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Resenha do Texto Embedded Economies: Social Relations as Determinants of

Foreign Direct Investment in Central and Eastern Europe NINA BANDELJ

Foreign direct investment (FDI)

A autora faz uma análise de categorias determinantes do FDI com uma


abordagem relacional, destacando conexões institucionais, políticas, econômicas e
culturais. Segundo a autora, as ações políticas, migratórias, comerciais e culturais entre
os investidores e os “hosts” tem fortes efeitos positivos sobre os fluxos de FDI. Essa
análise permite pensar em como as diferenças nas relações sociais moldam o
intercâmbio econômico.

A autora demonstra um aumento no Foreing Direct Investment (FDI) de $60


bilhões em 1985 para $315 bilhões em 1995. “Prominent international organizations
have advocated FDI as an engine in the transition from state socialism and as a powerful
force for integration of this region into the global economy (IMF 1997; UNCTAD
1998)” (p. 412)1. A autora afirma que os investimento estrangeiros levam aos países
“hosts” (anfitriões) recursos, evidentemente financeiros, gerenciais e tecnológicos que
“induzem” uma “restruturação societária de empresas. Neste caso, de empresas que
anteriormente eram estatais (p. 412). Do ponto de vista dos fluxos de investimento (– K
–), os países “em desenvolvimento” são “consistentemente maiores que os da Europa
Central e Oriental (p. 412), como demonstra o seguinte quadro:

1
“Nesta análise, Europa Central e Oriental é um termo geopolítico que se refere a 11 ex-países socialistas
estatais: Bulgária, Croácia, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia,
Eslováquia e Eslovênia. A análise omite a Albânia, Bósnia, República Federal da Macedônia e Iugoslávia
devido à instabilidade política situação e dados incompletos no período 1995-97”. (nota de rodapé
número 2).
Verificando os países individualmente, é possível constatar uma variação entre
fluxos de capital estrangeiros. A autora questiona como essa variação pode ser
explicada (p. 412):

Pesquisas anteriores sugerem que as características


econômicas e políticas dos países hosts determinam o
tamanho dos investimentos e locais de investimento (ver
Crenshaw 1991; Dunning 1994; London & Ross 1995;
Schneider & Frey 1985; Welfens 1993). Duas premissas
sustentam a maioria das análises, enfatizando as
características dos países hosts. Primeiro, essas análises
tratam os hosts como receptores passivos de
investimento. Segundo, esta pesquisa pressupõe
maximização de lucro por investidores que escolhem
locais que prometem retornos mais altos e risco
mínimo. Mas os países da Europa Central e Oriental, que
são avaliados como os mais desenvolvidos e menos
arriscados para investimento, não atraem os mais altos
níveis de investimento (EBRD 1997; IMF, 1997). (p. 142).
Como compreender as duas principais premissas das análises destacadas pela
autora sobre as características que determinam o volume de investimento e os locais
desses investimentos? Considerando que a Europa Central e Oriental abrigam um
“menor” risco para o retorno do capital investido? Em que consiste essa “passividade”
dos países em desenvolvimento?

A autora enfatiza que as análises, que partem como base os “hosts” dos FDI, não
são adequadas para compreender os fluxos de FDI na Europa Oriental e Central. Para
tanto, a alternativa de Bandejl a essa crítica é, primeiramente, conceitualizar o FDI
como um “fenômeno relacional”: “By definition, investment flows from an origin
(investor) to a destination (host). Thus, FDI results from a relationship between two
parties to an economic exchange”. A autora salienta que, embora a pesquisa em
economic embeddedness atribua uma primazia à estrutura das relações sociais, o estudo
elaborado por Bandelj destaca distintas substantive varieties de relações sociais em
processos de troca econômica (p. 414).

Previous Research on FDI Determinants: Focus on Country Characteristics

A maioria das pesquisas anteriores sobre o IDE baseia-se na suposição utilitária


de que os investidores selecionam sites de investimento que maximizam sua
lucratividade. A fim de conta os padrões de intercâmbio macroeconômico, essa
abordagem sugere as características do país anfitrião fornecem informações sobre
possíveis retornos em investimento. Investidores que maximizam o lucro, sem
influência de outros atores e escolha os países cujas características prometem os mais
altos retorna. Ao adotar essa ampla premissa, estudos empíricos específicos
distinguiram operacionalmente entre país econômico e político características como
determinantes da rentabilidade do investimento e dos fluxos de IDE.

