e/ou
Matemática eixos e estão interconectados aos temas integradores, que discutiremos
na seção 4.2. deste caderno.
Área de Ciências da Natureza
Ciências A intenção de uma “Base Nacional Comum” como política pública não é
modesta. Espera-se reduzir as desigualdades educacionais existentes no
Área de Ciências Humanas Brasil, nivelando e, o mais importante, elevando a qualidade do ensino. Há
que se destacar, porém, que o sucesso dessa empreitada só será alcança-
História
do se houver investimento adequado na formação de gestores e professo-
Geografia
res, bem como na infraestrutura escolar para viabilizar o projeto que cada
sistema/rede/escola propõe, entre outros elementos.
Área de Ensino Religioso
Ensino religioso Mas, veja, não podemos esquecer que a composição curricular precisa
articular os diversos aspectos da vida cidadã às áreas de conhecimento
representadas como componentes curriculares no currículo escolar.
Saiba mais...
Alguns municípios definiram as unidades temáticas para a parte diversificada do currículo. Con-
sulte aqui alguns documentos:
Remanso:
https://www.remanso.ba.gov.br/abrir_arquivo.aspx/Texto_6?cdLocal=2&arquivo=%7B8B3A-
DB2A-E6C7-1CD4-AAED-EEB103223DEC%7D.pdf
Castro Alves:
https://castroalves.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/11/RCCACOMPLETO_2020.pdf
Mas, antes de decidir “colocar a mão na massa” quanto à parte diversificada, pri-
meiro, sua escola precisa definir quais unidades temáticas serão adotadas para
estruturar tal dimensão do currículo, o que é feito na (re)elaboração do projeto
político-pedagógico da escola.
Vamos fazer uma conexão entre as unidades temáticas da parte diversificada com
as competências específicas da área de Matemática? Tomemos como exemplo a
seguinte competência específica de Matemática
Como fará isto, ou qual estratégia de ensino escolherá para o trabalho pedagógico.
O modelo dos temas integradores tem sua inspiração nos temas transversais dos
PCN e nas temáticas integradoras contemporâneas apresentadas pela BNCC (2018).
MATEMÁTICA | Anos iniciais 59
Figuras 2 – Quadro
Temas transversais Temas Contemporâneos Temas integradores comparativo da
(PCN) Transversais (BNCC) (DCRB) presença de temas
transversais
no currículo
Seis temas Quinze temas Fonte: Elaborado pela
Oito temas autora, 2022
transversalizam o desdobrados em seis
integradores
currículo macroáreas
O que mudou nessas propostas? Primeiro, a BNCC adotou Cada um dos temas integradores
nova terminologia, que foi também ressignificada pelo DCRB. adotados pelo DCRB possui marcos
Segundo, houve modificação no número de temas entre os di- normativos legais. Sugerimos a
consulta na p. 45 do DCRB (2020).
versos documentos, conforme se pode ver na figura anterior.
Terceiro, diz respeito à sua obrigatoriedade. Nos PCN, eram
facultativos, mas, na BNCC e no DCRB, eles são obrigatórios,
conforme estabelecem as Diretrizes Nacionais para Educação A inclusão obrigatória dos temas
Básica. Quarto, todos os temas sugeridos, tanto na BNCC contemporâneos é estabelecida
(2018) quanto no DCRB (2020), possuem uma fundamentação em marcos normativos
legal bem estruturada, a partir de marcos normativos espe- legais. Veja quais são:
cíficos, pois são temas “que afetam a vida humana em escala Resolução CNE/CEB nº
local, regional e global” (BRASIL, 2018, p. 19). 7/2010, que fixa as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN).
E os motivos para tal obrigatoriedade? Conforme as Diretri- Resolução CNE/CEB nº 12/2012.
zes Nacionais da Educação Básica, os temas contemporâneos,
denominados temas integradores no DCRB (2020), favorecem:
Veja alguns dos argumentos apresentados no DCRB (2020) sobre a inclusão dos temas integradores:
A escola precisa se constituir como espaço promotor de: afetos, curiosidade, cria-
tividade, sonhos, produção e fruição da arte, da cultura e da ciência, inovação, so-
lidariedade, saúde, autonomia, cidadania, acolhimento, inclusão e felicidade, cum-
prindo assim o seu papel de formar cidadãos integrais e integrados, livres, criativos,
críticos, autônomos e responsáveis (DCRB, 2020, p. 71).
Figuras 3 – Temas
integradores
propostos pelo 1. EDUCAÇÃO PARA
2. EDUCAÇÃO
DCRB (2020) A DIVERSIDADE
Fonte: Elaborado pela
PARA O
autora, 2022
7. EDUCAÇÃO TRÂNSITO
3. SAÚDE
FISCAL
NA ESCOLA
6. CULTURA 5. EDUCAÇÃO
DIGITAL 4. EDUCAÇÃO
FINANCEIRA E
AMBIENTAL
PARA O CONSUMO
No DCRB (2020, p. 66), você encontra uma seção específica detalhando a natureza
de cada um desses temas integradores. Sugerimos a leitura do documento para um
maior acompanhamento das reflexões sobre os temas integradores e o ensino de
Matemática.
Objetos de conhecimento:
Objetos de conhecimento:
Bem, é com nossos “pés no chão” que entramos nesta seção de estudos! Conscien-
tes de que:
Saiba mais...
Vamos conhecer um pouco mais sobre a estruturação das sequências didáticas na conferência:
Sequências didáticas
As sequências didáticas se constituem como ações articuladas que possuem uma
sequência a serem realizadas pelos estudantes para que construam um determina-
do conhecimento. O nível de dificuldade dessas ações é gradual.
objetivos de aprendizagem definidos pelo professor para seus alunos. Sua unidade
mínima é o plano de aula.
Essa sequência (de atividade) didática pode ser realizada de forma integrada com
outro componente curricular e, ainda, com algum tema integrador.
Uma sequência didática pode ser, também, uma atividade permanente. No caso, são
aquelas sequências de atividades realizadas com regularidade, cujo objetivo é desen-
volver hábitos e atitudes. Por exemplo: para promover a prática de cálculo mental,
ao fazer a roda inicial e a chamada, contabilizar a presença e ausência das meninas
em algum mural; calcular os materiais que serão necessários para as atividades do
dia (lápis, borrachas, cadernos, cadeiras, almofadas etc.) com ajuda deles ou não.
Projetos
Os projetos são situações didáticas realizadas em contexto, voltado para resolução
de alguma situação-problema. Por meio dos projetos, as atividades de ensino ad-
quirem mais sentido, direcionadas para a realização de um propósito claro com o
qual as crianças estão envolvidas no seu dia a dia.
Tempo de duração: Depende das habilidades que serão desenvolvidas e dos objeti-
vos do próprio projeto, podendo durar dias ou meses.
Como visto, essa atividade pode ser programada para durar uma semana, um mês
ou mais de um mês. Pode envolver outros componentes curriculares, nesse caso,
ciências, linguagem etc. E claramente se articula ao tema integrador Educação
ambiental.
MATEMÁTICA | Anos iniciais 65
As trilhas de aprendizagem
Você já ouviu falar em planejamento através de trilhas de aprendizagem? Vamos
aprender um pouco mais sobre o assunto.
Saiba mais...
Esse modelo permite maior autonomia às crianças, que decidem quais módulos
realizar, quando e em que ordem. Na Matemática, utiliza-se com mais frequência o
modelo linear, pois a compreensão de alguns conteúdos exige algumas aprendiza-
gens prévias essenciais. Por exemplo, se a criança não dominar o processo da adi-
ção, não conseguirá aprender a subtração, a multiplicação e muito menos a divisão.
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 66
as competências específicas;
as unidades temáticas;
os objetos de conhecimento;
Então, professor, quais unidades temáticas darão conta das aprendizagens das
crianças nesta competência? E quais habilidades podem ser relacionadas com
esta competência específica? E quais objetos de estudo darão conta do estudo das
temáticas escolhidas para aquele determinado período?
Competências específicas
Competências gerais Habilidades
de matemática
Um dos grandes desafios que se põem a partir daqui é pensar em novas possibili-
dades de organizar os momentos estruturados de ensino-aprendizagem que são
denominados de aula.
5 INTERAGINDO
ENTRE VAGÕES
MATEMÁTICA | Anos iniciais 69
Olá, professor, professora! Chegamos a uma etapa essencial que nos levará a
reflexões sobre o “como fazer”. Sim! Em todos os vagões que percorremos, apro-
fundamos nosso pensamento quanto às diretrizes trazidas pelo DCRB (2020), em
ressonância com a BNCC (2018). Agora, mergulharemos em propostas metodológi-
cas, especificamente as ativas, para concretizar uma ação pedagógica que promova
a consolidação das competências e habilidades previstas no documento oficial e
aquelas projetadas pela escola.
Na primeira seção, lhe convido a transitar “do pensar” ao “agir”, estabelecendo re-
flexões sobre o ensino de Matemática nos anos iniciais.
Depois, vamos mergulhar nas reflexões sobre a resolução de problemas como fio
condutor da articulação entre o pensar e o agir, por ser uma proposta metodoló-
gica de grande importância para a alfabetização e o letramento matemático.
Por fim, uma parada mais longa na seção Metodologias ativas na área: tecendo
possibilidades, para trazer até você novas possibilidades no ensino da Matemática,
a partir do DCRB (2020).
Por sua vez, a infância possui uma especificidade própria em seu modo de aprender
sobre o mundo, por meio da via lúdica, da exploração, da curiosidade, envolvendo
um conhecimento de mundo integrado, de modo ativo. Faz-se essencial, portanto,
a adoção de abordagens metodológicas adequadas aos modos de aprender, ao nível
de desenvolvimento e ritmo das crianças, bem como investir na construção de uma
atitude positiva em relação à Matemática.
Depreende-se, então, que uma das vias principais para superar o panorama de
fracasso escolar na área de Matemática seja desenvolver uma visão positiva sobre
ela e consolidar aprendizagens significativas de forma lúdica, pautada na metodo-
logia da resolução de problemas, sempre na perspectiva do desenvolvimento de
atividades integradas, contextualizadas, inspiradas pelas metodologias ativas.
5. INTERAGINDO ENTRE VAGÕES 70
Saiba mais...
George Polya (1887-1985) é um matemático húngaro que, em 1945, publicou o livro "A arte de
resolver problemas", fundamental para os educadores da área da educação Matemática.
Quer aprimorar sua capacidade de resolver problemas? Conheça o Projeto Polya da Universidade
do Porto. https://cmup.fc.up.pt/cmup/polya/polya_resolver.html
Um problema, na visão de Onuchic (1999, p. 215), é “tudo aquilo que não se sabe
fazer, mas que se está interessado em resolver”. E a resolução de problema é o
caminho metodológico fundamental para a aprendizagem das nossas crianças e
jovens.
Professor, você conhece as etapas definidas por Polya (2006) para a resolução de
um problema? São quatro etapas, e é importantíssimo que você as conheça:
MATEMÁTICA | Anos iniciais 71
compreender o problema;
executar o plano;
escrever a resposta.
Saiba mais...
Habilidade:
As metodologias ativas são todas aquelas atividades nas quais as crianças se envol-
vem ativamente, ou experiencialmente, no processo de aprendizagem, a partir de
atividades que as façam pensar, debater, agir autonomamente, explorar a realidade,
construir suas hipóteses, testá-las, recriá-las por meio de problemas e situações
reais, sempre a partir e considerando o contexto em que vivem.
Agora, vamos pensar novas formas para o desenvolvimento de nossas aulas, articu-
lando as unidades temáticas e as metodologias ativas.
5. INTERAGINDO ENTRE VAGÕES 74
As atividades lúdicas
As crianças dos anos iniciais do ensino fundamental têm a brincadeira como base
de seu processo de desenvolvimento, exploração e conhecimento do mundo, inte-
ragindo ativamente com seus pares.
Jogos de cartas
Os jogos de cartas são excelentes para contribuir com o desenvolvimento do pen-
samento lógico, a resolução de problemas, para rever a adição de dois dígitos e
reagrupamento de subtração etc. Veja essas atividades e trilhas disponibilizadas
pela Revista Nova Escola:
Tsoro – http://bit.do/Jogo-TSORO
Mancala – http://bit.do/Jogo-Mancala
Yoté – http://bit.do/Jogo-Yote.
Coquinhos – http://bit.do/Coquinhos-Jogos-digitais
Wordwall – http://bit.do/Jogos-Wordwall
OsJogos – http://bit.do/Os-Jogos
É possível usar a massa de modelar e argila para criar objetos lúdicos, ou criar com-
posições com tinta, algodão, caixas de fósforo, elásticos e outros materiais. Essas
experiências favorecem a habilidade de trabalhar em grupo com noções de espaço,
dos conhecimentos geométricos, de medida etc. Por meio dos desenhos, é possível
desenvolver habilidades quanto à noção de perspectiva, ilusão de ótica, razão e
proporção.
Habilidade:
A tecnologia pode ser uma poderosa aliada para capturar a atenção das crianças e MatemáticaYou
potencializar sua aprendizagem. Há alguns aplicativos que oferecem dinamismo ao Professor MathYOU:
aprendizado de conceitos. São eles: MathYou, iMathematics, MyScript, App Pho- The Math Battlefield
toMatch, e assim por diante. Destacamos ainda, o software matemático GeoGebra,
disponível gratuitamente em https://www.geogebra.org/?lang=en.
Depois, leve as crianças para conhecer o software e interagir com ele, poten-
cializando o desenvolvimento das habilidades sinalizadas.
Ana Maria da Silva. Outras obras que permitem desenvolvimento das habilidades
matemáticas:
Livro Sinopse
A Economia de Traz a história de duas irmãs gêmeas que agem de maneira di-
Maria (2010) ferente quando se trata de dinheiro. Mas que, com o tempo, vão
aprendendo distintas formas de economizar. Possibilita o traba-
Telma Guimarães lho interdisciplinar entre a matemática, a língua portuguesa e a
Castro Andrade geografia em uma perspectiva transversal.
Exemplo 1 – Primeiro dia de aula. Vocês ainda não se conhecem. Então você
resolve fazer atividades diversificadas, abrangendo diversas habilidades,
como continhas criativas, sequência de contagem de brinquedos da sala,
pequenos desafios de cálculo mental para conhecer o nível de alfabetização
e letramento matemático.
Observação e registro.
Fichas avaliativas.
Autoavaliação.
Eles não são fixos, e são escolhidos tendo em vista os processos cognitivos reque-
ridos nas habilidades. Veja o exemplo da seguinte habilidade:
5. INTERAGINDO ENTRE VAGÕES 80
Se você analisar bem essa habilidade, verá que estão envolvidos dois processos de
pensamento (cognitivos): construir e utilizar. Portanto, o instrumento de avaliação
das crianças deverá ser elaborado a partir dessa lógica, considerando o contexto do
coletivo. Veja que “Construir fatos básicos da adição” é uma tarefa de maior com-
plexidade, requerendo um instrumento de avaliação mais específico. Para avaliar,
nesses casos, não basta escrever ou relacionar números. Precisa colocar em prática
a habilidade de “construir fatos básicos de....”.
