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Introdução à Contabilidade

Paulo Soares de Pinho


Novembro de 2020
Programa

1. Introdução à contabilidade financeira


2. Análise financeira
3. Valor temporal do dinheiro
4. Análise de investimentos

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Papel da Função Financeira
• Analisar os reflexos monetários das operações e decisões
estratégicas da empresa
– Quantificação e valorização das diferentes alternativas estratégicas
• Apoio à decisão; avaliação de desempenho financeiro de negócios
• análise de investimentos; análise de fusões
– Quantificação das necessidades e/ou excedentes de tesouraria
• Planeamento de longo e curto-prazo
– Escolha entre opções de Financiamento / aplicação do excedente
• Decisões sobre estrutura de capitais
• Gestão de Tesouraria

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Contabilidade

• Como se define
– Técnica que permite registar todas as transformações ocorridas na empresa no
decorrer da sua actividade
– Permite-nos saber, em cada data, qual o valor “contabilístico” da empresa com
base nos registos históricos das operações efectuadas
• Contabilidade interna
– Regista as operações realizadas internamente e visa o apuramento de resultados
não globais, por exemplo, por produto
• Contabilidade externa
– Regista as operações realizadas com o exterior, e tem como finalidade a
determinação da situação patrimonial das empresas e dos seus resultados

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Conceitos
• Activo
– Recurso controlado pela empresa do qual se espera que fluam benefícios
económicos futuros
– Representa uma avaliação dos direitos patrimoniais da sociedade

• Passivo
– Obrigação da empresa da liquidação da qual se espera uma saída de recursos da
empresa

• Situação Líquida – Capital Próprio


– Diferença entre o valor do activo e do passivo
– Representa, com base nos critérios contabilísticos, uma avaliação do interesse
patrimonial residual dos sócios na sociedade

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Balanço

• É o mapa que traduz a situação patrimonial da empresa num


determinado momento
• Relaciona o património da sociedade com as origens do financiamento
do mesmo
• É uma fotografia dos valores patrimoniais da empresa

Responsabilidades
Bens e direitos
Passivo da sociedade
de que a
Activo perante terceiros
sociedade é Capital Próprio Valor contabilístico
titular
da totalidade das
quotas dos sócios

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Balanço da Empresa

ACTIVO PASSIVO
Conjunto de bens ou direitos Conjunto de dívidas ou

Financiamento do Activo
de que a empresa é proprietária responsabilidades da empresa
perante terceiros
Circulante / Corrente •Dívidas a Fornecedores
•Caixa e Depósitos •Dívidas ao Estado
•Créditos s/ clientes •Créditos bancários
•Existências •Responsabilidades com
Fixo / Não Corrente Pensões
•Corpóreo Capital Próprio
•Incorpóreo Investimento realizado pelos
sócios através de entradas de
capital ou de lucros retidos

Activo = Passivo + Capital Próprio

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Princípios Fundamentais
• Princípio da Continuidade
– Os activos e passivos são valorizados no pressuposto de que a sociedade é contínua e não vai
terminar brevemente a sua actividade
• Princípio da Entidade
– A informação contabilística refere-se ao património de uma única entidade económica apenas,
não devendo ser confundida com os seus proprietários e outras entidades com ela relacionadas.
• Especialização dos Exercícios (regime de Acréscimo)
– As transações são reconhecidas no momento em que ocorrem e não quando o correspondente
pagamento ou recebimento é efectuado
• Compreensibilidade
– Informação tem de ser rapudamente compreensível
• Relevância
– Informação tem de ser relavante para a tomada de decisão dos agentes

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Valorimetria
• Métodos de Valorização:

• a) Custo histórico
– Os activos são registados pela quantia de caixa, ou equivalentes de caixa paga ou
pelo justo valor da retribuição dada para os adquirir no momento da sua
aquisição. Os passivos são registados pela quantia dos proventos recebidos em
troca da obrigação.

• b) Custo corrente
– Os activos são registados pela quantia de caixa ou de equivalentes de caixa que
teria de ser paga se o mesmo ou um activo equivalente fosse correntemente
adquirido.

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Valorimetria
• c) Valor realizável (de liquidação)
– Os activos são registados pela quantia de caixa, ou equivalentes de caixa, que
possa ser correntemente obtida ao vender o activo numa alienação ordenada.

