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Autos nº XXXXXXXXXXXXXXXX
Março de 2020.
Os Estados Unidos fecharam as fronteiras para voos procedentes da
Europa.
A Itália relembra, “na própria pele”, uma das maiores tragédias de
sua história, ocorrida no ano 79 d.C.: a erupção do vulcão Vesúvio,
que dizimou a cidade de Pompeia. A cena é desoladora: excessos de
corpos para ser enterrados, superlotação de hospitais, corpos já sem
a alma abandonados em uma casa com a esperança de, um dia, ser
honrado na famosa cerimônia do último adeus.
Os cidadãos de vários países devoram as gôndolas dos
supermercados para fazer estocagem de alimentos, como que a se
preparar para o Apocalipse.
Inúmeros outros países impõem medidas de controle de entrada e
saída de pessoas, de confinamento obrigatório (“quarentena”) e de
suspensão de atividades que conglomeram pessoas.
O coronavírus, cuja estreia aterrorizadora ocorreu na cidade chinesa
de Wuhan, está cavalgando nas asas do vento para perturbar a
tranquilidade de todas nações do Planeta.
Apesar de se tratar de um antígeno com pouco índice de mortalidade
(alguns debocham chamando-o de uma simples gripe) e com maior
ameaça a idosos, a velocidade de contágio do coronavírus é incrível,
criando uma demanda por assistência hospitalar além da capacidade
dos governos. Grande parte das mortes se deve à falta de
infraestrutura para satisfazer a abrupta demanda.
No Brasil, o cenário não é tão diferente.
Em 16 de março de 2020, já há a confirmação de 200
contaminações.
No Estado de Rio de Janeiro, estima-se que, se as pessoas não
permanecerem em casa, haverá cerca de 24 mil casos de
contaminação em apenas um mês.
Em vários Estados brasileiros, aulas foram suspensas, academias
foram proibidas de funcionar, eventos foram cancelados etc.
Os impactos econômicos são inegáveis. A Bolsa de Valores passou
por um verdadeiro banho de sangue, com o preço de várias ações
despencando em queda livre. Restaurantes, shoppings e comércios
estão esvaziados. A população se recolhe à sua casa e evita as ruas.
Mister ressaltar que o único meio de renda do Réu é com seu labor e, com as
proibições, não obtém renda de qualquer outro lugar, bem como não poderia já que,
com a ordem de isolamento, não teria como realizar os procedimentos de sua área
on-line.
Ademais, não é demais ressaltar, mas a crise econômica que ora se instalou no
mundo inteiro não deixou de atingir o Réu, o qual foi drasticamente atacado pelas
medidas, tendo uma redução sem precedentes de sua renda.
Insta mencionar que o Réu não busca prejudicar sua filha, ora Autora, pela qual
detém todo respeito e amor, ciente de sua condição de provedor principal. E, desta
forma, indica que a redução dos alimentos provisórios é almejado apenas durante
os meses que se perdurar o isolamento bem como nos dois meses seguintes (para
fins de retomada da economia), sendo retomado após este prazo, com o
parcelamento dos valores que não forem pagos no período de redução,
preservando o princípio da irrenunciabilidade dos alimentos.
Desta feita, por uma ordem estatal, o Réu ficou obrigado a não trabalhar – por um
bem comum – e, por óbvio, sem poder laborar, não obtém a renda necessária para
suprir os alimentos provisórios determinados.
Considerando que a remuneração do Réu teve uma redução absurda, indica que,
durante o isolamento social, propõe o pagamento de alimentos no importe de 70%
do salário mínimo vigente, o qual será pago com suporte de familiares, para que sua
filha não fique desprovida bem como que o Réu tenha condições de se manter,
efetuando o pagamento o valor dos alimentos não adimplidos neste período em 10
(dez) parcelas fixas, iniciando-se no terceiro mês de encerramento do isolamento e
liberação das atividades laborais, sem prejuízo dos alimentos vincendos.
Termos em que,
Pede-se deferimento.
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(NOME)
OAB/XX (XXXX)