Figura 1 – Aspectos
a avaliar no ensino
de Matemática A capacidade das
A compreensão crianças de usar
Fonte: Desenvolvido pelo
autor, 2022.
de conceitos matemática
matemáticos
Os modos como
formulam e resolvem
O raciocínio a formulação e a
das crianças A sua capacidade resolução de problemas
de comunicação
do pensamento
matemático
Chegamos ao final deste capítulo. Esperamos que ele tenha trazido aprendizagens
e reflexões importantes para que possamos promover processos formativos ricos
para nossos estudantes, garantindo seus direitos à aprendizagem.
6. SEGUINDO A VIAGEM... 64
SEGUINDO A
6 VIAGEM: A
TRANSIÇÃO
PARA O 6º ANO
Anos iniciais 65
Estamos chegando ao final de nossa viagem! Nem acreditamos que passou tão rápi-
do. Mas ainda temos uma surpresa no último trecho do nosso percurso.
Recarregue suas baterias e venha comigo atender ao último apito deste trem!
Agora, queremos olhar a bela paisagem que se descortina à nossa frente, pintada
pelas cores das mudanças e das transformações que são vivenciadas pelos estudan-
tes ao longo da sua formação nos anos iniciais transitando para os anos finais do
ensino fundamental
Vamos pensar um pouco sobre isso para fecharmos nossa viagem com chave de ouro?
Por que esse debate nos interessa? Interessa-nos por que ele contribui para me-
diar o processo ensino-aprendizagem em conformidade com a perspectiva do
Documento Curricular Referencial da Bahia (2020), ou seja, de acordo com uma
educação integral que não desconsidera o sujeito como um todo: suas habilidades,
preferências, modos de usar linguagens, mudanças físicas, frustrações, desaponta-
mentos, dificuldades e tantos outros aspectos de sua vida não estão dissociados do
aprender de cada criança em sala de aula.
As vivências para as quais apontamos no lugar dos anos iniciais do ensino fun-
damental são transformadas no caminhar do aprender de cada criança, e serão
básicas para a complexidade de conhecimentos que virão em sua passagem para os
anos finais do ensino fundamental. Elas nos convidam a pensar sobre o que pensa a
criança, o que sente na sua travessia de um lugar para outro no processo educativo.
Mas o que me importa, enquanto professor, atentar para como essa transição se dá
pelos olhares dos estudantes? Ao seguirmos nos trilhos, nas trilhas, na viagem do
conhecimento, confirmamos como cada professor tem indispensável colaboração
para a ação do sujeito no mundo.
6. SEGUINDO A VIAGEM... 66
A raiva sentida por Dan no trecho que inicia este nosso capítulo é uma entre as
várias emoções do personagem na narrativa em questão. Ele consegue atentar para
o comportamento inadequado de um coleguinha e gerencia uma possível forma de
manifestar o que estava dentro de si. Paremos para atentar: quantas reações consi-
deradas inadequadas cada criança pode apresentar? O que impulsiona determinada
atitude da criança em sala de aula e fora dela? Por que é importante – não é simples,
nem fácil – cada professor atentar para as diversas linguagens que a criança em-
prega em sala de aula? São muitas as respostas que podemos encontrar, contudo,
podemos dizer que uma alternativa é relacionar tais questionamentos à construção
de visão de mundo. Sim! Após a transição da primeira etapa da educação básica,
a criança segue nos anos iniciais do ensino fundamental a fortalecer, estabelecer
modos de interação consigo e com os outros, a construir sua autonomia e seu
conhecimento sobre a sociedade em que vive. É preciso demais respeitar tal mo-
mento: nem sempre a criança de primeiro ano do ensino fundamental apresenta a
leitura e a escrita mais próxima do convencional, nem sempre se mostra habituada
a perceber a forte presença da matemática no cotidiano, nem sempre demonstra
interesse em falar sobre os bichinhos na natureza e vai requerer atenção de acordo
com sua individualidade. No cenário de educar, é preciso descobrir estratégias para
incentivar cada estudante, articuladas às aprendizagens essenciais estabelecidas
conforme normatizam os referenciais curriculares da educação brasileira. Com a
ampliação de saberes propiciados pelos anos iniciais, vão se aproximando as mu-
danças, as expectativas, os saberes que se mostrarão ainda mais enriquecedores e
relacionados a uma outra fase da vida: a adolescência.
Dessa forma, faz-se necessário elaborar estratégias pedagógicas que tornem ex-
pressiva, na escola, a importância da transição entre a educação infantil para os
anos iniciais e dos anos iniciais para os anos finais do ensino fundamental. Pode-se,
nesse sentido, criar uma metalinguagem sobre o que se aprende e se ensina, ou seja,
Anos iniciais 67
O olhar pedagógico atento ao debate sobre a transição dos anos iniciais para os
anos finais do ensino fundamental é extremamente dialógico com o Documento
Curricular Referencial da Bahia (2020): diversidade, identidade, problematização,
contextualização, interdisciplinaridade, temas integradores, enfim, pressupostos
básicos para a educação formal de um estudante que estará diante de mudanças,
enfrentamentos, desafios, sempre a transitar, não somente dos anos iniciais para
os anos finais, mas estará a seguir, em passagem, em viagem pelo conhecimento,
sem cessar.
6. SEGUINDO A VIAGEM... 68
Anos iniciais 69
Ensino fundamental
A NO S FINAIS
2. ENTRANDO NO VAGÃO: O QUE HÁ? 88
ENTRANDO
2 NO VAGÃO:
O QUE HÁ?
MATEMÁTICA | Anos finais 89
Para atingir os objetivos pensados para este capítulo, vamos discutir, ao longo dele,
compreensões do ensino fundamental, conceitos importantes da área de conheci-
mento Matemática e pensar sobre o ensinar e aprender no estado da Bahia.
Você pode estar pensando que muitas das questões trazidas neste capítulo são suas
“velhas conhecidas”, mas realize as leituras tendo em mente que
Como já sabemos, a Matemática é uma das cinco áreas do conhecimento que com-
põem a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, junto com as demais, está com-
prometida com a “formação e o desenvolvimento humano global em suas dimensões
intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica” (BAHIA, 2020, p. 43).
Seguindo a orientação da BNCC (2018), no DCRB (BAHIA, 2020), cada área do co-
nhecimento estabelece competências específicas de área, cujo desenvolvimento
deve ser promovido ao longo dos nove anos do ensino fundamental. Na área de
Matemática, considerando o seu único componente curricular, essas competências
explicitam como as dez competências gerais se expressam nessa área e promovem
a articulação entre elas, tanto de forma horizontal, integrando os componentes
curriculares, quanto vertical, na progressão dos anos iniciais aos anos finais (BRA-
SIL, 2017).
Atenção!
O DCRB (BAHIA, 2020, p. 340) sinaliza que:
O currículo por competência em Matemática que está sendo abordado neste material não é
recente. Desde a década de 1990, ele vem se fortalecendo no campo pedagógico brasileiro.
As competências são definidas neste documento como “a capacidade do sujeito de mobilizar
saberes, conhecimentos, habilidades e atitudes para resolver problemas e tomar decisões
adequadas” (ZABALA, 1998); além disso, podem ser entendidas como capacidade de mobili-
zar recursos intelectuais/cognitivos para solucionar situações com pertinência (GENTILE;
BENCINI, 2005).
MATEMÁTICA | Anos finais 91
Podemos inferir que as competências estão associadas a uma ação e trazem pa-
lavras-chaves, como capacidade, mobilização e solução de problemas. Assim, é
de esperar que as competências específicas da área de Matemática capacitem os
alunos a mobilizarem saberes matemáticos que os levem a
Não podemos, também, perder de vista que muitas das práticas cotidianas e so-
ciais envolvem fenômenos complexos em que existe a necessidade de um diálogo
com outras áreas do conhecimento, ou seja, uma abordagem interdisciplinar para
a resolução de situações-problemas demandados por essas práticas. Dessa forma,
deve-se garantir a existência de competências específicas na área de Matemática
que tragam a compreensão para o aluno das relações existentes entre a Matemática
e os demais componentes das áreas do conhecimento.
Figura 1 –
Competências Ideia de
Competências gerais
específicas da área competência
de Matemática e
suas expressões
1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, fruto das
Fonte: Santana, 2019. necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferen-
tes momentos históricos, e é uma ciência viva, que contribui para Matemática
solucionar problemas científicos e tecnologicos e para alicerçar como ciência
descobertas e construções, inclusive com impactos no mundo do
trabalho
Dessa forma, já dá para perceber o importante papel que você, professor, profes-
sora, possui nesse momento de mudanças. Todas as propostas de mudança na área
da educação só se tornam realidade se nós, professores, nos apropriarmos delas e
as fizermos pulsar em sala de aula. Por isso, estamos aqui neste trabalho parceiro,
porque, acima de tudo, confiamos nas suas competências para ser agente fomenta-
dor dessas mudanças no aprender e ensinar Matemática.
Atenção!
As unidades temáticas, ou eixos temáticos nos quais estão organizados os campos da Matemática,
consistem na reunião de um conjunto de conteúdos de uma mesma temática em uma unidade,
numa composição possível para organizar os objetos de conhecimento da Matemática ao longo do
ensino fundamental. Não devem ser tratados separadamente nem de forma linear. Elas orientam
a formulação de habilidades a serem desenvolvidas ao longo do ensino fundamental. Cada uma
delas pode receber ênfase diferente, a depender do ano de escolarização (BRASIL, 2018)
Veja, a seguir, uma síntese das abordagens de cada unidade temática da Matemática.
2. ENTRANDO NO VAGÃO: O QUE HÁ? 94
Figura 2 – Ênfases
das unidades 1 Números
temáticas da área
de Matemática Ênfase: desenvolver o pensamento
Fonte: Elaborado pela numérico relacionado à
autora. capacidade de contar, quantificar,
julgar e interpretar argumentos
baseados em quantidades.
5 Geometria 2 Álgebra
Ênfase: desenvolver o raciocínio Ênfase: desenvolver o pensamento
necessário para investigar algébrico que permite compreender
propriedades, fazer conjecturas e e representar relações de grandezas,
produzir argumentos a partir de equivalências, variação, interdepen-
conhecimentos de geometria dência e proporcionalidade
4 Probabilidade e 3
estatística Grandezas e medidas
Ênfase: aprender a coletar, organizar, Ênfase: promover o conhecimento das
representar, interpretar, analisar relações métricas em interlocução
dados nos mais variados contextos e com outras áreas do conhecimento.
tomar decisões a partir deles.
Atenção!
As unidades temáticas, ou eixos temáticos nos quais estão organizados os campos da Matemática,
consistem na reunião de um conjunto de conteúdos de uma mesma temática em uma unidade,
numa composição possível para organizar os objetos de conhecimento da Matemática ao longo do
ensino fundamental. Não devem ser tratados separadamente nem de forma linear. Elas orientam
a formulação de habilidades a serem desenvolvidas ao longo do ensino fundamental. Cada uma
delas pode receber ênfase diferente, a depender do ano de escolarização (BRASIL, 2018)
Pense nas habilidades como sendo as ações que o aluno precisa desenvolver em
Matemática a cada ano do ensino fundamental em cada unidade temática. A cada
ano, essas habilidades devem aumentar o grau de complexidade.
Cada habilidade, por sua vez, está relacionada a um ou mais objetos de conheci-
mento: conteúdo, conceito ou processo. Eles estão organizados nas diferentes uni-
dades temáticas. Cada unidade temática contempla uma gama maior ou menor de
objetos de conhecimento matemáticos, assim como cada objeto de conhecimento
se relaciona a um número variável de habilidades.
MATEMÁTICA | Anos finais 95
Atenção!
Quadro síntese dos organizadores da área da matemática
Competências Gerais: as dez competências que os alunos devem desenvolver ao longo da edu-
cação básica – na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio – que pretendem
assegurar, como resultado do seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, uma formação
humana integral que vise à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
OBS: na BNCC (2017), os objetos de conhecimento estão listados em cada unidade temática. Essa organização
não indica que o ensino deve ser linear, centrado nos conteúdos que precisam ser estudados, um a um.
Habilidades: as aprendizagens que os alunos precisam desenvolver para garantir a formação das
competências gerais e específicas da educação básica.
OBS: para efeito de organização do trabalho, as habilidades a serem desenvolvidas em cada unidade
temática estão numeradas. Essa numeração não tem um caráter de ordenação do trabalho de sala de aula.
Em um outro capítulo deste caderno, discutiremos o “como” desenvolver em sala de aula o que foi
pensado por você.
Saiba mais...
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
2. ENTRANDO NO VAGÃO: O QUE HÁ? 96
Saiba mais...
Vamos ver um outro olhar sobre o que podemos compreender sobre o termo cidadania?
“Cidadania tem tudo a ver com a capacidade de lidar com situações novas. Lida-se com
situações conhecidas e rotineiras a partir de regras que são memorizadas e obedecidas. Mas
o grande desafio está em tomar decisões sobre situações imprevistas e inesperadas, que hoje
são cada vez mais frequentes. A tomada de decisões exige criatividade e ética. A matemática
é um instrumento importantíssimo para a tomada de decisões, pois apela para a criatividade.
Ao mesmo tempo, a matemática fornece os instrumentos necessários para uma avaliação das
consequências da decisão escolhida. A essência do comportamento ético resulta do conheci-
mento das consequências das decisões que tomamos.” (D’AMBRÓSIO, 2002).
? Para você o que é ser: De acordo com o DCRB (2020), a “alfabetização matemá-
tica é o processo de aprendizagem do sistema da escrita
numérica na qual se desenvolve a habilidade de ler e
Alfabetizado em matemática? escrever matematicamente” e o letramento matemático
é definido como as
Letrado em matemática?
competências e habilidades de raciocinar, repre-
sentar, comunicar e argumentar matematicamente,
Anote as suas respostas no seu BR de modo a favorecer o estabelecimento de conjec-
turas, a formulação e a resolução de problemas em
uma variedade de contextos, utilizando conceitos,
procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas.
DCRB (2020, p. 338).
Atenção!
Competências do letramento matemático
Raciocinar: investigar, explicar e justificar os problemas resolvidos, com ênfase nos processos de
argumentação matemática.
MATEMÁTICA | Anos finais 97
Saiba mais...
Você sabia que o Instituto Nacional de Analfabetismo Funcional (INAF) considera analfabetos em
Matemática as pessoas que demonstram não dominar nem sequer as habilidades matemáticas
mais simples e básicas, como ler o preço de um produto ou anotar e reconhecer um número
telefônico ditado por outra pessoa?
Em relação ao letramento matemático, a partir de uma pesquisa realizada pelo INAF, em 2002,
com a população brasileira de 14 a 65 anos, emergiram dos dados coletados três níveis de letra-
mento matemático encontrados entre os brasileiros na faixa etária de 15 a 65 anos:
Nível 1 - refere-se aos que apresentam sucesso apenas em tarefas de leitura de números de
uso frequente em contextos específicos, como, ler preços, horários, números de telefone e ins-
trumentos de medidas simples (como relógio e fita métrica), bem como verificar uma data no
calendário. Neste nível, encontram-se 32% dos participantes da pesquisa.
Nível 2 - no qual estão inclusos os que dominam completamente a leitura de números decimais
e são capazes de ler e comparar números decimais no que se refere a preços, contar dinheiro
e fazer troco. Estes também são capazes de resolver operações com situações usuais (adição,
subtração, multiplicação e divisão), identificam relações de proporcionalidade preço/quantidade,
números de prestações/valor de prestação. Este nível corresponde a 44% da amostra analisada.