• d) Valor presente
– Os activos são escriturados pelo valor presente descontado dos futuros influxos
líquidos de caixa que se espera que o item gere no decurso normal dos negócios.

• e) Justo valor
– Quantia pela qual um activo pode ser trocado ou um passivo liquidado, entre
partes conhecedoras e dispostas a isso, numa transacção em que não exista
relacionamento entre elas.

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Registo de Imobilizado

A empresa XYZ adquire um equipamento por €10.000,


com vida útil de 5 anos Valor que todos
os anos é
tomado como
gasto daquele
Imobilizado Amortizações Imobilizado Amortização exercício na
Ano
Bruto Acumuladas Líquido do Exercício Demonstração
dos Resultados
1 10 000 € 2 000 € 8 000 € 2 000 €
2 10 000 € 4 000 € 6 000 € 2 000 €
3 10 000 € 6 000 € 4 000 € 2 000 €
4 10 000 € 8 000 € 2 000 € 2 000 €
5 10 000 € 10 000 € - € 2 000 €
6 - € - € Abate - €
No final davida útil o Valor que figura
activo tem valor no balanço da
contabilístico nulo, sociedade no
podendo ser abatido final do ano 2

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Conceitos
• Rendimentos (anteriormente proveitos)
– aumentos de benefícios económicos que resultam em de aumento da situação patrimonial dos
sócios (capital próprio)

– resultam em aumentos no capital próprio, que não sejam os relacionados com as contribuições
dos participantes no capital próprio.

• Gastos (anteriormente custos)


– diminuições de benefícios económicos que resultam em diminuição do valor contabilístico do
capital próprio
– resultam de diminuições de activos ou aumentos de passivos (ou mesmo uma combinação dos dois)
durante um período, como consequência da actividade principal da entidade

• Lucro – diferença entre rendimentos e gastos

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Demonstração dos resultados
• Apresenta os resultados, lucros ou prejuízos, obtidos na actividade económica

• Resultado = Rendimentos – Gastos


– Resultados operacionais são os que decorrem da actividade económica da empresa e não das suas
decisões de financiamento
• Vendas, Custo das Vendas, Fornecimentos e serviços externos, etc
– Resultados Financeiros são os que decorrem da actividade de financiamento e investimento
financeiro da empresa
• Rendimentos e ganhos de financiamento; Gastos e Perdas de financiamento

• Resultado Líquido =
= Result Operacional + Resultado Financeiro – Impostos sobre os lucros

• Traduz a actividade da empresa ao longo de um período


– Por isso pode haver resultados anuais, semestrais, trimestrais, etc…

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Especialização dos exercícios
• Em Dezembro de 2003 foi paga a renda de janeiro de 2004
– Em Dezembro sai o dinheiro de caixa, mas o correspondente gasto só é reconhecido no ano
seguinte (2004) (gastos diferidos)
• Em Dezembro de 2008 a empresa decidiu reconhecer parte do acréscimo de valor
relativo a um software que se encontra a desenvolver mas que será apenas
entregue e facturado em 2009 (acréscimo de rendimentos)
• Em Dezembro de 2011 a empresa contabiliza como gasto de 2011 a despesa com
quatro meses de juros do empréstimo contraído em 1 de Setembro e que só serão
pagos no ano seguinte (acréscimo de gastos)
• Em Dezembro de 2009 a empresa emitiu uma factura relativa a uma prestação de
serviços que terá lugar em Janeiro.
– Optou por contabilizar com rendimento de 2010 (rendimentos diferidos)

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Provisões e Imparidades

• Imparidade
– Existe perda por imparidade quando a quantia pela qual um activo se encontra
escriturado excede o seu valor recuperável (máximo entre o valor líquido de
venda e seu valor de uso)
• Provisão
– Uma provisão é um passivo de prazo ou valor incerto.
– Uma provisão será reconhecida quando:
• (a) uma entidade tiver uma obrigação presente (legal ou presumida) como resultado de um
evento passado;
• (b) for provável que um fluxo de saída de recursos que incorporam benefícios económicos
será exigido para liquidar a obrigação; e
• (c) puder ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.

