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Gerir a mudança ou liderar a

mudança?
Por John Kotter, na Forbes

Tradução livre por Joel Solon Farias de Azevedo

Muitas vezes me perguntam sobre a diferença entre “gestão da mudança” e


“liderança transformadora”, e se é apenas uma questão semântica . Esses
termos não são intercambiáveis. A distinção entre os dois é bastante
significativa.   Gestão da mudança, que é a denominação que a maioria usa,
refere-se a um conjunto de ferramentas básicas ou estruturas destinadas a
manter qualquer esforço de mudança sob controle. O objetivo na maioria das
vezes é minimizar as distrações e os impactos da mudança. A liderança
transformadora, por outro lado, preocupa-se com as forças motrizes, visões e
processos que alimentam a transformação de grande escala. Neste vídeo, eu
vou aprofundar um pouco mais sobre as diferenças entre os dois conceitos, e
destacar porque precisamos mais da liderança tranformadora no dias de hoje.
Há uma diferença que é muito fundamental, e é muito grande, entre o que é
hoje conhecido como “gestão da mudança” e que há tempos chamamos de
liderança transformadora, ou liderar a mudança. O mundo utiliza basicamente a
gestão da mudança, que é um conjunto de processos, ferramentas e
mecanismos que são projetados para ter certeza de que quando você tentar
fazer algumas mudanças:

A, elas não sairão de controle;

e B, o número de problemas associados à mudança, como rebelião das


pessoas e desperdício de recursos serão controlados ou não serão permitidos.

Por isso, é uma maneira de fazer uma grande mudança, e em algum nível,
manter o controle da situação. A liderança transformadora está muito mais
associada a colocar um motor no processo de mudança inteiro, e torná-lo mais
rápido, mais inteligente, mais eficiente. É mais associada, portanto, com
mudanças em larga escala. A gestão da mudança tende a ser mais associada,
pelo menos e quando funciona bem, com pequenas mudanças.

Se você olhar ao redor do mundo neste momento e apenas conversando com


as pessoas vai perceber que a diferença não é apenas semântica. Todo mundo
fala sobre gerir mudança e gestão da mudança, porque é isso que eles
fazem. Se você olhar para todas as ferramentas verá que eles estão tentando
empurrar as coisas e ao mesmo tempo minimizar as interrupções, ou seja,
manter as coisas sob controle. Exemplo disto é a barreira orçamentária, ou seja
mudanças são planejadas mas não são executadas porque esbarram num
orçamento fechado e voltado para o passado, que é mais uma peça de controle
que atua na manutenção do status quo.
A mudança tem sido conduzida com grupos pequenos gerenciamento de
mudanças dentro das corporações, e às vezes se utilizando de consultores
externos, que são bons para isso e tem formação em gestão de mudança. E a
mudança é feita com forças-tarefas que basicamente dão o empurrão inicial,
mas que ao mesmo tempo também atuam para manter a mudança sob
controle. É feito com vários tipos de relacionamentos que recebem nomes
pomposos como patrocinadores executivos , quando as atenções do executivo
patrocinador estão mais voltadas para se certificar de que tudo está ocorrendo
de ordenada, e não diretamente para os resultados da mudança.

E liderar a mudança é fundamentalmente diferente, é um motor. É mais sobre


urgência. É mais sobre as massas de pessoas que querem fazer algo
acontecer. É mais sobre grandes visões. É mais sobre empowering para a
maioria das pessoas. A liderança da mudança tem o potencial de fazer com
que as coisas saiam um pouco fora de controle. Você não tem o mesmo grau
de se certificar de que tudo acontece de uma maneira que você quer e na hora
que você quer, quando você à sua disposição um motor com 1000 CV de
potência, é difícil. O que você tem que fazer, naturalmente, é ter como driver
altíssima competência e um carro, e irá certificar-se de que os riscos são
mínimos. Então elas são fundamentalmente diferentes.

O mundo, como todos sabemos, agora, fala, pensa, e faz gestão de


mudança. O mundo, como todos sabemos, não pratica muito a liderança
transformadora, principalmente quando a mudança está associada com os
saltos maiores que nós temos que fazer, associadas com janelas de
oportunidade que estão vindo para nós cada vez mais rápido, e que são cada
vez mais curtas e se fecham mais rapidamente, os riscos são maiores e
também cada vez ais mutantes, então não resta outra opção senão fazer um
grande salto a uma velocidade maior. A liderança da mudança vai ser o grande
desafio no futuro, e o fato de que quase ninguém é muito bom nisto, é pelo
menos uma grande oportunidade.

John Kotter é o diretor de Inovação da Kotter Internacional , uma empresa de


mudança que ajuda os líderes a desenvolver a capacidade para conduzir a
transformação em suas organizações. Ele também é emérito  professor de
liderança,  de Harvard Business School . 

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