Nível 3 - refere-se aos que são capazes de adotar e controlar uma estratégia na resolução de
problemas que demandam operações diversas. Neste grupo, encontram-se aqueles que execu-
tam com tranquilidade tarefas envolvendo cálculo proporcional, como: se um metro de fita custa
R$ 2,00 quanto custarão 80cm de fita? Os pertencentes a este nível também demonstram certa
familiaridade com mapas, tabelas e gráficos.
https://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/marcos_referenciais/2013/matriz_
avaliacao_matematica.pdf
https://alfabetismofuncional.org.br/
http://www.rbep.inep.gov.br/ojs3/index.php/rbep/article/view/4362
2. ENTRANDO NO VAGÃO: O QUE HÁ? 98
! Uma provocação...
Abaixo apresentamos a resposta de uma mulher de meia idade, empregada doméstica, analfabeta (nunca
foi à escola), num contexto de uma pesquisa envolvendo o uso da Matemática em suas práticas sociais
(TOPÁZIO, 2007.)
“Uso a Matemática também, vamos supor... eu botei uma comida no fogo ... eu dividi... eu sei o tanto
certo... Se for um quilo eu boto meio de carne; se for meio, eu boto duzentos e cinquenta... Isso
na casa de D. M. (uma das patroas), lá são dois. Na minha casa, mesmo, que é mais quantidade... eu
boto... essas coisas mais (...). (Eli)
Agora lá vem a pergunta: para desenvolver as competências e habilidades associadas a raciocinar, re-
presentar, comunicar e argumentar matematicamente, inerentes ao letramento matemático, é neces-
sário ser alfabetizada matematicamente na escola?
Consideramos que para nos situar nas discussões sobre ensinar/aprender matemá-
tica no ensino fundamental – anos finais se faz necessário um resgate de algumas
compreensões sobre esta etapa da educação básica.
Você já parou para refletir o porquê da denominação de fundamental para uma das
etapas da nossa educação básica?
Atenção!
A Constituição Brasileira estabelece que o ensino fundamental é obrigatório e gratuito. Ele é
básico na formação do cidadão e deve proporcionar o pleno domínio da leitura, da escrita e do
cálculo como meios para o desenvolvimento da capacidade de aprender, de se relacionar no meio
social e político (BRASIL, 1996).
MATEMÁTICA | Anos finais 99
A existência de alunos nessa etapa da educação básica que possuem (estão desen-
volvendo ou em mudança) variadas características relacionadas a aspectos físicos,
cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre outros, nos incita a lançar um olhar
mais sensível sobre a elaboração de currículos que sejam capazes de acolher essa
diversidade.
Fazer com que a passagem dos anos iniciais para os finais do ensino fundamental, e
dessa etapa para o ensino médio, ocorra de forma simples e descomplicada para o
aluno, considerando as mudanças na estrutura curricular, na formação dos profes-
sores e com os próprios alunos, é um desafio para a escola.
Saiba mais...
Para tirar suas dúvidas e aprender mais, não deixe de consultar os documentos abaixo:
LDB: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
A assunção deste princípio pedagógico pode vir a desconstruir algumas visões so-
ciais populares da Matemática, senão crenças, de que ela é para poucos. Que o seu
corpo de conhecimento foi construído e é voltado para “gênios”. É comum ouvirmos
muitos adultos falarem como se estivessem se vangloriando: “sempre fui péssimo
em Matemática”; ou “cheguei até esta idade e nunca entendi para que aprendi um
monte de coisa da Matemática que nunca usei “. Falas como essas são ouvidas e
podem ser assumidas como verdades pelo aluno em formação. Essa situação pode
levá-lo a perder a autoconfiança em seu poder matemático e dificultar que de-
senvolva suas habilidades matemáticas para a resolução de situações-problemas,
sejam elas dentro ou fora da escola. E pode iniciar um novo ciclo de desqualificação
do saber matemático escolar.
! Agora convido você a refletir e discutir com seus pares como se posiciona
frente à crença em relação a Matemática trazida no texto abaixo.
eram bem-intencionadas e bem-vindas, mas tinham um lado demagógico que era a descon-
sideração do princípio segundo o qual, de fato, havia quem “não desse” mesmo para mate-
mática, não tivesse a necessária dotação intelectual de base, sem a qual nada seria possível;
donde a máxima acima...”
OBS: Fragmento extraído do texto: Dez mitos acerca do ensino e da aprendizagem da Matemática:
síntese de pesquisas e reflexões teóricas, de Jorge Tarcisio da Rocha Falcão (2006)
Você pode ler o texto na integra no endereço:
http://calcularedesvendar.blogspot.com/2009/12/dez-mitos-acerca-do-ensino-e-da.html
Um outro aspecto a ser considerado é que, nos anos finais do ensino fundamental,
o aluno é apresentado nas unidades temáticas a novos objetos de conhecimento, o
que pode despertar nele um maior interesse pela Matemática.
2. ENTRANDO NO VAGÃO: O QUE HÁ? 102
Nesse sentido, espera-se que nessa etapa do ensino fundamental, o aluno possua
amadurecimento para começar “a demonstrar maior capacidade para estabelecer
inferências e conexões lógicas, para tomar decisões, para abstrair significados e
ideias de maior complexidade, para argumentar expressando pontos de vista com
mais clareza” (MENDONÇA, 2001, p.6).
? Agora queremos saber: você já refletiu sobre quem e o que despertou em você
esse gostar da Matemática?
Atenção!
Síntese de alguns princípios que norteiam o ensinar aprender matemática nos anos finais do
ensino fundamental, à luz do DCRB (Bahia, 2020)
Ao chegar até aqui, você já deve estar se perguntando como trabalhar em sala de
aula de forma a desenvolver no aluno as habilidades e competências específicas
necessárias às práticas inerentes ao letramento matemático.
Também é pertinente destacar que “nos dias atuais, há uma grande necessidade
de que os professores desenvolvam competências profissionais para preparar os
alunos em uma formação crítico-social” (DCRB, 2020, p. 339). E nessa proposta de
ensino/aprendizagem da Matemática, a resolução de problemas e as metodologias
ativas se revestem de um significado especial, considerando que
As questões trazidas aqui no final deste capítulo serão retomadas ao longo dos
próximos capítulos deste caderno. Espero ver você por aqui!
Glossário
Fonte: https://www.dicio.com.br
Abstração – Ação de abstrair, de analisar isoladamente um aspecto contido num todo, sem ter em
consideração sua relação com a realidade.
Conjecturas – Ato ou efeito de inferir ou deduzir que algo é provável com base em presunções,
evidências incompletas, pressentimentos; conjetura, hipótese, presunção, suposição.
Fomentador – Indivíduo que fomenta, que estimula o desenvolvimento de alguma coisa: fomenta-
dor de projetos. Quem provoca certas reações ou sentimentos.
Transversal – Que atravessa algo tendo alguma coisa como referente, não obrigatoriamente, na
oblíqua.
3. PELAS JANELAS DO VAGÃO: O QUE TEM? 104
PELAS JANELAS
3 DO VAGÃO: O
QUE TEM?
MATEMÁTICA | Anos finais 105
Ao final deste capítulo, esperamos que você já tenha pronta (pelo menos na cabe-
ça) uma atividade de sala de aula que trabalhe o desenvolvimento do pensamento
criativo como aqui será discutido. Que também perceba em você, e no seu entorno,
a presença da empatia, essencial para o exercício da alteridade necessária ao aco-
lhimento do aluno de qualquer modalidade da educação básica.
Também esperamos que você se instrumentalize para caminhar pelas trilhas e tri-
lhos do planejamento do seu fazer em sala de aula, apoderando-se das orientações
da BNCC (2018) e do DCRB (2020).
Talvez você agora esteja pensando sobre qual criatividade estamos falando ou, tal-
vez, considerando o fato de que o senso comum costuma associar a criatividade a
um dom, um talento ou a uma capacidade de criar inerente a uma expressão artís-
tica. Talvez lhe venha à mente a pergunta: será que agora vamos associar sempre
a disciplina arte às aulas de Matemática? Calma! Vamos conversando sobre essa tal
criatividade ...
? Você conhece a história da sala de aula das aranhas e das joaninhas? Se não,
ótimo! Vai ficar conhecendo agora, e poderá refletir sobre ela. Se sim, lance um
novo olhar diferenciado em função do que já discutimos até aqui nesta viagem.
Um professor propôs aos seus alunos o seguinte problema: um estudante apanhou aranhas
e joaninhas num total de 15 e as guardou numa caixa. Contou em seguida 108 patas. Quantas
aranhas ele apanhou? (Obs.: aranha tem 8 patas e joaninha 6).
Vamos resolver?
Como um bom professor de Matemática, você já está pensando em resolver a questão utilizan-
do a álgebra. Porém, antes de colocar as suas habilidades de “algebrista”’ em ação, proponho
que a questão seja resolvida sem a manipulação algébrica ou geométrica. Vamos lá? Você pode
neste momento fazer uma pausa de três minutos para pensar.
Ele partiu do princípio que todos os animais tinham pelo menos 6 patas (não foi dito no enun-
ciando do problema que tinha algum com deficiência!). Desenhou casinhas para os bichinhos e
imaginou cada um na sua casinha com, a princípio, 6 patas.
Somando o total de patas, considerando as casinhas, encontrou 90. Como o total é 108. Fazendo a
subtração, sobraram 18.
Ele voltou nas casinhas e acrescentou mais duas patas em cada casinha (porque as aranhas pos-
suem 8 patas). Conseguiu completar 9 casinhas. E sobraram 6 casinhas para as joaninhas. Logo ele
concluiu que eram 9 aranhas e 6 Joaninhas.
É dessa criatividade que estamos falando aqui! Da criatividade que leva a usar ca-
minhos diferentes, à experimentação do novo, a flexibilizar o pensamento. Essa
criatividade precisa de espaço na sala de aula para emergir e é fruto, principalmen-
te, da imaginação, da curiosidade intelectual, do sonho, da dúvida, da vivência e
da necessidade de afirmação de que o processo de criação não é exclusividade de
mentes privilegiadas.
Saiba mais...
Disponível em:
https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/guia-criatividade-e-pensamento-critico.html
MATEMÁTICA | Anos finais 107
Dessa forma, ao trazer o pensamento criativo como uma das competências a serem
desenvolvidas pelo estudante, estamos falando de formar sujeitos que, frente às de-
mandas da sociedade contemporânea, ao se depararem com as situações-problema
da vida diária, sejam capazes de mobilizar saberes nos níveis cognitivos, motores
e afetivos para a tomada de decisões de forma criativa, crítica e ética, assumindo a
responsabilidade de suas escolhas e o protagonismo da sua vida.
Anote as suas conclusões no seu BR e, se possível, discuta com seus pares, num exercício
de criatividade, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.
E você, na sua análise, percebeu outros saberes mobilizados pelo aluno para resol-
ver a situação-problema proposta?
Atenção!
Não podemos deixar de salientar que o cotidiano dos alunos, seja em sala de aula ou fora dela,
demanda saberes matemáticos num grau de complexidade crescente. É papel da escola garantir
esses saberes ao aluno.
Desta forma, neste caso específico do exemplo aqui utilizado, é importante que o professor am-
plie os saberes matemáticos do aluno, trabalhando a linguagem algébrica: variável e incógnita,
desenvolvendo nele a habilidade de “resolver e elaborar problemas relacionados ao seu contexto
próximo, que possam ser representados por sistemas de equações de 1º grau com duas incógnitas
e interpretá-los.” (BAHIA, 2020, p. 373).
Tomando como base o que traz o DCRB (BAHIA, 2020, p. 48), apresentaremos
alguns princípios norteadores fundamentais e as formas de organização dessas
modalidades de educação para que possamos contextualizar o ensinar e aprender
Matemática nesses espaços, de forma a acolher as diversidades dos sujeitos neles
inseridos.
Saiba mais...
Para conhecer mais sobre essa modalidade, visite e explore os sites a seguir. Com essa parada,
você poderá se abastecer de muitos e novos conhecimentos sobre o tema.
http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=860&id=12625&option=com_content&view=article
https://aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php/228512/mod_resource/content/1/TEXTO%20
2_A%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INCLUSIVA%20E%20A%20MATEM%C3%81TICA.pdf
MATEMÁTICA | Anos finais 109
As escolas indígenas são aquelas localizadas em terras indígenas. São escolas com
normas próprias e diretrizes curriculares específicas, gozando de prerrogativas
especiais para organização de suas atividades, respeitando o fluxo das atividades
econômicas, sociais, culturais, religiosas e especificidades de cada comunidade.
Nesse espaço, você, professor, professora, que faz parte dessa escola, é de funda-
mental importância para que os saberes próprios da comunidade educativa indíge-
na sejam difundidos e incorporados às práticas escolares. A partir do momento que
você conhece intimamente e desfruta do patrimônio cultural desses espaços, cujas
tradições foram passadas de pai e mãe para filho por meio da oralidade e de outras
práticas sociais, poderá contribuir para que a escola deixe de ser esse lugar histo-
ricamente marcado como um instrumento de exclusão de saberes e silenciamento
da memória indígena.
Saiba mais...
Leia o texto indicado no link abaixo sobre a forma como os índios do Xingú lidam com a Mate-
mática. Percebam a especificidade que existe na forma como eles lidam com o que definimos de
saberes matemáticos escolares e qual a necessidade que eles possuem desses saberes.
https://amerindias.github.io/referencias/fer93matematicaxingu.pdf
Esta modalidade de educação abre espaço para uma educação matemática voltada
para um resgate da memória e validação das competências e habilidades matemá-
ticas e da forma de matematizar das diferentes etnias presentes nas comunidades
quilombolas onde se localizam as escolas.
A essa solicitação, conforme relato da licencianda, uma aluna sinalizou que não ia
fazer “aquela conta, não” porque nunca ia comprar de uma só vez uma dúzia de
sabonetes. Tinha outras coisas para comprar e o dinheiro não dava.
MATEMÁTICA | Anos finais 111
Essa história de sala de aula revela a dicotomia que existe, muitas vezes, entre as
nossas intencionalidades para o fazer em sala de aula e a realidade que emerge
dos sujeitos concretos da ação do ensinar e aprender Matemática. E referenda a
discussão trazida no Capítulo 1 sobre a intencionalidade pedagógica.
Embora o exemplo apresentado esteja no contexto da EJA, ele nos remete à neces-
sidade de repensarmos de forma contínua o currículo de Matemática no sentido
de propor situações-problemas para os aluno, independente da modalidade de
educação, que sejam contextualizadas e significativas no seu universo de vida e que
possam ser úteis na compreensão de conceitos de outras áreas de conhecimento.
Saiba mais...
Acesse o DCRB (BAHIA, 2020, p. 43) para consultar os normativos legais, nacionais e estaduais que
versam sobre as modalidades da educação básica, em alinhamento com o que orienta a BNCC.
http://dcrb.educacao.ba.gov.br/wp-content/uploads/2021/07/documentocurricularbahiaver-
saofinal.pdf
Saiba mais...
Para conhecer um pouco mais sobre a etnomatemática, consulte os textos indicados nos links:
http://www.sbembrasil.org.br/files/viii/pdf/05/1CC08743214762.pdf
https://jem.unifesspa.edu.br/images/2JEM/ANAIS/CC/A_ETNOMATEMTICA_COMO_FER-
RAMENTA_PEDAGGICA.pdf
https://www.feis.unesp.br/Home/Extensao/teia_saber/Teia2003/Trabalhos/matematica/
Apresentacoes/Apresentacao_06.pdf
A história de Géo:
“Eu vou voltar a estudar pra, pelo menos, aprender a ler melhor. Porque eu sinto vergonha de
chegar num lugar. Qualquer lugar que eu esteja, e as pessoas me dão alguma coisa pra eu ler e eu
não sei, eu fico com vergonha. Eu digo que é problema de vista. Tenho vergonha de não saber nada.