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Exercício

A Sociedade ABC tem o seguinte balanço em 1/1/1:


Valor Provis e Valor
Balanço em 1/1/1
Bruto Deprec Líquido
Activo Passivo e Capital Próprio
Activos Fixos Intangíveis 15 000 5 000 10 000 Empréstimos Bancários 30 000
Activos Fixos Tangíveis 25 000 3 000 22 000 Fornecedores 4 000
Activo Fixo 40 000 8 000 32 000 Passivo 34 000

Existências 10 000 10 000 Capital Social 10 000


Clientes 6 000 6 000 Reservas 6 000
Caixa 3 000 3 000 Resultados 1 000
Activo Corrente 19 000 - 19 000 Capital Próprio 17 000
Total do Activo 59 000 8 000 51 000 Total Passivo e CP 51 000

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Exercício (cont)

Durante o ano registaram-se as seguintes operações / movimentos:


1. Empresa contrai empréstimo bancário de 2 000
2. Clientes liquidaram 4 000 do saldo em dívida;
– Uma dívida de 700 foi considerada incobrável
3. Compras de 8 000 em mercadorias, das quais 2 000 ainda não foram
liquidadas
4. Vendas de 12 000 com Custo das Vendas de 6 000; 20% das vendas
ficaram por cobrar
5. O IVA das facturas em causa ascende a 2000

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Exercício (cont)

6. Pagamentos de pessoal ascendem a 1 500; Fornecimentos e serviços


externos ascendem a 1 000, dos quais 200 ficaram por liquidar
7. A empresa liquidou 3 000 de facturas de fornecedores relativas ao ano
anterior
8. Juros do Empréstimo bancário relativo ao ano: 1 200, dos quais 300
serão liquidados no ano seguinte
9. Compra de novo equipamento: 2 300 (pago à vista)
10. Amortizações do imobilizado: 500 (intang) e 300 (tang)
11. Apuramento do imposto sobre lucro (30%) – a liquidar no ano seguinte

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Exercício - Resolução
Durante o ano registaram-se as seguintes operações / movimentos:
1. Empresa contrai empréstimo bancário de 2 000
CAIXA: + 2000 EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS: +2000
2. Clientes liquidaram 4 000 do saldo em dívida; Uma dívida de 700 foi considerada
incobrável
CLIENTES: - 4000 (pago) -700 (imparidade) = -4700 CAIXA: +4000
GASTOS: PERDAS POR IMPARIDADE: +700
3. Compras de 8 000 em mercadorias, das quais 2 000 ainda não foram liquidadas
EXISTÊNCIAS: +8000 CAIXA: -6000 FORNECEDORES: +2000
4. Vendas de 12 000 com Custo das Vendas de 6 000; 20% das vendas ficaram por
cobrar
VENDAS: +12000 CUSTO DAS VENDAS: +6000
CAIXA: + 9600 CLIENTES: 2400; EXISTÊNCIAS: -6000
5. O IVA das facturas em causa ascende a 2000
CAIXA: +1600 CLIENTES: +400 ESTADO (passivo): +2000
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Exercício - Resolução(cont)
6. Pagamentos de pessoal ascendem a 1 500; Fornecimentos e serviços de terceiros
ascendem a 1 000, dos quais 200 ficaram por liquidar
GASTOS COM PESSOAL: +1500 FORN E SERV TERCEIROS: +1000
CAIXA: -2300 FORNECEDORES +200
7. A empresa liquidou 3 000 de facturas de fornecedores relativas ao ano anterior
FORNECEDORES: -3000 CAIXA: -3000
8. Juros do Empréstimo bancário relativo ao ano: 1 200, dos quais 300 serão
liquidados no ano seguinte
GASTOS FINANCEIROS: +1200 CAIXA: -900 ACRÉSCIMO DE GASTOS: +300

9. Compra de novo equipamento: 2 300 (pago à vista)


ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS: +2300 CAIXA:-2300
10. Amortizações do imobilizado: 500 (intangíveis) e 300 (tangíveis)
11. Apuramento do imposto sobre lucro (30%) – a liquidar no ano seguinte

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BALANÇO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Final
Activo
Activos Fixos Intangíveis 15,000 15,000
Amortiz 5,000 500 5,500
Activos Fixos Tangíveis 25,000 2,300 27,300
Amortiz 3,000 300 3,300
Estado -
Existências 10,000 8,000 - 6,000 12,000
Clientes 6,000 - 4,700 2,400 400 4,100
Caixa 3,000 2,000 4,000 - 6,000 9,600 1,600 - 2,300 - 3,000 - 900 - 2,300 5,700
Total do Activo 51,000 2,000 - 700 2,000 6,000 2,000 - 2,300 - 3,000 - 900 - - 800 - 55,300

