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Quadro 19.2 Notas de corte sugeridas em três testes de avaliação cognitiva breve para o
diagnóstico de demência.
Com base em Bertolucci et al., 2001; Nitrini et al., 2007; Caramelli et al., 2007.
T4 livre e TSH Sorologia para HIV (em pacientes com idade inferior a 60 anos ou
com sintomas atípicos).
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*SNC = sistema nervoso central.
**A hidrocefalia comunicante ocorre quando a obstrução na circulação do líquido não acontece no
sistema ventricular. Já a não comunicante está relacionada com obstruções dentro do sistema
ventricular que impedem a comunicação com o espaço subaracnóideo.
Pode estar associada a outros problemas congênitos, como a espinha bífida ou pode resultar de
uma infecção materna durante a gestação, como rubéola, sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose,
entre outros. A causa mais comum é um bloqueio na circulação do líquor.
O tratamento padrão atual para a hidrocefalia é a implantação cirúrgica de uma válvula. Uma
válvula redireciona o líquido cefalorraquidiano para outra parte do corpo. Essa técnica permite que
os ventrículos aumentados do cérebro retornem a um tamanho mais normal, em um esforço para
aliviar os sintomas da hidrocefalia.
LCR
Nos últimos anos, o exame do LCR tem se revelado um método bastante sensível e específico
para o diagnóstico precoce da DA (mesmo no estágio de comprometimento cognitivo leve)
quando se utiliza a dosagem das proteínas tau total, tau fosforilada e β-amiloide.
Estudos indicam que alterações nas concentrações desses biomarcadores (elevação dos níveis de
tau total e tau fosforilada e redução dos níveis de β-amiloide) é um método altamente
promissor para uso na prática clínica, uma vez estabelecidas padronizações de análise laboratorial
e valores normativos para a população (Molinuevo et al., 2014) (elevação dos níveis de tau total e
tau fosforilada e redução dos níveis de β-amiloide) é um método altamente promissor para uso na
prática clínica, uma vez estabelecidas padronizações de análise laboratorial e valores normativos
para a população.
EEG
DEMÊNCIAS SECUNDÁRIAS
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As demências secundárias decorrem de um conjunto variado de condições clínicas, como doença
cerebrovascular,hidrocefalia, infecções e tumores.
Nesses casos, o diagnóstico específico depende fundamentalmente de exames de
neuroimagem estrutural (tomografia computadorizada ou ressonância magnética de crânio).
A tomografia tem como vantagens o custo mais baixo e a maior rapidez na sua realização. A
ressonância magnética, por sua vez, permite avaliação mais detalhada da substância branca,
importante para o diagnóstico de demência vascular secundária à doença de pequenos vasos,
além de possibilitar a identificação de padrões focais de atrofia (p. ex., atrofia hipocampal), o que
pode ser útil para o diagnóstico de condições neurodegenerativas como a DA, a demência
frontotemporal e a afasia progressiva primária.
Dele fazem parte doenças que, embora possam cursar com síndrome demencial como
manifestação clínica principal, em geral têm como característica clínica predominante a presença
de sinais motores, alterações de equilíbrio e de marcha, entre outros.
Nesses casos, portanto, o exame neurológico constitui a principal ferramenta diagnóstica, podendo
revelar bradicinesia, rigidez, tremor, instabilidade postural ou alterações de marcha
características nos indivíduos com doença de Parkinson, alteração da motricidade ocular
extrínseca na paralisia supranuclear progressiva, movimentos coreicos na doença de
Huntington ou síndrome cerebelar nas ataxias espinocerebelares.
Obs.: Os tipos de demência incluem a demência com corpos de Lewy diagnosticada clinicamente e
a demência por doença de Parkinson.
A demência de corpos de Lewy é uma degeneração cognitiva crônica caracterizada por
inclusões celulares denominadas corpos de Lewy, presentes no citoplasma de neurônios corticais.
Demência por doença de Parkinson é a degeneração cognitiva caracterizada por corpos de
Lewy na massa negra; que se desenvolve tardiamente na doença de Parkinson.
A demência de corpos de Lewy é a 3ª demência mais comum. Em geral, a idade de início é > 60
anos.
Corpos de Lewy são inclusões esféricas, eosinofílicas, presentes nos citoplasmas neuronais,
compostos por agregados de alfa-sinucleína, uma proteína sináptica. Ocorrem no córtex de
pacientes que têm demência com corpos de Lewy. As concentrações de neurotransmissores e
vias neuronais entre o estriado e o neocórtex são anormais.
Corpos de Lewy também ocorrem na massa negra de pacientes com doença de Parkinson, e
demência (demência por doença de Parkinson) pode se desenvolver mais tarde na doença.
Cerca de 40% dos pacientes com doença de Parkinson desenvolvem demência por doença de
Parkinson, geralmente após os 70 anos de idade e aproximadamente 10 a 15 anos após a
doença de Parkinson ser diagnosticada.
( Como corpos de Lewy ocorrem na demência por corpos de Lewy e na demência por doença de
Parkinson, algumas especialistas pensam que as 2 doenças podem ser parte de uma
sinucleinopatia mais generalizada que afeta os sistemas nervosos central e periférico. Os corpos
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de Lewy algumas vezes ocorrem em pacientes com doença de Alzheimer e os pacientes com
demência de corpos de Lewy têm placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares. A demência
de corpos de Lewy, doença de Parkinson e doença de Alzheimer se sobrepõem
consideravelmente. São necessárias mais pesquisas para esclarecer as relações entre elas ).
Obs.: Demência não deve ser confundida com delirium, embora haja comprometimento da
cognição em ambos. O seguinte ajuda a distinguir demência de delirium:
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fase inicial da demência por corpos de Lewy não ocorre tremor precoce, mas há rigidez axial
com instabilidade de marcha e, além disso, os deficits tendem a ser simétricos. Quedas
repetidas são comuns.
A flutuação da função cognitiva é uma característica relativamente específica da demência
de corpos de Lewy. Os períodos de alerta, coerência e orientação podem se alternar com
períodos de confusão e ausência de respostas a perguntas, durando geralmente de dias a
semanas, mas, às vezes, ocorrendo apenas durante a consulta.
A memória é afetada, mas a deficiência parece resultar mais de deficits no alerta e na atenção
do que na aquisição da memória; portanto, a memória de curto prazo é menos afetada que a
memória para amplitude de dígitos (capacidade de repetir 7 dígitos em ordem direta e 5 em
ordem inversa).