Eu queria aprender a escrever melhor... [...]. Quero fazer conta escrevendo. De cabeça eu faço,
mas é muito pouca. Se for umas coisas difíceis, eu não faço na cabeça e escrevendo eu também
não acerto a escrever… O principal pra mim é aprender a fazer conta. Não quero ir pro colégio
do governo porque eu não me sinto bem. Eu não escrevo assim bem... Não tiro do quadro assim
rápido... [...]. Eu vou pra banca de noite. Lá em Paripe (subúrbio de Salvador onde mora), tem uma
moça que dá banca de noite. Eu sei que eu não vou mais me formar, mas aprendo um pouco mais...”
Lá vem a pergunta:
Que “escola do governo” é esta a qual Géo está se referindo? Você, professor, faz parte dessa
escola?
MATEMÁTICA | Anos finais 113
? Você, professor, ao planejar as atividades que serão propostas aos seus alunos
para serem realizadas em sala de aula, ou fora dela, ou ao pensar os instrumentos
de avaliação, leva em consideração o amadurecimento apresentado por eles?
É a fase da puberdade, marcada por muitas tensões. De acordo com o DCRB (BAHIA,
2020, p. 467),
Importante, também, não perdermos de vista a contribuição que fornece para essas
mudanças o fato de que esses alunos coexistem em espaços físicos e virtuais numa
agilidade acelerada, concentram-se por redes sociais com lógica e regras próprias
que fogem ao tempo e à lógica dos espaços escolares.
Saiba mais...
Para saber mais sobre essa fase da vida tão importante para nossos estudantes, acesse o link
https://www.terra.com.br/noticias/educacao/como-lidar-com-pre-adolescentes-em-clas-
se,9508ef80d96ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
Assim, você, professor, agora, ao planejar e organizar o seu trabalho de sala de aula,
terá de utilizar as orientações contidas no DCRB relativas às competências e aos
organizadores curriculares para o componente curricular Matemática apresenta-
dos no Capítulo 2 deste documento: competências (gerais e específicas); unidades
temáticas, objetos de conhecimento (conceitos, conteúdos e processos) e habili-
dades (aprendizagens), e, se necessário, complementá-las com o que traz a BNCC.
Atenção!
Respeitando as muitas possibilidades de organização do conhecimento escolar, as unidades temá-
ticas definem um arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do ensino fundamental adequado
às especificidades dos diferentes componentes curriculares (BRASIL, 2018, p. 31).
Unidades Temáticas
Caro professor, esta seção do capítulo será um pouco densa, pois nele traremos um
aprofundamento dos organizadores curriculares do componente Matemática com
foco na sua estrutura e na relação com as competências. Assim, solicitamos: tenha
um pouco de paciência! Você será recompensado com saberes fundamentais para
o seu planejamento de sala de aula. Vamos lá?
Vamos trazer neste caderno as ideias centrais do que deve ser trabalhado de con-
teúdos, conceitos e processos em cada unidade temática, de forma a garantir ao
estudante do ensino fundamental dos anos finais o desenvolvimento das habilida-
des matemáticas necessárias à sua formação integral.
Ênfase
Desenvolver o pensamento numérico, para conhecer maneiras de quantificar atri-
butos de objetos, de julgar e interpretar argumentos baseados em quantidade.
MATEMÁTICA | Anos finais 115
Abordagens principais
A unidade temática Número pressupõe o desenvolvimento do pensamento numéri-
co, que engloba a noção de número, de contagem, de ideia de quantidade, de escri-
ta numérica e de notações matemáticas. As atividades cotidianas estão permeadas
pelas diversas representações do número nos vários contextos em que ele aparece.
Logo, é imprescindível a apropriação dos conceitos e a realização de procedimentos
que os envolvam, no intuito de que os estudantes possam perceber a Matemática
como parte integrante da sua vida, e não como objeto de estudo exclusivo da escola.
Atenção!
Cabe ainda destacar que o desenvolvimento do pensamento numérico não se completa, evidente-
mente, apenas com objetos de estudos descritos na unidade Número. Esse pensamento é amplia-
do e aprofundado quando se discutem situações que envolvem conteúdos das demais unidades
temáticas: álgebra, geometria, grandezas e medidas e probabilidade e estatística.
No ensino fundamental – anos iniciais, espera-se que o aluno possa resolver pro-
blemas com números naturais e racionais positivos e negativos envolvendo as
operações fundamentais. Nos anos finais, os alunos devem ser provocados a lidar,
prioritariamente, com situações que possam ser representadas pelos números
negativos e irracionais, abrangendo significados mais abstratos para o conceito de
número. Precisam estar capacitados, também, para reconhecer, comparar e orde-
nar números reais, relacionando-os com pontos na reta numérica.
Abordagem especial
Um conceito novo na ideia de números é a progressão no ensino das frações, desta-
cando as diferentes concepções da fração, como número (elemento dos racionais),
operador (aplicado a inteiros discretos ou contínuos) ou representante de relações
(entre parte e todo ou razão entre partes).
Atenção!
Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais,
sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e
dinheiro.
Ênfase
Desenvolver o pensamento algébrico para, por exemplo, utilizar modelos mate-
máticos na compreensão, representação e análise de relações quantitativas de
grandezas e, também, de situações e estruturas matemáticas, fazendo uso de letras
e outros símbolos. Nesta unidade temática, deve-se dar especial atenção às difi-
culdades dos estudantes que, muitas vezes, se veem perdidos com a "inserção de
letras na Matemática", não compreendendo o conceito de "termo algébrico" e como
operá-los.
Ideias principais
Uma das novidades para o currículo de Matemática trazida pela BNCC é que esta
unidade temática está presente desde o 1º ano do ensino fundamental.
Abordagem especial
A unidade permite trabalhar, ainda, com o desenvolvimento do pensamento com-
putacional dos alunos e, em especial, com a linguagem algorítmica, considerando
que esta tem pontos em comum com a linguagem algébrica, sobretudo em relação
ao conceito de variável. Assim, a estrutura lógica operacional própria dos algorit-
mos pode ser transportada para a resolução de problemas modelados pela lingua-
gem algébrica. Outra habilidade relativa à álgebra, que mantém estreita relação
com o pensamento computacional, é a identificação de padrões para se estabelecer
generalizações, propriedades e algoritmos.
Ênfase
Estudo de posição e deslocamentos no espaço, formas e relações entre elementos
de figuras planas e espaciais para, por exemplo, desenvolver pensamento geomé-
trico que é necessário para investigar propriedades, fazer conjecturas e produzir
argumentos geométricos convincentes.
Ideias principais
A geometria envolve o estudo de um amplo conjunto de conceitos e procedimen-
tos necessários para resolver problemas do mundo físico e de diferentes áreas do
MATEMÁTICA | Anos finais 117
Abordagem especial
Estudo do plano cartesiano, da geometria das transformações e de fluxogramas.
Nesses estudos, podem-se desenvolver atividades interdisciplinares em diálogo
com a arquitetura, astronomia, cartografia e artes.
Ênfase
Estudar medidas e as relações entre elas – ou seja, as relações métricas –, o que fa-
vorece a integração da Matemática a outras áreas de conhecimento, como ciências
(densidade, grandezas e escalas do Sistema Solar, energia elétrica etc.) ou geografia
(coordenadas geográficas, densidade demográfica, escalas de mapas e guias etc.).
Abordagens principais
Esta unidade temática contribui, ainda, para a consolidação e ampliação da noção
de número, a aplicação de noções geométricas e a construção do pensamento al-
gébrico. Outro ponto a ser destacado refere-se à introdução de medidas de capaci-
dade de armazenamento de computadores como grandeza associada às demandas
da sociedade moderna. Nesse caso, é importante destacar o fato de que os prefixos
utilizados para byte (quilo, mega, giga) não estão associados ao sistema de nume-
ração decimal, de base 10, pois um quilobyte, por exemplo, corresponde a 1.024, e
não a 1.000 bytes.
Abordagem especial
Pode-se propor a construção de instrumentos de medidas, projetos de investiga-
ção que envolvam medidas contextualizadas com a realidade dos estudantes, ou
medições por comparação com outros referenciais (instrumentos desajustados ou
partes do corpo).
Ênfase
Coletar, organizar, representar, interpretar e analisar dados em uma variedade de
contextos para, por exemplo, fazer julgamentos bem fundamentados, analisar ris-
cos e tomar as decisões adequadas.
Abordagens principais
Esta unidade também está presente na organização do ensino fundamental desde
o 1º ano. Nela, nos anos finais, os estudantes devem iniciar um trabalho com ex-
perimentos e simulações para confrontar os resultados obtidos na probabilidade
frequentista com os esperados na probabilidade teórica.
Abordagem especial
Analisar possibilidades de realização de pesquisas tendenciosas, influência nos
resultados, informações faltantes que podem induzir ao erro de leitura dos resulta-
dos, produção e análise de gráficos etc.
Saiba mais...
Importante, professor, que você aprofunde as suas leituras sobre as unidades temáticas nos do-
cumentos abaixo:
http://dcrb.educacao.ba.gov.br/
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
Atenção!
Esses quadros, professor, que você encontrará no DCRB, serão seus companheiros inseparáveis
no planejamento das suas atividades de sala de aula.
EF 69 ma 01
Ensino fundamental Ano (1 ao 9) ou Componente curricular Numeração sequencial
bloco do ano de posição da habilidade
AR: Arte
15: 1º ao 5º ano
CI: Ciência
69: 6º ao 9º ano
EF: Educação Física
ER: Ensino religioso
GE: Geografia
HI: História
LI: Língua Inglesa
Fonte: https://tutormundi.com/blog/
LP: Língua Portuguesa
competencia-e-habilidade/
MA: Matemática
Para tanto, elas são descritas na BNCC de acordo com uma determinada estrutura
que envolve: verbo; complemento e modificador. Para compreender melhor essa
estrutura, veja a ilustração e os exemplos abaixo:
Fonte: https:// A primeira parte da habilidade será composta por verbos que explicitam os pro-
cursos.novaescola.
org.br/curso/11362/ cessos cognitivos envolvidos que, nesse caso, corresponde a: resolver e diferenciar.
matematica-na-bncc-co-
nhecendo-o-documen-
to/104809/2-estrutu-
A segunda parte da habilidade da BNCC diz respeito aos complementos dos verbos
ra-e-competencias-da-b- que explicitam os objetos de conhecimento mobilizados o que, nesse caso, cor-
ncc-de-matematica
responde a: que envolvem porcentagem envolvam porcentagens, com a ideia de
aplicação de percentuais sucessivos e a determinação das taxas percentuais.
A terceira parte da habilidade se refere aos modificadores dos verbos ou dos com-
plementos dos verbos, e explicita a situação ou condição em que a habilidade deve
ser desenvolvida, considerando a faixa etária dos alunos o que, nesse caso, cor-
responde a: preferencialmente com o uso de tecnologias digitais, no contexto da
educação financeira.
Atenção!
De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018, p. 32),
E aí, professor, como você está neste momento com tanta informação nova? Mas, é
assim mesmo. Num primeiro momento, parece ser difícil relacionar essas informa-
ções com o trabalho de sala de aula. Porém, à medida que vamos nos apropriando
desses conhecimentos, vamos percebendo as suas redes de significados. Continue-
mos viajando...
MATEMÁTICA | Anos finais 121
Atenção!
A análise apresentada a seguir tomou como referência o trabalho de pesquisa realizado por João
Carlos Pereira de Moraes e Ana Lúcia Pereira, integrantes do Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências e Educação Matemática da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Para-
ná-Brasil, e apresentado no artigo intitulado Análise de competências específicas na BNCC de
matemática, indícios para abordagem metodológica e afastamentos dos PCN (2021), que pode ser
lido na íntegra no link abaixo:
https://revistavalore.emnuvens.com.br/valore/article/view/952/731
A pesquisa, realizada por meio de uma pesquisa documental, segundo os autores, teve como
“objetivo analisar possíveis aspectos didático-metodológicos que podem ser associados às com-
petências gerais de Matemática da BNCC do ensino fundamental” (p. 2).
Vamos localizá-los?
3. PELAS JANELAS DO VAGÃO: O QUE TEM? 122
Grupo 1
Ideia subjacente: a ideia consiste que a realidade pode ser percebida e ana-
lisada a partir da Matemática.
Atenção!
Exemplo do grupo 1, associado às competências 1 e 7, de como trabalhar o aspecto evidenciado
(relação da Matemática com a(s) cultura(s)) em sala de aula.
Grupo 2
Atenção!
Exemplo do grupo 2, associado às competências 1 e 5, de como trabalhar o aspecto evidenciado
(relação da Matemática com princípios tecnológicos) em sala de aula.
Habilidade (EF09MA05): Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com a ideia
de aplicação de percentuais sucessivos e a determinação das taxas percentuais, preferencialmen-
te com o uso de tecnologias digitais, no contexto da educação financeira.
3. PELAS JANELAS DO VAGÃO: O QUE TEM? 124
Grupo 3
Atenção!
Exemplo do grupo 3, associado à competência 5, de como trabalhar o aspecto evidenciado (inter-
disciplinaridade como mecanismo de construção de conhecimento matemático) em sala de aula.
Objetos de aprendizagem: Unidades de medida para medir distâncias muito grandes e muito
pequenas; Unidades de medida utilizadas na informática.
Habilidade (EF09MA18): Reconhecer e empregar unidades usadas para expressar medidas muito
grandes ou muito pequenas, tais como distância entre planetas e sistemas solares, tamanho de
vírus ou de células, capacidade de armazenamento de computadores, entre outros.
MATEMÁTICA | Anos finais 125
Grupo 4
Atenção!
Exemplo do grupo 4, associado à competência 6, de como trabalhar o aspecto evidenciado (pro-
cessos de organização e registros) em sala de aula.
Grupo 5
Atenção!
Exemplo do grupo 5, associado à competência 7, de como trabalhar o aspecto evidenciado (rela-
ção da Matemática com conteúdos atitudinais) em sala de aula.
Se tentarmos relacionar os três aspectos, notamos que existe uma comunhão entre
saber, sujeito e o outro. Para tanto, é preciso produzir um ensino da Matemática
que permita ao sujeito ver-se como integrante do mundo, levando a olhares mais
holísticos de seu meio.
Glossário
Alteridade: Caráter ou estado do que é diferente, distinto, que é outro. [Filosofia] Circunstância,
condição ou característica que se desenvolve por relações de diferença, de contraste.
Empatia: Capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma
como ela pensaria ou agiria; compreensão: demonstrou empatia ao ouvir os problemas de sua
mãe.
Tessitura: A reunião dos fios que se atravessam no tear (urdidura). Por extensão, que se encontra
arranjado.
Fonte: https://www.dicio.com.br
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 128
PARADA PARA
4 DESCANSO: O
QUE DESENHO?
MATEMÁTICA | Anos finais 129
Olá, professor!
Nesta etapa, vamos iniciar os estudos sobre o “fazer” da sala de aula. Vamos dis-
cutir a parte diversificada do currículo, estabelecendo a diferença entre ela e os
temas integradores como elementos que se apresentam de forma transversal no
“currículo vivo”. E para que tudo isso aconteça, perguntamos: qual o papel do plane-
jamento? Também vamos adentrar esse vagão.