Passivo e Capital Próprio -


Empréstimos Bancários 30,000 2,000 32,000
Fornecedores 4,000 2,000 200 - 3,000 3,200
Estado No início de novo período os 2,000 240 2,240
Acréscimo de Gastos Resultados são levados a zero 300 300
Capital Social 10,000 e transferidos para outras 10,000
Reservas 7,000 contas (reservas?) 7,000
Resultados - - 700 - 6,000 - - 2,500 - - 1,200 - - 800 - 240 560
Total Passivo e CP 51,000 2,000 - 700 2,000 6,000 2,000 - 2,300 - 3,000 - 900 - - 800 - 55,300

Rendimentos
Vendas ###### 12,000

Gastos
Custo das Vendas 6,000 6,000
Pessoal 1,500 1,500
Forn Serv Terceiros 1,000 1,000
Amortizações 800 800
Provisões e Imparidades 700 700
Gastos Financeiros 1,200 1,200
Impostos 240 240
Resultado - - - 700 - 6,000 - - 2,500 - - 1,200 - - 800 - 240 560

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DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS

Rendimentos
Vendas 12 000

Gastos
(-) Custo das Vendas 6 000
(-) Pessoal 1 500
(-) Forn Serv Terceiros 1 000
(=)EBITDA 3 500
(-) Amortizações 800
(-) Provisões e Imparidades 700
(=)Resultado Operacional 2 000
(-) Gastos Financeiros 1 200
(=)Resultado antes Impostos 800
(-) Impostos 240
(=)Resultado Líquido 560

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Balanço Final

Valor Provis e Valor


Balanço em 31/12/1
Bruto Deprec Líquido
Activo Passivo e Capital Próprio
Activos Fixos Intangíveis 15,000 5,500 9,500 Capital Social 10,000
Activos Fixos Tangíveis 27,300 3,300 24,000 Reservas 7,000
Activo Fixo 42,300 8,800 33,500 Resultados 560
Capital Próprio 17,560
Estado -
Bancos 32,000
Existências 12,000 12,000 Fornecedores 3,200
Clientes 4,100 4,100 Estado 2,240
Caixa 5,700 5,700 Acréscimos de Gastos 300
Activo Corrente 21,800 - 21,800 Passivo 37,740
Total do Activo 64,100 8,800 55,300 Total Passivo e CP 55,300

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Óptica dos Fluxos de Caixa

• As entradas e saídas de dinheiro (fluxos de caixa) são divididas em três


subgrupos:
– Actividades Operacionais
• Dizem respeito aos pagamentos e recebimentos relativos à actividade económica da empresa
(excepto investimentos)
• principais actividades produtoras de rédito da empresa e outras actividades que não sejam
de investimento ou financiamento
– Actividades de Investimento
• Dizem respeito aos investimentos e desinvestimentos realizados pela empresaaquisição
– Actividades de Financiamento
• Dizem respeito ao financiamento das actividades operacionais e de investimento, aos custos
desse financiamento, ao retorno de fundos aos sócios e às aplicações de eventuais
excedentes de tesouraria

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Relação entre os três Mapas

Balanço Inicial Balanço Final

Activo Passivo Activo Passivo

Cap Próprio tempo Cap Próprio

Caixa e Dep Resultados Caixa e Dep Resultados

Demonstração dos Fluxos de Caixa Demonstração dos Resultados

Explica as variações do saldo de Caixa e Equivalentes no Explica a formação do resultado


período que decorre entre os dois balanços da obtido no período que decorre entre
sociedade os dois balanços da sociedade.
Explica as necessidades (excedentes) de financiamento
e a forma como estes foram obtidos (aplicado)