Os pacientes podem olhar para o espaço por períodos prolongados. É comum haver sonolência
excessiva durante o dia.
Demência por doença de Parkinson pode afetar vários domínios cognitivos, incluindo atenção,
memória e funções visuoespaciais, construtivas e executivas. A disfunção executiva
normalmente ocorre mais cedo e é mais comum na demência por doença de Parkinson do que
na doença de Alzheimer.
Os sintomas psiquiátricos (p. ex., alucinações, delírios) parecem ser menos frequentes e/ou
menos graves do que na demência por corpos de Lewy.
Oscilações na cognição
Alucinações visuais
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Parkinsonismo
A sobreposição dos sintomas da demência por corpos de Lewy e demência por doença de
Parkinson pode complicar o diagnóstico:
Quando deficits motores (p. ex., tremor, bradicinesia, rigidez) precedem e são mais graves
do que o comprometimento cognitivo, a demência da doença de Parkinson geralmente é
diagnosticada.
Os pacientes com demência com corpos de Lewy frequentemente têm estado de alerta
prejudicado, que é mais característico do delirium do que da demência; assim, deve-se fazer
uma avaliação à procura de delirium, em particular buscando por causas comuns como
Drogas e fármacos, particularmente anticolinérgicos, fármacos psicoativos e opioides
Desidratação
Infecção
Demência frontotemporal é responsável por até 10% das demências. Em geral, o início se dá em
idade mais jovem (55 a 65 anos) que na doença de Alzheimer. A incidência das DFT (demência
frontotemporal) é quase a mesma em homens e mulheres.
Cerca de metade das DFT é hereditária; a maioria das mutações genéticas envolve o
cromossomo 17q21-22 e resulta em anormalidades da proteína tau associada aos
microtúbulos; portanto, as DFT são geralmente consideradas tauopatias.
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Sinais e sintomas da demência frontotemporal:
O comportamento torna-se repetitivo e estereotipado (p. ex., os pacientes podem caminhar até o
mesmo local todos os dias). Os pacientes podem pegar e manipular aleatoriamente objetos sem
qualquer propósito (o denominado comportamento de utilização).
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familiares). Não conseguem se lembrar de relações topográficas. Alguns pacientes com
demência semântica também apresentam doença de Alzheimer.
As DFT caracterizam-se por giros extremamente atrofiados e, às vezes, delgados como papel,
nos lobos frontal e temporal. Entretanto, a RM e a TC podem não mostrar essas alterações até
a fase tardia na DFT.
Assim, as DFTs e a doença de Alzheimer podem ser diferenciadas com mais facilidade por meio
de critérios clínicos. Por exemplo, a afasia progressiva primária difere da doença de Alzheimer,
pois a memória e a função visuoespacial são preservadas e a sintaxe e a fluência são afetadas.
Tomografia por emissão de pósitrons (PET) com deoxiglicose marcada com flúor-18 (18F)
(fluorodesoxiglicose, ou FDG) pode ajudar a diferenciar a doença de Alzheimer da DFT,
evidenciando diferenças na localização das áreas hipometabólicas. Na doença de Alzheimer,
essas áreas estão localizadas na associação córtex temporoparietal posterior e no córtex
cingulado posterior; na DFT, elas estão localizados nas regiões anteriores—nos lobos frontais,
córtex temporal anterior e córtex cingulado anterior.
Medidas de suporte:
Não há tratamento específico para demência frontotemporal.
O tratamento quase sempre é de suporte. Por exemplo, o ambiente deve ser iluminado, alegre e
familiar, e deve ser projetado para reforçar a orientação (p. ex., colocar grandes relógios e
calendários no ambiente).
Medidas para garantir a segurança do paciente (p. ex., sistemas de monitoramento de sinal para
os pacientes que perambulam) devem ser implementadas.
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Hidrocefalia de pressão normal
A hidrocefalia de pressão normal é caracterizada por transtornos da marcha, incontinência
urinária, demência, aumento dos ventrículos cerebrais e pressão do líquido cefalorraquidiano
normal ou discretamente elevada.
Avaliação clínica
Neuroimagem
Por exemplo, algumas formas de demência vascular podem causar distúrbios da marcha, e,
com menos frequência, incontinência urinária.
A avaliação da função cognitiva envolve fazer a anamnese do paciente e com alguém que
conhece o paciente, além do exame do estado mental ao leito ou, se o teste ao leito for
inconclusivo, testes neuropsicológicos formais.
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cortical costumam estar comprimidos e as fissuras de Sylvius encontram-se
desproporcionalmente atrofiadas.
Realiza-se punção lombar. A pressão de abertura do LCR deve estar normal em pacientes com
hidrocefalia de pressão normal. Remoção de 30 a 50 mL do líquido cefalorraquidiano pode ser
realizada como teste diagnóstico. A melhora da marcha, continência e cognição depois da
remoção sugere que o paciente pode ser um bom candidato à cirurgia de derivação
ventriculoperitoneal, mas a melhora pode não ser evidente até várias horas após a remoção.
Líquido cefalorraquidiano adicional pode vazar após a punção lombar, às vezes contribuin do
para a melhoria neurológica.
A melhora após a punção lombar para remoção de líquido cefalorraquidiano, realizada durante o
diagnóstico, pode predizer a resposta à derivação ventriculoperitoneal.
Pontos-Chave:
Suspeitar de hidrocefalia de pressão normal com base nos sintomas clássicos (distúrbio
da marcha, incontinência urinária, demência), mas considerar realizar uma punção lombar
para remover o excesso de LCR em uma tentativa de ajudar a confirmar o diagnóstico.
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Existem quatro tipos principais de comprometimento cognitivo e demência vasculares (1):
Comprometimento cognitivo e demência vasculares isquêmicos subcorticais
Demência pós-AVE
Demência mista
Demência de um único infarto estratégico: infarto único que ocorre em uma área
crucial do cérebro (p. ex., giro angular, tálamo).
Angiopatia amiloide cerebral: a história clínica inclui declínio cognitivo lentamente
progressivo, episódios neurológicos focais transitórios episódicos (chamados de crises
amiloides) e déficits neurológicos focais de início súbito secundários a hemorragias
intracerebrais lobares corticais.
