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SALA DE AULA INVERTIDA E REDES DE APRENDIZAGEM

Angela Farias
Eduardo Dantas Baptista de Faria
Tarcísio Alves dos Santos
Willis Correia de Lima

Introdução

Este artigo reflete uma visão dentro do campo pedagógico-docente da


disciplina ministrada durante o curso de doutorado internacional em ciências da
educação (World University Ecumenical
John Dewey, por volta de 1930, apresentava sobre o aluno ativo e a
superação da tradicional aula expositiva (reprodução e memorização de conteúdo)
no processo ensino-aprendizagem.
Desta forma, na década de 80 surgiram as metodologias ativas em
contraposição à aprendizagem passiva por parte do alunado e posição central em
destaque do professor, o detentor do conhecimento.
A Sala de aula invertida (Flipped Classroom) é uma metodologia de ensino,
que no primeiro momento pode ser entendida como uma metodologia passiva,
entretanto a oportunidade do aluno conhecer os conceitos e princípios necessários
e na sala de aula consolidar o aprendizado de forma mais eficaz, e quando é
realizado de forma adequada e estruturado, tem boa aceitação dos alunos,
[1]
considerando um método eficaz e útil .
Dentre diversas vantagens, o ensino ser auto-regulado, e podermos utilizar o
tempo em sala de aula de forma mais eficaz, consolidando os conceitos com a
proposta aos alunos de projetos onde tais conceitos possam ser utilizados e
[2]
aprofundados.

Colocando a Sala de Aula invertida em prática

Antes de iniciar a aplicar o método, há a necessidade de entender o


significado do método, e como aplicar na prática. Há uma falta de consenso sobre o
termo, a definição mais simples é dada por Lage que conceitua o método como
realizar os métodos que acontecem tradicionalmente em sala de aula fora da sala e
[3]
vice-versa . Entretanto, isso seria apenas um reordenamento da aula expositiva,
sem evidenciar a potência da metodologia ativa no aprendizado, empregando
atividades interativas e em grupo durante o encontro presencial.
Uma vez conhecendo o método, há a necessidade de programar as
atividades em um arranjo didático por meio de: vídeos, textos, apresentações, lista
de exercícios, dentre outras, de forma assíncrona, onde os discentes irão fazer
antes da aula, quando tal contato pode ser, inclusive, estimulado por meio da
[4]
gamificação , onde só passaria para a próxima “fase” após acertar as perguntas
ou completar os desafios propostos, ou mesmo colocar valores de nota pela
[5]
participação .
Algumas regras precisam ser observadas: 1) A atividade em aula deve ser de
forma ativa, de forma que o aluno resgate e aplique os conhecimentos adquiridos
on-line, por meio de questionamentos e resolução de problemas, de forma a
consolidar e ampliar a medida que está discutindo com os demais colegas. 2) Ao
final do encontro o feedback é de fundamental importância para auxiliar aos alunos
no direcionamento da aprendizagem. 3) Deve haver o estímulo como já explicado
anteriormente para que tais atividades prévias sejam realizadas assegurando que
os alunos estejam no momento síncrono com as informações necessárias para
realizar todas as tarefas propostas, e ser disponibilizado, pelo menos, 7 dias antes
do encontro presencial. 4) Todo o material on-line e o ambiente de aprendizagem
[6]
precisam ser bem estruturados e planejados de forma antecipada .
Dessa forma os princípios da metodologia é a responsabilização do aluno
pela sua aprendizagem, quando ele vai aprender no ritmo dele e podendo assistir e
revisar os tópicos quantas vezes forem necessárias para a sedimentação dos
conceitos e otimizar o tempo em sala de aula garantindo a aprendizagem
significativa.
De forma que esse arranjo didático no qual os estudantes têm contato prévio
com os conteúdos e dedicam o tempo em classe para tarefas de operacionalização
e aplicação dos conhecimentos. Por meio de materiais produzidos e/ou
disponibilizados antecipadamente pelos professores, quase sempre com mediação
de tecnologias digitais, é possível abreviar a aula expositiva e focar o momento em
[7]
metodologias de aprendizagem ativa .
Tal implementação tem a vantagem de, ao propor atividades mais práticas,
onde o aluno vai realizar tarefas mais elaboradas, ele desce no cone de Dale, e sai
do ler e ouvir, onde a fixação dos conhecimentos é baixa por ser uma atividade
passiva, onde tal absorção é entre 10 a 20% para, com a discussão com os colegas
e até mesmo construindo algum produto, essa atividade por ser ativa, eleva a
[8]
capacidade de absorção para perto dos 90% .

Dificuldades para a implementação


Apesar de todas as vantagens já elencadas, algumas dificuldades para tal
metodologia devem ser reconhecidas e estimuladas à superação.
A primeira é a necessidade de acesso à internet do aluno, e o sinal de
telefonia é distribuído de forma desigual na região, assim sendo, alguns alunos
teriam um acesso mais dificultado.
A segunda é o professor sair da sua zona de conforto com a aula expositiva
já toda preparada, e produzir os vídeos, conhecer as novas tecnologias, criar as
atividades, participar dos fóruns, corrigir as tarefas antes da aula e elaborar as
atividades para o momento presencial.
A necessidade da modificação da distribuição das carteiras em sala de aula,
para pequenos círculos, onde a consolidação do conhecimento e competências
[5]
ocorrerão durante o encontro presencial .

Considerações Finais

Como toda a nova metodologia a implantação tem seus desafios, entretanto,


com a passagem da forma passiva de ensino para a ativa os alunos ganham
capacidade de assimilação e consolidação dos conteúdos propostos, de forma que
e a resistência por parte dos professores, com a necessidade de sair da zona de
conforto e trabalhar a estratégia e os alunos de reservar momentos em casa para a
participação e realização das tarefas é recompensada.

[1]
Mok, H. N. (2014). Teaching tip: The flipped classroom. Journal of Information Systems
Education, 25 (1), 7-11
[2]
Ozdamli, F., & Asiksoy, G. (2016). Flipped Classroom Approach. World Journal on
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https://doi.org/10.18844/wjet.v8i2.640
[3]
M.J. Lage, G.J. Platt, and M. Treglia. Inverting the classroom: A gateway to creating an
inclusive learning environment. The Journal of Economic Education, 31(1):30–43, 2000.
[4]
FARDO, M. L. A GAMIFICAÇÃO APLICADA EM AMBIENTES DE APRENDIZAGEM.
RENOTE, Porto Alegre, v. 11, n. 1, 2013. DOI: 10.22456/1679-1916.41629. Disponível em:
https://www.seer.ufrgs.br/index.php/renote/article/view/41629. Acesso em: 30 ago. 2022.
[5]
VALENTE, J. A. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala
de aula invertida. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, Edição Especial n. 4/2014, p. 79-97.
Editora UFPR
[6]
FLIPPED CLASSROOM FIELD GUIDE. Portal Flipped Classroom Field Guide
[7]
Valério, M., & Moreira, A. L. O. R. (2018). SETE CRÍTICAS À SALA DE AULA
INVERTIDA. Revista Contexto & Educação, 33(106), 215–230.
https://doi.org/10.21527/2179-1309.2018.106.215-230
[8]
LITTO, Fredric Michael; FORMIGA, Marcos. Educação a distância: o estado da arte.
Pearson, vol. 1. 2009

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