Saiba mais...
Até 1960, estados e municípios não tinham autonomia sobre o sistema de ensino de suas escolas,
pois o sistema educacional brasileiro seguia o modelo de ensino estabelecido pelo Ministério da
Educação e Cultura (MEC). Só em 1961, com a aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB), inspirada em princípios de liberdade e de ideais de solidariedade, órgãos
estaduais e municipais ganharam mais autonomia. Em 1971, surgiu uma nova LDB, inspirada numa
pedagogia tecnicista. Segundo ela, os currículos dos então 1° e 2° graus deveriam possuir dois
núcleos: um comum, obrigatório a todo o país, e outro chamado de parte diversificada (PD), que
problematizaria as peculiaridades locais e de cada aluno.
A atual LDB (Lei nº 9.394/96 (sancionada em 20 de dezembro de 1996), em seu artigo Art. 26,
“mantém a divisão em núcleos do currículo do ensino básico, sendo um núcleo comum, onde
estão inclusas as disciplinas obrigatórias, e a parte diversificada, onde podem ser incluídas disci-
plinas de livre escolha das escolas e dos sistemas de ensino [...]
Fonte: https://periodicos.ufpe.br/revistas/cadernoscap/article/view/15005
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 130
Antes de passarmos para a leitura das temáticas recomendadas, vale ressaltar algu-
mas questões trazidas pela Resolução CEE nº 137 (2019, p. 6):
Atenção!
Ao pensar o desenvolvimento das competências gerais (e também as específicas), você, na sua
sala de aula, tenha em mente o que traz Anna Penido(jornalista, educadora, diretora do Instituto
Inspirare):
“É muito importante que não haja uma forçada de barra de querer que todas as competências
sejam desenvolvidas por todos os componentes com a mesma intensidade. É importante aprovei-
tar o potencial de cada componente curricular para contribuir com as competências gerais, mas
tendo também essa abertura para um pensamento mais criativo, para possibilidades inusitadas,
para a gente pensar um pouco fora da caixa e identificar realmente os potenciais de todos os
componentes, ainda que nessas intensidades diferenciadas para cada competência”.
Temáticas recomendadas
I. Abordagem territorial como uma política de Estado, seus principais
instrumentos (Lei nº 13.214, de 29 de dezembro de 2014) e seus Planos
Territoriais de Desenvolvimento Sustentável (PTDS), com ênfase na
participação social e governança territorial como práticas cidadãs
para o desenvolvimento sustentável, inclusivo e colaborativo.
Específicas: C1 a C8
Saiba mais...
Assim, professor, você, como protagonista na construção do PPP de sua escola, que
conhece as particularidades dos seus alunos, do chão da sala de aula (muitas vezes
do chão da praça, do chão do campo), está mais do que autorizado a trazer para a
parte diversificada do currículo temáticas relacionadas aos aspectos da vida ci-
dadã do seu aluno, como saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente,
qualificação para o trabalho, ciência e tecnologia, cultura e linguagens que possam
dialogar com os conhecimentos matemáticos.
Boas ideias para você levar para a discussão da (re)elaboração do PPP da sua escola,
não é mesmo?
Para se inspirar!
https://bdm.unb.br/bitstream/10483/5778/1/2010_DalmaMenezesDaSilveira.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/pesquisar?q=Matem%C3%A1tica
https://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/view/29552/pdf
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conapesc/2020/TRABALHO_EV138_MD1_SA18_
ID1142_11112020155254.pdf
Não constituem novas áreas, mas antes um conjunto de temas que aparecem
transversalizados nas áreas definidas, isto é, permeando a concepção, os ob-
jetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no decorrer de
toda a escolaridade obrigatória. A transversalidade pressupõe um tratamento
integrado das áreas e um compromisso das relações interpessoais e sociais es-
colares com as questões que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma
coerência entre os valores experimentados na vivência que a escola propicia
aos alunos e o contato intelectual com tais valores (BRASIL, 1998, p. 64).
MATEMÁTICA | Anos finais 135
Atenção!
Talvez você, professor, já tenha se perguntado, ao longo das leituras aqui realizadas, o que acon-
teceu com os PCN. Não podemos mais utilizá-los?
Vamos, então, abrir um espaço para trazermos algumas informações que possam responder a
essas questões.
Os PCN foram lançados nos meados da década de 90, a partir das discussões trazidas pela Cons-
tituição de 1988 e a LDB de 1996 sobre a necessidade de reestruturar a educação no Brasil. Eles
surgem como parâmetros, diretrizes, logo não obrigatórios, que visavam subsidiar e orientar
a elaboração ou revisão curricular e a prática escolar da educação básica em todo o território
nacional. Não estabeleciam quais as aprendizagens obrigatórias para todos os estudantes da edu-
cação básica. Na sua estrutura, os PCN se assemelham a um currículo.
A BNCC surge a partir das discussões realizadas no início de 2010 relacionadas ao Plano Nacional
de Educação, que indicavam a necessidade de completar, aprofundar e atualizar não só os PCN,
como outros documentos que norteavam educação brasileira. É, como já vimos, um documento de
caráter normativo (ou seja, obrigatório, é lei) e estabelece com clareza o conjunto de aprendizagens
essenciais e indispensáveis que os estudantes devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades
da educação básica. A sua estrutura não se assemelha a um currículo.
Você, professor, pode consultar os PCN no que diz respeito, por exemplo, a metodologias, orientações
didáticas, tipologia de objetivos e conteúdos; entretanto, a (re)elaboração do PPP, a construção dos
currículos e o seu trabalho em sala de aula terá de ser realizado com base nas orientações trazidas
pela BNCC e complementadas pelos DCRB.
Assim, com a BNCC, os temas transversais ampliaram seu alcance e foram asse-
gurados na concepção dos novos currículos como temas contemporâneos trans-
versais. Assim, diferentemente dos PCN, em que os temas transversais não eram
obrigatórios, na BNCC, passaram a ser uma referência obrigatória para a elaboração
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 136
Uma das mudanças trazidas pela BNCC, diz respeito à nomenclatura, em que os
temas transversais passaram a ser chamados também de contemporâneos.
Saiba mais...
Para saber mais sobre temas integradores na educação básica, consulte os links abaixo:
http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/anais/pdf/6407_2669_ID.pdf
https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2018/TRABALHO_EV117_MD1_
SA2_ID5055_08092018141312.pdf
https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/33/compare-as-mudancas-dos-pcns-para-a-bncc-
-em-matematica
Sugerimos que, tendo em mãos o material que, com certeza, já imprimiu, de acordo
com a sugestão dada no início deste capítulo, vá completando os quadros abaixo com
as competências gerais e específicas envolvidas de forma mais pontual nos temas.
O espaço escolar configura-se como local privilegiado de disseminação dos direitos e pro-
moção de debates sobre tão nobre temática. A escola deve arregimentar forças no sentido
de sensibilizar toda a comunidade escolar para poder se envolver na defesa desses direitos
Educação em suas perspectivas individuais, coletivas, econômicas, políticas e culturais, com vistas
à construção de uma sociedade mais justa, cujos princípios norteadores têm assento em
em Direitos
valores humanos equânimes, igualitários, inclusivos e democráticos.
Humanos
Competências:
Gerais:
Específicas:
Destacamos a importância de as unidades escolares, por meio dos seus currículos, imple-
mentarem a Educação Ambiental de forma crítica – questionando as condicionantes sociais
que geram problemas e conflitos socioambientais; emancipatória – visando à autonomia
dos sujeitos frente às relações de expropriação, opressão e dominação; e transformadora
Educação – buscando a mudança do padrão societário, no qual se define a degradação da natureza e,
Ambiental em seu interior, da condição humana.
Competências:
Gerais:
Específicas:
O tema integrador Educação Fiscal tem como objetivo o desenvolvimento de valores e ati-
tudes, competências e habilidades necessárias ao exercício de direitos e deveres na relação
recíproca entre o cidadão e o Estado, principalmente por dar ênfase ao sujeito de direito
na condução da vida social e nas relações humanas. Sobretudo nas unidades escolares, uma
vez que aborda os direitos, assim como os deveres que todos têm com o país, com o Estado,
com a comunidade e os semelhantes
Educação
Fiscal Os objetos de conhecimento estão relacionados a questões sociais e econômicas, com
efeito, principalmente, do sistema produtivo. Envolve um processo de sensibilização, in-
formação, apropriação e conscientização dos indivíduos sobre as questões fiscais.
Competências:
Gerais:
Específicas:
Atenção!
O material apresentado acima sobre os TIs são recortes retirados do DCRB (2021). É importante
que você, professor, realize uma leitura completa dos TIs no documento para que amplie as pos-
sibilidades de trabalho em sala de aula.
Fonte: http://dcrb.educacao.ba.gov.br/dcrb-volume-1/
Pela leitura desta síntese dos temas integradores, podemos perceber a sintonia da
sua escolha com os princípios norteadores do currículo adotados pelo DCRB, como
vimos no Capítulo 1 (p. 8): a territorialidade – a singularidade dos sujeitos, o seu
desenvolvimento biopsicossocial, suas vivências e suas características peculiares
especialmente, histórica e cultural; a identidade – delimitada no contexto que lhe
confere sentido; a diversidade – nas mais variadas dimensões humana; interseto-
rialidade – a articulação entre sujeitos de setores diversos, com diferentes saberes
e poderes com vistas a enfrentar problemas complexos; integralidade – uma for-
mação que transcenda o campo do saber e se comprometa com outros níveis que
leve em conta os contextos social, familiar e cultural.
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 140
Saiba mais...
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransversais.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/contextualizacao_temas_con-
temporaneos.pdf.
http://dcrb.educacao.ba.gov.br/wp-content/uploads/2021/07/documentocurricularbahiaver-
saofinal.pdf
Com certeza você, professor, deve estar pensando como trabalhar os temas inte-
gradores em sala de aula já que eles não constituem aprendizagens matemáticas
obrigatórias previstas no DCRB.
Vamos iniciar esta conversa com a seguinte afirmação de D’Ambrósio (apud POR-
TANOVA, 2006, p. 3):
Acredito que o uso da Matemática tenha sido uma das primeiras necessidades
do homem, depois da comunicação e da sobrevivência. A contagem, a orde-
nação, a soma, a divisão etc. são conhecimentos essenciais para a convivência
em grupo. Desde a colheita de alimentos até a ordenação dos ritos religiosos,
sempre presentes no desenvolvimento da humanidade, a Matemática aparece
como uma ferramenta. Ora auxilia na paz, ora no conflito, ora na guerra.
Notemos que os interessados nesse estado de coisas dizem ser isso necessário
porque o alvo da nossa bomba destruidora é um indivíduo que não professa o
nosso credo religioso, que não é do nosso partido político, que não segue nos-
so modelo econômico de propriedade e produção, que não tem nossa cor de
pele ou nossa língua, enfim, o alvo de nossa bomba destruidora é um indivíduo
que é diferente. (D’AMBRÓSIO apud PORTANOVA, 2006, p. 22)
Assim, refletindo sobre as questões propostas pelo autor, podemos trazer para o
trabalho de sala de aula de Matemática temas que trazem a perspectiva da trans-
versalidade, da contemporaneidade, essência dos temas integradores.
Para se inspirar!
Temas integradores:
Educação para o Trânsito
Cultura Digital
Unidade temática:
Probabilidade e estatística
Ano: 6º
Objetos de conhecimento:
Leitura e interpretação de tabelas e gráficos (de colunas ou barras simples ou
múltiplas) referentes às variáveis categóricas e a variáveis numéricas.
Coleta de dados, organização e registro
Construção de diferentes tipos de gráficos para representá-los e interpretação das informações
Habilidades
(EF06MA31) Identificar as variáveis e suas frequências e os elementos constitutivos (título, eixos,
legendas, fontes e datas) em diferentes tipos de gráfico.
(EF06MA32) Interpretar e resolver situações que envolvam dados de pesquisas sobre contextos
ambientais, sustentabilidade, trânsito, consumo responsável, entre outros, apresentadas pela
mídia em tabelas e em diferentes tipos de gráficos e redigir textos escritos com o objetivo de
sintetizar conclusões.
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 142
(EF06MA33) Planejar e coletar dados de pesquisa referente a práticas sociais escolhidas pelos
alunos e fazer uso de planilhas eletrônicas para registro, representação e interpretação das infor-
mações em tabelas, gráficos variados e textos verbais
Proposta de atividade:
Inicie a aula apresentando um texto com uma reportagem sobre acidente de trânsito (ou solicite
numa aula anterior que os alunos busquem na mídia essas reportagens).
Para se inspirar!
https://www.csj.g12.br/matematica-financeira-e-planejamento-familiar/
https://seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/36575/19267
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/pesquisar?q=Matem%C3%A1tica
https://apchaves.ime.ufg.br/n/111706-poderia-a-matematica-resolver-o-problema-das-
-fake-news-eleitorais
Um aspecto que, mais uma vez, precisa aqui ser referendado e que deve estar pre-
sente na intencionalidade do trabalho com os temas integradores diz respeito à
contextualização, pois
Mas consideramos que a forma mais rica de trabalhar os TIs é por meio da interdis-
ciplinaridade. Nesse sentido, faz-se necessário uma demarcação sobre a compre-
ensão de interdisciplinaridade que aqui queremos trabalhar, pois, “historicamente,
são múltiplas as possibilidades de perceber a interdisciplinaridade” (RAMOS E
FERREIRA, 2020, p. 213).
Vamos inicialmente pensar a perspectiva trazida pela BNCC (BRASIL, 2018, p. 18):
Vamos tentar ampliar um pouco, dentro do espaço que permite este caderno, a
discussão sobre interdisciplinaridade.
Saiba mais...
Para saber mais sobre o conceito de interdisciplinaridade, sugerimos a leitura do texto disponível
no link:
https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.101i257.4353
https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4747/2/LD_PPGMAT_M_Molitor%2C_Mi-
lena_2020_1.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=baxzb3hBV_8
Pensou sobre elas? Se não, pegue o seu BR e responda nele as questões propostas
Então, fez a pequena tarefa ou pensou: “Não preciso planejar mais. Tenho anos de
sala de aula e parar e pensar o que fazer é pura perda de tempo”. Mas, com certeza,
você não entra em uma sala de aula sem algum tipo de plano.
Mesmo que não tenha sido registrado num papel, como um documento, ele existe na
sua cabeça; afinal de contas, o seu fazer em sala de aula é uma atividade consciente
de previsão da sua prática docente, fundamentada em atividades intencionalmente
pensadas. Elaborar planos de aula, por exemplo, dá uma sensação de segurança no
que diz respeito à organização do trabalho de sala de aula, ao tempo em que é tam-
bém um momento de aprendizagem do professor, pois leva à pesquisa, ao estudo, à
reflexão e ao diálogo com outros professores e outras áreas de conhecimento.
Bom, independente de qual foi a sua postura frente à tarefa sugerida, estamos aqui
para discutir novas formas de planejar o fazer em sala de aula, à luz da BNCC e do
DCRB, para que o tudo que estudamos até aqui se torne realidade no cotidiano da
escola. Acreditamos, e vamos continuar sempre acreditando, que é você quem faz
acontecer toda proposta de mudança na educação brasileira.