Demência vascular hereditária: a arteriopatia cerebral autossômica dominante com
infartos subcorticais e leucoencefalopatia (AADCISL) é uma doença cerebral de pequenos
vasos causada por mutações no NOTCH3 (receptor NotCH 3), que codifica um receptor
transmembrana localizado nas células dos músculos lisos vasculares. A arteriopatia
cerebral autossômica recessiva com infartos subcorticais e leucoencefalopatia (AARCISL)
também é uma doença de pequenos vasos; é causada por mutações no gene HTRA1.
A angiopatia amiloide cerebral (AAC) consiste no acúmulo de proteína beta-amiloide nas paredes
dos vasos sanguíneos cerebrais, resultando em alto risco de hemorragias intracerebrais. A AAC
está presente em vários tipos de doenças hereditárias, mas é esporádica. A cognição pode ser
normal; contudo, a prevalência da AAC é muito maior em pacientes com doença de Alzheimer do
que na população em geral.
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Diferentemente de outras demências, a demência multi-infarto tende a progredir em fases
distintas; cada episódio é acompanhado por declínio intelectual, seguido ocasionalmente por
discreta recuperação. O comprometimento cognitivo e a demência vasculares subcorticais
causados por lesão isquêmica de pequenos vasos (inclusive os múltiplos infartos lacunares e a
demência de Binswanger) tendem a causar pequenos deficits incrementais; assim o declínio
parece gradual.
À medida que a doença progride, muitas vezes ocorrem deficits neurológicos focais:
Anormalidades da marcha
Fraqueza de um membro
Hemiplegias
Afasias
A perda cognitiva pode ser focal. Por exemplo, a memória de curto prazo pode ser menos
afetada do que em outras formas de demência. Como a perda pode ser focal, os pacientes
podem reter mais aspectos da função mental. Portanto, os pacientes com afasia parcial podem
estar mais cientes de seus deficits, e a depressão pode ser mais comum que em outras
demências.
Classificação isquêmica de Hachinski modificada alta (se testes de imagem cerebrais não
estiverem disponíveis)
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Paralisia supranuclear progressiva (Síndrome de Steele-
Richardson-Olszewski
A paralisia supranuclear progressiva é uma rara doença degenerativa do sistema nervoso central
que prejudica progressivamente os movimentos oculares voluntários e causa bradicinesia,
rigidez muscular com distonia axial progressiva, paralisia pseudobulbar e demência. O
diagnóstico é clínico. O tratamento foca o alívio dos sintomas.
Dificuldade de olhar para cima ou para baixo sem mover o pescoço ou dificuldade para
subir e descer escadas
Os movimentos oculares voluntários, particularmente o olhar para baixo, tornam-se difíceis, mas
os movimentos oculares reflexos verticais desencadeados pelo movimento passivo da cabeça
(flexão do pescoço, extensão) não são afetados.
Paralisia supranuclear progressiva tem vários tipos clínicos diferentes com base nos sinais ou
sintomas predominantes (1):
Síndrome de Richardson: paralisia supranuclear progressiva clássica com oftalmoplegia
supranuclear progressiva e problemas graves de equilíbrio (a forma mais comum, que
ocorre em ≥ 70% dos casos)
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PSP-CBS: caracterizada pela síndrome corticobasal, que causa sintomas assimétricos
profundos
Os diferentes tipos clínicos de paralisia supranuclear progressiva têm características distintas (p.
ex., características parkinsonianas, síndrome corticobasal, problemas de fala, sinais
degenerativos frontotemporais, acinesia, congelamento da marcha).
Avaliação clínica
Doença de Huntington
(Doença de Huntington, Coreia de Huntington; coreia crônica
progressiva; coreia hereditária)
A doença de Huntington é resultado de uma mutação no gene huntingtin (HTT) (no cromossoma
4), causando repetição anormal da sequência CAG do DNA, que codifica o aminoácido
glutamina. O produto do gene, uma proteína grande, denominada huntingtina, apresenta um
alongamento expandido de resíduos de poliglutamina, que se acumulam dentro dos neurônios e
levam à doença por um mecanismo desconhecido. Quanto mais repetições CAG, mais
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precocemente a doença se inicia e mais grave é sua expressão (fenótipo). A quantidade de
repetições da sequência CAG pode aumentar em gerações sucessivas quando o pai transmite a
mutação e, ao longo do tempo, levar a fenótipos cada vez mais graves na árvore familiar
(chamado antecipação).
Sinais e sintomas da doença de Huntington
Os sinais e sintomas da doença de Huntington se desenvolvem de forma insidiosa, começando
por volta dos 35 a 40 anos de idade, dependendo da gravidade do fenótipo.
Neuroimagem
Como a doença de Huntington é progressiva, deve-se discutir cedo os cuidados no final da vida.
O tratamento da doença de Huntington é de suporte e sintomático. Entretanto, os pesquisadores
continuam procurando maneiras para desacelerar e interromper a progressão da doença.
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Antipsicóticos podem suprimir parcialmente a coreia e agitação. Os antipsicóticos incluem
Clorpromazina, 25 a 300 mg. por via oral 3 vezes ao dia
Em pacientes tomando clozapina, a contagem de leucócitos deve ser feita com frequência
porque a agranulocitose é um risco. A dose antipsicótica é aumentada até os efeitos adversos
intoleráveis (p. ex., letargia, parkinsonismo) se desenvolverem ou quando os sintomas estão
controlados.
Pontos-chave
A doença de Huntington, uma doença autossômica dominante que afeta ambos os sexos,
geralmente causa demência e coreia durante a meia-idade; com o tempo, a maioria dos
pacientes exigirá institucionalização.
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Tratar os sintomas e discutir o tratamento no final da vida assim que possível.
Ataxia é o sinal característico da disfunção cerebelar, mas podem ocorrer muitas outras
anomalias motoras (ver tabela Sinais das doenças cerebelares).
Malformações congênitas
Essas malformações quase sempre são esporádicas, fazem parte de uma síndrome de
malformação complexa (p. ex., malformação de Dandy-Walker), que afeta outras partes do
sistema nervoso central (SNC).
As malformações se manifestam precocemente durante a vida e não são progressivas. As
manifestações variam muito, dependendo das estruturas comprometidas; geralmente há ataxia.