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Exercício – Resolução – Fluxos de Caixa
Durante o ano registaram-se as seguintes operações / movimentos:
1. Empresa contrai empréstimo bancário de 2 000
EMPRÉSTIMOS CONTRAÍDOS: +2000
2. Clientes liquidaram 4 000 do saldo em dívida; Uma dívida de 700 foi considerada
incobrável
RECEBIMENTOS DE CLIENTES : +4000
3. Compras de 8 000 em mercadorias, das quais 2 000 ainda não foram liquidadas
PAGAMENTOS A FORNECEDORES: +6000
4. Vendas de 12 000 com Custo das Vendas de 6 000; 20% das vendas ficaram por
cobrar
RECEBIMENTOS DE CLIENTES: + 9600
5. O IVA das facturas em causa ascende a 2000
RECEBIMENTOS DE CLIENTES: + 1600

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Exercício – Resolução (cont)
6. Pagamentos de pessoal ascendem a 1 500; Fornecimentos e serviços de terceiros
ascendem a 1 000, dos quais 200 ficaram por liquidar
PAGAMENTOS PESSOAL: 1500 PAGAMENTOS A FORNECEDORES: +800
7. A empresa liquidou 3 000 de facturas de fornecedores relativas ao ano anterior
PAGAMENTOS A FORNECEDORES : -3000
8. Juros do Empréstimo bancário relativo ao ano: 1 200, dos quais 300 serão
liquidados no ano seguinte
PAGAMENTO DE JUROS: -900
9. Compra de novo equipamento: 2 300 (pago à vista)
PAGAMENTOS RELATIVOS A INVESTIMENTOS:-2300
10. Amortizações do imobilizado: 500 (inc) e 350 (corp)
SEM EFEITO
11. Apuramento do imposto sobre lucro (30%) – a liquidar no ano seguinte
SEM EFEITO

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Exemplo (cont)
FLUXOS DE CAIXA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Final
Recebimentos de Clientes 4 000 9 600 1 600 15 200
Pagamentos a Fornecedores 6 000 800 3 000 9 800
Pagamento a Pessoal 1 500 1 500
Fluxo Gerado pelas Operações - - 4 000 - 6 000 9 600 1 600 - 2 300 - 3 000 - - - - 3 900
Pagamento de IRC -
Fluxo Actividades Operacionais - - 4 000 - 6 000 9 600 1 600 - 2 300 - 3 000 - - - - 3 900
-
Recebimentos Relativos a -
Investimentos realizados -
Pagamentos relativos a: -
Investimentos realizados 2 300 2 300
Fluxo Actividades Investimento - - - - - - - - - - 2 300 - - - 2 300
-
Recebimentos Relativos a -
Empréstimos Obtidos 2 000 2 000
Proveitos de Investimentos -
Aumentos de Capital -
Pagamentos relativos a: -
Reembolso de Empréstimos -
Juros e Custos Similares 900 900
Dividendos -
Fluxo Actividades Financiamento - 2 000 - - - - - - - 900 - - - 1 100
-
Variação de Caixa e Equivalentes - 2 000 4 000 - 6 000 9 600 1 600 - 2 300 - 3 000 - 900 - 2 300 - - 2 700

Caixa – saldo inicial: 3000


(+) Variação de Caixa e Equivalentes: 2700
(=) Caixa – saldo final: 5700

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Análise Financeira

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Assimetria de Informação em Finanças

• Entre empresa e seus credores


– importância da estrutura de capital
• risco dos credores
• incentivo à tomada de riscos

• Entre accionistas e gestores


– Objectivos conflituosos
– Remuneração de gestores
– O mercado do controle
– Governação das empresas

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Análise Financeira

• Existindo problemas de assimetria de informação, o mercado e os


agentes em geral recorrem a indicadores da performance para extraír
informação sobre o desempenho da empresa

• Indicadores habituais:
– Rácios financeiros
– Análise de fluxos de caixa
– indicadores de mercado

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Papel da Análise Financeira
• Dar indicação sobre
– Rendibilidade
– Risco

• Destinatários:
– Gestores
– Accionistas (mercado em geral)
– Credores
– Trabalhadores

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Análise de Rácios
• Rácios de Rendibilidade
– Medida da remuneração alcançada pelos accionistas e da capacidade de geração
de rendimentos por parte da empresa

• Rácios de Actividade
– Eficiência na utilização de recursos
– Ou seja, impacta directamente na rendibilidade

• Rácios de Risco
– de crédito
– de solvência

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Demonstração de Resultados para Análise:

Resultado da Empresa se
ignoramos os aspectos
financeiros (juros), fiscais
Vendas Diferença entre o valor de (impostos) e as
vendas a preço de venda e a amortizações (que não
(-) Custo das Vendas preço de custo constituem despesa)
(=) Margem Bruta
(-) Custos Fixos (excepto amortizações)
(=) EBITDA (earnings before interest, taxes, depreciation and amortization)
(-) Amortizações Resultado gerado pelo negócio (actividade
económica) da empresa, ignorando os efeitos
(=) Resultado Operacional financeiros e fiscais
(-) Gastos Financeiros
(=) Resultado antes de impostos
(-) Impostos sobre os lucros Resultado gerado pela empresa
(=) Resultado Líquido após cálculo do imposto sobre o
rendimento

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Indicadores de Rendibilidade (1)
• Rácio de rendibilidade:
– medida de resultado / medida de dimensão
• Rendibilidade dos capitais próprios:
– return on equity (ROE)

RL Mede a rendibilidade

RCP = (contabilística) dos accionistas


em percentagem do
CP investimento por estes realizado

E se o capital próprio estiver negativo?

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Rendibilidade do Investimento (ROI)

• Medida de rendibilidade gerada exclusivamente a partir do negócio


(sem influência do financiamento)
• RCP que seria obtida caso a empresa fosse exclusivamente financiada
por capitais próprios

Há autores que designam esta medida


como return on assets (ROA) ou
rendibilidade do capital investido (ROI)

Resultado Operacional
ROI =
Activo
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Análise de Actividade
• Rendibilidade do Investimento:

MB V RO
ROI =  
V A MB
• Margem × Rotação × Efeito Custos

Margem de Eficiência na Absorção de


comercialização utilização dos margem bruta
nas vendas activos pelos custos fixos

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Exemplo
Empresa regista
rápido crescimento
19x1 19x2 19x3
Vendas 1 000 1 200 1 500 Moderado
crescimento dos
Margem Bruta 600 650 700 resultados
Result Operac 200 220 240
Activo 2 000 2 600 3 500 Queda continuada
Return on Investment 10% 8,5% 6,9% na rendibilidade
do investimento
Margem Bruta / Vendas 60% 54,2% 46,7%
Vendas / Activo 0,50 0,46 0,43 Crescimento das
vendas conseguido
Res Operac / Margem 33,3% 33,8% 34,3% com sacrifício das
margens
Empresa regista crescimento das vendas
acompanhado de crescimento ainda mais rápido dos
Empresa melhora
activos. Verifica-se igualmente uma quebra das Perda na eficiência
controle dos
margens de comercialização e uma ligeira melhoria no dos activos
custos fixos
controle dos custos fixos. No seu conjunto, estes
factores conduziram a uma quebra importante na
rendibilidade do investimento

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43
Estrutura de Capital (1)

Empresa A Empresa B

Vcp=20
Vcp=80
Ve = 100 Ve = 100
Vd=80
Vd=20

Qual o efeito de uma redução de valor em 30 ?

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44
Estrutura de Capital (2)

Empresa A Empresa B

(-30) Vcp=?

Ve = ? Vcp=?
Ve = ? Vd=?
Vd=20

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45
Estrutura de Capital (3)

Empresa A Empresa B

Vcp = 50
Ve = 70 Vd = 70 Ve = 70
Vd = 20

Empresa A é mais arriscada para accionistas e credores

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46
Indicadores de Risco Tradicionais (1)
• Endividamento:
– Capital Próprio/ Activo
– Passivo / Activo
– Passivo / Capital Próprio
– Estrutura do endividamento: Passivo cp / Passivo Total
– Dívida Financeira / EBITDA

• Capacidade de pagamento de juros:


– Grau de cobertura: Resultado Operac / Gastos Financeiros
– ou EBITDA / Gastos Financeiros

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47
Indicadores de Risco Tradicionais (2)
• Liquidez
– Liquidez Geral

Activo Corrente Pretende medir a

LG = capacidade de pagamentos
dos passivos correntes a
Passivo Corrente partir daliquidação de
activos correntes