MATEMÁTICA | Anos finais 145
Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem como
características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer ca-
minhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educa-
tiva, prever o acompanhamento e a avaliação da própria ação. Planejar e avaliar
andam de mãos dadas. (PADILHA, 2001, p. 30).
Ao pensar a avaliação que anda de mão dadas com o planejamento, estamos consi-
derando-a como
Atenção!
Para iniciar um planejamento educacional de acordo com a BNCC e o DCRB, é necessário se
apropriar das propostas, conceitos e da forma de organização do processo de ensinar e aprender
apresentados nestes documentos, pois eles serão norteadores do trabalho na escola (dentro e
fora da sala de aula).
Vamos agora trabalhar o que consideramos ser o caminho para uma boa aula: o
plano de aula. Inicialmente, vamos resgatar algumas características inerentes a ele.
De acordo com Libâneo (1994, p. 24), “plano é um documento utilizado para o regis-
tro de decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com o que
fazer, com quem fazer”. O plano de aula, por ser um documento, é um registro do
que foi ensinado e pode ser não só um balizador para as suas reflexões em relação a
um replanejamento, buscando analisar o que funcionou, o que é necessário mudar
a partir da avaliação da ação/reação dos alunos, mas também pode contribuir para
ajudar outros professores a utilizarem o que nele está posto, seja para uma eventual
substituição, seja para aproveitar as boas ideias nele contidas.
Um bom plano evita a improvisação. Embora, muitas vezes, tudo o que foi pensado
para a aula mude radicalmente de direção e sentido em função da dinâmica da sala
de aula.
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 146
http://educamoc.com.br/ckfinder/files/F%C3%A1bula%20O%20Le%C3%A3o%20Surdo.pdf
“(Re)planejar para lidar com dificuldades de aprendizagem identificadas nos alunos é fundamental
para o trabalho. No meio do exercício docente, ainda somos atropelados pelas situações e perguntas:
MATEMÁTICA | Anos finais 147
E se eles não aprenderem? E como incluir esses e outros? E se acontecer uma situação de briga? Ou
de desinteresse?”
Não existe a receita mágica, mas ter uma boa gestão de aula ajuda a dirimir, prever e superar
problemas e dúvidas como essas e outras. Philippe Perrenoud afirma que “esses dilemas não con-
seguem ser totalmente superados pela experiência nem pela formação”.
Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/
praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos
Atenção!
Para cada planejamento da ação de sala de aula, ao lado do pensar e registrar no documento as
competências e habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos, é de fundamental importância
que sejam definidos um ou mais objetivos de aprendizagem que você espera que sejam alcançados
pelos alunos.
Atitudinais: envolvem valores, atitudes, normas, posturas que influem nas relações e
interações da comunidade escolar numa perspectiva educacional responsável, valorativa.
Exemplo: valorizar o uso da linguagem matemática para expressar-se com clareza, preci-
são e concisão.
https://www.udemo.org.br/RevistaPP_01_11PlanodeEnsino.htm.
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 148
Para se inspirar!
https://materiais.sae.digital/kit-plano-de-aula-bncc
http://www.educacao.ba.gov.br/midias/documentos/ensino-fundamental-matematica
https://novaescola.org.br/planos-de-aula/ensino-remoto/matematica
Atenção!
A sequência didática não é um plano de aula. Este, ao ser organizado, refere-se apenas a uma
aula. Uma SD, em geral, é trabalhada em mais de uma aula (embora possa ser planejada para o
tempo só de uma aula). Assim, o plano de aula pertence à SD.
Assim, a ordenação do percurso de atividades proposta aos alunos deve estar aten-
ta a essa hierarquização e as atividades devem ser diversificadas e estruturadas, de
forma lógica, passo a passo, deixando clara a articulação entre elas.
Para cada etapa, traga para a sua SD a descrição detalhada do que será desenvolvi-
do em sala de aula, buscando que esse desenvolvimento seja feito de forma coletiva
e colaborativa com foco nas competências gerais trazidas pela BNCC.
MATEMÁTICA | Anos finais 149
Para se inspirar!
Veja exemplos de como podemos elaborar essas questões para alguns objetos de conhecimento
da Matemática:
Num trabalho para introduzir o conceito de função, podemos perguntar ao aluno quando ele vai
a um show de um artista do qual é fã, como ele organiza o dinheiro que vai ser necessário para a
sua participação? O que leva em consideração nessa organização?
Quer introduzir conceitos geométricos? Que tal começar com a pergunta: quem aqui empina “ar-
raia” (“pipa”, “papagaio”) ou já viu alguém empinar? Quais os perigos que envolvem essa prática?
Cabral (2017, p. 42) denomina essa etapa de intervenção inicial, e esclarece que
Para essa etapa, apresente aos alunos, por exemplo, jogos; charadas que envolvam
um desafio de natureza aritmética, algébrica ou geométrica ou, ainda, de nature-
za híbrida; perguntas provocativas; questões/problemas articulados ao tema que
possam envolver o contexto do aluno e estimulem sua análise e discussão; o senso
comum numa chuva de ideias; textos jornalísticos veiculados em variadas mídias
que possam ser acessadas pelo aluno e com referência ao seu cotidiano.
Etapa 2: PROBLEMATIZAÇÃO
Este segundo momento envolve a ampliação do repertório do aluno com a apre-
sentação de perguntas que saiam do seu cotidiano e envolvam conhecimentos
científicos, conceitos, regularidades e padrões matemáticos. É o momento de
desenvolver problematizações que provoquem conflito cognitivo necessário para
que se estabeleçam relações entre os novos objetos de estudo e os conhecimentos
prévios levantados, mas sem ainda formalizar o objeto de conhecimento. É apenas
um outro nível de complexidade para o levantamento prévio dos conhecimentos
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 150
dos alunos. Para Cabral (2017, p. 42), este é o momento de “intervenções reflexivas”
e “intervenção exploratória”, que, segundo o autor, “tem como objetivo aprofundar
o olhar do aluno a respeito das respostas obtidas a partir da intervenção reflexiva”,
que
Saiba mais...
“O conflito cognitivo acontece quando o sujeito se depara com uma situação e percebe que os
seus esquemas não são suficientes para solucionar a questão, gerando, então, um desequilíbrio
cognitivo. Esse evento faz parte do processo de equilibração, o qual, segundo Piaget (1976), é o
mecanismo básico na formação dos conhecimentos.”
Fonte: http://www.uel.br/eventos/conpef/conpef2/CONPEF2005/ARTIGOS/
CONPEF2005_A7.pdf
Para esta etapa, pode ser pensada, por exemplo, uma atividade de investigação
matemática, apresentando uma situação-problema em que os alunos, sempre num
trabalho coletivo/colaborativo, possam levantar conjecturas, descobrir e justificar
suas descobertas, realizando aproximações entre o que sabe e o que aquela nova
situação se apresenta. A questão para a investigação pode vir por meio de textos,
vídeos e reportagens que sejam estruturados pelo objeto de conhecimento a ser
trabalhado.
Etapa 4: CONSOLIDAÇÃO
Nesta etapa, que Gasparin (2012) chama de catarse, entendida como a “expressão
elaborada da nova forma de entender a prática social” (p. 4), podemos pensar, tam-
bém, como o momento em que se dá a avaliação da sequência didática. Mas o que se
propõe aqui é que seja um momento em que o protagonismo do aluno, em relação
a sua aprendizagem, se faça presente. Em que as atividades de aprofundamento
sejam apresentadas pelos alunos como uma grande síntese e ele, por meio de um
exercício, um seminário ou um relatório, ou outras formas de expressão, seja capaz
de refletir sobre a sua aprendizagem, fazendo as ressignificações. E dando a você,
professor, as ferramentas necessárias para um repensar o trabalho desenvolvido.
Principalmente no que diz respeito ao alcance dos objetivos de aprendizagem es-
tabelecidos na SD nas suas dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais.
Cabral (2017) não discute essa etapa da SD de forma convergente à que estamos
apontando, ao destacarmos que este momento seja protagonizado pelo aluno. Po-
rém, Cabral (2017) sugere que ocorra um olhar do professor para as aprendizagens
do aluno que surgem nas atividades da etapa de consolidação, que o autor deno-
mina de “intervenções avaliativas restritivas” e “intervenções avaliativas aplicativas”.
Do que foi apresentado pelo autor, inferimos que. na primeira, a “intervenção ava-
liativa restritiva”, deveria ser aberto um espaço para que fosse possível, fugindo
do modelo tradicional da avaliação em Matemática, “que tem ênfase descritiva na
lógica da repetição para se “memorizar” e “reproduzir”,
Então professor, vamos organizar o nosso fazer em sala de aula por meio de SDs?
4. PARADA PARA DESCANSO: O QUE DESENHO? 152
Para se inspirar!
http://www.sbembrasil.org.br/files/sequencias_didaticas.pdf
http://escolavicentecelso.blogspot.com/2016/09/sequencia-didatica-para-9-ano-teorema.
htmlhttps://novaescola.org.br/planos-de-aula/fundamental/7ano/matematica/sequencia/
descobrindo-os-numeros-inteiros/72
https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/431257/2/produto_IARA.pdf
Atenção!
Bem, professor, para aprofundar as discussões relativas à elaboração de sequências didáticas e os
elementos conceituais relacionados às etapas descritas, não deixe de consultar os links:
https://www.youtube.com/watch?v=py1va5sjKfk
https://gepel.furg.br/images/Gasparin_2012.pdf
Deixamos aqui um convite para você, professor, sair da “zona de conforto” que, no
contexto da aula de Matemática, chamamos de “paradigma do exercício” – conceito,
exemplo e exercício de fixação – e faça uma rotina pedagógica baseada em sequ-
ências didáticas.
Esperamos que aceite o nosso convite e faça a diferença, primeiro para você, per-
cebendo o quanto é capaz. E segundo, e não menos importante, faça a diferença
para o seu aluno, para que ele, no futuro, não se junte ao discurso apresentado
por Charles Chaplin no filme “O Grande Ditador” (1940), quando fez a seguinte
constatação:
Glossário
Fonte: https://www.dicio.com.br
BALIZADOR: [Figurado] O que pode ser usado para dar sustentação a (alguma coisa).
GÊNESE: [Figurado] Série de fatos e causas que concorreram para a formação de alguma coisa: a
gênese de um romance.
HÍBRIDO: Caracterizado por ser composto por elementos diferentes: gênero de dança híbrido.
SINERGIA: Ação simultânea; esforço coletivo; cooperação. Busca de objetivos comuns através da
união simultânea dos membros de um grupo; trabalho cooperativo.
TIPOLOGIA: Estudo dos traços característicos de um conjunto de dados, que busca determinar
tipos e/ou sistemas: tipologia das vias urbanas.
5. INTERAGINDO ENTRE VAGÕES 154
5 INTERAGINDO
ENTRE VAGÕES
MATEMÁTICA | Anos finais 155
Que pena que estamos chegando perto do final de nossa viagem! Já estamos com
saudade de nossas discussões e esperamos que esse também seja seu sentimento.
Ao longo deste capítulo, você será convidado a visitar todos os vagões pelos quais
passeamos em nossa viagem com o sentido de aprofundar a relação entre a teo-
ria que estudamos e a sua prática de sala de aula, discutindo estratégias didáticas
e novas propostas metodológicas (e velhas com um novo olhar) para o ensinar e
aprender Matemática.
Dessa forma, esperamos que você, ao final deste capítulo, que também é o final da
viagem pela área da Matemática, se perceba apto a assumir o seu papel de agente
fomentador das mudanças trazidas pela BNCC e pelo DCRB no chão da escola. Se
no início da viagem já confiamos em você para essa ação, agora nem se fala...
E já entrando no clima: qual a avaliação que você faz da sua aprendizagem no que
diz respeito ao que já foi apresentado até este momento da viagem?
Nós estamos, aqui, com um gostinho de “quero mais” poder estar em sua companhia
nesta viagem pela área da Matemática. Mas, infelizmente, temos de nos despedir
lembrando (é sempre bom lembrar) que
Rubens Alves
Um grande abraço!
Será que você se juntou ao que a maioria das pessoas sente quando é colocada
frente a essas situações: “frio na barriga”, o coração bate mais forte, a mão começa
a suar? Todos são sintomas que podemos associar ao medo.
Isso não deveria acontecer, pois avaliamos e somos avaliados todo o tempo durante
as nossas atividades do dia a dia. Assim, avaliamos para fazermos escolhas do que
comprar, vestir, comer ou mesmo das ações e caminhos a serem escolhidos (ou
5. INTERAGINDO ENTRE VAGÕES 156
Mas a maioria das pessoas, ao ser questionada como se sente frente a situações
avaliativas, reporta-se à avaliação escolar. Que talvez seja o que aconteceu com
você. E aí vêm as sensações de medo porque, historicamente, a avaliação na escola
é vista como medida, prova, e tendo como função a classificação e a hierarquização
e, via de regra, à exclusão da escola, levando a um sentimento de menor valia, de
incapacidade e não pertencimento a uma elite “inteligente”, de sucesso.
É fato que a avaliação e seus instrumentos (como provas, testes, arguições) muitas
vezes são utilizados pelo professor como ameaça e como instrumento de poder e
violência simbólica, constituindo-se como um fator de desestímulo. Os alunos são
conduzidos a estudar, pensar e agir em função de uma nota, e não pela obtenção
do saber. Isto lhe soa de alguma forma familiar?
Assim, pretendemos aqui, nesta conversa, plantar uma sementinha para que a for-
ma de pensar a avaliação seja desconstruída e, em seu lugar, surja uma concepção
crítica de avaliação no contexto do processo de ensinar e aprender que esteja asso-
ciada aos princípios trazidos no DCRB, quando o documento afirma:
[...] o trânsito entre lugares já percorridos e novos lugares, inclusive ainda não
explorados, para que sejam cotidianamente (re)construídos como parte de um
processo coletivo, dialógico, complexo, realizado por pessoas com expectati-
vas, compromissos, conhecimentos, prática e desejos coletivos. (BAHIA, 2020,
p. 100).
MATEMÁTICA | Anos finais 157
Não podemos perder de vista, ainda, que o “DCRB, por sua vez, e em consonância
com a BNCC, concebe a avaliação como uma ação eminentemente processual, defi-
nida a partir do currículo e do projeto político-pedagógico da escola” (BAHIA, 2012,
p. 109).
Espero que você tenha percebido, em cada etapa da construção das sequências
didáticas, como estudamos no Capítulo 4, os espaços existentes para a utilização de
variadas estratégias didáticas e/ou metodologias de ensino que permitam a criação
de ações avaliativas com as quais seja possível, a você e ao aluno, colher informa-
ções de forma contínua a respeito do processo de aprendizagem.
Atenção!
A avaliação somativa tem de estar a serviço da avaliação formativa. Assim, é de fundamental
importância, durante o processo de aprendizado, fornecer devolutivas sobre as produções dos
estudantes em relação aos objetivos de aprendizagem e competências propostos. Assim como é
importante que os alunos participem da construção dos critérios de avaliação e conheçam o que
é esperado deles, também é importante que seja dada a ele a oportunidade de revisitar conteúdos
e avaliar o que foi apropriado do conteúdo ensinado.