Ataxias hereditárias
As ataxias hereditárias podem ser autossômicas recessivas ou dominantes. As ataxias
autossômicas recessivas são: ataxia de Friedreich (a mais prevalente), ataxia-telangiectasia,
abetalipoproteinemia, ataxia com deficiência isolada de vitamina E e xantomatose
cerebrotendínea.
A ataxia de Friedreich resulta de uma mutação genética que causa repetição anormal da
sequência de DNA GAA no gene FXN no braço longo do cromossomo 9; o gene FXN codifica a
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proteína mitocondrial frataxina. A sequência GAA encontra-se repetida 5 a 38 vezes no
gene FXN em pessoas sem ataxia de Friedreich; entretanto, nas pessoas com ataxia de
Friedreich, a sequência GAA pode estar repetida 70 a > 1.000 vezes (1, 2). A herança é
autossômica recessiva. A diminuição das concentrações de frataxina provoca sobrecarga
mitocondrial de ferro e comprometimento da função mitocondrial.
Na ataxia de Friedreich, a instabilidade da marcha inicia-se entre 5 e 15 anos de idade; é
seguida por ataxia dos membros superiores, disartria e paresia, em particular dos membros
inferiores. Em geral, ocorre declínio das funções mentais. O tremor, se presente, é pequeno. Há
perda dos reflexos e da sensibilidade vibratória e proprioceptiva. Talipes equinovarus (pé torto),
escoliose e cardiomiopatia progressiva são comuns. Depois dos 20 anos de idade, os pacientes
podem ser confinados a uma cadeira de rodas. Morte, muitas vezes devido à arritmia ou
insuficiência cardíaca, geralmente ocorre na meia-idade.
Normalmente, RM
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O diagnóstico das doenças cerebelares é clínico obtendo uma história familiar detalhada e a
pesquisa de doenças sistêmicas adquiridas.
São feitos exames de imagem neurológica, tipicamente RM. Faz-se o exame genético, se a
história familiar for sugestiva.
Riluzol 50 mg por via oral a cada 12 horas é provavelmente útil para o tratamento a curto prazo
da ataxia. Alguns estudos sugerem que a amantadina pode melhorar a coordenação motora,
mas evidências gerais a favor ou contra o tratamento da ataxia com este agente são
insuficientes (1).
Algumas doenças sistêmicas (p. ex., hipotireoidismo, doença celíaca) e a exposição a toxinas
podem ser tratadas; ocasionalmente, a cirurgia de lesões estruturais (tumor, hidrocefalia) é
benéfica. Entretanto, geralmente o tratamento é apenas de suporte (p. ex., exercícios para
melhorar o equilíbrio, postura e coordenação; dispositivos para ajudar na deambulação,
alimentação e outras atividades diárias).
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Demência
(Transtorno neurocognitivo maior)
Demência é a degeneração crônica, global e geralmente irreversível da cognição. O diagnóstico é clínico; testes
laboratoriais e de imagem geralmente são utilizados para identificar as causas tratáveis.
A demência pode ocorrer em qualquer idade, mas afeta principalmente os idosos. É responsável
por mais da metade das internações em casas de saúde.
Cortical ou subcortical
Comum ou rara
Demência não deve ser confundida com delirium, embora haja comprometimento da cognição
em ambos. Os seguintes ajudam a distingui-los:
Demência afeta principalmente a memória, costuma ser causada por alterações
anatômicas no encéfalo, tem início mais lento e, geralmente, é irreversível.
O delirium afeta principalmente a atenção, costuma ser causado por enfermidade aguda
ou toxicidade por fármacos (às vezes com risco de morte) e, geralmente, é reversível.
Outras características específicas também ajudam a distinguir esses 2 distúrbios (ver
tabela Diferenças entre delírio e demência ).
Etiologia da demência
Doença de Alzheimer
Demência vascular
Demência com corpos de Lewy
Demência frontotemporal
Demência associada ao HIV
A demência também ocorre em pacientes com doença de Parkinson, doença de
Huntington, paralisia supranuclear progressiva, doença de Creutzfeldt-Jakob, síndrome de
Gerstmann-Sträussler-Scheinker, outras doenças priônicas, neurossífilis, traumatismo
cranioencefálico (p. ex., encefalopatia traumática crônica) ou certos tumores cerebrais
localizados em áreas cerebrais corticais ou subcorticais envolvidas na cognição. Os pacientes
podem ter > 1 tipo (demência mista). A demência mista mais comum é a doença de Alzheimer
combinada com comprometimento cognitivo e demência vasculares .
Alguns distúrbios estruturais do cérebro (p. ex., hidrocefalia de pressão normal, hematoma
subdural), distúrbios metabólicos (p. ex., hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12) e toxinas
(p. ex., chumbo) causam uma deterioração lenta da cognição que pode ser solucionada com o
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tratamento. Às vezes, essa deficiência é denominada demência reversível, mas alguns
especialistas restringem o termo demência à deterioração cognitiva irreversível.
A depressão pode simular a demência (e era denominada pseudodemência); em geral, os 2
distúrbios coexistem. Entretanto, a depressão pode ser a primeira manifestação da demência.
Comprometimento da memória associado à idade refere-se a alterações na cognição que
ocorrem com o envelhecimento. Os idosos tem uma deficiência relativa de recordar,
particularmente na velocidade da lembrança, comparada à recordação durante a juventude.
Essas alterações não afetam o funcionamento diário e, portanto, não indicam demência. Mas as
primeiras manifestações da demência são muito semelhantes.
Comprometimento cognitivo leve (CCL) causa maior perda de memória do que o
comprometimento de memória associado à idade; memória e, às vezes, outras funções
cognitivas pioram em pacientes com essa doença do que controles pareados para idade, mas
tipicamente o funcionamento diário não é afetado. Por outro lado, a demência prejudica o
funcionamento diário. Até 50% dos pacientes com comprometimento cognitivo leve desenvolvem
demência em 3 anos.
Define-se o declínio cognitivo subjetivo (DCS), como um declínio persistente
autoexperimentado na capacidade cognitiva, mas desempenho normal em testes cognitivos
padronizados usados para classificar o comprometimento cognitivo leve (1). O risco de
comprometimento cognitivo leve e demência é maior em pessoas com declínio cognitivo
subjetivo.
Várias doenças podem exacerbar os deficits cognitivos em pacientes com demência. Delirium
geralmente ocorre em pacientes com demência.