Bandelj aponta que a maioria das pesquisas anteriores sobre FDI baseia-se em
“utilitarian assumption” sobre o processo de seleção dos locais de investimento, no qual,
segundo ela, a premissa principal é de que os investidores priorizam a maximização do
lucro e esse resultado se dá sem a intervenção de outros atores (como os atores locais,
por exemplo), neste sentido: “particular empirical studies have operationally
distinguished between economic and political country characteristics as determinants of
investment profitability and FDI flows (p. 415).

Bandelj destaca que a political stability é foi vista como uma variável
determinante na decisão sobre a aplicação dos FDI, na medida em que a estabilidade
política ocasiona em um “ambiente hostil” para as o capital estrangeiro. No entanto,
algumas pesquisas demonstram o contrário: “Studying FDI in the motor vehicle
industry from 1948-1965, Bollen and Jones (1982) found that the effect of political
instability was much weaker than suspected” (p. 415).

Neste sentido, reconhecer que as políticas FDI podem tanto impedir quanto
facilitar a chegada de investimento é um importante passo analítico. Essa perspectiva
permite visualizar algumas ações dos atores dos países que recebem os investimentos
estrangeiros, como é o caso dos países da Europa Central e Oriental, que oferecem
“incentivos fiscais, isenções de certos direitos de importação, estabelecimento de zonas
econômicas livres e prevenção de dupla tributação” (p. 416). Já a rigidez das políticas
internas dos países pode ser vista como um impedimento. Bandelj cita a pesquisa de
London e Ross (1995) que “países desenvolvidos buscam um Terceiro Mundo mais
dócil e menos dispendioso trabalho” (p. 416), no qual os “determinantes-chave” da
decisão sobre o investimento seria o controle e o custo do trabalho (p. 416).
Examining Substantive Varieties of Social Relations

Bandelj destaca a interpretação de que os imites e possibilidades de um processo


econômico relacionados ao embedded das relações sociais é a característica que define a
sociologia econômica (Ganovetter, 1985), contudo, a autora aponta para a ausência de
investigações sobre a influência das “instituições, relações políticas e culturais” na
relação econômica entre países (p. 416 – 417).

No entanto, podemos combinar efetivamente a ênfase nas relações


sociais e a atenção à cultura, instituições e política na análise da
atividade econômica. Para isso, proponho estudar os efeitos de
diferentes variáveis substantivas de relações sociais nas trocas
econômicas. Essa investigação da imersão necessariamente leva
em conta a cultura, a política e as instituições, mas as integra a
uma estrutura relacional.
Além disso, o foco no conteúdo substantivo dos vínculos avança
na abordagem estrutural (para uma crítica, ver Powell & Smith-
Doerr 1994). Enquanto estudos anteriores sugerem que os laços
sociais entre os atores econômicos são consequentes para os
resultados econômicos, todos eles não precisam ser. É uma
questão empírica: que tipos de relações são importantes para
o intercâmbio econômico? Devemos desenvolver proposições
testáveis sobre os efeitos de relações sociais substancialmente
diferentes na atividade econômica. (p. 417).
Social Relations as Determinants of FDI in Central and Eastern Europe

Considerando as relações sociais como determinantes do FDI, Bandelj procura


demonstrar as “categorias substantivas” dessas relações para explicar o os fluxos de FDI
na Europa Central e Oriental, enfatizando que alguns pesquisadores sugerem que
processos de intercâmbio econômico entre países se localizam nas relações políticas,
econômicas, institucionais e culturais. Os atores econômicos, afirma Bandelj, trocam
recursos concretos, como dinheiro, informações, bens ou serviços, e essas trocas
alocam poder. (418). Neste sentido, a autora descreve algumas dessas relações sociais,
colocando à prova algumas proposições em relação aos efeitos dessas relações sobre os
fluxos de FDI:

Especificamente, para a presente análise no nível de estado-nação,


isso implica que o intercâmbio econômico entre países esteja
enraizado nas relações estatais, trocas internacionais e identidade
nacional. Primeiro, os estados-nação como atores políticos
estabelecem alianças institucionais e políticas formais com outros
estados. Segundo, os países estabelecem contatos entre si por
meio de trocas de pessoas e bens. Terceiro, a nacionalidade como
forma de identidade tem entendimentos e significados culturais
específicos a ela associados; esses significados moldam contatos
entre atores de diferentes nações. Esses fenômenos supra
organizacionais sugerem que arranjos institucionais formais,
alianças políticas, redes comerciais e pessoais e laços culturais
entre países investidores e países anfitriões influenciarão os
fluxos de IED entre eles.
Institutional arragements between investors and hosts

Bandelj frisa que é crucial “incorporar o caráter relacional das instituições” e,


neste sentido a posição de instituições estatais é fundamental para a compreensão de
ações econômicas, na medida em que desde uma “perspectiva relacional, as próprias
instituições estatais são interdependentes e incorporadas em um ambiente global” (p.
418). A relação entre a interdependência dos estados e instituições políticas
internacionais e suas influências nos fluxos de investimentos transnacionais é uma das
questões para o desenvolvimento da pesquisa elaborada autora.

Os efeitos dos arranjos institucionais entre estados sobre o FDI são distintos, o
entanto, um dos efeitos verificados é a institucionalização de alguns “laços estrangeiros”
com a finalidade de “minimizar custos de transações” econômicas. Essas
institucionalizações criam uma espécie de rotina sobre as transações, de modo que as
operações econômicas entre certos estados já contam com custos de transações dos
arranjos institucionais (p. 418). Os tratados de investimento bilateral (BITs) e a União
Europeia, por exemplo, possibilitam alianças entre países e, resultando disso, uma troca
de informações, conhecimento sobre oportunidades econômicas (como é o caso do
processo de privatização de países pós-socialistas que venderam grandes monopólios
estatais) (p. 420).

Seguindo esse raciocínio, os laços institucionais entre os estados


afetam negativamente os fluxos de IDE. Dois tipos de relações
institucionais regulam os fluxos de IED entre investidores e países
anfitriões da Europa Central e Oriental: tratados de investimento
bilateral (BITs) e acordos da União Europeia (UE). Os BITs
regulam especificamente o FDI e as atividades das empresas
transnacionais. Eles são projetados para a promoção e proteção de
investimentos estrangeiros entre países que assinam um tratado.
Por exemplo, um tratado de protótipo entre o governo dos EUA e
outros governos estrangeiros especifica que os investimentos dos
EUA no exterior serão tratados como investimentos domésticos,
que investimentos estrangeiros "não serão desapropriados ou
nacionalizadas" e que todas as transferências relacionadas a
investimentos estrangeiros (como lucros, compensações ou
dividendos) serão "feitos livremente e sem demora dentro e fora
do território [de um país anfitrião]"(UNCTAD 1996b). Textos
protótipos de tratados bilaterais de investimento entre alemães e
suíços especificam disposições muito semelhantes entre o
investidor e o país anfitrião, e a Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento fornece esses tratados como
exemplos para outros países emular (UNCTAD 1996b). (p. 419).

Personal and Bussiness Networks between Investors and Hosts

As transações econômicas fluem através de relacionamentos interpessoais e


outros redes sociais (Granovetter 1985; para uma revisão, veja Swedberg 1997). Dois
tipos redes podem influenciar a escolha de sites de investimento estrangeiro: redes
organizacionais entre firmas estrangeiras e empresas em um país anfitrião, e redes
pessoais entre afiliadas de um país anfitrião específico e estrangeiros empresas
investidoras.

Uma empresa investidora em potencial pode ter suas próprias redes em um país
estrangeiro porque já existia relações comerciais com esse país. Considerar A Glaxo,
uma grande fabricante de produtos farmacêuticos sediada no Reino Unido que decidiu
investir na República Tcheca. Ter um escritório de representação na Tchecoslováquia
no 15 anos antes do investimento ser essencial para o resultado final. Por causa de laços
comerciais pré-existentes, a Glaxo já tinha algum conhecimento do país e mercado, o
que influenciou sua decisão de investimento.

Duas partes da parte teórica:

Sociologia econômica

Indústria automobilística: Território; geografia; flexibilização;

Coorporação como agente econômico


Instituições (Weber e Durkheim)

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