No entanto, como sinaliza a professora, a partir do desenvolvimento dos estudos do campo pe-
dagógico e das neurociências, principalmente em relação a como o cérebro funciona, muitas
coisas foram mudando em relação ao erro e ele passa a ter um lugar de destaque no processo de
aprendizagem. Esse lugar se coloca no sentido de que, a partir dele, sejam oportunizados ao aluno
momentos de metacognição, processos esses que, de acordo com Smole, se bem conduzidos pelo
professor, podem, inclusive, aumentar a qualidade da aprendizagem a partir do erro e de sua
relação ao acerto.
Referência: https://iungo.org.br/material/katia-smole-debate-avaliacao-formativa/
? Você concorda com a perspectiva sobre o erro trazida pela prof. Kátia Smole?
Como você lida com o erro em sua sala de aula? E, mais importante, como você lida com os seus
erros nas suas atividades cotidianas nos níveis pessoal e profissional? Você cresce a partir da
reflexão sobre os mesmos?
Espero que, ao chegarmos ao final desta seção, a sementinha lançada no início dela
tenha encontrado terra fértil e comece a germinar.
“[...] para pensar a avaliação da aprendizagem para além das provas, produções individuais, semi-
nários, listas de exercícios, trabalhos em grupos, autoavaliação, conselhos de classe e observação
de desempenho (que são as estratégias de avaliação mais comuns e que não precisam, necessa-
riamente, ser abolidas das práticas culturais escolares), é preciso, também, que reconheçamos
outros instrumentos como potenciais ferramentas de avaliação da aprendizagem.
Essas atividades podem ser utilizadas como instrumentos de avaliação, pois, para apresentar os
produtos finais exigidos por elas, o estudante precisa mobilizar o que já sabia e o que aprendeu ao
longo da construção de tais produtos.
Contudo, quando o uso desses instrumentos tem como finalidade a avaliação da aprendizagem,
é necessário que o professor saiba nitidamente quais são os objetivos de aprendizagem em jogo
durante o percurso traçado para favorecer a aprendizagem e que registre tal percurso de diferen-
tes formas (e é aqui que os instrumentos consolidados de avaliação, mencionados anteriormente,
podem fazer sentido)”.
E ainda mais:
Gostaríamos de saber se você já avaliou os seus alunos através da rubrica? Quer saber mais sobre
este instrumento de ação avaliativa? Para isso, acesse os links abaixo:
http://anglosolucaoeducacional.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ebook-5-Avaliac%C-
C%A7a%CC%83o-por-Rubricas.pdf
Saiba mais...
As metodologias ativas vêm sendo pensadas e trabalhadas já há algum tempo e um de seus grandes
precursores foi William Glaser e sua pirâmide de aprendizagem. Glaser, a partir de estudos e pes-
quisas envolvendo a saúde mental, educação e comportamento humano, chegou à conclusão que
se os estudantes fossem expostos a metodologias ativas, eles se desenvolveriam e aprenderiam
melhor porque, segundo a teoria, nós aprendemos: 10% quando lemos; 20% quando ouvimos;
30% quando observamos; 50% quando vemos e ouvimos; 70% quando discutimos com outros;
80% quando fazemos; 95% quando ensinamos.
Nesse contexto, o ensino tradicional centrado na fala do professor, tendo o aluno como ouvinte
e observador e o livro didático ou módulos como referências, não faz mais sentido e é necessário
que seja substituído por um ensino em que o aluno seja estimulado a ser o agente principal da
construção do seu conhecimento ouvindo, falando, perguntando, discutindo, fazendo e ensinan-
do. A experiência indica que a aprendizagem é mais significativa com as metodologias ativas de
aprendizagem.
Atenção!
A sua função nas metodologias ativas, professor, é sempre de mediação num processo dialógico
da construção do conhecimento, tendo em mente que tanto você quanto o aluno aprendem e
ensinam juntos, em coconstrução, pois “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina
ao aprender” (FREIRE, 1997, p. 25).
MATEMÁTICA | Anos finais 161
Atenção!
Você pode estar se perguntando: qual meu papel, então, na ABP?
Respondemos: é o papel de ator coadjuvante digno de ganhar um prêmio. É você quem irá fazer o
planejamento inicial do projeto (seja num nível de complexidade intra, multi ou interdisciplinar).
É você, também, quem vai orientar o aluno para mobilizar conhecimentos e habilidades já adqui-
ridos e construir novos dentro da sua área de conhecimento no desenvolvimento do projeto.
A definição do tema a ser desenvolvido, das tarefas a serem realizadas, perguntas a serem res-
pondidas, deve contar com a sua orientação num processo dialógico, tendo o cuidado de não
interferir demais, mas tomando o cuidado de sinalizar para o aluno a necessidade de o tema ser
relevante (e não modismo), possível de ser desenvolvido, considerando as condições reais dos
alunos em termos cognitivos, afetivos e materiais.
Você também deve negociar com os alunos temas que estejam de acordo com os múltiplos inte-
resses e objetivos didático-pedagógicos da escola e da(s) área(s) de conhecimento(s), bem como
planejar os momentos de avaliações (principalmente autoavaliações) durante o desenvolvimento
das atividades previstas, propondo mudanças de rumo que sejam necessárias para que sejam atin-
gidos os objetivos inicialmente pensados (ou quem sabe mudá-los ou ampliá-los).
A sua atuação durante o desenvolvimento do projeto envolve, também, conduzir, instruir e indi-
car possíveis fontes de conhecimento que ajudarão os estudantes nas suas tarefas, incentivá-los,
gerenciar tempos e conflitos.
Atenção!
A metodologia da ABPL propõe uma sequência lógica que precisa ser observada, apesar de poder
ser alterada em função das necessidades e dos objetivos de aprendizagem definidos pelo profes-
sor. Segue um breve roteiro de como a metodologia é mais utilizada.
No planejamento:
Provoque os estudantes para que formulem hipóteses ricas e contribua para que
construam soluções em função dos objetivos de aprendizagem propostos.
o aluno é, muitas vezes, levado a acreditar que não é capaz de construir um ra-
ciocínio matemático sem repetir procedimentos convencionais. Também pode
pensar que só é válido o tipo de Matemática que se encontra no livro, ou que
é exposto pelo professor. E isso termina por tolher a sua coragem de pensar
livremente. [...] assim, é importante, que você procure complementar as ativi-
dades de maneira que seu aluno possa explorar as ideias matemáticas antes de
ter os procedimentos convencionais e os conceitos matemáticos formalizados
(BRASIL, 2010, p. 33).
Aqui entra o problema matemático, na perspectiva trazida pelos PCN, como es-
tratégia didática. Dessa forma, o professor deve proporcionar ao aluno vivenciar
atividades fora do ambiente do “paradigma do exercício” em que ele seja colocado
frente a situações nas quais pode até conhecer o objetivo final e mobilizar o que já
sabe para alcançá-lo, mas essas situações devem conter também algo novo, para o
qual ele não tem resposta (MARINCEK, 2001).
Atenção!
Mas é preciso destacar que:
Não estamos, aqui, propondo que não sejam realizados exercícios de aprendizagem nas aulas de
Matemática. A nossa proposta é que você perceba o alcance de atividades de Matemática, como
a de resolução de problemas, na educação integral do aluno, como proposto na BNCC e referen-
dado no DCRB, com forte compromisso com o letramento matemático.
Os exercícios, junto com os conceitos e suas aplicações, são importantes no processo de ensino/
aprendizagem de Matemática, pois eles devem ser compreendidos como atividades de manipu-
lação que auxiliam na habilidade e na destreza no manuseio de algoritmos, equações, fórmulas
e construções geométricas elementares necessárias para a resolução de forma mais rápida de
situações-problemas no contexto da própria Matemática, do cotidiano do aluno e de outras áreas
do conhecimento (LIMA, 2003, p. 140).
Saiba mais...
O trabalho com Resolução de Problemas Matemáticos (RPM) é uma metodologia (ou estratégia
didática bastante antiga dentro da educação matemática). Saiba mais:
Atenção!
“Cumpre também considerar que, para a aprendizagem de certo conceito ou procedimento, é
fundamental haver um contexto significativo para os alunos, não necessariamente do cotidiano,
mas também de outras áreas do conhecimento e da própria história da Matemática. No entanto,
é necessário que eles desenvolvam a capacidade de abstrair o contexto, apreendendo relações
e significados, para aplicá-los em outros contextos. Para favorecer essa abstração, é importante
que os alunos reelaborem os problemas propostos após os terem resolvido. Por esse motivo, nas
diversas habilidades relativas à resolução de problemas, consta também a elaboração de proble-
mas. Assim, pretende-se que os alunos formulem novos problemas, baseando-se na reflexão e no
questionamento sobre o que ocorreria se alguma condição fosse modificada ou se algum dado
fosse acrescentado ou retirado do problema proposto” (BRASIL, 2018, p. 301).
A investigação matemática
De acordo com Ponte et al., investigar é descobrir relações e padrões procurando
identificar e comprovar as propriedades levantadas pelo investigador. Ele destaca
que investigar, em Matemática, assume características muito próprias, conduzindo
rapidamente à formulação de conjecturas que se procuram testar e provar, quando
for o caso (PONTE, BROCARDO e OLIVEIRA, 2003).
Num primeiro olhar, podemos não perceber a diferença entre uma investigação
matemática e a resolução de problema em Matemática, considerando que, nos dois
ambientes de aprendizagem, parte-se de uma inquirição envolvendo a Matemática.
Porém, como vimos anteriormente, a RPM se caracteriza como uma ABP e possui
mais convergências com essa metodologia, com metas mais bem definidas a priori.
Na resolução de problemas, a questão a resolver está perfeitamente definida logo
à partida: o objetivo é encontrar um caminho para atingir um ponto não imediata-
mente acessível (OLIVEIRA, SEGURADO, PONTE, 1996; ERNEST, 1996).
Saiba mais...
Pela leitura das perspectivas trazidas, acreditamos que todas elas vão, efetivamen-
te, ao encontro das discussões apontadas aqui sobre a compreensão do ensino da
Matemática num currículo baseado em competências e habilidades cujo enfoque
esteja na resolução de problemas, interdisciplinaridade, interação dos estudantes,
no incentivo à investigação e na tomada de decisões de forma conjunta, prezando
pelo respeito e diversidade (CUNHA, 2020).
MATEMÁTICA | Anos finais 167
Pelo que apresentamos até aqui, acreditamos que foi possível a você perceber as
potencialidades da MM como metodologia ativa para o ensino da Matemática vol-
tada para a promoção de uma aprendizagem significativa dos alunos.
Saiba mais...
http://www.somatematica.com.br/artigos/a8/p4.php
https://novaescola.org.br/conteudo/12628/modelagem-matematica-a-matematica-do-dia-a-dia
https://matematicanaescola.com/modelagemmatematica/
Voltando às metodologias ativas, num caráter mais amplo, vamos agora a mais uma
delas: ensino híbrido.
Ensino híbrido
O ensino híbrido pode ser compreendido como uma mescla entre situações dentro
e fora da sala de aula tradicional, tendo uma importante característica, que é a
integração das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) nas ativi-
dades de ensino-aprendizagem. No ensino híbrido, as tecnologias digitais servirão
como suporte, pois serão utilizadas com o objetivo de promover aprendizagens
significativas para o estudante, e não como substitutas da aula presencial.
Saiba mais...
Vamos apresentar abaixo o que são chamados de modelos de ensino híbrido tomando como
referência o artigo “Ensino Híbrido: proposta de formação de professores para uso integrado das
tecnologias digitais nas ações de ensino e aprendizagem” (BACICH, 2016).
Rotação por estações: os estudantes são organizados em grupos e cada um desses grupos
realiza uma tarefa de acordo com os objetivos do professor para a aula em questão. O pla-
nejamento desse tipo de atividade não é sequencial e as atividades realizadas nos grupos
são, de certa forma, independentes, mas funcionam de forma integrada para que, ao final
da aula, todos tenham tido a oportunidade de ter acesso aos mesmos conteúdos.
5. INTERAGINDO ENTRE VAGÕES 168
Laboratório rotacional: nesse modelo, os estudantes usam o espaço da sala de aula e la-
boratórios. O modelo de laboratório rotacional começa com a sala de aula tradicional; em
seguida, adiciona uma rotação para um computador ou laboratório de ensino. Os laborató-
rios rotacionais frequentemente aumentam a eficiência operacional e facilitam o aprendi-
zado personalizado, mas não substituem o foco nas ações convencionais que ocorrem em
sala de aula. O modelo não rompe com o ensino considerado tradicional, mas usa o ensino
on-line como uma ação sustentada para atender melhor às necessidades dos estudantes.
Sala de aula invertida: nesse modelo, a teoria é estudada em casa, no formato on-line, e
o espaço da sala de aula é utilizado para discussões, resolução de atividades, entre outras
propostas. O que era feito na sala de aula (explicação do conteúdo) é agora feito em casa e o
que era feito em casa (aplicação, atividades sobre o conteúdo) é agora feito em sala de aula.
Esse modelo é valorizado como a porta de entrada para o ensino híbrido e há um estímulo
para que o professor não acredite que essa é a única forma e que ela pode ser aprimorada.
Rotação individual: cada aluno tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua
rotina para cumprir os temas a serem estudados. Aspectos como avaliar para personali-
zar devem estar muito presentes nessa proposta, uma vez que a elaboração de um plano
de rotação individual só faz sentido se tiver como foco o caminho a ser percorrido pelo
estudante de acordo com suas dificuldades ou facilidades. Nesse modelo, portanto, os
estudantes rotacionam, de acordo com uma agenda personalizada, por modalidades de
aprendizagem. A diferença da rotação individual para outros modelos de rotação é que os
estudantes não passam, necessariamente, por todas as modalidades ou estações propos-
tas. Sua agenda diária é individual, organizada de acordo com suas necessidades. O tempo
de rotação, em alguns exemplos relatados, é livre, variando de acordo com as necessidades
dos estudantes.
Modelo flex: nesse modelo, os alunos também têm uma lista a ser cumprida, com ênfase
na aprendizagem on-line. O ritmo de cada estudante é personalizado e o professor fica à
disposição para esclarecer dúvidas. Esse modelo, apesar de ser considerado uma possibi-
lidade metodológica no modelo de ensino híbrido, requer uma modificação da estrutura
de organização dos alunos no ambiente escolar. O cerne dessa proposta é que os alunos
podem aprender de forma colaborativa, uns com os outros, com o uso dos recursos on-li-
ne, independente da organização por anos ou séries.
https://eventos.set.edu.br/simeduc/article/view/3323/1251.
Saiba mais...
Vale o registro, neste momento, de que não podemos deixar de sinalizar a importância da história
da Matemática (HM) como estratégia didática para o ensino da Matemática. A BNCC, ao anunciar
estratégias para o ensino da Matemática, inclui a HM entre elas:
Além dos diferentes recursos didáticos e materiais, como malhas quadriculadas, ábacos, jogos,
calculadoras, planilhas eletrônicas e softwares de geometria dinâmica, é importante incluir a
história da Matemática como recurso que pode despertar interesse e representar um contexto
significativo para aprender e ensinar Matemática. Entretanto, esses recursos e materiais preci-
sam estar integrados a situações que propiciem a reflexão, contribuindo para a sistematização e
a formalização dos conceitos matemáticos (BNCC, 2018, p. 300).