Medicamentos, especialmente benzodiazepínicos e anticolinérgicos (p. ex., alguns
antidepressivos tricíclicos, anti-histamínicos, antipsicóticos, benzotropina), podem causar ou
agravar temporariamente os sintomas da demência, assim como o álcool ou drogas recreativas,
mesmo em quantidades moderadas. Insuficiência renal ou hepática, nova ou progressiva, pode
reduzir a depuração do fármaco e causar toxicidade após anos de administração de doses
estáveis do fármaco (p. ex., propranolol).
Mecanismos de propagação do tipo priônico parecem estar envolvidos na maioria ou em
todas as doenças neurodegenerativas que se manifestam primeiro em idosos. Uma proteína
celular normal torna-se esporadicamente (ou via uma mutação herdada) mal enovelada e se
transforma em uma forma patogênica ou príon. O príon então age com um modelo, fazendo com
que outras proteínas de modo semelhante se tornem mal enoveladas. Esse processo ocorre ao
longo dos anos e em muitas partes do sistema nervoso central. Muitos desses príons tornam-se
insolúveis e, como amiloides, não pode ser prontamente eliminados pela célula. Evidências
implicam príons ou mecanismos semelhantes na doença de Alzheimer (fortemente), bem como
na doença de Parkinson, doença de Huntington, demência frontotemporal e esclerose lateral
amiotrófica. Esses príons não são tão infecciosa como aqueles na doença de Creutzfeld-Jacob,
mas podem ser transmitidos.
A demência rapidamente progressiva ( DRP) é um grupo de distúrbios cognitivos
heterogêneos que progride mais rapidamente do que outras síndromes demenciais, geralmente
em 1 a 2 anos (2). A manifestação clínica mais proeminente é o declínio cognitivo (p. ex., perda
de memória, déficits visuoespaciais e de linguagem, disfunção executiva). Entretanto, também
ocorrem outros sintomas neuropsiquiátricos (p. ex., transtornos de comportamento, mudança de
personalidade, transtornos de humor, psicose, distúrbios do sono, alteração do estado de alerta
e/ou consciência, movimentos involuntários como tremor e mioclonia, distúrbios da marcha,
atividades semelhantes a convulsões, ataxia, características parkinsonianas). A doença priônica
é a causa mais comum da DPR. Outras causas comuns são encefalite autoimune e
paraneoplásica. Às vezes, a progressão de outras demências é atipicamente rápida; estas
incluem a doença de Alzheimer, a demência com corpos de Lewy, a demência frontotemporal e a
demência por causas potencialmente reversíveis (p. ex., infecciosas, tóxicas/metabólicas,
neurovasculares, psiquiátricas).
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Em geral, o primeiro sinal é a perda da memória de curto prazo. Inicialmente, os sintomas
precoces podem ser indistinguíveis daqueles do comprometimento da memória associado à
idade ou comprometimento cognitivo leve mas então a progressão torna-se aparente.
Embora exista uma variedade de sintomas da demência, eles podem ser divididos em
Precoce
Intermediária
Tardio
Ocorre psicose — alucinações, delírios ou paranoia — em cerca de 10% dos pacientes com
demência, embora uma grande porcentagem possa apresentar esses sintomas temporariamente.
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personalidade podem se tornar mais exagerados (p. ex., a preocupação com o dinheiro torna-se
uma obsessão por ele).
Como esses pacientes não podem relatar qualquer sintoma ao médico e os pacientes idosos
geralmente não apresentam resposta febril ou leucocitária a uma infecção, o médico deve valer-
se da experiência e perspicácia quando a aparência do paciente é enferma.
Diagnóstico da demência
Diferenciação de delirium e demência por história ou exame neurológico (incluindo estado
mental)
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deficiência cognitiva são determinadas por história, exame físico e testes para causas
específicas.
Comprometimento da memória associado à idade: esse comprometimento não afeta o
funcionamento diário. Quando essas pessoas têm bastante tempo para aprender novas
informações, seu desempenho intelectual é bom.
Comprometimento cognitivo leve: memória e/ou outras funções cognitivas são
prejudicadas, mas o comprometimento não é grave o suficiente para interferir nas
atividades diárias.
Sintomas cognitivos relacionados à depressão: este distúrbio cognitivo desaparece
com o tratamento da depressão. Pacientes idosos deprimidos podem sofrer declínio
cognitivo, mas, ao contrário dos pacientes com demência, há tendência ao exagero em
relação à perda de memória e raramente se esquecem de eventos atuais importantes ou
assuntos pessoais. Os exames neurológicos são normais, exceto pelos sinais de lentidão
psicomotora. Quando testados, os pacientes com depressão esforçam-se pouco para
responder, mas aqueles com demência esforçam-se mais, porém respondem de forma
incorreta. Quando coexistem depressão e demência, o tratamento da depressão não
restaura totalmente a cognição.
Critérios clínicos
As diretrizes diagnósticas da National Institute on Aging Association para Alzheimer (diagnostic
guidelines) especificam que um diagnóstico geral da demência exige todos os seguintes:
Sintomas cognitivos ou comportamentais (neuropsiquiátricos) interferem na capacidade de
funcionar no trabalho ou fazer atividades diárias habituais.
Capacidade prejudicada de adquirir e lembrar novas informações (p. ex., fazer perguntas
repetitivas, frequentemente perder objetos ou esquecer reuniões)
Raciocínio e manuseio prejudicados de tarefas complexas e julgamento ruim (p. ex., não
ser capaz de gerenciar uma conta bancária, tomar decisões financeiras ruins)s
Disfunção de linguagem (p. ex., dificuldade para pensar em palavras comuns, erros ao
falar e/ou escrever)
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é um teste de memória de curto prazo (p. ex., indicar 3 objetos e lembrar-se deles depois de 5
minutos); os pacientes com demência não passam nesse teste. Outro teste do estado mental
avalia a capacidade de identificar múltiplos objetos em uma categoria (p. ex., listas de animais,
plantas ou mobília). Os pacientes com demência esforçam-se muito para nomear poucos
objetos, enquanto os pacientes sem demência nomeiam vários com facilidade.
Testes neuropsicológicos devem ser feitos quando a história e teste no leito do estado mental
não são conclusivos. Eles avaliam o humor, bem como vários domínios cognitivos. Demoram 1 a
3 h para serem concluídos e são realizados ou supervisionados por um neuropsicólogo. Esses
testes ajudam a diferenciar principalmente o seguinte:
Prejuízo da memória associado à idade, comprometimento cognitivo leve e demência,
particularmente quando a cognição está apenas discretamente afetada ou o paciente ou
membros da família estão ansiosos por uma certificação.