– Liquidez Reduzida: Análogo, mas ignorando as


existências, vistos que estas
podem ser de difícil
liquidação

Activo Corrente − Existências


LR =
Passivo Corrente

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48
Empresa regista rápido
crescimento dos
activos correntes
Exemplo 19x1 19x2 19x3
Activo Corrente 1 000 1 500 2 000 Dinâmica de
investimento?
Activo não Corrente 2 000 4 000 6 000
Forte crescimento do
Activo Total 3 000 5 500 8 000 activo
Passivo Corrente 500 2 500 5 000
Forte crescimento do
Passivo M/L prazo 500 500 0 passivo corrente
Capital Próprio 2 000 2 500 3 000
Significativa redução da
Cap Próprio/ Activo 66,6% 45,5% 37,5% autonomia finaneira
Passivo CP / Pasivo 50% 83,3% 100%
Passivo é totalmente
Liquidez Geral 2,0 0,6 0,4 constituído por dívidas
de curto-prazo
Deterioração significativa da
Empresa regista forte crescimento dos activos financiado por posição de liquidez da sociedade
passivos de curto prazo. Risco financeiro aumentou (abaixo do mínimo desejável):
significativamente, quer em solvabilidade, quer em liquidez. Passivos correntes financiam
activos não correntes

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49
Exemplo (cont)
Moderado crescimento
do EBITDA

Investimento
19x1 19x2 19x3 propulsiona
amortizações
EBITDA 500 600 700
Crescimento da dívida
Amortizações 200 400 600 traduz-se em aumento
dos gastos financeiros
Resultado Operacional 300 200 100 …
Gastos Financeiros 65 165 250

Resultado antes Impostos 235 35 -150 E em forte quebra da
rendibilidade
Impostos 70 10 0
Resultado Líquido 165 25 -150 EBITDA ainda sustenta
nível de gastos
EBITDA / Juros 7.7× 3.6× 2.8× financeiros, embora
de forma
Res Operac / Juros 4.6× 1.2× 0.4× acentuadamente
decrescente
Dívida / EBITDA 2.0× 5.0× 7.1×
Crescimento do endividamento é excessivo e Resultado operacional
Dívida financeira
não acompanhado pelo aumento dos resultados não sustenta actual
atingiu um elevado
operacionais, criando-se sério risco de nível de gastos
multiplo do EBITDA
incapacidade de pagamento de juros no futuro financeiros

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50
Fluxos de Caixa Operacionais

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51
Fluxos de Caixa
• A demonstração de resultados contabilística regista movimentos com
base nos conceitos de rendimentos e gastos

• Contudo, na óptica financeira, trabalha-se exclusivamente com fluxos


de caixa, ou seja, na diferença entre receitas e despesas

• Torna-se, por isso, importante saber relacionar os rendimentos e


gastos operacionais com os correspondentes fluxos de caixa
operacionais

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52
Amortizações (1)

• Um dos factores mais importantes para a existência de diferenças nas


duas ópticas;

• São custo para efeitos fiscais

• contudo, não constituem despesa

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53
Amortizações (2)

Consideremos duas empresas:

Empresa A Empresa B
Vendas 10,000 10,000
(-)Custos diversos 6,000 6,000
(=) EBITDA 4,000 4,000
(-) Amortizações: 2,000 4,000
(=) R. A. I.: 2,000 0
(-)Impostos (@40%) 800 0
(=) Result. Líquido: 1,200 0
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54
Amortizações (3)

• Qual das empresas ganha mais dinheiro?

• A: CF = RL+Am = 3,200

• B: CF = RL+Am = 4,000

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55
Amortizações (4)

• Cash flow:
– Empresa B: 4 000
– Empresa A: 3 200
– Diferença: 800
– Esta diferença é igual a: 2000×40%

– Ou seja, a empresa B ganha mais dinheiro devido às poupanças


fiscais resultantes das amortizações

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56
Receita de Vendas
• Na demonstração de resultados estão contabilizadas todas as vendas,
mesmo que não devidamente cobradas
• Acréscimos (D) da conta de clientes representam vendas não cobradas

• RV = V - DClientes

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57
Pagamentos a Fornecedores

• Na Dem. Resultados figura o Custo das das Vendas


• Há mercadorias compradas que não foram vendidas (D Existências)
• Há mercadorias compradas que não foram pagas (D Fornecedores)

• PF = CV + DExistências -DFornecedores

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58
Exemplo

Rubrica ano 1 ano 2 ano 3


Vendas 10 000 12 000 9 000
Receita de Vendas 6 000 10 000 12 000
Custo das Vendas 6 000 8 000 6 000