Você pode lançar mão da HM para trabalhar no contexto de qualquer uma das metodologias
ativas apresentadas na seção anterior ou numa trilha de aprendizagem. O importante é ter em
mente que
Indicamos a leitura do material abaixo em que a autora, além de discutir a HM como estratégia
didática para o ensino da Matemática, apresenta uma série de atividades inspiradoras para traba-
lhar em sala de aula:
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/14471/TCCE_EM_2011_ROSALES_OLGA.pdf
Título da sequência didática: Cartão de crédito: ter ou não ter, eis a questão
Referência: https://www.youtube.com/watch?v=WsoKpcOp_04
Competências:
Objetivos de aprendizagem:
Conceituais
Atitudinais
Habilidades (DCRB)
Avaliação
Tempo
4 semanas de aula (este tempo é uma sugestão, você pode inicialmente pla-
nejar para menor ou maior quantidade de aulas, bem como replanejar no
desenvolvimento da sequência em função da dinâmica das suas turmas e do
que emergir no desenvolvimento das aulas).
Quem aqui sabe como funciona um cartão de crédito? E um cartão de débito? Qual
a diferença? Quem aqui já possui um destes cartões? Quem da família utiliza?
Atenção!
É importante que, após a discussão com as respostas dos alunos, seja esclarecido
o seguinte: qual a diferença entre um cartão de crédito e um de débito; taxas
cobradas por eles (anuidade e outras); o que são operadoras de cartão de crédito.
Nesse momento da aula, solicite que eles tragam na próxima aula faturas de cartão de
créditos (prepare também fotocópias de faturas para garantir que, no trabalho a ser
realizado em outra etapa da sequência didática, todos tenham acesso às faturas).
Saiba mais...
Para saber um pouco mais sobre cartões de crédito, acesse o link abaixo:
https://www.bcb.gov.br/content/publicacoes/outras_pub_alfa/cartilha_cartao.pdf
Atenção!
Nessa etapa, é fundamental não confundir conhecimento prévio com pré-requisito. Os conheci-
mentos prévios são conhecimentos já construídos pelos estudantes, enquanto os pré-requisitos
são listas arbitrárias de conteúdos ou de habilidades utilizadas para definir uma sequência de
conteúdos necessária ao aprendizado daqueles mais complexos. Sobre essa discussão, consul-
tar “Métodos de diagnóstico inicial e processos de avaliação diversificados”. Disponível no link:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/apro-
fundamentos/194-metodos-de-diagnostico-inicial-e-processos-de-avaliacao-diversificados.
Sugestão de situação-problema:
Considere a seguinte situação: você (ou a sua família) vende caldos (ou sopa, ou
outro alimento qualquer) no final de semana e utiliza o liquidificador no processo
de elaboração. Numa quinta-feira à noite, o liquidificador quebrou (era um apare-
lho com mais de dois anos de uso). Com várias encomendas para serem entregues,
sendo fundamental a utilização desse eletrodoméstico e sem a possibilidade de
tomar um aparelho emprestado, é necessário resolver a situação com brevidade.
Na sexta-feira pela manhã, foram levantadas as seguintes possibilidades de solução
da situação:
Discuta com seus colegas qual a melhor opção de compra, considerando todas as
variáveis que possam estar envolvidas na situação-problema.
Atenção!
Discuta com os alunos as soluções possíveis apresentadas pelos grupos.
Nessa discussão, acrescente outras variáveis que possam não ter sido levantadas
pelos alunos, como o deslocamento até a loja para pagar o boleto.
Traga também outras opções de pagamento, como PIX (explicar o que é).
Saiba mais...
Para informações sobre o PIX, consulte o site do Banco Central indicado a seguir:
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/pix
Atenção!
E aqui entra uma discussão sobre a utilização sem planejamento do
cartão de crédito, o que pode gerar um grande endividamento.
Saiba mais...
Consulte:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1ttxgVOXF4PRs_vmUuuOSJdwUP5wpjeCXEPvm-
94cO jYw/edit#gid=2006698610.
Atenção!
Em um contexto de trabalho de formação de professores, um licenciando trouxe um exemplo
que envolvia grupos étnicos e étnicos-religiosos presentes no nosso país num contexto depre-
ciativo de agiotagem. No momento da formação, abriu-se uma discussão (sem aprofundamento
posterior) sobre este estereótipo e sobre qual o conhecimento que se tinha desses grupos – suas
origens, tradições etc. – que levasse ao mesmo.
Caso isto venha a emergir na sua sala de aula, trazido por algum aluno, aproveite a ocasião para
problematizar a situação com ele, procurando saber: o que conhecem desses grupos? A partir
daí, você pode propor o desenvolvimento de um projeto para levantar, com os alunos, a história
desses grupos, sua distribuição no país e contribuição para a constituição das riquezas materiais
e culturais do Brasil (com levantamentos estatísticos), buscando dialogar com os componentes
curriculares história e geografia. Essa abordagem vai nos reportar ao tema integrador Educação
para a Diversidade, numa perspectiva de trabalho interdisciplinar, e abrir espaço para trabalhar
na área de Matemática principalmente objetos de aprendizagem e habilidades da unidade temá-
tica Probabilidade e estatística.
Veja, professor, aproveitamos aqui para sinalizar as inúmeras possibilidades de trabalho que po-
dem surgir no desenvolvimento de uma sequência didática no contexto da área de Matemática.
Fique atento e use a sua criatividade para ampliar as possibilidades de trabalhar os temas inte-
gradores nas aulas de Matemática, seja na perspectiva intra, multi ou interdisciplinar. É só pegar
o fio da meada e desenrolar...
MATEMÁTICA | Anos finais 177
Etapa 4 – Culminância
Essa etapa é de grande importância, pois deverá se constituir numa expressão mais
sistematizada das aprendizagens desenvolvidas pelos alunos ao longo da sequência.
Para essa expressão, eles poderão fazer exposições para toda a escola sobre reco-
mendações para o uso de cartões de crédito; apresentar projetos de oficinas sobre
o uso de cartão de crédito; trazer os resultados de suas pesquisas sobre vídeos que
ajudam nesse uso; produzir cenas para representar situações ao respeito do tema
ou elaborar narrativas reais ou simuladas sobre situações; construir planilhas que
facilitem o controle do uso de cartões de créditos, entre outras possibilidades.
Esse momento da culminância será importante para que o professor possa encerrar
o processo avaliativo da sequência, buscando evidências acerca das aprendizagens
desenvolvidas pelos estudantes, além de recorrer à autoavaliação.
Essa sequência didática foi construída com a intenção de que você possa perceber
que é possível planejar por sequências e que cada etapa pode se desdobrar em
múltiplas possibilidades, tornando o ensino da Matemática mais significativo para
os alunos. Destacamos, ainda, que a sequência apresentada é apenas uma sugestão.
Cabe, nesse caso, fazer as adequações necessárias, de acordo com a realidade de
cada escola.
Acreditamos que, a partir da ideia apresentada, você, com toda a sua criatividade,
experiência e intencionalidade, vai ser capaz de criar momentos riquíssimos na
sua sala de aula que façam com que o seu aluno tenha a certeza que ele pode, sim,
aprender Matemática. Que ela é para todos!
Com certeza, ao chegar próximo ao final desta viagem, você é uma pessoa mais
rica de conhecimento, de ideias, de motivação e, mais do que nunca, gostando de
ser professor de Matemática. Caso contrário, você não estaria lendo este parágrafo.
Aqui nos despedimos, com um até logo. Quem acredita que pode contribuir para
uma educação de qualidade está sempre por perto.
Um grande abraço!
Glossário
Híbrido: Caracterizado por ser composto por elementos diferentes: gênero de dança híbrido.
SEGUINDO A
6 VIAGEM: A
TRANSIÇÃO PARA
O ENSINO MÉDIO
Anos finais 179
Estamos chegando ao final de nossa viagem! Nem acreditamos que passou tão rápi-
do. Mas ainda temos uma surpresa no último trecho do nosso percurso
Recarregue suas baterias e venha comigo atender ao último apito deste trem!
Agora, queremos olhar a bela paisagem que se descortina à nossa frente pintada pe-
las cores das mudanças e das transformações que são vivenciadas pelos estudantes
ao longo da sua formação nos anos finais do ensino fundamental e experienciando
a transição dos anos finais para o ensino médio.
Vamos pensar um pouco sobre isso para fecharmos nossa viagem com chave de
ouro?
Vale ressaltar que, para cada competência específica que compõe as áreas de co-
nhecimento, a BNCC apresenta um conjunto de habilidades a serem alcançadas ao
longo dos três anos do ensino médio.
Saiba mais...
https://fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/construcao-projeto-de-vida-escola-apoiar-es-
tudante
Dito isso, vamos retomar a discussão sobre o ensino médio, que se organiza, na
atualidade, a partir de uma nova arquitetura curricular composta por duas partes
indissociáveis: Formação Geral Básica (FGB) e Itinerário Formativo. Quanto à carga
horária, serão destinadas até 1.800 horas para FGB e mínimo de 1.200 horas para os
itinerários formativos, podendo funcionar por até cinco anos e, a partir daí, chegar
a 4.200 horas. A orientação a respeito dessa carga horária é que a ampliação ocorra
gradativamente até que se alcance o perfil de escola integral e de tempo integral.
Isso requer gestores e professores atentos ao que pensam esses estudantes nesse
momento de vida. Será que existem diálogos sobre os seus projetos, expectativas,
sentimentos? Quais estratégias eles podem desenvolver para um maior enfrenta-
mento dos aspectos difíceis que emergem em sua transição nessa fase escolar?
Quais as demandas e expectativas que têm em relação à escola? Está, então, posto
o desafio.
Saiba mais...
http://estudantes.educacao.ba.gov.br/1ª-serie-ensino-medio-projeto-de-vida
Além dessas ações, sugerimos, ainda, encontros entre professores e gestão, tanto
dos anos finais do ensino fundamental quanto do ensino médio, para, juntos, de-
senvolverem outras práticas que sejam pertinentes às possibilidades institucionais
e à realidade e necessidades dos estudantes. E, também, intercâmbio entre escolas,
em que se trabalhe o protagonismo dos estudantes do segmento posterior, apre-
sentando suas experiências pessoais e acadêmicas aos estudantes em transição; e
visitas guiadas às escolas do segmento posterior (fundamental anos finais para os
Anos finais 183
anos iniciais; ensino médio para o fundamental anos finais) para que eles entendam
a estrutura e cultura desta nova etapa de ensino.
Não esqueçamos que essa transição se configura como um momento rico que a es-
cola pode utilizar para apresentar e socializar demandas da juventude em diversos
contextos, sendo essencial a participação dos estudantes a fim de desenvolverem
sua autonomia, percebendo-se aptos a escreverem a própria história, com uma
rede de apoio que os acolhe e incentiva.
BIBLIOGRAFIA 184
BIBLIOGRAFIA
CAPÍTULO 1
BAHIA. Secretaria da Educação. Superintendência de Políticas para Educação
Básica. União Nacional dos Dirigentes Municipais da Bahia. Documento
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cursistas da formação regional quanto ao processo formativo nas suas
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agir. Rio de Janeiro: FGV DGPE, 2021.
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RAMOS, L. O. L.; NASCIMENTO, A. R. Competências gerais da BNCC para os
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BAHIA. Secretaria da Educação. Superintendência de Políticas para Educação
Básica. União Nacional dos Dirigentes Municipais da Bahia. Documento
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RAMOS, L. Sinto o que sinto – e a incrível história de Asta e Jaser. Ilustrado por
Ana Maria Sena São Paulo: Carochinha, 2019.
RAMOS, R. e RAMOS, L. Desafios para o planejamento pedagógico à luz da BNCC.
In: Planejamento pedagógico: diálogos, percursos e experiências.
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RODRIGUES, A. C. C. Relações intradisciplinares e interdisciplinares no ensino da
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SCHMITT, C.S.; DOMINGUES, M.J.C.S. Estilos de aprendizagem: um estudo
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SCHRENK, M. J. e NOVAES, B. W. D. A cultura escolar do campo e o ensino da
Matemática. ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 451-470, set./dez. 2018
VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e
Projeto Político-Pedagógico. 7º Ed. São Paulo. 2000.
MATERIAIS AUDIOVISUAIS
Estes canais apresentam faces interessantes do conhecimento matemático. São
referências para estruturação de aulas e atividades.
Isto é Matemática: Canal de divulgação científica cujo objetivo é atrair o público
para a Matemática e oferecer entretenimento. A divulgação é feita mediante
canal de televisão, internet, livros e espetáculos ao vivo. - http://
istoematematica.com/. Acesso em: 20 de mai. 2022
Derivando: Canal do matemático espanhol Eduardo Sáenz de Cabezón onde
ensina matemática de forma divertida e mostra curiosidades sobre ela.
https://www.youtube.com/channel/UCH-Z8ya93m7_RD02WsCSZYA.
Acesso em: 20 de mai. 2022
Malba Taham: Júlio César de Mello e Souza, mais conhecido como Malba Tahan,
foi um dos maiores divulgadores da Matemática do Brasil. A través de sus
romances, inspirados em costumes e lendas do provo árabe, ele ensina
matemática com uma didática própria e divertida. - http://www.malbatahan.
com.br/. Acesso em: 20 de mai. 2022
Canalkids. Site totalmente voltado para crianças, com dicas culturais, atividades,
informações e curiosidades sobre diversos temas. Disponível em: https://
www.canalkids.com.br/portal/index.php . Acesso em: 20 de mai. 2022.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apresenta diversas
informações sobre o Brasil, como números e características da população
brasileira. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 20 de mai.
2022.
Instagram BNCC na Escola. Apresenta materiais, atividades e documentos
relacionados à BNCC e documentos curriculares dos estados. Disponível em:
https://www.instagram.com/bnccnaescola/ Acesso em: 20 de mai. 2022.
Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos (Labrimp). É destinado ao
fortalecimento do vínculo entre teoria e prática pedagógica e o
conhecimento da realidade brasileira na área de brinquedos e materiais
pedagógicos. Nesse site, o professor encontra uma coletânea de jogos e
brincadeiras. Disponível em: http://www2.fe.usp.br/estrutura/labrimp/
MATEMÁTICA 187
ANOS FINAIS
BAHIA. Secretaria da Educação. Superintendência de Políticas para Educação
Básica. União Nacional dos Dirigentes Municipais da Bahia. Documento
curricular referencial da Bahia para educação infantil e ensino
fundamental (v. 1) / Secretaria da Educação do Estado da Bahia. – Rio de
Janeiro: FGV Editora, 2020.
BAHIA. CEE. Resolução CEE n°137/2019. Fixa normas complementares para a
implementação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, nas redes de
ensino e nas instituições escolares integrantes dos sistemas de ensino, na
Educação Básica do Estado da Bahia e dá outras providências. Disponível em:
http://jornadapedagogica.educacao.ba.gov.br/wp-content/
uploads/2020/01/Parecer-CEE-n%C2%A7-137-2019-e-327-2019-Normas-
complementares-BNCC.pdf. Acesso em: 10 jun.2022
BAHIA. Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Documento orientador aos
cursistas da formação regional quanto ao processo formativo nas suas
redes de ensino. Processos formativos no chão da escola: do pensar para o
agir. Rio de Janeiro: FGV DGPE, 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselho
Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Base Nacional Comum
Curricular. Brasília, MEC 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de
Oliveira. 4. ed. São
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases
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Brasília, DF, v. 134, n. 248, 23 dez. 1996.Seção I, p. 27834-27841.
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BRASIL .Parâmetros curriculares nacionais :terceiro e quarto ciclos:
apresentação dos temas transversais / Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília :MEC/SEF 436 .1998 ,p .http//:portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
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BIBLIOGRAFIA 188