Os testes também podem ajudar a caracterizar deficits específicos devido à demência, e podem
detectar depressão ou transtorno de personalidade que contribui para o desempenho cogniti vo
ruim.
Exames laboratoriais
Os exames devem incluir dosagem dos níveis de TSH e vitamina B12. Algumas vezes
recomendam-se hemograma completo e testes de função renal e hepática, mas a eficiência é
muito baixa.
Se os achados clínicos sugerirem uma doença específica, outros testes (p. ex., testes para HIV
sorologia para sífilis) são indicados. Deve-se considerar punção lombar se existir suspeita de
infecção crônica ou neurossífilis, ou suspeita de doença priônica ou doença autoimune em
pacientes com demência rapidamente progressiva. Outros exames podem ser utilizados para
excluir causas de delirium.
Biomarcadores para a doença de Alzheimer podem ser úteis em ambientes de pesquisa, mas
ainda não são de rotina na prática clínica. Por exemplo, no líquido cefalorraquidiano, o nível de
tau aumenta e beta-amiloides diminuem à medida que a doença de Alzheimer progride. Além
disso, para pessoas com 2 alelos épsilon-4 do gene da apolipoproteína E4, o risco de
desenvolver doença de Alzheimer aos 75 anos é 10 a 30 vezes maior do que naquelas sem o
alelo. Entretanto, testes genéticos de rotina à procura do alelo E4 da apolipoproteína (apo
epsilon-4) não são recomendados, porque o alelo E4 não é necessário nem suficiente para
causar a doença de Alzheimer e, atualmente, nenhum tratamento consegue evitar ou
desacelerar a progressão da doença de Alzheimer.
Neuroimagem
Deve-se realizar TC ou RM na avaliação inicial da demência e após qualquer alteração
inexplicável na cognição ou no estado mental. Neuroimagens podem identificar doenças
estruturais potencialmente reversíveis (p. ex., hidrocefalia de pressão normal, tumores
encefálicos, hematoma subdural) e certas doenças metabólicas [p. ex., neurodegeneração
associada ao pantotenato quinase (anteriormente conhecida como doença de Hallervorden-
Spatz)], doença de Wilson e doenças irreversíveis (p. ex., acidente vascular encefálico,
leucodistrofia, doença de Creutzfeld-Jacob)
Ocasionalmente, o eletroencefalograma (EEG) é útil (p. ex., para avaliar lapsos episódicos de
atenção ou comportamento bizarro).
PET com desoxiglicose marcada com flúor 18 (18F) (fluorodeoxiglicose, ou FDG) ou TC por
emissão de fóton único (SPECT) pode fornecer informações sobre os padrões de perfusão
cerebral e ajudar no diagnóstico diferencial (p. ex., para diferenciar doença de Alzheimer de
demência frontotemporal e demência por corpos de Lewy).
25
Marcadores amiloides radioativos que se ligam especificamente a placas beta-amiloides [p. ex.,
fluorina-18 (18F) florbetapir (18F), flutemetamol (18F), florbetaben] foram utilizados com a
tomografia de emissão de pósitrons (PET) para produzir uma imagem das placas amiloides em
pacientes com comprometimento cognitivo leve ou demência. Esses testes devem ser usados
quando a causa do comprometimento cognitivo (p. ex., comprometimento cognitivo leve ou
demência) é incerto após uma avaliação abrangente e quando a doença de Alzheimer é uma
consideração diagnóstica. Espera-se que a determinação do estado amiloide via PET aumente a
certeza do diagnóstico e o tratamento. A PET com flortaucipir (18F), usando um marcador
radioativo tau, pode ser utilizada para estimar a densidade e distribuição dos emaranhados
neurofibrilares de tau agregados em adultos com comprometimento cognitivo e que estão sendo
avaliados para doença de Alzheimer (1).
Tratamento da demência
Medidas para garantir a segurança
Recomendações do National Institute for Health and Care Excellence sobre o tratamento de
demência encontram-se disponíveis. As medidas para garantir a segurança do paciente e
proporcionar um meio ambiente adequado são essenciais ao tratamento, assim como assistência
ao cuidador. Vários métodos podem ser utilizados.
Segurança do paciente
Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais podem avaliar a segurança em casa; os objetivos são
A função dos pacientes deve ser avaliada em vários ambientes (isto é, cozinha, automóvel) por
simulações. Quando os pacientes têm deficits e permanecem no mesmo ambiente, medidas de
proteção (p. ex., esconder facas, desligar o fogão, retirar o carro, esconder as chaves do carro)
podem ser necessárias. Alguns estados americanos requerem que médicos notifiquem o
departamento de trânsito sobre pacientes com demência, pois, em algum momento, esses
pacientes podem comprometer a segurança ao dirigir.
Podem ser instalados sistemas de monitoramento de sinal para pacientes que se perdem no
caminho ou podem ser registrados em um programa de retorno seguro (Safe return nos EUA).
Informações estão disponíveis na Alzheimer’s Association.
Enfim, podem ser indicados meios de assistência (p. ex., auxiliar em serviços domésticos,
serviço de assistência domiciliar home care]) ou mudança de ambiente (residências adapta das
sem escadas, moradias assistidas, instituições de cuidados especializados de enfermagem).
Medidas ambientais
26
Pacientes com demência leve ou moderada geralmente funcionam melhor em ambientes em que
estão familiarizados.
Tanto em casa como em uma instituição, o ambiente deve ser estabelecido para ajudar a
preservar a sensação de autocontrole e a dignidade pessoal, proporcionando o seguinte:
Relógios e calendários grandes e uma rotina para atividades diárias podem ajudar
a orientar melhor os pacientes; os membros da equipe médica podem utilizar crachás grandes e
se apresentar repetidas vezes. Alterações de ambiente, rotinas ou pessoas devem ser
explicadas de forma precisa e simples aos pacientes, omitindo-se procedimentos não essenciais.
Os pacientes precisam de tempo para se adaptar e se familiarizar com as mudanças. O ato de
dizer ao paciente o que está acontecendo (p. ex., sobre um banho ou a alimentação) pode evitar
resistência ou reações violentas. Visitas frequentes dos membros da equipe médica e familiares
encorajam a manutenção da socialização dos pacientes.