Compras 10 000 7 000 8 000


Pagamentos Fornec 9 000 5 000 9 000
Cash-Flow das Vendas – 3000 +5 000 +3 000
Clientes 4 000 +2000 6 000 -3000 3 000
Existências 4 000 -1000 3 000 +2000 5 000
Fornecedores 1 000 +2000 3 000 -1000 2 000

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59
Nota Sobre Fundo de Maneio
• Habitualmente designa-se o montante de activos de Curto-prazo
financiados por recursos de longo-prazo como Fundo de Maneio (FM)

Imobilizado Cap Próprio

PLP
F
Circulante
M
(Activo Corrente)

Passivo Corrente

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60
Necessidades de Fundo de Maneio
• Montante de Fundo de Maneio que é necessário para financiar o Ciclo
Operacional da Empresa

compra venda recebimento


$
existências clientes

fornecedores NFM
$
pagamento

NFM = Existências + Clientes - Fornecedores (+ outros)

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61
Prazos Médios (1)
• Muitos analistas preferem trabalhar com prazos médios em vez de
rotações
• Assim, em vez de calcular a rotação de clientes podemos determinar
quanto tempo demoramos, em média, a cobrar uma factura:

Clientes
PM Re c = (12 meses)
Vendas

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62
Prazos Médios (2)
• Uma rotação de clientes de 2, significa que em média levamos 6 meses
a cobrar uma factura
• Para as existêncas há que ter em conta o facto de estas serem
contabilizadas a preço de aquisição:

Existências
PMEx = (12 meses)
Custo Merc. Vendidas

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63
Prazos Médios (3)
• Para o caso dos fornecedores há que ter em conta que:
– a variável relevante são as compras
– Compras são contabilizadas a preço de aquisição

Fornecedores
PM Pag = (12 meses)
Compras

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64
Exemplo Forte crescimento das
vendas

19x1 19x2 19x3


Tentativa de controlar
Vendas 10 000 12 000 15 000 dívidas de clientes
Custo das Vendas 6 000 8 000 12 000
Forte crescimento das
Clientes 4 000 6 000 5 000 Existências
Existências 4 000 5 000 9 000
Fornecedores 2 000 2 000 3 000 Forte crescimento das
dívidas a fornecedores
Prazo Medº Receb 4,8 6,0 4,0
Redução significativa
Prazo Medº Existªs 8,0 7,5 9,0 do prazo médio de
Compras: ? 9,000 16,000 cobranças

Prazo Medº Pagamentos 2.7 2.3 Aumento do prazo


A empresa enfrenta um crescimento das vendas que determina médio de existências
variações importantes nas NFM. Adicionalmente, regista-se
aceleração dos pagamentos a fornecedores e aumento do prazo das Aceleração dos
existências. Estes factores agravam significativamente as pagamentos a
necessidades de financiamento. fornecedores

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Meios Libertos
Receitas de Vendas:
Vendas
(-) D Clientes
(+) D Estado (passivo) (inclui IVA recebido de clientes)

(-) Pagamentos a Fornecedores:


Custo das Vendas
(-) D Fornecedores
(+) D Existências
(-) D Estado (activo) (inclui IVA dedutível pago a fornecedores)

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Visão Mais Geral

Necessidades de Fundo de Maneio:


Clientes + Existências
(+) Acréscimos e diferimentos activos
(despesas pagas mas não contabilizadas em gastos; rendimentos não recebidos)

(+) Sector Público Estatal (activo)


(impostos pagos mas que o Estado deve devolver – ex: IVA a recuperar)

(-) Fornecedores
(-) Acréscimos e diferimentos passivos
(gastos reconhecidos na DR mas ainda não pagos; receitas cujo rendimento não foi
reconhecido na DR)

(-) Sector Público Estatal (passivo)


(Impostos cobrados a clientes e ou relativos a trbalhadores ainda não entregues ao
Estado)

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67
Análise do caso Koolgamb (A)

1. Analise a evolução da rendibilidade da empresa


2. Analise a evolução do risco financeiro da empresa
3. Porque é que a Koolgamb se encontra a enfrentar sérias dificuldades
financeiras?

Paulo Soares de Pinho Management Fundanentals 68

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