O quarto deve ser razoavelmente alegre e conter estímulos sensoriais (p. ex., rádio, televisão,
lâmpadas noturnas) para ajudar os pacientes a permanecerem orientados e concentrarem sua
atenção. Salas silenciosas, escuras e isoladas devem ser evitadas.
As atividades podem ajudam a melhorar a função dos pacientes; aquelas que despertavam
mais interesse pelo paciente antes da demência são boas escolhas. As atividades devem ser
agradáveis, proporcionar algum estímulo, mas não envolver muitas escolhas ou desafios.
Exercícios para reduzir a agitação, melhorar o equilíbrio e manter o tônus cardiovascular devem
ser realizados diariamente. Os exercícios também podem ajudar a melhorar o sono e reduzir os
distúrbios de comportamento.
Terapia ocupacional e a musicoterapia ajudam a manter o controle motor fino e proporcionam
estimulação não verbal.
A terapia em grupo (p. ex., terapia de reminiscência, atividades de socialização) pode ajudar a
manter a prática da conversação e do relacionamento interpessoal.
Medicamentos
A eliminação ou limitação do uso de fármacos com atividade no sistema nervoso central muitas
vezes melhora a função. Sedativos e fármacos anticolinérgicos, que tendem a agravar a
demência, devem ser evitados.
27
ensinamento deve ser contínuo. Outros recursos (p. ex., grupos de suporte, material
educacional, sites na internet) estão disponíveis.
Os cuidadores podem sofrer estresse substancial. O estresse pode ser causado pela
preocupação com a proteção do paciente e frustração, exaustão, raiva e ressentimento de ter
que fazer tanto para cuidar de alguém. Os profissionais de saúde devem ter cuidado com os
sintomas iniciais de esgotamento e estresse dos cuidadores e, quando necessário, sugerir
serviços de suporte (p. ex., assistente social, nutricionista, enfermeiro, serviço de home care).
Se um paciente com demência tiver uma lesão incomum, a possibilidade de abuso do idoso deve
ser investigada.
Prognóstico da demência
Em geral, a demência é progressiva. No entanto, o grau de progressão varia bastante e depende
da causa. A demência abrevia a expectativa de vida, mas a estimativa de sobrevida varia.
Pontos -Chave
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Doença de Alzheimer
(Doença de Alzheimer)
75 a 84 anos: 17%
≥ 85 anos: 32%
A doença é duas vezes mais comum em mulheres que em homens, em parte porque as
mulheres têm maior expectativa de vida. Supõe-se que a prevalência em países industrializados
aumente com a elevação da proporção de idosos.
A maior parte dos casos da doença de Alzheimer é esporádica, tem início tardio (≥ 65 anos de
idade) e etiologia incerta. O risco de desenvolver a doença é melhor previsto pela idade. No
entanto, cerca de 5 a 15% dos casos são familiares; metade desses casos tem início precoce
(< 65 anos de idade) e normalmente estão relacionados a mutações genéticas específicas.
Pelo menos 5 lócus genéticos distintos, localizados nos cromossomos 1, 12, 14, 19 e 21,
influenciam o início e a progressão da doença de Alzheimer.
Mutações nos genes para as proteínas precursoras de amiloide, pré-senilina I e pré-senilina II,
podem levar a formas autossômicas dominantes da doença de Alzheimer, tipicamente com início
precoce. Nos pacientes afetados, o processamento da proteína do precursor amiloide é alterado,
levando à deposição e agregação fibrilar do beta-amiloide; beta-amiloide é o principal
componente das placas neuríticas (senis), que consistem em axônios ou dendritos degenerados,
astrócitos e células da glia ao redor de um núcleo amiloide. Beta-amiloide também pode alterar
as atividades da quinase e da fosfatase de maneiras que eventualmente levam à
hiperfosforilação da tau (uma proteína que estabiliza os microtúbulos) e formação de
emaranhados neurofibrilares.
Outros determinantes genéticos incluem a apoliproteína (apo) e alelos E (epsilon). A apo E
influencia a deposição de beta-amiloide, a integridade do citoesqueleto e a eficiência da
reparação neuronal. O risco de doença de Alzheimer aumenta substancialmente em pessoas
com 2 alelos epsilon-4 e pode diminuir naquelas que possuem alelos ε2. Para pessoas com 2
alelos epsilon-4, o risco de desenvolver a doença de Alzheimer aos 75 anos é cerca de 10 a 30
vezes maior do que para as pessoas sem o alelo.
29
agressivo desses fatores de risco tão precocemente quanto na meia-idade pode atenuar o risco
de desenvolver comprometimento cognitivo na idade mais avançada.
A relação de outros fatores, como baixos níveis hormonais e exposição a metais, com a doença
de Alzheimer não foi estabelecida.
Raciocínio prejudicado, dificuldade de lidar com tarefas complexas e julgamento ruim (p.
ex., não ser capaz de gerenciar a conta bancária, tomar decisões financeiras ruins)
Disfunção de linguagem (p. ex., dificuldade para pensar em palavras comuns, erros ao
falar e/ou escrever)
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A doença de Alzheimer progride de modo gradual, mas pode se estabilizar por períodos de
tempo.
Distúrbios de comportamento (p. ex., perambulação, agitação, gritos, ideação persecutória) são
comuns.
Exames laboratoriais
Neuroimagem
Demência estabelecida por exame físico e documentada por exame formal do estado
mental.
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especificamente a placas beta-amiloides (p. ex., composto B de Pittsburgh [PiB],
florbetapir)
Níveis elevados de proteína tau no LCR ou depósitos de tau no encéfalo detectados por
imagens PET usando um marcador radioativo que se liga especificamente à tau
Atrofia local nos lobos temporais mediais, basais e laterais e córtex parietal medial,
detectados por RM
Diagnóstico diferencial
É difícil distinguir a doença de Alzheimer de outras demências. O escore isquêmico modificado
de Hachinski às vezes é usado para ajudar a distinguir a demência vascular (principalmente
demência por múltiplos infartos) da doença de Alzheimer; tem utilidade clínica limitada, mas é útil
quando exames de neuroimagem não estiverem disponíveis (4). As características principais
podem ajudar a distinguir a doença de Alzheimer da demência por múltiplos infartos, um tipo de
comprometimento cognitivo e demência vasculares (ver tabela Diferenças entre
comprometimento cognitivo e demência vasculares e doença de Alzheimer ). Flutuações na
cognição, sintomas parkinsonianos, alucinações visuais bem elaboradas e relativa preservação
da memória de curto prazo sugerem demência de corpos de Lewy, em vez de doença de
Alzheimer (ver tabela Diferenças entre doença de Alzheimer e demência de corpos de Lew y).
Pacientes com doença de Alzheimer geralmente são mais asseados e elegantes que pacientes
com outras demências.
As medidas de segurança e suporte para a doença de Alzheimer são as mesmas que para todas
as demências. Por exemplo, o ambiente deve ser iluminado, alegre e familiar, e deve ser
projetado para reforçar a orientação (p. ex., colocar grandes relógios e calendários no ambiente).
Medidas para garantir a segurança do paciente (p. ex., sistemas de monitoramento de sinal para
os pacientes que perambulam) devem ser implementadas.
Também é importante fornecer ajuda para os cuidadores, que podem experimentar estresse
substancial. Enfermeiros e assistentes sociais podem ensinar os cuidadores como melhor
atender as necessidades do paciente. Profissionais de saúde devem prestar atenção aos
sintomas iniciais de esgotamento e estresse dos cuidadores e, quando necessário, sugerir
serviços de suporte.
Fármacos para tratar a doença de Alzheimer
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Os inibidores da colinesterase melhoram moderadamente a função cognitiva e a memória em
alguns pacientes. Há quatro disponíveis. Em geral, donepezila, rivastigmina e galantamina são
igualmente eficazes, mas a tacrina raramente é usada por causa da sua hepatotoxicidade.
A donepezila é um fármaco de primeira linha, pois sua dosagem é única diária e é bem tolerada.
A dose recomendada é de 5 mg por via oral uma vez ao dia, por 4 a 6 semanas, então
aumentada para 10 mg, uma vez ao dia. Donepezila 23 mg uma vez ao dia pode ser mais eficaz
do que a dose tradicional de 10 mg uma vez ao dia para doença de Alzheimer moderada a
grave. Se, após vários meses, a melhora funcional for aparente, o tratamento deve continuar,
senão deve ser interrompido. Os efeitos adversos mais comuns são gastrointestinais (p. ex.,
náuseas, diarreia). Raramente, ocorrem tontura e arritmias cardíacas. Os efeitos adversos
podem ser minimizados aumentando-se gradualmente a dose (ver tabela Fármacos para doença
de Alzheimer ).
A memantina, um antagonista do receptor NmetilDaspartato (NMDA), parece melhorar a
capacidade funcional e cognitiva dos pacientes com doença de Alzheimer moderada a grave. A
dose é de 5 mg por via oral uma vez ao dia e depois aumentada para 10 mg por via oral duas
vezes ao dia em 4 semanas. Para pacientes com insuficiência renal, a dose deve ser reduzida ou
a utilização do fármaco evitado. A memantina pode ser utilizada com um inibidor de
colinesterase.
O aducanumabe, um anticorpo monoclonal antiamiloide IgG1 humano específico para
oligômeros beta-amiloides implicados na fisiopatologia da doença de Alzheimer, está disponível
em infusão mensal para tratar a doença de Alzheimer. Embora alguns especialistas considerem
o aducanumabe o primeiro tratamento modificador da doença eficaz contra a Alzheimer, sua
aprovação pela US Food and Drug Administration (FDA) foi controversa. A aprovação acelerada
do fármaco baseou-se principalmente em sua capacidade de reduzir as placas beta-amiloides no
encéfalo dos pacientes em ensaios clínicos. Mas as evidências do benefício clínico
(desaceleração da progressão da doença) nesses estudos foram inconsistentes; portanto, são
necessários estudos adicionais para confirmar o benefício clínico.
Terapias com anticorpos monoclonais antiamiloides, incluindo o aducanumabe, também têm
efeitos adversos, como anormalidades de imagem relacionadas com o amiloide (ARIA), que
consistem em alterações do sinal de RM do edema cerebral (ARIA-E) e/ou micro-hemorragia e
hemossiderose superficial (ARIA-H). ARIA-E se desenvolveram em 35,2% dos pacientes que
receberam uma dose alta de aducanumabe nos ensaios clínicos de fase 3; em geral, ARIA-E
ocorreram no início do tratamento e não causaram sintomas. Entretanto, até 0,9% dos pacientes
com ARIA tiveram sintomas graves, incluindo confusão mental, desorientação, distúrbios da
marcha, ataxia, distúrbios visuais, cefaleia, náuseas e quedas (1).
Outros fármacos estão sendo estudados. A eficácia de vitamina E em altas doses (1.000 UI, por
via oral, uma ou duas vezes ao dia), selegilina, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs),
extratos de Ginkgo biloba e estatinas não está clara. A terapia com estrógenos parece não ser
útil na prevenção ou no tratamento e pode ser prejudicial.
Embora a taxa de progressão varie em pacientes com doença de Alzheimer, o declínio cognitivo
é inevitável. A média de sobrevida a partir do diagnóstico é de 7 anos, embora esse número seja
discutível. O tempo médio de sobrevida depois que o paciente não consegue mais andar é de
cerca de 6 meses.
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Na demência avançada, as medidas paliativas podem ser mais apropriadas que as intervenções
altamente agressivas ou internações hospitalares .
Manter atividades mentais desafiantes (p. ex., aprender novas habilidades, fazer palavras
cruzadas) ao ficar mais velho
Controle de hipertensão
Mas não há evidências convincentes de que indivíduos que não ingerem álcool devam começar
a ingerir para evitar a doença de Alzheimer. Depois que a demência se desenvolve, geralmente
recomenda-se a abstenção de álcool porque o álcool pode piorar os sintomas de demência.
Pontos-chave
Embora fatores genéticos possam estar envolvidos, a maioria dos casos da doença de Alzheimer
é esporádica, com risco melhor previsto de acordo com a idade do paciente.
Diferenciar doença de Alzheimer de outras causas da demência (p. ex., demência vascular,
demência dos corpos de Lewy) pode ser difícil, mas muitas vezes é feito mais adequadamente
utilizando critérios clínicos, que têm 85% de precisão para estabelecer o diagnóstico.
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Fontes:
1- https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-
neurol%C3%B3gicos/delirium-e-dem%C3%AAncia
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